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APS - Atividade Prática Supervisionada

2018

PS
(UM ESTUDO SOBRE
CONCRETO DE ALTO
DESEMPENHO - CAD)

UNIP

0
APS - Atividade Prática Supervisionada

UNIVERSIDADE PAULISTA – CAMPUS MANAUS

ALUNO: RODRIGO CAROLINO DOS SANTOS

RA: C670BE7

GRADUANDO DE ENGENHARIA CIVIL – TURMA ECPE32

UM ESTUDO SOBRE CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO - CAD

MANAUS-AMAZONAS

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1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 5
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 5
2.2 Objetivo Específico............................................................................................. 5
3 METODOLOGIA.......................................................................................................... 5
4 REVISÃO TEÓRICA...................................................................................................... 6
4.1 HISTÓRICO DO CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO ......................................... 6
4.2 CONCEITO .......................................................................................................... 8
4.3 ESTRUTURA DO CONCRETO ............................................................................. 10
4.3.1 Agregado................................................................................................... 10
4.3.2 Pasta de cimento ...................................................................................... 11
4.3.3 Zona de transição ..................................................................................... 11
4.4 MATERIAIS CONSTITUINTES DO CAD ............................................................... 11
4.4.1 Cimento .................................................................................................... 12
4.4.2 Agregados ................................................................................................. 12
4.4.3 Aditivos ..................................................................................................... 14
4.4.4 Adições minerais....................................................................................... 18
4.5 RELAÇÃO ÁGUA/CIMENTO .............................................................................. 20
4.6 DOSAGEM DO CAD .......................................................................................... 21
4.7 COMPATIBILIDADE ENTRE CIMENTO PORTLAND E SUPERPLASTIFICANTE . 23
4.8 PROPRIEDADES MECÂNICAS DO CAD .............................................................. 23
4.8.1 Concreto fresco ........................................................................................ 23
4.8.2 Concreto endurecido ................................................................................ 24
4.8.3 Características e proporção dos materiais ............................................... 26
4.9 FABRICAÇÃO DO CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO .................................... 29
4.9.1 Estocagem dos materiais .......................................................................... 30
4.9.2 Dosagem dos componentes ..................................................................... 31
4.9.3 Amassamento ........................................................................................... 31
4.9.4 Consistência .............................................................................................. 32
4.9.5 Transporte ................................................................................................ 32
4.9.6 Compactação ............................................................................................ 32

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4.10 Obras que etilizaram CAD ................................................................................ 33


5 CONCLUSÕES ........................................................................................................... 38
6 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 39

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta em essência um estudo sobre a influência dos diferentes


teores de superplastificante na propriedade de resistência à compressão do concreto de
alto desempenho (CAD). Seu uso está bastante difundido, haja vista o grande interesse de
se obter um concreto com excelentes características, tais como: elevada resistência, boa
trabalhabilidade e grande durabilidade.

O concreto de alto desempenho é possível graças ao desenvolvimento de materiais


cimentícios, adições suplementares e superplastificantes de alta eficiência, adicionados à
sua mistura. O trabalho enfoca o uso de dois materiais usados na dosagem do CAD, são
eles: superplastificante (aditivo) e sílica ativa (adição mineral).

A tecnologia do concreto de alto desempenho tem evoluído intensamente nas últimas


décadas, principalmente no que diz respeito às formas de obtenção desse material. Grandes
vantagens econômicas e estruturais são obtidas com a utilização desse concreto, tais como:
redução das seções dos elementos de concreto (pilares), baixa porosidade, baixa
permeabilidade, elevada resistência ao desgaste e menor tempo e custo de manutenção.

Segundo Price (2003), o CAD pode ser manipulado por diversas técnicas construtivas,
porém, deve ser dada atenção especial a fim de evitar atrasos no seu lançamento, secagem e
cura. O CAD também é caracterizado por ter um alto módulo de deformação e resistência à
tração, bem como menor retração durante a secagem. As principais aplicações do CAD têm sido
nos pilares de grandes edifícios, estruturas marítimas e de grandes pontes.

Em contrapartida, o CAD ainda representa um pequeno volume no mercado de


concreto, os produtores de cimento não estão interessados em investir demais na modificação
dos seus processos de produção. Além disso, em um dado lugar, a seleção de materiais no CAD
será sempre limitada por considerações econômicas porque, com a finalidade de permanecer
tecnicamente competitivo com o concreto usual, os custos de produção do CAD terão que ser
tão baixos quanto possível.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral


. Realizar, um estudo bibliográfico, com fotos e imagens sobre o Concreto de Auto Desempenho –
CAD, contendo no mínimo de 40 laudas.

2.2 Objetivo Específico


Estudar os efeitos das propriedades de resistência do concreto de alto desempenho, bem como suas
aplicações na construção civil e em reparos de grande porte.

3 METODOLOGIA
Será apresentada uma revisão bibliográfica acerca do tema do trabalho, buscando abordar de forma
clara e objetiva os capítulos do trabalho. A metodologia aplicada neste estudo está sintetizada no
Fluxograma 1.

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´PREPARAÇÃO E
DELIMITAÇÃO DO
TEMA

DELIMITAÇÃO DO CONTEXTUALIZAÇÃO
TEMA DO PROBLEMA

DEFINIÇÃO DE
VARIÁVEIS

REVISÃO SINTETIZAÇÃO DE
BIBLIOGRÁFICA DADOS

CONSTRUÇÃO DE
DOCUMENTO

CONFECÇÃO DO
ESTUDO PROPOSTO

OBTENÇÃO DE
RESULTADOS

Fluxograma 1 – Metodologia Aplicada

4 REVISÃO TEÓRICA

4.1 HISTÓRICO DO CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO

O concreto de alto desempenho, inicialmente, surgiu em meados dos anos 60, na cidade de Chicago
nos Estados Unidos (EUA). Desde aquela época, até alguns anos atrás, o CAD era chamado de concreto de
alta resistência, pois sua produção só visava aumentar a resistência à compreensão. No entanto, essa
denominação deixou de ser usada, pois o CAD além de aumentar a resistência do concreto, contribui com
outras propriedades que são agregadas a ele, tais como: durabilidade, baixa porosidade, etc.

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Na cidade de Chicago, um grupo de projetistas e produtores de concreto propôs lançar o concreto de


alta resistência. Naquela época o concreto comumente usado pela indústria da construção tinha uma
resistência à compressão de apenas 15,0MPa a 30,0MPa. Nesse período os produtores de concreto
contavam apenas com aditivos redutores de água baseados em lignossulfonatos (que variavam em
composição e pureza) e de adições tipo cinza volante, os quais eram utilizados na dosagem do CAD. Apesar
desses inconvenientes de não dispor de materiais inovadores para a dosagem do CAD, esses tinham ganhos
de resistência que variavam de 10,0MPa a 15,0MPa (AÏTCIN, 2000).

Nos últimos 20 anos, estudos intensivos sobre CAD têm sido realizados em diversos países, com o
intuito de fornecer aos engenheiros as informações necessárias sobre suas propriedades, bem como dar
subsídios para adaptação das normas de concreto às características diferenciadas desse novo material
(MENDES, 2002).

Aos poucos o CAD vem se tornando uma linha de pesquisa vasta na área de materiais, atualmente a
bibliografia sobre o tema é bastante ampla. Vários congressos, seminários, encontros têm sido promovidos
em vários países para divulgação e discussão de trabalhos de diversos pesquisadores sobre o CAD.

No Brasil um dos principais prédios construídos com o CAD é o E-Tower, com fck de projeto de
80,0MPa, sendo que alguns pilares atingiu-se 125,0MPA. Fica localizado na cidade de São Paulo (Figura
2.1).

Figura 2.1 – E-Tower, prédio da cidade de São Paulo construído com CAD.
Fonte: http://www.basf-cc.com.br/novo/imagens/projetos/id23/foto01.jpg. Acesso em 20/08/2009.

Na Bahia uma das principais aplicações do CAD, foi a construção do edifício Suarez Trade Center,
localizado na cidade de Salvador, onde os pilares centrais atingiram 60 MPa de resistência.

