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A beleza humanista do cristianismo

Cássio Cisco B. Almeida

Recentemente saiu um vídeo publicado pela entidade judaica


beit el shama, refutando o cristianismo. Este autor longe de
defenestrar essa crítica levantada pela instituição apenas decidiu
colocar a luz certas ideias que tornam este autor simpático a
mensagem cristã. Como disse certa vez Pasteur, um pouco de
ciência te afasta de deus muita o leva para perto, o autor deste artigo
não se considera cristão embora o tenha sido durante anos, que se
passaram numa busca singular do cristianismo. Verdade é que
sempre tive um pesinho no ateísmo e nenhuma religião embora eu
tentasse procurando misturar como muitos diferentes crenças, um
pouco de budismo, hinduísmo e paganismo grego não puderam
acender em mim a chama me tornando ao invés disso num religioso
solipcista. O autor então pretende passar para vocês o que uma vez
atraiu esse no culto de Jesus filho de deus.
O que sempre me atraiu a revelia do que todos podem
acreditar não foi o sacrifício na cruz, até mesmo acredito que
muitos não entendem o que seja este sacrifico, embora quando eu
soube, ser o sacrifício de jesus na cruz a nossa salvação isso me
deixou cheio de descrença, a velha história de o pecado e a morte
terem entrado no mundo em função de adão ter pecado, realmente
aqui foi que me despedi da crença descrente levado a tal pela
seleção natural, nem tanto pela teoria mas pela explicação das
origens de onde viemos, os crânios de várias gerações de
hominídeos é arrasadora.

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Mas mesmo abundantes eu tinha me despedido do
cristianismo por não aceitar a teoria de justiça que os cristãos
pregam, mesmo que hajam homens infernais a lei é feita pelo
homens assim um mundo onde a carne queima sem devorar era
uma irrealidade, ou uma perversão de mentes morais.
De fato se torna cada vez mais estranho quando voltamos no
tempo e vemos coisas que achávamos julgar morais e como nosso
temperamento se arruma cada vez para nos tornarmos mais
tolerantes com as coisas que a vida prova estar mais correta que
nossa impetuosidade moral, trocando o que é drástico pelo que
acalenta o benefício da imparcialidade.
Lembro aqui de uma frase de Marco Aurélio disse em suas
Meditações, estar feliz por aprender a não ser como aquele que não
sabe se esquivar dos próprios pensamentos, no começo enquanto
somos seres morais queremos que nossa moral curve e a força disso
aprendemos se somos bastante resilientes ou nos tornamos
abomináveis se pervertemos nosso próprio comportamento em
função desta moral.
Mas voltando ao tema cristão eu como muitos mais já nasci
sabendo da história do salvador embora eu sempre estivesse em
constante luta com a ideia de pecado o que num primeiro instante
chegou a ter força sobre mim, coisa de um ano em que fiz sofrer
meu corpo as maiores privações e outro lado um medo incrível de
que as coisas que fazia-me podiam levar ao inferno, e como estou
feliz hoje de me ver liberto dessa crença que enche-nos de temor,
como certa vez vi em um programa apenas a título de exemplo que
fiz como um deles, privar-se de açúcar ou ter uma disposição
contraria a tudo que me fazia bem tornado a vida num inferno.
Talvez as chamas não sejam tão terríveis quanto essa disposição de
mortificar a carne em função da nossa crença na santidade.
De todo modo aqui pretendo demonstrar que o cristianismo
não é um texto igual ao antigo testamento, neste podemos ver algo
de rabínico, enquanto texto catolicismo já pontuou Nietsche tem

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algo de barroco, de fato poderíamos levar a consideração é que este
barroquismo nada é senão o humanismo dos evangelhos. A origem
deste humanismo deve ser de importância para história do
cristianismo atuando no convencimento dos pagãos para aceitação
do culto cristão, e falemos só de alegorias acerca do nascimento
virginal, o sacrifico para expiação do pecado, como ocorrem no
mitraismo e no culto de Dioniso. Falamos aqui de um texto que de
uma ou outra devia ser traduzido como mensagem universal de
acesso a todo aquele que crê. Foram textos criados a luz do império
romano e de acordo com a filosofias antiga. Farei o relato desse
humanismo trazendo alguns fatos curiosos do evangelho, citarei
cinco passagens, elas se apesentam de uma maneira bem sucinta e
poderíamos classificá-las pelo entendimento que requerem para
serem compreendidas como humanista. Necessitam ser vistas sobre
o lume humanista para se compreender.

