Você está na página 1de 8
Revista Brasileira de Geomorfologia, Volume 1, N° 1 (2000) 80-87 A Importancia da Geomorfologia em Geociéncias e Areas Afins Kenitiro Suguio Universidade de Sh als - tint de Ganinsns Telefoe: (i) S189. Tk” (1) 8-007 RESUMO, ‘A extrema importancia da geomorfologia em geociéncias dreasafins & reeonhecida sob vitios pontos de vista, princi Palmente na geologia do Quateriio. Através da morfoestratgraia& possivel realizar 0 estudosistematco dos repistros _Ecoldgicos, estabelecendo a seqUéncia dos eventos que thes deram origem, Auavés da morfotectonica & possivel obter subsfdios para um methor entendimento do arcabougo estrutural de uma rea em termos de neotectnica€ tetdnica qua- ternéria, A morfoctimatologia suxiia na reconsttugto da paleoelimatologia de uma drea de pesquisa. A paleopedologia permite realizar estudos pedoestratigrificos. Além disso, ax mudangas na biosfera (fauna, fora ¢ Homem), aravss dos tempos, serS0 melhor compreendidas depois das reconsrupaes paleogeogrfcase paleoccoligicas, Palaveas-chave: morfoestratigrafia, morfoectGnica, morfoclimatologia ABSTRACT ‘The uumost importance of geomorphology in geosciences and related sciences is recognized under several viewpoints, principally in the Quaternary geology. Through morphostatigraphy is possible to make a systematic study, establishing the sequence of events which gave rise to geological records. Through morphotectonics is possible to get subsidies forthe better understanding ofthe sucturl framework ofan aea in ferms of neotectonies and Quaternary tectonics, The mor phoclimatology helps inthe paleoclimatic reconstitution ofa stady area, Moreover, the paleopedology allows to do pe- ‘osteatigraphical researches. Finally, changes in the biosphere (fauna, flora and Man), Ubroughout the time, will be mich Detter understood afierpaleogeosraphical and paleoecological reconstuctions. Keywords: morphostratigraphy, morphoteetonies, morphoctimtology) 1. Introdugio © termo geomorfologia & originitio das polaveas gregas ge (Terra) + morphé (forma) + Tgos (ratado) + sufixo ia, segundo Nascentes (1976), De acordo com Guerra e Guerra (1997), € & cifneia que estuda as formas de relevo, tendo em vista origem, a estrutura « natureza das rochas, 0 clima da regio ¢ as diferentes forgas endgenas © exdgenas que, de modo geral,entram como fatores constiutores © destuidores ‘do relevo teneste Anda, segundo os autores, a geomorfologia preo- cupa-se, principalmente, com 0 relevo atual e, neste contexto, acha-se fortemente vinculada & ge. dlogia do Quaternrio (Suguio, 1999), que versa sobre a evolugio da Terra no titimo 1,81 Ma, or outro lado, enguanto alguns autores admitom que a geomorfologia seria um ramo da geografia fisica, outros consideram-na como per- tencente & geologia. Desse modo, Guerra e Guerra (1997) adotam a subdivisto em geomoriologias geogréfica e geoldgica. A primeira se preocuparia, com a caracterizagio e correlagio das formas de relevo e seria uma cincia da superficie terrestre enguanto a segunda teria forte ligagio com as aeologias estrutural © historica, compreendendo muitos conhecimentos subsuperficiais. Essas cis- sengdes em forno da conceituagio da geomorfolo fia, no quadro geral das eigncias, em grande parte pode’ ser creditada as diferongas entre os paises ‘onde evoluiram os conhecimentos geomortol6gi- cos. Portanto, na Europa ¢ principalmente na Franca, a geomorfologia eseve ligada 8 geosratia, enguanto nos Estados