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Atrelado ao aumento da resistência, o CAD incorporou vantagens no seu uso, reduzindo os custos em
termos de diminuição das peças concretadas e conseqüentemente o ganho de espaço nas edificações. Na
mesma cidade de Chicago, a resistência à compressão do concreto usado em edifícios, cresceu
progressivamente durante um período de 10 anos, passando de 15,0MPa a 30,0MPa para 45,0MPa a
60,0MPa (AÏTCIN, 2000). A Figura 2.2 mostra a altura de edifícios nos EUA construídos com CAD.

Figura 2.2 – Performance do CAD nos arranha-céus dos EUA.

Fonte: Aïtcin (2000)

4.2 CONCEITO
O CAD é o tipo de concreto que têm resistência à compressão maior que 40,0MPa (embora ainda não
exista um consenso na literatura técnica). Na dosagem do CAD, procura-se atingir uma baixa relação
água/cimento, o que irá resultar na sua alta resistência característica. Na obtenção de concretos de alto
desempenho, sempre são utilizados aditivos e adições. Algumas características são alcançadas pelo CAD,
tais como: alta resistência à compressão, baixa permeabilidade, menor consumo de água, menor consumo
de cimento, menor consumo de agregados, entre outras. É quase impossível, na prática, conseguir CAD
sem a utilização das adições minerais, especialmente nas faixas de resistência acima de 40,0MPa. Essa
discussão liga-se às peculiaridades do concreto. O CAD em geral tem como característica essencial a baixa
relação água cimento, entre 0,25, e no máximo em torno de 0,40, o que exige a utilização de aditivos
superplastificantes, para propiciar aumento da resistência e trabalhabilidade ao concreto (MEHTA, 1994).

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Os concretos de alto desempenho contêm os seguintes materiais: agregados comuns, cimento Portland
comum, adição mineral (sílica ativa, fumo de sílica, cinza volante, escória granulada de alto forno),
geralmente entre 5% a 15% da massa de cimento, e sempre um superplastificante. O teor de
superplastificante é alto, 5 L a 15 L por m³ de concreto. Segundo Neville (1997), esse teor de aditivo permite
a redução do teor de água de 45 L/m³ a 75 L/m³ de concreto. O autor considera concretos de alto
desempenho aqueles cuja relação água/cimento seja inferior a 0,35.

O emprego de aditivos como superplastificantes, combina-se às vantagens da sílica ativa para


propiciar concretos cujas características vão além da elevada resistência; na verdade, o CAD pode agregar
durabilidade, esbeltez e menor custo às obras, que são motivos suficientes para que se descubram as
vantagens técnicas do material, contribuindo na economia e racionalidade das obras.

As vantagens do CAD com relação ao concreto convencional são evidentes. As estruturas de concreto
produzidas com concreto convencional têm área em torno de duas vezes maior que a das estruturas,
executadas com CAD. Ou seja, a opção gera ganhos econômicos significativos.

Aïtcin (2000) classifica os concretos de alto desempenho pelos seus devidos valores conforme Tabela
2.1:

Tabela 2.1 - Classes diferentes de Concreto de Alto Desempenho.

Fonte: Aïtcin (2000)

Classe do Concreto Resistência à Compressão (MPa)

Classe I 50 – 75 MPa

Classe II 75 – 100 MPa

Classe III 100 – 125 MPa

Classe IV 125 – 150 MPa

Classe V Maior que 150 MPa

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4.3 ESTRUTURA DO CONCRETO


O concreto é um compósito que consiste essencialmente de um meio aglomerante, dentro do qual
estão mergulhadas partículas ou fragmentos de agregados. O meio aglomerante é formado por uma mistura
de cimento e água. Após o endurecimento do concreto sua estrutura fica dividida em três fases: agregado,
pasta de cimento e zona de transição. Barata (1998) afirma que o CAD se diferencia do concreto
convencional pela microestrutura densa, homogênea e pouco cristalina.

Na Figura 2.3, observa-se que apenas duas fases do concreto são facilmente distinguidas, os agregados
de tamanho e forma variados, e o meio ligante, composto de uma massa contínua da pasta endurecida.
Mehta (1994) comenta que a nível macroscópico, o concreto pode ser considerado como um material
bifásico, consistindo de partículas de agregado dispersas em uma matriz de cimento.

Figura 2.3 – Seção polida de um corpo-de-prova de concreto.


Fonte: Mehta (1994)

4.3.1 Agregado

A fase agregado é predominantemente responsável pela massa unitária, módulo de deformação (que
afeta a retração), resistência à abrasão, durabilidade e estabilidade dimensional do concreto endurecido.

O agregado não tem influência direta sobre a resistência do concreto (concretos usuais), tem apenas
papel secundário, em alguns casos onde se tem agregados porosos e fracos, a sua porosidade e composição
mineralógica afetam na resistência à compressão, dureza, módulo de deformação, que por sua vez
influenciam várias propriedades do concreto endurecido contendo o agregado (MEHTA, 1994).

Comparando concretos preparados com agregados diferentes, pode-se observar através dos ensaios
que a influência sobre a resistência do concreto é qualitativamente igual, quaisquer que sejam as proporções
da mistura. É possível que a influência do agregado na resistência do concreto seja devida não somente a

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resistência mecânica do agregado, mas também, e muito significativamente, à sua absorção e a


características da aderência.

Quando a zona de transição entre a pasta e o agregado é melhorada, a transferência de tensões se torna
mais eficaz. No entanto, as propriedades mecânicas dos agregados tornam-no mais frágil, limitando a
resistência do concreto. Durante o processo de britagem, os agregados são microfissurados. O número de
microfissuras será maior nas partículas maiores, conseqüentemente, na prática, é comum usar partículas
menores (10 a 14 mm de diâmetro nominal) para o CAD, pois possuem menores fissuras internas, dando
maior resistência ao concreto (PRICE, 2003).

4.3.2 Pasta de cimento

Esta fase é o resultado da reação química dos minerais do cimento com a água. Sua importância na
dosagem do concreto é, principalmente, agir como substância aglomerante.

A pasta de cimento tem influência nas propriedades do concreto, como, resistência, estabilidade
dimensional e durabilidade, onde são influenciadas não somente pela proporção da pasta, mas também dos
aspectos microestruturais (tipo, quantidade e distribuição de sólidos e vazios) (MEHTA, 1994).

Segundo Price (2003), a resistência da pasta de cimento é em função da relação a/c, sendo também
limitada pela porosidade. A fim de melhorar a resistência da pasta, os poros devem ser minimizados.

4.3.3 Zona de transição

Localiza-se no contato das partículas de agregado graúdo com a pasta de cimento. Apesar de ser
constituída dos mesmos elementos da matriz da pasta de cimento, possui estrutura e propriedades
diferentes, sendo mais frágil, pois é nessa fase em que ocorre a ruptura do concreto (MEHTA, 1994). Esta
fase é caracterizada por uma alta porosidade.

Quando se analisa as fraturas do concreto, observa-se que a falha ocorre na própria pasta ou, mais
freqüentemente, na interface entre a pasta e o agregado. Se a zona de transição é fraca, a resistência do
concreto será baixa (PRICE, 2003).

4.4 MATERIAIS CONSTITUINTES DO CAD

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Aïtcin (2000) afirma que a seleção dos materiais é um problema porque os cimentos e os agregados
disponíveis apresentam grande variedade de composição e propriedades, e não existe uma sistemática clara
que permita escolher facilmente os materiais constituintes, além da diversidade de aditivos químicos e
adições minerais disponíveis no mercado.

4.4.1 Cimento

Segundo Aïtcin (2000), a composição do cimento é oriunda da queima de uma mistura bem
proporcionada de matérias-primas contendo os quatro óxidos principais – CaO, SiO2, Al2O3 e Fe2O3 –
que produz o clínquer, um dos principais ingredientes básicos exigidos para fabricar o cimento Portland.
Para o autor, a primeira escolha a ser feita quando se vai produzir um concreto de alto desempenho é,
definitivamente, a do cimento, ainda quando um ou dois materiais cimentícios suplementares venham a ser
usados, porque o desempenho do cimento em termos de reologia e de resistência tornase um item crítico à
medida que a resistência à compressão almejada aumenta.

