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Democracia no Orçamento Público: Orçamento Participativo

Luiz Menezes Azevedo Filho

1. Introdução

No atual contexto político, o Estado brasileiro, configurado sobre a planilha de


República Federativa do Brasil, por meio de seus órgãos administrativos, é o ente
responsável pela gestão da máquina pública, e, assim, dar execução as necessidades da
população.
Nota-se na Constituição Federal objetivos a serem alcançados pela nação. O
orçamento e o planejamento público têm por fim dar provimento a esses objetivos e a
participação popular, cada vez mais frequente nesses processos, tornou-se fator elementar
na condução da função administrativa do Estado brasileiro.
Pretende-se nesse estudo traçar uma síntese do orçamento participativo, o qual é
uma nova realidade no processo de elaboração orçamentária. Esse modelo enfatiza o
verdadeiro espirito democrático e social postos pela Carta Magna de 1988, além de
propiciar a realização de uma gestão fiscal responsável (no sentido de se alcançar
estabilidade econômica e desenvolvimento sustentável).

2) Orçamento Público

De acordo com o ilustre professor Celso de Barros:


"o orçamento é, portanto, uma peça jurídica, visto que aprovado pelo legislativo para
vigorar como lei cujo objeto disponha sobre a atividade financeira do Estado, quer do
ponto de vista das receitas, quer das despesas. O seu objeto, portanto, é financeiro." [Nota
de rodapé]
A definição jurídica de orçamento encontra-se na Constituição nos artigos 165 a 169.
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I - O plano plurianual;
II - As diretrizes orçamentárias;
III - Os orçamentos anuais.
Por adotar a forma federativa de Estado, a República reserva autonomia aos entes
federados. Tal elemento formador nacional reflete-se no orçamento, onde a União,
Estados-membros, Distrito Federal e Municípios podem e devem definir seus orçamentos,
levando em conta suas prioridades e características.
2.1)Evolução histórica do orçamento no Brasil.
Após períodos de crises econômicas diretamente relacionadas à falta de planejamento
público, nota-se, recentemente, a preocupação em fortalecer a vinculação existente entre
planejamento e orçamento. O país apresenta uma programação orçamentária voltada não
só para o controle de gastos, mas também para a avaliação de resultados.
Com as alterações efetuadas no modelo de produção do orçamento, direcionaram-se os
objetivos orçamentários para o plano governamental e a Lei de Diretrizes Orçamentárias,
priorizando, a adequação das necessidades de realização de despesas à realidade restritiva
de recursos imposta pela economia moderna.
A grande alteração no processo de elaboração foi à eliminação da prática já tão enraizada
nas unidades orçamentárias de elaborar propostas pedindo o máximo de recursos possível,
o que gerava um desequilíbrio nas contas do governo. Com as novas projeções de receitas,
institui-se uma modelo onde cada unidade administrativa é contemplada com um
montante de recursos cabíveis para o desenvolvimento de suas atividades e para novos
projetos.
Com tais mudanças, o orçamento passou a ser peça estratégica para o controle financeiro,
compatibilizando receitas e despesas em volume, dentro de um determinado período de
tempo.
2.2)Os Princípios Orçamentários
A doutrina constitucional brasileira constituiu linhas norteadoras a serem observadas na
elaboração da proposta orçamentária. Esses princípios tem a finalidade de reforçar a
utilização do orçamento como mecanismo de controle sobre a atividade desenvolvida
pelo Estado, além de orientar o ciclo orçamentário[Nota de rodapé].
Os principais princípios são:
Princípio da Unidade:
O orçamento deverá ser uno, ou seja, deve existir um único orçamento (previsão de
receitas e autorização de despesas) para um exercício financeiro, visando-se com isto
eliminar a existência de orçamentos paralelos.
Cada esfera de governo deve possuir apenas um orçamento, fundamentado em uma única
política orçamentária e estruturado uniformemente. Assim, existe o orçamento da União,
o de cada Estado e o de cada Município.
Encontra-se este princípio, na Constituição Federal nas seguintes partes do texto:
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
§ 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público;
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente,
detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela
vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações
instituídos e mantidos pelo Poder Público.
