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MEDICINA LEGAL

CONCEITO

"É a medicina a serviço das ciências jurídicas e sociais". (Genival V. de França)

IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA

Diz o professor GENIVAL VELOSO, ela “não se preocupa apenas com o indivíduo
enquanto vivo. Alcança-o ainda quando ovo e pode vasculhá-lo na escuridão da
sepultura”.

A Medicina Legal está presente durante toda a vida do indivíduo.

Art. 2.º do Código Civil diz: “A personalidade civil da pessoa começa com o
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo desde a concepção os direitos do nascituro”.

A medicina legal vem aqui socorrer ao direito com provas que determinam que
houve o nascimento com vida, ou não.

Estas provas se chamam “docimasias”, que significa: “eu provo”.

DOCIMASIA HIDROSTÁTICA PULMONAR DE GALENO

- pulmão lançado na água: Se boiar é porque respirou, se não boiar não respirou.

- Nasceu com vida ou não;

- É sujeito de direitos ou não.

FIM DA PERSONALIDADE JURÍDICA

6º do código civil diz:

“a existência da pessoa natural termina com a morte”.

- Caso não reste comprovada a morte, poderá ser declarada a ausência.

- A medicina legal tem importância no início, durante e após a vida.

COMORIÊNCIA E PREMORIÊNCIA ( OU PRIMORIÊNCIA)

art. 8º do código civil:

“se dois ou mais indivíduos faleceram na mesma ocasião, não se podendo averiguar se
algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos”.

Determina-se a primoriência e estima-se a Comoriência.

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RELAÇÕES DA MEDICINA LEGAL COM O DIREITO

• DIREITO PENAL - lesões corporais, aborto, infanticídio, estupro, homicídio,


suicídio e acidente.

• DIREITO CIVIL - investigação de paternidade, anulação de casamento por


impotência ou mesmo doença grave, testamento na prova de incapacidade de
testar, direitos do ovo, do recém nascido.

• DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PENAL – psicologia da testemunha, do


autor e da vítima – psicopatologia forense.

• DIREITO TRABALHISTA teremos as doenças e acidentes do trabalho, estudo


das intoxicações p. ex. por chumbo, infortunística, insalubridade.

• DIREITO PENITENCIÁRIO estuda-se a psicologia do encarcerado, a


possibilidade de liberdade condicional para psicopatas como esquizofrênicos e
“serial killers” entre outros.

• DIREITO DOS DESPORTOS, nas lesões dolosas ou culposas no pleno


exercício do direito que é desporto, exames de dopping, entre outros.

DIVISÃO DE ESTUDO DA MEDICINA LEGAL

• A) Antropologia Forense: (identidade e a identificação do homem mediante


estudo: da idade, sexo, raça, altura, peso, sinais individuais, sinais profissionais,
dentes, tatuagens, etc. e a identificação judiciária é feita através da
antropometria, datiloscopia etc).

• B) Traumatologia Forense : (lesões corporais de todas as espécies como:


queimaduras, asfixias, etc.).

• C) Sexologia Forense: (sexualidade, matrimônio, gravidez, aborto,


contaminação venérea, etc.).

• D) Tanatologia Forense: (morte, tempo da morte, fenômenos cadavéricos,


necropsia, embalsamamento, direitos sobre o cadáver, etc).

• E) Toxicologia Forense: (envenenamentos,abuso de drogas, e etc.

• F) Psicologia Judiciária: (capacidade civil e responsabilidade penal, psicologia


do testemunho e da confissão, inteligência, fatores e avaliação.)

• G) Psiquiatria Forense : (doenças mentais, psicoses, etc.)

• H) Criminologia: Estuda o crime e do criminoso.

• I) Infortunística: (acidentes do trabalho, doenças profissionais)

• J) Jurisprudência Médica: (exercício profissional, erro médico, etc).

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DOCUMENTOS MÉDICO LEGAIS

NOTIFICAÇÕES:

Conceito: “São comunicações compulsórias feitas pelos médicos às autoridades


competentes de um fato profissional, por necessidade social ou sanitária, como
acidente do trabalho, doenças infecto-contagiosas, uso habitual de substâncias
entorpecentes ou crime de ação pública que tiverem conhecimento e não
exponham o cliente a procedimento criminal”. (G.V.França)

Art. 269 CP: “Deixar o médico de denunciar a autoridade pública, doença de


notificação compulsória”. Pena - detenção de 6 meses a 2 anos e multa.

Lei 6259 de 30/10/75: “Constituem objeto de notificação compulsória as


doenças seguintes relacionadas ...”:

ATESTADOS:

CONCEITO: É a afirmação simples e por escrito de um fato médico e suas


conseqüências”. Tem fé pública (Souza Lima)

CLASSIFICAÇÃO:

Oficioso - justifica AUSÊNCIA (trabalho, escola, etc)

Administrativo – funcionários públicos para licenças, etc;

Judicial – para a justiça, atendendo solicitação do juiz.

RELATÓRIO:

Conceito: É a descrição minuciosa de um fato médico e de suas conseqüências,


requisitadas por autoridade competente. (Tourder)

Espécies:

AUTO quando é ditado pelo perito ao escrivão, durante ou logo após a


realização da perícia.

LAUDO quando é redigido pelo(s) próprio(s) perito(s), posteriormente ao


exame.

Partes:

a) Preâmbulo: intróito (identificações, qualificações gerais dos peritos, das


partes, do objeto da perícia e horário).

b) Quesitos: perguntas.

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c) Histórico: registro dos fatos mais importantes.

d) Descrição: Contém o “visum et repertum” É a descrição minuciosa, clara,


metódica e objetiva de todos os fatos apurados diretamente pelo perito. Constitui
a parte essencial do relatório.

e) Discussão: Exposição da opinião dos peritos que conduzirão à conclusão.

f) Conclusão: constituindo a dedução sintética natural da discussão elaborada.

g) Resposta aos Quesitos: As respostas aos quesitos formulados devem ser


precisas e concisas.

PARECER MÉDICO-LEGAL:

É a resposta escrita de autoridade médica, de comissão de profissionais ou de


sociedade científica, a consulta formulada com o intuito de esclarecer questões
de interesse jurídico.

• DEPOIMENTO ORAL:

• São os esclarecimentos dados pelo perito, acerca do relatório apresentado,


perante o júri ou em audiência de instrução e julgamento.

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ANTROPOLOGIA FORENSE

Antropologia é a ciência que estuda o ser humano a sua origem e evolução não
somente em seu aspecto físico, mas também no social e cultural.

A Antropologia Forense é a parte da Antropologia Geral que interessa à


Medicina Legal, especificamente em duas modalidades: a identificação policial ou
judiciária e a identificação médico legal.

Identificação

É o conjunto de técnicas, métodos e sistemas pelos quais se obtém a identidade


de alguém.

É a demarcação da individualidade verificada através de diligências efetuadas no


vivo, no morto, em animais e coisas.

Métodos:

Médico: (conhecimentos médicos)

Policial: (antropometria e datiloscopia)

Reconhecimento

É também processo de identificação todavia sem técnica de base científica,


apenas utilizando-se da comparação empírica.

Tanto o reconhecimento quanto a identificação consistem em demonstrar-se que


determinado corpo humano que se apresenta naquele momento, é o mesmo que já havia
se apresentado anteriormente. Na identificação, diverso do reconhecimento que não se
utiliza de base técnico-científica, a mesma é utilizada.

MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

- Empírica

- Antropométrica

- Fotográfica

- Tatuagens, Sinais Individuais e mutilações

- Datiloscopia

EMPÍRICA

Se resume a simplesmente descrever as características mais evidentes de uma pessoa.

Ex. homem, mulher, gordo, magro, alto, baixo, negro, branco etc.

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ANTROPOMÉTRICA

Consistem na medição de ossos, tamanhos do indivíduo.

Identificação de ossadas:

• Bacia: identifica-se o sexo através de seus ângulos.

• Crânio: identifica-se pelas suturas das fissuras cranianas a idade tendo-se como
limite máximo trinta e cinco anos, além da raça (caucasiano, negróide, indiano,
mongólico e australóide), tal identificação procede-se pela observação de
determinados ângulos característicos de cada raça.

• Tórax: O tórax do homem tem um formato de um cone, enquanto que o da


mulher tem um formato mais oval.

RAÇAS:

• Negroide, prognata (maxilar projetado), platirrino (nariz


espalhado), cabelos crespos, pele negra, crânio pequeno, fronte alta.

• Caucasiano: ortognata (mandíbula e maxilar alinhado),leptorrino


(nariz para frente.), formato do crânio oval e etc.

• Indiano, pele amarela tendendo ao avermelhado, cabelos lisos


negros e espessos, olhos castanhos, orelhas pequenas, estatura alta
e nariz saliente.

• Australóide, pele trigueira, estatura alta, cabelos pretos,


ondulados e longos; dentes fortes, nariz curto e com narinas
afastadas.

• Mongólico, pele amarela, cabelos lisos, face achatada, fronte


(“testa”) larga e baixa, maxilares pequenos.

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Más Formações

Reveste-se de grande importância. Ex. fraturas com


consolidação viciosa, calos ósseos, lábio leporino, dentre outros.

Cicatrizes

Podendo ser elas de diversas origens, tais como varíola, vacinas,


cirúrgicas, acidentais, patológicas etc.

Dentes

São importantes, principalmente nos carbonizados e em esqueletos. Caries,


próteses, diastema, tipos de restauração, etc., que são comparadas com as fichas,
prontuários e radiografias.

• TATUAGENS:

É uma forma de identificação que pode excluir ou auxiliar na identificação de uma


pessoa. Geralmente, as pessoas fazem para demonstrar um sentimento ou uma
identificação com algum tipo de grupo, etc.

É comum em presidiários e existem tatuagens de possibilitam identificarem a espécie de


crimes que o sujeito já cometeu. Fica fácil o reconhecimento, tanto para os criminosos
(entre eles) quanto para os policiais.

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DESTATUAGEM

Pode ser natural ou artificial, depende muito da substância corante utilizada.


Segundo Lacassagne, Tardieu e outros, temos que:

1 – Tatuagens vermelhas são de pouca duração até 2 anos.

2 – Efetuadas com pólvora desaparecem lentamente.

3 – A base de tinta de Nanquim tem sua cor diminuída sem, todavia desaparecer.

4 – Tinta azul ou preta não desaparece e praticamente não perdem a coloração.

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SISTEMA DECADACTILAR DE VUCETICH

Desenvolvido por Juan Vucetich em três sistemas básicos para identificação:


Fórmula dactiloscópica, sistema por deformidade e outros pontos de identificação.

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FÓRMULA DACTILOSCÓPICA
Importante para a fração:
V (verticilo) = 4
E (presilha externa) = 3
I (presilha interna) = 2
A (arco) = 1
Obs.: Deformidades
Cicatriz = X
Ausência de falânge = 0

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Outros pontos de identificação:

• São outros desenhos existentes junto aos desenhos anteriores. Aqui temos:

Ilhota - pequeno fragmento de uma linha (crista).

Cortada - extensão maior de uma linha (crista).

Forquilha - linha que se bifurca formando um ângulo agudo.

Bifurcação – linha que se bifurca formando um ângulo obtuso amplo.

Encerro – são duas linhas cortadas que se cruzam formando um espaço fechado.

