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198 O PANORAMA. 49 ESTATUA EQUESTRE D'ELREI D, José 1.” ‘Oh como a lusa prole, | Temos visto nos precedentes artigos (1) 0 quanto s° Cheia dassombr | esmerou 0 eseulptor, Machado, para que @ monu- Do real vulto verd na egregia mole | mento que aformosea a Praca do commercio fosse di- Brithac a magostade ! Jo monarcha a quem o dedicayam, ¢ da nagio, ® Virio, ah! sim, virio de toda a parte, | cujas expensas se erigia: incumbe-nos agora o faser- Oh inclita cidade , | mos mengio, com o devido louver, do tenente-g Qs povos pela fama arrebatados | neral Bartholomcu da Costa, que dirigia as cepar- © grio colosso a vor, prodigio da arte: tigGes do, arsenal do exercito. Foi este habil enge- E em torno 4 forte base derramados Dito, a augusta effigie contemplanda: | guiu desempenhar to difficil tarefa com tal acerto Foi este 0 forte, 0 justo, qe mais feliz exito premiou a sua intelligencia José, da patria puis que a patria algando | desvelada applicagio. Se a estatua fosse composta de ‘Dew pasmo a naturnes, a estranbos susto, | — (1) pag. 145, 01 do vole . te Dinrz. Od. Pind, 20-2 | presente vol. oda estatua y conse Vor, V. Favancino 13,— 1841, 50 amuitas pecas , fundidas separadamente , ¢ depois sol- dadas entre si, muito diminuto comparativamente seria o mereeimento de Bartholomeu da Costa; mas, sendo ella inteirign ¢ fundida de um s6 jucto, de muita capacidade mental , de muitos couhveimentos scientifleos © a0 mesmo tempo do sobeja resolugio temperada de prudencia era revestido ‘0 seu enge- ho para sahir prosperamente de tio arriscada em preza. Se observamos 0 trabalho e as precatgies que se empregam para 0 bom resultado da fundigio de uma pega de a nifo seria pres Niquida para a fOrma a massa enorme de 656% qu taes de bronze derretide ?— Bemlogrou-se 0 compl mento da obra: ficando a imagem colossal de D. Jo perfeita ¢ acabada por tal {rma que 0 pro- prio estatnario diz arespeito de Costa 0 reguinte: — 4. entre os maiores louvores , que se The derem este respeito, no devem os qite ea proferir ter 0 menor lozar, porque tenho mais rasbes para. conhe: Ger @ primor com que a fundigle expriwin tale quanto a esculptura fet, —» Um dos objectos de maior ponderagio neste trabalho & oesquvleto ov armagio de ferro que fica dentro da bronze» © que deve occupar 0 sen justo e devido logars 0 que bem desempenhion o mencionado engentieiro, constrain do por sua invencio um instramento dimensorio especie de grande 80 para tomar as compe tentes medidas antes de se farjarom as peges da Fo ferida armagio, enjo peso total ¢ de 100 quintars de ferro. Organisado e fixo 0 exyavleto no finso on- de a estataa se havia faniir, soguia-se faror-se na mesina armagto 0 macko da forma, por direegtio do mesmo engenheiro, ¢ incrastado o dito macho com 3 céras fer nestas ¢s ultimos reparos o escalptor = ye Jamos agora como este explica 0 ultimo (2 Sena eee ee n em si dois objectos ; um 6 o referido assen- ‘tamento, outro ir juntamente construindo 0 macho ou carogd que fica dentro da ofa, para que 0 me- tal no encha todo 0 viicuo, mes 46 0 expago que oe- cups a cima a gual a sou tempo 0 & forga do fogo | felt expat, pure snetal Iv depots intro no logar que a’etira oocupava ¢ acabado que foi es | te trabalho tornei com os meus opeearios a dar os ultimos retoques no meu modelo de dra ja enerus- tada sobre © predito esqucleto de ferro, relerido macho ou caroco, Concluido ja de todo eate modelo, passou da minka administragio & do fandidor para se finer a ultiore Krma'(3) , « tanto acabon se we seacon vo cosew com Deu di . Neste cosimento om qe a obra retendo, in tambem ao mesmo tempo sahindo da forma por canaes que pura isso se Ihe deixuram ; em ‘eujos vacuoy se introdus depois o metil antes de friar a dita firma: pra o que so pastou immodia- tamente a derreter 0 bronie, que assim que esteve na sua competente liquefuegio , se abria o dique ao forno, em que so uchava dertetido , cuja evacuagio total foi indicio feliz do so ter enchida a firma com bom suecesso. m — Decorvido 0 tempo necessario para se congular e esfriar o metal, extrahiram-so as tor- ras da covaem que a fignea se fundita, © desfeita a {erm spparogou a estnten como no centro de ume avvore de bronze , por cauisa das ramifiengdes dos gi fons que a ctcunndcran: Paven lo Machado a Figit 0 retoque a cinael, executudlo por 8% artifions (2) Em uma Memoria que impriniu om 1012 no Jorn, Be, dois annos depois de haver eslampado a sua Deacrip. Analytica (B) Feaee de certn conipmsigto “de barros'¢ otros mix- | ony que em Franca denomiaamn pote. ria de qualquer ealibre y 0 que |v raa da eases na qual ecorren | O PANORAMA. do artenal do exereito 6 da offleina de marmores dx praga do eommerelo, trabalho em que ae guntaram BS dias [A.20 de Maio de 1775 foi surpensn 0 estatun do fosso em que a fundiram e retocaram: construindo- areer arte Meteor an NOS aU te fetta Hal Cosel ad aAA IMAP TES gual para {goal ofoltd_servin em Parts de orguer o otatua cequestre de Luiz 16°, mas com mais uma cireums- I:faptin vonts) cass ste 6 scra/mmatitattrancoes eG hee | via movimento de andar’ para diante, ¢ Bartholo- Gia Ccletiee Ceuta arviatters ae IeIlt tans oto's para poddleslie sifijurada cava péy- tenconte & fundigio da artilharia cm que estava. © collocar-se no enrro de transporte, sobre 0 qual feou eee lie Cte eles Gian par f logar do. scu dealing 16 dia 22 de Malo, Na con- ace Oe ata Ce tadbteedoiestacaniss 6 aioe fol catia ldba) altinia ARSE desfignorantes impacientes , contra 0 architecto das obras publicas, Hayoaldo Manuel dos Suntory Inevmbido do trant- porte, porque nilo conhecendo elles|os obstaculos e Cepia dh aaa ia fotskyanr in orhieino cra aahir squella inigentelwols da case’ da fusdigio que extar'em poneas horas levantada sobro o seu ele- wade pedestal. Sempre a quem ignora as difficulda- ‘Aes parecorain fucels as cmpretis | Nido eabinm tam- them que sendo o peso da estataa de Luiz 16.