A escolha do cimento mais adequado para produção de CAD é extremamente importante, uma vez
que este material influência tanto a resistência da pasta quanto a aderência pasta-agregado. No entanto, para
a seleção final do cimento mais adequado, além se suas propriedades mecânicas, outra três características
devem ser levadas em consideração: sua finura, sua composição química e sua compatibilidade com os
aditivos.

Em termos de finura, quanto maior for a superfície específica, em contato com a água, mais
rapidamente ocorrerá a hidratação do cimento, aumentando-se sua resistência à compressão, principalmente
nas primeiras idades. Por outro lado, quanto mais fino o cimento, maior a dosagem de superplastificante
necessária para alcançar a mesma trabalhabilidade, uma vez que o desempenho do aditivo é influenciado
diretamente pela finura do cimento (AÏTCIN, 2000).

Em relação à composição química, Mendes (2002) apud Aitcin e Mehta (1990), recomendam,
preferencialmente, o cimento Portland comum e aqueles com maior teor de C3S e C2S, compostos que
contribuem para a resistência do concreto. No entanto, Barata apud Mehta (1996) acrescenta que elevados
teores desses compostos podem incompatibilizar o uso do cimento com determinado superplastificante.

4.4.2 Agregados

Diferentemente dos concretos convencionais, a seleção de agregados particularmente resistentes é


necessário. A seleção do agregado graúdo é importantíssima para a produção do concreto de alto

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desempenho. Segundo Price (2003), a seleção dos agregados é muito mais crítica para o CAD do que para
os concretos convencionais.

Geralmente, verifica-se apenas se as exigências de desempenho para as normas de agregado estão


sendo atendidas. No concreto de alto desempenho, a pasta de cimento e a zona de transição podem ser tão
resistentes do que os agregados graúdos, caso estes não forem suficientemente resistentes, tornando-se o
elo mais fraco dentro do concreto.

Segundo Bauer (2000), nos concretos de alto desempenho (fck da ordem de 50,0 a 70,0 MPa), a
resistência dos grãos do agregado pode ser insuficiente, rompendo-se o concreto por fratura dos grãos,
mesmo com agregado graúdo provindo de granito.

Nestes casos, é preciso dar atenção especial à escolha do agregado.

A resistência, o tamanho e a forma dos agregados devem ser compatíveis com a matriz, sendo
fundamental, no caso de CAD, que estes fatores sejam bem avaliados, evitandose os efeitos indesejáveis
de problemas na zona de transição.

Segundo Neville (1997), as dimensões ideais dos agregados graúdos situam-se entre 10,0 mm e
19,0 mm. Quanto menor o agregado, menor a superfície capaz de reter água durante a exsudação do
concreto fresco, o que propicia uma zona de transição de menor espessura e conseqüentemente mais
resistente. As areias quartzosas bem graduadas, por sua vez, são as mais recomendadas também para a
produção do CAD.

Os agregados usados para fazer um concreto de alto desempenho são areia natural e brita. Se o
concreto de alto desempenho é feito com brita, o seu processamento leva as partículas individuais contendo
a concentração mínima possível dos elementos fracos (AÏTCIN, 2000).

4.4.2.1 Agregado graúdo

A forma dos agregados graúdos deve ser equidimensional (não alongadas) e, a classificação deve
ser uniforme, não havendo muita separação em frações finas e grossas. A máxima dimensão do agregado
graúdo variando de 10 a 14 mm é geralmente selecionada, embora agregados até 20 mm podem ser
utilizados se forem resistentes e desprovidos de muitas fraturas (PRICE apud AÏTCIN e MEHTA, 1990).

Aïtcin (2000) recomenda que a seleção do agregado graúdo seja feita após um exame cuidadoso
da mineralogia e da petrografia, para assegurar que as partículas são resistentes o suficiente para evitar a
ruptura precoce no CAD.

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Para os agregados graúdos, é imprescindível a observação de alguns fatores que são extremamente
relevantes na escolha, pois suas propriedades mecânicas influenciam diretamente as propriedades do CAD.
Petrucci (1980) chama a atenção para a absorção do agregado graúdo, pois está diretamente relacionada
com a sua porosidade. Neville (1997) acrescenta que a porosidade e a permeabilidade do agregado exercem
influência na resistência e na durabilidade do concreto..

No entanto, para Guimarães (2002), é sempre cabível a consideração de que, para qualquer que
seja o agregado graúdo, existirá um valor crítico da relação água/ aglomerante, abaixo do qual, qualquer
redução adicional deste fator não resultará em aumento significativo da resistência à compressão. A partir
deste ponto, o agregado graúdo passa a constituir o elo mais vulnerável do concreto.

4.4.2.2 Agregado miúdo

Os agregados miúdos para o CAD devem ser selecionados, no intuito de reduzir a demanda de
água. A granulometria ótima do agregado miúdo está mais associada a quantidade de água que absorverá
na mistura do que suas próprias características físicas. Sempre que possível as partículas de agregado devem
ser arredondadas. O material pulverulento contendo siltes e argilas deve ser mantido tão baixo quanto
possível. Aceita-se na prática utilizar um agregado miúdo com alta dimensão característica, o que seria
normal para o concreto estrutural convencional (PRICE apud AÏTCIN, 1998).

Para Aïtcin (2000), sempre que possível, o agregado miúdo selecionado deverá ter um módulo de
finura de 2,7 a 3,0. Devido a uma razoável quantidade de material fino na mistura não há necessidade da
areia ser tão fina do ponto de vista de segregação e trabalhabilidade. Então o uso de areias mais grossas
leva a um pequeno decréscimo na quantidade de água na mistura, o que é vantajoso tanto do ponto de vista
da resistência, como do ponto de vista econômico.

4.4.3 Aditivos

São produtos químicos adicionados na dosagem do concreto, com o objetivo de melhorar


determinadas características físicas e econômicas do concreto. São adicionados a mistura do concreto em
teores não maiores que 5,0% em relação à massa do cimento. Apesar de serem onerosos, os aditivos podem
trazer economia nas dosagens de concreto, seja na redução do teor de cimento, na melhoria da durabilidade,
ou na redução das peças de concreto, etc.

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Segundo Neville (1997), atualmente em muitos países um concreto sem aditivos é considerado
uma exceção, sendo usado de forma crescente. Além de tornarem possível o uso de uma grande variedade
de componentes na mistura.

A compreensão de que as propriedades importantes do concreto, tanto no estado fresco quanto no


endurecido, podem ser modificadas com vantagem pela aplicação de aditivos, deram tal impulso à indústria
de aditivos que dentro dos 20 anos após o início do desenvolvimento da indústria nos anos 40,
aproximadamente mais de 200 produtos diferentes foram comercializados em alguns países da Europa.
Atualmente, a maior parte do concreto produzido em alguns países contém um ou mais aditivos (MEHTA,
1994).

Neville (1997) ressalta que o uso dos aditivos não é a solução para a falta de qualidade dos outros
ingredientes do concreto, para proporções não adequadas da mistura, ou para despreparo da mão-de-obra
para transporte, lançamento e adensamento.

4.4.3.1 Aditivos redutores de água

Tipo de aditivo, que tem a finalidade de reduzir a relação água/cimento, aumentando a resistência
e trabalhabilidade do concreto. Devido a reações químicas, os redutores de água melhoram o processo de
hidratação do cimento, fazendo com que o mesmo se distribua mais uniformemente no concreto,
contribuindo com uma resistência maior.

Segundo Neville (1997), esses aditivos reduzem o teor de água da mistura, geralmente entre 5,0%
e 10,0%, às vezes até 15,0% em concretos com elevada trabalhabilidade.

4.4.3.2 Superplastificante

Os superplastificantes são aditivos redutores de água especiais com efeitos mais intensos do que
os comuns. Seu uso é considerado um dos mais importantes avanços na tecnologia do concreto, pois tem
permitido, entre outros, a produção de concretos de alta resistência, duráveis e de concretos fluidos.

