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4 A adolescéncia, 0 judicidrio e a sociedade O castigo legal ‘a técnica pur refere a um ato; a uma vide, Michel Foucault Decidiu-se pela inclusdo de um capitulo dedicado especificamente as questées do periodo de adolescéncia, pelos seguintes motivos: * existe clara preocupacao legal em diferenciar essa etapa da vida, representada pelo Estatuto da Crianca e do Adoles- cente; durante o transcorrer da adolescéncia, 0 individuo evolui até consolidar os fundamentos por meio dos quais 0 psiquismo di- rigird todos os comportamentos que dirigirao sua conduta na fase adulta; surgem inimeros conflitos que envolvem o adolescent O capitulo inicia-se com algumas consideragdes a respeito dos fun- investiga-se 0 surgimento do inoso e encerra-se com a anélise de uma situacao- problema complexa. 4.1 FUNDAMENTOS LEGAIS ‘A Constituigio Federal preceitua, em seu art. 227, caput: E dever da familia, da sociedade e do Estado assegurar a crianca e ao ado- lescente, com absoluta prioridade, o direito a vida, a satide, a alimentacao, salvo de toda forma de negligéncia, discriminagao, exploracio, violéncia, crueldade e opressao. Desse modo, faz-se necessario que leis, normas e regulamentos este- jam voltados para a aplicacdo de medidas que assegurem, & crianga e a0 adolescente, condigdes necessérias para seu desenvolvimento. im, em substituigao ao antigo e ultrapassado Cédigo de Menores, foi criado o Estatuto da Crianga e do Adolescente (ECA — Lei n° 8.069/90), com 0 objetivo de direcionar politicas ptiblicas que atendam tanto a crian- ae ao adolescente em situagao de risco social, como aos adolescentes au- ores de ato infracional, visando a aplicagao de medidas de protecao no primeiro caso e socioeducativas no segundo. tuto da Crianca e do Adolescente dispée sobre a protecao inte- gral A crianga e ao adolescente, especificando uma rede de direitos e de- icacao dos mecanismos sociais préprios Isto inclui as ages na drea de savide Recordando que ‘gdes Unidas pro Gia especiais.” a especi podem receber 0s mesmos tratamen- ‘AConvengao reassegt acrianga eo adole e daria ao adulto. Convencidos de que a familia, como grupo fundamental da ambiente natural para o crescimento eo bem-estar de to bros, «em particular des criangas, deve receber a protecio & assis Sun inc afim de poder assumir plenamente suas responsabitidactes dents da comunidade.” ia no centro das questdes que envolvem a crianga e responsabilidades, ain- ‘onforme ja se Coloca-se a fat a sscente; contudo, com a assungao de suas dla que, para isso, deva receber protecao e assistencia gS, aventou, haveraio de ser especializadas. para o pleno.e harmonioso desenvolvimento -neconbecendo que 2 cans, caer cs ‘no seio da familia, em um ambiente de de sua personalidade, deve crescer idade, amor e compreensio.” ta afirmagdo remete a necessidade de construir lares em que 38 ages encontrem equilibrio @ as pessoas experimentem pleno ¢ har 930 desenvolvimento psicologico nai arada para uma ‘nConsiderando que a crianca deve estar plenamente Preps - vida independente na sociedade e deve ser educada de acordo com oe proclamados na Carta das Nagbes Unidas, especialmente com € le lerancia, liberdade, igualdade e solidariedade. paz, dignidade, a um desenvolvimento em diregdo & formagao de sus destinos, realizar suas escolhas com jidade no seu Remete-se, aqui, individuos capazes de assumir seus des ; soguranga e respeitando os ideais de igualdade ¢ frate al, tanto antes, to apds seu nascimento’ Nesse a convengio amplia o ambito da preocupagéo com os os especiais a crianga a etapa intrauterina, reconhecendo-Ihe direi- to» ainda antes do nascimento. Isso se reflete em responsabilidades para f gestante, o pai e a sociedade, com impactos Sbvios em diversas ques- “Tomando em devida conta a importancia das tradig6es e os valores cul- turais de cada povo para a protecio e o desenvolvimento harmonioso da Nesse ponto, a convengao desenha um quadro de desenvolvimento ‘ol6gico em que se integram a crianga e o adolescente no amplo ‘e complexo tecido das tradigdes e dos valores culturais da sociedade em que viv Nao se trata, pois, de simplesmente dar um tratamento especializado ponto de vista técnico, por exemplo, da psicologia, mas fazer com que ¢ propicie a integracao do individuo, ao atingir a idade adulta, a socie- \de maior em que se encontra inserido. Portanto, existe a clara mengio inaridade. 