° 1 So noe geod estat de D, dit. consti Sa lOO RIERA tec 0, por gee Sxtensto" de caritulior” A: roluclie’ estat eas Burls tio tem mais do 24 prlmos, © 4 nowe tom 14 4 Gees s/o ultima Siatorse/ae stnelta de capecee He, fora as plunmas, contem se 2725 © com o dito or- dito platsaraiticoa ets os 81 palma. No transporte puchvam os cordéecs muitos traba- adores acendamonts vortidos , que fasiam o teaba- Tig POE Pee miler cerldsorseto tassbamn pogeranl inos'mesmos ordies a eorporagio da eusa dos vinte € Quatro pescdlllos Hadi ds Pavey walter pesoos Aitinols’ da wepartighs diy olay publiens. (A cole oda evtatua sob oipédertal tol oncarregada a Joo dos Santos, cotu-patrio-mér da ribeira das ‘acs, 6 a este reepelto coplaremas do liveo de Ma- tlinds 0 aeguines §'do cops periguc as I’ be conta Darks pcvatplalewae's Colla peestal wee titan dest Mp Oracle que ll CaeR EET pocoas ii VBS EME eccA Hy ooishsTP eR Lalas ou © pitrlowmérs porem ewta alem do ter sido. ina oston arrlicda, « rvufto mais egura que & de Paris, foi tambem muito mais economica: por- Qe france, nn ta constracgioy forgoamente se Haviam cortar muitas madeiras, om eijos cortes & inevitavel o desperdicio; @ 0 patrio-mér consteuin ria do varios mastros , que tirou do arsenal sha, cujos mastros, cadernaes, moutd dames &e., tudo tornou para o mesino arsenal sem pense Chuwalpsnc ae ‘A vista de innumeravel eouctren de povo, estando mente armadus as tees faces da Praga do com- tmercio, « tando a edrte, para fazer mais pectaculo, dispendido avultadas q sae asentada na sun base perma tatua com geral satisfagio & nesta bella obra das artes, estatuatia ¢ fusoria, uma particularidade, que adistinguo de muitas identicas, |e que den togar a que fosse montuosd 0 plintha ou | base, Parece & primeira vista que a rasio desta es+ | cabrovidade , © de apparecerem us silvas e serpentes por toda ella espathaday, era uma aHegoria allusiva 0s obstucules, tropegos’e vieios que o monarcha O PANORAMA. 61 ‘pé esquerdo do cavallo, ¢ é um dos pontos de sogu- Fanga, que emoutras estaluas fica patente desde 0 pé, que est4 como no ar em firma de mover-sey até a ha se, posto quo os gravadores nas estampas de taes esta tuas nio indiquem essas vigotas , pura que os caval- Jos nio paregim aleijedos. O talento do nosso escul- plor soube remediar este defeito. NorictA DAS PRINCIPAES wONTANHAS bo musvo. dado em alguns numeros deste jornal diver- sos de geographia physica, passaremos agora a tralar daquellas massas giganten, que elevando-se magestosamente subre a superficie do globo vio su- mirse na altura das nuvens. — Chama-se grupos & reunito de varios montes sepurados entre si que mum plan denomina-se cada certo ro destes montes que se estendem pelo espago dde algumos leguas; © &s cadéas immonsas que pro- Jongaivlo-se por muitos graus quasi atrayessam uma as partes do globo dé de cordilhcira E por isso que so assim denominados quasi exelusi ‘vainente os admiraveis montes dos Andes, que em Varigs direcgies cortam a maior parte da Ameri ‘A forms dos montes € geralmente conica; isto ¢ vei diminvindo desde a hase até ao-eume, torn do n’um ov mais picos. Em alguns dos paizes euber- os por grandes montes experimenta-se variedade de limas confarme a elevagio, encontrando se a poucas leguas de distancia sitios aoude principia o verao, a0 tempo em que lle finda em logares immediatos. Quando os fructos do outono acabam no valle Ri mac, na cidade de Lima, que 6a sua capital , cons tina a haver os mesmos fruetos, traridos de uns montes proximos , aonde entiio eomega o verio , que fica a um dia de jornadas O mesmo suceede no ea- bo Samorim na provincia do Indostio. Nos paizes onde ha grandes montanhas, sobe-se gradualmente de um valle cuberto de messes outro pluntado de ‘vinhas; — deste a encostas aonde apenas se encon- ‘tram pstos ; — dalli a faldas assombmdas de arvo- es; — dupois a terrenos cubsrtos de silvas e abetos , indo sempre a vogetagio até aeubar a vida OMA clevagio de legua © meia que tem alguns mon- tes parece & primeira vist contritia & regularidade da {rma esphericas mas quando a comparimos. ma anente & superficie total do globo , actiimos que nao excede: (desiguldule, que canara um geio dade do a qualquer videos © que todos os montes e ‘cordillieiras da terra poueo mais sobresahem. no glo- ‘bo do que a8 pequenas prominenclis que observiimos nia cascade uma liranje. Os nataralistas suppoem ‘gue as montanhas