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JULHO| 2015
JUNHO | 2016
Alimentos e mudanças
no processo judicial de
18 Prorrogação da licença-paternidade e
novas hipóteses de ausência justifica-
família da no trabalho: Lei 13.257/2016
Gustavo Filipe Barbosa Garcia
Bruna Lyra Duque
35 Interceptação telefônica
JURISPRUDÊNCIA COMENTADA
e a Lei 12.830/2013
29 40
João Lopes
GESTÃO DE CARREIRA E
MARKETING JURÍDICO
Somos um escritório boutique!
Do s a limen t o s n o Será?
CPC/2015: uma análise Alexandre Motta
sobre as alterações e
consequências atribuídas
ao devedor de alimentos
43 Proibição de revistas íntimas: primeiros
OPINIÃO
STF e TST
advocaciadinamica.com
06 Enquete | Multimídia
EXPEDIENTE
DIRETOR GERAL | Márcio William Faria de Souza
DIRETOR COMERCIAL | Humberto Nunes Andrade Silva
DIRETORA TÉCNICA | Crystiane Cardoso de Souza
DIRETOR FINANCEIRO E DE CURSOS | Marcus Vinícius Derito Greco
GERÊNCIAS NACIONAIS | Andréa Soares Guilhon • Christine Ferreira Portilho • Jair de Souza Gomes •
João Afonso Vilela Jr. • José Luis Monteiro • Luiz Roberto da Silva Costa
GERÊNCIAS REGIONAIS:
RJ/Norte/Centro-Oeste | Rosemere Monzatto Motta
SP | Rita de Cássia Camisotti
MG | Lúcia Marinho
Sul | Fernanda Dias de Lima Graciano
ES/Nordeste | Sônia Maria Xavier
COORDENAÇÃO EDITORIAL | Angela Maria Oliveira da Silva
REDATOR RESPONSÁVEL INFORMATIVO ADV | Roberta Segadilha Borges
REDATOR RESPONSÁVEL JURISPRUDÊNCIA ADV | Zilton Moraes Di Pace
REDATOR RESPONSÁVEL SELEÇÕES JURÍDICAS ADV | Amanda de Abreu Cerqueira Carneiro
CONSELHO EDITORIAL | Cláudio Carneiro B. P. Coelho • Ênio Santarelli Zuliani • Escritório Siqueira e Castro •
Gustavo Filipe Barbosa Garcia • José Carlos Teixeira Giorgis • José da Silva Pacheco • Maria Berenice Dias •
Rénan Kfuri Lopes
COLABORADORES FIXOS | Alberto Nogueira Júnior • Aldo de Campos Costa • Alexandre Atheniense •
André Tavares Ramos • Atahualpa Fernandez • Cândido Furtado Maia Neto • Cláudia Brum Mothé • Clovis
Brasil Pereira • Dayse Coelho de Almeida • Denis Donoso • Fernando Capez • Flávio Tartuce • Francisco
César Pinheiro Rodrigues • Francisco das C. Lima Filho • Humberto Dalla Bernardina de Pinho • Ives Gandra
da Silva Martins • Joaquim Falcão • Jorge Luiz Souto Maior • Jorge Rubem Folena de Oliveira • Kiyoshi
Harada • Lélio Braga Calhau • Lúcio Delfino • Luis Roberto Barroso • Luiz Fernando Gama Pellegrini • Luiz
Flávio Gomes • Marcelo Di Rezende Bernades • Marcelo Lessa Bastos • Marco Aurélio Mello • Marcus Vini-
cius Fernandes Andrade Silva • Mauro Vasni Paroski • Nagib Slaibi Filho • Renato Marcão • Renato Opice
Blum • RitaTourinho • Roberto Rodrigues de Morais • Rodrigo Carneiro Gomes • RogerSpode Brutti •
Rômulo de Andrade Moreira • Sylvio Guerra Júnior • Tassus Dinamarco • Thomaz Thompson Flores Neto •
Vitor Vilela Guglinski
EQUIPE TÉCNICA ADV | Amanda de Abreu Cerqueira Carneiro • Roberta Segadilha Borges • Zilton Moraes Di Pace
CENTRAL DE RELACIONAMENTO | 9:00 às 18:00h ASSINATURAS | 9:00 às 18:00h
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Demais Estados: 0800-026-5878 Demais Estados: 0800-022-7722
ADMINISTRAÇÃO | 9:00 às 18:00h
Todos os Estados: (21) 2156-5900
EDITORIAL
O tema selecionado como destaque para esta edição envolve o direito aos alimen-
tos, garantia constitucionalmente assegurada, e que foi alvo de significativas
mudanças, no que se refere a execução, no Novo Código de Processo Civil (Lei
13.105/2015), vigente desde 18/3. Não há nada mais urgente do que esse direito,
de tal sorte que os alimentos residem na afirmação do direito à vida, e sua medida
se dá por meio do princípio da dignidade da pessoa humana.