Unidos a situagio equiva. lente foi atingida através da geologia. ‘A gcomorfologia deve fundamentar-se na identificagdo e descrigdo (geomorfologia desert va) e, a0 mesmo tempo, deve-se chegar as inter- pretagées genética © evolutiva (geomorfologia ‘evolutiva) das formas de relevo existentes em toda Suguio,K/ Revista Brana de Gomorfloga, volume 1.) (2000) 80-87, ‘a superficie terrestre. Deve abranger os dominios continental © submarino, versando, portanto, sobre fireas emersas e submersas, respectivamente. Além disso, considerando-se situagdes ligadas, por cexemplo, & diferentes formages superficials (de- positos sedimentares) da geomorfologia continental ‘usam-se, com certa freqiéneia, designagSes como geomorfologias costeira, fluvial, glacial, eélica ciérstica e, hoje em dia, tem-se a importante geo- morfologiaantropogenética. Na geomorfologia submarina pode-se pensar nos estudos geomorfol6- gicos de plataformas, taludes ¢ sopés continentais © bacias ocefinicas, Geologia | Morfotecténica | Paleoclimatologia Pedoestratigrafia GEOMORFOLOGIA | Palececologia | | 1 ' 1 | Paleobiogeografia ' 1 I Ecologia a Homem Biostere Climatolo Entretanto, independentemente das dis sengdes se a geomorfologia é um ramo da geogra- fia fisica ow da geologia ou sobre as subdivisbes da geomorfologia, no hi divida de que a geomorfo- logia barca conhecimentos imprescindfveis as geociencias (geografia, ecologia, et.) e a0 proprio. Homem que se transformou, durante 0 Holoceno (Gltimos 10.000 anos) mormente no wtimo século fem importante agente geoligico e/ou ecol6gico (Figura 1. ia | Morfoestratigrafia Morfoclimatologia Morfopedologia Geoarqueologias histérica e pré- histérica Figura Visio “egocntica’ da geomorfologia, mostrando as suas vinculages com outrasdreas das weociéncas ecg. clas afin, 2. Morfoestratigrafia © terme morfoestratigratia. provém do prefixo grego morphé (forma) + do latim stratus (estendido) + do grego grdpho (descrigao) + sufixo ia, O conceito relacionado a este termo foi apre- sentado por Frye Willman (1962) e relaciona-se, principalmente, & andlise estratigrfica de registro sedimentar quaternério. A unidade morfoestratigr’- fica esta fundamentada na identifieagdo e descrigio de corpos sedimentares com formas proprias em superficie, distingutveis ou no pela litologia e/ou idade das unidades adjacentes No Brasil, pela primeira ver, Meis (1977) estabeleceu unidades morfoestratigréficas neoqua- temérias no médio vale do Rio Doce (MG), de- monstrando a validade do conceito supracitado, Mais tarde, Meis e Moura (1984) propuseram mo- dificagoes, de modo a restringir a sua aplicagio as condigées quando fosse possfvel detectar, com base nna lito ou aloesiratigrafia (NACSN, 1983),uma relagio genética direta entre a forma do relevo ¢ 0 81 deposito associado. Esta conceituagio enfatiza, dessa maneira, as necessidades do reconhecimento de superficies geomorfol6gicas deposicional ¢ ero- siva c de realizagio de estudo estratigrafico deta- lInado do registro sedimentar (Moura, 1994) Considerando-se as peculiaridades dos depésitos sedimentares quaternérios, entre as quais se destacam a espessura delgada, a recorréncia © similaridade de tivies, slém da descontinuidade espacial, foi adotada a aloestratigratia introduzida no CédigoEstratigréfico Norte-Americano (NACSN, 1983). As unidades aloestratigrificas correspondem a corpos sedimentares estratiformes, mapedveis ¢ definidos pela identificagao de des- continuidades limitantes, levando