tem origem diferente, havendo ‘quasi todas sido formaclas em periodos diversos, Sto quatro as principues clasyrs ads 1-— Os montes que formam eadéa ¢ qu ‘cubertos de neve eonstituem, a classe primitive ow ‘nti-dilavianns isto é a que oxistia antes clo diluvio ‘universal. Taos montanhas exeedem muito em altu- tra todas as outras , © 0 seu accesso & assar escarpado. ‘eommummente figura pyramidal, e » das de rochas agudas e de medonho aspecto. O tem- po com forga lenta mas destruidora faz grandes es- ‘cavagies com a quantidade d’agua que em successi- vas catadu; por vai 18 40 ;preaipitam desde o, eume = entra ss fondakytatn deiquaee danenisbeinde se congela depois, arrojando mussas enor- ro ov vales immnediaton’ > vieos gums do ho de uima descida da cord na torra de indios no Chile , a alguimas leg mais ao sul de Portillo, Em outeas partes 6 tal a ae eumulagio de grandes fragmentos, que excede toda a idéa de desordem que possa conesber-se, tanhas primitivay slo eompostas de enormes. massas do torr, sem mistura de conchas ou de outra mate- rin marinha organisada. No interior ha cavernas. na- turaes, abundantes em cristalimgdes ¢ mincracs. Sie desta especie os Pyrineos, os Alpes ¢ outras eadéas de montes na Europa; © Caucus, Himalaya e ou- tros na Asiag 0 Atlas na Aftiea , € varias cordilhei- ras na America, 2.8 — Ha outra classe de montanhas de origem vulcanien, algumas das. quacs esto desertas, © ou- tras cercadas de grupos de collinas, eujo terreno eons ta de pedras e outros substancias soltas :— tem fep- das © bocas nos cumes, coreadas de lava e de outres corpos semi-vitetfieados que augmentam com as re- petidas descargas on erupgies do fogo subterrance. Os montes mais eclehres desta classe so: — 0 Veyu- © Pieo de Te) arias, 0 Pico de Adio na ilha de Ceilio, &e- — Quando nas montenhes moi desta eiperio ha 10s de conchas marinbas y de br que for- ut woutrus epochas perte do fund da dceates il accesso classe, ow este jam sepuradas ou agglomeradas, cobro-as uma certs ‘capa de terra de differentes especies © cdres.— A sna formagio dove attribuirse a terreno feito nos grandes cataclismos.— ‘Toei sempre pequeva. cleva- 0 comparadas com us de primeira classe : 0 seu cur me é redondo, es herto de terra, com ums has praias do mar batidas pelts ondas. —O interi dostis montaphas compa se de eapas quasi he tues tes, e appresentim tio estranho quadro de desordem , que acreditaimos haverem-so alli accumalado substan ins de qualidades tia oppostas y por effeito de algu- ma extraordinaria @ yiolenta inundagie como a do versal. —F: por tanto de suppdr que estas mipaem de fragierntos do corpas nous tro tempo animados © misturados com troiens War- vores , resto de plantas, leitos de barro , cal © pe- dras differentes. ‘— A quortn classe eonsta das montanhas mais 1s, ede mais recente data, formadas por scci- 5 posteriores 4s grandes catastrophes do nosso globo. Enoontram se commummente em torno das montanbns primitivas , és quaes servem como de de- graus, pendendo do outzo lado para as planicies aon- de gradualmente se somem. Os leitos ou capas destas moiitanbas sio differentes, tanto em numero como fem grossura,— Achamn-se em algumas trinta ¢ qua- rents capas successivas ; noutras y porem , 86 ha tros dou quatro: — tem vumas dex pés de grossura y © 0u- tras apenas uma poleguda. Frequentemente se observa que o lado oriental d montanhas que corre:n de norte a sul é comparali- vamente mais baixo do que o lado opposto ¢ que © lado occidental ¢ alto, eseabroso e quelitada- As que . 6% O PANORAMA. cortem do oriente ao poente so mais escarpadas do Tide inéridional que db aepteutio O bario de Humboldt achou outra differenga mui notavel na formagio das montanbas nos heinispherios oriental ¢ occidental, Os eimos de granito do monte branco e de outros mai altos dos Alpes elevam-se s0- bre as nuvens; porem os Andes da America , que tem sete a oito mil pés, sto coroados de grandes mus 03. de porphiro, que na Europa s6 se encontram ao Dé de clevados montes.—Na Huropa nunca o busal- to se achou em maior altura do que 4:000 pés, ao piso gue pinaculo de Pinchincha , compost da ‘mesma pedra, se eleva como uma torre 4 allura do firmamento, ‘Os cimos das montanhas mui allas, sem exceptuar as dos climas mais calidos , esto constantemente cu- hortos de neve gelada por causn da grande rerefuegio do ars A linha onde comega 0 gél0 perpetuo nao é ‘& mesma em todos os paizes : — para o lado dos pélos é mui baixa, e mui alta para o lado do equador. ‘Nos pélos suppde-se igual ou a0 nivel da suporficie da terra d’onde se levanta na forma do uma curva até & la ae 17:300 pés 20 equador. E esta aan 2 porgiie ha logares, em alguns paises, nko a6 ha- bitaves oni pried ugradaveis e ferteis, € isto na mesma altura que n*outras latitudes em que tanto os homens como os brutos © toda a especie de plantas pereceriam pela continua intensidade do frie. A linha mais baixa de porpetuo gélo sob 0 equador &, como temos dito, de 17,300 pes sobre o nivel do mar. Na latitude 499 N. baixa a 16,544 pés: na latitude de 43” a 46° desce a 9,500, mui perto de 1,000 pés abaixo do nivel da cidade de Quito; e 9288 mais baixo do que os campos eultivados na