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NIVELAMENTO

OPERAÇÃO QUE DETERMINA AS DIFERENÇAS DE


NÍVEL OU DISTÂNCIAS VERTICAIS ENTRE PONTOS DO
TERRENO.
• O nivelamento entre pontos, porém, não termina
com a determinação do desnível entre eles, mas
inclui também, o transporte da cota ou altitude de
um ponto conhecido (RN – Referência de Nível)
para os pontos nivelados.
MODELO GEOIDAL
• O modelo geoidal é o que mais se aproxima da forma
da Terra. É definido teoricamente como sendo o nível
médio dos mares em repouso, prolongado através
dos continentes.
• Na figura abaixo são representados de forma
esquemática a superfície física da Terra, o elipsóide e
o geóide.
Segundo GARCIA e PIEDADE (1984):
• “A altitude de um ponto da superfície terrestre
pode ser definida como a distância vertical (DV ou
DN) deste ponto à superfície média dos mares
(denominada Geóide)”.
• “A cota de um ponto da superfície terrestre, por
sua vez, pode ser definida como a distância vertical
deste ponto à uma superfície qualquer de
referência (que é fictícia e que, portanto, não é o
Geóide). Esta superfície de referência pode estar
situada abaixo ou acima da superfície determinada
pelo nível médio dos mares”.
• A figura a seguir ilustra a cota (c) e a altitude (h)
tomados para um mesmo ponto da superfície
terrestre (A).
• Torna-se evidente que os valores de c e h não são
iguais pois os níveis de referência são distintos.
• À altitude corresponde um nível verdadeiro, que é
a superfície de referência para a obtenção da DV ou
DN e que coincide com a superfície média dos
mares, ou seja, o Geóide.
Altitude  Nível Verdadeiro

• À cota corresponde um nível aparente, que é a


superfície de referência para a obtenção da DV ou
DN e que é paralela ao nível verdadeiro.
Cota  Nível Aparente
MÉTODOS DE
NIVELAMENTO
Nivelamento Barométrico
• Baseia-se na diferença de pressão com a altitude,
tendo como princípio que, para um determinado
ponto da superfície terrestre, o valor da altitude é
inversamente proporcional ao valor da pressão
atmosférica.
• Este método, em função dos equipamentos que
utiliza, permite obter valores em campo que estão
diretamente relacionados ao nível verdadeiro.
Nivelamento Barométrico
• Atualmente, com os avanços da tecnologia GPS e
dos níveis laser e digital, este método não é mais
empregado.
• É possível, no entanto, utilizar-se dos seus
equipamentos para trabalhos rotineiros de
reconhecimento.
• Estes equipamentos são:
Altímetro Analógico
• constituído de uma cápsula metálica vedada a
vácuo que com a variação da pressão atmosférica
se deforma. Esta deformação, por sua vez, é
indicada por um ponteiro associado a uma escala
de leitura da altitude que poderá estar graduada
em metros ou pés.
Altímetro Digital
• seu funcionamento é semelhante ao do altímetro
analógico, porém, a escala de leitura foi substituída
por um visor de LCD, típico dos aparelhos
eletrônicos.
Nivelamento Trigonométrico
• Baseia-se na medida de distâncias horizontais e
ângulos de inclinação para a determinação da cota
ou altitude de um ponto através de relações
trigonométricas.

• Portanto, obtém valores que podem estar


relacionados ao nível verdadeiro ou ao nível
aparente, depende do levantamento.
Segundo ESPARTEL (1987),
O Nivelamento Trigonométrico
divide-se em:
• Nivelamento trigonométrico de pequeno alcance
(com visadas ≤ 150m)
• Nivelamento trigonométrico de grande alcance
(com visadas ≥ 150m)

• Para este último, deve-se considerar a influência da


curvatura da Terra e da refração atmosférica sobre
as medidas.
Os equipamentos
utilizados são:
Clinômetro Analógico ou Digital
• Dispositivo capaz de informar a inclinação (α) entre
pontos do terreno;
• Indicado para a medida de ângulos de até
aproximadamente 30⁰ e lances inferiores a 150m;
• Constituído por luneta, arco vertical e vernier e bolha
tubular;
• Pode ser utilizado sobre tripé com prumo de bastão e
duas miras verticais de 4m, para a determinação das
distâncias horizontais por estadimetria;
• A precisão na medida dos ângulos pode chegar a 40" e
na medida das distâncias, até 1cm em 50m (1:5000).
Abaixo encontram-se exemplos de dois
tipos de clinômetros, um analógico (com
vernier) e outro digital (visor LCD).
Clisímetro
• permite ler, em escala ampliada, declividades (d%)
de até 40%, o que eqüivale a ângulos de até 22⁰.
No aspecto, ele é similar ao clinômetro;

• a precisão da leitura neste dispositivo pode chegar


a 4';

• indicado para lances inferiores a 150m.


