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VIII.

INSERÇÃO NA PAISAGEM

a. Caracterização da configuração atual da paisagem local

Por meio deste estudo, de um modo geral, pode-se afirmar que a atual paisagem do
entorno ao empreendimento se configura numa região bastante árida, pouco arbori-
zada, com edificações de baixo gabarito e grande parte de uso industrial. Além dis-
so, observam-se ainda ruas com grandes dimensões e de pouco acesso de pedes-
tres, além do constante tráfego de veículos. Deste modo, foram mapeados e carac-
terizados eixos de aproximação ao empreendimento.

Os itens a seguir trazema caracterização da paisagem local a partir dos registros


fotográficos, setorizando a análise em percursos visuais e, em seguida, em pontos
de visada. Em ambos, foram definidos os pontos e percursos de maior relevância
para análise.

A definição dos caminhos e pontos teve como critério o seguinte: traçou-se um eixo
visual a partir dos principais percursos e pontos de visada, observando trecho da(s)
rua(s) onde o empreendimento começava a ser percebido na paisagem. Dessa for-
ma, pretende-se analisar a paisagem sob os aspectos de composição (tipo, escala,
porte), presença de elementos naturais ou construídos de representatividade paisa-
gística, amplitude ou abertura visual, entre outros.

A seguir, conforme citado, apresenta-se a caracterização da paisagem pelos percur-


sos visuais e, em seguida, pelos pontos de visada.

a.1. Registro Fotográfico e caracterização da paisagem local cobrindo os prin-


cipais eixo e pontos de aproximação ao empreendimento

O mapa abaixo ilustra as vias utilizadas para a análise dos percursos visuais. Inici-
almente, serão analisados os percursos indicados na situação atual (sem o empre-
endimento) e, posteriormente – no item “b” deste capítulo –, a mesma análise será
feita a partirde uma simulação após a inserção do empreendimento.

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As vias analisadas, portanto, são as seguintes:AvenidasEudes Scherrer de Souza
(nº 01do mapa a seguir),Av. Central (nº 02), Av. Talma Rodrigues Ribeiro (nº 03), Av.
Copacabana (nº 04), além da Av.Paulo Pereira Gomes.

Figura 134 - Mapa da região contendo os percursos visuais adotados para a elaboração da caracteri-
zação da paisagem e da simulação gráfica da intrusão do empreendimento.

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a.2. Percursos Visuais

 Percurso 01: Av. Eudes Scherrer de Souza

Figura 135 - Percurso 01: Av. Eudes Scherrer de Souza – Laranjeiras, Serra.

Este percurso localiza-se na Av. Eudes Scherrer de Souza – sentido rotatória –, im-
portante via da região, e é caracterizado como um trecho comercial e de serviços.
Apresenta uma maior incidência de arborização, se comparada às outras vias da
AID, porém a vegetação ainda é muito pontual em alguns trechos.

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A paisagem compreende uma grande extensão visual que contrasta edificações de
médio e grande porte. Durante boa parte do percurso, é possível observar a aridez e
o difícil acesso de pedestres nos passeios públicos, pois estes se encontram muitas
vezes irregulares, em construção, ausentes de pavimentação, mobiliário e equipa-
mentos públicos adequados para um melhor conforto ao pedestre.

As edificações se encontram bem espaçadas e distantes dos usuários, contrapondo


ao trânsito de fluxo rápido e constante, de modo que se mantém durante todo seu
trajeto uma extensa abertura.

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 Percurso 02: Av. Central

Figura 136 - Percurso 02: Av. Central – Laranjeiras, Serra.

Este percurso localiza-se na Av. Central – sentido rotatória – e, assim como o ante-
rior, caracteriza-se como uma importante via da região, sendo, porém, peculiar ao
iniciar em uma área residencial, situada no centro do bairro Laranjeiras.

É nesta avenida, porém, que se concentra a maior parte do comércio do bairro, de-
notando uma paisagem repleta de letreiros de propagandas e edificações com o ga-
barito em torno de 02 a 03 pavimentos, compondo uma linha de coroamento bem

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regular. Além disso, a arborização é muito insipiente no trecho, fazendo com que os
usuários se utilizem das próprias marquises das edificações.

São marcantes ainda os trechos sem sinalização eletrônica, o que dinamiza o fluxo
de automóveis, porém dificulta o acesso de pedestres, fazendo com que os mesmos
atravessem a todo instante de maneira irregular, colocando em risco sua segurança.