fal- a de Autisana, A. cidade do Mexico, na altura de 8,219 pés, € um eho calido aonde amadurecem as laranjas e ananazes, 20 paso que na Suecia ha gélo perpetuo na altura de 6,700 pés, © ua Noruega na de 4,928 pés. 3 limites do gélo perpetuo cm diferentes latitue des, segundo o ealculo de Mr. Humboldt , so os se guinte Entre os tres graus do N,¢ §, do equador 17,060 ‘A 20 de latitude — pés ee 13,413, ABs om nis eins slskarala,a60 Adon polcuvbeaedlse Gk Hiye#0) AMG» missip na tscene Nt SEND Na Suissa » » Mairi aS Pyringus » » Merten th B88 Desde os 12° de latitude norte suppose igual ao nivel do mar. ‘© phenomeno mais terrivel a que estiio expostas as regides montanhosus ¢ 0 dos vuledes. — Conitudo nem em todas as montanhas ha o mesmo perigo , pois que estas erupydes espantotas occorrem cm eer tos logares © em intervalos irregulares 5 conforme © maior ou menor espago de tempo necessario para. se Prepararcm aquellss massas immensas de materiacs Sacendidos, e de ries de fogo Iiguido que os coneaves anoutes vomitam de suas horriveis crateras. Este phe- nomeno vecorre algumas yeres no fundo do war , ar- rojando tanta quantidade de lava e outras materias yuleanicas sobre a superficie da agua que se formam rochas e ilhas como suceedeu , ainda no ha muit roximo ds ilhas dos Agores, Estromboli ¢ Sautori tas medonhas ao mesmo tempo sublimes oper ges de natureza formam um contraste mui notavel nos dois hemispherios.— No mundo velo achat quasi exelusivamente nas ilbas e extremidades penin- sulutes porem 0s yoledes no nove mundo existem 416 no centro d’aquelle vasto continente. — Nas eu- Gay des montanlas principags da Europa, Avia ¢ Africa no ha vuledesy no entanto as partes mais ad. miraveis da cordillieira appresen ‘glu quasi eontinuada, — Nos dois mund 4s substancias arrojadas pelos vuledes: — na Karo- ropa e Asia tudo é lava on pedra; porem os vuledes na America langam de si greda, eworia de s1ougue © carvio, ¢ algumas veres agua e peixes fervides. Sogundo © professor Jameson o uumero dos vuledeca conhecidos até agora chega 195, distribuidos do modo seguinte: — Rocotugestsbla Boreal Nas ilhas da Europa... No continante da Au Nas ilbas asiatias nenbum vuleko3 — ba-os todavia nas suas ilhas, « se aqui os nao designimos 6 porque 0 seu numero ¢ in- certo. Sa Owen. 8.1 Owen & uma cidade da Fravga, na costa mari- tima do nordeste deste reino, no eanal que o da Grai-Bretauhay a gue os inglezes dio o nome streilo de Dover, e 0s fraveeies de pao de Calais, em rasfo destas duas eidades dos dois paizes , situ: das em margens oppostas. I a capital da provincia ou departamento do Pas de Calais, a que pertence Boulogne, onde ha pouco desembureou para a sua infeliz tentativa o principe Luiz Buonoparte. ‘Tom boas ¢ fortes obras militares de defeza : conterd umas. 20:000 almas de populagio , © foi um dos portos es- colhides por Napoleio para o armament da frota com que pertendia invadir a Inglaterra. Pertenceu ‘308 antigos condes, de Flandres © sendo\ posessio da asa ducal de Borgonbu, desta a herdou 0 ramo hespanbol da famili austrisea: 0 imperador Carlos 5.04 forlaleceu s os francezes « tomaram em 1677, eo tratado de paz, eclebrado em Nimegues no ant no immediato, 0s confirmou na posse. I regular- te construida; em parte sobre uma eminencia, e-em parte sobre chio apatldo, por onde corre o ribeiro Aa: nom s6 as muralhas'¢ quatro fortaleras & defendem , amas tambem a protegem os pantanos ircumyisinlos , que com facilidade, encaminhando- se ns agnas, podem ser inundad was quatro portas apenas duas admittem a entrada de carrua: Kens. 86 tem um largo, chamado a praga d’armas, formando-Ihe um dos lados a casa da munieipalida. dey ow palasio da cidade (hotel de ville) como di- rem emi Branga. Goaa a vautagem preciosa da abun. dancia daguas repartidas por muitos chafarizes: A entrada pelo lado. de Calais € por meio d’uma lone ga avenida de arvores frondosas: esta estrada y os erraplenos do cizeuito das muralbas plantados dol meiros,, © os ches & boira do canal sio os passeios da cidade.’ Como edificios notaveis podem meneionar.se duas bellas igrejas gothicas; 1.4, # cathedral, orna- da com baixes relevos Worigem normanda , copellas entiquecidas de marmore, ¢ muitos mausoleus , en« tre elles 0 do bispo S.t Omer, que florecen peld se- culo nono, padrociro da terra’e de que a mesma ti- ra 9 nome a um lado da portada das6 ha um cle- vado campanario, de firma quadradny que serve ymbem de torre de atalaia, de cujo imo um sen- tinella vigia ao longe a campina. A segunda igreja gothiea, que cabiu em ruina, € a abbadia de S. Ber- tin, das mais ricas o famosas gue a ordem bencdieti- na possuia cm Franga, cra mais vasta que a sé, ¢ ‘obra primorosa no seu! gerero; ella morrow reclu- O PANORAMA. 