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O Mostrengo O mostrengo que esta no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; A roda da nau voou trés vezes, Voou tras vezes a chiar, E disse, «Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que nao desvendo, Meus tetos negros do fim do mundo?» Eo homem do leme disse, tremendo, «El-Rei D. Jodo Segundo!» «De quem sao as velas onde me ro¢go? De quem as quilhas que vejo e ougo?» Disse 0 mostrengo, e rodou trés vezes, ‘Tis vezes rodou imundo e grosso, «Quem vem poder 0 que s6 ett posso, Que moro onde nunca ninguém me visse Eescorro os medos do mar sem fundo?» Eo homem do leme tremeu, disse: «E} Rei D. Joao Segundo!» ‘Trés vezes do leme as maos ergueu, Trés vezes ao leme as reprendeu, E disse no fim de temer trés vezes: «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um Povo que quer mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme Eroda nas trevas do fim do mundo, Manda a vontade, que me ata ao leme, De EL-Rei D. Joao Segundo!» 1. Tendo em conta as conclus6es a que chegou na secgio «Antes de ler», procure formular uma hipétese para explicar significado simbélico da insisténcia no ntimero trés ao longo de todo o poema. 2. Explique a importancia simbélica do facto de o mostrengo se encontrar «no fim do mar» (v. 1, sublinhado nosso). 3. Indique o motivo por que esta figura surge «{nJa noite de breu» (v. 2) 4, Considere os versos 3 e 4: «A roda da nat voou trés vezes, / Voou trés vezes a chiar». 4.1 Explique 0 efeito que 6 criado pelo facto de o mostrengo descrever sucessi portugueses. 5. Enuncie os sentimentos que 0 mostrengo manifesta em relacao aos portugueses, 6. Descreva a atitude que 0 homem do leme revela em relagio ao mostrengo na primeira e na segunda estrofes. ps movimentos circulares em torno da nau dos 7. Identifique o recurso estilistico presente no verso «E escorro 0s medos do mar sem fundo?» (v. 16) e explicite o seu valor expressivo. 8. No poema, temos trés vores: a do sujeito poético, a do mostrengo e a do homem do leme. 8.1 Explicite 0 valor simbélico do facto de, na terceira estrofe, a vor, do mostrengo desaparecer. 9. O diltimo verso da primeira estrofe 6 retomado ao longo do poema, & semelhanga de um refrao. Explique o valor expressivo desta repeti¢ao. 10. Interprete 0 comportamento do homem do leme antes de iniciar o seu discurso final. 11. Explicite o significado simbélico do facto de 0 homem do leme nunca lentificado, relacionando-o com o discurso que esta personagem profere_ Gramatica 1. Classifique 0s deiticos destacadios nos versos que se seguem. a) «Quem 6 que ousou entrar / Nas minhas cavernas que nao desvendo» (vv. 5-6) ) «De quem sao as quilhas onde me rogo2» (v. 9) ©) «Quem vem poder o que s6 eu posso» (v. 13) 4) «aqui ao leme sou mais do que eu» (v. 20)

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