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 Percurso03: Av. Talma Rodrigues Ribeiro

Figura 137 - Percurso 03: Av. Talma Rodrigues Ribeiro – Laranjeiras, Serra.

Este percurso situa-se na Av. Talma Rodrigues Ribeiro – sentido rotatória – e carac-
teriza-se como um eixo estruturante da região, com fluxo rápido e constante de au-
tomóveis, circundado por edificações de usos predominantemente de serviços e in-
dustriais. Além disso, é uma avenida larga e de longas distâncias para acesso, com
presença de poucas árvores e marcação de postes em seu trecho. Nela pode ser
observada a ausência quase que completa de pavimentação, mobiliário e equipa-
mentos púbicos para o pedestre, além da falta de demarcação de ciclofaixa ou ciclo-

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via para os ciclistas, já que foi observada nesta avenida a utilização da bicicleta co-
mo meio de transporte.

Nota-se, ainda, a grande porção de céu que pode ser observada nesta visual, espe-
cialmente nas últimas duas fotos do mosaico compondo o grande espaço visual que
há na região, sem referências topográficas.

Poucas construções se apresentam no campo visual da paisagem presente neste


percurso. À exceção de alguns pontos industriais, pode ser observado à distância,
especialmente na última foto, um conjunto residencial de prédios com alto gabarito.

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 Percurso 04: Av. Copacabana

Figura 138 - Percurso 04: Av. Copacabana – Laranjeiras, Serra.

Assim como o percurso anterior, este é caracterizado por ser bastante árido, de ar-
borização pontual e com poucas construções. Apresenta-se ainda como uma via
menos larga que as demais, e, ao mesmo tempo, de menor movimento.

É possível observar a grande porção de céu visível na paisagem, bem como a pouca
passagem de pedestres na área, com pouco ou mau calçamento dos passeios pú-
blicos.

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Nesta avenida, também pode ser notado à ausência de calçada, de mobiliário e de
equipamento urbano para os pedestres. Contudo, há a demarcação de uma ciclofai-
xa, muito utilizada pelos ciclistas. Entretanto, foi observado ao longo desta avenida o
mau uso da mesma pelos motoristas, utilizando-a como embarque e desembarque
de passageiros e estacionamento.

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 Percurso 05: Av. Paulo Pereira Gomes

Figura 139 - Percurso 05: Av. Paulo Pereira Gomes – Laranjeiras, Serra.

Este percurso é caracterizado por contemplar em sua paisagem arborizações pontu-


ais de pequeno porte.Em alguns trechos, pode ser observada a presença, mesmo
que distante, do monte Mestre Álvaro, ícone natural do município de Serra. Em rela-
ção ao uso-do-solo, comporta ainda algumas edificações em seu entorno de caráter
industrial, de serviços e uma área de condomínios residenciais.

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Apresenta-se como uma área bastante árida e, como alguns percursos já citados, de
um tráfego rápido de automóveis, com poucas travessias de pedestres. Estes, po-
rém, trafegam mais pelos passeios, que se apresentam mais adequados. Há ainda
uma maior concentração de pontos de ônibus, sendo, portanto, uma área de maior
contemplação visual.

a.3. Pontos de Visada

Apresentam-se, a seguir, os pontos localizados nos espaços públicos considerados


relevantes para a análise do impacto visual causado pelo empreendimento na regi-
ão.

Figura 140 - Mapa da região contendo os pontos de visada adotados para a elaboração da
caracterização da paisagem e da simulação gráfica da intrusão do empreendimento.

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Utilizando-se do mesmo critério adotado para os percursos visuais, a análise dos
pontos de visada será feita, primeiramente, sobre a situação atual (sem o empreen-
dimento) e, posteriormente, após uma simulação da inserção do mesmo.

 Ponto de Visada 01:Praça da Luz

Figura 141 - Ponto de Visada 05: Praça da Luz – Laranjeiras, Serra.

Este último ponto visual se apresenta numa via de bastante movimento, com fluxo
rápido e constante, e, ainda, a paisagem presente se caracteriza por ser marca-
da,tanto pela arborização, quanto pelas edificações comerciais e residenciais de ga-
barito elevado (de 10 a 12 pavimentos).

Entretanto, observa-se que a porção visual de céu presente é muito marcante, ca-
racterizada, ainda,pela praça de grande movimento de transeuntes. Possivelmente,

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este ponto é aquele fora da rotatória cuja influência da área construída será uma das
maiores, devido à relativa proximidade e a quantidade de transeuntes que por ali
percorrem.