63 10, depois da sun slepos hilderico 3.9, o ulti- | pitaes e outros estabelecimentos de caridade e dins- tnd rel da raga mercvingiane. S.t Omer tom para 0 trucgio, uma etehola superior com livearia de mais niorte dois suburbins povoados por cultivatores, | de 16:000 volumes, um theatro , bankos publices dentro do seu recinto comprehende, alem dos hos- | e 0 arsenal com numerosa collecgio d’urmas antigs RUINAS DA ABBADIA Dz 8. SERTIN , EM S.' OMER. © woxex ne Cistem. fea} Nig eel’ ad me roteve) ue ic! me stron « seus pés , ¢ Ih'os beijase , ¢ the podisse perdi, « atamants. Cierieen depos fapuntislamel Orwsteurqdajur devia soar imoesie) betn Longe! mas nd disse nada. Padeel © soft. 1308— 1300, Tonas, dotzellas ¢ eavallciros, tamubein vestidos de 2 burel braneo, © com av eaboges cubertan de Vato i(Conelissio,) rodeayam Leonor. Apox eller may nada , senko al- «A voatna havia passado os umbraes da casa,—con- | gum povo que comecava a aj tinnou 0 mogo frade —e ainda eu x seguia com os | deserto , ¢ epe svando apor tantos yultos negros um alvejar | tos, 0 chéro raz do atnude, me distrabiu. Era el exa Liconor! Pendit-lhe da eabega um longo barr de vaso fluctuante sobre a tunica de almate Metti-ine entree povo, esegniosuhimento. Acucl- eoata que The © -chio. Chorava e solu- | le complexo de frades, ¢ eavalleiros, ¢ donas, e d ava pelo mor trabido , esquecido, | zellas , ¢ hymnos, ¢ resar buixo, e solucar, ¢ carpiry ravely eximinoso por ella? Bra ainda formosa | entre eujo mover incerto ¢ lento, entre cujo ri = mais; por yeutura, que no tempo dos not¥os amo- | soturno e temeroro, eu via a menor acgto de Tuva ‘© portal ficon + Hos aposea- pranteadefras, que provavelmente ido acompanhar © morto com sus nio tinham o lagrimas venaes. ba O PANORAMA. nor, ouria 0 menor acento 4 foxacla em chiro, ora come wim redemoinky que tava v embebia em si irresistivelmente. Vie © monstruoso como aquelte longo vulto de muitos Itos, aquelle vorear de muitas vores era 0 que se va em mim. Se affliegio ou prazer, remorsos do 1e 0W contentamento da vinganga séde de mais gue, on desejo de perd30; odio immenso, ow amor desperfo de novo com dobrada ancia, & © que nio saberei dizer-vors Por voutura era isso tudo que a um tempo me assiltava ¢ despedocava 0 coragio. Chegando & igreja de S. Francisco 0 sahimento atravessou_o portal do meio, e seguin ao longo da nave central. No cruzeiro estava um estrada euberto do negro: depositaram em cima o xtaude abriram-o, € 08 pailmios dos finados , momentaneamente inti ‘rompidos, reboaram de nove por aguellas fundas cada. Pins magua acerba me encostado a uma das eolumnes das golo a golo o meu calix de no ataude , laneei para l& sem saber 0 que fatia. Vi a face livida do assssinado, tioha os deutes eerrados, as feigacs con- trahisas, € do cada canto da boca subia-lhe um fio de sa 70 ¢ gelado, como devia estar 0 que feu The deixira mas veias. 'Voltei os olhos n’um re= lance; mas continuel a velo... entio. .«. depoix sees agora mesmo, ..+ talver para sompre ++. tale Yer na hora tremenda da derradcira agonia !» Fr. Vasco nio disse — murmuroa, ow antes rugi estas ullimas palayras: alfastou-se ‘com impeto de Fr. Lourenga, apertow a testa com as mios ambus , «Oh, quem me t te brado , simill isto dagui |» 10 grito d’um homem que estado 8 patate es cell de Fr. Lonrengo. O velho monge atirousse de Joelhos , abragnndo os pés da cruz, e derramando Hos do lagrimas las tuas divinas chagas , por teu sangue verti- do sobre a cru Redemptor do mundo! Perdoa a " 10 com perdoaste aos algozes que te cruci- tas palavras ainda as ouvia Fr. Vaseo. Depois a oragio de Fr. Lourengo soava apenas como um. murmurio de brisa da tarde por campina de hervas rasteiras. Era a oragio que 0s ouvides de homens nfo onvem aguella que Deus entende. — B & prom porgio que ella se aflervorava, as mos confrangidas le Fr. Vasco lhe iam deseendo da froute , © esta se Ihe asierenava. Ficou immovel olhando para 0 ve- Tho, evjas longas metonas brancas varriam o ladeiiho do aposento. Tembem dos olhos Ihe rebentaram al- sgumas lagrimas. Fr. Lourengo erguet-se por fim. Relusia-the no rosto ui este, Fe. Vareo arrojou-se outra yer no m Justo. Que consolacko ha abi similhanto 4 de alma crivada de remortos , quando Ae encosta a oittra eujos pensamentes moram sos pés do throno do Senhor? Comparada com ella, a do uu € faminto recebide no regago do abastado péde-se chamar amargor «Leonor , Beatriz, mon pai , D. Vivaldo, a vin- ganca proseguia Fr. Vasco, «tudo me desappare- cot da alma com aguella vista medonha, Suhi como Jouco da igreju: precisava de ar, porque me faltava a respiragio! precisava das trévas da noite , porque hw uz de mortos. Vagucei ho- a cidade, aguella hora ermas Hira meia noite, — Esta ¢ as que se Ibe seguiram foram similhantes & antecedente, povouda de visdes ¢ de terrores. Lembrei-me umas’poueas de voues de atirar. a min ‘apunbalando-me5, ‘mas avaliava jé 08 seus tormientos, e nio ousei tan to, Crede-me, Fr. Lourengo, um homem que se ‘mata a si proprio ou é um innocente, ou tem cora~ Go Ho damnado que desconhece os” remorsos. 