1)a interpretação do antigo testamento (Mateus 5:17,18)


Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-
rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o
céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei,
sem que tudo seja cumprido.

Em Mateus 5, após transmitir a linda mensagem do sermão


da montanha que encabeça uma das grandes dúvidas do engelho,
jesus relata que não veio abolir a lei, enquanto se contradiz acerca
dela em varia outras passagens como—Lucas 6, 1, em que os
discípulos colhem espigas no sábado tempo que não era licito
trabalhar, jesus dá uma bela resposta, a do jumento que cai num
fosso e para resgata-lo têm de tira-lo de lá, dizendo ainda que o
homem é senhor do sábado(Mateus 12), verdade é que o discurso
jesus não se sustenta senão numa espécie de contrário, contrario
este constituído no seio humanista de valorização do homem além
da lei. Estas passagens e principalmente a parábola onde jesus diz
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que nem um til da lei passara é influído diretamente de uma certa
ideia humanista evidenciada pela retorica, não de alguém que
domina o tema, mesmo de quem fala dos valores mas adquire valor
no próprio influxo construtivo da ação, como alguém que ao falar
se admira constantemente pelas coisas que saem da própria boca
caindo num discurso do contrário pelo contrário. Aqui o contrário
não é crítica formal de uma determinado valor mas um dispositivo,
uma coisa que é posta em ação através do entendimento ainda tão
ignorante das questões de valor que nem sequer uma vez chegou a
enumera-las, por isto que na primeira vez em que jesus tem de
elaborar seus valores numa lista o que temos é um sermão da
montanha, um valor baseado no contrário dos valores operantes.
Essa ideia de contrario e talvez a primeira forma consistente
de humanismo, consiste em uma forma de por ação em valores
retirando dos contrários seu valor. Logicamente como se entende e
Nietsche percebeu isso parte de uma visão de mundo de escravos
contra senhores, constitui num inversão dos valores real. Mas note
que aqui o valor contrário e a autoridade judaica, uma força
positiva, sobre este efeito o cristianismo só podia ter surgido de
onde surgia a ideia contraditória naquela época, no mundo da
interpretação de escrituras que já eram contraditórias. E temos ver
mesmo se religiosos são capazes de viver num mundo sem essa
ideia sempre pendente, mesmo nos religioso tardios da não
contrariedade. Religiosos são contraditórios e isso faz parte de seu
modos operandi, assim é que mesmo passando a limpo
determinados temas, eles ab-roguem totalidade desses temas em
favor de uma ideia, isso quer dizer que a temática da religião lida
com o contraditório, e daí tira sua força. E como bem veremos as
escrituras notabilizam e darão motivo a surgir uma determinada
forma de humanismo que retira dessa contradição, esta sobre a
formula de contrários, sendo por isso ambas um espelho da outra,
de um nasceu a outra.
Esta ideia de contrario como algo que abstrai a verdade, está
para a o intelectivo como uma terceira forma para as três leis

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intelecto de Aristóteles, ele e exatamente o quarto componente, o
que diz que coisas que não são podem ser. Seu uso e inteiramente
humanista, depende naqueles indivíduos que não discernem leis
abstratas de ação. A ideia surgida por sua vez do sagrado gerou o
que pode ser explicado como uma brecha na fundação valores,
donde o abstrato se afigura como valor num mundo que
absolutamente não esta pronto para ideias abstratas de valor, isto é
claro e completamente diferente nos cristãos modernos
acostumados a constituição de Westminster que coloca a ideia de
um deus salvador, assim é por exemplo que católicos tem mais
facilidade de aceitar evolução que protestantes já que nos últimos,
não em seu clero mas nos seus praticantes existem apenas as ideias
humanistas e nenhum referente a ideia de deus salvador, isso é
completamente ausente nos cultos católicos, tanto que por isso ele
se presta a tantas modificações como operam com espiritismo ou
candomblé. E por que não é realmente latente além da imagem de
jesus o significado de sua morte. E os padres não escondem isso,
ao contrário isso se infiltra nos cultos católicos com extrema
reciprocidade.

