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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

Afonso Evaristo Leal


Giulia Bezerra Albano Matos
Ítallo Esrom Vieira Alves
Marcos Guerra Brito
Mirela Cristine Oliveira Sousa

TRANSPORTE DE MASSA: CONCEITOS E APLICAÇÕES

TERESINA/PI

2018
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................2

2. TRANSFERÊNCIA DE MASSA POR DIFUSÃO.........................................................3

2.1. CONCEITOS DE DIFUSÃO....................................................................................3

2.2. DIFUSÃO EM ESTADO ESTACIONÁRIO................................................................3

2.3. DIFUSÃO EM ESTADO NÃO ESTACIONÁRIO........................................................4

3. FUNDAMENTOS DA CONVECÇÃO ............................................................................4

4. APLICAÇÕES.........................................................................................................5

5.CONCLUSÃO .........................................................................................................5

6.REFERÊNCIAS ........................................................................................................6
1. Introdução

Transferência ou transporte de massa pode ser entendido como a movimentação


de matéria no meio em que a mesma se encontra. Pode ser analisado também como o
trânsito de matéria em um sistema composto por várias matérias.
Há duas formas básicas de obter transferência de massa, sendo elas: difusão
molecular e convecção.
De modo geral, o transporte de massa associa-se ao transporte de calor. No caso
do calor, ele é transferido de uma região de temperatura mais elevada para outra de
temperatura mais baixa. Fazemos assim uma relação entre temperatura e concentração,
pois, no caso do transporte de massa, temos, em geral, a passagem da matéria de uma
região mais concentrada para uma região menos concentrada. Tal fenômeno está
diretamente relacionado à difusão molecular. Já a convecção está associada às
condições de escoamento presentes no sistema.
Diferente do transporte de calor, onde mais de uma forma de transferência podem
ocorrer simultaneamente e com mesma intensidade, na transferência de massa pode
haver o domínio quantitativo de um dos métodos anteriormente citados.
Para que haja o transporte de matéria, faz-se necessário a influência de dois
fatores: força motriz e resistência ao transporte (sendo essa relacionada com a
interação entre o soluto e o meio e a interação soluto-meio + ação externa). A diferença
entre as concentrações é um exemplo de força motriz.
Fazendo relação com a química básica, podemos extrair alguns conceitos da
transferência de massa, sendo eles:
𝑚
 Concentração em massa: 𝜌𝑖 = 𝑉𝑖 , dada em 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎⁄𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒
Sendo: mi = massa da componente;
V = volume do sistema.
𝜌
 Concentração molar: 𝐶𝑖 = 𝑀𝑖 , dada em 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎⁄𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑥 𝑚𝑜𝑙
𝑖
Sendo: Mi = massa molar da componente.
As concentrações em massa e molar totais do sistema são dadas pelo
somatório das concentrações correspondentes a cada componente química
presente no sistema, sendo: 𝜌 = ∑𝑖𝑛=1 𝜌𝑖 e 𝐶 = ∑𝑖𝑛=1 𝐶𝑖
𝜌
 Fração mássica: 𝑊𝑖 = 𝜌𝑖
𝐶
 Fração molar: 𝑋𝑖 = 𝐶𝑖
As frações mássica e molar são adimensionais.

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2. Transferência de massa por difusão
2.1) Conceitos de Difusão:
Pode-se relacionar transferência de massa por difusão e transferência de calor por
condução de forma análoga. Nesses processos, tanto o transporte da massa ocorre pelo
movimento de uma dada espécie no sentido de diminuir sua concentração, como a
transmissão de energia entre as moléculas ocorre no sentido da diminuição de
temperatura, no processo de condução. (SISSOM; PITTS,1988, p.175)
A difusão apresenta transporte de massa ocasionada pela diferença na concentração
química das espécies. Tal processo ocorre de forma similar à condução elétrica, em que
um fio condutor funciona como canal para o transporte de cargas elétricas.
A difusão ordinária pode ocorrer em todas os estados da matéria (sólido, líquido e
gasoso). Entretanto, devido à organização e ao espaçamento das moléculas em cada um
desses estados, a difusão ordinária ocorre em diferentes intensidades, intensificando-se
principalmente nos gases, onde as moléculas estão mais distantes umas das outras.
(SISSOM; PITTS,1988, p.175)
Para exemplificar:
a) Difusão em gases: odor de um perfume espalhando-se por um ambiente
b) Difusão em líquidos: uma gota de tinta diluindo-se em água;