1e-se que, com estas diretrizes e as leis patrias, cria-se, no m- da infancia e adolescéncia, em sua interface com o sistema paradigma, ao se estabelecer que a cidadania e 0 respeito a di- e deveres nao se alcangam com medidas coercitivas e sangbes pe- mas, primordialmente, com medidas que carecem da participagio iedade em todos os segmentos. 4.1.1 Os conselhos tutelares 1 do ECA, o Conselho Tutelar é érgao permanente encarregado de zelar pelo cumprimento \dolescente. © Conselho Tutelar na pritica, observa-se que as qu cerlangas e adolescent ‘estar em sintonia c ages sejam har Aadolescéncia. s¢ em contato direto com a populagio; .ag relativas d violagio dos ‘Trata-se de autoridade publica muni ros © mais complexos, esse 6rgao pode funcionar de manei Inar, com advogado, psicdlogo, pedagogo, assistente s além dos préprios conselheiros. Suas p' \cipais atribuigdes sao: # atender criangas que necessitem de protecdo, sempre que seus direitos forem ameacados ou violados; * atuar junto as instituigdes de aplicagao das medidas socioedu- cativas; © encaminhar ao Ministério Puiblico a noticia de fato que cons- titua infragao administrativa ou penal contra os direitos da crianga e do adolescente. ‘As medidas de protecao encontram-se previstas no ECA, em seu art. 101, e destacam-se: ncaminhamento aos pais; 1ientagao, apoio e acompanhamento temporrios; + matricula e frequéncia obrigatéria em estabelecimento oficial de ensino; + incluso em programa comunitario de auxilio a familia, & crian- cae ao adolescente; requisigdo de ti psicoldgico ou psiquidtrico; entagdo e tratamento a de- pendentes quimicos; socioedueativas Se em seus arts. 112 e seguintes as medidas que podem \cia de ato infracional praticado por adolescente, 1 ~ adverténcia; Il ~ obrigagao de reparar 0 dano; III ~ prestagdo de servigos a comunidade; IV ~ liberdade assistida; V — insergao em regime de ser iberdade; VI — internacao em estabelecimento educacional. Observa-se que a aplicagao de medidas mais severas deve ser prece- dlida da criteriosa analise sobre a possibilidade da utilizagdo de medidas {que nao impliquem em internagao. O Estatuto, em seus artigos seguintes, define cada uma destas medidas, No Estado de Sao Paulo, a Fundagao Casa — antiga FEBEM - tem por objetivo, de acordo com seu regimento interno, promover 0 atendi- mento ao adolescente em cumprimento de medida socioeducativa e da- quele que se encontra em internacao proviséria, com eficacia, eficiéncia © efetividade, de acordo com leis, normas e recomendagies de ambito nacional e estadual. O atendimento deveré garantir a protegio integral dos direitos dos adolescentes, por meio de um conjunto articulado de agdes governamentais e nao governamentais da Unido, dos Estados dos Municipios. Segundo a Resolucao n° 13/2006 do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Crianga e do Adolescente), os programas de aplicacao das I~ prevaléncia do contetido educativo sobre os sanciondrios € meramente de contengio; II ~ ordenagao do atendimento socioeducativo e da sua gestao, a partir ducativo; lade Gtnica/racial, de género, 0 agdo geografica como eixo do process V ~ respeito a dive io sexual e local socioeducati VI ~ participagio proativa da familia e da comunidade no proces- so socioeducativo. 4.2. ACRIANGA EO ADOLESCENTE Procura-se, nesta segao, estabelecer um recorte tedrico que poss! uma visdo compreensiva e, ao mesmo tempo, especifica, a respeito das formacdes psicologicas que atravessa o adolescente, desde a infan- até o inicio da idade adulta. Nao houve a preocupagio de destacar as diversas linhas te6ricas tratam do tema, a respeito das quais 0 leitor encontraré referéncias nal da obra. Procura-se restringir 0 foco para propiciar ao leitor a rtunidade de estabelecer reflexdes relevantes a respeito desse impor- encontrou consideracdes a esse respeito no estudo das teo- fan Piaget e de Erick Erikson, nas segdes anteriores, cujos concei- mpre constituem pontos de referéncia significativamente reconhe- 9s como validos. A adoleseéncia He, Segundo a legislagio (ECA ~ Estatuto da art, 2%), aos 12 anos. A lei deve determinar de logica, os parametros nao sao deter 1ma data especifica, mas de acordo com mudan- \s