Mehta (1994) define os superplastificantes como sendo aditivos redutores de água de alta
eficiência por serem capazes de reduzir o teor de água de 3 a 4 vezes em um dado traço de concreto, quando
comparados a aditivos redutores de água normais. Foram desenvolvidos nos anos 70 e têm já ampla
aceitação na indústria da construção em concreto.

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Já Neville (1997) define superplastificantes como sendo polímeros orgânicos hidrossolúveis


obtidos sinteticamente, usando um processo complexo de polimerização para obtenção de moléculas longas
de elevada massa molecular.

Mais eficazes que os redutores de água comuns, os superplastificantes podem reduzir o teor de
água da mistura do concreto de 25,0% a 35,0%, bem como podem aumentar a resistência em poucas idades
de 50,0% a 75,0%.

Na mistura seu principal efeito é melhorar a distribuição das partículas de cimento,


conseqüentemente melhora a hidratação, resultando no aumento da resistência do concreto para uma mesma
relação água/cimento. Segundo Neville (1997), quando os superplastificantes são usados para reduzir o teor
de água da mistura, a dosagem é de 5 a 20 l/m³ de concreto.

O aumento da sistência é geralmente proporcional à diminuição na relação água/cimento. Com


consumos de cimento maiores e relações água/cimento muito menores do que 0,45 é possível atingir taxas
ainda maiores de desenvolvimento da resistência (MEHTA, 1994).

Segundo Collepardi et al. (1999) e Tobori (2005), os superplastificantes podem ser utilizados no
concreto para três propósitos específicos e/ou combinações entre eles:

• aumentar a trabalhabilidade numa determinada mistura, a fim de melhorar algumas


características do concreto;

• reduzir a quantidade de água, para um mesmo consumo de cimento e trabalhabilidade, a


fim de reduzir a relação a/c, aumentando a resistência e melhorando a durabilidade;

• reduzir tanto a quantidade de água quanto de cimento, mantendo a mesma


trabalhabilidade e resistência, a fim de evitar fissuras, retração e tensões térmicas causadas pelo
calor de hidratação do cimento.

Os tipos de superplastificantes mais comuns são: base de lignossulfonatos, base de malamina,


base de naftaleno e base de policarboxilatos. Segundo Price (2003), todos têm sido utilizados com sucesso,
individualmente ou em combinação. A dosagem dos superplastificantes pode ser muito elevada (até 3% da
massa de cimento), a fim de alcançar a necessária funcionalidade.

No mercado já existem os chamados superplastificantes de nova geração. São à base de


policarboxilatos e éteres. Estes superplastificantes prolongam a trabalhabilidade do concreto,
proporcionando o desuso de procedimentos antigos de avaliação de trabalhabilidade. Por exemplo,
lançamento de apenas uma parte da dosagem, adições de superplastificantes comuns até obter a
trabalhabilidade desejada.

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Dentre os superplastificantes, os lignosulfonatos são os mais conhecidos, produzindo concretos


com resistência à compressão de cerca de 50,0 a 60,0MPa. Inicialmente, esse produto era quase sempre
usado para fluidificar o concreto comum no canteiro de obras imediatamente antes do lançamento. Uma
das principais vantagens desses produtos, além da sua eficiência em fluidificar traços de concreto, era que
eles podiam ser usados em dosagens muito mais altas do que os redutores de água anteriores, porque são
produtos que não contêm impurezas (AÏTCIN, 2000).

À medida que o uso dos superplastificantes foi se tornando mais comum, percebeu-se que estes
poderiam ser utilizados para reduzir a quantidade de água da mistura para um nível jamais experimentado.
Esses superplastificantes são tão eficazes que hoje em dia é possível fazer o concreto fluido, tendo a relação
água/cimento menor do que 0,30.

O mecanismo de ação dos superplastificantes para Bauer (2000) ocorre da seguinte maneira: o
aditivo é absorvido pelas partículas de cimento, fazendo com que as mesmas se tornem negativamente
carregadas e mutuamente repulsivas. Devido a este efeito, as partículas de cimento são mais bem dispersas
e a mistura, consequentemente, torna-se mais fluida.

A escolha de um superplastificante bom e eficiente é crítica quando se faz concreto de alto


desempenho, pois nem todos os tipos e marcas desses aditivos reagem da mesma forma com um
determinado cimento. Problemas de compatibilidade podem algumas vezes ser enfrentados quando se usa
o cimento e um superplastificante que estão cada um isoladamente atendendo às suas respectivas normas
de recebimento (AÏTCIN, 2000).

Descreve ainda que a dosagem de superplastificante mais eficiente pode ser encontrada
rapidamente usando-se “tripla tentativa de teor de água”: usam-se as relações a/c menor, maior e
intermediária, compatíveis com as exigências de resistência para fazer três traços com igual quantidade de
material cimentício, mas diferentes quantidades de água.

Esses traços experimentais são ensaiados quanto à resistência e perda de abatimento.

Neville (1997) ressalta que a concentração de sólidos nos superplastificantes comerciais varia, de
modo que a comparação do desempenho deveria ser feita com base na quantidade de sólidos e não na da
massa total.

O momento de colocação e a maneira como o aditivo é adicionado à mistura é fundamental para


sua eficiência, e também para melhoria da consistência. O superplastificante age mais efetivamente se for
adicionado alguns minutos depois após a colocação da água de amassamento (MENDES apud HSU et al,
1999). A adição de superplastificante (parcialmente ou totalmente) na água de amassamento reduz sua
eficiência, possivelmente devido à absorção pelos agregados durante a mistura (AÏTCIN, 2000). Embora
alguns fabricantes de superplastificantes orientem adicionálos à água de amassamento.

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O retardo da adição do superplastificante em 1 (um) minuto após o contato do cimento com a água
de amassamento leva a uma mistura com abatimento cerca de 100% superior ao da mistura cuja colocação
foi imediata, conforme mostra a Tabela 2.2. Em suma, a escolha dos superplastificantes é determinada,
principalmente, em função do desempenho, compatibilidade com o cimento e dosagem (COLLEPARDI et
al, 1999).

4.4.4 Adições minerais

São materiais silicosos finamente moídos, adicionados ao concreto em quantidades relativamente


grandes, geralmente na faixa de 20,0 a 100,0% da massa de cimento Portland (MEHTA, 1994).

Os benefícios derivados do emprego de adições minerais no concreto incluem melhora da


resistência à fissuração térmica devido ao calor de hidratação mais baixo, aumento das resistências e da
impermeabilidade por refinamento dos poros, e uma durabilidade maior ataques químicos (expansão álcali-
agregado).

4.4.4.1 Sílica ativa

A sílica ativa (ou microssílica) é um subproduto de fornos a arco e de indução das indústrias de
silício metálico e ligas de ferro-silício. Comparando ao cimento Portland comum e as cinzas volantes, a
sílica ativa apresenta distribuição granulométrica das partículas duas ordens de grandeza mais finas. Com
isso, devido ao pequeno diâmetro de suas partículas (1,0 micrômetro) possui grande superfície específica
(Figura 2.4), o que justifica alta demanda de água e exigência de plastificante; ainda que, melhora a
trabalhabilidade por reduzir o tamanho e volume de vazios no concreto (MEHTA, 1994).

Figura 2.4 – Sílica ativa vista por microscópio.


Fonte: Mehta (1994)

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Sua adição associada à massa de cimento faz com que se obtenha aumento de desempenho do
concreto. Tem partícula de dimensão média cem vezes menor que a do grão de cimento. A sílica ativa
preenche os vazios da zona de transição do material cimentício/agregado, ao mesmo tempo que reage com
a água e a portlandita disponível, aumentando a resistência do concreto (TÉCHNE, 2002).

Price (2003), afirma que o papel das adições é muito mais significativo no CAD do que os
concretos convencionais. Para produzir concretos de alto desempenho em níveis muito baixos de relação
a/c (normalmente inferior a 0,30), sem necessidade de um elevado teor de cimento, é necessário o uso de
superplastificantes.