ENQUETE ATUAL
A advocacia pro bono pode ser definida como a prestação gratuita de serviços jurí-
dicos na promoção do acesso à Justiça. Ela foi regulamentada na Resolução 2, do
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que atualizou o Código de
Ética e Disciplina, para modernizar e atualizar as práticas advocatícias. Você concorda
com a regulamentação desta modalidade de advocacia no Código?
Participe da nossa enquete, enviando considerações à Redação através do e-mail
adv@coad.com.br. Entre em contato conosco: aguardamos suas ideias!
ENQUETE ANTERIOR
De acordo com o teor da Súmula 572 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Banco do
Brasil, na qualidade de gestor do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos
(CCF), não tem a responsabilidade de notificar previamente o devedor acerca da sua
inscrição no cadastro. O banco também não possui legitimidade passiva nas ações de
reparação de danos fundadas na ausência de prévia comunicação ao devedor. Você
concorda com o entendimento?
MULTIMÍDIA
Direito de greve
O Programa Saiba Mais cessário avisar com ante- movimento é considera-
aborda o direito de greve. cedência a paralisação e do abusivo pela Justiça e
Em entrevista produzida quando há o pagamento que providência o traba-
pela TV Justiça, o advo- de dias parados. O advo- lhador deve tomar caso
gado José Augusto Lyra gado discorre ainda sobre decida não aderir à greve.
esclarece quem pode a estabilidade de empre- O vídeo encontra-se dis-
participar de um movi- go para os sindicalistas, ponível na seção Multimí-
mento grevista, se é ne- o que acontece quando o dia do ADV.
6 | Junho de 2016
Regras de convivência em condomínios
Até onde vão nossos direi- progra ma Art igo 5º ,
tos e onde começam os produzido pela TV Justiça
dos vizinhos? As regras e disponível na seção
es tão previs tas nas Multimídia do ADV, que
convenções, mas a maio- conta com a participação
ria das pessoas não tem da advogada Ana Carolina
conhecimento, e nem Bettini, especialista em
sempre as respeitam. Direito Civil, e Aldo Júnior,
Saiba como evitar esse especialista em Adminis-
tipo de problema no tração Condominial.
COTIDIANO
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8 | Junho de 2016
| D OU T R I NA S |
É o fim da interdição?
da civilmente incapaz, na
medida em que os arts. 6º
cício de sua capacida-
de legal em igualdade
“Em meu sentir,
e 84, do mesmo diploma, de condições com as não há um novo
deixam claro que a defi- demais pessoas.”
ciência não afeta a plena conceito voltado
capacidade civil da pessoa: Esse último dispositivo é
de clareza meridiana: a às pessoas com
“Art. 6º – A deficiência pessoa com deficiência é
não afeta a plena ca- legalmente capaz, ainda deficiência,
pacidade civil da pes-
soa, inclusive3 para:
que, pessoalmente, não
exerça os direitos postos
paralelo ao
I – casar-se e consti-
à sua disposição. conceito geral
tuir união estável; Poder-se-ia afirmar, en- do Código Civil.
tão, que o Estatuto inau-
II – exercer direitos se- gura um novo conceito de Se assim o fosse,
xuais e reprodutivos; capacidade, paralelo
àquele previsto no art. 2º haveria um viés
III – exercer o direito
de decidir sobre o nú-
do Código Civil?4 discriminatório
mero de filhos e de ter
acesso a informações
Em meu sentir, não há um
novo conceito voltado às
que a nova Lei
adequadas sobre re- pessoas com deficiência, exatamente
produção e planeja- paralelo ao conceito geral
mento familiar; do Código Civil. Se assim o pretende
fosse, haveria um viés dis-
IV – conservar sua fer- criminatório que a nova Lei acabar.”
tilidade, sendo vedada exatamente pretende aca-
a esterilização compul- bar.
sória; O art. 4º, por sua vez, que
Em verdade, o conceito
cuida da incapacidade re-
V – exercer o direito à de capacidade civil foi re-
lativa, também sofreu
família e à convivên- construído e ampliado.