Teodolito
• permite ler ângulos com precisão até 0,5”;
Nivelamento Geométrico
• Este método diferencia-se dos demais pois está
baseado somente na leitura de réguas ou miras
graduadas, não envolvendo ângulos.
• O aparelho utilizado deve estar estacionado a meia
distância entre os pontos (ré e vante), dentro ou
fora do alinhamento a medir.
• Assim como para o método anterior, as medidas de
DN ou DV podem estar relacionadas ao nível
verdadeiro ou ao nível aparente, depende do
levantamento.
Os equipamentos
utilizados são:
Nível Ótico
constitui-se de:
• um suporte munido de três parafusos niveladores
ou calantes;
• uma barra horizontal;
• uma luneta fixada ou apoiada sobre a barra
horizontal;
• um nível de bolha circular para o nivelamento da
base (pode também conter um nível de bolha
tubular e/ou nível de bolha bipartida);
Nível Ótico
constitui-se de:
• eixos principais: de rotação (vertical), ótico ou de
colimação (luneta) e do nível ou tangente central;
• duas miras ou réguas graduadas: preferencialmente
de metal;
• para lances até 25m, a menor divisão da mira deve
ser reduzida a 2mm, não podendo nunca exceder a
1cm (régua de madeira).
Nível Ótico
constitui-se de:
• A figura a seguir ilustra um nível ótico e régua
graduada:
Nível Digital
• nível para medição eletrônica e registro automático
de distâncias horizontais e verticais;
• o seu funcionamento está baseado no processo
digital de leitura, ou seja, num sistema eletrônico
de varredura e interpretação de padrões
codificados;
Nível Digital
• para a determinação das distâncias o aparelho deve
ser apontado e focalizado sobre uma régua
graduada cujas divisões estão impressas em código
de barras (escala binária);
• este tipo de régua, que pode ser de alumínio, metal
ou fibra de vidro, é resistente à umidade e bastante
precisa quanto à divisão da graduação;
Nível Digital
• os valores medidos podem ser armazenados
internamente pelo próprio equipamento ou em
coletores de dados. Estes dados podem ser
transmitidos para um computador através de uma
interface RS 232 padrão (conector específico);
• a régua é mantida na posição vertical, sobre o
ponto a medir, com a ajuda de um nível de bolha
circular;
• o alcance deste aparelho depende do modelo
utilizado, da régua e das condições ambientais (luz,
calor, vibrações, sombra, etc.).
Nível a Laser
• nível automático cujo funcionamento está baseado
na tecnologia do infravermelho;
• assim como o nível digital, é utilizado na obtenção
de distâncias verticais ou diferenças de nível e
também não mede ângulos;
• para a medida destas distâncias é necessário o uso
conjunto de um detector laser que deve ser
montado sobre uma régua de alumínio, metal ou
fibra de vidro;
Nível a Laser
• é um aparelho peculiar pois não apresenta luneta
nem visor LCD; a leitura da altura da régua (FM),
utilizada no cálculo das distâncias por estadimetria,
é efetuada diretamente sobre a mesma, com o
auxílio do detector laser, pela pessoa encarregada
de segurá-la;
• os detectores são dotados de visor LCD que
automaticamente se iluminam e soam uma
campainha ao detectar o raio laser emitido pelo
nível;
Nível a Laser
• o alcance deste tipo de nível depende do modelo e
marca, enquanto a precisão, depende da
sensibilidade do detector e da régua utilizada;
• assim como para o nível digital, a régua deve ser
mantida na posição vertical, sobre o ponto a medir,
com a ajuda de um nível de bolha circular.
São três os eixos principais de um nível:
• ZZ’= eixo principal ou de rotação do nível
• OO’= eixo óptico ou linha de visada ou eixo de
colimação
• HH’= eixo do nível tubular ou tangente central
• As condições que os eixos devem satisfazer são as
seguintes: o eixo ZZ’ deve estar na vertical, HH’
deve estar na horizontal e ortogonal ao eixo
principal e o eixo OO’ deve ser paralelo ao eixo HH’.
Caso isso não ocorra os níveis devem ser
retificados.
• A NBR 13133 classifica os níveis segundo o desvio-
padrão de 1 km de duplo nivelamento, conforme a
tabela abaixo.
MÉTODOS DE
NIVELAMENTO GEOMÉTRICO.
É possível dividir o nivelamento
geométrico em quatro métodos:
• Visadas iguais
• Visadas extremas
• Visadas recíprocas
• Visadas equidistantes
VISADAS IGUAIS
• É o método mais preciso e de larga aplicação em
engenharia.
• Nele as duas miras são colocadas à mesma
distância do nível, sobre os pontos que deseja-se
determinar o desnível, sendo então efetuadas as
leituras.
• É um processo bastante simples, onde o desnível
será determinado pela diferença entre a leitura de
ré e a de vante.
VISADAS IGUAIS
Se DN= “+” então o terreno está em aclive (de ré para vante).
Se DN= “-” então o terreno está em declive (de ré para a vante).
• A necessidade do nível estar a igual distância entre
as miras não implica necessariamente que o
mesmo deva estar alinhado entre elas. A figura a
seguir apresenta dois casos em que isto ocorre,
sendo que no segundo caso, o nível não está no
mesmo alinhamento das miras, porém está a igual
distância entre elas.
• Neste procedimento o desnível independe da
altura do nível, conforme ilustra a figura a seguir. É
possível observar que ao mudar a altura do nível as
leituras também se modificam, porém o desnível
calculado permanece o mesmo.
• A grande vantagem deste método é a minimização
de erros causados pela curvatura terrestre, refração
atmosférica e colimação do nível. Cabe salientar
que os dois primeiros erros (curvatura e refração)
são significativos no nivelamento geométrico
aplicado em Geodésia.
Alguns conceitos importantes
para o nivelamento geométrico:
• Visada  leitura efetuada sobre a mira.
• Lance  é a medida direta do desnível entre duas
miras verticais (por exemplo: lance AB).
• Seção: é a medida do desnível entre duas
referências de nível e é obtida pela soma algébrica
dos desníveis dos lances.
Linha de nivelamento: é o conjunto das seções
compreendidas entres duas RN chamadas principais.
Circuito de nivelamento: é a poligonal fechada
constituída de várias linhas justapostas.
Pontos nodais: são as RN principais, às quais
concorrem duas ou mais linhas de nivelamento.
Rede de nivelamento: é a malha formada por vários
circuitos justapostos.
O nivelamento geométrico poderá
ser simples ou composto.
• No caso de nivelamento simples, o desnível entre
os pontos de interesse é determinado com apenas
uma única instalação do equipamento, ou seja, um
único lance (a).
• No caso de nivelamento geométrico composto, o
desnível entre os pontos será determinado a partir
de vários lances, sendo o desnível final calculado
pela somatória dos desníveis de cada lance (b).
223cm 162cm