Princípio da Universalidade
De acordo com esse princípio no orçamento devem estar todas as receitas e despesas dos
poderes, fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, como preceituado
no art. 3º da Lei 4.320/64
Princípio da Anualidade
Em conformidade com o principio da anualidade, as previsões de receita e despesa devem
referir-se sempre a um período limitado de tempo. Ao período de vigência do orçamento
denomina-se exercício financeiro, que, conforme dispõe o art. 34 da Lei nº. 4.320/64
coincide com o ano civil: de 01 de janeiro a 31 de dezembro.
É importante destacar o exposto no art. 167 da CF/88:
Art. 167. São vedados:
§ 1º - Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser
iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob
pena de crime de responsabilidade.
Verifica-se que poderão ser previstos investimentos no plano plurianual, o qual, com
efeito, ultrapassa o período de um exercício financeiro, pois no Plano Plurianual se
estabelecem as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as
despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração
continuada.
Contudo, nos é permitido afirmar que as metas, programas e despesas de capital previstas
no plano plurianual não ofendem o principio da anualidade, haja vista que para a sua
execução necessário se faz a previsão, ano a ano, no orçamento anual, pois o Plano
Plurianual não é operativo por si só, precisa de um instrumento executor de suas
previsões, que, neste caso, é o orçamento anual.
Outros Princípios
O Princípio da Exclusividade está presente no art. 165, § 8º da Constituição Federal de
1988:
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
§ 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à
fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de
receita, nos termos da lei.
Outro princípio é o que se entrelaça no plano de ação governamental, no sentido de
vincular as normas orçamentárias à consecução dos programas nacionais, regionais e
setoriais com visa ao desenvolvimento. Tal princípio é denominado Princípio da
Programação.
Por fim, o já tão conhecido Princípio da Legalidade, que estima que o orçamento segue
apenas o ditame já estabelecido pela legalidade geral.
3)Leis Orçamentárias
O orçamento da União é elaborado pelos três poderes da República e consolidado pelo
Poder Executivo.
O Plano Plurianual (PPA) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) são metas
definidoras da elaboração da proposta orçamentária.
O Plano Plurianual tem como finalidade estabelecer objetivos e metas que comprometam
o Poder Executivo e o Poder Legislativo a dar continuidade aos programas na distribuição
dos recursos e necessita ser aprovado pelo Congresso até o final do primeiro ano do
mandato do Presidente da República; o Plano Plurianual (PPA) é válido para os anos
seguintes do mandato.
Já a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) tem como prioridade as metas do Plano
Plurianual e orienta a elaboração do Orçamento Geral da União, que terá validade para o
ano seguinte. O projeto da LDO é elaborado pelo Poder Executivo e precisa ser
encaminhado ao Congresso Nacional até oito meses e meio antes do encerramento do
exercício financeiro.
Por ordem da Constituição (art. 35, § 2º, inciso III do ADCT), o governo é obrigado a
encaminhar o projeto de lei do orçamento ao Congresso Nacional até quatro meses antes
do encerramento do exercício financeiro.
 A lei orçamentária anual compreenderá, por seu turno, três orçamentos:
§ 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público;
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente,
detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela
vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações
instituídos e mantidos pelo Poder Público.
A integração do PPA, da LDO e da LOA implica a agregação da despesa pública,
obtendo-se a integração programática do setor público federal, a discriminação dos
objetivos e metas e a introdução de dados físicos, propiciando o acompanhamento e a
avaliação dos resultados.
4)ORÇAMENTO PARTICIPATIVO
Para entender melhor o surgimento e desenvolvimento do Orçamento Participativo é
necessário analisar os três contextos basilares desse modelo de orçamento.
4.1.1 Contexto Social
O conjunto de fatores, como a desigualdade social, que proporciona a existência de um
precipício sócio-econômico gritante e injusto são motivos mais que suficientes para
explicar o fato do orçamento participativo ainda não se ter tornado uma prática
generalizada no país.
4.1.2 Contexto Econômico
Com a forte crise da dívida externa nos anos 80, dificuldades com a balança comercial,
desemprego, etc. observou-se em grande escala a inflação e o desequilíbrio das contas
públicas. Nos anos 90, enquanto a inflação foi sendo controlada, o desequilíbrio das
contas foi se agravando, sendo hoje um ponto frágil da economia brasileira.
