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PAD Segundo o STJ PDF
PAD Segundo o STJ PDF
I – NOÇÕES GERAIS
O processo administrativo disciplinar dos servidores públicos federais encontra-se previsto nos arts. 143 a
182 da Lei n. 8.112/90.
Caso a autoridade administrativa tome conhecimento de alguma possível irregularidade no serviço público,
ela é obrigada a promover a sua apuração imediata. Como é feita essa apuração?
Por meio de uma sindicância ou de um processo administrativo disciplinar.
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua
apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado
ampla defesa.
Desse modo, a sindicância e o PAD são os dois instrumentos que a Lei n. 8.112/90 prevê para a apuração
de infrações administrativas praticadas pelos servidores públicos federais.
A opção pela realização da sindicância justifica-se quando há a necessidade de elucidação de fatos que
aparentemente constituem infração punível pela Administração Pública.
Como explica Ivan Barbosa Rigolin, existem situações que são tão graves e evidentes “que nem mesmo é
preciso a sindicância para apontar a necessidade de processo disciplinar. Nessa hipótese, deve ser logo de
início instaurado aquele processo, convocando-se todas as pessoas, bem como invocando-se todos os
meios de provas necessários à boa condução do trabalho e à elucidação do fato apontado.” (Comentários
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ao Regime Único dos Servidores Públicos Civis. 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 350).
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II – SINDICÂNCIA
A sindicância é instaurada, inicialmente, para servir como uma espécie de investigação prévia do fato.
Nesse caso, ela é chamada de sindicância investigatória ou preparatória.
A sindicância pode ser conduzida por um único servidor ou por uma comissão de servidores.
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a imposição de penalidade de suspensão por
mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de
cargo em comissão, será obrigatória a instauração de processo disciplinar.
O prazo para conclusão da sindicância não excederá 30 dias, podendo ser prorrogado por igual período, a
critério da autoridade superior.
III - julgamento.
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III.1 INSTAURAÇÃO
Portaria de instauração do PAD
O PAD é instaurado por meio de uma portaria, na qual constará o nome de 3 servidores estáveis no serviço
público, que irão formar a comissão que conduzirá os trabalhos do processo disciplinar.
O objetivo principal desta portaria de instauração é dar publicidade à constituição da comissão
processante, ou seja, informar quem serão os servidores responsáveis pela instrução do feito.
Somente após o início da instrução probatória, a Comissão Processante poderá fazer o relato
circunstanciado das condutas supostamente praticadas pelo servidor indiciado, capitulando as infrações
porventura cometidas.
Desse modo, a descrição minuciosa dos fatos se faz necessária apenas quando o servidor for indiciado (fase
de indiciamento), após a fase instrutória, não sendo imprescindível que conste da portaria de instauração.
Comissão processante
O art. 149 prevê o seguinte:
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão composta de três servidores estáveis
designados pela autoridade competente, observado o disposto no § 3º do art. 143, que indicará, dentre
eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível
de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
Finalidade da comissão
A função precípua da comissão é a apuração dos fatos, concluindo pela inocência ou responsabilidade do
servidor (art. 165).
Demais membros
Os demais membros da Comissão não precisam ocupar cargo efetivo superior e podem ter nível de
escolaridade mais baixo que o do indiciado.
O único requisito para ser membro (não presidente) da Comissão é ser servidor estável.
Essa estabilidade deve ser no cargo atual que o servidor ocupa ou pode ser a estabilidade no serviço
público?
É necessário que os membros da comissão sejam estáveis no serviço público, mesmo que ainda não
tenham adquirido a estabilidade no cargo atual que ocupam.
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A estabilidade exigida no art. 149 acima mencionado deve ser aferida no serviço público, não no cargo.
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Logo, não é nulo o processo administrativo disciplinar – PAD conduzido por servidores que não possuam
estabilidade no atual cargo que ocupam, desde que já tenham adquirido a estabilidade no serviço público.
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Em um caso concreto julgado pelo STJ (no AgRg no REsp 1.317.278-PE), um dos membros da comissão
processante ainda se encontrava em estágio probatório relativo ao cargo de Auditor Fiscal, mas, em virtude
de já ter ocupado outro cargo por cerca de dez anos (Técnico da Receita Federal), já era estável no serviço
público.
