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Universidade do Porto
Serviço de Fisiologia
Aula Teórico-Prática
REGULAÇÃO NEUROENDÓCRINA DA
MOTILIDADE E SECREÇÕES
GASTROINTESTINAIS
Texto de Apoio
Índice
Índice ................................................................................................................................ 1
Regulação da Função Gastrointestinal.............................................................................. 3
Hormonas Gastrointestinais .............................................................................................. 7
Distribuição e libertação das hormonas GI................................................................... 9
Acções e interacções das hormonas GI....................................................................... 11
Hormonas candidatas .................................................................................................. 14
Peptídeos Neurócrinos .................................................................................................... 15
Peptídeos Parácrinos ....................................................................................................... 16
Aplicação clínica............................................................................................................. 17
Regulação da secreção gástrica....................................................................................... 18
Estimulação da secreção gástrica................................................................................ 19
Estimulação nervosa ............................................................................................... 19
Estimulação pela Gastrina....................................................................................... 19
Estimulação pela Histamina.................................................................................... 20
Efeito multiplicativo dos mediadores que estimulam a secreção ácida.................. 20
Regulação da secreção de pepsinogénio ................................................................. 20
Inibição da secreção ácida .......................................................................................... 21
Fases da secreção gástrica........................................................................................... 21
Conclusão........................................................................................................................ 22
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Hormonas Gastrointestinais
Como já foi referido, existem cinco hormonas GI que têm uma função
perfeitamente estabelecida: secretina, colecistocinina (CCK), gastrina, peptídeo gástrico
inibitório (GIP) e motilina. Os outros peptídeos são hormonas candidatas.
As hormonas GI podem dividir-se, sob o ponto de vista funcional e estrutural,
em duas famílias principais.
A primeira é formada pela gastrina e pela CCK.
Os cinco aminoácidos terminais da extremidade carboxil das moléculas de
gastrina e CCK são idênticos. Toda a actividade biológica da gastrina pode ser
reproduzida apenas com os quatro aminoácidos terminais da extremidade carboxil. Este
tetrapeptídeo é, portanto, o fragmento mínimo necessário para a actividade da gastrina.
O fragmento activo mínimo da molécula de CCK é formado pelo heptapeptídeo na
extremidade carboxil.
A CCK pode activar os receptores da gastrina relacionados com a secreção
ácida, também chamados receptores CCK-B; a gastrina pode activar os receptores da
CCK responsáveis pela contracção da vesícula biliar, também denominados receptores
CCK-A. Cada hormona, contudo, é muito mais potente quando actua nos seus próprios
receptores. A acção sobre um tipo particular de receptores depende em grande medida
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Secreção pancreática de S
enzimas
Secreção biliar de HCO-3 S
Contracção da vesícula biliar S
Esvaziamento gástrico I
Libertação de Insulina S
Crescimento da mucosa S
Crescimento pancreático S S
Motilidade gástrica S
Motilidade intestinal S
Quadro 3: S: estimulação; I: inibição
intestino delgado. A sua libertação cíclica para o sangue é inibida pela ingestão de uma
refeição. Esta é a única função conhecida da motilina.
Hormonas candidatas
Como já foi referido, existem peptídeos isolados no tracto GI que podem mais
tarde vir a ser classificados como hormonas GI. Existe uma grande variedade de
hormonas candidatas, mas apenas três têm, actualmente, interesse fisiológico:
enteroglicagina, polipeptídeo pancreático e peptídeo YY (quadro 4).
O polipeptídeo pancreático (PP) foi descrito pela primeira vez como uma
impureza no processo de isolamento da insulina. Do ponto de vista fisiológico, a sua
acção mais importante é a inibição da secreção pancreática de bicarbonato e enzimas. O
que tem impedido a sua classificação definitiva como hormona GI é a dificuldade em
isolar este peptídeo do tecido pancreático, não permitindo, por isso, o esclarecimento
definitivo das suas acções.
O peptídeo YY (PYY) é libertado pelas refeições, especialmente pelos lipídeos.
Existe no sangue em concentrações suficientes para inibir a secreção e o esvaziamento
gástrico. Os seus efeitos não parecem ser directos, já que não inibe a secreção
estimulada pela acetilcolina ou pela histamina. Inibe, contudo, a secreção estimulada
por via nervosa.
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Peptídeos Neurócrinos
O VIP provoca o relaxamento das células musculares lisas GI. Para além disso, o
VIP é responsável pelo relaxamento das células musculares lisas vasculares sendo,
portanto, um agente vasodilatador. Está também presente em neurónios colinérgicos do
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Peptídeos Parácrinos
tipo 2. Potencia a acção da gastrina e da acetilcolina na secreção ácida. É por esta razão
que os agentes antagonistas dos receptores H2, como a cimetidina ou a ranitidina, são
inibidores eficazes da secreção de ácido pelas células parietais gástricas.
Aplicação clínica
Estimulação nervosa
A estimulação nervosa da secreção gástrica pode ter início a partir de estímulos
provenientes do cérebro ou do estômago. Os sinais com origem no estômago activam
dois tipos de reflexos:
- reflexos vagovagais longos, que são transmitidos desde a mucosa gástrica até
ao tronco cerebral e daí até ao estômago pelo nervo vago;
- reflexos curtos, com origem local e que se localizam inteiramente no sistema
nervoso entérico.
Os estímulos que podem desencadear estes reflexos incluem a distensão gástrica,
estímulos tácteis na mucosa gástrica e a presença de estímulos químicos
(nomeadamente aminoácidos, peptídeos e ácido)
O neurotransmissor libertado por todas as terminações nervosas é a acetilcolina,
com uma excepção. As terminações que enervam as células G libertam GRP (gastrin-
releasing peptide).
A acetilcolina estimula a secreção ácida através da ligação a receptores
muscarínicos M3 na membrana basal da célula parietal. Esta ligação abre canais de
Ca++, permitindo a entrada de Ca++ para dentro da célula, o que estimula a secreção de
HCl. Tal como a gastrina, a acetilcolina também estimula a libertação de histamina a
partir das células enterochromaffin-like (ECL).
antrais e da região pilórica. A gastrina é libertada para a corrente sanguínea e acaba por
atingir as glândulas da mucosa gástrica (acção endócrina).
A gastrina não tem uma acção excitatória directa nas células parietais muito
potente. As suas acções devem-se sobretudo a um efeito indirecto sobre a libertação de
histamina.
Liga-se a receptores CCK-B que aumentam a concentração intracelular de Ca++.
Figura 3: Regulação
da secreção ácida
Quadro 6
Na fase intestinal, enquanto o pH permanece acima de 3, há um predomínio das
influencias excitatórias. Quando a capacidade de neutralização do quimo gástrico
diminui e o pH baixa para menos de 2, as influências inibitórias predominam.
Conclusão