2)Repreensão de Herodes por joão batista:


Herodes, ouvindo isto, dizia: “É João, a quem eu degolei, que
ressuscitou.” Na verdade, tinha sido Herodes quem mandara
prender João e pô-lo a ferros na prisão, por causa de Herodíade,
mulher de Filipe, seu irmão, que ele desposara. Porque João dizia
a Herodes: “Não te é lícito ter contigo a mulher do teu
irmão.” Herodíade tinha-lhe rancor e queria dar-lhe a morte, mas
não podia, porque Herodes temia João e, sabendo que era homem
justo e santo, protegia-o (Marcos 6)
Mas vamos continuar com nossos exemplos, apresentando
essa ideia de contrário, temos margens não de uma única vez mas
de muita que se comprovam nos evangelhos, citarei uma que me
fez apaixonar pelo cristianismo naquele ano louco que fui cristão.

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A imagem de João batista. Acerca de João batista se faz a imagem
de aceta. O que nunca vi em João batista, que vive no deserto
usando uma pele de leão como coberta e se alimentando de mel e
gafanhotos era um ideal para mim. Lembro das inúmeras vezes em
que estive na guarita em Torres decidindo se iria embora deixando
tudo saindo dali rumo ao litoral sul até parar na argentina se
aguentaria aquela adversidade, era uma forma de eu provar a mim
mesmo ser um super humano. Sim uma vez eu tive também a ideia
como a de muitos hippies de abandonar tudo, e exatamente assim
usando a veste de leão sair peregrinando o mundo sem nada.
Haverá alguma vez imagem mais humanista do que aquela de
João basta repreendendo o rei Herodes. A verdade daquele
mandamento não era de um João batista sujeito a lei, caso contrário
a simples vaia teria precipitado seu juízo no desespero, mas por que
vinha de fora da lei como um profeta no deserto que aquela verdade
se enchia de poder e autoridade, assim João batista aquele que vivia
no deserto tinha maior autoridade que aqueles rabinos que
pregavam e foram incapazes de se opor ao rei, era de uma verdade
externa a lei, uma superior a própria lei que ali falava. E nesse
sentido poderíamos colocar que o ato de João batista só pode ser
visto pelo humanismo, como o mesmo contrário se enchendo de
poder, o cristianismo em si e sua ideia que se empodera à medida
que adentra esse sentido de contraditório nas escrituras sem
carregar nenhum arcabouço moral mais intelectual. É puro instinto
valoroso. Nada há aqui desse ascetismo que apenas viu o caso do
rei como uma contravenção na lei.
Outra coisa que podemos julgar apenas compreensível pelo
viés humanista e a concepção de batista como Elias capaz de
discernir o messias, (Lucas 7, Mateus 11) a história toda se
apresenta com o batista negando sua divindade, negando dizer que
era um profeta, de fato perguntamo-nos batista mentia quando
perguntara se esse era profeta? na verdade não era o caso de mentir
mas sim de oferecer uma Narrativa que contasse com essa brecha
para o contraditório e contrário, que se oferece como uma saída e

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elevar a história ao ponto da tragédia humanista perfeita, em outras
palavras que dizer que João batista era Elias, mas se perguntado ele
não ofereceria essa resposta, talvez nem ele mesmo soubesse, a
história mantém essa temática de suspeita, não é obvia como
queriam os detratores do cristianismo, ai desde o começo marca o
que será quase como uma identidade do culto, o contraditório.
Contraditório presente no antigo testamento contraditório que da
luz ao misticismo judaico, cuja maior grandeza e essa forma
abstrata de jogar com elementos retóricos sem nunca ser concreto
nem realista.
Podemos conferir este mesmo humanismo quando jesus diz
que entre os nascidos de mulher não havia nascido ninguém como
João batista, ele se referia a riquezas ou a virtudes? A virtudes e
claro, mas a ideia de que podemos ser maiores que outros por
nossas virtudes não uma virtude cristã, uma virtude cristã pregaria
a igualdade de todos os homens diante de deus, ao invés de colocar
os homens em hierarquia por sua grandeza em virtude. Temos que
essa evidencia da virtude como maiores em um que em outros pode
ser considerado como um aspecto desse rico humanismo das
escrituras.