Instrução: trata-se da colheita das provas (oitiva de testemunhas, análise de documentos, requisição de
perícias etc.);
Ex: a Polícia Federal, por meio de interceptação judicial deferida pelo juízo criminal, conseguiu captar
conversa na qual determinado servidor público exige quantia para praticar certo ato relacionado com suas
atribuições. Com base nessa prova e em outras constantes do inquérito, o MPF oferece denúncia contra
esse servidor. A Administração Pública, por sua vez, instaura processo administrativo disciplinar.
Indaga-se: a comissão processante poderá requerer, ao juízo criminal, essas gravações telefônicas para que
sejam utilizadas no processo administrativo?
SIM. É plenamente possível utilizar, em processo administrativo disciplinar, na qualidade de “prova
emprestada”, a interceptação telefônica produzida em ação penal, desde que a interceptação tenha sido
feita com autorização do juízo criminal e com observância das demais exigências contidas na Lei n.
9.296/1996 (Lei de Interceptação Telefônica).
Esse é também o entendimento do STF: Pet 3683 QO, Rel. Min. Cezar Peluso, Tribunal Pleno, julgado em
13/08/2008.
Defesa: o servidor processado possui ampla defesa, podendo, por exemplo, contraditar as testemunhas, ter
acesso e impugnar documentos, apresentar quesitos a serem respondidos pelos peritos etc.
Atenção. O acusado pode ser acompanhado por advogado se assim desejar. No entanto, não é obrigatório
que o processado tenha a assistência jurídica. Logo, caso não tenha sido auxiliado por advogado, tal
circunstância, por si só, não gera a nulidade do PAD. Nesse sentido:
Súmula Vinculante n. 5 do STF: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição.
O que acontece se o servidor processado deixar de comparecer à audiência designada para seu
interrogatório?
O processo segue normalmente. “Inexiste no regime da Lei n. 8.112/90 a revelia - até porque teria o direito
de meramente comparecer e restar calado, podendo, igualmente, restar ausente - ou qualquer efeito
processual decorrente da ausência do acusado, regularmente intimado, à audiência de interrogatório. Sendo
assim, ocorrendo tal situação, deverá a comissão registrar em ata a ausência e dar seguimento, normalmente,
aos demais atos do processo.” (LUCARELLI, Fábio Dutra. Comentários à Lei do Regime Jurídico Único dos
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Servidores Públicos Civis da União. 2ª ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2012, p. 321).
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Relatório: é o documento no qual a comissão expõe as suas conclusões sobre as provas produzidas e a
defesa apresentada pelo acusado.
O relatório deve ser motivado e conclusivo, ou seja, precisa apontar se a comissão recomenda a absolvição
do servidor ou a sua condenação, sugerindo a punição aplicável.
Esse relatório será encaminhado à autoridade competente para o julgamento, segundo a estrutura
hierárquica do órgão.
Após o relatório ter sido produzido pela comissão, ele deverá ser apresentado ao servidor processado para
que este possa impugná-lo? Existe previsão na Lei n. 8.112/90 de alegações finais a serem oferecidas pelo
servidor após o relatório final ter sido concluído?
NÃO. Segundo entende o STJ, NÃO é obrigatória a intimação do interessado para apresentar alegações
finais após o relatório final de processo administrativo disciplinar. Isso porque não existe previsão legal
nesse sentido.
STJ. 1ª Seção. MS 18.090-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 8/5/2013.
No processo administrativo disciplinar regido pela Lei n. 8.112/90 não há a previsão para a apresentação,
pela defesa, de alegações após o relatório final da Comissão Processante, não havendo falar em aplicação
subsidiária da Lei 9.784/99 (MS 13.498/DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Terceira Seção, julgado
em 25/5/2011).
A Lei n. 8.112/90 determina apenas que, quando a Comissão concluir os seus trabalhos, deverá
encaminhar o respectivo relatório à autoridade que julgará o servidor, consoante consta dos arts. 166 e 167
da Lei n. 8.112/90. A defesa escrita é apresentada antes da elaboração do Relatório.
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo, a autoridade julgadora
proferirá a sua decisão.
Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo quando contrário às provas dos autos.