Em razão desses elementos, tornou-se possível afirmar que o orçamento participativo é
uma resposta dos setores sociais prejudicados pela constante dificuldade que os
sucessivos governos brasileiros têm encontrado para fazer frente às demandas por
políticas sociais.
4.1.3 Contexto Político
O orçamento participativo representa um foco de resistência ou um instrumento que pode
ser enquadrado na proposta governamental de reforma administrativa e política,
dependendo da postura de quem o esteja implantando.
O orçamento participativo surgiu no Brasil no final dos anos 80, porém, muitos foram os
fracassos que ocorreram ao longo desse período, o que propicia uma grande falta de
informações sobre o assunto.
A experiência de maior sucesso no Brasil é a cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do
Sul.
Esse tipo de modelo orçamentário sugere um diálogo entre as prefeituras e a população.
As primeiras tratativas datam de 1978 a 1988 e comportam experiências precursoras, mas
que não são e nem levam o nome de orçamento participativo, porém possuíam
características que dele se aproximavam.
Com o avanço político do Partido dos Trabalhadores (PT), há uma impulsão da
metodologia de participação popular na elaboração do orçamento público municipal.
Interessante notar que além de adotá-lo em diversas localidades do país, o PT preocupou-
se em sistematizar a prática a partir de trocas de informações e de reflexões que foram
amplamente difundidas.
Por fim, destaca-se o período compreendido de 1993 até os dias atuais, onde o PT
continua a implementar o Orçamento Participativo num maior número de prefeituras e
com mais experiência acumulada (ressalta-se que com as derrotas eleitorais sofridas nesse
período, várias experiências iniciadas anteriormente foram interrompidas).
Este fato contribuiu para o aumento da visibilidade da metodologia, que ganhou vários
destaques na imprensa e passou a ser objeto de estudos acadêmicos.
Importante notarmos que alguns fatores favoreceram a propagação, aceitação e adoção
do Orçamento Participativo nesta fase, são eles:
a) A percepção de que o principio da participação popular foi consagrado pela
Constituição Federal de 1988, que seria o marco histórico da democracia;
b) A implementação prática daquele princípio na gestão de várias políticas como, saúde,
educação, do menor, etc. que passaram a ser definidas por Conselhos que têm assento e
representantes na sociedade civil;
c) O sucesso do orçamento participativo de Porto Alegre;
d) A ideia favorável ao controle popular para evitar a corrupção e mau uso do dinheiro
público, bem como, o incentivo originado de documentos oficiais de várias agências
multilaterais, como o FMI e a ONU. [Nota de rodapé]
4.2 Definições
Dentre a ilustre doutrina podemos destacar a seguinte definição de Orçamento
Participativo (OP):
O Orçamento Participativo (OP) se classifica sob o ângulo de dois importantes aspectos,
que são: OP strictu senso e OP lato senso. Essa dupla conceituação tem fundamento no
tipo de metodologia aplicada ao processo de participação popular na elaboração da peça
orçamentária, ou seja, consiste na forma de como o OP tem sido levado à prática. Dois
elementos são essenciais para distinguir as metodologias utilizadas nos diferentes casos
de que se tem conhecimento, que são: o objetivo que as presidem e o ponto até o qual a
comunidade participante tem poder para deliberar. [Nota de rodapé]
Denomina-se Orçamento Participativo strictu senso o processo de elaboração da proposta
orçamentária discutido entre o governo e a população, e que esta tem poder deliberativo
sobre tópicos definidos no processo orçamentário, no qual a voz e o voto dos
representantes populares têm peso nas decisões orçamentárias, mesmo que não alcancem
o orçamento como um todo.
Já o Orçamento Participativo latu senso são todas as formas de participação que não
necessariamente conduzem às deliberações aceitas pelo poder público, mas que criam
constrangimentos a sua completa liberdade de ação.
Como exemplo do processo lato senso do Orçamento Participativo tem-se a figura de
conselhos populares de acompanhamento do orçamento público, que têm o papel de
fiscalizar os atos praticados pelo administrador público no tocante ao orçamento.
