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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Engenharia – DEEL


Licenciatura em Engenharia Eletrónica
Propagacao de Ondas e Antenas

Arranjo de Antenas

Docente:
Eng.º Adélio Francisco Tembe, MSc.
O que é agrupamento de
antenas?
 Designa-se Agrupamento/Arranjo/Rede de antenas a associação de
dois ou mais elementos irradiantes montados próximos com o
objectivo de obter um diagrama de irradiação diferente do que
seria obtido se estes estivessem posicionados isoladamente.

 Em várias aplicações pretende-se obter diagramas de radiação


mais directivos ou com máximos e/ou nulos em direcções
pretendidas que não se conseguem recorrendo apenas a um
elemento radiante. Usam-se então agrupamentos de antenas
idênticas.
Eng.º Adélio F. Tembe, MSc. 2
De que depende o diagrama de
radiação do arranjo?
O diagrama obtido para o agrupamento depende
de:

❖ Tipo de elemento radiante utilizado;


❖ Configuração geométrica do agrupamento (ex. linear, circular,
planar, etc.);
❖ Distância entre elementos do agrupamento;
❖ Amplitudes e fases das correntes de alimentação de cada elemento.

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Tipos de Arranjos de Antenas

Arranjo Linear – quando os elementos estão


dispostos ao longo de uma linha.

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Tipos de Arranjos de Antenas

Arranjo Planar – quando os elementos estão


distribuídos ao longo de um plano.

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Tipos de Arranjos de Antenas

Arranjo Planar – quando os elementos estão


distribuídos de forma tridimensional.

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Como perceber a resultante de amplitude
e fase de um agrupamento de antenas?
“Aplicando a sobreposição podemos obter o campo distante do agrupamento, num
dado ponto do espaço, somando os campos produzidos nesse ponto por cada
elemento do agrupamento.”

 Uma aproximação simples para melhor entendimento, é feita a


seguir considerando um agrupamento de apenas dois dipolos.

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Como perceber a resultante de amplitude
e fase de um agrupamento de antenas?

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Como perceber a resultante de amplitude
e fase de um agrupamento de antenas?

Supondo correntes de igual amplitude fases de valor ±β/2 podemos


calcular o campo distante total recorrendo à sobreposição:

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Como perceber a resultante de amplitude
e fase de um agrupamento de antenas?
Conclui-se desta maneira que o campo total de um agrupamento de
dois dipolos é dado pelo produto do campo de um dos elementos do
agrupamento por um factor que se relaciona com a função angular da
desfasagem dos campos produzidos pelos elementos singulares. Este
factor denomina-se Factor do Agrupamento (FA) ou Factor da Rede.
Neste caso em particular tem-se que:

Onde:
k – é o número de onda ou factor de fase
d – a distância entre os elementos
θ – o ângulo em relação ao eixo do agrupamento
β – o ângulo de desfasamento das correntes

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Como se pode estender a aproximação
feita para dois dipolos a um número N
de elementos num agrupamento?
Considera-se um agrupamento linear uniforme, onde:
 Os N elementos constitutivos são colocados na mesma direcção,
igualmente espaçados entre si de d, alimentados por correntes de
igual amplitude I0 e cada elemento tem um avanço de fase
constante de valor β sobre o seu precedente no agrupamento.
 A distância d e o desvio progressivo de fases β constituem as
variáveis de controlo do factor de agrupamento.
 O campo distante total, num dado ponto do espaço, é obtido pela
soma dos campos distantes devidos a cada elemento do
agrupamento, usando-se as aproximações habituais nas
amplitudes e nas fases.

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Como se pode estender a aproximação
feita para dois dipolos a um número N
de elementos num agrupamento?
A figura seguinte mostra a geometria para o cálculo do campo
distante.

De onde o factor de fase calcula-se:

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Como se pode estender a aproximação
feita para dois dipolos a um número N
de elementos num agrupamento?

cosɣ é conhecido como coseno directorio e depende da dirrecção do eixo da


rede. Assim sendo tem-se

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Como se pode estender a aproximação
feita para dois dipolos a um número N
de elementos num agrupamento?
N

e
n 1
 j ( n 1)

Constitui a soma de uma progressão geométrica com N elementos e


cuja razão é ejψ.

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Como se pode estender a aproximação
feita para dois dipolos a um número N
de elementos num agrupamento?
Onde a soma fasorial representa-se na figura seguinte:
O factor de agrupamento pode
ser normalizado para valores de ψ
muito pequenos resultando em:

Ou ainda pelo seu valor máximo N:

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Quais os Objetivos dos
Agrupamentos?
 Aumentar a diretividade e/ou o ganho;
 Controlar a direção do lóbulo principal;
 Reduzir o nível dos lóbulos secundários;
 Aumentar o número de graus de liberdade…

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Quais os Graus de Liberdade?
 Tipo do elemento radiador básico;
 Geometria do arranjo ;
 Espaçamento entre os elementos;
 Amplitude da alimentação dos elementos;
 Fase da alimentação dos elementos …