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as provas dos autos, a autoridade julgadora
poderá, motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de
responsabilidade.
(...) A autoridade julgadora não está atrelada às conclusões propostas pela comissão, podendo delas
discordar, motivadamente, quando o relatório contrariar a prova dos autos, nos termos do art. 168 da Lei
n.º 8.112/90. (...)
(MS 16.174/DF, Rel. Min. Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 14/12/2011)
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III.4 OUTROS TEMAS SOBRE O JULGAMENTO DO PAD
1) O servidor que realizou a sindicância pode também determinar a instauração de processo disciplinar,
designando a comissão processante, e, ao final dos trabalhos, aprovar o relatório final?
NÃO. O STJ decidiu que o servidor que participou das investigações na sindicância e concluiu que o sindicado
havia cometido a infração disciplinar, tanto que determinou a instauração do PAD, não pode, posteriormente,
ser a autoridade designada para aprovar o relatório final produzido pela comissão no processo administrativo,
uma vez que ele já formou seu convencimento no sentido da culpabilidade do acusado.
STJ. 3ª Seção. MS 15.107-DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 26/9/2012.
O STJ, em situação parecida, já havia se pronunciado no sentido de que o servidor que atuou na sindicância,
encontra-se impedido de fazer parte da comissão do PAD:
(...) 2 - Dispõe o art. 150 da Lei nº 8.112/1990 que o acusado tem o direito de ser processado por uma
comissão disciplinar imparcial e isenta.
3 - Não se verifica tal imparcialidade se o servidor integrante da comissão disciplinar atuou também na
sindicância, ali emitindo parecer pela instauração do respectivo processo disciplinar, pois já formou juízo de
valor antes mesmo da produção probatória. (...)
(MS 14135/DF, Rel. Min. Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado do TJ/CE), 3ª Seção, julgado em
25/08/2010, DJe 15/09/2010)
Ex: suponha que determinado servidor praticou ato de improbidade administrativa. Foi ajuizada ação de
improbidade contra esse servidor e, ao mesmo tempo, aberto processo administrativo disciplinar. Antes
que a ação de improbidade fosse julgada, o processo administrativo chegou ao fim e o servidor, como
sanção administrativa, foi demitido. Diante disso, o servidor impetrou mandado de segurança contra esse
ato alegando que, em caso de ato de improbidade administrativa, a pena de demissão somente poderia ser
aplicada pelo Poder Judiciário, em ação de improbidade, não podendo haver a demissão por meio de
processo administrativo.
Essa tese do servidor não é acolhida pela jurisprudência. Para o STJ, é possível a demissão de servidor por
improbidade administrativa em processo administrativo disciplinar. A pena de demissão não é
exclusividade do Judiciário, sendo dever da Administração apurar e, eventualmente, punir os servidores
que vierem a cometer ilícitos de natureza disciplinar.
patrimônio público.
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(MS 15054/DF, Rel. p/ Acórdão Min. Gilson Dipp, 3ª Seção, julgado em 25/05/2011)
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3) Depois do servidor já ter sido punido, é possível que a Administração, com base na autotutela, anule a
sanção anteriormente cominada e aplique uma nova penalidade mais gravosa?
NÃO. A decisão administrativa que põe fim ao processo administrativo, à semelhança do que ocorre no
âmbito jurisdicional, possui a característica de ser definitiva.
Logo, o servidor público já punido administrativamente não pode ser julgado novamente para que sua pena
seja agravada mesmo que fique constatado que houve vícios no processo e que ele deveria receber uma
punição mais severa.
Assim, a anulação parcial do processo administrativo disciplinar para adequar a penalidade aplicada ao
servidor, consoante pareceres do órgão correspondente, ensejando aplicação de sanção mais grave ofende
o devido processo legal e a proibição da reformatio in pejus.
STJ. 3ª Seção. MS 10.950-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 23/5/2012.
Ex: servidor público federal é processado e, ao final do processo administrativo, recebe, como sanção, a
pena de suspensão. Após o encerramento do respectivo processo disciplinar, com o julgamento pela
autoridade competente, percebe-se que a sanção aplicada não estava em conformidade com a lei ou com a
orientação normativa interna. Em outras palavras, ao invés de suspensão, o servidor deveria ter recebido a
pena de demissão. A Administração Pública não pode anular a sanção anteriormente aplicada e agravar a
penalidade imposta, sob pena de ofensa ao devido processo legal e à proibição da reformatio in pejus.