modificação. No inciso I,
cia familiar e comuni- permaneceu a previsão
tária; e Com efeito, dois artigos
matriciais do Código Civil dos menores púberes
VI – exercer o direito à foram reestruturados. (entre 16 anos completos
guarda, à tutela, à cura- e 18 anos incompletos); o
tela e à adoção, como O art. 3º do Código Civil, inciso II, por sua vez, supri-
adotante ou adotando, que dispõe sobre os abso- miu a menção à deficiên-
em igualdade de opor- lutamente incapazes, te- cia mental, referindo, ape-
tunidades com as de- ve todos os seus incisos nas, “os ébrios habituais e
mais pessoas. revogados, mantendo-se, os viciados em tóxico”; o
como única hipótese de inciso III, que albergava “o
Art. 84 – A pessoa com incapacidade absoluta, a excepcional sem desen-
deficiência tem assegu- do menor impúbere (me- volvimento mental com-
rado o direito ao exer- nor de 16 anos). pleto”, passou a tratar,
10 | Junho de 2016
apenas, das pessoas que, tável da deficiência, pode aos direitos de natu-
“por causa transitória ou parecer complicado, em reza patrimonial e ne-
permanente, não possam uma leitura superficial, a gocial.
exprimir a sua vontade”; compreensão da recente
por fim, permaneceu a alteração legislativa. § 1º – A definição da
previsão da incapacidade curatela não alcança o
do pródigo. Mas, uma reflexão mais direito ao próprio cor-
detida é esclarecedora. po, à sexualidade, ao
Nesse contexto, faço uma matrimônio, à priva-
breve reflexão. Em verdade, o que o Esta- cidade, à educação, à
tuto pretendeu foi, home- saúde, ao trabalho e
Não convence inserir as nageando o princípio da ao voto.
pessoas sujeitas a uma dignidade da pessoa hu-
causa temporária ou mana, fazer com que a § 2º – A curatela cons-
permanente, impeditiva pessoa com deficiência titui medida extraor-
da manifestação da von- deixasse de ser “rotu- dinária, devendo cons-
tade (como aquela que lada” como incapaz, para tar da sentença as ra-
es teja em es tado de ser considerada – em uma zões e motivações de
coma), no rol dos relativa- perspectiva constitucio- sua definição, preser-
mente incapazes. nal isonômica – dotada de vados os interesses do
plena capacidade legal, curatelado.
Se não podem exprimir
vontade alguma, a inca- ainda que haja a necessi-
§ 3º – No caso de pes-
pacidade não poderia ser dade de adoção de insti-
soa em situação de
considerada meramente tutos assistenciais especí-
institucionalização, ao
relativa. ficos, como a tomada de
nomear curador, o juiz
decisão apoiada5 e, extra-
deve dar preferência a
A impressão que tenho é a ordinariamente, a curate-
pessoa que tenha vín-
de que o legislador não la, para a prática de atos
culo de natureza fami-
s oube onde s ituar a na vida civil.
liar, afetiva ou comu-
norma. nitária com o curate-
3. O ESTATUTO E A lado. (Grifei)”
Melhor seria, caso não
optasse por inseri-la no CURATELA Note-se que a lei não diz
próprio artigo art. 3º (que que se trata de uma me-
cuida dos absolutamente De acordo com este novo dida “especial”, mas sim,
incapazes), consagrar-lhe diploma, a curatela, res- “extraordinária”, o que
dispositivo legal autôno- trita a atos relacionados reforça a sua excepciona-
mo. aos direitos de natureza lidade.
patrimonial e negocial,
Considerando-se o sis- passa a ser uma medida E, se é uma medida extra-
tema jurídico tradicional, extraordinária (art. 85): ordinária, é porque existe
vigente por décadas no uma outra via assistencial
Brasil, que sempre tratou “Art. 85 – A curatela de que pode se valer a pes-
a incapacidade como um afetará tão somente soa com deficiência – livre
consectário quase inafas- os atos relacionados do estigma da incapacida-
de – para que possa atuar em vigor do Estatuto, “não ção”, mas sim, do standard
na vida social: a “tomada há que se falar mais de tradicional da interdição,
de decisão apoiada”, pro- ‘interdição’, que, em nos- em virtude do fenômeno
cesso pelo qual a pessoa so Direito, sempre teve da “flexibilização da cura-
com deficiência elege pelo por finalidade vedar o tela”, anunciado por Célia
menos 2 (duas) pessoas exercício, pela pessoa com Barbosa Abreu.9
idôneas, com as quais deficiência mental ou inte-
mantenha vínculos e que lectual, de todos os atos Vale dizer, a curatela es-
gozem de sua confiança, da vida civil, impondo-se a tará mais “personalizada”,
para prestar-lhe apoio na mediação de seu curador. ajustada à efetiva neces-
tomada de decisão sobre Cuidar-se-á, apenas, de sidade daquele que se pre-
atos da vida civil, fornecen- curatela específica, para tende proteger.