3)Jesus perdoa a adultera


Talvez de todas as passagens cristãs esta seja a mais
emblemática de tolerância e também a mais sabia e liberal das
mensagens de Jesus, em João capitulo 8 Jesus perdoa uma
prostituta, porem bem mais curiosa é como se passa toda a situação,
quando trazem a mulher para ser apedrejada conforme a lei, ao que
Jesus então se agacha e começa a desenhar. Afinal perguntamos,
que sentido tem esse desenho a ver com toda história? tem haver
que enquanto adulto Jesus deveria ser obedecedor da lei, mas
enquanto menino por desenhar no chão a transgredia como uma
forma de indulgencia da lei, aqui verdadeiramente se acrescenta
algo as escrituras, e através destes mecanismos, da ação que Jesus

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pratica enquanto julga como são tantas as passagens, o fato do
miraculoso se apresentar dessa forma alegórica supera a mensagem
bíblica anterior e coloca no lugar uma visão de mundo mais
avançada pois é o que se deve dizer, o cristianismo é infinitamente
mais avançado do que qualquer lei judaica a que ainda se perde em
questões como, lei de talhão, assim que o era para o caso de
adultério.
A passagem que segue depois dessa situação é um encherto
filosófico afirmando onde se pretende alertar que a verdade de
jesus é verdade primeira por que filho de deus, assim se colocando
como senhor da lei e anterior a Abraão.

E vós não o conheceis, mas eu conheço-o: e, se disser que o não


conheço, serei mentiroso como vós; mas conheço-o e guardo a sua
palavra. Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e
alegrou-se. Disseram-lhe pois os judeus: Ainda não tens cinquenta
anos, e viste Abraão? Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade
vos digo que antes que Abraão existisse eu sou. (João 8: 55-58)

Novamente temos aqui jesus desobedecendo a lei por que é


maior que ela, ao ponto de o que é mais antigo se rejubilar com o
que é mais novo. Vimos que a parábola da verdade como contra
metade da moeda da parábola em que jesus se apresenta como
menino, isto é, que é a verdade de um menino acaba com a lei?
Podemos ver que a rebeldia de jesus um rei-servo, e aquele que usa
da rebeldia juvenil para afirmar as verdades. Este tipo juvenil de
Jesus esta no cerne da imagem de Jesus também como em João
batista, diante das adversidades que pediram dele um testemunho a
se afirmar na sua pessoa. Assim é que introduzo a quarta passagem.

4)Jesus sem palavras diante de poncio Pilatos

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Jesus foi posto diante do governador, e este lhe perguntou: "Você
é o rei dos judeus?" Respondeu-lhe Jesus: "Tu o dizes".(Mateus
27)
"Você é o rei dos judeus?", perguntou Pilatos. "Tu o dizes",
respondeu Jesus. (Marcos 15)
Disse Jesus: "O meu Reino não é deste mundo. Se fosse, os meus
servos lutariam para impedir que os judeus me prendessem. Mas
agora o meu Reino não é daqui". "Então, você é rei!", disse Pilatos.
Jesus respondeu: "Tu dizes que sou rei. De fato, por esta razão
nasci e para isto vim ao mundo: para testemunhar da verdade.
Todos os que são da verdade me ouvem".
"Que é a verdade?", perguntou Pilatos. (João 18)