Trata-se de entendimento pacífico no STJ:
O processo disciplinar se encerra mediante o julgamento do feito pela autoridade competente. A essa
decisão administrativa, à semelhança do que ocorre no âmbito jurisdicional, deve ser atribuída a nota
fundamental de definitividade. O servidor público punido não pode remanescer sujeito a rejulgamento do
feito para fins de agravamento da sanção, com a finalidade de seguir orientação normativa, quando sequer
se apontam vícios no processo administrativo disciplinar.
(MS 13.523/DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 3ª Seção, julgado em 13/5/2009)
O processo administrativo disciplinar dos servidores públicos federais somente poderá ser anulado quando
constatada a ocorrência de vício insanável (art. 169, caput, da Lei n. 8.112/90), ou revisto, quando
apresentados fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do servidor punido ou a
inadequação da penalidade aplicada (art. 174). Veja os dispositivos legais sobre a matéria:
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autoridade que determinou a instauração do processo
ou outra de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a
constituição de outra comissão para instauração de novo processo.
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se
aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da
penalidade aplicada.
Deve ficar claro, porém, que a revisão da reprimenda somente será cabível quando favorecer o acusado:
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se
todos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão, que será convertida
em exoneração.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento de penalidade.
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4) Intimação do processado
Em processo administrativo disciplinar não é considerada comunicação válida a remessa de telegrama para
o servidor público recebido por terceiro.
STJ. 3ª Seção. MS 14.016-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 29/2/2012.
O servidor punido não concordou com a sanção recebida e impetrou mandado de segurança no STJ.
Segundo alegou, viola o princípio da proporcionalidade punir com demissão ou com cassação de
aposentadoria um Policial Rodoviário Federal, com quase trinta anos de serviço, sem notícia de qualquer
infração anterior, pelo simples fato de ter recebido uma propina de apenas 40 reais.
Para o Min. Relator, o ato de demissão é vinculado, ou seja, incidindo as hipóteses do art. 132 da Lei n.
8.112/90, ao Administrador não cabe fazer qualquer valoração, cabendo-lhe unicamente aplicar a
penalidade prescrita.
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IV – PRESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
Em nosso exemplo, o fato praticado por “A” enseja demissão (art. 132, I, da Lei n. 8.112/90).
Resumindo:
Os prazos de prescrição para a ação disciplinar são os seguintes:
Prazo Tipo de infração
5 anos Se a sanção for DEMISSÃO ou congêneres
(cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em
comissão).
2 anos Se a sanção for SUSPENSÃO.
180 dias Se a sanção for ADVERTÊNCIA.
O mesmo prazo da prescrição Se a infração administrativa praticada for prevista como CRIME.
penal (art. 109, CP)
Qual é a interpretação do § 2º do art. 142 da Lei n. 8.112/90 dada pelo STJ?
O § 2º do art. 142 somente é aplicado quando o fato, objeto do processo administrativo, também estiver
sendo apurado na esfera criminal.
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Assim, somente se aplica o prazo prescricional previsto na legislação penal quando houver sido proposta
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Se não houve tal apuração, deve ser aplicado o prazo prescricional de 5 anos, de acordo com o art. 142, I,
da Lei nº 8.112/90.
A mera presença de indícios de prática de crime sem a devida apuração nem formulação de denúncia obsta
a aplicação do art. 142, § 2º, da Lei n. 8.112/90, devendo ser utilizada a regra geral prevista no inciso I
desse dispositivo.
Desse modo, no caso de “A”, o prazo prescricional para apurar a infração administrativa irá depender:
Se houve oferecimento de denúncia ou instauração de IP: o prazo prescricional será de 16 anos (com
base na prescrição penal);
Se não houve propositura de ação penal nem instauração de IP: o prazo prescricional segue a regra
geral, ou seja, será de 5 anos (com base na legislação administrativa).
É possível que o Poder Judiciário, no julgamento de mandado de segurança, faça a revisão da penalidade
imposta no processo administrativo disciplinar (PAD), sob o argumento de que a punição aplicada violou
o princípio da proporcionalidade?