A sílica ativa é um pó extremamente fino, ocupando vazios não preenchidos pelo cimento,
permitindo assim a obtenção de concretos extremamente resistentes e duráveis. Conjuntamente com um
agente redutor de água adicionados à mistura do concreto, a sílica ativa é capaz de produzir resistência
elevada no concreto, tanto nas primeiras idades quanto nas idades posteriores. O ganho de resistência nas
primeiras idades é devido a uma ligeira aceleração na hidratação do cimento Portland; o ganho de
resistência nas idades finais é devido principalmente a reação pozolânica.

Devido a sua finura, as partículas de sílica ativa podem preencher os vazios entre as partículas
maiores do cimento, quando elas estão bem defloculadas na presença de uma dosagem adequada de
superplastificante (AÏTCIN, 2000). A adição de sílica ativa reduz também, drasticamente, tanto a exsudação
interna como superficial da mistura. Além disso, as partículas de sílica ativa têm um efeito fluidificante
sobre traços com relação água/cimento muito baixa.

A sílica ativa é quase indispensável ao CAD, uma vez que tem aproximadamente três vezes mais
eficiência cimentícia do que o cimento Portland. Isto facilita a obtenção de alta resistência sem excessiva
quantidade de cimento. Para ser eficaz, deve ser sempre usada em conjunto com um superplastificante. É
normalmente adicionada à mistura proporções de 5,0 a 10,0% da massa do cimento (PRICE, 2003).

A combinação desses diferentes modos de ação da sílica ativa no concreto resulta numa
microestrutura muito densa, aumentando assim a resistência à compressão do concreto. Além disso, como
a sílica ativa reduz a porosidade do concreto, a permeabilidade é reduzida. É válido observar que os fatores
de eficiência da sílica ativa relacionados à permeabilidade do concreto são maiores do que para a resistência
à compressão.

Em compostos cimentícios, a sílica ativa atua de duas maneiras. A primeira é a reação química
conhecida como reação pozolânica. A hidratação do cimento Portland produz muitos compostos, entre eles
o silicato de cálcio hidratado (C-S-H) e o hidróxido de cálcio (CaOH). O gel de C-S-H é bem conhecido
como sendo a fonte de resistência no concreto.

Quando a sílica ativa é adicionada no concreto fresco, ela reage quimicamente com o CaOH para
produzir uma quantidade adicional de C-S-H, inclusive com características superiores, do ponto de vista de

19
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adesividade, àquele produzido pela simples hidratação do cimento Portland, aumentando a resistência à
compressão e a resistência química. A zona de interface da pasta e do agregado é aumentada, resultando
em altas resistências à compressão (MEHTA, 1994).

A segunda função da sílica ativa é o efeito fíler. Como a sílica ativa de Fe-Si é cerca de 100 a 150
vezes menor que uma partícula de cimento, ela poderá preencher vazios criados pela água livre na matriz.
Essa função, chamada empacotamento, refina a microestrutura do concreto, criando uma estrutura porosa
muito mais densa (NEVILLE, 1997).

Embora Isaia e Helene (1995), comentam que o uso de elevadas quantidades de sílica ativa é
questionado, haja vista que podem possibilitar a despassivação da armadura do concreto devido a queda de
reserva alcalina.

4.5 RELAÇÃO ÁGUA/CIMENTO

É a relação entre a quantidade de água usada na mistura do concreto com a massa de cimento. A
resistência à compressão, do concreto, depende do fator água/cimento, que, por sua vez, depende da
distribuição granulométrica do agregado. A distribuição granulométrica deverá ser tal que permita uma
mistura de máxima compacidade, compatível com a peça a concretar (BAUER, 2000).

A relação água/cimento determina a porosidade da pasta de cimento endurecida em qualquer estágio


de hidratação. Sendo assim, tanto o grau de adensamento como a relação água/cimento influenciam no
volume de vazios do concreto (Figura 2.5). Segundo Neville (1997), misturas com relação água/cimento
muito baixa e um teor de cimento muito alto, exibem uma redução de resistência quando se usam agregados
com grande tamanho. Assim, as idades mais avançadas, nesse tipo de mistura, uma relação água/cimento
menor pode não resultar uma resistência alta.

Figura 2.5 – Representação esquemática de duas pastas frescas de cimento com relação a/c distintas.

Fonte: Aïtcin (2000)

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Para relações água/cimento abaixo de 0,30, aumentos desproporcionalmente elevados na


resistência à compressão podem ser conseguidos para pequenas reduções na relação água/cimento. O
fenômeno é atribuído, principalmente, à melhora significativa da resistência na zona de transição obtida
para relações água/cimento muito baixas. Uma das explicações é que o tamanho dos cristais de hidróxido
de cálcio diminui com a redução das relações água/cimento (MEHTA, 1994).

A baixa relação água/cimento é necessária para produzir o CAD, além de que geralmente melhora
a durabilidade do concreto. Quando dosado com sílica, constatamse reduções significativas na
permeabilidade e na infiltração de cloretos (PRICE, 2003).

O aumento da resistência é obtido, principalmente pela redução drástica da porosidade da pasta de


cimento hidratada. Essa redução de porosidade é obtida pela adição de mais cimento ao mesmo tempo em
que se reduz a quantidade de água de mistura através do uso de superplastificantes e pela substituição de
uma parte do cimento por um volume igual de material cimentício suplementar (por exemplo, a sílica ativa).

4.6 DOSAGEM DO CAD

Segundo Neville (1997), ainda não foi desenvolvido um procedimento sistematizado de aplicação
geral à dosagem de concreto de alto desempenho. As razões para isso incluem o fato de que até agora foram
construídas poucas estruturas com concreto de alto desempenho (em relação aos concretos convencionais)
e cada estrutura envolve materiais específicos e especialmente selecionados.

Segundo Lintz et al. (2005), a dosagem do CAD é um pouco mais complicada do que a do concreto
convencional. Embora o CAD utilize os mesmos componentes básicos, podendo entrar mais alguns
complementares: superplastificantes, sílica ativa e eventualmente aditivos retardadores de pega.

O CAD exige condições de produção e execução rigorosas, que deveriam ser padrão também para
concretos convencionais, o que pouco ocorre, na prática. Conhecer as características de aditivos e adições
ajuda a entender porque tanta preocupação. A sílica ativa propicia maior compacidade ao concreto,
melhorando a aderência entre a pasta e os agregados graúdos devido à sua extrema finura, com diâmetro
médio em torno de 19 mm. O excesso de impurezas na água pode provocar problemas na resistência, assim
como o uso inadequado de aditivos (PRICE, 2003) .

A seleção dos materiais que vão ser usados na mistura deve ser bem cuidadosa, haja vista que os
ingredientes adicionados de forma inadequada levam a perder o objetivo da dosagem, que é obter o concreto
de alto desempenho. O concreto de alto desempenho deve ser produzido, transportado e lançado da mesma
forma que o concreto usual.

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Quando as qualidades do cimento e do superplastificante estão sobre controle, os demais parâmetros


críticos que devem ser verificados são a granulometria e a forma do agregado graúdo, assim como a
granulometria da areia e seu teor de umidade. Os materiais cimentícios também deverão ser cuidadosamente
controlados com a mesma atenção dispensada aos outros materiais mencionados. Qualquer falta de
qualidade num dos insumos usados causará problemas, pois, no preparo do concreto de alto desempenho a
margem de segurança não é grande.

Dois pontos são importantes a serem levados em consideração. Em primeiro lugar, com concreto de
alto desempenho a resistência muitas vezes é necessária após 28 dias de idade; isso deve ser levado em
conta na consideração do critério de resistência. Em segundo lugar, o que se necessita em um concreto de
alto desempenho é um elevado módulo de deformação. Para esse fim, é essencial que se use um agregado
com elevado módulo de deformação, mas também é importante que se escolha um material cimentício que
resulte uma aderência particularmente boa entre as partículas de agregado graúdo e a matriz (MENDES,
2002).