Todos os indivíduos de uma população a ser identificada que tiverem pela forma
comum representada pela fração resultante da análise das cristas papilares, conforme
explicado na lousa. Exemplos: A4214, A2421 ficam arquivados em conjunto,
facilitando, dessa maneira, a identificação.

As cristas não são lineares e formam inúmeros desenhos. Ex.: ao examinar


determinada impressão, se encontrados 12 (doze) pontos de coincidência, pode-se
identificar certamente o indivíduo.

A esse sistema de identificação dá-se o nome de sistema decadactilar 10 (dez)


dedos.

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Verificação dos pontos característicos entre duas impressões digitais: à esquerda, a
encontrada no local de crime; à direita, a colhida do suspeito.

INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Medicina Legal - 7ª edição

Autor: Genival Veloso de França


Rio de Janeiro - 2008
Editora Guanabara Koogan S/A

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PERÍCIAS CRIMINAIS (16/04/2018)

RESPONSABILIDADE PENAL E DEPENDENCIA QUÍMICA

1 – Conceito

Conjunto de condições pessoais que da ao agente capacidade para lhe ser


juridicamente imputada um ato punível.

É preciso que haja uma lei anterior que diga que o fato é um crime.

O agente que cometeu um crime vai responder perante a sociedade ou a justiça pelo
crime que cometeu.

A) Responsabilidade Penal;

1 – Dever jurídico de responder pelos seus atos;

2 – Determinada pelo juiz, dependendo da capacidade de imputação;

B) Imputabilidade Penal;

1 - Capacidade de entender e de querer;

2 – Avaliada pelo Psiquiatra Forense;

C) Incidência de Dependência Toxicológica;

Perícia pode ser solicitada:

 Família;
 Juiz;
 Promotor;
 Advogado;

D) Perícia de Avaliação de Toxicológica;

Avaliação de Imputabilidade Penal

Biológico – basta ter uma doença mental, Perturbação Saúde Mental,


Desenvolvimento Incompleto ou Retardado;

Psicológico – Condição Emocional Especial;

Biopsicológico – (Brasil) Não basta ter doença mental, é necessário ao tempo do


fato, ter tido comprometimento total ou parcial da capacidade de entender o caráter
ilícito do fato ou da capacidade de determinar-se de acordo com este entendimento.

Artigo 26 Código Penal, 1946 –“ É isento de pena o agente, que por doença
mental ou desenvolvimento incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou omissão,

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totalmente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento”.

Artigo 26 Código Penal – Capacidade Diminuída: “A pena pode ser reduzida de


uma a dois terços se o agente em virtude da perturbação da saúde mental ou do
desenvolvimento incompleto ou retardado, ao tempo da ação ou omissão, não possuía a
plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato e/ou determinar-se de acordo
com este entendimento”.

IMPUTABILIDADE

1 – Imputabilidade – Pena;

2 – Semi-imputabilidade; Medida de Segurança, tratamento ambulatorial ou hospitalar

3- Inimputabilidade – Redução da pena;

INCIDENTE DE DEPENCÊNCIA - ALCOOL

Embriaguez

1 – Embriaguez voluntária ou culposa não exclui a imputabilidade penal (artigo 28 CP).

2 – Embriaguez ordenada pode agravar a pena (artigo 61 CP).

3 – Acto Libera in Causa. Embriaguez (artigo 28 CP):

Duas Exceções

1 – Embriaguez Completa por caso fortuito ou força maior, mais inteiramente incapaz;

2 – Embriaguez por caso fortuito ou força maior mais parcialmente incapaz;

Caso fortuito – Ingestão Acidental;

Força Maior – Ingestão por Coação;

Dependência de Álcool – Não está prevista na Lei;

Possibilidades:

Dependência Física mais embriaguez= Considerar o como Força Maior;

Dependência Física/Síndrome de Abstinência = considerar como doença mental ou


perturbação da saúde mental;

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INCIDENTE DE DEPENDENCIA – OUTRAS DROGAS

Lei 6.368/76 - Artigo 12, 16, 19;

Lei 11.343/2006* – Artigo 33, 28, 45 e 46;

(*) Capítulo II Das Atividades de atenção e reinserção social de usuários ou


dependentes de drogas.

Lei 11.343/2006 Artigo 45 - “É isento de pena o agente que, em razão da dependência,


ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da
ação ou omissão, qualquer que tenha sido a ação penal praticada, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

Parágrafo Único – Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que
este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput
deste artigo, poderá determinar o juiz, o seu encaminhamento para tratamento médico
adequado.

Artigo 46 – As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terço se, por força das
circunstancias previstas no artigo 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação
ou omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.

SEMI IMPUTABILIDADE OU INIMPUTABILIDADE

A Pena pode ser reduzida de um terço a dois terços, que cabe ao Juiz:

 Doença Mental;
 Perturbação da Saúde Mental;
 Desenvolvimento Mental incompleto ou Retardamento Mental;

Linguagem Jurídica

Doença mental Psicoses, demências


Perturbação saúde mental Transtorno da personalidade
Desenvolvimento mental retardado Retardo mental
Desenvolvimento mental incompleto Não conseguiu maturidade

PERÍCIA

Capacidade de determinação. Momento volitivo da responsabilidade.

Violenta emoção ou Paixão: Não Diminui a responsabilidade penal;

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EMBRIAGUEZ: Não exclui a responsabilidade o agente que por embriaguez comente
um crime:

Acidental:

1 – Por causo Fortuito: Por suco colocado por outra pessoa.

2 – Força Maior: Ingestão por coação, Obrigada;

Não Acidental (Porque quis):

1 - Culposa: Por recreação e foi imprudente;

2 – Pré-Ordenada: Propositadamente para cometer crime;

PERÍCIA (Tempos depois)

Teste Embriaguez: Completa ou Incompleta;

Narração: Antes, Durante, Após delito;

Testemunhas;

Perícia: Não basta diagnosticar, é preciso avaliar nexo causal, para o delito descrito na
denuncia.

 Imputável;
 Semi – Imputável;
 Inimputável;

NEXO DE CASUALIDADE

Alteração da consciência, turvação ou obnubilação;

Capacidade de Entendimento;

Capacidade de determinação;

Não tanto a quantidade mas a magnitude do comportamento logo após o uso; Agitação
psicomotora intensa, excitabilidade, agressividade, frangofilia, turvação do sensório e
obnubilação da consciência, amnésia lacunar posterior, hostilidade, mania a potu.

Uso Nocivo – Não reduz nem elimina a responsabilidade;

Síndrome de dependência – Tolerância, Abstinência;

Abstinência: Por redução ou suspensão do uso da substância.

1. Sudorese Intensa;
2. Náuseas e Vômitos;
3. Diarreia;
4. Taquicardia;
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5. Taquipnéia;
6. Tremores Intensos;
7. Palidez;
8. Incontinência Fecal ou Urinária;
9. Hipotensão Arterial;
10. Miocimias e Mioclonias;

Se foi praticado em razão da abstinência;

Se tem nexo de casualidade com ela;

Se as capacidades de entendimento ou de determinação foram abolidas ou reduzidas;

Doença Metal: Delírio; Transtorno Psicótico, Síndrome Aminéstica, Transtorno


Psicótico residual ou de instalação tardia.

CAUSAS DE EXCLUSÃO DE IMPUTABILIDADE

 Doença Mental;
 Desenvolvimento Mental Incompleto;
 Desenvolvimento Mental Retardado;
 Embriaguez Completa, proveniente de caso fortuito ou força maior;

LAUDO

 Identificação;
 Dados do Processo;
 Versão do Periciado dos fatos;
 Antecedentes Pessoais e Familiares;
 Exame de Estado Mental;
 Discussão e Conclusões;
 Respostas aos Quesitos;

EXAME DO ESTADO MENTAL

Mundo Interno

FUNÇÕES
FUNÇÕES CENTRAIS FUNÇÕES
APARENTES ENERENTES
Memória
Mundo Aparência Mundo
Atenção
Externo Humor / Afeto Geral Externo
Sensopercepção Linguagem
Pensamento
Coraçã
Orientação
Funcionamento
Intelectual
Consciência: Todo Psico momentâneo

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CONCLUSÕES PERICIAIS

1. Há transtorno mental?
a) Não – Encerrada;
b) Sim;
2. Diagnóstico: Terminologia Jurídica / CID 10
3. Em razão do transtorno mental diagnosticado, qual a capacidade de
entendimento?
4. Em razão do transtorno mental diagnosticado, qual a capacidade de
determinação?

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EMBRIAGUEZ ALCOÓLICA (23/04/2018)

Alcoolismo: é o termo que designa as anomalias clínicas resultantes de intoxicações


pelo consumo excessivo e prolongado de bebidas alcoólicas.

Causa Real do Alcoolismo: desconhecida, sendo uma predisposição do alcoólatra em


razão de algum transtorno psicoemocional (auto-afirmação, alívio de tensão, etc.)

FASES DO ALCOOLISMO

Segundo estudos da OMS, para que uma pessoa se torne um alcoólatra, em regra, passa
por quatro fases:

A) Socialmente (pré-alcoólica) – dura de seis meses a dois anos (bailes, formaturas,


etc);

B) Escondido (beta de Jellineck) – instalação do hábito de beber escondido


acompanhado de sentimentos de culpa, vergonha e agressividade;

C) Exagero (crucial) – o consumo do álcool se torna exagerado, o comportamento


agressivo, abandono do trabalho e atrito com familiares, diminuição de atividade sexual;

D) Fase crônica – decadência progressiva do indivíduo, física, psíquica e social.

Alcoólatra (OMS): é o “bebedor excessivo, cuja dependência chegou ao ponto de lhe


criar transtornos em sua saúde física, ou mental, nas relações interpessoais e na sua
função social e econômica e que, por isso, necessita de tratamento”

Efeitos do álcool: interfere na capacidade motora e psíquica, causando lentidão no


raciocínio, dificuldade de assimilação e pode inibir a resposta sexual.

Tipos de bebidas:

- Fermentados: Cerveja, Vinho, etc.

- Destilados: Whisky, pinga, vodka, etc;

- Levemente alcoolizados: licor, vinho do porto

O álcool tem grande afinidade com a gordura, portanto, estando na corrente sangüínea
irá procurar local rico nesse elemento, no caso, o cérebro, que contém grande
quantidade de gordura.

FASES DA EMBRIAGUEZ:

- Excitação: o indivíduo fica agitado (macaco);

- Confusão: Agressividade (leão);

- Sono: sonolência (porco)

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Tipos de Embriaguez:

a) Acidental – é aquela embriaguez fruto de força maior ou caso fortuito. O saudoso


mestre Mirabete, em seu Manual de Direito Penal, ministrou que essa espécie “trata-se
de caso de exclusão da imputabilidade e, portanto, da culpabilidade, fundado na
impossibilidade da consciência e vontade do sujeito que pratica crime em estado de
embriaguez completa acidental”. É a hipótese aventada no § 1º do artigo 28 supra
destacado.

b) Não Acidental – é a voluntária ou culposa (prevista no art. 28, II, CP). Na


voluntária, o agente quer beber, mas não para cometer crimes (o agente simplesmente
quer embriagar-se); na culposa, o agente negligentemente ou imprudentemente se
embriaga (é o exagero). Esse tipo de embriaguez não exclui a punibilidade, mesmo
quando completa.

