Você está na página 1de 7

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

(art. 581 e seguintes do CPP)

 Conceito: é recurso vinculado/restrito, pois suas hipóteses de cabimento são previstas em rol taxativo, não
admitindo ampliação ou analogia. Possui incisos pro et contra (que valem tanto para defesa quanto para
acusação). Em regra, os autos sobem na íntegra ao Tribunal (em alguns casos, pode haver o
desmembramento do processo, sendo o recurso instruído apenas com as peças principais). O RESE comporta
sustentação oral no julgamento e embargos infringentes.

 Prazo: 05 dias a partir da publicação da decisão + 02 dias para oferecimento de razões recursais. Pode ser
interposto por petição ou termo.

 Cabimento: contra decisão interlocutória de primeiro grau (“agravo de instrumento do processo penal”).
Cabe contra despacho, decisão ou sentença não definitiva de mérito.

 Efeitos
 Regressivo: permite que o próprio juiz prolator da decisão impugnada reveja seu posicionamento
(caso mantiver a decisão, os autos serão remetidos ao Tribunal e julgados em segunda instância).
 Extensivo: estende-se os efeitos da decisão aos corréus que não recorreram.
 Suspensivo: em tese, há suspensão dos efeitos da decisão de primeiro grau, salvo por expressa
disposição em contrário.

 Hipóteses de cabimento
 Contra decisão que não receber denúncia ou queixa: sendo rol taxativo, o recurso cabível contra
decisão que receber a denúncia ou queixa é o habeas corpus (serve para acusação). Se a rejeição
se der no rito sumaríssimo, o recurso será de apelação.
 Contra decisão que concluir pela incompetência do juiz ou julgar procedentes as exceções, salvo a
de suspeição: quando o juiz declarar sua incompetência de ofício, fundamenta-se no inciso II;
quando a incompetência for declarada após provocação das partes, fundamenta-se no inciso III.
 Contra decisão que pronunciar o réu: serve para ambas as partes (MP pode requer a inclusão de
qualificadora na pronúncia, por exemplo). Contra a impronúncia (não transita em julgado, pois o réu
pode ser levado à julgamento a qualquer tempo se houver fato ou prova nova) ou absolvição sumária
cabe apelação, já que estas possuem caráter definitivo.
 Contra decisão que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir
requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão
em flagrante: contra decisão que conceder ou arbitrar fiança cabe para acusação; contra decisão
que negar, cassar ou julgar inidônea serve para a defesa, apesar de ser o habeas corpus meio mais
célere para discussão da questão; a última parte serve para o Ministério Público (este não tem como
utilizar um meio mais rápido).
 Contra decisão que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor: também cabe só para defesa.
 Contra decisão que decretar a prescrição ou julgar extinta a punibilidade: embora a prescrição seja
causa extintiva de punibilidade, o legislador quis enfatizar essa hipótese. A prescrição é preliminar
no processo penal e, uma vez ocorrida, veda o exame de mérito da questão (embora ainda seja
possível demandar indenização no cível).
 Contra decisão que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva
da punibilidade: o juiz deveria, de ofício, fazer o cálculo da pena e reconhecer a prescrição (na
prática, caso seja solicitado o reconhecimento da prescrição e o pedido for indeferido, entra com HC
pois é questão processual).
 Contra decisão que concede ou nega ordem de HC: serve para habeas corpus impetrado em 1º grau,
quando a autoridade coatora é delegado de polícia.

O restante dos incisos, apesar de não expressamente revogados, viraram objeto de agravo em execução, nos termos
da Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84), que segue o mesmo rito e possui o mesmo prazo do RESE – por
exemplo, que tratam de livramento condicional, medida de segurança, entre outros.

 Legislação especial: também cabe RESE contra decisão que suspender a permissão ou habilitação para
dirigir veículo automotor (no âmbito do art. 294 do Código de Trânsito Brasileiro) e contra decisão que
decidir pelo afastamento de político afastado do cargo por suspeita de prática criminosa (no âmbito da Lei
de Responsabilidade Civil dos Prefeitos e Vereadores (Decreto-Lei n 201/67).