Os especialistas recomendam que o CAD seja produzido em centrais de concreto, pois exige
controle rigoroso da massa dos materiais. Se a central estiver fora do canteiro, a mistura pode ser feita com
todos os componentes exceto o superplastificante, que deve ser adicionado na última hora por ter efeito por
tempo limitado. Por isso, deve-se dedicar especial atenção ao tempo de transporte desde a saída da usina
até o local de aplicação (TÉCHNE, 2002).

As vantagens técnicas e econômicas do CAD não diminuem o fato de que esse tipo de concreto
precisa de cuidados bastante precisos e requer projetos específicos para sua dosagem. Exige, além do
controle da qualidade do cimento, dos agregados e da dosagem dos aditivos; acompanhamento da execução
na obra em que será utilizado. Como a necessidade de baixa relação água/cimento e o elevado consumo de
cimento tenderiam a produzir uma mistura desuniforme, caso não fossem empregados aditivos redutores
de água, esse balanceamento necessita de alguns cuidados prévios. Os superplastificantes, à base de
lignossulfonatos, naftalenos sulfonados ou melamina, são a alternativa mais recente para reduzir em mais
de 30% a quantidade de água (BARATA, 1998).

O traço do CAD varia em função das especificações, da resistência, do tipo de armaduras, da


dimensão dos agregados, entre outros detalhes. A qualidade do produto entregue às obras exige, por isso,
controle bastante preciso dos seus componentes e ensaios laboratoriais, haja vista que cada obra exige um
traço específico que irá depender da sua aplicabilidade.

Segundo Price (2003), para uma boa dosagem de CAD é necessário manter uma consistente e baixa
relação a/c juntamente com uma mistura eficaz. O controle rigoroso de todas as fontes de água na mistura
é crítica. Estes incluem:

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1- água adicionada à mistura;

2- partículas de sílica em suspensão na água da mistura; 3- umidade dos agregados, pois


interferem na relação a/c; 4- outras fontes de água (transporte).

4.7 COMPATIBILIDADE ENTRE CIMENTO PORTLAND E


SUPERPLASTIFICANTE

Quando se usa um teor elevado de superplastificante para conseguir uma relação água/cimento
muito baixa ou se não for possível a redosagem do superplastificante, é importante estabelecer uma
combinação compatível de cimento e superplastificante (NEVILLE, 1997).

Embora seja importante a compatibilidade entre o cimento e o aditivo também nos concretos
correntes, nos concretos de alto desempenho, o teor muito baixo de água intensifica as consequências da
falta de compatibilidade devido à disputa pela água para molhagem superficial pelos vários materiais e para
o início da hidratação. Conforme o tipo de cimento adotado, há influência significativa na resistência,
principalmente nas primeiras idades.

4.8 PROPRIEDADES MECÂNICAS DO CAD

Este item descreverá algumas propriedades do CAD, porém com maior ênfase na resistência à
compressão.

4.8.1 Concreto fresco

Price (2003) comenta que no CAD, é normal a produção de elevada trabalhabilidade. Slump de
200 mm são comuns. Em relação ao adensamento, verificou-se que muitas vezes os CAD’s possuem
maiores dificuldades de se adensarem do que os concretos convencionais.

Como o teor de material cimentício do CAD é alto (em torno de 500 kg/m³), o calor de hidratação
do concreto também é. É fato que, quando o calor de hidratação aumenta a resistência do concreto diminui.
Dessa forma, se o CAD é utilizado em grandes volumes, é necessário precauções quanto aos efeitos
térmicos (PRICE apud BAMFORTH e PRICE, 1995).

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4.8.2 Concreto endurecido


Aïtcin (2000) afirma que as diferenças entre o comportamento mecânico do concreto de alto
desempenho e do concreto usual resultam de suas diferentes microestruturas. O CAD não necessariamente
se comporta como um concreto mais resistente, porém na maioria dos casos isso acontece.

4.8.2.1 Resistência à compressão

Resistência é a capacidade de o material resistir à tensão sem ruptura. A resistência é a propriedade


mais importante do concreto, por isso é sempre especificada em projetos de estruturais. O concreto possui
melhor resistência à compressão do que aos outros tipos de esforços (tração, flexão) (MEHTA, 1994).

Através dos dados da resistência, muitas outras propriedades do concreto, como o módulo de
deformação, estanqueidade, impermeabilidade podem ser deduzidas. Apesar do concreto, na prática estar
submetido a vários tipos de esforços, o esforço de compressão uniaxial é o mais importante, além de ser
mais fácil de ensaiá-lo no laboratório. A resistência à compressão aos 28 dias determinado através de um
ensaio padrão de compressão uniaxial, é aceita universalmente como índice geral da resistência do concreto.
No Brasil, o ensaio é realizado de acordo com a NBR 5739/1997.

O CAD é, obviamente, caracterizado por uma elevada resistência à compressão. Outra


característica é que o ganho de resistência após os 28dias é freqüentemente pequeno. O aumento de
resistência irá depender da dosagem dos materiais cimentícios do concreto (PRICE, 2003).

A determinação da resistência à compressão pode ser uma medida de qualidade do concreto, visto
que está relacionada com a estrutura interna do material. Assim, conhecendo-se o seu valor é possível obter
uma estimativa do desempenho do concreto tanto em termos mecânicos como, indiretamente, a sua
durabilidade. Por exemplo, o valor do módulo de deformação e da resistência à compressão (NEVILLE,
1997).

No entanto, segundo Mehta (1994), a resistência à compressão está sujeita também a uma
combinação de vários outros fatores, internos e externos, que podem afetar o resultado obtido dos ensaios,
conforme ilustrado na Figura 2.6.

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Figura 2.6 - Interação dos fatores que influenciam a resistência do concreto

Fonte: Mehta (1994)

4.8.2.2 Fatores que afetam

A resistência inicial à compressão do CAD pode demorar mais a desenvolver-se do que nos
concretos convencionais devido ao tempo de início da reação de hidratação do cimento, que é um pouco
mais demorada devido ao uso de superplastificantes. Como acontece em alguns casos, até mesmo a
associação de plastificantes e retardadores, para viabilizar todo o processo de elaboração, transporte e
lançamento contribui para que tal tempo se estenda. No entanto, a partir do momento em que se inicia a
hidratação do cimento, a reação desenvolve-se rapidamente, sendo que resistências de 30,0MPa podem ser
obtidas em até 24 horas, se os traços forem elaborados de forma satisfatória (MEHTA, 1994) .

A obtenção de resistências maiores nas primeiras horas torna-se muito difícil devido à perda rápida
de abatimento. Para obtenção de dados comparativos, a data de 28 dias é a mais indicada para que
testemunhos sejam ensaiados (AÏTCIN, 2000).

Para tanto, devem ser bem observadas as condições de cura, com sua devida influência nas
amostras a serem ensaiadas. Corpos-de-prova submetidos a tempo demasiado de cura de imersão em
tanques com água podem ter a penetração de certa quantidade de líquido em seu interior, que propiciem
uma hidratação adicional, gerando um aumento de resistência à compressão nas regiões afetadas.

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Em contrapartida, Guimarães (2002) afirma que corpos de prova curados ao meio ambiente podem
apresentar decréscimo de resistência, principalmente aqueles com sílica ativa, devido à secagem da camada
externa que resulta em um gradiente de tensões que pode afetar os valores da resistência. Para Mehta (1994),
os fatores que afetam a resistência à compressão são:

4.8.3 Características e proporção dos materiais

4.8.3.1 Relação água/cimento

Abrams enunciou, no início do século XX, a agora conhecida como Lei de Abrams, relacionando a
resistência à compressão à relação a/c. A lei versa que para um mesmo grau de hidratação, a resistência da
pasta depende essencialmente da relação a/c. Desta forma, para o CAD também funciona a relação de que
quanto menor relação a/c, maior a resistência, como mostra a Tabela 2.3.

Tabela 2.3 – Resistência à compressão do concreto de alto desempenho em função da relação água/cimento. Fonte: Aïctin
(2000)

Relação a/c Faixa de resistência à compressão


máxima
MPA
0,40 – 0,35 50 – 75
0,35 – 0,30 75 – 100
0,30 – 0,25 100 – 125
0,25 – 0,20 >125

Dependendo da quantidade de ar incorporado à mistura, poderá obter-se um aumento ou


diminuição da resistência. Em geral, o CAD sempre tem certa quantidade de ar aprisionado, em torno de
0,5% a 2,5%, ou pode-se incorporar algum.