Nesta forma de participação popular existem casos em que os governos municipais (e até
câmaras de vereadores) antes de fechar suas peças orçamentárias às submetem ao
conhecimento da população através de audiências públicas. Importante salientar que esta
forma de participação popular, infelizmente, é a que predomina, ainda, na maioria das
cidades que adotaram o orçamento participativo.
De uma forma simplória, chama-se de Orçamento Participativo quando um orçamento
municipal ou estadual é elaborado com a participação da população, pois o que será feito
dos recursos financeiros arrecadados não é apenas uma deliberação interna da
administração pública, assim, a decisão não fica restrita ao circuito técnico e político.
Sob o prisma do Estado Social e Democrático de Direito, o orçamento participativo
representa uma forma de exercício da democracia, pois permite que os cidadãos
participem de forma ativa do processo de elaboração da proposta orçamentária do seu
município, discutindo, deliberando, aprovando ou reprovando, juntamente com o prefeito
e secretarias, as propostas de aplicação do dinheiro público, ou seja, as despesas relativas
a obras, serviços e investimentos em prol da comunidade.
Pode-se traduzir o Orçamento Participativo como uma forma de governo que visa à
participação popular e ao mesmo tempo possibilita uma maior transparência,
acompanhamento e fiscalização do povo sobre as ações de seus governantes
4.3 Objetivos do Orçamento Participativo
Na visão de Fábio Chagas Orsi:
O Orçamento Participativo tem como principal objetivo ser um instrumento de
democratização, que visa assegurar a participação direta da população na definição das
prioridades para os investimentos públicos, procurando romper com a tradição até então
existente de apenas os governantes tomarem suas decisões, deixando os interesses da
população de lado.[Nota de rodapé]
Os objetivos essenciais pretendidos pelo Poder Executivo , basicamente são:
a) Com a participação direta da população, pretende-se melhor definir as prioridades
essenciais para os investimentos públicos dos bairros
b) Aumentar a responsabilidade dos gestores públicos para com a população por ele
administrada, de modo que corresponda aos anseios por ela avocados;
c) Diminuir um pouco o poder de decisão de prefeitos e vereadores, e assim abrir espaço,
para que a população também possa opinar sobre a aplicação das verbas públicas;
d) Entre outros casos, o orçamento participativo, também teria o intuito de diminuir a
corrupção que afeta os órgãos públicos em nosso país, já que a população passaria a
fiscalizar a destinação dos recursos do município.[Nota de rodapé]
Caracterizamos que o objetivo fundamental do Orçamento Participativo é o de incentivar
as pessoas a tornarem-se cidadãos ativos e pensantes, já que existe um conformismo
histórico do povo, uma espécie de acomodação política quanto aos maus administradores.
4.4 Fundamentação Legal
Tem-se como necessário saber a importância que teve a Carta Magna de 1988, que foi o
marco histórico que normatizou democraticamente todo o processo
orçamentário; conhecer os fundamentos da Lei Federal nº 4.320 de 1964; além de abordar
alguns pontos da inovadora Lei nº 101/2000, mais conhecida como a Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF), que consagrou de forma notória todos os alicerces que
amparam a prática da democracia participativa no país.
4.4.1 A Constituição Federal de 1988 e o Orçamento Público
A Magna Carta de 1988 foi marco de uma reformulação no processo de elaboração do
orçamento. Essa mudança visava, entre outros objetivos, aumentar a participação do
Poder Legislativo no processo orçamentário, fazer com que o orçamento abrangesse a
totalidade das despesas do Governo Federal e dar ênfase ao processo de planejamento.
Pode-se afirmar a legitimidade da participação popular na gestão pública, pois a
Constituição Federal de 1988 possui um artigo que obriga os governantes a cumprirem
o princípio da publicidade e consequentemente permitir que a população possa saber
como está sendo revertido o dinheiro dos impostos e taxas.
4.4.2 Lei Federal nº 4.320 de 1964
Ainda que não tenham sido abordados aspectos relativos à publicidade dos atos da gestão
pública, ou aspectos democráticos, esta normatiza todos os parâmetros que cerceiam o
processo orçamentário, desde a elaboração da proposta orçamentária, até a sua execução;
e o posterior controle e fiscalização.