Patológica – É a embriaguez doentia (alcoolismo). É equiparada a uma


anomalia psíquica. O Professor Bitencourt resolve a questão, concluindo que “a
embriaguez patológica manifesta-se em pessoas predispostas, e assemelha-se à
verdadeira psicose, devendo ser tratada, juridicamente, como doença mental, nos
termos do art. 26 e seu parágrafo único”.

A embriaguez patológica, então, é equiparada a uma doença, não


encontrando guarida legal no artigo 28, cerne do presente estudo, mas sim no
artigo 26, que trata das hipóteses de inimputabilidade.

Preordenada – o agente se embriaga para cometer crimes (é proposital). Não


exclui a imputabilidade penal, pois, o agente se embriaga para fortalecer sua coragem,
podendo, ainda, ter sua pena agravada por essa circunstância (art. 61, II, l, CP).

INIMPUTÁVEIS

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:

I - ...

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.

Embriaguez completa:

§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso


fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

Embriaguez incompleta
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§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez,
proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.

EXAMES:

• Clínico: Valor absoluto de prova: hálito alcoólico, vômitos, sonolência, coma,


arrogância, prova de Roomberg (equilíbrio), prova do quatro, fala distorcida,
grafia, etc.

• Bafômetro: Tem valor relativo;

• Químico: dosagem alcoólica na corrente sanguínea

FATORES QUE ACELERAM OU RETARDAM A INSTALAÇÃO DA


EMBRIAGUEZ

- Vacuidade gástrica (acelera);

- Velocidade da ingestão;

- Medicamentos;

- Peso;

- Sexo; etc

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ENERGIAS DE ORDEM FÍSICA

I) CALOR: DIFUSO OU DIRETO

A) DIFUSO: Espalhado - Pode ocasionar:

1) INSOLAÇÃO: O calor encontrado no meio ambiente, pode agir sobre suas


vítimas por maus tratos ou acidente, causando a insolação, podendo ocasionar
desidratação, hipotensão, diminuição da consciência e até a morte. Interesse jurídico:
investigação de maus tratos
Lesão: eritema simples (vermelhidão)

2) INTERMAÇÃO: ou confinamento: Dá-se pela permanência em locais pouco


arejados, gerando um enorme calor, desidratação e aumento da frequência cardíaca,
podendo chegar ao coma e, por vezes, até a morte.

B) DIRETO: Queimaduras de 1º, 2º, 3º e 4º graus

1º grau: derme, vermelhidão na pele, eritema (sinal de Christinson);

2º grau: derme + epiderme, flictenas (bolhas) (sinal de Chambert);

3º grau: derme + epiderme + músculos, escarifação, cicatrizes horríveis;

4º grau: carbonização: derme + epiderme + músculos + ossos: tais queimaduras podem


ocultar fraturas - Sinal do pugilista:

Síndrome de Munchausen: Desvio de personalidade de pais que, com intuito


de chamar a atenção para si, maltratam seus filhos.

Queimaduras simétricas: Podem ser originadas por maus tratos, exemplos:

- água fervendo 100º: 10 a 15 seg. para queimaduras de 1º grau e cerca de 1


min. Para uma queimadura de 3º grau;

- cigarro 3000º : leva cerca de 30 segundos para uma ocasionar uma


carbonização.

Perícia: Vivo ou morto?

A perícia analisa o corpo e, através dos diagnósticos abaixo indicados, constata


se a queimadura ocorreu em vida ou após a morte:

Eritema: não é produzido após a morte;

Flictenas: no vivo é rica em líquido seroso, no vivo com coloração amarelada e


com eritemas, no morto com líquido achocolatado.

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Exame de necropsia encontram fuligem na traqueia e brônquios, queimaduras
internas e CO abundante na corrente sanguínea.

II) ENERGIA ELÉTRICA

A) Natural: Raios cósmicos (descargas rapidíssimas das nuvens para o solo e do solo
para as nuvens - geralmente nos picos de montanhas). Os raios possuem uma carga
elétrica de aproximadamente 300.000 watts, 2cm de espessura por 30 cm de largura.
Os raios procuram as extremidades e líquidos são ótimos condutores da descarga.

Situações de lesões:

1) Fulguração: passagem de energia elétrica pelo organismo, sem o evento morte.


2) Fulminação: passagem de energia elétrica pelo organismo, com o evento morte.

Sinais Típicos:

a) Vasoplegia: o raio entra pelas veias que conduzem líquidos (sangue),


causando petrificação das mesmas (sinal de Lichtenberg);

b) Imantação de medalhas: estampa medalhas, correntes, relógios na derme.

B) Industrial: (ou artificial)

Doméstica: Correntes alternadas

Condutoras: correntes contínuas

Baixa tensão: menos de 250 volts, age direto no coração, causando fibrilação
(contração das fibras do coração, descoordenando este.)

Alta tensão: mais de 250 volts, age sobre o centro respiratório ocasionando para
respiratória.

Eletrocussão: passagem da corrente elétrica industrial pelo organismo humano com o


evento morte.

Eletroplessão: Passagem da corrente elétrica industrial pelo organismo humano sem o


evento morte.

Sinais típicos:

a) Marca Elétrica de Jellineck: Trata-se de queimadura com profundidade variável,


bordas rígidas e enegrecidas, que não doem e não infeccionam.

b) Metalizações Elétricas: Lesões simples e superficiais formadas pela impregnação na


pele por partículas elétricas dos condutores, como se fossem tatuagens metálicas,
destituídas por esfoliação.

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c) Queimaduras Elétricas: Provocadas por correntes de alta tensão que pode atingir até
o 4º grau de queimadura ou apenas inflamação, febre, dores e fica com o formato do
condutor.

Lesões causadas por baixa tensão, acidente com refrigerador doméstico.

Lesões causadas por baixa tensão,


acidente com refrigerador doméstico.
Sinal de Jellineck.

QUEIMADURA ELÉTRICA

SINAL DE JELLINECK

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Morte por asfixia.
Eletricidade artificial.
Alta tensão

Queimaduras elétricas:
Forma dos condutores elétricos.
Eletricidade artificial.

Choque elétrico de baixa voltagem.


Sinal de Jellineck.

25
ASFIXIOLOGIA FORENSE

• É a parte da medicina legal que se dedica ao estudo das asfixias.

• Origem terminológica: a + sphyxis = “não pulsar”

• Asfixias são todas as formas de carência ou ausência de oxigênio, vital para o


ser humano, todas as anormalidades no processo respiratório.

Respiração = hematose

Eupinéia = respiração normal

Bradipnéia = diminuição

Taquipnéia = aumento freq. Respiratória

Apnéia = pausa ou susp. da respiração

Classificação das Asfixias

1 - Por modificação do meio ambiente

• Confinamento

• Soterramento

• Afogamento

2. Por constrição do pescoço

• Enforcamento

• Estrangulamento

• Esganadura

• 3. Por sufocação (direta ou indireta)

1. Direta Ativa:
a. Orifícios Externos
b. Vias Respiratória

2. Indireta ou passiva
a. Compressão do Torax

26
• SINAIS GERAIS DA ASFIXIA

• EXTERNOS

• CIANOSE FACIAL = (Máscara equimótica)

• ESPUMA = Cogumelo (boca e/ou nariz)

• PROCIDÊNCIA DA LÍNGUA

• EQUIMOSES EXTERNAS

• SINAIS GERAIS DA ASFIXIA

• INTERNOS

• FLUIDEZ SANGUÍNEA = não coagula

• EQUIMOSES VISCERAIS = petéquias (manchas de Tardieu)

• CONGESTÃO POLIVISCERAL

Asfixias por Modificação do Meio Ambiente

• Confinamento

• A modalidade mais comum de confinamento é o das pessoas que, num ambiente


compartimentado, têm o sangue enriquecido por monóxido de carbono. Ex.:
num comboio de trem a carvão, fechado sem oxigênio, o indivíduo morre
asfixiado.

• Soterramento

• Soterramento é a asfixia no meio terroso.

• É uma asfixia clássica. Ocorre a sufocação direta, indireta, mais a imersão em


meio não respirável (sólido).

• É possível , também, o soterramento em grãos (soja, trigo etc.).

Afogamento

• Afogamento é a asfixia no meio líquido: pode ser água, tanque de coca-cola,


álcool, gasolina etc.

27
• Num primeiro momento, o afogado tem a fase de surpresa: fica agitado e segura
ao máximo a respiração. Quando não agüenta mais, respira profundamente
inundando os pulmões de água. Entra em concussão e morte aparente. Após isso,
o coração bate por mais ou menos 9 minutos.

Sinais externos do afogamento

• Baixa temperatura da pele: (mais fria).

• Pele anserina: arrepiada pelo mecanismo pilo-eretor (Sinal de Bernt.)

• Contração : os mamilos, a bolsa escrotal, pênis e clitóris são contraídos.

• Maceração da pele palmar e plantar:

• Sinais externos do afogamento

• máscara equimótica: o rosto fica preto, devido à quantidade de sangue


acumulado.

• Cogumelo de espuma: espuma branca ou rosada que sai da boca e dos


orifícios nasais.

• Lesões por animais aquáticos: são comuns nos afogamentos.

• Sinais internos de afogamento

• Inundação das vias aéreas com líquido: as pessoas se afogam em vários tipos
de líquido.

• Lesão dos pulmões: apresenta um pontilhado de manchas chamadas de manchas


de Tardieu. Quando o processo de afogamento é mais demorado, essas manchas
podem ser grandes, recebendo o nome de manchas de Pautalf

• Sinais internos de afogamento

• Presença de líquidos no aparelho digestivo: o indivíduo também engole água,


além de inspirá-la.

Asfixias por constrição do pescoço

Enforcamento

Enforcamento é a constrição do pescoço por um instrumento chamado laço e a


força que constrange é a do próprio indivíduo.

No enforcamento, a força constritiva é o próprio peso do indivíduo. 15 kg são


suficientes para que ocorra o enforcamento

28
Tipos de enforcamento:

a) Suspensão completa - Quando há uma distância considerável entre o corpo e o chão.


O corpo, verticalizado, fica solto no espaço, sem contato com o plano de sustentação.
b) Suspensão incompleta - Quando o corpo não fica inteiramente pendurado. Ex.:
amarrar o laço numa janela.

ENFORCAMENTO:

Constrição do pescoço por um laço, acionado pelo próprio peso da vítima.

SULCO CERVICAL: Oblíquo, Ascendente e Descontínuo, Com Borda Superior


Saliente.

29
PETÉQUIAS CONJUNTIVAS

NÓ TÍPICO NÓ ATÍPICO

CIANOSE DA PELE

DEVIDO À
FALTA DE
OXIGÊNIO 30
COGUMELO DE ESPUMA

SINAIS INTERNOS:
EQUIMOSES PLEURAIS
LÍNGUA PROTUSA

SINAIS INTERNOS: SANGUE ESCURO

31
PÉRFURO-CONTUNDENTES

Instrumentos Pérfuro-Contundentes

São instrumentos que agem por um ponto, estendendo-se a um plano, caracterizam-


se, na maioria das vezes por projéteis deflagrados por arma de fogo.

Feridas Produzidas: são as chamadas pérfuro-contusas, cujas características são


modificadas de acordo com a arma utilizada.