ao. reconheci- ‘mento de diferentes depdsitos de litologias simila- res, superpostos ou contiguos e geograficamente separados (Figura 2). Cada unidade aloestratigrti- cea definida registra um episédio de sedimentagio (sedimentagio episédica), que seria separado de ‘outra unidade por epis6dios de erasio (erosio epi sédica) ou de pedogenese, episddios estes causados Suguio, K/ Revista sili de Geomeotoogi, volume Ln (2000) 80-87 Litotagia Tasiia Ea Aria E24) Coscaino Figura 2 Bxemplo de clas Rochas mais antigas ‘am Selo inumede ficagdo aloestaigrica de depésitos aluvais ¢ lacustres em um graben (modificado de 12.3 Unidades oloestratigriticas ~~ Discordancia NACSN, 1983). Este esquema mostra uina possivel elagdo enire as clasifcagbes lio e aloesratigrfica: quatro unkes loetratigrétics, detimitadss por descontinuidades lteralrvente tagiveis (discondaneias e solos inuruados),encontram- se superpastas abzangendo tes litlogias principais,clasificdveis em uma ou duns unidades Htoesraigricas por eventos de “instabilidade ambiental” como, por cexemplo, variagSes de intensidades de atividades teotOnicas efou mudangas climéticas.O- maior ati mete de estudos sistematicas, baseado na morfoes- tratigrafia e adotando-se a classificagao aloestati- agrdfica, fol realizado no mio vale do Rio Paratba Go Sul (Moura, 1990; Moura e Mello, 1991, Mello, 1992), FEsses estudos conduziram a0 reconbeci- mento de diferentes episédios de efosto © sedi- rmentagio na sequéncia evolutiva regional (Figura 3), onde as cahessiras em anfiteatro das drenagens foram reconheeidas como unidades fundamentais da evolugio geomorfolégiea. Blas representatiam menor unidade capaz de Ievar a reconstitigao, Ipaseado no arcabougo subsuperfieial e ma sua €on- figuragdo superficial, dos provessos que atuaram na evolugao da paisager. Uilizando conceitos ¢ metedologias ante- riorments estabelecidos ¢ exaustivamente testados com sucesso no médio vale do Rio Paraba do Sul, regio de Bananal (SP/RJ), Mello (1997) propos luma classificaglo morfoestratigeéfiea_preliminar ddos depdsitos neocenozcicos do medio Vale do Rio Doce (MG), stuado tamfém no planalto sudeste-do Brasil Pigura 4). [As feigdes gcomorfol6picas idemtificadas nas éreas supractadas, tais como, superfices aplainadas, combreiras ¢ teragos reafeigoudos como inter ins, rampas,terrayos de acumulagio € de eros além de terragos baixos (planicies de imundagao), juntamente com estudos estratigrficos. detalhados dos depésitos associados em segses colunares per- mitiram o estabelecimento das classificagbes alo estratigréficas. As descontinuidades de Ambito re ‘gional sio, em geral, representadas por discordin- Gigs erosivas ¢ horizontes de paleossotos, [Nos depésitos aluviais podem ocorrer discord cias erosivas constituidas por mudancas litolbgicas acentuadas como, por exemplo, de depésito de canal com granodecreseéncia ascendente super: posto a depésito de planicie de inundagao separa: dos por uma superficie geomorfolégica erosiva [Nos depdsitos coluvisis as discordancias erosivas correspondem, em geral, a niveis com linhas de peda stonelines) 3. Morfotectinica 0 terme morfotecténica € composto pelas palavras gregas morphé (forma) + tektonikds (tec- ‘Gnica), ou morpaé (forma) + palavra latina recto: ricus (lectOnica). Embora a etimologia indique claramente 0 significado do terme e, apesar da aparente praticar bilidade do seu uso, diferentemente da morfoestra- Ligrafia, ainda nfio consta dos glossérios e