86 {quem passasse pelo que eu payei entenderd plena- mente a sigaificagio destus palayras = condemnagio eterna. = Fi depois de, qunse din de incomportavel pade~ cer, que um rai de esperanga alluimiow 2s trevas phigh cs, he aia distum bom, e que tinhels a virtude de serenar a6 temppstades ‘do etptiion «Fr, Vasco » interrompeu xelho monge com as- pesto severo, w estes milages fé-los Deus, ¢ nio 0 Naso de bart que € seu instromento , e que, depois de servir , elle parte no dia da sua coler: sBrocirel vas. © meu intento era contar-vos tu- lesfullect no. proposito Ba nesro Nissi Aes a te coragio. Por Deus que nio amaldigoris 0 pobre Vasco. Por Deus que nao 0 amaldigoris quando el- le vos disser que este santo habito amortecendo os seus terrores fez ressumbrar do novo o amor, a sé- do da vinganga, a memoria do legado paterno, to- dos 03 sentimentos que 0 fizeram eriminow. Oh re~ yerendo nounoy et perdoarin tudo, menos uma af fronta ao nome de meus avds ; eu esquecer-ine-hia de tudo, menos de um amor puro ¢ ardente, como era o meu, despresado, escurnecida por mulher le- viana ¢ refalsada ; ou cerraria os ouvidos a todas as stiggestdes , mas no poso ecrra-los 4 vor de meu. Pobr quedshalte db terre mebrada---ving «# Vasco, Wasco! — Aquelle fer mais do que isso— ibengoou os que Ibe euspiram nas faces, © n a vida nos tormentos da cruz. » E apontava para o crucifixo. « Nilo posson—murmurou 0 mogo frade. Fr. Loutengo aoelioa de nove, curvou a fron- te para o chio, Desta ver, nko aos pés da imagem tal eda ase pe day ake ors tahun. do ll’os , ora abragando-o a elle pelos joelhos. « Meu irmio.— Filho de 8. Bernardo , nio q ras perder a tua alma. Este pobre velho t'o pode ehorando! Perdoa ! perdoa! — Se os que te offende- ram Viessem agora ajeelhar-te aos pes e implorar piedade, negar-lhachias tu? — Nio!— Ki se o fizese ser; u—aqui Fr. Lourengo ergueu-se rapidamente, e-em pé, com @ brago mirrado e pullido estendide para Fr, Vaseo , © sihido pouco fora da habito, tomou a postura e 0 aspecto de u ta que falla em nome de Deus; — wse a fizesses , 0 Scuhor Ihes perdosra por ti, e reprobo foras tu; nfo elles! —ulver a estas boras desejem diser-te pecea- vi! talver chorem com lagrimas de sungue? E ta? Blasphemus, — Se nio se arrependerem, erés que a Justiga divina dorme ?— Vasco , tambem ta és réu, ‘como elles: perdoa, se queres perdio. O juix de née todos 6's aus meaner i Fr. Vasco nfo rospondeu nada. ‘Tambam .n6s no protrahiremos por mais tempo esta scone de Ita motal em que o vitsoto telbo trabalbava por salvar um desgragadoy que nascéra MS ntel thls seed pate, Sy oe Mentirosa, corrupta e mia vida social, cheia de ‘erros, preoceupacdes e vicios, damnada nas insti ‘9809 @ nas leis,, nas erengas.e nos eostumes , edie eragies ¢ 05 individuos legando lhes largo cabedal de perdigio 5 € quando os arbustos plantados em ter~ | ' O PANORAMA. 55 a: péygnhentaiy”itendo ‘bobido; uma’ seve! venenosa,, (produrem ‘seus fructos‘de-torte', 0 mundo ,:20 aries. hhypoerita, horrorisa:se © aban- juntTundo-eoid:roda do cadatulso dos sitppliciados, que elle proprio 4 coudasia, aati. ithaleaniny aiqhe ptt por monn justigeyie.gue nie main que’attn desculps embusteita da ignoruneta da porversidade mio do individuo eriminoso, mas dense wulto hedionto © informe , chamado sociedade, ato Gual dio) hisiaseualle e ,;hand’ puluigtoliareinial. fora ectalgni ea cessed bonis Wee vo ANS. vir era o seculo 14.0 ‘Desde o dia em que se passou o dialogo que dei- ximos excriptay Fe. Liourenge. foi como 0 anjo-da guarda do pobre Vasco. Uma sympathia, inexplica- tol para lla» unit a este manocbo ya auem 0 se Ibo ganhara amor de pai. Era que entre estas duas slmai bavia.upes davetenia ‘seas ella erat ‘bo: bresie geveroms, ‘Como dus arvores gemeas hase: das n'um valle, e6to por algum fojo profundo, que misturam as, raizes em abrago fraterao, ¢ das quacs uma posta nu aresta do abysmo, tem 0 tronco eo» ramos de um verde mal asombrado, pendent so. bre a voragem que amoaca tragi-la, em quanto a outra apruinada e alegre braceja vergonteas para 0 far e:para o.¢ol'y assim destas duns almey, ambas na emencia formosasy.usns so balaacava.teiste, ds by do inferno, em quanto a outea, fugia as atas dos santos pensumentos para 0 seio de Deus. B como, das duas atvores, a que estd mais firme obsta a que ajoutes so deepeuhe, assim Hr. Louren- 90 tisha da sua, mio o malaventurade mancebo, ‘As paixdes deste eram daquellas que s6 fulminan- do soam, Sem vicios, sem ancia de gosar, porque nie Doosvbe sea. patdts we alee quctieea, poll per decer; affavel , bor ide com todos os que o tratavam , porque nti 08 gestob ©, pu lavras de terror seup ioterpour: 5 \decido, dos oppres- is tambon ello eray Fr. Vaseo passava no collegio de 8. Paulo eS. Blot por tum futuro successor de Fr. Lourengo em sautidade ‘eiboas obras. ‘Tendoste entregue com fervor ao eitu- do, como um meio duffugentar pensamentos crucis, criam que o amor da sciencia o obrigava a passur, as noites sobre os livros, em quanto elle 0 fasia 46 por- que a vigilia sobre o ‘sem sabor y um, tra fado acerca das tres unidades, por exemplo, & um folguedo comparado com a vigilia do leito do repou- 40, couyertivo em cetleo de pensamentos de agonia. ‘Assim, Fr. Vasco, indigitado como faturo santo, ‘e futuro sabio., estava bem longe.de ser uma ou ou- tru cowsa. Fr. Lourengo, era quem 0. conhecia, quem vm bras e horas podinde a Deus aulvusse auch lata Todavin se hou yews algucn qe pereun: tae ao porteira, Fr. dulige, owe qualquer outro leigo do collegio do S, Paulo @8. Elot, qual era 0 caricter do Fr. Vasco, ouyira uma linda novella, {que n40 haveria wiha $6 pelavra de verdad. E no fim , 0 donato , empertigando-se , concluiria com palaveas que cu