Cota C = ?

Cota B = 9,27m
223cm 162cm

Cota C = ?

Cota B = 9,27m

C = 9,88m
Sendo a cota do ponto B = 20m, calcule as demais cotas

A.A.=150cm

30cm 120cm
A C 240cm A.A.=155cm
cota em 360cm
20cm
B = 20m 150cm
D 180cm 200cm
E G
F
H I
Sendo a cota do ponto B = 20m, calcule as demais cotas

A.A.=150cm

30cm 120cm
A C 240cm A.A.=155cm
cota em 360cm
20cm
B = 20m 150cm
D 180cm 200cm
E G
A. 21,20m F. 16,55m F
B. 20,00m G. 16,60m H I
C. 20,30m H. 16,30m
D. 19,10m I. 16,10m
E. 17,90m
PROCEDIMENTO DE CAMPO
• Para a determinação do desnível entre dois pontos
inicialmente deve-se posicionar as miras sobre os
mesmos. Estas devem estar verticalizadas, sendo
que para isto utilizam-se os níveis de cantoneira.
Uma vez posicionadas as miras e o nível
devidamente calado, são realizadas as leituras.
PROCEDIMENTO DE CAMPO
• Devem ser feitas leituras do fio nivelador (fio
médio) e dos fios estadimétricos (superior e
inferior). A média das leituras dos fios superior e
inferior deve ser igual à leitura do fio médio, com
um desvio tolerável de 0,002m.
PROCEDIMENTO DE CAMPO
• Como visto anteriormente o método de
nivelamento geométrico por visadas iguais
pressupõe que as miras estejam posicionas a igual
distância do nível. Na prática aceita-se uma
diferença de até 2m.
• Caso as diferenças entre a distância de ré e vante
seja maior que esta tolerância, o nível deve ser
reposicionado a igual distância das miras e novas
leituras efetuadas. A distância do nível à mira é
calculada por:
Distância nível-mira = K.I
• Onde:
• I é a diferença entre a leitura do fio superior e fio
inferior;
• K é a constante estadimétrica do equipamento, a
qual consta do manual do mesmo, mas
normalmente este valor é igual a 100.
• A figura abaixo apresenta uma mira e os fios de
retículo, com as respectivas leituras efetuadas e
distância calculada.
• Os dados observados em campo devem ser
anotados em cadernetas específicas para este fim.
Um modelo de caderneta empregado é
apresentado na figura abaixo:
Exercício:
Foi realizado um lance de
nivelamento geométrico 1,105
entre os pontos A e B,
cujas leituras efetuadas 1,369 1,065
nas miras são mostradas
ao lado. Preencha os
1,324 1,025
dados da caderneta de
nivelamento e calcule o
desnível entre os pontos 1,280
A e B.