4.4.3 A Lei de Responsabilidade Fiscal
A LRF reforça o princípio da publicidade dos atos ao tornar público e transparente todos
os atos praticados pela administração.
A Lei de Responsabilidade Fiscal dita expressamente que a transparência será assegurada
mediante o incentivo à participação popular nas audiências, mediante o processo de
discussão dos planos, das leis de diretrizes orçamentárias e orçamentos, assim, é notável
o amparo legal que assegura a prática do orçamento participativo.
O princípio da democracia semidireta e participativa, previsto pela CF/88 e ratificado
pelos demais diplomas legais, é o principio sob o qual o orçamento participativo se
constitui, assim como os demais instrumentos previstos constitucionalmente, não
pairando dúvidas sobre a legalidade da experiência.
O artigo 48 da LRF diz que são instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais
será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos,
orçamentos e LDOS; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório
Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal e as versões
simplificadas desses documentos.
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla
divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e
leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o
Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as
versões simplificadas desses documentos.
O parágrafo único deste artigo merece importante destaque no sentido de amparo do
Orçamento Participativo.
Parágrafo único.  A transparência será assegurada também mediante: (Redação dada pela
Lei Complementar nº 131, de 2009).
        I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os
processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e
orçamentos; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real,
de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios
eletrônicos de acesso público; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda a
padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto
no art. 48-A. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
De acordo com o artigo 49 da LRF, ratifica-se o direito de qualquer cidadão saber de que
forma está sendo aplicado o dinheiro que pagam em forma de tributos, obrigando que as
contas apresentadas pelo chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis, durante todo o
exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua
elaboração para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis,
durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável
pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
        Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá demonstrativos do Tesouro
Nacional e das agências financeiras oficiais de fomento, incluído o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social, especificando os empréstimos e financiamentos
concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da seguridade social e, no caso
das agências financeiras, avaliação circunstanciada do impacto fiscal de suas atividades
no exercício.
Por fim, os artigos nº 51, 54 e 56, obrigam que as contas prestadas pelos chefes dos
Poderes Executivo, nas três esferas de poder, de forma consolidada com todos os órgãos
que compõem o Legislativo e Judiciário (federal, estadual e municipal), deverão ter uma
ampla divulgação, inclusive por meio eletrônico (internet), bem como a divulgação dos
resultados da apreciação das contas, julgadas ou tomadas.
Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta de junho, a consolidação,
nacional e por esfera de governo, das contas dos entes da Federação relativas ao exercício
anterior, e a sua divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso público.
        § 1o Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao Poder Executivo da
União nos seguintes prazos:
        I - Municípios, com cópia para o Poder Executivo do respectivo Estado, até trinta de
abril;
        II - Estados, até trinta e um de maio.
§ 2o O descumprimento dos prazos previstos neste artigo impedirá, até que a situação
seja regularizada, que o ente da Federação receba transferências voluntárias e contrate
operações de crédito, exceto as destinadas ao refinanciamento do principal atualizado da
dívida mobiliária.
Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titulares dos Poderes e órgãos
referidos no art. 20 Relatório de Gestão Fiscal, assinado pelo:
        I - Chefe do Poder Executivo;
        II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão decisório equivalente,
conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Legislativo;
        III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de Administração ou
órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder
Judiciário;
        IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.
        Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas autoridades responsáveis
pela administração financeira e pelo controle interno, bem como por outras definidas por
ato próprio de cada Poder ou órgão referido no art. 20.
Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das suas
próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe
do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio,
separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.
        § 1o As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no âmbito:
        I - da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
Superiores, consolidando as dos respectivos tribunais;
        II - dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de Justiça, consolidando as dos
demais tribunais.
§ 2o O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas será proferido no prazo previsto
no art. 57 pela comissão mista permanente referida no § 1o do art. 166 da Constituição
ou equivalente das Casas Legislativas estaduais e municipais.
        § 3o Será dada ampla divulgação dos resultados da apreciação das contas, julgadas
ou tomadas.