Orifício de entrada:

tiro perpendicular – ferida circular;

tiro inclinado – ferida alongada

O orifício de entrada possui bordas invaginadas (invertidas) e é normalmente menor


que o projétil por ele invadido.

LESÕES PÉRFUROCONTUSAS

Lesões que causam

Perfuração e

Ruptura dos tecidos

Características do ferimento

Bordas irregulares

Predomínio da profundidade

Caráter penetrante ou Transfixante

Ao atingir o corpo, o projétil provoca rompimento na pele, formando um orifício em


forma tubular no qual se enxuga de seus detritos (orla de enxugo), arrancamento da
epiderme (orla de contusão). Ao se formar o túnel de entrada pequenos vasos se
rompem formando equimoses em torno do ferimento (orla equimótica).

32
ORIFÍCIO DE ENTRADA – ORLA (SEMPRE PRESENTES)

• ORLA DE CONTUSÃO: a pele se invagina e se rompe devido à diferença de


elasticidade de derme e epiderme;

• ORLA EQUIMÓTICA: zona da hemorragia oriunda da ruptura de pequenos


vasos;

• ORLA DE ENXUGO: zona de cor escura que se adaptou às faces do projétil,


limpando-os dos resíduos da pólvora;

• ZONA DE TATUAGEM: é resultante da impregnação de partículas de pólvora


incombusta que alcançam o corpo;

• ZONA DE ESFUMAÇAMENTO: é produzida pelo depósito de fuligem da


pólvora ao redor do orifício de entrada;

• ZONA DE CHAMUSCAMENTO: tem como responsável a ação


superaquecida dos gases que atingem e queimam o alvo;

ORLAS E ZONAS DE CONTORNO

1. Orla de enxugo 3. Zona de esfumaçamento

2. Orla equimótica 4. Zona de tatuagem


33
ORLA DE CONTUSÃO E ENXUGO

ANEL DE FISH

ZONA DE TATUAGEM

ORLA DE CONTUSÃO

Zona de tatuagem
ORLA DE ENXUGO

CHAMUSCAMENTO E ESFUMAÇAMENTO
TATUAGEM – SEM QUE A PESSOA TENHA
SOFRIDO O TIRO ORLA DE
ENXUGO

34
ZONA DE CHAMUSCAMENTO
OU QUEIMADURA

“Esta zona (...) é produzida pelos gases


superaquecidos e inflamados, que
atingem e queimam o alvo. Daí
apresentar-se, ao redor do orifício de
entrada, uma zona com pêlos queimados,
com a epiderme tostada, enegrecida e
com cheiro indicador de queimadura.”

Orifício de saída

O orifício de saída possui bordas evaginadas (evertidas) e é normalmente possui


diâmetro maior que o projétil por ele invadido.

Lesões Pérfurocontusas: Orifício de Entrada x Orifício de Saída

Entrada Saída

Regular Dilacerado

Invertido Evertido

Normalmente proporcional ao diâmetro do Desproporcional ao


projétil (exceção aos projéteis de ponta oca, diâmetro do projétil
principalmente os expansivos)

Com orlas e zonas Sem orlas e zonas

Exceções podem ocorrer:

• Tiro encostado

• Ricochete, o projétil perde sua propulsão (“bala perdida”)

35
• Dois ou mais projéteis sucessivos atingem o mesmo ponto na pele.

ORIFÍCIO DE SAÍDA

TRAJETO/TRAJETÓRIA

Trajeto: é o caminho percorrido pelo projétil dentro do corpo da vítima

pode ser

Transfixante

Não transfixante (projétil retido)

Trajetória: é o caminho percorrido pelo projétil fora do corpo (da arma até a
superfície atingida)

pode ser

Trajeto simples: resultante de projétil único

Trajeto múltiplo: resultante de projéteis múltiplos

FERIMENTOS POR PROJÉTEIS MÚLTIPLOS

36
ORIFÍCIO DE SAÍDA
BORDAS EVERTIDAS

Sinais atípicos:
1 - Sinal do “D”;
2 - Câmara de Mina de Hoffman;
3 - Sinal de Simonin;
4 - Sinal funil de Bonnet;
5 - Sinal de Pupe Werkgartner;
6 - Sinal do buraco da fechadura;
7 - Sinal do “T”;
8 - Sinal do pé de galinha;
9 - Sinal de Benasi.

Câmara de mina de Hoffman

SINAL DO “D”
TIRO
SINAL DE À
SIMONIN SINAL DE SIMONIN
VERIFICAÇÃO DAS
DISTÂNCIA,
ZONAS DE IMPRESSÃO O
NAS ROUPAS
PROJÉTIL
DA VÍTIMA.

ENTRA DE
FORMA 37

TRANSVERSAL
SINAL DE FUNIL DE BONNET
SINAL DE PUPE WERKGARTNER
PROJÉTIL NO CRÂNIO

SINAL DE BENASSI
SINAL DO “T”
TIRO ENCOSTADO NO CRÂNIO CAUSANDO
ACÚMULO DE PÓLVORA NA REGIÃO

38
TRAUMATOLOGIA FORENSE

É a parte da Medicina Legal que estuda as lesões corporais.

Energias de Ordem Mecânica: São energias que, atuando mecanicamente sobre


o corpo, modificam, completa ou parcialmente, o seu estado de repouso ou de
movimento.

De acordo com a lesão é possível dizer o tipo de instrumento utilizado.

INSTRUMENTOS CORTANTES

São os que, agindo por um gume afiado, por pressão e deslizamento, linear ou
obliquamente sobre a pele e os órgãos, produzem soluções de continuidade chamadas
feridas incisas.

Exemplos: navalha, bisturi, estiletes, faca, papel, capim-navalha, etc.

NÃO EXISTEM FERIDAS CORTANTES; CORTANTES SÃO OS


INSTRUMENTOS QUE PRODUZEM AS FERIDAS INCISAS.

• Características da feridas incisas:

a) Bordas lisas e regulares, quanto mais afiado o instrumento, com afastamento no


centro;

b) Caudas mais superficiais em relação ao centro;

c) Cauda terminal mais longa e contendo escoriações;

d) A extensão da ferida incisa será sempre superior à sua profundidade.

AGENTE CORTANTE – FERIDA INCISA

39
CONCLUSÕES INVESTIGATIVAS

Agente Destro: age da esquerda para a direita;

Agente canhoto: age da direita para a esquerda

Altura: Quando o agente for mais alto que a vítima, a cauda terminal tenderá para cima,
o inverso é verdadeiro;

Suicídio: lesões de hesitação ou titubeio, mãos sujas de sangue.

Lesões No Pescoço

a) Esgorjamento: Ferimento inciso, de profundidade variável, situado na região


anterior do pescoço;

b) Degolamento: Ferimento inciso, de profundidade variável, provocado na região


posterior do pescoço, na nuca;

c) Decapitação: Separação da cabeça e do corpo, decorrente de ferimento iniciado


na região posterior do pescoço;

DECEPAÇÃO
ESGORJAMENTO

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INSTRUMENTOS CONTUNDENTES

É todo agente mecânico que, atuando violentamente por pressão, deslizamento,


contragolpe ou força mista, traumatiza o organismo.

São instrumentos que atuam por um plano, exemplos: marreta, barra de ferro, tijolo,
balaústre, punho coronha, etc.

Provocam lesões contusas, decorrentes do impacto.

40
Espécies de contusões:

- Escoriações: desnudamento da epiderme, com formação posterior de crosta


hemática;

- Equimose: Ruptura de vasos de pequeno calibre, que invadem a trama tecidual;

- Hematoma: Ruptura de vasos de grande calibre, que invadem a trama tecidual;

- Rubefação: Traumatismo em que a pele fica de coloração avermelhada;

- Edema: Inchaço decorrente do impacto de menor intensidade.

Atuação:

Ativa: Agente lesivo se move de encontro à vítima (murro, paulada, pedrada, etc.)

Passiva: Vítima se projeta ao encontro do corpo contundente (bater o rosto na parede,


atropelamento, etc.)

EDEMA EQUIMOSE

41
ESCORIAÇÃO

ESPECTRO EQUIMÓTICO

O espectro equimótico manifesta-se o tempo necessário para a reabsorção do sangue


presente no tecido.
Até o 3º dia prevalece a cor VERMELHA.
Do 4º ao 7º dia, prevalece a cor AZUL.
Do 7º ao 12º dia, a cor VERDE.
A partir do 12º ao 22º dia, a cor AMARELA.

A medida em que o sangue vai sendo metabolizado, a lesão muda de cor.

É possível, a partir da verificação da lesão, saber a quanto tempo ocorreu.

42
INSTRUMENTOS PERFURANTES

São instrumentos que atuam por um ponto, são puntiformes (finos, cilíndricos),
exemplos: compasso, agulha, espinho vegetal, prego, etc.

Lesões ou feridas: produzem as chamadas lesões punctórias, decorrentes da


atuação dos instrumentos acima, cuja atuação decorre de movimentos por penetração ou
transfixação, tendo maior profundidade do que extensão (largura).

Ferida punctória – produzida por agulha de grosso calibre

43
INFORTUNÍSTICA (23/04/2018)

Conceito

São estudos médico e jurídico dos acidentes de trabalho e das doenças causadas
pelo exercício do trabalho em situações insalubres e perigosas, suas consequências,
meios de prevenir e repará-los, bem como define a Lei de Planos de Benefícios da
Previdência Social n° 8.213/91.

Na seara médica, os exames serão solicitados pela via administrativa com a


finalidade de assegurar ao acidentado a obtenção do beneficio previdenciário, pois a
norma vigente incube ao Instituto Nacional da Seguridade Social, com sua perícia
médica.
Já na seara judiciária, a perícia médica tem por finalidade de servir como auxilio
para os juízes para solucionar determinadas situações entre o acidentado e a seguradora,
como o INSS, ou mesmo uma seguradora privada.

CLASSIFICAÇÃO

São três situações para caracterizar a infortunística:

a) Acidente do trabalho: decorre do exercício da atividade laborativa, a serviço da


empresa, dentro ou a caminho dela, gerando dano físico ou perturbação funcional,
podendo resultar morte, perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade
laborativa;

b) Doença profissional: independe de nexo causal ou presumido, deve demonstrar a


existência da doença e estando no contrato de trabalho classificada como profissional,
tendo como certeza, quanto à doença devido ao exercício da atividade que o ocasionou
ou fez surgir ou agravar o estado patológico;

c) Doença do trabalho: resulta de condições especificas que a atividade laborativa se


realiza, exigindo, inclusive da demonstração de incapacidade e do exercício do trabalho,
devendo também provar o nexo causal.

Elementos caracterizadores do acidente do trabalho:

1- Existência de uma lesão ou dano pessoal: causa incapacidade permanente,


temporária ou mesmo morte, tendo sua origem no trabalho e ser caracterizada como
acidente, doença profissional ou doença do trabalho.

2- Incapacidade para o trabalho: Pode ser temporária ou permanente. Se permanente,


poderá ser total ou parcial.
A incapacidade temporária é quando mantém o trabalhador afastado por um período
inferior a um ano.
A incapacidade permanente parcial reduz a capacidade laborativa por toda a vida.

44
A incapacidade permanente e total para o trabalho é a invalidez, que reduz a
capacidade para a execução de qualquer atividade ou ocupação.