A-B
Exercício:
Foi realizado um lance de
nivelamento geométrico 1,105
entre os pontos A e B,
cujas leituras efetuadas 1,369 1,065
nas miras são mostradas
ao lado. Preencha os
1,324 1,025
dados da caderneta de
nivelamento e calcule o
desnível entre os pontos 1,280
A e B.

1,369 1,105
A-B 1,324 1,065 1,324 1,065
1,280 1,025
Exercício:
Foi realizado um lance de
nivelamento geométrico 1,105
entre os pontos A e B,
cujas leituras efetuadas 1,369 1,065
nas miras são mostradas
ao lado. Preencha os
1,324 1,025
dados da caderneta de
nivelamento e calcule o
desnível entre os pontos 1,280
A e B.

1,369 1,105
A-B 8,9 1,324 1,065 8,0 1,324 1,065 0,259m
1,280 1,025
• Para o caso do nivelamento geométrico composto
um cuidado adicional deve ser tomado: Quando a
mira de vante do lance anterior for reposicionada
para a leitura do lance seguinte (neste caso passará
então a ser a mira ré), deve-se tomar o cuidado de
que esta permaneça sobre o mesmo ponto, para
evitar erros na determinação do desnível, conforme
figura a seguir:
• É possível empregar neste caso um equipamento
denominado de sapata, sobre o qual a mira é
apoiada. Esta é colocada no solo e permite o giro
da mira sem causar deslocamentos na mesma. Em
trabalhos para fins topográficos não é comum o uso
de sapatas, sendo que as mesmas são obrigatórias
para a determinação de desníveis em Geodésia.
Efetue os cálculos de distâncias e desníveis para a caderneta
de campo apresentada no quadro a seguir.
Observação: o Nível não foi estacionado sobre os pontos

RN X1 X2 X3 X4
Efetue os cálculos de distâncias e desníveis para a caderneta
de campo apresentada no quadro a seguir.
Observação: o Nível não foi estacionado sobre os pontos

RN X1 X2 X3 X4

29,9 27,9 0,2

20,3 15,3 0,19

23 23,4 0,24

19,4 21,4 -0,33


• Para realizar a verificação do procedimento de
campo, as seções devem ser niveladas e
contraniveladas (nivelamento geométrico duplo), e
os desníveis obtidos nos dois casos comparados.
• A diferença encontrada deve estar abaixo de uma
tolerância estabelecida.

Normalmente esta tolerância é dada por:


Tolerância altimétrica = n . k 1/2

• Onde n é o erro máximo/km (informado pelo


cliente) e k é a distância média nivelada em
quilômetros, ou seja a média da distância
percorrida no nivelamento e contranivelamento.

• Por exemplo: sejam fornecidos os valores a seguir


correspondentes ao nivelamento e
contranivelamento de uma seção, definida pelos
pontos A e B, realizar a verificação do trabalho.
Dados:
Desnível do nivelamento ΔHNIV = 2,458m
(sentido de A para B)

Desnível do contranivelamento ΔHCON = -2,460m


(sentido de B para A)

Distância nivelada (nivelamento) DNIV = 215,13m

Distância nivelada (contranivelamento) DCON = 222,89m

Tolerância altimétrica (t) = 20mm. k1/2


Erro Cometido (Ec)
Erro Cometido (Ec)
Distância média nivelada (Dm)
Distância média nivelada (Dm)
Cálculo da tolerância (t)
Cálculo da tolerância (t)
Realizando a verificação:
Realizando a verificação:
Quando o erro cometido for menor que a tolerância,
o desnível será dado pela média do desnível obtido
no nivelamento e contranivelamento, com o sinal
igual ao do nivelamento.
Quando o erro cometido for menor que a tolerância,
o desnível será dado pela média do desnível obtido
no nivelamento e contranivelamento, com o sinal
igual ao do nivelamento.
Exercício:
• Dadas as cadernetas de nivelamento, realizar o
cálculo do desnível entre as RN 217 e HV04.
Verificar os resultados encontrados.

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