dicior rios geol6gicos nacionais © estrangeiros. Entre- tanto, essa palavra tem sido usada, com alguma freqiiéncia, referindo-se a0 efeito visivel dos mo- vimentos crustais na geomorfologia. De fato, considerando-se as falhas e do- bras como os principals tipos de deformagies rela- cionadas aos movimentos erustas, as relagées mor- {olect6nicas ja sio conhecidas e deseritas por véri- Supuio, K/ Revista Brasileira de Goomorfologa, volume 1.1 (2000) 80-87 Aloestrati grafia [Dominio de encoste Domiaie fluvial Holoceno Figura 3: Coluna slocstratigrfica elaborada para o Quatemio tardio superposto ao embasamento cristalino pre cambriano na regio de Bananal (SP/RJ}, segundo Moura e Mello (1981). (os autores (Figura 5). A morfotectdniea & particu- larmente Gtil como eritério de identificagio de a vidades neotectOnicas em uma fea, como foi de- monstrado entre outros, por Gay eral. (1991). No Brasil também, os estudos neotect6ni- cos ¢ de teetOnica quaternéria tornaram-se relati- ‘vamente comuns, principalmente na iltima década, abrangendo principaimente as egies sudeste (Riccomini, 1989; Saadi, 1993) © norte (Costa et 4al., 1993, 1996). Nestes trabalhos a morfotect6nica tem desempenhado um papel muito importante, pois muitas atividades tectOnicas foram inferidas em fungo de anomalias geomorfoldgicas reconhe. cidas em produtos de sensores remotos e até mes ‘mo no campo. 4. Morfoctimatologia De modo andlogo & morfoestratigrafia¢ morfotecténica, a morfoclimatologia ¢ composta 3 pelas palavras gregas morphé (forma) + klima (cima) + atas + 16gos (tratado) + suftxo ia ‘Apesar do significado etimoldgico bas tante claro, também neste caso, 0 termo no é men- ccionado nos glossirios © dicionarios geol6gicos. Entretanto, © seu emprego € relativamente.fre~ gilente em trabalhos. geomorfol6gicos que envol- ‘vam aspectos paleoclimsticos, principalmente do perfodo Quaternatio, Desde a década de 50 tem sido publicados vrios trabalhos que enfatizam discordancias, entre outras evidéncias, como das distribuigSes faunisti- cas © floristicas e das feigdes geomorfoldgicas quando conirontadas aos climas.atualmente rei nantes em vérias regides do Brasil (Ab'Saber, 1957; Bigarelia e Ab'Saber, 1964; Bigarella etal 1994), Segundo Bigarella et af. (1965) as ativi- dades morfodinimicas de evolucéo das verientes feriam sido regidas por processos de degradagio Iateral, levando ao desenvolvimento de pedimen- ts, alternados com fases de dissecagao vertical. A Suguio, K/ Revista Brassra de Geomorfologi,volame 1.1 (2000) 80:87 Geocronologia Aloestratigrafia ae MC Aloform. Sto. Antonio do Requerente| pgneeaa nee — Aloformagdo RibeirtioMombaca Fassibilidade de que 0 unidode ‘lija lasde nosentico instead) Figura 4: Coluna alocsratigtice proposta para os depsitos neocenoddicos superpostos ao embasamento cristina pré- crambiano no médio vale do Rio Doce, MG (Mello, 1997), primeira ocorreria em elima semi-érido com ehu- ‘vas concentradas ¢ lorreneiais, enquanto que a se- gunda corresponderia a0 clima timido. Infeliz- ‘mente, esses eritérios geomorfol6gicos de estudos paleoclimaticos permitiram reunir somiente dados Tragmentérios e freqiientemente afastados entre si, em geral sem datagdes absoluias, diffcultando so- Dremaneira as correlagdes, mio somente das super- ficies geomorfoldgicas essencialmente erosivas, _mas até mesmo dos depésitos correlativos, como as formagdes Alexandra (PR) e Parigliera-Acu (SP). Antigamente esses depdsitos eram atribuidos a0 