NEXO DE CAUSALIDADE

Trata-se da relação entre os efeitos (danos) do acidente e sua etiologia. No acidente-


tipo não é difícil estabelecer o nexo etiológico, bem como ocorre com as doenças do
trabalho, não pelo seu diagnóstico, mas pela relação entre causa e efeito.

Havendo vinculação dos efeitos (dano) a uma energia relacionada ao trabalho,


estabelece-se o “nexo causal”. A causa é o fator que desencadeia o acidente (morte ou
incapacidade), podendo ser única ou associada a causas secundárias, denominadas de
concausas, assim, podemos dividir em:

Preexistentes: Doenças em estado latente ou declarado e deficiências orgânicas que se


agravaram com o acidente ou contribuíram para que ele ocorresse. P. ex. hérnia.

Concomitantes: Há simultaneidade manifestada com o acidente, tornando confuso.


P.ex. hipotensão grave.
Supervenientes: São complicações do acidente ou mesmo atos médicos que objetivam
tratar o acidentado. P.ex. tétano.

Acidente de Trabalho – operador de máquina de corte

45
Acidente de Trabalho – com
furadeira

Acidente de Trabalho – operador esmagado pela pedra

Acidente de Trabalho – causado por explosão

46
ASPECTOS MÉDICOS – LEI 6.367 DE 24 DE DEZEMBRO DE 1976.

Conforme o artigo 2º da Lei n.º 6.367/76 "Acidente do trabalho é aquele que


ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte, ou perda, ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho".

Integram o conceito de acidente o fato lesivo à saúde física ou mental, o nexo


causal entre este e o trabalho e a redução da capacidade laborativa.

A lesão é caracterizada pelo dano físico-anatômico ou mesmo psíquico. A


perturbação funcional implica dano fisiológico ou psíquico nem sempre aparente,
relacionada com órgãos ou funções específicas. Já a doença se caracteriza pelo estado
mórbido de perturbação da saúde física ou mental, com sintomas específicos em cada
caso.(OLIVEIRA, 1994, p.1).

Por seu turno, com a nova definição dada pela nova Lei n.º 8213/91, dispõe o artigo 19
deste Diploma Legal, "verbis":

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da
empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art.
11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte
ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

NEXO DE CAUSALIDADE A LUZ DA LEI 6.367/76

De acordo com a Lei n.º 6.367/76 no seu art. 2.º o acidente do trabalho tem que
ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa. Tem que haver causalidade
para que haja infortúnio do trabalho. Para isso, a causa do acidente ou doença tem que
Ter relação com o trabalho, tem que ser no exercício da atividade para que se tenha
relevância jurídica.

O empregado que sofre um acidente dentro do ambiente do trabalho ou no trajeto (o


acidente de trajeto esta previsto na lei acidentária urbana em seu art. 2.º, § 1.º, V, d)
deste se caracteriza como acidente do trabalho, como também no casos de morte,
redução da capacidade laborativa, ou seja, o acidente deverá ser resultante da prestação
laborativa e que a incapacidade ou morte sejam resultantes desta.

Se no caso o empregado foi morto por consequência de briga com um desafeto não
houve risco profissional, nesse caso não há amparo infortunístico, e esse trabalhador
receberá simplesmente benefícios previdenciários, que são de menor valor que os de
ordem acidentárias. servindo esta regra para trabalhadores urbanos e rurais.

Além disso, o benefício previdenciário exige um período de carência que deve ser
respeitado, enquanto que no de ordem acidentária a cobertura é automática, de acordo
com a Lei n.º 6.367/76 no seu art. 4.º.

47
De uma simples análise dos dispositivos em comento infere-se que o conceito é
sempre o mesmo. A diferença que se nota está na abrangência que a Lei 8.213 deu a
uma classe especial de segurados, até então não tutelados, quais sejam, os referidos no
inciso VII do artigo 11 do sobredito Diploma Legal.

É preciso que, para a existência do acidente do trabalho, exista um nexo entre o


trabalho e o efeito do acidente. Esse nexo de causa-efeito é tríplice, pois envolve o
trabalho, o acidente, com a consequente lesão, e a incapacidade, resultante da lesão.
Deve haver um nexo causal entre o acidente e o trabalho exercido.

Inexistindo essa relação de causa-efeito entre o acidente e o trabalho, não se poderá


falar em acidente do trabalho. Mesmo que haja lesão, mas que esta não venha a deixar o
segurado incapacitado para o trabalho, não haverá direito a qualquer prestação
acidentária. (MARTINS, 1999, p.399).

O perito é o responsável para dizer se há nexo de causalidade entre o acidente e o


trabalho, se esta causa do infortúnio é instantânea, como no caso de acidentes, ou se é
progressiva, como no caso de doença.

Existem casos em que o nexo é presumido, como no caso de doenças profissionais,


mas na maioria dos casos é necessário verificar se há relação do evento com o trabalho
diante do texto legal e da prova pericial.

Concluímos então que a doença profissional tem que estar relacionada com a
atividade profissional e deve ser reconhecida pela Previdência Social. A doença pode
ser típica ou atípica. Ela é típica quando não há nexo causal presumido, ou seja, terá que
ser determinada através de perícia. Já a atípica há o nexo causal presumido em lei, tem
relação com a atividade que desempenha, sendo reconhecida pela Previdência Social.

Para efeito de cobertura acidentária não importa essa distinção.

48
PSICOLOGIA JURÍDICA (07/05/2018)

O QUE É PSICOLOGIA JURÍDICA?

É um campo de investigação/ação do psicólogo especializado, cujo objeto de estudo


é o comportamento dos autores do fato jurídico, no âmbito do Direito, da Lei e da
Justiça (Jesus, 2001).

Especialidade que desenvolve um grande e específico campo de relações entre o


mundo do Direito e o da Psicologia, nos aspectos teóricos, explicativos e de pesquisa,
aplicação, avaliação e tratamento (Colégio Oficial de Psicólogos, 1.997).

PSICOLOGIA JURÍDICA – HISTÓRICO

Antecedentes:

O sentimento jurídico do estabelecimento de normas para o convívio comum


conforme as regras e normas de conduta.

Hausen (1.792): A necessidade de conhecimento psicológico para julgar os delitos.

Schaumann (1.792): A ideia de uma Psicologia Criminal.

Munch (1.799): Influência da Psicologia Criminal sobre um sistema de Direito


Penal.

Hoffbauer (1.808): A Psicologia e suas principais aplicações à administração da


Justiça.

Em 1.835 surgiu o Manual Sistemático de Psicologia Judicial.

No final do Século XIX o Direito se aproxima mais da Psicologia.

Mead (19.17): Publica The Psycology of Punitive Justice.

Laswell (1.956): Os Juízes não são tão livres em suas decisões, sendo influenciados
por componentes inconscientes.

Na virada para o Século XX a aproximação da Psicologia com a Fisiologia produz


obras como: Psicopatologia Judicial e Psicologia Criminal.

Lombroso (1.876): Transformou a Psicologia Criminal em Psicopatologia


criminal, defendendo a relação entre as características físicas e a criminalidade.

Mustemberg (1.907): Lançou a ideia de um teste de associação de palavras para


ajudar a estabelecer a culpabilidade ou a inocência de acusados.

49
Campos de Investigação: Sistemas de interrogatórios, os tipos de fatos delitivos, a
detecção de falsos testemunhos, as amnésias simuladas, os testemunhos de crianças.

Exames Psicológicos legais, sistemas de justiça juvenil e estudos psicométricos

Na década de 50 o Psicólogo Forense é incorporado no sistema, como aquele que


testifica utilizando os conhecimentos da Psicologia nos tribunais.

Grandes Articulações da PSI e do JUR

1. Avaliação da Fidedignidade dos testemunhos


Estudo de memórias e Percepção;
Aperfeiçoamento de métodos de exames e instrumentos de medidas;
2. Perícia Psiquiátrica (Psicodiagnóstico: dados matematicamente
comprováveis para orientação dos operadores do Direito).
3. A partir de 1.990: Varas de Família, Juizados da Infância e da Juventude,
Varas de Execução Penal, entre outros.

Os juristas utilizam os conhecimentos da Psicologia para:

 Traduzir os conceitos abstratos das Leis em termos empíricos e


operacionais;
 Apresentar, por meio de seus conceitos e técnicas, a realidade psicológica e
social das decisões da justiça.

Objetivos da Psicologia na área Jurídica

1. Discutir, analisar e informar os profissionais sobre a prática da Psicologia


Jurídica no Brasil em suas diversas aplicações:

- Nos sistemas de justiça (Penal, Cível, Família e Sucessões e Infância e


Juventude);

- No sistema prisional (prisões, hospital de Custódia, serviço de acompanhamento


aos egressos);

- No sistema de atendimento à criança, ao adolescente e à família (Conselhos


Municipais de Direitos da criança e do adolescente, Conselhos Tutelares,
Febem, SOS Criança, Abrigos);

2. Refletir e orientar sobre o uso de instrumentos de avaliação psicológica nas


diversas situações judiciais e institucionais (abrangência, limites e implicações
éticas e sociais);

3. Instrumentalizar os psicólogos para elaboração de laudos, relatórios e pareceres


considerando as implicações sociais decorrentes da finalidade do uso destes
documentos no âmbito jurídico;

50
4. Oferecer subsídios teóricos práticos para atuação interdisciplinar, crítica,
comprometida com os direitos humanos e com a construção social da cidadania.

As psicologias aplicadas à Justiça

Psicologia Forense; Criminologia; Psicologia Penitenciária; Psicologia Judicial (juízes,


jurados e testemunhas); Psicologia Policial e Militar; Mediação Familiar; Vitimologia.

Funções do Psicólogo Jurídico

• Avaliação e diagnóstico;

• Assessoramento como perito a órgãos judiciais;

• Intervenção: planejamento e realização de programas de prevenção, tratamento,


reabilitação e integração de atores jurídicos na comunidade, no meio
penitenciário – individualmente ou em grupo.

• Formação e educação: seleção e treinamentos de profissionais do sistema legal;

• Comunicação: planejamento de campanhas de prevenção social contra a


criminalidade;

• Pesquisa;

• Vitimologia: pesquisa e atendimento às vítimas de violência;

• Mediação: apresentar soluções negociadas para conflitos como alternativa à via


legal, como meio de reduzir os danos emocionais dos envolvidos.

Psicologia e Mercado

A área da psicologia jurídica desponta com um mercado de trabalho promissor,


carente por absorver profissionais graduados devidamente capacitados.

O psicólogo poderá atuar nos âmbitos cível e criminal, realizando intervenções em


perícias criminais, em varas de família e conflitos de casais, acompanhamento de
cumprimento de penas alternativas e medidas socioeducativas, trabalho em ONGs em
projetos sobre a violência e criminalidade, entre outros campos de atuação.

51
SEXOLOGIA FORENSE (18/05/2018)

Definição: É o ramo da medicina legal que se dedica ao estudo dos fenômenos


relacionados com a reprodução humana, desde a concepção até o puerpério.

Definição: Segundo Bonnet, 1993 - É a disciplina científica que estuda as questões


relacionadas com o sexo em seus aspectos médicos, jurídicos, filosóficos e sociológicos,
ou seja estuda a solução dos problemas jurídicos que o sexo pode suscitar.