4.8.3.2 Tipo de cimento

Conforme o tipo de cimento adotado, há influência significativa na resistência, principalmente nas


primeiras idades.

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- Agregados

Embora sejam usados os agregados comuns em concretos de resistência muito alta, a resistência
dos próprios agregados pode ser crítica. O critério da resistência do agregado é válido quando é necessária
uma resistência elevada do concreto. No entanto, a resistência das partículas de agregado não é importante
se o que se deseja do concreto de alto desempenho é uma alta resistência às primeiras idades. Em geral se
usa agregado de boa qualidade.

Segundo Neville (1997), para assegurar boa aderência entre as partículas de agregado graúdo e a
matriz, essas partículas devem ser aproximadamente equidimensionais. Além de que, são essenciais a
limpeza, a ausência de pó aderente e a uniformidade granulométrica do agregado. O agregado miúdo deve
ser arredondado e ter granulometria uniforme, mas um pouco grossa, porque as misturas ricas usadas em
concreto de alto desempenho têm um valor elevado de partículas finas.

A resistência, o tamanho e a forma dos agregados devem ser compatíveis com a matriz, sendo
fundamental, no caso de CAD, que estes fatores sejam bem avaliados, evitandose os efeitos indesejáveis
de problemas na interface matriz-agregado.

4.8.3.3 Água de amassamento e aditivos

O excesso de impurezas na água pode provocar problemas na resistência, assim como o uso
inadequado de aditivos.

• Condições de Cura

Entende-se pelo termo cura, como um conjunto de procedimentos que visa promover a hidratação
do cimento, com controle do tempo, temperatura e condições de umidade, após o lançamento do concreto.
Desta forma, percebe-se a influência do processo de cura adequado na resistência, evitando-se efeitos de
retração por secagem com aumento excessivo da temperatura.

Há uma grande importância do controle da temperatura nas primeiras 24 a 48 horas após o


lançamento, para evitar tais efeitos. No entanto, cabe ressalvar que a elevação da temperatura não é função
do teor de cimento, o que poderia levar a uma consideração errônea do problema, mas, sim, da quantidade

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de cimento que está sendo hidratada. Como no caso do CAD, o fator a/c é muito baixo, a falta de água torna
um fator limitante na quantidade de cimento que é hidratada.

• Parâmetros de Ensaio

Nos procedimentos de ensaio de resistência à compressão, os parâmetros essenciais para


determinação da resistência do concreto são: as dimensões do corpo de prova, idade do corpo de prova e
modalidade de aplicação de carga, isto é, se a taxa de carregamento é constante ou trata-se de um
carregamento cíclico. Como já foi dito, no Brasil, os métodos de ensaio definidos pela ABNT para
realização de tais testes estão regulamentados através da NBR 5739/2007.

2.8.2.3 Durabilidade

É a propriedade que faz com que o concreto tenha a capacidade de resistir a ações do intemperismo,
como ataques físicos (ex. abrasão), químicos e a qualquer outro processo de deterioração, durante sua vida
útil para a qual foi projetado com um mínimo de manutenção possível (MEHTA, 1994).

A durabilidade do concreto é largamente controlada pela sua permeabilidade. À medida que se


reduz a permeabilidade, o concreto se torna mais resistente a ambientes agressivos. Isso ocorre de maneira
mais acentuada quando se acrescenta adições minerais, pois a um refinamento da estrutura dos poros da
matriz e da zona de transição (AÏTCIN, 2000).

Não existe qualquer método padronizado de medir a durabilidade do concreto em geral. A


durabilidade está relacionada com o desempenho a longo prazo de um determinado material, num
determinado ambiente, sob determinadas condições de serviço. Então, para Aïtcin (2000), o que está
faltando no CAD são casos de obras bem documentados do seu uso, com sucesso ou insucesso, pois o
mesmo ainda é novo no mercado.

Atualmente, o que se propõe para uma melhor durabilidade dos concretos, é a tentativa de
aumentar a resistência aos ataques químicos externos. Isso é conseguido reduzindo a porosidade e a
permeabilidade do concreto para reduzir ou diminuir a velocidade da penetração dos agentes agressivos.

2.8.2.4 Módulo de deformação

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APS - Atividade Prática Supervisionada

O módulo de deformação ou de elasticidade constitui uma das propriedades mais importantes,


devido à necessidade da determinação das deformações dos elementos estruturais existentes nos projetos.
Tal conhecimento só é possível devido à avaliação da rigidez, traduzida através do módulo de deformação.

Atualmente, ainda é extremamente difícil a determinação de um valor para o módulo de


deformação. Segundo Aïtcin (2000), o que o concreto de alto desempenho ganhou em qualidade, perdeu
em simplicidade para determinação do valor desta propriedade que, dependendo do tipo de obra e do
volume de concreto utilizado, caberia um estudo específico para a situação, avaliando-se o real módulo de
deformação, com todos os materiais a serem utilizados.

Desta forma, acredita-se poder otimizar o projeto em termos de modelo estrutural adotado e,
consequentemente, custo para execução e futura manutenção. A princípio, sabe-se que o diagrama tensão
versus deformação do concreto apresenta um comportamento não linear, devido a uma fissuração
progressiva e de outros diversos fatores, dentre eles, os principais citados são exsudação, resistência da
zona de transição e procedimentos de cura. Mesmo assim, é necessária uma estimativa do módulo de
deformação do material para que seja viabilizado o conhecimento de tensões induzidas pelas deformações
associadas aos efeitos ambientais para calcular as tensões, momentos e deformações em elementos
estruturais (PRICE, 2003).

4.9 FABRICAÇÃO DO CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO


As exigências para a fabricação de concreto de alto desempenho são maiores do que as
contempladas pelas normas atuais, como pode ser visto a seguir:

• Estrito controle de qualidade dos componentes;

• Atenção especial para invariabilidade da relação água/cimento;

• Dosagem em peso de todos os materiais constituintes;

• Determinação periódica da granulometria e umidade dos agregados;

• Presença de laboratório junto à obra.

Em termos gerais o processo de fabricação do concreto de alto desempenho é o seguinte.

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APS - Atividade Prática Supervisionada

Processo de produção Dosagem

Seleção de componentes Amassamento

Estudo de dosagem Transporte

Controle de qualidade e
estocagem dos componentes Colocação na obra

4.9.1 Estocagem dos materiais


A estocagem dos materiais constituintes do concreto de alto desempenho deve ser feita de forma
adequada, independentemente do material em questão. Geralmente, observa-se um armazenamento
correto do cimento, aditivos e adições minerais, sendo o mesmo não observado para os agregados.

a) Cimento

Com relação ao cimento, caso esteja contido em sacos, deve ser armazenado em local ventilado
e protegido, tanto das intempéries como da umidade do solo e paredes.

Se o cimento estiver a granel, seu armazenamento deverá ser feito em silos, que o isolem da
umidade ambiente e, na medida do possível, da temperatura ambiente.

b) Sílica ativa

A sílica ativa pode ser encontrada no mercado densificada (onde as partículas são compactadas
por processo de ar sobre pressão), não densificada (material bastante solto, podendo gerar problema
durante o seu manuseio) e em suspensão.

Em pó tem-se:

- a granel

- em sacos plásticos de grande capacidadeEm suspensão tem-se:

- a granel

- em caixas

- em vasilhames

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APS - Atividade Prática Supervisionada

De qualquer forma, o produto deve ser armazenado de acordo com as especificações do


fabricante, e sempre protegido da umidade ambiente, e em local seco e ventilado.

c) Aditivos

Os aditivos empregados na fabricação de CAD podem-se apresentar em estado líquido ou estado


sólido (menos habitual), convenientemente ensacados.

d) Agregados

São os agregados os componentes que apresentam maiores deficiências com

relação às características exigíveis para emprego em concreto de alto desempenho.