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Quais as Características dos
Elementos?
 Os Elementos devem ser idênticos;
 Elementos com mesma orientação espacial;
 Elementos alimentados com corrente de mesma fase e mesma
amplitude;
 Não devem existir efeitos de acoplamentos entre os elementos;
 O diagrama de radiação de cada elemento dever permanecer sem
distorção na presença de outros elementos…

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Centro de Fase

 Centro da superfície esférica que circunscreve a antena ou o


arranjo ;
 Origem da onda esférica não uniforme;
 Centro da menor superfície esférica que engloba a região de
campos próximos …

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Arranjo Linear Uniforme: Parâmetros
para Análise

 Numa aproximação mais abrangente, temos que o campo de um


elemento de um agrupamento linear e uniforme de antenas
idênticas, cosiderando o dipolo de meia onda, é dado por:

Para o dipolo de meia-onda:

Onde cosθd e sinθd são os cosseno e seno directores.

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Arranjo Linear Uniforme: Campo
Total do Agrupamento
 O vetor total do campo resultante da soma dos campos
independentes será:
j  kdcos   

 jkr  1  e  
E  ,    E0 f  ,  e  j 2kdcos    j  N 1 kdcos    
 e  ...  e 
Considerando a função angular generalizada:

  kdcos  

Temos:


E  ,    E0 f  ,  e  jkr 1  e j  e j 2  ...  e j  N 1 
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Arranjo Linear Uniforme: Campo
Total do Agrupamento
 A função angular generalizada, Ψ, define-se com o objectivo de
simplificar a notação, englobando as separações dos elementos
(d), a direção de irradiaçãos (γ) e a desfasagem das correntes (β).

  kdcos   
E ,    E0 f  , e  jkr
1 e j
e j 2
 ...  e j  N 1

N
E  ,    E0 f  ,  e  jkr
e j  m 1

m 1

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Arranjo Linear Uniforme: Parâmetros
para Análise
 Multiplicando-se os dois membros da equação seguinte por ejΨ-1:
N
   
E  ,   E0 f  ,  e  e
 jkr j  m 1

m 1

 Chega-se a equação que se segue, que é bem mais simples.

E  ,    E0 f  ,  e  jkr j  N 1  sin N


2 
e  
 sin  2  
2

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Arranjo Linear Uniforme: Factor do
Agrupamento
 Demostrou-se que o campo de um agrupamento linear uniforme
de antenas é o produto do campo de um dos elementos da rede
por um factor que se relaciona com a função angular do
desfasamento dos campos produzidos pelos elemento.
 Para Ψ→0, os sinais somam-se em fase e o campo total torna-se
máximo:

E  ,  máx  NE0 f  ,  e  jkr

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Arranjo Linear Uniforme: Factor do
Agrupamento

E  ,  máx  NE0 f  ,  e  jkr

 Dividindo-se esta expressão por NE0e-jkr, acha-se o campo normalizado total:

En  ,    f  ,  e j  N 1   sin N


2 
 
 N sin  2 
2

 Do qual se definem o módulo e o argumento do factor espacial de rede por:

sin N 2 
RN     N    e j  N 1 2
N sin  2 
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Arranjo Linear Uniforme: Análise do
Factor do Agrupamento
 Em geral, é mais importante o levantamento do módulo;
 Há um valor máximo quando o argumento total for nulo ou múltiplo de
2π, isto é, Ψ=±2pπ, sedo p=0,1,2,3…
 O factor da rede anula-se quando o numerador for nulo e o
denominador for diferente de zero. O que significa Ψ=2qπ/N, q deve ser
um inteiro diferente de zero;
 Para intervalos 0≤Ψ≤2π, a função tem (N-1) pontos de nulos e de
valores máximos com menores amplitudes entre os ângulos que
determinam esses nulos;
 Os máximos menores pertencem a lóbulos secundários de irradiação
associados ao factor da rede, independentemente da função f(θ,ф) que
descreve o diagrama de irradiação de um elemento isolado.

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Arranjo Linear Uniforme: Análise do
Factor do Agrupamento
 Os picos secundários aparecem quando a derivada do factor da rede em
relação a Ψ for igual a zero.

sin N 2 
f    RN   
N sin  2 

f '    0 para :

N sin  
2 cos N
2   sin  N
2 cos 2 

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Arranjo Linear Uniforme: Análise do
Factor do Agrupamento
N sin 
2 cos 2   sin 2 cos 2 
N N 

Onde o primeiro máximo secundário ocorre quando:

 
2m  1
N
De acordo com a teoria descrita, pode-se controlar o desfasamento das
correntes de excitação dos irradiadores e da separação entre os
elementos do agrupamento, ajustando assim o formato do diagrama de
irradiação com máximos e nulos em determinadas direcções.

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Arranjo Linear Uniforme: Análise do
Factor do Agrupamento
N sin 
2 cos 2   sin 2 cos 2 
N N 

A icógnita que satisfaz a equação pode ser encontrada por métodos numéricos como:

 
2m  1
N
O primeiro máximo ocorre para m=1 e a amplitude do factor da rede torna-se:

RN   
1
N sin 3 2 N 

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Arranjo Linear Uniforme: Análise do
Factor do Agrupamento
3
RN   
1

N N sin3 2 N 
 A tabela seguinte apresenta os valores de Ψ para os máximos secundários do
factor de rede, supondo uma estrutura linear e uniforme.