Pleistoceno (Quaternério), mas estudos mais re- centes (Lima e Angulo, 1990) vieram indicar ida- des bem mais antigas, isto 6, no minimo do Mioce- no (Tereiétio) Existem muitas outras tentativas de re- construgdo de seqiénciais de eventos baseadas 1a constataydo do papel fundamental desempenhiado pelo clima na evolugio geomorfoldgica do territé- tio brasileiro (Tricart, 1959; AbSaber, 1967). En- lretanio, a falta de idades absolutas constitul, em geral, © principal dbice dessas correlagbes. Oem ‘prego de métodos de datagies, como 0 de argdnio- argénio em implantago no Instituto de Geocién- ccias da Universidade de Sio Paulo que utiliza mi- nerais de origem intempérica, talvez constitua um 84 instrumento eficaz na correlag3o dos eventos mor- focliméticos cenozdicos no Brasil. 5. Pedoestratigratia ste tema ja foi tratado por vérios autoros como Retallack (1990) mas « paleopedologia, que versa sobre 0s solos fésseis, € muito importante na reconstituigo dos paleoambientes. Por outro lado, 0s processos produtos pedogenéticos antigos © rmodernos dependem, no somente do tipo de ro- cha-mattiz, mas também da geomorfologia. Entre outros fatores envolvides nesses processos, no ddevem ser esquecidas 0 clima e a vegetagio. Deste ‘modo, existe uma ligagdo inaliendvel entre a geo- morfologia ¢ 0s tipos de solos e paleossolos, po- ‘dondo:se pensar até em morfopedologia. Por outro lado, a questio da estratigraia dos paleossolos (pedocstratigrafin), que trata da crdenagao temporal dos eventos pedogenéticas, & bastante important. Este fato relaciona-se no somente as. suas implicagées nas reconstrugSes paleoambientais, mas também na interpretagio de seqigncias estratigrificas onde se acham inseridos 106 paleossolos (Moura, 1994). ‘Suguo,K, Revista Besa de Gzomorfelogia, volume In 1 (200) 80:87 Figura 5: Diversos tipos de relevo éeformados por falhas (Matsuda & Okada, 1968). Ff = fatha de rejeito lateral; A = srben (foss tectdnica), B = esearpa de falha bait: oa de falha; F = lagoa cega; J = captura fluvial © raurasescalonadas As unidades pedocstratigréficas foram formalmente sugeridas, pela primeira vez, no C6- digo Estratigrafico Norte-Americano(ACSN, 1961). Essas unidades seriam compostas por solos, ccujas proptiedades fisicas e posiges estratigrificas Tes possibilitariam as suas identificacdes e os seus _mapeamentos. Este conceito foi redefinida no C6: digo Estratigrstico Norte-Americano mais recente (NACSN, 1983), que admite uma Gnica unidade fundamental designada geossolo (geosol) De qualquer modo, a reconstituigio dos episddios pedogensticos, inseridos no Ambito dos eventos deposicionais, constitui uma importante fesramenta para interpretagGes geomorlol6gicas (Moura, 1994). Em geral, esses episddios so ca- racterizados por extrema quiescEncia tectOnica, ‘com atividades erosivas ou deposicionais insignifi- ‘antes. Pstudos da Biosfera ‘A importincia da geomorfologia nos estu- dos da biosfera pode ser aquilatada em relagio &s pesquisas ecol6gicas (fauna e flora) ¢ do Homem, Os ecossistemas, que slo definides por cconjuntos de fatores intervenientes compreendendo jeas dos hab tats em um determinado local da superficie terres- tre dependem, entre outros fatores, da geomorfolo- gia. Por exemplo, as compartimentagies do relevo (os organismos vivos ¢ as caract 85 faceta triangular; D = desvio na diregdo de vale hava subsidéncia tecnica; G = bloco soerguido: H = intumescéncia tecnica: = escampa de falha podem explicar os padrées