variéveis que ocorrem em torno dessa ida- sicas mostram-se mais perceptiveis, porém a Imagem que 0 adolescente tem de si apresenta-se, muitas ve: Os valores da infancia caducam principalmente quando a pessoa é Wubmetida a um estilo de vida em que a permanéncia dos costumes mostra- “He escassa; desencadeia-se, nesta situacao, falta de sintonia entre os com- Portamentos parentais cronificados e a dindmica da nova configuracao pocial vivida por mogas e rapazes. As crengas sofrem, entio, profundas reformulagdes; o(a) jovem de- /para-se com a incompeténcia dos pais no manejo dos novos artefatos tec- Holdgicos, com a falta de flexibilidade deles na assimilagao das novas acompanhadas de outros simbolos e rituais, As informagies iestionamentos a respeito dos principios e dos ‘fazendo tudo 0 que podem”, outros " Esta inequacio socioeconémica-emocional encontra pon- rios instaveis, e minimos descuidos engendram conilitos e inadequados de todos. de e 0 comportamento do jovem indicam -magoes, por exemplo, com impulsos sexuiais e agressivos, até jormecidos. O sentimento de pertencer ou nao a um gruy jo mundo dos adultos ¢ a inadequacao ao universo infant , nessa fase, a experimentar sentimentos tipicos. 1s mudangas, se, por um lado, assustam ¢ trazem inquietagoes & manifestam-se em indecisdes e incertezas, por exemplo, em re- ar com situagdes de conflito, com novos sempre em quantidade e intensidades cada vez maiores ~, po elas fascinam. Essas novas possibilidades acenam com um poder, muitas veze: apenas fantasiado, que, em geral, leva a um sentimento de oposigao c -30 a0s adultos, em especial, aqueles revestidos de autoridade, com pais e professores (que podem ser percebidos como a representagao vi 0, algo a ser alterado). Destes, espera-se que saibam lidar estas especificidades, proporcionando ao jovem a pos passar com serenidade esta etapa do desenvolvimento co, repleta de transformagées. Bowlby (1982, p. 11) afirma que nada ajuda mais uma crianga poder expressar francamente, de modo direto e espontineo, se mentos de Hostilidade e citime; e que nao existe tarefa parental da do que aceitar com serenidade express6es de devogao voce, mamie, ou papai, vocé é um bruto. ‘Ao tolerar tais explosdes, os pais demonstram aos filhos que nao te: mem essas manifestagies hostis e que confiam em que elas podem ser controladas; além disso, propiciam a atmosfera de tolerancia e compreen- sao em que 0 autocontrole pode desenvolver-se. Levisky (1998) refere que os critérios que definem a insergao do indi- vido na sociedade adulta so maturidade, independéncia, autodetermi- nagao, responsabilidade e atividade sexual afetivamente adulta. J4 Calligaris (2000) aponta que adolescente é alguém cujos sentimen- comportamentos sao reativos, de rebeldia a uma moratéria injusta; porém, nao existe um critério que determine de fato o que é necessario que se ingresse no mundo adulto. uum lado, ha o intenwo Massacre de informagdes truncadas, qui ‘6 day after, o acompanhamento de suas cons trabalha muito com a vida ainda em rascunh percebe os +s dessa histéria quando ela é passada a limpo ni De outro lado, ha uma percepgao de mundo centrada no imed loxalmente, com uma perspectiva de duracao infinita do estado de \8 presente (¢ comum o sentimento de que uma dada situagao seja sempre, 0 que contribui para reduzir a tolerancia e a busca de op- ). Esse contexto contém todos os ingredientes para a produgio de ‘er provados para apurar o paladar e aprender a realizar as escol ‘grientardo decisées importantes). Aresponsabilidade, saliente-se, éum atributo ti mal piagetiano, o qual se estrutura durante 0 ps {ato faz com que se estabelega um perfodo de transi depara-se com exigéncias para as quais ainda na eamente preparado; contudo, surgem cobrangas da so 0 agrava-se quando os contetidos morais na etapa anterior nao esto suficientem mostram-se inadequados. Acompreensao da si {io ~ esperava o castigo fisico, algemas, espancament abstrata de sentenga nao fazia sentido para ela. pois, de crime praticado por ado! er inocentado pode nao ser a me onal ou um crime (seja crianga O castigo, a pena, que nao necess: judar a pe tacou-se que o desenv. para todas as pessoas e que a situagdo mais comum, sugerida por Kaplan; tabilizagao em algum ponto antes de se atingir a plenitude ;perat6rio-formal, segundo a concepgao de Jean Piaget. um processo, levando-se em conta estas questées, pode-se dis- cutir a duracao da medida sociceducativa imposta, mas, para o adoles- cente (e 0 adulto), a certeza da reprimenda e a compreensao da dimensio do ato praticado sao muito relevantes. Alguns adolescentes sao julgados como adultos, e em paises onde a maioridade penal ¢ inferior a do Brasil, algumas criangas sao julgadas como pequenos adultos (assim foi conde- Mary Bell). 