Vemos ai nos quatro evangelhos ideias confusas que tem a


ver com o humanismo. Afinal vemos jesus ficar sem palavras
diante de Pilatos, diante da pergunta—o que a verdade? como
defesa jesus só tem a dizer tu dizes, não sei, é você quem diz...
maneiras de se esquivar de uma questão que quando colocada
acabariam com esses argumentos. Mas jesus aqui perguntamos
afinal terá argumentos? Ele poderia ter dito, meus anjos já vem,
meu pai vai impedi-lo, e até o “sabe com quem está falando?”
serviria melhor que dizer “tu dizes”. É o completo branco no
pensamento na hora mais precisa, demonstra que se tratava a todo
instante de se tirar da cartola sacadas de virtude emblemáticas, a
posição de todo religioso que ainda está na sua primeira fase moral.
Pois o comportamento de todo religioso para cujo valores ainda não
são perenes na ação conscientizada, mas agindo por impulso
colocando a sua empiria sobre o que é moral, guiado apenas por
um impulso de força. Meu reino não é desse mundo, se fossem
meus servos não deporiam contra mim. Jesus se esquiva de todas
as formas como um garoto adolescente até que diante da questão
mais amarga, “o que é a verdade?” de Pilatos temos a zombaria
romana, de fato isto deve ser também um enxerto cristão para levar
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a falência o culto judaico, surgiu como desvalorização dos profetas,
tão vil e iconoclasta e o personagem de Pilatos que este lava suas
mãos para jesus, uma tragédia tão impressionante quanto aquele de
Brutus matar Cezar, um testamento verdadeiramente preparado
com cuidado para romanos. Nas famosas apresentações não devia
escapar ao público que a morte de jesus era como a de Cezar.
Devemos ver que esta jovialidade de jesus sua incapacidade de
responder em nada diminui seu poder mas acrescente a ideia de
julgamento uma sensualidade juvenil que não é nenhum pouco
embora explicita, vulgar.
São muitas as passagens que missionários de hoje vem
danificar prejudicando a estrutura simbólica do texto, e fazem
questão de enxertar senhor aqui, senhor acola, na tentativa de
apagar o sensualismo de Jesus como aquele que se debruça entre
fieis no monte das oliveiras, onde a turba se reúne para ouvi-lo
falar, é uma personagem construída com certo sensualismo. E
vamos ai a quinta passagem humanista passada nas escrituras
5)O pecado não é certo no cristianismo
A última questão que faltava explicar e que o fiel que entra
no cristianismo entende realmente do que se trata o culto? esta
preparado para ouvir verdades inabdicáveis do mundo. Lembro que
mesmo aos 18 anos acreditei plenamente sermos filhos de adão e
eva sem nunca me aperceber das aulas de evolução que tinha tido
em todo meu colegial, mesmo tendo brinquedos de dinossauros. No
momento que entrei no culto era como se tivesse desaparecido
qualquer contradição ou antes, era a custa de reparar que as duas
visões de muno não entravam em conflito. Bem durante 1 ano eu
vivi assim. De modo que nessas pessoas existe uma fragilidade de
argumento ou antes imperícia para lidar com valores ao nível do
cotidiano, verdade é que não servem para bons músicos ou
compositores. Isso que as tornava inaptas mesmo para discernir
valores a um nível mais profundo. Eu no caso era como um garoto
rabiscando, criando um homem com cinco palitos e um círculo
como cabeça. No começo todos nós somos nada peritos naquilo
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que conhecemos e não é de outra forma senão a dolorosa que todos
os nossos ídolos caem por terra. Imagine eu então nesse ano louco
descobri que temia o inferno ao mesmo tempo que lia a divina
comedia. Absorvi a experiência como não podia ser igualada se
fosse descrente, cada imagem para mim era viva. Eu mesmo
achando que podia ir parar lá. Uma experiência arrepiante.
O pecado na crença cristã embora possamos dizer, e é claro,
esta registrado no evangelho, isso por que existe ainda assim algo
na maneira como o pecado é apresentado que desmente toda teoria
acerca do mesmo presente no evangelho. Talvez a forma humanista
escolhida para apresentar o evangelho tenha muito o que dizer,
principalmente em interpretações confusas onde não sabemos se
realmente e um parábola sobre o pecado ou não. Assim é a parábola
dos talentos. (Mateus 25) Temos aqui um senhor que se ausenta,
logo ao voltar chama alguns, (primeira confusão) não chama a
todos, pergunta a cada um o que fez com o talento entregue antes,
frutificaram os talentos menos um que o enterrou, esse é
admoestado pelo senhor.
—Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente
servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não
espalhei? Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e,
quando eu viesse, receberia o meu com os juros.
Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos. Porque
a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que
não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado. (Mateus 25)
Ou seja diferente de amar o próximo temos a confusão gerada
por diferença na entrega talentos(segunda confusão),nem houve
justiça equânime dos servos, nem quanto aquilo que
frutificaram,(terceira confusão) aquele servo que sabia ser o senhor
duro, “ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei” este
mesmo cobra uma justiça que é inteiramente arbitraria senão
segundo um senso muito estrito do humanismo daquele que se
assoberba tirando virtudes da contradição, batendo sua humanidade