APELAÇÃO
(art. 593 e seguintes do CPP)

 Conceito: é recurso de conhecimento amplo pelo Tribunal, pois é possível abordar qualquer matéria, tanto
em preliminares (nulidades, prescrição) como no mérito (autoria, materialidade). A apelação comporta
sustentação oral e embargos infringentes. O Tribunal abre vista para o Procurador de Justiça para
apresentação de parecer quando recebe a apelação (MP fala duas vezes no processo, mas dessa vez como
fiscal da lei, não como órgão acusador) e, antes de ir ao relator, passa pelo revisor do processo quando o
crime é apenado com reclusão. Apesar do resultado do acórdão ser divulgado na hora do julgamento, o
prazo para outros recursos inicia-se da data da publicação do acórdão.

 Prazo: 05 dias a partir da publicação da decisão (fatal) + 08 dias para oferecimento de razões recursais
(peremptório). Pode ser interposto por petição ou termo. O assistente de acusação tem o prazo de 05 dias
após o encerramento do prazo do MP para apelar, exceto quando ingressou nos autos depois da prolação da
sentença, quando o prazo será de 15 dias.

 Cabimento: contra sentença de primeiro grau (no todo ou parte dela).

 Classificação Doutrinária
 Plena: pede a reforma do inteiro teor da sentença.
 Parcial: pede a reforma de apenas parte da sentença.
 Principal: é interposta pelo Ministério Público ou réu.
 Subsidiária: é interposta pelo assistente de acusação.

 Efeitos
 Devolutivo: permite a devolução da matéria à jurisdição, seja total ou parcialmente, dependendo do
que o apelante quiser discutir. Não há efeito regressivo.
 Extensivo: estende-se os efeitos da decisão aos corréus que não recorreram.
 Suspensivo: o efeito suspensivo não pode militar contra o réu – por exemplo, se responde processo
preso, há sentença absolutória e o MP recorre, o sujeito é posto em liberdade; se responde processo
preso, há sentença condenatória com regime aberto e o MP recorre, o sujeito é posto em liberdade.
 Hipóteses de Cabimento
 Contra sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular: caso típico
da apelação.
 Contra decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não
previstos no RESE: aplica-se subsidiariamente a apelação quando há decisão não acobertada pelo
RESE (por exemplo, a que determina o sequestro de bens imóveis).
 Contra as decisões do Tribunal do Júri:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia: as nulidades relativas anteriores devem ser alegadas até
a fase de memoriais, caso contrário haverá preclusão (as nulidades absolutas podem ser alegadas
a qualquer tempo). Se acolhida a nulidade, o réu será submetido a novo
julgamento.
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados: há erro do
juiz prolator da sentença, sendo que o Tribunal pode repará-la, porque não há desrespeito à
soberania dos veredictos (ex: jurados afastaram qualificadora, mas juiz aplica a pena considerando
o crime qualificado).
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança: o Tribunal
também pode corrigir a sentença (ex: o réu tem bons antecedentes, não é reincidente, tem emprego
e moradia fixa e o juiz não condena à pena mínima na primeira fase da dosimetria da pena).
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos: só se pode apelar uma
vez com base nesse inciso e o réu é submetido à novo julgamento. Há discussão se o MP tem
legitimidade para recorrer com base nesse inciso se o réu foi absolvido, já que a soberania dos
veredictos não poderia prejudicar o réu (pelo princípio da non reformatio in pejus), apesar do
Tribunal acolher recursos do MP nessa hipótese.

É possível apelar contra sentença absolutória para obter coisa julgada nas esferas cível e administrativa (já que
alguns incisos ensejam indenização, como a absolvição por insuficiência de provas) – porém, nem todas as sentenças
absolutórias ensejam apelação, já que algumas ensejam RESE (como as extintivas de punibilidade do agente).
Também é possível apelar contra sentença que reconheceu o perdão judicial (causa extintiva de punibilidade), para
se provar a inocência e vedar eventual ação civil ex delicto (pois o juiz reconhece que o fato é típico e antijurídico,
mas não aplica pena pois as circunstâncias já foram gravosas ao agente, somente em casos previstos em lei). Cabe
também contra sentença de absolvição sumária.

EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE


(art. 609, parágrafo único do CPP)

 Conceito: trata-se de mecanismo exclusivo da defesa (exceto no Código Penal Militar) e restrito aos termos
do voto vencido. Não é recurso, mas ação impugnativa, embora esteja no capítulo dos recursos. Permite
que o caso seja julgado novamente por cinco desembargadores (os três do primeiro julgamento e outros
dois que não haviam participado). É oposto de forma escrita e endereçado diretamente ao desembargador
relator, que fará o juízo de admissibilidade do recurso.

 Prazo: 10 dias a partir da publicação do acórdão desfavorável (no JEC o prazo é de 05 dias).

 Cabimento: cabem contra decisão de segunda instância (apelação e RESE) que não for unânime e for
desfavorável ao réu (ou seja, se houver discordância entre os três desembargadores). Há discussão se cabe
embargos infringentes ou de nulidade contra agravo, mas o entendimento atual do STJ é de que cabe.
 Classificação
 Embargos infringentes: quando a divergência tratar de questão de direito (mérito).
 Embargos de nulidade: quando a divergência tratar de questão processual (preliminares).

 Efeitos
 Devolutivo: esse efeito é restrito ao voto vencido (limitado à matéria de divergência).
 Regressivo: devolve ao próprio órgão prolator do acórdão a oportunidade de rever sua decisão.
 Extensivo: estende-se os efeitos da decisão aos corréus que não recorreram.
 Suspensivo: tem esse efeito porque caso seja acolhido, pode alterar o mérito do recurso.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
(art. 382 e 619 do CPP)

 Conceito: é um recurso que visa discutir omissão, obscuridade ou contradição em uma decisão judicial,
sem a finalidade de modificar o mérito da decisão. Trata-se de procedimento inaudita altera parte, pois não
é necessário ouvir a parte contrária. É dirigido ao próprio prolator da decisão recorrida (juiz, desembargador
relator ou ministro relator), não havendo sequer parecer do MP/Procurador de Justiça. Caso o recurso não
for conhecido, caberá agravo regimental. É possível ter embargos da decisão que decidiu embargos, caso
este ainda não seja clara.

 Prazo: 02 dias a partir da publicação da decisão. Quando forem opostos contra acórdão do STF, o prazo é
de 05 dias; quando opostos contra decisão do Colégio Recursal (segunda instância do JECRIM), o prazo
também é de 05 dias (embora o princípio do Juizado Especial seja a celeridade). Somente podem ser opostos
por escrito (é vedada a forma oral).

 Cabimento: se for oposto contra decisão de primeiro grau, deve ser fundamentado no art. 382; se for
oposto contra decisão do segundo grau, no art. 619. Trata-se de recurso motivado, que deve demonstrar
em que consiste a omissão, contradição ou obscuridade.

 Efeitos
 Regressivo: devolve ao próprio órgão prolator da decisão a oportunidade de torná-la clara.
 Extensivo: estende-se os efeitos da decisão aos corréus que não recorreram.
 Suspensivo: não há previsão expressa de efeito suspensivo no CPP, mas por entendimento pacífico
e em analogia ao CPC, é comum estender esse efeito. Porém, na prática, por garantia (como não há
previsão legal), se opõe os embargos e concomitantemente se interpõe apelação (deixando para
oferecer razões recursais posteriormente). Se os embargos forem providos e o problema for sanado, é
possível desistir da apelação.

REVISÃO CRIMINAL
(art. 621 e ss. do CPP c/c art. 5, LXXV da CF)

 Conceito: tem a finalidade de corrigir um erro judiciário e desconstituir a coisa julgada em casos já
finalizados, o que é uma preocupação histórica prevista em todas as legislações, a fim de evitar que este se
perpetue. A Constituição Federal prevê o pagamento de indenização pelo Estado ao condenado por erro
judiciário ou ao que ficar preso além do tempo previsto em sentença, o que constitui direito fundamental (o
acórdão que reconhece o prejuízo constitui título executivo judicial executável na esfera cível). Não é
recurso, mas ação autônoma e impugnativa, embora prevista no capítulo de recursos. No julgamento não
cabe embargos infringentes, apenas embargos de declaração. Se a revisão não for conhecida, caberá recurso
extraordinário (se houver violação à CF, no STF) ou especial (se houver violação à lei federal, no STJ).