e-ta, leitor, temos ouvide a tantos donatos que ainda ha no mundo: ‘< Conhogo-0 por dentro e por for odio, a wardavacos ‘Mus a.nossa barca , ou antvs a barca afretada por Fr. Lourenco, abieow a Restello. Saltemos em ter- a com os duis cistercienses,— A. HT. Os cncos pa rnaga piEnvas, A cipape d’Elvas fortificada com obras, que so reconbetidamente modelos darchitestura militar, uma das pragas de notoria fama na Europa: antes porem que estes importuntes trabulhos se executas- sem, jd era logur de grande fortaleza, mas nto ssfamado por essa eircumstaneia , como por ter sido ‘© theatro do valor portuguez empregado contra o- berbos © contumarcs inimigos (a). D. Affonso 11.2 de Castella, entre os annos: de 1325 @ 1337, veio sobre Klvus com forga de gente , esteve porem 4 roda de suas muralhas por espago de dois dias, contentando-se com 0 estrazo que fer talando 03 campos adjacentes, ¢ depois de «lgumas correrias dos seus pelo Alemtejo, a roubar os gados, retirou-se sem mais vantagem que a resultante des tes latrocinios, Em 1381, 0 infante D. Joo , filho de elrei D. Pedro © du desditora D. Igner de Cas tro, que se tinha refugiado em Hespauha por desa- vengas com sua cunhada, D. Leonor, mulher de 1D, Fernando , por infruetuose cereo a Elvas vos 13 de Julho y e sem nada conseguir levantou o arraial , passados 25 dias de sitio, recolbendo-se a Castella, aonde acabou seus dias proso por mandado de D. Joilo o 1.9 duquelle reine, que pertendendo a corde de Portugal , quiz ter seguro o infante 5 que supa nha seu contendor depois do fullecimento detrei D. Fernando. Dabi a quatro annoy (1305] © mesmo D. Foio 1.9 assedio esta praga por 16 dias os valoro- 308 portughezes que a defendiam munca eerraram as porlas, antes pelo contrario sahium quotidianamen- fo a polejar com on sitindores, levando eempre van~ tagem a pontos de fazcrem uma tomadia das muni- 8e8 que de Badajoz eram enviadas uo exercito hes fruhol:,governaya entio a prage 0 eaforgwlo Gil Hernundes nataral d?Elvas. ‘Todavia as mais cele- hres victorias nossas, de q) foi teste munha, €em que seus hubitantes tiveram muite parte, foram as que se aleangaram so redor de sous tharos‘ depois daiglorione|rostanraglo de 1640, ura do, repellido 0 juzo hespanbol, imitando as faganbes dos vencedores em Aljuburrota , soubemos m nome € independencia nacional Em 1644, nos sete primoiros dias de Dezembro, 18:000 castelhanos, sob as ordens do marques de Torrecusa , sitiaram Elvas, comsistindo as suas ope ragdes em’ se entrincheirarem no local chamado @ casardo, que ainda nesse tempo ficava extramuros da praga , @ Jevantarem um redueto gusruccido de seis pegas de calibre 24 contra 0 forte de St. La- tia: este , posto que n’um estado defensavel, acha- vase por concluir, ¢ a nova fortificagio d’Elas era apenas comegada. Commandava a praga o conde de Alegeete, assistido por muitos fidalgos portugucnes 5 disputow a principio tenazmente a posse do outeiro do Casario, que foi por vezes tomado © perdido, até que vendo que o leva-lo & viva forga The custava, anuitas vidas, ordenou ao engenheiro hollander, Cos mander, que dirigisse um contraaproxe contra O enteincheiramento ios castelhanos. reducto oppos- to 20 forte de St.% Luzia pouco damno fusia, nko 36 por estar a grande distancia, como pelo proda minio que sobre elle tina a nossa artilheria : ni obstante 0 © conde de Alegrete mandow 420s lados do forte duas meias-luas para assestar mais Loos de fogos v uma communicagio, a-euberto dor tiros directos, entre o forte ea praga. Me mvito-de proposito estas eiccumstaneias , porque al- -guuns menos instruidos suppoem que ha duzentos wti- ios a arte du guerra enitre nds estava em granilissi- ano atearo : eride facil demonstent que eim tod Wid. dons vistas (Elves, acompanhadas @ nolicins dceroa ida mesos cidade 'a pag. 23 © 38 do prece- dente ol: dete Jorwat. ‘epochas da monatchia nos achimos a0 nivel das na- ‘goes estrangeiras na pericia militar, ao passo. que na scieneia naval a muitas nos avantajimos. Em summa, 0 marquer de Torrecusa, tomando conselho com os seus ofliciaes dosistia da empreza., Jevantando 0 campo a. de Dezembro ¢ recolhiendo- se a Badajoz , desanimado de poder tomar a pragey receoso do soccorro que em Lisboa se aprestava , ecomteangido. pelo delabrido inveroo de copios chuyas que nfo deixaram de cahic em todos aquel- les dias. ‘Tinham decorrido quatore annos de combates, que se numeravam pot outras tantas victorias, © 0 brago lusitano mostrara aos estranhos que nio era a copia de batalbdes a que ma guerra vencia, mas sim ‘0 natural esforga ¢ 0 espirito patriotico de um povo livre : eis que 0 soberbo valido de Filippe 2.°, des- tro nias intrigas palacianas, perito na systematica politica de seu amo, persuadindo-se que com sua presenca animaria as tropas hespanholas, que 4 ine fluencia de seu nome ¢ 4 fama da lutida nobreza que 0 acompauhaya curvariam a ecrvir 0s portugue- den Siero an ona callido corpo d’excreito, Com estas presumpgdes , D. Luiz d'Haro, marquee del Carpio , conde-daque Olivares, 0. meado de Outubro de 1658, veio pessoalmente pdr novo assedio, emaisestreito que os precedeutes, praga d°Elvas: trazia comsigo 14:000 homens dinfanteria © 6:000 de cavalo ¢ artilheitos, com os petrechos bellicos ¢ munigies convenientes. Constavanesse tempo o recinto mia da praga de nove baluartes © dois meios baluartes, com suas cortinas , parapeitos .e terraplenos; ja 0 outeiro do ccvarie;ficave bora iiehandideidgntto now liter das fortificagdes; mas o monte de N. 8.