4.3 O COMPORTAMENTO QUE SE DISTANCIA DO SOCIAL Aberastury (1984, p. 15 e seguintes) diz que a adolescéncia é uma eta- pa crucial na vida do homem e constitui a etapa decisiva de um processo die desprendimento, que atravessa trés momentos fundamentais: + oprimeiro é 0 nascimento; * segundo surge ao final do primeiro ano coma eclosao da geni- lade, a denticdo, a linguagem, a posicdo de pé e a marcha; * 0 terceiro momento aparece na adolescéncia. © adolescente busca diferenciar-se do adulto e, em sua luta por adquirir uma identidade, elege as vezes caminhos distorcidos, como a toxi- comania, a liberdade sexual exibicis 05 cabelos compri- dos ou outras formas de protesto contra os enganos e as arma- dilhas da sociedade adulta. 4.3.1 O crime como um continuum ta em diversos pontos de: observar intimeros rick Erikson, destaque-se a importincia do de- da autonomia e da iniciativa durante os anos precedentes, exigidos no transcorrer da adolescéncia e per- mitirio 0 exercicio saudavel da escolha de seus novos companheiros ¢ eres. Falhas nessas etapas do desenvolvimento resultarao em um ado- Jescente propenso a reduzido exercicio da critica a respeito do que Ihe ve- nha a ser oferecido nos novos ambientes que frequentard; se essa situagio ‘associar-se a fragilidade de valores, o adolescente enfrentara dificuldades para realizar as melhores escolhas. Quando 0 individuo abandona a escola; possui um relacionamento fa- liar precétio, inexistente ou francamente pernicioso; desfruta de um re- \cionamento social absolutamente contraproducente, que o induz a com- portamentos desviantes (muitas vezes agravados pelo endeusamento do supérfluo, como aparelhos eletronicos, roupas e ténis de marca, inacessiveis para a familia) criam-se as condig6es de matricula na escola da violéncia. A ociosidade agrava a situagao: sem estudo e/ou trabalho, a pessoa busca uma forma de preencher o tempo - em geral, inadequada. Caso se decida pela rua, significa iniciar 0 curso de formagao para o crime, com pro- io no pior dos infernos: a droga. Se sobteviver, marcas indelévei tas preferenciais, as quais estar sempre lade adulta, podendo ou nao se manifestar (veja~ submetido a um rosério de pequenas decisées que, muitas iar entre o socialmente toleravel e 0 proi- res do desenvolvimento psicolégico permitem-Ihe realiz- Se ele falha nessas escolhas, com as etapas citadas, vividas pre- blico, pichagdes, mesmo par: Esse fato acentua a importincia de se compreender o ponto de vi ta de Young, (2002, p. 202), para quem “o crime é a ponta de desordem que compreende as pichagées, a musica alta, unto habitacional dilapidado, as agressOes, as latas de lixo nao es- vaziadas, manchas de 6leo nas ruas, garotos que nao respeitam ninguém, caminhdes soltando fumaca, carros em excesso de velocidade, como um processo de incivilidade que pode levar ao crime. Debitar a adolescéncia e ao adolescente a responsabilidade por esse ipo de ocorréncia uma forma relativamente simples de encontrar uma solugao para um problema complexo, que requer uma compreensio sis- témica por meio da qual ao subsistema composto pelo adolescente e seu §rupo mais proximo agregam-se outros cujas responsabilidades sobre 0 todo so determinantes. aco, na forma de um continuum, deve ser analisada a luz das teorias criminolégicas. 