 Cabimento: cabe contra qualquer decisão judicial (seja de qualquer grau, inclusive de Tribunais Superiores)
a partir do seu trânsito em julgado. É privativa da defesa e não admite contraditório (o MP só é ouvido como
fiscal da lei). Traz um rol taxativo de possibilidades de cabimento, que não admite analogia (passará por
juízo de admissibilidade e não será conhecida se fugir dessas hipóteses).

 Competência: a revisão é ação originária de competência do Tribunal, dirigida ao Presidente do Tribunal e


haverá sorteio para distribuição à um relator, que não pode ter participado do processo em fase nenhuma
(nem como delegado, promotor, juiz, entre outros). Após o juízo de admissibilidade (se a revisão está
instruída e dentro das hipóteses legais, se já foi interposta alguma vez), o relator abre vista ao MP para
apresentação de parecer (não é contraditório, mas fiscal da lei). O julgamento é feito por cinco
desembargadores. No julgamento, o Tribunal pode: (i) negar provimento; (ii) absolver o réu; (iii)
desclassificar o crime; (iv) diminuir a pena; (v) anular o processo (geralmente nesses casos já se reconhece
a prescrição).

 Prazo: não há prazo. Pode ser interposto quando o réu ainda está cumprindo pena, depois de extinta sua
punibilidade e até mesmo depois da sua morte (sendo que o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão
tem legitimidade para propor a revisão após a morte do parente falecido).

 Pressupostos
 Trânsito em julgado: a revisão é proposta por meio de petição inicial com qualificação das partes e
instruída com a certidão de trânsito em julgado, caso contrário não será conhecida.
 Sentença condenatória: pressupõe que haja condenação errônea do réu, mas caberá contra
sentença absolutória imprópria (pois medida de segurança significa imposição de pena). Pode ser
revisão parcial ou total, dependendo do objetivo de absolver o réu ou apenas diminuir a pena. A
absolvição por insuficiência de provas não enseja revisão criminal. Também pode ser interposta
contra condenações do Tribunal do Júri, podendo a segunda instância absolver o réu
independentemente de ser submetido à novo julgamento. Não cabe contra sentença que extingue a
punibilidade (pois não é condenatória).

 Hipóteses de Cabimento
 Contra sentença condenatória contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos:
trata-se de hipótese genérica.
 Contra sentença condenatória fundada em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente
falsos: caso houvesse provas falsas nos autos, mas o juiz não tenha acolhido para fundamentar sua
decisão, não caberá revisão criminal. É necessário demonstrar que o réu não tinha conhecimento da
falsidade. Como ação originária dos Tribunais, é preciso ter prova da falsidade documental antes de
pedir a revisão, através de perícia, porque é vedada a produção de provas em segunda instância.
Caso precise encaminhar algo à perícia ou ouvir testemunha, o requerimento deve ser feito ao juiz
de primeiro grau responsável pelo processo, embora ele não se manifeste sobre as provas
produzidas.
 Quando, após a sentença, houver novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que
determine ou autorize diminuição especial da pena: a prova deve ter sido descoberta após o trânsito
em julgado da decisão (se existia antes e não foi juntada no momento oportuno, ocorreu preclusão).

Não é necessário propor revisão criminal para aplicação de lei mais nova e beneficia ao réu que já está cumprindo
pena, basta simples petição ao juiz da Vara de Execução Criminal (se este for indeferido, cabe HC). Segundo a
Súmula 611 do STF: “transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação
de lei mais benigna”.

 Sentença estrangeira: a decisão estrangeira para ter efeitos civis no Brasil precisa ser homologada pelo
STJ, após passar por juízo de delibação. Não é possível a revisão criminal de sentença estrangeira
homologada no país, pois isso atingiria a soberania nacional do país que julgou.

 Indenização: o erro judiciário deve ter sido causado pela Administração Pública (perito, delegado, juiz, etc)
para possibilitar indenização ao condenado. Caso contrário (se o condenado deu ensejo ao erro), o Estado
pode até reconhecer erro judiciário, mas obsta o reconhecimento de direito à indenização. O inciso que trata
da indenização na ação penal privada não está em vigor, afinal o jus puniendi é exclusivo do Estado, havendo
possibilidade de erro ainda nesse caso.