do-lhes os elementos e in- determinados atos”.
formações necessários pa- Aliás, fixada a premissa de
ra que possa exercer sua Esta afirmação deve ser que o procedimento de
capacidade. adequadamente compre- interdição subsiste, ainda
endida. que em uma nova pers-
Pessoas com deficiência e pectiva, algumas conside-
que sejam dotadas de grau Explico o meu ponto de rações merecem ser fei-
de discernimento que per- vista. tas, tendo em vista a en-
mita a indicação dos seus trada em vigor do novo Có-
apoiadores, até então suje- Na medida em que o Esta-
digo de Processo Civil.
itas a uma inafastável in- tuto é expresso ao afirmar
terdição e curatela geral, que a curatela é extraor-
poderão se valer de um ins- dinária e restrita a atos de
tituto menos invasivo em conteúdo patrimonial ou “Vale dizer, a
sua esfera existencial. econômico, desaparece a
figura da “interdição com- curatela estará
Note-se que, com isso, a
autonomia privada proje-
pleta” e do “curador to-
do-poderoso e com pode-
mais
ta as suas luzes em recan- res indefinidos, gerais e ili- ‘personalizada’,
tos até então inacessíveis. mitados”.
ajustada à
4. É O FIM DA IN- Mas, por óbvio, o procedi-
efetiva necessi-
mento de interdição (ou de
TERDIÇÃO? curatela)7 continuará exis- dade daquele
tindo, ainda que em uma
Afinal, o Estatuto pôs fim nova perspectiva, limitada que se pretende
à interdição. É preciso aos atos de conteúdo eco-
muito cuidado no enfren- nômico ou patrimonial, co-
proteger.”
tamento desta questão. mo bem acentuou Rodrigo
da Cunha Pereira.8
O Prof. Paulo Lôbo, em ex- Flávio Tartuce,10 com pro-
celente artigo,6 sustenta É o fim, portanto, não do priedade, ressalta a nece-
que, a partir da entrada “procedimento de interdi- ssidade de se interpretar
12 | Junho de 2016
adequadamente o Estatu- 5. O ESTATUTO E b) Estado familiar –
to da Pessoa com Deficiên- Categoria que inte-
cia e o CPC/2015, para se
AS INTERDIÇÕES ressa ao Direito de Fa-
tentar amenizar os efeitos EM CURSO mília, considerando as
de um verdadeiro “atro- situações do cônjuge e
pelamento legislativo”. Para bem compreender- do parente. A pessoa
mos este ponto, é neces- poderá ser casada, sol-
E a tarefa não será fácil, sária uma incursão na Teo- teira, viúva, divorcia-
na medida em que o novo ria Geral do Direito Civil. da ou judicialmente se-
Isso porque o Estatuto al- parada, sob o prisma
CPC surge com muitos dis-
terou normas que dizem do direito matrimonial.
positivos atingidos pelo respeito ao status da pes- Quanto ao parentes-
Estatuto. soa natural, tema sobre o co, vinculam-se umas
qual já tivemos a oportuni- às outras, por consan-
Dou como exemplo o arti- dade de escrever: guinidade ou afinida-
go do Código Civil que tra-
de, nas linhas reta ou
ta da legitimidade para “O estado da pessoa
colateral. O estado fa-
promover a interdição (art. natural indica sua si-
tuação jurídica nos miliar leva em conta a
1.768), revogado pelo art. posição do indivíduo
contextos político,
747 do CPC/2015. familiar e individual. no seio da família. No-
te-se que, a despeito
O Estatuto da Pessoa com Com propriedade, en- de a união estável tam-
Deficiência, por seu turno, sina Orlando Gomes bém ser considerada
ignorando a revogação que ‘estado (status), entidade familiar, des-
do dispositivo pelo novo em direito privado, é conhece-se o estado
CPC – observou Fredie noção técnica destina- civil de ‘concubino ou
da a caracterizar a po-
Didier Jr. 11 – acrescen- sição jurídica da pes-
convivente’, razão pe-
tou-lhe um novo inciso soa no meio social’. la qual não se deve in-
(art. 1.768, IV, CC), para serir essa condição na
permitir que a própria Seguindo a diretriz presente categoria;
pessoa instaure o proce- traçada pelo mestre
baiano, três são as es- c) Estado individual –
dimento de curatela.