 Ponto de Visada 02: Praça Miguel Ângelo

Figura 142 - Ponto de Visada 06: Praça Miguel Ângelo – Laranjeiras, Serra.

Nesta visual, pode ser observado o caráter residencial da paisagem em questão,


com edificações de 02 a 03 pavimentos,além da grande porção visual de céu pre-
sente.

A arborização é pontual, sendo somente presente como um elemento paisagístico.


Os passeios, por sua vez,apresentam-se regulares, e a via, de tráfego local, possui-
pouca movimentação de automóveis.

Neste ponto de visada observa-se a perda de referência visual em relação ao terre-


no do empreendimento e a mudança da paisagem pelo contexto residencial. As
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construções existentes, juntamente com a distância da praça em questão com rela-
ção ao terreno, são responsáveis por essa perda da referência visual, ainda que a
imagem apresentada esteja direcionada para o mesmo.

b. Análise da inserção do empreendimento no cenário local e alterações na


paisagem.

Este item apresentará a simulação gráfica da inserção do empreendimento, conside-


rando todos os pontos de registro da paisagem elencados no item “a” deste capítu-
lo,a fim de se obter uma análise comparativa entre “antes e depois” da implantação
do empreendimento.

A análise da intrusão visual será apresentada de forma igual à realizada no item an-
terior, dividida entre percursos visuais e pontos de visada. As cenas visuais foram
desenvolvidas a partir da volumetria obtida da maquete eletrônica do empreendi-
mento em 3D, disponibilizada pelo escritório autor do projeto, e inseridas nas fotos
selecionadas.

Para cada simulação será feita, em paralelo, uma caracterização das alterações
ocorridas na paisagem a partir da inserção do empreendimento. Serão analisados
pontos como alterações de amplitude ou abertura visual, obstruções de elementos
da paisagem, interações com marcos visuais, além de uma avaliação do diálogo es-
tabelecido entre o novo empreendimento e o entorno quanto à tipologia construtiva
adotada, bem como gabarito, porte, entre outros.

Considerando as alterações ocorridas na paisagem, serão atribuídos, também, os


valores de impacto do empreendimento sobre a paisagem, classificando-os quanto a
sua intensidade (inexistente, baixo, médio ou alto).

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b.1. Intrusão nos percursos visuais

 Intrusão no Percurso 01: Av. Eudes Scherrer de Souza

Na Intrusão 01(imagem a seguir), localizada à Av. Eudes Scherrer de Souza – senti-


do rotatória –, observa-se um trecho dotado de usos do tipo comercial e de serviços.
Nota-se que, por apresentar-se numa área mais arborizada, se comparada às de-
mais vias estudadas, as edificações são mais visíveis apenas nas duas últimas ima-
gens.

Contudo, o empreendimento pode ser observado a muitos metros de distância,


apresentando-se bastante imponente na paisagem, contrastando a uma grande ex-
tensão visual e a edificações de médio porte. A escala do entorno se diferencia da
escala do empreendimento, se observadas de perto pelos transeuntes da região,
fazendo com que os novos edifícios apresentem-se marcantes na paisagem. Há,
portanto, uma considerável redução da amplitude visual, com o cone de visão indo
ao encontro do edifício e não mais ao horizonte.

Observa-se ainda a modificação visual ocorrida ao longo do percurso, iniciando com


uma presença marcante da arborização e ao final – podendo ser observado especi-
almente nas duas últimas imagens –, com um calçamento sem qualquer massa ve-
getal, denotando ainda mais a imponência da edificação.

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Figura 143 - Intrusão no Percurso 01: Av. Eudes Scherrer de Souza – Laranjeiras, Serra.

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 Intrusão no Percurso 02: Av. Central

Figura 144 - Intrusãono Percurso 02: Av. Central –Laranjeiras,Serra.

A intrusão ocorrida na Av. Central acontece pela inserção visual do empreendimento


no contexto de edificações de gabarito baixo, em torno de 02 a 03 pavimentos, em
que se pode perceber o grande porte do mesmo. A inserção acontece de fato na
porção mediana do percurso, quando a via se volta em direção ao terreno, rompen-
do a linha regular do coroamento existente nas edificações desta via.

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 Intrusão no Percurso 03: Av. Talma Rodrigues

Através da Intrusão 03 (imagem a seguir), situada à Av. Talma Rodrigues, pode-se


notar que a construção em questão surgirá como um objeto de grande destaque e
grandiosidade na paisagem circundante. É possível observar, ainda, a redução na
amplitude visual neste trecho da paisagem, e o quão volumosa se apresenta a edifi-
cação, no sentido longitudinal.