 Efeitos: possui efeito extensivo, pois os corréus que não propuseram a revisão podem ser beneficiados,
salvo se houver condições particulares.

HABEAS CORPUS
(art. 647 e ss. do CPP c/c art. 5, LXVIII da CF)

 Conceito: não é recurso, mas ação autônoma e impugnativa contra violação ao direito constitucional de
locomoção (liberdade de ir e vir). É reconhecido desde a Magna Carta (Inglaterra, 1.215) e significa “tenha
o corpo”. É vedada a análise de mérito no HC, somente de questões processuais (prescrição, nulidades, etc).
Remete à noção de justiça e legalidade (ex: sujeito que cometeu crime hediondo preso por mais de 60 dias
sem que seja designada a audiência; é justo que ele esteja preso pela gravidade do crime, porém é ilegal
que a prisão ultrapasse o prazo). Se denegada a ordem, o recurso cabível é o recurso ordinário
constitucional, destinado ao STJ (independentemente se o HC foi denegado pelo TJ ou TRF) – não cabe outro
HC ou embargos infringentes.

 Prazo: não há prazo, pode ser interposto sempre que houver o constrangimento ilegal.

 Cabimento: quando houver restrição do direito de locomoção. Qualquer pessoa pode propor o HC, inclusive
analfabeto ou o próprio sujeito que está sofrendo constrangimento ilegal. O rol de hipóteses de cabimento
é meramente exemplificativo, logo permite ampliação. É ação de competência originária dos Tribunais.

 Classificação Doutrinária
 Preventivo: quando houver ameaça de sofrer constrangimento ilegal (possibilidade de vir a ser
preso). É conhecido como “salvo-conduto”.
 Liberatório: quando o sujeito já está sofrendo a restrição no seu direito.
 Pedido Liminar: não há previsão legal de liminar no HC, mas por questão de analogia, é cabível o pedido,
utilizando os requisitos do mandado de segurança. É necessário que se demonstre o fumus boni iuris (fumaça
do bom direito, ou seja, probabilidade do direito do autor e verossimilhança das alegações) e o periculum in
mora (perigo na demora, ou seja, risco de dano irreparável ou de difícil reparação no caso de não concessão).
Só pede liminar se for necessário, razão pela qual geralmente não se pede quando o réu está solto (ex: no
caso de um governador acusado de um crime, é possível pedir HC com liminar para que seja suspensa a
audiência para oitiva de testemunhas até que se decida sobre o trancamento da ação penal, porque na sua
posição isso é relevante).

 Hipóteses de Cabimento
 Quando não houver justa causa: quase todos os outros incisos, com exceção do IV, cabem nessa
hipótese, que trata basicamente dos requisitos da denúncia (autoria e materialidade).
 Quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei: é válido lembrar que pelo
critério de razoabilidade, se a prisão se excedeu por pouco tempo, não é motivo justificável para
impetração de HC. Quando o réu está preso preventivamente, o prazo para designar audiência no
rito sumário é de 30 dias, no ordinário é de 60 dias e no júri é de 90 dias. Nos casos de punição
disciplinar no âmbito do exército, não se pode questionar a legitimidade do ato que determinou a
punição, somente cabe HC se ultrapassar o prazo do constrangimento ilegal.
 Quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
 Quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
 Quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
 Quando o processo for manifestamente nulo;
 Quando extinta a punibilidade.

RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL


(art. 102 e 105 da CF c/c art. 30 a 32 da Lei 8.038/90)

 Conceito: é recurso cabível contra decisão de segunda instância que negou a ordem de HC, interposto no
próprio Tribunal que denegou a ordem. O seu conteúdo é igual ao do HC (pode pedir liminar, possui os
mesmos argumentos e só muda o endereçamento para o Presidente do Tribunal). Deve ser interposto
juntamente com as razões recursais. O MP dá parecer quando é interposto o ROC.

 Prazo: 05 dias a partir da publicação da decisão denegatória. Se perder o prazo, é possível interpor HC
originário no STJ.

Você também pode gostar