Conceito:

 Sexo Genético: Cromossômico e Cromatínico (síndromes);

 Sexo Endócrino: (desenvolvimento das características sexuais: hormônios,


gônadas, tiróide, hipófise);

 Sexo Morfológico: interno e externo, dinâmico ou copulativo;

 Sexo Psicológico;

 Sexo Jurídico.

Alterações genéticas:

Síndrome de Turner:

 Sexo Feminino;

 Presença de 45 cromossomos, tendo apenas um X no par de cromossomos


sexuais;

 Não costumam apresentar desvios de personalidade.

Síndrome de Klinefelter:

 Sexo Masculino;

 Alterações de caráter
sexual ;

 Discreta diminuição da
capacidade mental.

52
Polissomia dos Cromossomos Sexuais:

 Sexo Masculino (estudos buscam ligar comportamentos violentos) e Feminino


(retardamento mental);

 Não há alterações fenotípicas;

 Alguns autores chegaram a denominá-lo “ síndrome da criminalidade”, porém


não aceito pela comunidade científica.

Sexo Jurídico:

É aquele que consta do registro civil, baseado na declaração dos pais e testemunhas,
podendo ocorrer erro dolosamente ou em decorrência de presença de estados
intersexuais (pseudo-hermafroditismo).

Sexo Psicológico: Comportamental

Há uma série de fatores ligados ao sexo e que somados aos aspectos de natureza
orgânica, de ordem social, religiosa, familiar ou educacional, de alguma maneira
apresentam repercussão psicológica no comportamento sexual do indivíduo.

Sexo Psicológico:

Esses fatores combinados podem levar tanto ao desenvolvimento de um


comportamento característico de cada sexo ou originar transtornos patológicos.

Transtornos do Instinto Sexual:

O sexo e o comportamento sexual é um dos temas mais delicados e controvertidos


da atualidade, com grande repercussão na área jurídica.

A determinação de sexo (jurídico), bem como seu reconhecimento como fator


modificador das capacidades civil e criminal, são exemplos de alguns dos temas
polêmicos, ocupando a mente dos legisladores.

De acordo com a Associação Psiquiátrica Americana, os transtornos englobam:

 Disfunções sexuais;

 Transtornos da Identidade de gênero;

 Parafilias.

Disfunções Sexuais:

 Transtorno de desejo sexual hipoativo (depressão);

 Transtorno de aversão sexual;

 Transtorno da excitação sexual feminina(dificuldade);

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 Transtorno erétil masculino(impotência);

 Transtorno orgásmico masculino(atraso);

 Ejaculação precoce;

 Dispareunia (dor antes, durante ou depois);

 Vaginismo (contração involuntária);

 Transtorno decorrente de uma condição médica geral (disfunção sexual


relacionada com diabetes, hipertensão, depressão) ;

 Disfunção sexual induzida por substância.

Transtornos da identidade de gênero e homossexualismo:

 Forte insatisfação com o próprio sexo, acompanhada de uma identificação com o


sexo oposto;

 O transexual é inconformado com seu estado sexual e não admite ser


homossexual.

Homossexualismo:

 Preferência pelo mesmo sexo;

 Não é aceita como desvio sexual ou anormalidade, mas sim uma opção sexual.

Parafilias

À Medicina Legal interessa, por sua repercussão sobre a sociedade, o estudo das
diversas manifestações (qualitativas e quantitativas) do desejo sexual, particularmente
quando estas apresentam caráter obsessivo.

Conhecidas como anomalias, desvios sexuais ou perversões, termos que devem ser
utilizados apenas no contexto jurídico, não discriminatório.

A sexualidade alcança níveis de anormalidade ou desvios, quando a satisfação e o


prazer só podem ser obtidos através de uma modalidade sexual atípica, como exemplo
através de objetos inanimados ou animais.

Anafrodisia: Ausência de desejo sexual. A palavra refere-se ao homem. Pode ter


causas orgânicas ou psíquicas.

Importância: Anulação de casamento; Negar autoria de coito criminoso.

Frigidez: Ausência de desejo sexual. A palavra refere-se à mulher. Pode ter causas
orgânicas ou psíquicas.

54
Importância: Anulação de casamento; Adultério.

Erotismo: Aumento do desejo sexual. Interessa ao Direito o aumento exagerado,


compulsivo.

Importância: Abusam da masturbação, podendo gerar crime de estupro,


escândalo, adultério e prostituição.

Satiríase: A palavra é derivada de “satyros” e significa um estado de ereção quase


permanente. O sátiro não se satisfaz, mesmo obtendo o orgasmo.

Ninfomania: Do grego: nymphe (ninfa, jovem, recém-casada). Sentimento


obsessivo para atos sexuais. É frequente a insatisfação. Assim como acontece com
o sátiro, está ligada ao adultério, ao atentado ao pudor, ao ultraje ao pudor, ao
homicídio.

Auto-erotismo: Prazer sexual sem parceiro(a) podendo ocorrer orgasmo sem


estimulação de zonas erógenas e mesmo sem a presença de alguém do outro sexo.
Coito psíquico.

Erotomania: Mania Amorosa. A pessoa é obcecada por uma paixão avassaladora e


súbita. As vezes é desencadeada apenas por um aceno, por um cumprimento ou por
atenção.

Importância: Tímidos, podem chegar ao suicídio ou homicídio.

Narcisismo: Admiração excessiva, com forte conotação sexual, por si mesmo, com
indiferença para o sexo oposto. É o amar a si mesmo.

A palavra deriva de Narcisus, personagem da mitologia romana, que apaixonou-


se por si mesmo ao ver sua imagem refletida em um lago.

Mixoscopia ou Voyerismo: Prazer sexual ao ver pessoas se despindo, nuas,


praticando atos libidinosos ou mantendo relações sexuais.

Exibicionismo: Atitude compulsiva caracterizada pela exibição de áreas erógenas


ou dos órgãos sexuais, como meio de obter gratificação e prazer sexual.

Edipismo: Atração com conotação sexual pela figura materna, o que dificulta o
relacionamento normal com as mulheres.

A palavra deriva de Édipo, personagem da mitologia grega que, após matar o


pai, casou-se com sua mãe, Jocasta, sem suspeitar do seu parentesco.

Complexo de Electra: Atração com conotação sexual pela figura paterna, o que
dificulta o relacionamento normal com os homens.

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Feticismo ou Fetichismo: O prazer sexual se realiza à vista, ao toque ou à simples
lembrança de objetos ou partes do corpo de pessoa do outro sexo, que não os
genitais.

O ato sexual só se confirma com a evocação do objeto de desejo. Está


relacionado a furtos.

O objeto do fetiche pode ser: cabelo, mãos, pés, olhos, nádegas, seios, nariz,
dentes, orelhas, cicatrizes, tatuagens. Há o fetiche da voz.

Travestismo: O indivíduo se sente atraído pelas roupas utilizadas por pessoas


do sexo oposto. Mais comum nos homens que nas mulheres. O travesti (masculino
ou feminino) se identifica com o sexo oposto tanto na maneira de se vestir quanto
nas idéias em geral. Não tem necessariamente conotação homossexual. Nem todo
travesti é homossexual e vice-versa.

Pedofilia: Atração sexual obsessiva de indivíduos adultos por crianças ou


adolescentes, acompanhadas de manifestações eróticas: atos libidinosos, exibição
de fotos e filmes, etc.

Pigmalionismo: Atração sexual por estátuas.

Segundo a mitologia romana, Pigmalião foi um escultor da ilha de Chipre que se


apaixonou pela estátua de Galatéia, que ele mesmo construiu. Conta a lenda que
Vênus deu vida à Galatéia.

Os portadores desta parafilia se masturbam em parques e praças públicas. O


amor exagerado às estátuas e os atos libidinosos com elas praticados são
conhecidos por estátua-estupro.

Importância: Ultraje público ao pudor

Pictofilia: Atração sexual por quadros, telas ou painéis, em geral quando estes
representam figuras humanas. Não há a necessidade de que as imagens estejam
nuas.

Dolismo: Atração sexual por bonecas (plástico, louça, porcelana, etc.) As bonecas
podem ser utilizadas para a masturbação ou para o ato sexual.

Lubricidade senil: Manipulação física (atos libidinosos) em crianças de baixa


idade, por indivíduos idosos. A parafilia pode atingir idosos normais ou idosos
doentes (aterosclerose avançada).

Importância: Prática de atos libidinosos

Triolismo: É a prática sexual por três pessoas, duas mulheres e um homem ou dois
homens e uma mulher. O termo estendeu-se para mais de três pessoas. Swinging
(amor coletivo) e Swapping (troca de casais).

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Urolagnia: O desejo sexual é despertado ao ver a urina ou ao ouvir o ruído
produzido pela emissão do jato Urinário.

Coprofilia: Prazer sexual obtido no ato da defecação ou pelo contato com fezes
próprias ou de outro.

Gerontofilia: Atração sexual obsessiva de pessoas jovens por outras de


excessiva Idade.

Cromo-inversão: Atração sexual obsessiva por pessoas de cor diferente da do


indivíduo.

Etno-inversão: Atração sexual obsessiva por pessoas de raça diferente da do


Indivíduo.

Riparofilia: Atração erótica por pessoas sujas e sem nenhum asseio.

Necrofilia: Compulsão obsessiva para atos libidinosos ou relação sexual com


cadáveres.

Importância: Homicídio

Vampirismo: O prazer sexual é obtido quando o indivíduo suga o sangue do


parceiro ou vítima. Pode levar ao homicídio. È uma forma especial de sadismo.

Bestialismo ou Zoofilismo: Prática de atos libidinosos ou de relações sexuais


com animais.

Sadismo: Prazer obtido mediante o sofrimento e a dor do(a) parceiro(a) ou


vítima. A satisfação sexual só se realiza pelo sofrimento físico ou moral imposto a
Outrem.

Comporta gradações. Pequeno sadismo: beliscões, bofetadas, mordeduras,


chupões. Médio sadismo: agressões corporais, flagelações, queimaduras, picadas,
murros, pontapés. Grande sadismo: mais que a dor, a morte.

Masoquismo: Caracteriza-se pela obtenção de prazer sexual mediante dor física


ou moral, causada por outrem ou por si mesmo. Os masoquistas procuram a dor e
não a Morte.

A palavra é referente ao escritor polonês Sacher-Masoch, que era portador desta


parafilia e a descreveu. Masoch fazia-se bater até pelos criados. Armava situações
para apanhar. Promoveu a infidelidade da esposa, como forma de sofrimento.

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ASPECTOS LEGAIS DOS CRIMES SEXUAIS

Em Direito, crimes sexuais são denominados crimes contra a liberdade sexual:


Estupro; Atentado violento ao pudor;

Segundo o Código Penal, são atos sexuais: Conjunção carnal e Ato libidinoso

Os crimes antes considerados atentado violento ao pudor, enquadrados no Artigo


214 do Código Penal, são contemplados agora no Artigo 213, referente ao estupro. Com
isso, estupro e atentado violento ao pudor, que eram dois crimes autônomos com penas
somadas, devem resultar na aplicação de uma única pena.

Há o risco das penas serem menores. Antes era aplicado concurso material de
delitos. Quem praticou [de forma forçada] sexo vaginal [que era estupro] e depois oral
[que era atentado violento ao pudor] podia receber seis anos por causa de cada delito. A
condenação pelos dois delitos com penas somadas, agora passaram a ser a mesma coisa.