A heterogeneidade no conteúdo de umidade do material é suficiente para impedir a obtenção da


resistência adequada, desqualificando qualquer alternativa de estocagem de material ao ar livre.

A estocagem de cada fração de agregado que será utilizada no traço do concreto de alto
desempenho, deverá ser feita em caixas ou compartimentos independentes.

É desaconselhável a estocagem direta de material fino em silos que incorporem um elevado


conteúdo de umidade, em função da distribuição irregular que a mesma imporá à massa de material, em
um tempo relativamente curto de armazenamento.

4.9.2 Dosagem dos componentes

A dosagem dos componentes deve ser feita em peso, com exceção da água e dos aditivos
líquidos que poderão ser medidos em volume.

Os agregados também devem ser dosados em peso, tendo-se o cuidado de se fazerem as


correções de umidade, de acordo com a umidade que esses materiais se encontram, pois as quantidades
foram definidas supondo o material em estado seco.

4.9.3 Amassamento

A diferença entre o amassamento do concreto normal e do concreto de alto desempenho é que


para o concreto tradicional efetua-se o amassamento completo do material antes da chegada do mesmo à
obra, não sendo admitida nenhuma mudança no concreto depois que o mesmo saiu da central de
produção. Já para o concreto de alto desempenho, é conveniente a incorporação do aditivo em duas fases:
a primeira na central de produção, em quantidade suficiente para permitir a obtenção de uma massa com

31
APS - Atividade Prática Supervisionada

consistência adequada, a fim de possibilitar seu transporte. A segunda deve ser feita na obra, com o
objetivo de se obter a consistência prevista. Além dessa mudança, pode-se destacar que alguns autores
recomendam que o tempo de amassamento do concreto de alto desempenho deveria ser aumentado de
50%, em relação ao tempo especificado para os concretos tradicionais, a fim de se obter um melhor efeito
dos agentes superplastificantes.

4.9.4 Consistência

Inicialmente, admitia-se que para a obtenção de um concreto de alta qualidade era necessário
que ele apresentasse um reduzido abatimento de tronco de cone. Isto em função da incompatibilidade de
grande quantidade de água e elevada resistência.

Já para o concreto de alto desempenho esse aspecto muda radicalmente, pois com a utilização
de superplastificantes, a consistência da massa de concreto fica independente do conteúdo de água, sendo
possível a obtenção de concretos extremamente fluidos com relação água/cimento não superior a 0,30.

Na maioria dos casos, o concreto de alto desempenho é utilizado em elementos estruturais com
elevada taxa de armadura, o que implica na necessidade de se obter concretos de elevada resistência com
abatimento de tronco de cone igual ou superior a 200 mm.

4.9.5 Transporte

Os equipamentos e meios de transporte, geralmente utilizados nos concretos tradicionais, podem


ser usados para os concretos de alto desempenho. O único problema é com relação à alteração da
consistência, devido à perda de umidade da massa, durante o transporte. A perda de umidade no CAD
tem maior influência na perda de trabalhabilidade da massa do que nos concretos tradicionais, uma vez
que estes utilizam menores quantidades de aditivos redutores de água.

O tempo máximo recomendável entre a adição da água de amassamento ao cimento e agregados


e a chegada do concreto na obra não deve exceder ao menor dos seguintes limites:

a) 90 minutos

b) 300 revoluções da caçamba do caminhão betoneira.


4.9.6 Compactação

Em função da exigência de algumas características para o concreto de alto desempenho, tais


como: abatimento de tronco de cone igual ou superior a 160 mm, ausência de segregação, alta

32
APS - Atividade Prática Supervisionada

viscosidade, menor tamanho de agregado graúdo e suficiente volume de partículas finas, a moldagem e
a compactação de concreto de alto desempenho ficam bastante facilitadas.

As atividades prévias à moldagem do concreto de alto desempenho não diferem muito das
utilizadas para concretos normais. Convém destacar que para os CAD, devido à menor energia de
compactação, podem-se utilizar fôrmas menos rígidas e resistentes.

A determinação da consistência real do concreto no momento da chegada do concreto à obra,


deve ser norma de rotina. Caso seja necessária a adição de nova quantidade de aditivo, deve-se fazer nova
homogeneização do material, mantendo a caçamba do caminhão betoneira durante 2 minutos com
velocidade superior a que estava sendo mantida.

Devido à maior coesão existente entre as partículas dos componentes do CAD, tem-se uma
diminuição da segregação do material.

Segundo TRIANTAFILLIS apud GONZALEZ (1993), em concretos sob condições


controladas, é possível lançar o concreto de uma altura de até 4,50 metros com pouca ou nenhuma
segregação.

TRIANTAFILLIS estabelece as seguintes recomendações para compactação de concretos de


alto desempenho:

a) A energia de compactação requerida por um concreto de alto desempenho é da ordem de


25% da necessária para concretos Classe I, com abatimento de tronco de cone entre 50 mm
e 100 mm.

b) O diâmetro da agulha do vibrador não deve exceder 40 mm e a freqüência deve ser maior do
que 7000 vibrações por minuto.
c) A profundidade da vibração esta relacionada com a espessura da capa de concreto. De
qualquer forma, tem-se obtido bons resultados, com apenas uma única penetração em capas
com até 2 metros de espessura.

d) A separação entre os pontos de vibração varia entre 30 cm e 60 cm.


e) Com o objetivo de se evitar segregação e concentração de materiais finos, não se deve vibrar
a armadura e nem a forma.

f) O concreto não deve se mover horizontalmente com o vibrador.

4.10 Obras que etilizaram CAD

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APS - Atividade Prática Supervisionada

NaTabela 1.1 temos um resumo de vários edifícios que utilizaram o CAD em sua construção.

TABELA 1.1 - Edifícios construídos com concreto de alto desempenho.

Edifício Localização Ano N° de Resistência Imagem


pavimentos (MPa)

Lake Chicago 1965 70 52


Point
Tower

Water Chicago 1975 79 62


Tower
Place

Royal Toronto 1975 43 61


Bank
Plaza

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Helmsley New York 1978 53 55


Palace
Hotel

Texas Houston 1981 75 52


Commerce
Tower

Columbia Seattle 1983 76 66


Center

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Interfirst Dallas 1983 76 69


Plaza

900 N. Chicago 1986 15 97


Mich.
Annex

Grande Paris 1988 ---- 65


Arche de
la Défense

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Bank of Hong 1988 72 ----


China Kong
Tower

South Chicago 1989 79 83


Wacker
Tower

Two Seattle 1989 58 115


Union
Square

FONTE: FIP/CEB-197 (1990), ADAPTADO.

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5 CONCLUSÕES

A construção civil, no mundo todo, tem alto custo econômico, principalmente com restauração e
reparos de estruturas e devido a isso está sempre em busca de obras que tenham a vida útil mais longa e
resistentes a todo tipo de agressão física ou química.

A partir deste trabalho foi possível concluir o quanto o Concreto de Alto Desempenho é vantajoso,
quando se trata de vitalidade. Mesmo sendo uma tecnologia nova no mercado, seu emprego é cada dia
maior. É um material que, cada dia mais, se desenvolve. Nos últimos anos surgiram constantes pesquisas
relacionadas ao CAD que possibilita a evolução da qualidade do concreto O CAD supera o concreto
convencional em diversos fatores – resistência à compressão, maior durabilidade, melhor módulo de
deformação, melhores propriedades mecânicas, reduz o consumo de relação água/cimento, reduz a área das
fôrmas, é possível uma menor quantidade em volume de concreto, tem melhor trabalhabilidade que o
concreto convencional, baixa permeabilidade, diminui o peso das estruturas e entre outros – isso tudo graças
a adição de minerais (sílica ativa, metacaulim ou casca de arroz), de plastificantes, superplastificantes e em
alguns casos utilizam até retardadores de pega. Devido a essas características é que em locais com maior
índice de agressividade, o uso do CAD é quase que indispensável.

Pode-se afirmar que o Concreto de Alto Desempenho é um expoente quando se fala de construção
civil.

38
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