de distribuigses bioge- Ogréficas atuais ¢ pretéritas da fauna e da flora Inversamente, os estudos paleoecol6gicos e taxo- némicos de fésseis podem conduzir a informagdes paleobiogcograficas. Os estudos geoarqueolégicos, tanto em arqueologias pré-histérica como histrica, que le vam, a reconstituicio do cenério natural da vida de lum agrupamento humano, entre outros. fatores, dopendom dos conhecimentos geomorfoldgicos, Bute fato pode ser explicado pelo carter restttivo, exercido pelo relevo da superficie terrestre, a de terminados tipos de ocupagio humana. Portanto, rndo somente em épocas pré-histéricas ¢ historicas, mas, alé hoje em dia, a ocupagio humana depende das caracteristicas do relevo. Finalmente, segundo Christofolett: (1994), os conhecimentos geomor- fol6gicos so aplicdveis nos projetos de plancja- ‘mento relacionados a uso de solos urbano ¢ rural, execugio de obras de engenharia civil, realizagio de estudos ambientais, desenvolvimento de pesqui sas sobre recursos naturais renoviveis ¢ nao- renovaveis, bem como de recuperagio de areas degradadas por mincragio ou outras atividades antropogenéticas que causem impactos semelhan tes Suguio, KY Revista Brasileira de Geomorfologi, volume I, 1 (2000) 80-87 7. Consideragbes Finais No Brasil, a geomorfologia foi bastante influenciada pela escola francesa, cujos enfogues io fortemente vineulados & geografia fisica. O autor discorda de Guerra ¢ Guerra (1997), pois seas pesquisas, em terttGrio brasileito, foram exe- ccuradas, predominantemente, por gedgrafos € no por gedlogos, Talvez, pelas razGes supracitadas, 0 ensi- no da geomorfologia, mesmo nos cursos de geolo- ‘gla, vem sendo desenvolvide sob ponto de vista da -Beografia fisica e varias geragoes de ge6logos nao tem reconhecido suficientemente a importincia da gcomorfologia nos seus curticulos. Felizmente os novos rumes, tomados por ‘grupos de pesquisadores, dedicados aos estudos morfoestruturais ¢ morfotecténicos, vem modifi- ccando 0 enfogue previamente atribiido & geomor- Fologia. Deste modo, espers-se que da feliz combi- nnagdo entre a geomorfologia geografica e geomor- fologia geol6gica, subsidiada por novas metodolo- ‘gias, como da geomorfologia quamtitativa, essa disciplina atinja uma posigao de destaque entre as ‘geaciéncias, Bibliografia AbSaber, AN. (1957) Conhecimentos sobre as MMutuagies elimaticas do Quaternério no Bra- sil. Bol Soc. Bras. Geol. Sto Paulo, 639-48 [Ab’Saber, A.N. (1967) Dominios morfoclimstices © provincias fitogeogréficas no Brasil. Ori- entagdo. Sio Paulo, 3:45.58. ACSN (American Commission on_Stratigrapi Nomenclature) (1961) Code of stratigraphi nomenclature. 2 AmerAssoe.Petrol.Geol Bull Tulsa, ma, 45:685.668. Bigarella, J; AbSaber, ALN. (1964) Patigeogra- phisehe ‘und Palioklimatische aspekie des Kanozoikuns in Sud Brasiliens. Zeitschrift fir Geomorphologie. Stuttgart, 8:286-312, Bigarela, JJ}; Mousinho, MR. Silva, 1X. (1965) Pediplanos, pedimentos ¢ seus depésites cor- relativos no Brasil. Bol Parana.Geogr. Cari tiba, 1617:117-152. Bigarella, 1, Becker, R-D. ; Santos, GP. (1994) Esirutura e origem das paisagens tropicais © subitopicais. Vol.1 - Fundamentos geol6gi- co-geosrilicos,alleragdo quimica e fsica das rochas.Relevo carstico © démico. Florians- polis: Editora da UFSC, 425 pp. Christofoieti, A. (1994) Aplcabilidade do conhe- Cimento geomorfolégico nos projets de pla- nejamento. In GUERRA, 4-T:; CUNHA, S.B. (org.) Geomorfologia: uma atualizagao de bases conceitos. Rio