N Ψ Ψ Ψ Ψ Ψ Ψ
3 180,00°
4 131,81° 228,19°
5 104,48° 180,00° 255,02°
6 86,66° 149,12° 210,88° 273,34°
8 64,71° 111,28° 157,14° 202,86° 248,72° 295,29°

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Arranjo Linear Uniforme: Análise do
Factor do Agrupamento
3
RN   
1

N N sin3 2 N 
 Se o número de elementos for grande o suficiente para ter 3π/2N≤π/6, obtém-se
RN≈0,212 que representa 13,5dB abaixo do máximo principal.
 Esta conclusão independe da quantidade de elementos, se N≥9.
 O mesmo raciocínio pode ser levando em conta para outros lóbulos secundários,
com quantidade maior de elementos para estabilização do valor.
 Se m=2, tem-se o segundo lóbulo secundário com amplitude praticamente
constante para N≥15.

 Conclui-se com esta análise que com as estruturas lineares e uniformes há uma
dificuldade para eliminação dos lóbulos secundários, razão pela qual muitas
vezes usa-se o recurso a outras estruturas mais complexas, porém mais eficientes
na eliminação dos lóbulos secundários.

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Arranjo Linear Uniforme: Multiplicação
de Diagramas
 Pelas definições, a equação para o campo normalizado produzido pela
rede fica:

En  ,    f  ,   N  RN  

 Cujo módulo descreve o diagrama de campo irradiado e a intensidade


de irradiação.

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Arranjo Linear Uniforme: Multiplicação
de Diagramas
 REDE DE ANTENAS ISOTRÓPICAS
➢ Na rede de antenas isotrópicas, o campo de cada elemento é
independente da direção e tem-se f(θ,ф) =1.
➢ Consequentemente, o campo produzido por um agrupamento linear
uniforme de antenas isotrópicas e seu módulo normalizado serão:

 
sin 2 
N
Eiso  ,    E0 e j  N 1
 jkr
e  
 sin  2  
2

sin N 2 
Eniso  ,   
N sin  2 

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Arranjo Linear Uniforme: Multiplicação
de Diagramas
 REDE DE ANTENAS ISOTRÓPICAS

sinN 2 
Eniso  ,   
N sin 2 
➢ Este valor é idêntico ao módulo do Factor do Arranjo;
➢ Dado que, para antenas não isotrópicas o módulo do campo pode ser obtido
pela expressão:

En  ,    f  ,   RN  
 Pode concluir-se que o diagrama de irradiação de uma rede linear uniforme de
antenas não isotrópicas é obtido multiplicando o diagrama de um dos
elementos pelo diagrama da rede de antenas isotrópicas correspondente.
Este é o PRINCÍPIO DE MULTIPLICAÇÃO DE DIAGRAMAS e facilita a análise das
redes.
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Região Visivel de um Arranjo
Da equação:   kd cos   
Nota-se que o valor de ψ depende da separação entre os elementos da
rede. Como cosɣ atinge o seu máximo em +1 e seu mínimo em -1,
significa que a região de visibilidade ficará coberta para valores de ɣ
que variam entre 0 e π. Nesses limites alcançam-se todos os valores de
ψ.

0  kd   e     kd  
 kd      kd  
Denomina-se janela ou região visível da função AF
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Directividade Do Arranjo Uniforme De
Antenas Isotrópicas

Por aproximações matemáticas prova-se que:

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Directividade Do Arranjo Geral

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Directividade Do Arranjo Geral
Normalização

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Configurações Básicas

 Linear com amplitude, em fase e espaçamento uniformes;


 Linear com amplitude variável em fase e espaçamento uniformes;
 Linear com amplitude variável com desfasagem e espaçamento
uniformes;
 Retangular com espaçamento uniforme…

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Linear com Espaçamento
Uniforme

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Linear com Espaçamento
Uniforme

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Amplitude e Fase Uniformes

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Exemplos – Dipolo de Quarto de
Onda

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Exemplos – Dipolo de Meia Onda

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Exemplos – Dipolo de
Um Comprimento de Onda

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Exemplos – Dipolo de Comprimento Maior
que o Comprimento de Onda

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Estrutura do Arranjo Transversal
(broadside)
 Esta estrutura apresenta máxima irradiação quando ɣ=±90°. Esta
rede alimenta-se com correntes de mesma amplitude e mesma
fase. Logo β=0 ou 2nπ.
 Quando a rede for suficientemente longa, ou seja Nkd≥6, a
directividade pode ser calculada através da formula aproximada
seguinte:

d 
  2N  

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Amplitude Variável

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Aproximação da Corrente

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Comparação

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Desfasagem Uniforme

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Denominações

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Arranjo de Varredura

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Arranjo em Fase

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Arranjo Unidirecional

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Arranjo Unidirecional

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Arranjo Hansen-Woodyard

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Arranjo Hansen-Woodyard

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Arranjo Retangular

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Arranjo Retangular

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Direção de Máxima Radiação

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