Sobre o tema, existem duas correntes no STJ:
1ª) NÃO 2ª) SIM
No âmbito do controle jurisdicional do processo É possível anular judicialmente o ato demissional
administrativo disciplinar, é vedado ao Poder que ocorre em desatenção ao acervo probatório
Judiciário adentrar no mérito do julgamento dos autos e com desatenção à proporcionalidade na
administrativo, cabendo-lhe, apenas, apreciar a sanção, sem prejudicar eventual aplicação de
regularidade do procedimento, à luz dos princípios diversa penalidade administrativa.
do contraditório e da ampla defesa.
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STJ. 1ª Seção. MS 17.479-DF, Rel. Min. Herman STJ. 1ª Seção. MS 15.810/DF, Rel. Min. Humberto
Benjamin, julgado em 28/11/2012. Martins, julgado em 29/02/2012, DJe 30/03/2012.
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Outro julgado no sentido da 1ª corrente:
(...) 2. Segundo a pacífica jurisprudência desta Corte Superior de Justiça "o controle jurisdicional dos
processos administrativos se restringe à regularidade do procedimento, à luz dos princípios do
contraditório e da ampla defesa, sem exame do mérito do ato administrativo (RMS 22.567/MT, Rel. Min.
Og Fernandes, 6ª Turma, julgado em 28/04/2011, DJe 11/05/2011). (...)
(MS 11.053/DF, Rel. Min. Vasco Della Giustina (Desembargador Convocado do TJ/RS), 3ª Seção, julgado em
11/04/2012).
É impossível dizer qual posição deve ser adotada em um concurso. Em verdade, este tema não deveria ser
cobrado em uma primeira fase. Sendo exigido em uma prova discursiva ou prática, deve-se explicar as duas
correntes e “defender” a posição mais favorável ao cargo para o qual está prestando o concurso.
VI – INDEPENDÊNCIA DE INSTÂNCIAS
Segundo o STF, o Tribunal de Contas não se vincula ao resultado do processo administrativo disciplinar. As
searas de atuação são diferentes. Em outras palavras, a análise do processo administrativo disciplinar é
feita sob uma ótica e a tomada de contas especial analisa outros aspectos.
A tomada de contas especial realizada pelo Tribunal de Contas não consubstancia procedimento
administrativo disciplinar. Tem por escopo a defesa da coisa pública, buscando o ressarcimento do dano
causado ao erário. Nesse sentido é a Súmula 86 do TCU:
Súmula 86-TCU: No exame e julgamento das tomadas e prestações de contas de responsáveis por bens e
dinheiros públicos, quando se verificar qualquer omissão, desfalque, desvio ou outra irregularidade de que
resulte prejuízo para a Fazenda Pública, levar-se-á em linha de conta, como elemento subsidiário, o
inquérito administrativo instaurado pela autoridade competente.
Desse modo, o processo administrativo disciplinar será utilizado como elemento subsidiário, mas não
vincula as decisões do TCU, que, se assim comprovar, poderá tomar decisão em sentido diverso.
Resumindo:
Se o servidor público responder a processo administrativo disciplinar e for absolvido, ainda assim poderá
ser condenado a ressarcir o erário, em tomada de contas especial, pelo Tribunal de Contas da União.
STF. 1ª Turma. MS 27867 AgR/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 18/9/2012
As punições aplicáveis no PAD são independentes em relação às sanções determinadas na ação judicial de
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improbidade administrativa, não havendo bis in idem caso o servidor seja punido nas duas esferas:
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(...) À luz do disposto no art. 12 da Lei 8.429/90 e nos arts. 37, § 4º e 41 da CF/88, as sanções disciplinares
previstas na Lei 8.112/90 são independentes em relação às penalidades previstas na LIA, daí porque não há
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necessidade de aguardar-se o trânsito em julgado da ação por improbidade administrativa para que seja
editado o ato de demissão com base no art. 132, IV, do Estatuto do Servidor Público Federal. Precedente do
STF: RMS 24.194/DF, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 7/10/2011. (...)