de Janeiro: Ber- tcand-Brasil, 2" edigo: 415-440, Oklaho- 86 Costa, JB.S.; Borges, M.S; Beerguy, RL Fer andes, IMG: Costa Jinior, PS; Cosa MLL. (1993) A evolugio cenozsica da regiio de Salinopolis, nordeste do Estado do. Pard Geociéncias. Rio Claro (SP), 12:373-396 Costa, IBS. Beerguy, Ri; Hasui, Y.; Borges, MS. Fereeta Jinior, CRP.: Bezerta, PEL. Fernandes, JM.G.; Costa, ML. (1996) Neo teetOnica da regio amarOnica: aspects es- teuturais, tctOnicos © estatiraticos. Geono- mos. Belo Horizonte, 4:23-44 Fiye, J.C; Willman, H.B. (1962) Morphostratigr phic units in Pleistocene stratigraphy. Amer Assoc. Petrol. Geol. Bull. Tulsa, Oklahoma, 46:112-113, Goy, JL; Silva, P.G. Zazo, C:: Bardi, 7; Some 27a, L, (1991) Model of morphotectonic map and legend. Bulletin of INQUA Neotectonic Commission, Stockholm, [2:19-31 Guera, AT; Guerra, AIT. (1997) Novo dicions fio geol6gico-gcomorfolégico. Rio de Janei- ro: Bertrand-Brasil, 688 pp. Lima, MR: Angulo, RJ. (1990) Descoberta do ‘microflora em nivel linhitico da Formacio Alexandra, Terciério do Estado do Parand, Brasil AnAcad.Bras.Cién. Rio de Jancio, 62:389-391 Matsuda, T.; Okada, A. (1968) Falhas aivas. Dai ‘onguiquenguiu. Toquio, 7:188-199 (em ja ones). Mes, MRM. (1977) As unidades morfoestatigt fleas neoquaternirias no médio vale do Rio Doce. AnAcad.Bras.Cién. Rio de Jancito, 49:443-459. Meis, M.R.M.; Moura, J.8.8. (1984) Upper Qua- ternary sedimentation and hillslope evolution: Southeastern Brazilian Plateau. Amer Jour of Sei, 284:241-254 Mello, C1. (1992) Fécies sedimentares,arguitetra sioposicional e relagbes morfoestratirsticas ‘em um sistema de leques aluviais holocéa- ‘cas: Aloformacio Manso - médio vale do Rio Paraiba do Sul (SP/RJ). Dissertargio de mestrado, Depto, de Geologia/UFRI, 188 pp Mello, CL. (1997) Sedimentagdo tectnicaceno- 26ieas no médio vale do Rio Doce (MG, Su deste do Brasil) e suas implicagées na evel cio de um sistema de lagos. ‘Tese de doutors do, Instituto de Geociéneias/USP, 275 pp. Moura, RS. (1990) Transformagies. ambiemtis dlurante 0 Quaternéto tardio no média vale do Rio Paraiba do Sul (SP/RJ), Rio de Jancto. ese de doutorado, Depto. de GeologivUFRI, 267 pp. ‘Moura, J.RS. (1994) Geomorfologia do Quatemé rio, In Guerra, AJ.T; Cunha, S.B. (orgs) Geomorfologia: uma Atualizagio de Bases ¢ Conceitos. Rio de Janeiro: Bertrand-Brasl, 2» digio: 335-364 Sugulo, K/ Revita Blea de Geomertologia, volume m1 (2000) $087 Moura, LRS.; Mello, CL. (1991) Classificagao ‘aloestratigratica do Quaternério superior na 10 de Bananal (SPIRJ). Rev. Bras.Geoctén 10 Paulo, 21:236-2: NACSN (North American Commission on Strat ‘araphic Nomenclature} (1983) North Amer can ‘Swatigraphic Code, Amer-Assoc.Petrol.Geol Bull, Talsa, Oklaho- ma, 67:84 1-875. Nascontes, A. (1976) Dicionsri ilustrade da lingua portuguesa da Academia Brasileira de Letras Rio de Janeiro: Bloch Editors S/A, 6 ‘yol-1736 pp. Retallack,G.1.(1990) Soils of the past: An introduc 87 tion t paleopedology. Boston: Unwin & Hyman, 520 pp. Riveomini, C1989) O Rift do Brasil, Tese de doutorado, Inst. de Geo- iéncias, USP, 256 pp. Suadi, A, (1993) Neoteeténica da Plataforma Bra sileira: esboco e interpretagbes.preliminares. Geonomas, Belo Horizonte, 11-5. Suguio, K. (1999) Geologia do Quaternério e Mu. ‘dangas Ambieniais. Sido Paulo Paulo's Eiito- 12, 366 pp. cart, J, (1959) Divisio morfostimstis Allantico Central, Bol. Paul. Geogr. 3134 Continental do Sudeste Ho Brasil so Paulo,

Você também pode gostar