Diferentes fatores podem originar o processo de difusão, fazendo necessário


agrupá-la em três tipos: difusão sob pressão, difusão forçada e difusão térmica.
- Difusão sob pressão: ocorre quando existe um gradiente de pressão numa mistura
fluida, onde os componentes mais leves tendem a se mover para as regiões de mais baixas
pressões;
- Difusão forçada: ocorre quando uma força externa atua de forma diferente sobre
os diversos componentes de uma mistura.
- Difusão térmica: ocorre quando moléculas de um componente se dirigem à
região quente ao mesmo tempo em que as moléculas do outro componente se dirigem à
região mais fria – efeito este, conhecido como Efeito Soret. Já o efeito inverso, isto é, a
criação de um gradiente térmico devido à existência de um gradiente de concentração é
chamada de efeito Dufour.

2.2) Difusão em estado estacionário


Difusão em estado estacionário é quando o fluxo (definido como quantidade de
massa que passa através de uma área unitária por unidade de tempo) e as concentrações
dos elementos não variam ao longo do tempo. Nesse estado, o cálculo do fluxo é dado
pela 1ª Lei de Fick, exposta abaixo:
𝜕𝜔𝐴
𝐽𝐴 = −𝑝𝐷𝐴𝐵
𝜕𝑥

Onde: 𝑝 = 𝑝A + 𝑝B, densidade mássica (concentração) da mistura;


𝐷𝐴𝐵 = difusividade mássica da espécie A em relação à espécie B;
𝜔𝐴 = 𝑝A/ 𝑝, fração mássica da espécie A/(lbm da mistura);
jA = Fluxo de massa.

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2.3) Difusão em estado não-estacionário
A difusão em estado não-estacionário é a mais encontrada em situações práticas
do nosso cotidiano. Nela, ambos o fluxo de difusão e o gradiente de concentração variam
ao longo do tempo, dada uma posição x. Assim, ocorre um acúmulo ou esgotamento
líquido do componente que sofre difusão.
Para este caso de difusão, utiliza-se a segunda Lei de Fick (Eq. A), que pode ser
simplificada caso o coeficiente de difusão não dependa da composição (Eq. B).

𝜕𝐶 𝜕 𝜕𝐶
= 𝜕𝑥 (𝐷 𝜕𝑥 ) (Eq. A)
𝜕𝑡

𝜕𝐶 𝜕2 𝐶
= 𝐷 𝜕2 𝑋 (Eq. B)
𝜕𝑡

3. Fundamentos da Convecção:

Existindo regiões com concentrações diferentes, ocorrerá assim transferência de


massa no sentido do que possui concentração maior desse componente para o de menor
concentração. É considerado um fluido que é transferido a uma velocidade V e
temperatura T∞, sobre uma superfície de área superficial As.
Se um fluido com a concentração molar de um componente A, CA∞, escoa sobre
uma superfície que tem a concentração molar CAs uniforme, com CAs ≠ CA∞, há a
transferência desse elemento por convecção. Assim, a força motriz ao fluxo mássico do
soluto é a diferença de concentração (INCROPERA,2008,p.222).

A taxa de transferência de massa é calculada por hm:

 Caso um coeficiente médio seja utilizado, então fica: 𝜙𝐴 = ḧ𝑚 ⋅ 𝐴 ⋅


(𝐶𝐴𝑠 − 𝐶𝐴∞).
O coeficiente médio depende das características do meio e do movimento,
sendo assim um parâmetro cinemático, leva-se em conta também a interação
molecular soluto-meio.

 Caso CAs> CA∞: 𝜙𝐴 = ℎ𝑚 (𝐶𝑎𝑠 − 𝐶𝐴∞), semelhante a equação usada


em transferência de calor: 𝜙 = ℎ(𝑇 − 𝑇∞)

Um exemplo de uma transferência de massa por convecção é:

“se ar se movimenta ao longo da superfície de uma porção de água, a água


líquida irá evaporar e o vapor d’água será transferido para dentro da corrente
de ar”. (INCROPERA, 2008, p.222)

Essa taxa de transferência de massa pode ser calculada na forma do fluxo mássico
n”a (Kg/s⋅m²) ou da taxa de transferência de massa na (Kg/s):𝑛"𝑎 = ℎ𝑚(𝜌𝐴𝑠 − 𝜌𝐴∞)
ou 𝑛𝑎 = ḧ𝑚 ⋅ 𝐴𝑠(𝜌𝐴𝑠 − 𝜌𝐴∞). Essas equações são análogas a lei do resfriamento de
Newton.