(MS 15.848/DF, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/04/2013)
(...) 4. A própria LIA, no art. 12, caput, dispõe que "independentemente das sanções penais, civis e
administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às
seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade
do fato". Isso quer dizer que a norma não criou um único subsistema para o combate aos atos ímprobos, e
sim mais um subsistema, compatível e coordenado com os demais. (...)
(MS 16.418/DF, Rel. Min. Herman Benjamin, Primeira Seção, julgado em 08/08/2012)
(...) O processo administrativo disciplinar e a ação de improbidade, embora possam acarretar a perda do cargo
público, possuem âmbitos de aplicação distintos, mormente a independência das esferas civil, administrativa e
penal. Logo, não há óbice para que a autoridade administrativa apure a falta disciplinar do servidor público
independentemente da apuração do fato no bojo da ação por improbidade administrativa. (...)
(MS 15.951/DF, Rel. Min. Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 14/09/2011)
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Julgue os itens a seguir:
1) (Juiz TJPI 2012 CESPE) Como regra, a sindicância constitui condição prévia para a instauração do
processo administrativo disciplinar. ( )
2) (DPE/RR 2013 CESPE) O STF entende, com base no princípio da ampla defesa, que, em processo
administrativo disciplinar, é obrigatório que a defesa técnica seja promovida por advogado. ( )
3) (PGM-Maceió 2012) A Constituição Federal assegura aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral, contraditório e ampla defesa (artigo 5º, inciso LV). Em razão
desta garantia fundamental, conclui-se que a falta de defesa técnica por advogado no Processo
Administrativo Disciplinar (PAD) ofende a Constituição. ( )
4) (Juiz TJMG 2012) A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não
ofende as garantias constitucionais. ( )
5) (DPE/RR 2013 CESPE) No âmbito do processo administrativo disciplinar, uma das modalidades de
aplicação de penalidade ao servidor público é a da verdade sabida, que foi recepcionada pela CF. ( )
6) (DPE/RO 2012 CESPE) Considere que as gravações decorrentes de interceptação telefônica produzida,
na forma da lei, em ação penal tenham sido consideradas, em processo administrativo disciplinar, para
a aplicação da penalidade de demissão a servidor público, após a devida autorização do juízo criminal.
Nessa situação hipotética, não há irregularidade no aproveitamento das gravações, já que é admitida a
denominada prova emprestada no processo administrativo disciplinar, desde que devidamente
autorizada pelo juízo criminal. ( )
7) (Juiz Federal TRF2 2011 CESPE) Conforme dispõe a Lei n.º 8.112/1990, é indispensável, no processo
administrativo disciplinar, a concessão de prazo para a apresentação, pela defesa, de alegações após o
relatório final da comissão processante, sob pena de nulidade processual. ( )
8) (MP/RR 2012 CESPE) De acordo com a jurisprudência, o excesso de prazo para a conclusão do processo
administrativo disciplinar poderá implicar a nulidade do procedimento se restar demonstrado o
prejuízo causado à defesa do servidor. ( )
9) (Juiz TJES 2012 CESPE) A autoridade administrativa não pode instaurar processo administrativo
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disciplinar para a apuração de falta comedida por servidor público e, simultaneamente, ajuizar ação de
improbidade administrativa que tenha por objeto o mesmo fato. ( )
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10) (Juiz TJES 2012 CESPE) Um servidor público federal cometeu infração no exercício de suas funções, o
que ensejou a instauração de processo administrativo disciplinar e o ajuizamento de ação de
improbidade administrativa.
No âmbito administrativo, a comissão processante concluiu pela demissão do infrator, referendada
pela autoridade máxima do órgão a que estava vinculado o servidor.
Inconformado com o ato de demissão, o servidor impetrou mandado de segurança em face do
presidente da comissão processante e da autoridade superior, sob o fundamento de que, em face da
proibição do bis in idem, não seria possível a imposição da sanção disciplinar por ele estar, ainda,
respondendo à ação de improbidade administrativa.
A responsabilização do servidor público com fundamento na Lei de Improbidade Administrativa afasta a
possibilidade de instauração do processo administrativo disciplinar com base em legislação que
disponha sobre o regime jurídico do servidor, de modo a ocorrer o invocado bis in idem?
Gabarito
1. E 2. E 3. E 4. C 5. E 6. C 7. E 8. C 9. E 10. Discursiva
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