* da Graga aine Ga se achava destituide de obras dofensivas assim ‘coino estava por acabar o forte de St. Luria, pos- to que estiversein concluidos os seus quatro baluar- tes; o monte de S. Podro tinha sido occupado por uum Donele de fachina, que se conservou xuarnecido 1m toda a duragio do eerco. moto D. Sancho Manuel , © deidade tintia acudido guerza,, cubigosa de se distinguie nos foitos mareiaes , para que se nio deslustrasse a honrada memoria de seus maiores, nem os nggressores , tantas veres de= Trellados , ousassem algar © firmar seus estandartes no solo da patria, que aquelles haviam defendido e consersado independent jem melo de racy do o- lamidades, © de pelejas reuhidas com prodigios Tonudltor de valentia'e: Adalidade, Meyiulde tara hido a limitada porgio de tropa que serviu de easco a0 exetcito de soceorroy compunha-se a da praga de 11:000 1 re soldados pagos 5 ausiliares, ¢ de ordenanga: reinavam porem gran- des enfermidades, resultado do contagio que trou- xeram os que nesse mesmo anno estiveram cercando Badajor, molestias que, disseminande-se pelo rei- no, eausaram gravissimos obstaculos & reuniio. das levas de gente com que devia eompletar-se 0 exer- tito de soccorro. Em Elvas sitinda subiu de ponto a mortandade , por falta de medieamentos, pelos apu- 10s do eoreo, ¢ por tod ° circumstancias_ordinariamente flagella tiosaaggregagio d’homens encerrados em di espago: note-se que a final até faltava a terra para dar sepultura aos cadaveres, no podendo ser enter- rados nos fossos, abertos pela maior parte em rocha Niva. Sio fucois de comprehender as ponderosas e ar- duas difficuldades que tinham de vencer os defenso- res para se manterem no entanto, antes que os cas- telhanos cerrassem aslinhas, conseguiram illudir-Ihes O PANORAMA. a vigilanciay ou romper 0 cordiioy muitos officiaes soldados ¢ outros individios quediariamente levavam 0D. Laiea, entio regente do reino pela me aes ds De Affono 8.0 20 commanente do ‘exercito de soccorro, os avisos das ovcorrencias dosi- tio, edo mesmo modo entraraw, um grande comboi de trigo e cevada , vindo de Campo-Maior , os ma timentos e refrescos para 08 doeutes » ¢ alguns off cies @ outras pestoas distinetas que coneorriam a to- mar parte na defensio, ou eram portaores de or- dens © participagies importantes dirigidas a0 gover- nador da praga. Nio faltayam as munigies deg ra @ 0s viveres 36 escacearam depois que of caste- Thanos apresaram subitamente o gado que pastava Sra das esplanadas, entio chegou uma galinha. 20 exorbitante prego de 78.000 1.8, e nos ultimos dias do cerco nem por dobrada quantia era possivel obté- Ja: igualmonte vieram a faltar os legumes © horta- igas y ficando 08 sitsados reduzidos a ter unicamente po por alimento. A palha © fono pars er savallos {ambem faltava, e era este 0 unico obstaculo que im- pedia o haver maior forca de cavalleria, porquanto has frequentes sortidas muitos cayallos se tomaram aos ceastelhanos, havendo companhia a que por este meio ‘couberam noventa apanbados no decurso do sitio. E cousa por corto notavol , © grandemente honco- sa para esta inclita nagio portugueza que nfo obstan~ te as privagées e08 padecimentos que ma pragt s0.cx- perimentaram, nem um s6 dos seus defensores fugin della a0 passo que os sitiantes, por causa do maa abrigo contra os feios © chuvas que cntio foram for- tes @ ubundantes, desertavam quotidianamente em grande numero, uns para os Lares paternos outros para as pragas portuguezas mais proximas, ¢ alguns ira a theama quoamediatants Os nowot governado- res de Juromenha e Villa-Vigose pagavamn premio & todos os que so lhes appresentavam equipados , ou montados: pelo que nfo engrossava o exercita con- trario npesar dos numerosos reforgos, que de Hespa- tuba The eram frequentemente enviados. (Coneluir-secha), Pursrrre 2.9 d’Hespanba , que por morte do ea deal rei usurpon a corda portaguera , entrow uma vex em certa aldéa da nossa Estremadira, © aposen= tou-se , por ter anoitecide , em casa d’um farto la- vrador, onde fot bem hospedado , pelo que queren- dd retibie 4 dono, da ay The ise fo seguints lin & despedida que pedisse a graga que Ihe pareces- say gueteae'jele a coueslara: io ord coe mitiva do monureha em to poucas hioras tinham fei- to muito estrago na fazenda do lavrador : respondew teste a Philippe: Senkor 5 a graca unica, que peco , é que we V. M. houver de passar outra vex por estes sitios ndio se lembre de pernoitar nesta aldéa , ot pelo menos em minha casa. Como @ incensg af resents depois de qusimado a gloria dos grandes homens refulge sem eclipse depois de mortos. (Os panegyricos, que fat certa gente de gosto estra- gado, io verdadeiros vituperios no yoeabulario dos intelligentes. Os maus se associam com mais frequencia que os bons, recomhecem a sua feaqueza moral na opinito da maioria humana,

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