A unificação dos crimes de estupro e atentado violento ao pudor vai na contramão


de uma decisão tomada em 18 de junho de 2009 pelo Supremo Tribunal Federal (STF),
quando os ministros da Corte decidiram por seis votos a quatro que atentado violento ao
pudor e estupro não são crimes continuados.

Pela manifestação do STF, quem praticar os dois crimes deve ter as penas somadas,
já que os delitos, embora ambos sejam crimes sexuais, não são da mesma espécie

Gravidez

A conjunção carnal poderá também ser comprovada com base na constatação de


gravidez. O prazo mínimo legal da gravidez é de 180 dias e o prazo máximo legal da
gravidez é de 300 dias.

“CC, Lei 10.406/2002, art. 1523, I: estabeleceu como causa suspensiva


do matrimônio, para a mulher, o prazo de 10 meses, contados do dia em que
ocorreu a viuvez ou desfez-se a sociedade conjugal”.

Quanto à paternidade, presumem-se concebidos na constância do casamento os


filhos “ nascidos 180 dias, depois de estabelecida a convivência conjugal” (CC, art.
1597, I), e os filhos “ nascidos 300 dias subsequentes à dissolução da sociedade
conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento” (CC, art.
1597, II).

Importância Médico-legal do Diagnóstico de Gravidez

 Resguardo dos Direitos do Nascituro;

 Investigação de Paternidade;

 Prova de adultério;

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 Prova de Violência Carnal;

 Infanticídio;

 Aborto;

 Atestado de gravidez p/ funcionárias públicas;

 Impedimento de anulação de casamento.

Puerpério e Estado Puerperal

Período compreendido entre o parto e o retorno do útero ao seu estado normal (45
dias). É um quadro fisiológico que atingem todas as mulheres que dão a luz, sendo raras
alterações de cunho psicológico graves como a psicose puerperal.

Zacharias (1991, p. 173): “Perturbação psíquica, de caráter agudo e


transitório, que, por influência simultânea de fatores fisiológicos, psicológicos e
sociais, acomete a parturiente, até então mentalmente sã, afetando seu comportamento
e podendo impeli-la à prática do infanticídio”.

Caracterização do crime de infanticídio pela lei penal; há controvérsias entre


autores.

É sempre possível que estados mentais patológicos preexistentes sejam agravados


pelo parto e, com isso, levem à prática do infanticídio.

O Perito deverá observar:

• A recenticidade do parto;

• Se o parto transcorreu de forma a provocar sofrimento incomum na parturiente;

• Se a parturiente recorda-se do ocorrido;

• Se a parturiente apresenta histórico de psicopatia anterior;

• Se existe comprovação de que, em razão do parto, surgiu alguma perturbação


mental capaz de levá-la ao crime.

ABORTO

Considera-se aborto, em Medicina Legal, a interrupção da gravidez, por morte do


concepto em qualquer época da gestação, antes do parto. Para se caracterizar o aborto é
necessário e suficiente que se comprove a morte do concepto ainda dentro do corpo da
gestante.

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Aborto Doloso

É repelido por nosso CP, excluindo-se algumas situações em que é legal e, portanto,
permitido (Art. 128 CP).

Aborto Terapêutico (Art. 128,I,CP)

Em algumas situações não há como manter a vida do concepto e da gestante. Lei


autoriza o sacrifício da vida do feto.

Condições: O médico tem que sempre ter a opinião de 2 outros colegas.

• Que a gestante esteja em perigo de morte;

• Que o perigo de morte esteja diretamente relacionado com a gravidez;

• Que a interrupção da gestação faça cessar o risco da gestante;

• Que a interrupção da gestação seja o único meio de salvar a vida da gestante.

Aborto Sentimental (Art. 128, II, CP)

Aborto praticado por médico quando a gestação decorre de estupro. É aplicável


também quando a gestação ocorre de atentado violento ao pudor. (jurisprudência).

Perícia no Aborto Criminoso

• É considerada bastante difícil;

• Lesões no períneo;

• Vestígios do meio empregado (sonda ou outros instrumentos);

• Lesões uterinas;

• Exames laboratoriais;

• Exame do feto quando possível;

• Exame de DNA.

60
Infanticídio (Art. 123 CP)

É a morte do recém-nascido provocada pela própria mãe, sob estado de transtorno


mental, decorrente do trabalho de parto ou puerpério (estado puerperal). Para se admitir
o infanticídio, é indispensável que o recém-nascido seja morto pela própria mãe. Infante
nascido: é o que acabou de nascer, mas ainda não recebeu os primeiros cuidados(corpo
recoberto por sangue, vérnix caseoso, cordão umbilical, não expulsou o mecônio.
Recém Nascido: criança que recebeu os primeiros cuidados, até o 7o dia de vida.

Infanticídio (Art. 123 CP) Perícia em 2 etapas:

a) Para se tipificar o infanticídio é indispensável, em tese, a comprovação do


nascimento com vida;

A docimásia hidrostática de Galeno é utilizada para comprovar o nascimento com


vida (pulmão colocado em vasilha com água, se flutuar existiu respiração = vida). A
positividade das docimásias de Galeno depende, essencialmente, da respiração do feto
ao nascer.

b) Se a mulher agiu sob influência do estado puerperal; Também podemos encontrar


corpos estranhos nas vias aéreas, indicando que a criança foi morta por sufocação.

CRIMES SEXUAIS

Crime de sedução

Lei 11.106, 2005, Art. 5, revogou o Art. 217 CP.

Não sendo mais necessário realizar perícia por sedução. Porém, manteve-se as
considerações a respeito da integridade do hímem por ser de interesse médico legal em
outras perícias.

Conjunção Carnal

Também chamada de: Cópula; Coito

É a relação entre homem e mulher, caracterizada pela penetração do pênis na


vagina, com ou sem ejaculação;

Atos Libidinosos

• Conjunção carnal: (ato libidinoso por excelência)

• Atos libidinosos diversos da conjunção carnal:

1. Cópulas ectópica: cópulas fora da vagina:

61
a. cópula anal

b. Cópula retal

c. Cópula vulvar (cópula vestibular ou “ad introitum”)

d. Cópula oral ou felação

e. Cópula entre as coxas

2. Atos orais:

a. felação

b. cunilíngua (sexo oral na genitália feminina)

c. beijos e sucções nas mamas, coxas ou outras regiões de conotação


sexual;

3. Atos manuais:

a. Masturbação;

b. Manipulações eróticas de todos os tipos;

Estupro

Conjunção carnal é o ato sexual convencional: cópula vaginal (coito pênis/vagina).


Introdução do pênis pode ser parcial ou total, havendo ou não ejaculação. Somente
mulher pode ser vítima desta espécie delituosa, podendo, no entanto, ser indiciada como
co-autora;

Violência

Concurso de força física e de emprego de meios capazes de privar ou perturbar o


entendimento da vítima impossibilitando-a de reagir ou de se defender

Tipos de violência:

1. Efetiva

2. Presumida(novo código: Art: 217-A)

1. Violência Efetiva:
1.1. Física: a lei exige que o agressor tenha agido de forma violenta, anulando ou
enfraquecendo a oposição (resistência física) da vítima(deixa vestígios:
hematomas, contusões, marcas de mordidas, etc.)
1.2. Psíquica: O agente conduz a vítima a uma forma de não resistência por inibição
ou enfraquecimento das faculdades mentais
a) Embriaguez completa
b) Anestesia

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c) Estados hipnóticos
d) Drogas alucinógenas (“Boa noite Cinderela”)

Violência Presumida - 3 situações:

1. Menor de 14 anos

2. Vítima alienada ou débil mental e o agente conhecia esta circunstância

3. Qualquer causa que impeça a vítima de resistir

Perícia no Estupro

Objetivos Periciais

Comprovar a cópula vaginal, e neste caso há três situações:

1. Na mulher virgem;

2. Na mulher com vida sexual pregressa

3. Na adolescente com vida sexual pregressa

Perícia no Estupro: Exame do Hímem

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No exame, o hímen pode estar:

1. Íntegro

2. Com rotura completa

3. Com rotura incompleta

4. Com agenesia (ausência congênita)

5. Complacente

6. Reduzido a carúnculas mirtiformes (ocorre em mulheres que pariram)

Hímens rotos quanto à cicatrização:

1. Rotura de data recente: (até cerca de 20 dias)

2. Rotura antiga ou cicatrizada

Quando se afirma que a rotura é antiga isto significa que ocorreu há mais de 20
dias.

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Substituída por rupturas cicatrizadas ou não: mais ou menos 15 dias.

Hímens Complacente:

Este permite a conjunção carnal sem que se rompa o hímem, em virtude de sua
elasticidade. Presume-se que 10% dos hímens são complacentes e este conceito relativo
também interdepende da relação espessura do pênis e largura da vagina.

O exame da ruptura do hímen recente apurará os caracteres próprios da ruptura,


associados ao processo cicatricial em evolução num período inferior à 20 dias: depois
disso não se pode calcular a data provável do contato sexual. Desde que a cicatrização
esteja completa, só poderemos concluir por ruptura antiga (sem data). Ex: carúnculas
mirtiformes

O Prof. Flamínio Fávero sugeriu: o emprego de iluminação do hímen com luz


ultravioleta, pois ao incidir em tecidos com rupturas recentes, aparecerá cor arroxeada.
No caso de tecido cicatricial, terá cor amarelada. Diante desses dados, o perito concluirá
por ruptura há mais ou menos de 15 dias(cicatrizadas ou não).

Geralmente se rompe na primeira conjunção carnal.

Pode ocorrer rompimento na:

1. Masturbação

2. Colocação de corpo estranho

3. Colocação de absorvente íntimo

O seu exame não constitui tarefa pericial fácil, podendo levar o perito a equívocos.

O exame macroscópico, sem colposcópio, falha em 10% dos casos.

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Colposcópio: Funciona como um microscópio o qual é colocado dentro da paciente.
O médico olha através dele, a cerca de 30 cm da superfície que está sendo examinada.
Durante o exame, são pincelados líquidos reagentes, que revelam as alterações destas
superfícies e são feitas fotografias para que o médico possa ver as alterações.

Considerações Periciais sobre o Hímem

Dificuldades periciais:

1. Hímens de difícil exame:

• Infantis

• Franjados

• Complacentes

2. Diagnóstico diferencial entre:

• rupturas completas, incompletas e entalhes congênitos

• rupturas recentes e cicatrizadas

3. Reconhecimento de vestígios indicativos de

• cópula vulvar

• toque digital

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Mulher com vida sexual pregressa

A Perícia deve buscar provas de ejaculação (sêmen):

1. Presença de espermatozoides no líquido seminal

2. Fosfatase ácida (indício)

3. Proteína P30 (PSA) (certeza)

Fosfatase Ácida

É uma enzima normalmente presente em alguns órgãos, tecidos e secreções em teor


normal. O líquido seminal contém grandes teores de fosfatase ácida. O achado de altos
teores de fosfatase ácida na vagina é indicativo de sêmen (ejaculação) e, por
conseguinte, de conjunção carnal (penetração vaginal).

Teste Proteína P30 (PSA)

A P30 é uma glucoproteína produzida pela próstata e idêntica ao PSA - Antígeno


Prostático Específico (marcador do câncer da próstata), cuja presença no sêmen
independe de haver ou não espermatozoides. Sua verificação no fluído vaginal é teste de
certeza quanto à presença de sêmen na amostra estudada (ejaculação). Ausentes nos
fluídos femininos.