Figura 145 - Intrusão no Percurso 03: Av. Talma Rodrigues – Laranjeiras, Serra.

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 Intrusão no Percurso 04: Av. Copacabana

Na Intrusão 04 (imagem a seguir), pode-se observar que a via se caracteriza como


um pequeno trecho tangente ao empreendimento, com arborização pontual e com
acessos de pedestres dotados de pouco ou nenhum calçamento.

Nota-se que a intensidade da percepção do empreendimentoé maior neste ponto,


uma vez que um dos acessos ao mesmo ocorre pela via em questão. O contexto da
inserção das edificações neste trecho – caracterizado por construções pequenas,
calçadas largas, com afastamentos diversos – enaltece a diferença entre os portes
dos empreendimentos. Observa-se, ainda, a redução da amplitude visual com a im-
plementação do conjunto edificado.

Em relação ao pedestre, a percepção da nova construção será ainda maior, consta-


tando a grande volumetria do empreendimento, diferentemente das construções vi-
zinhas. Nota-se que o mesmo pode ser observado tanto a uma distância maior
quanto mais próxima.

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Figura 146 - Intrusão 04– Av. Copacabana –Laranjeiras, Serra.

 Intrusão no Percurso 05: Av. Paulo Pereira Gomes

Na Intrusão 05 (imagem a seguir), podem ser observadas a aridez e a pouca arbori-


zação, bem como o porte da via que se caracteriza como de pequeno porte, fazendo
com que o empreendimento tenha destaque mesmo quando distante,podendo se
tornar uma referência na paisagem.

É importante salientarque o empreendimento obstrui em alguns trechos o monte


Mestre Álvaro – elemento natural de grande representatividade paisagística do local.

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No entanto, em função da possível verticalização pela qual provavelmente passará o
trecho em questão, a visibilidade atual do monte deve ser inevitavelmente perdida,
mais propriamente em função das construções lindeiras a essa avenida, que em
função do empreendimento ora em análise.

Figura 147 - Intrusão no Percurso 05: Av. Paulo Pereira Gomes – Laranjeiras, Serra
Fonte: Urbiplan

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b.2. Intrusão nos Pontos de Visada

 Intrusão no Ponto de Visada 06: Praça Miguel Ângelo

Na Intrusão 06 (imagem a seguir), por sua vez, situada à Praça da Luz, é possível
observar que o empreendimento também é bastante visível, muito devido à ausência
de outros empreendimentos de gabaritos maiores no entorno da praça.

Figura 148 - Intrusão no Ponto de Visada06: Praça da Luz – Laranjeiras, Serra.

 Intrusão no Ponto de Visada 05: Praça Miguel Ângelo

Na Intrusão 05(imagem a seguir),situada à Praça Miguel Ângelo, é possível observar


que o empreendimento é visível de maneira bastante imponente no contexto de uma
paisagem residencial. Provoca uma alteração visual importante neste trecho, ainda
que se situe a grande distância do terreno onde os edifícios serão implantados.

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Figura 149 - Intrusão no Ponto de Visada 05: Praça Miguel Ângelo – Laranjeiras, Serra.

c. Considerações finais sobre a inserção do empreendimento na paisagem

De um modo geral, através das análises realizadas a partir dassimulações de intru-


são visual, é possível que se tenhaum panorama geral de que o empreendimento
será de grande influência para a paisagem do local, sendo, em muitas das vezes,
um conjuntomarcante por seu porte diferenciado do contexto da região.

Cabe salientar que uma das análises a serem feitas diz respeito à interferência e
transformação da qualidade paisagística do entorno, ocasionado pelo projeto. Quan-
to a isso, não há como prever os impactos positivos ou negativos que o projeto oca-
sionará, pois de acordo com o empreendedor, o projeto paisagístico do empreendi-
mento está em desenvolvimento.

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Porém, indica-se que o futuro projeto paisagístico aporte um tratamento adequado, a
fim de se obter um conforto térmico e visual, utilizando de espécies arbóreas ade-
quadas para o sombreamento, equipamentos urbanos e mobiliários.

Por fim, a relação dos impactos de forma detalhada: positivos e negativos e suas
medidas mitigadoras e compensatórias referentes à qualidade paisagística e à intru-
são visual podem ser vistas no capítulo X deste documento.

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