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contra as leis como se fossem penhascos em que a águia faz seu
ninho se batendo contra os paredões, para alçar voo.
Não se entenderá ainda como termina essa parábola senão
pelo humanismo, pois pela graça se perdoa no entanto jesus pede a
morte daqueles que descumprem o que o senhor naquela parábola
pede. A parábola acaba com essa cena aterradora de justiça, sem
que possamos compreender ou antes levando a compreensão de que
são parábolas e jesus de fato usava apenas uma figuração não
queria aquilo, o que é bastante comum nos humanistas, que se
exaltam com fúrias e imaginação descontrolada. Afinal o sentido
alegórico de usar parábolas é o mesmo que fazer uma obra artística
de modo que Jesus era um artista, exaltado como nenhum outro,
exaltado como um Michelangelo que cria mesmo obras de batalha
e sangue.
Antes desta parábola Jesus apresenta a parábola das virgens
esta tem bastante sensualismo pois não se entende se as virgens
seriam aquelas que desposariam ou se divertiriam com o homem,
já que são monogâmicos e o casamento poligâmico era proibido
entre os judeus, esta passa por parábola leve e audaciosa, típica do
povo grego e não judaico em sua essência.
Não a outra justificativa para Mateus 25 que essa forma de
humanismo que ainda que injusto procura realizar o senso de
justiça, este humanista, pois sob qualquer outra perspectiva o texto
e contraditório e injusto. Não quero dizer mesmo aqui que esse
humanismo seja injusto mas a verdade e que esse humanismo não
vê caridade no inimigo, é uma conduta infantil ver os demais
inimigos apenas sob o vies de derrotados, essa parábola e uma das
comprovações da inferioridade dos antigos em relação aos
modernos em relação a lei. O tipo de religioso que faz a inversão
do mundo, no sentido de—vitória na derrota, felicidade no
martírio, esta encerrado no ciclo do valores, os conflito realizado
contra os religiosos hoje em dia são de outro tipo, os remanescentes
dos cultos religiosos não são pessoas com que se falar. São os que
tem uma visão distorcida, não esse outro mundo, mas uma
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linguagem de mundo que expressa a doutrina de forma totalitária.
É isto que sobrou—sobraram, e isso é o mais surpreendente,
sobreviveram os livros ao invés das pessoas. Por tanto o culto
cristão interpreta essas parábolas a luz de uma doutrina que abdica
da compreensão por que já compreende e não aceita as próprias
conclusões do que seus livros sagrados pedem. Apesar de eu poder
dizer que já não tem nada a pedir.
O pecado pode ser observado como um doutrina incompleta
e que vai se completando a medida que vai se percebendo. A
temática do pecado se apresenta por isso não como sin, pecado, não
de uma fora deformada como se apresenta na modernidade o ato
em si, ao contrário nos evangelhos ele se apresenta como u vizinho
indesejado. Surge apenas de esguelha, e deve se dizer isso não quer
tomar toda a cena deixando espaço para a grandeza e a tragédia que
ele contém, assim é que Pilatos lava as mãos para jesus, haveria ali
pecado. a maior prova disto está em que os milagres de Jesus não
conferem como se pensa em certos cultos modernos que ele retira
o pecado. Entre os Milagres não se encontra nada mais que o ato
sincero de mudança de vida pela cura de um mal. Mas jesus mesmo
não cura o pecado. Do mesmo modo todas as parábolas e jesus
contam histórias de um personagem bom sofrendo ou sendo
castigado por um terceiro. Quer dizer não existe personagem em
primeira pessoa má. Esta só acontecera com Paulo, e com o ladrão
arrependido crucificado junto de jesus

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