4.3.2 Criminalizagao de pessoas As teorias de cunho social apontam para processos de discriminagao status do autor do ato infracional. undo essa concepgao, corre-se o risco de criminalizar pessoas, por lum processo de marcacao como delinquente para alguns em vez de ros, embora todos tenham praticado atos semelhantes. A criminaliza- de pessoas acontece em detrimento da criminalizagio de condutas le atos dirigidos no sentido de converter uma conduta licita s, observada de modo muito marcante tos Humanos). tule a derivagdo de uma parte da sara dar validade agao, a crimi brangente, porque individuos que escapam dessa ro Praticam uma parcela dos delitos. Paralela ou concomi funde-se nos mesmos jovens e criangas a vitimizacao. A doméstica, sua principal expressio, que se apresenta cor 0u psicol6gica, pode deixar marcas indeléveis, ‘consequéncias negativas do ponto de vista psicol6gico a partir da ‘40 afetivas, com reflexos na autoestima e no desem imbolicamente, pode-se entender a violéncia em cada ato de poder exercido. Para algumas familias, 0 modelo relacional e as e las Pmunicacdo ocorrem com o emprego da forca, do poder e da 10 abundantes 0s exemplos que, cotidianamente, sao prop. meios de comunicagao. A respeito do tema, destaque-se lverman, que se refere a sevicias a menores, de carater ¢: também chamada de sindrome da crianga maltratada, indi que 80% tom idade inferior aos trés anos e 40% menos de Antoni e Koller (2002, p. 85-86) lembram que © padrio estabelecido nessas relagbes primérias tende a ser transposto para relagdes sociais mais amplas. Por outro lado, os problemas enfrentadex em tagdes socials provocam 0 retorno ao ambiente doméstico de pessoas frustradas e vulnerdvets, a expressar agressividade. Os adolescentes que sofreram maus-tratos familiares sofrem mais episédios de violencia na escola, vivenciam mais agressées na comuni- dade e transgridem mais as normas sociais, fechando assim um cfrculo de violencia, vivenciando menos apoio social, com menor autoestima ¢ ide de resiliéncia. percepcio de ter sofrido violéncia depende do microssoci do grupo préximo e, principalmente, da familia, ou soja, dos referenciais de cada um. O que s é "ara uns pode ser apenas um com- idade para outros. Ja algumas T pessoa. A caracteristica de 160 scot excepcionalidade empresta maior dimensio a0 fate, Poa trata de an fondmmeno da percepcio: a mente concentra-se naquile que é diferen- ter construindo, em tomo dessa diferenca, uma ighta. / 44 HISTORIA DE UM PERCURSO: DO NADA A DELINQUENCIA 0 presente nfo devotve 0 troco do passa. José Ribamar Coelho Santos, “Zeca Baleito”, “Piercing” 4.4.1 Breve visio teérica Diversos autores, entre eles Contini, Koller e Barros (in: ANTONI; KOLLER, 2002), realizam uma hicida e absorvente andlise das transfor- mages da adolescéncia. Algumas delas trazem contribuicdes significati- vas para a compreensio de determinados ‘comportamentos: mosificago substancial da atengao eda pereepio de estimulos; as fa- mifias extranham porque o adolescente passa a fer 08 senficos vrais fixados em estimulos, até enzo, nao priortarios (© “re Taxo” pode estar associado a iso; 0 jovem no percebe mais a “*desordem” no quarto etc.) «+ altrag dos esquemas de pensamento. A profunda modificacio £08 nitiva acontece por diversos fatores, notadamente sociais e educa aaavvia, Mudamn os esquemas, mudam os comportamentos (10- a reepeito do que 6 certo ou errado enquadram-seaqu cacao de novos modelos, © abandono dos “hersis da PP meira infancia” promove ressignificagao radical dos comporta- saeetos, avandona-se a fantasia ingénua do periodo operat6rio » asidealizagbes do periodo operat6rio-for- ‘omportamentos de idotos (com- ue inclui assumir-he os porta-se para par ggestos e 0 vocab’ drogas, comportamento de duvidosa eficéci , ‘eficdecia para lidar com as tensdes, provém, muitas vezes, da observagio desses modelos; as alteragdes de esquemas de pensamento a identificag acompanhadas da acetagio de novos sis rengas, mais ow menos elaborados, desencadeiam Juma auténtica reformulasao dos valores ~ talvez aqui acontegam os maiores conflitos com os aise com a sociedad, Essa tran- a contribui para explicar o fato de muitos crimes, le parricidio, ocorrerem mais na adolescénci : re lescéncia do que ni estudo de caso seguinte tem por objetivo destacar a grande fra~ gilidade emocional de um joven, nesse complexo perfodo de tran contrapondo-a ao despreparo de seus familiares para lidar com ela. (0 caso também se destaca pelo fato de tomnar bastante claro que procedimentos familiares que funcionam bem em um momento p \dequados em outros; ele exemplifica que os proprio coisas que foram significativas. ‘As perspectivas para a principal vitima, na situagao cem reservadas, se nao houver grande investimento de energy dificar a evolugao dos acontecimentos.

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