Obs.: Pode ocorrer estupro sem que tenha havido ejaculação (sem sêmen) ou o
sêmen encontrado na vítima pode ser oriundo de penetração consensual anterior

Teste Proteína P30 (PSA): Possuem níveis normais em indivíduos azoosperma,


oligoosperma e vasectomizado.

Lesões genitais

Lesões genitais (contusões, lacerações), decorrentes da violência da penetração,


desproporção de tamanho entre pênis e vulva e vagina (no caso de crianças), podem
fundamentar o diagnóstico de conjunção carnal e/ou ato libidinoso.

Pêlos genitais

Pêlos pubianos soltos encontrados na região pubiana, na região vulvar, sobre o


corpo da vítima, na roupa íntima ou de cama, desde que comprovada sua origem como
sendo de outra pessoa, é indicativo de relação sexual.

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Manchas de sêmen

Quando presentes nas vestes, em roupas íntimas ou de cama, constituem achado


comum e importante da ocorrência de crimes de natureza sexual.

Mulher com vida sexual pregressa

O diagnóstico de maior certeza consiste na confirmação da presença do elemento


figurado do esperma (espermatozoide). A constatação da presença de um único
espermatozoide em cavidade vaginal é prova de conjunção carnal. A confirmação da
presença do esperma (sêmen) na cavidade vaginal é importante no diagnóstico da
conjunção carnal nos casos de hímen complacente ou de desvirginadas.

Espermatozoides

A presença de sêmen na vagina é confirmada em amostras de fluído vaginal pelo


achado de espermatozoides, bastando apenas um ou poucos deles, móveis ou não, com
ou sem cauda. A coleta deve ser cuidadosa (swab = cotonete) com exames a fresco e
com coloração pela Técnica Christmas Tree ou hematoxilina-eosina (esfregaço em
lâmina).

Posse Sexual mediante Fraude

Não há elemento de violência. Perícia médica voltada exclusivamente para a


comprovação da cópula. Com a alteração da redação do artigo 215 CP, pela lei 11.106,
2005: Agora, qualquer mulher pode, em tese, ser vítima do crime em questão
(honestidade da mulher).

Atentado violento ao Pudor

Art. 214. “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou


permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal (artigo
213)”.

Formas mais frequente: retal (sodomia); bucal (felação), comumente associadas


ao estupro, às vezes com participação de mais de um agente, não raro, seguindo-se
homicídio;

Objetivos Periciais: Caracterizar o ato libidinoso; Comprovar a violência


efetiva ou presumida; Se possível, obter uma relação de provas biológicas que
permitam identificar o agente (marcas de mordidas, presença de esperma
ou outros líquidos orgânicos).

Atentado violento ao Pudor mediante Fraude

Perícia bastante difícil. Em alguns casos, (coito anal), a presença de esperma poderá
fornecer elemento de certeza ao perito médico. Lei 11.106, 2005, alterou a redação do
Art. 216 CP, substituindo a expressão “mulher honesta” pelo vocábulo “alguém” (tanto
homem como mulher, honesta ou não), podem ser sujeitos passivos deste crime.
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Lei 12.015/2009: A nova redação determina:

 Estupro: Art. 213. “Constranger alguém, mediante violência ou grave


ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se
pratique outro ato libidinoso”.

Pena: Reclusão de 6 a 10 anos.

 § 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é


menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.

 § 2o Se da conduta resulta morte:

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

Estupro praticado mediante conjunção carnal: Tem que haver violência física.
Antes a violência podia ser presumida, física ou psíquica, Art. 217-A, estupro contra
vulnerável.

A simples dúvida ou incerteza do acusado quanto á menoridade da vítima,


exclui o delito?

E quanto á vítima com deficiência mental?

Estupro praticado mediante grave ameaça: Ameaça contra si ou contra terceiros


(filhos, entes queridos). É crime que não deixa vestígios. Dispensável o exame pericial
para conjunção carnal.

Estupro praticado mediante outro ato libidinoso (antigo atentado violento ao


pudor): Constrangimento de alguém a praticar ou permitir que com ele pratique outro
ato libidinoso. O ato libidinoso é diverso da conjunção carnal, praticado com violência
ou grave ameaça contra pessoa de um ou outro sexo, podendo ser homem ou mulher.

A prostituta pode sofrer crime de estupro ou outro ato libidinoso, na sua profissão?
E a esposa com relação ao marido?

Art. 217-A: Estupro de Vulnerável. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
libidinoso com menor de 14 anos.

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.

§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.

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§ 4o Se da conduta resulta morte:

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

 Menor de 14 anos: O fato do agressor não saber, não desqualifica o crime.


 Doente mental: Se o agressor não souber e pelo exame o perito perceber
que é difícil de identificar a doença mental, o agressor não responderá por
esse artigo.

Induzir menor de 14 anos à satisfazer a lascívia(sensualidade, libidinagem) de


outrem, ou induzir à presenciar conjunção carnal ou outro ato libidinoso, comete crime
de estupro? NÃO!! Crime de |Corrupção de Menores, Arts: 218 e 218ª;

Estupro Cometido Mediante Grave Ameaça

• Ameaça grave contra si ou ente querido;

• Crime que não deixa vestígio;

• Dispensável prova pericial de conjunção carnal

Violação sexual mediante fraude

Art. 215 Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém,
mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade
da vítima (homem e mulher):

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

Parágrafo único. “Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem


econômica, aplica-se também multa”.

Com a atual renomeação do Código Penal, os delitos sexuais devem ser encarados
sob o ponto de vista da dignidade sexual, protegendo-se a livre manifestação da vontade
da vítima, em face do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana.

Impotências

Trata-se da incapacidade de se realizar o ato sexual necessário à procriação e à


preservação da espécie. Neste aspecto temos a:

1. COEUNDI: normalmente aplicada a ambos os sexos por defeitos genéticos


(defeito físico).

2. GENERANDI: típica masculina, incapacidade de fertilização (gerar


descendência).

70
3. CONCIPIENDI: típica feminina, que se traduz na incapacidade de concepção
(conceber).

COEUNDI: compromete a capacidade de conjunção, cujas causas podem ser:

INSTRUMENTAL: defeitos do órgão em si, relativos ao volume, tamanho ou ausência


do órgão ou presença de tumores.

FUNCIONAL: defeitos no funcionamento do órgão (disfunção erétil):

ORGANOFUNCIONAL:

• Fisiológica: idade

• Fisiopática: disfunções endócrinas

• Orgânica: doenças físicas (lesões nervosas)

PSICOFUNCIONAL: alterações psíquicas – inibição sexual inconsciente.

CONCIPIENDI ou GENERANDI = ESTERILIDADE: impossibilidade de


procriação.

PSEUDO-IMPOTÊNCIA: (impotência emocional): são fracassos sexuais


passageiros motivados pelo nervosismo, desejos prolongados ou timidez excessiva.

Impotências Femininas

COEUNDI: compromete a capacidade de copulação. Tem como causas:

• INSTRUMENTAL: defeitos da genitália externa: malformações,


hermafroditismo, infantilismo ou presença de tumores.

• FUNCIONAL: pela configuração da genitália, torna-se difícil a separação entre


as causas físicas e as psíquicas, pois ambas, se manifestam como parte do
desenvolvimento sexual feminino.

ALTERAÇÕES DO COMPORTAMENTO SEXUAL:

• ACOPULIA: inaptidão para conjunção carnal pela associação de defeito


instrumental, associado ao temor da própria relação.

• COITOFOBIA: repugnância sistemática e intransponível ao ato sexual


(possíveis causas: cultural, religiosa, educacional, traumas familiares e/ou
complexos específicos).

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• FRIGIDEZ: incapacidade absoluta de responder aos estímulos erógenos ou
sexuais para a realização do ato sexual ou incapacidade para o orgasmo.

• VAGINISMO: contração involuntária, dolorosa, intensa e duradoura impedindo


a penetração ou mesmo aprisionando o pênis em seu interior.

• DISPAURENIA: sensação dolorosa durante o ato ou na conjunção carnal.

CONCIPIENDI: é a esterilidade feminina por incapacidade de conceber ou


desenvolver o feto

CONGÊNITA: agenesia de órgãos do aparelho reprodutor ou infantilismo.

PATOLÓGICAS: doenças infecciosas, venéreas, metabólicas, hormonais,


obstrutivas, tumorais, inflamações agudas ou crônicas do trato genital ou urinário.

FISIOLÓGICAS: menopausa e dismenorreias (cólicas menstruais).

PERÍCIA

Toda perícia deve concluir pela existência ou não da conjunção carnal através da
observação da existência de roturas, gravidez, presença de esperma, contaminação
venérea, vestígios de atos libidinosos diferentes da conjunção carnal e outros.

Deve ter descrição detalhada da condição himenal e do órgão vaginal como um


todo, incluindo cronologia das lesões; atenção para hímen complacente e outros.

Laudo: linguagem clara, objetiva, inteligível e simples, sem presunções e deve


responder aos seguintes quesitos:

1) Houve conjunção carnal? Em caso de complacência, deixar bem claro sua


existência.

2) Data provável da conjunção carnal? Evitar datas precisas, usar termos


“recente”, “antiga”, “mais de 20 dias”, etc.

3) Era virgem a paciente? Possibilidade de desvirginamento antigo desclassifica o


crime de estupro e sedução (cicatrização antiga associada à lesão recente).

4) Houve violência para essa prática? Ausência de violência pode desclassificar o


crime para sedução. Verificar vestígios de violência efetiva física sobre todo o corpo.

5) Qual o meio empregado para efetuar a violência?

- Em menores de 14 anos: violência presumida.

- Expressões tipo “a força”, “cigarro misterioso”, etc.

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6) Se da violência resultou incapacidade, perigo de vida, debilidade permanente de
membro, sentido ou função, etc. A descrição exata das lesões pode levar a qualificação
do crime.

7) Vítima é alienada ou débil mental? Enquadramento em presunção de


violência.

8) Se houve qualquer outro fato que impossibilitasse a vítima de resistir?

Conclusão: Erro pericial é fatal: ou atinge a honra da mulher e a liberdade do


homem, ou permite a absolvição de criminoso e desamparo da ofendida.

ASSÉDIO

Como paquerar sem correr o risco de ser processado por assédio sexual?

• Seja educado. Ao iniciar a abordagem, evite beijos;


• Tenha bom censo. Jamais insista se um convite ou dois já tenham sido
recusados;
• Não faça elogios sexuais ou comentários inconvenientes do tipo: “Esse
perfume me deixa louco!”. Seja sutil;
• Evite a proximidade física exagerada. Um aperto de mão muito demorado
pode ser mal interpretado;
• Não devore ninguém com os olhos. Também não tente enxergar o que se
esconde por baixo das roupas delas; super-homem não existe, nem visão de
RX. Qualquer adulto entende um olhar diferente;
• Presente para colegas de trabalho, fora de datas especiais, pode gerar
constrangimentos. Em qualquer caso, deve-se fazê-lo sempre na presença da
própria esposa, do contrário, mesmo que se dê presentes para todas as
mulheres da empresa, corre-se o risco de ser indiciado por “tentativa de
cantada coletiva”.

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