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Em geral a fórmula da contribuição convectiva em termos mássicos é: 𝜙 = 𝜌𝐴 ⋅
𝑉𝑦.
Se essa velocidade for causada por um agente externo, tem-se a convecção
mássica forçada. E se a própria diferença de temperatura causa uma diferença de
densidade e consequentemente de concentração, tem-se a convecção mássica natural
(CREMASCO, 2002, p.358)
Tratando-se da camada-limite térmica, possui uma espessura δ¹ sendo
caracterizada por gradientes de temperatura e transferência de calor. Mas no caso da
camada-limite de velocidade que possui uma espessura δ² é caracterizada por gradiente
de velocidades e tensões cisalhantes. E a terceira camada, a camada-limite de
concentração possui uma espessura δ³ e tem como características o gradiente de
concentração e a transferência da espécie.
Através de muitas considerações, condições de contorno, é possível achar uma
fórmula para o coeficiente convectivo, mas, segundo INCROPERA (2008, p.225), a
determinação desses coeficientes (o local e o médio) é o problema da convecção. Pois,
além deles dependerem de inúmeras propriedades do fluido, tais como viscosidade,
densidade, o coeficiente também é função da geometria da superfície e das condições de
escoamento e essa multiplicidade de variáveis independentes resulta do fato de a
transferência de massa por convecção é influenciada pela formação das camadas-limite
sobre a superfície.

4. Aplicações:
Partindo do conceito de transferência de massa, onde haverá um movimento de
determinada partícula num sistema com vários outros componentes. A transferência de
massa ocorrerá da região de maior concentração para a de menor concentração. Podemos
observar várias situações práticas na qual esse fenômeno acontece, como na solubilização
do açúcar no chá, favorecido pela agitação de uma colher, obtendo-se assim uma
concentração semelhante em todas as partes.
Encontra-se a difusão com reação química em várias aplicações dentro da engenharia,
entre as quais: absorção química, como na absorção de SO2 em ácido sulfúrico; reações
catalisadas por sólidos, como na síntese da amônia utilizando-se pellets de ferro-alumina
como catalisador e na combustão do carvão, visando gerar energia.
A transferência de massa também faz parte de processos como a adsorção e absorção.
Na adsorção moléculas de um fluido aderem a uma superfície sólida, o fluido pode ser
atraído por forças físicas ou químicas. Na absorção há uma fixação de um gás ou líquido
por um sólido. Esse processo serve tanto para purificar gases para recuperar solutos.

5. Conclusão:

Como foi apresentado no trabalho, o processo de transferência de massa apresenta


diversas aplicabilidades no ramo de todas as engenharias. Os conceitos de transferência
por difusão e convecção tanto em sólidos como em fluidos devem ser de domínio do
engenheiro, os desafios impostos durante a sua carreira exigiram tal conhecimento e
preparo.

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6. Referências:
CREMASCO, M. A. Fundamentos de transferência de massa. 2. ed.
Campinas: Unicamp, 2002

EM524 – FENÔMENOS DE TRANSPORTE. Disponível em:


<http://www.fem.unicamp.br/~franklin/RM524/aula_em524_pdf/aula1.pdf>. Acesso
em 10 de abril de 2018.

FENÔMENOS DE TRANSPORTE III. AULA 4. Disponível em:


<http://sistemas.eel.usp.br/docentes/arquivos/5840921/126/FTIIIAULA4.pdf>. Acesso
em 7 de abril de 2018.

INCROPERA, Frank P. et al. Fundamentos de transferência de calor e de massa.


Tradução e revisão técnica Eduardo Mach Queiroz, Fernando Luiz Pellegrini Pessoa.
Rio de Janeiro: LTC, 2008.

PITTS, Donald R.; SISSOM, Leighton E.. Fenômenos de Transporte. Rio de Janeiro:
Editora Guanabara, 1988.

TRANSFERÊNCIA DE MASSA. Disponível em:


<http://www.dem.feis.unesp.br/intranet/tcm2_capitulo7.pdf>. Acesso em 11 de abril de
2018.

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