4.5 Fases de Implantação do Orçamento Participativo
São cinco as etapas do processo de implementação do Orçamento Participativo:
1ª etapa – Negociação Interna
Possui caráter interno, de negociação entre as diversas secretarias, particularmente as de
Políticas Sociais e de Planejamento. É necessário equacionar o potencial de arrecadação
e gasto do município.
2ª etapa – Bases do Processo de Participação
Devem ser elaboradas as bases do processo de participação. Cada município irá
desenvolver uma metodologia que se adeque à sua situação, procurando contemplar.
3ª etapa – Visitas Inter-Regionais
São necessárias visitas inter-regionais para que os representantes ampliem o grau de
conhecimento de cada um sobre sua região e a relação dela com a cidade como um todo,
gerando corresponsabilidade na decisão das destinações dos recursos disponíveis.
4ª etapa – Sincronismo entre a população e o governo.
É necessário estabelecer e afinar a articulação entre as instâncias de participação popular
e as decisões do governo, e entre o processo de orçamento participativo e o legislativo
municipal.
5ª etapa – Acompanhamento e Fiscalização de Execução Orçamentária.
Por último, é importante a criação de mecanismos que possibilitem à população o
acompanhamento da execução orçamentária e a fiscalização dos gastos do poder público.
4.6 Cuidados na Implantação do Orçamento Participativo
Deve-se ter alguns cuidados durante a implantação do processo de OP, como se segue:
1º. O apoio do prefeito e do secretariado
2º. Método de trabalho bem definido
3º. Montagem da Equipe
4º. Acesso às Informações
4.7 Dificuldades na Implantação do Orçamento Participativo
A falta de conhecimento do orçamento por parte dos delegados ou conselheiros
(representantes eleitos pelo povo) é uma das maiores dificuldades na fase de implantação
do Orçamento Participativo.
Para que se possa solucionar este problema pode-se adotar duas soluções, a saber: a
elaboração de cursos de capacitação e a simplificação do orçamento por conta dos entes
governamentais.
5)Conclusão
         O orçamento público é instrumento de planejamento das ações governamentais e dele
constam todas as receitas passíveis de serem arrecadadas num determinado exercício e
sua destinação, pelas ações explicitadas nos diversos projetos e atividades.
         Em períodos de crise, em que os recursos se tornam mais escassos e as despesas
maiores, e não havendo a desculpa dos altos índices de inflação, fica mais evidente o
tamanho do déficit público. Ao mesmo tempo em que se recorre a iniciativas que
promovam o aumento da arrecadação, exige-se, de outro lado, que o processo decisório
de alocação desses recursos seja aperfeiçoado, para que todas as prioridades sejam
atendidas e não haja descontinuidade nas ações de prestação de serviços básicos.
         Desse modo, além de instrumento de planejamento na formulação das ações de
políticas públicas o orçamento passa a ser ferramenta para a ação gerencial do Estado,
visto que introduz novos conceitos e indicadores que permitem avaliar a eficácia e a
efetividade da prestação dos serviços públicos.
A mudança de modelo de planejamento, orçamento e gestão exige maior responsabilidade
e racionalidade no processo de alocação dos recursos, impondo um novo padrão de
cultura na administração pública, pautada em transformações qualitativas que passam, é
claro, pela modernização da máquina governamental e da legislação correlata.
Bibliografia
Livros Consultados:
BASTOS, Celso Ribeiro - Curso de Direito Financeiro e de Direito Tributário - 2ª edição,
Saraiva: 2006.
GIACOMINI, James - Orçamento Público - São Paulo: editora ATLAS, 2009.
ORSI, Fábio Chagas. Orçamento Participativo: Uma Metodologia em Ascensão. Porto
Alegre 199
SANTOS, Risonaldo Ferreira dos. ORÇAMENTO PARTICIPATIVO: uma análise dos
fatores contributivos para a continuidade da experiência da cidade de Porto Alegre/RS.
UFPB, 2004.
 TORRES, Ricardo Lobo - Curso de Direito Financeiro e Tributário - Renovar, 2ª edição,
2005.
Legislação:
BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Senado, 1988.
BRASIL, Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Dispõe sobre normas de Direito
Financeiro para a elaboração e controle dos Orçamentos da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal. São Paulo.

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