pécies de estado: Essa categoria baseia-se
na condição física do
Certamente, a conclusão a) Estado político – indivíduo influente em
a se chegar é no sentido Categoria que inte- seu poder de agir. Con-
de que o art. 747 do CPC ressa ao Direito Cons-
sidera-se, portanto, a
vigora com este novo in- titucional, e que clas-
sifica as pessoas em idade, o sexo e a saú-
ciso. Trata-se de um in- de. Partindo-se de tal
nacionais e estrangei-
tenso exercício de herme- estado, fala-se em me-
ros. Para tanto, leva-se
nêutica que deverá ser em conta a posição do nor ou maior, capaz ou
guiado sempre pelo bom indivíduo em face do incapaz, homem ou
senso. Estado; mulher”.12
14 | Junho de 2016
Trata-se de uma previsão reito brasileiro, inclusive peito à dimensão existen-
normativa muito interes- no âmbito processual. cial do outro.
sante que, em verdade,
tornará oficial uma prá- Destaco, a título ilustrativo, Ciente de que há sérios
tica comum. o art. 8º da Lei 9.099/95, desafios de interpretação
que impede o incapaz de a enfrentar, rogo que a
Por vezes, no seio de uma postular em Juizado Espe- doutrina e a jurisprudên-
família, mais de um pa- cial. A partir da entrada cia extraiam do Estatuto o
rente, além do próprio em vigor do Estatuto, cer- que há nele de melhor,
curador, conduz a vida da tamente perderá funda- valorizando o seu sentido,
pessoa com deficiência, mento a vedação, quando a sua utilidade e o seu fim.
dispensando-lhe os ne- se tratar de demanda pro-
cessários cuidados. posta por pessoa com de- “Juristas inteligentíssi-
ficiência. mos”, adverte Posner,
Pois bem. O novo institu- “podem criar estruturas
to permitirá, no interesse Penso que a nova Lei doutrinarias complexas
do próprio curatelado, a veio em boa hora, ao que, embora engenhosas
nomeação de mais de um conferir um tratamento e até, em certo sentido,
curador, e, caso haja di- mais digno às pessoas acuradas, não têm utili-
vergência entre eles, ca- com deficiência. Verda- dade social”.13
berá ao juiz decidir, como deira reconstrução valo-
ocorre na guarda compar- rativa na tradicional Mais do que leis, precisa-
tilhada. tessitura do sistema jurí- mos mudar a forma de per-
dico brasileiro da incapa- cebermos o outro, enquan-
6. CONCLUSÃO cidade civil. to expressões do nosso
próprio eu. Só assim, com-
Certamente, o impacto do Mas o grande desafio é a preenderemos a dignidade
novo diploma se fará sen- mudança de mentalida- da pessoa humana em toda
tir em outros ramos do Di- de, na perspectiva de res- sua plenitude.
Pablo Stolze
Juiz de Direito – Mestre em Direito Civil
pela PUC-SP – Membro da Academia de
Letras Jurídicas da Bahia e da Academia
Brasileira de Direito Civil – Professor da
Universidade Federal da Bahia e da Rede LFG
16 | Junho de 2016
decisão apoiada. § 10 – O apoia- 8. PEREIRA, Rodrigo da Cunha. //www.migalhas.com.br/Fami-
dor pode solicitar ao juiz a exclu- “Lei 13.146 acrescenta novo liaeSucessoes/104,MI225871,
são de sua participação do proce- conceito para capacidade civil”. 51045-Alteracoes+do+Codigo+
sso de tomada de decisão apoia- Fonte: http://www.conjur. Civil+pela+lei+131462015+Estat
da, sendo seu desligamento con- com.br/2015-ago-10/proces- uto+da+ Pessoa+com, acessado
dicionado à manifestação do juiz so-familiar-lei-13146-acrescent em 29 de setembro de 2015.
sobre a matéria. § 11 – Aplicam-se a-conceito-capacidade-civil,
11. DIDIER Jr. Fredie. “Editorial
à tomada de decisão apoiada, no acessado em 29-9-2015.
que couber, as disposições refe- 187 – Estatuto da Pessoa com
9. “Fala-se, assim, numa flexibili- Deficiência, Código de Processo
rentes à prestação de contas na zação da curatela, que passaria a
curatela.” Civil de 2015 e Código Civil: uma
ser uma medida protetiva perso- primeira reflexão”. Fonte:
6. LÔBO. Paulo. “Com Avanço Le- nalizada (…)” (ABREU, Célia http://www.frediedidier.
gal Pessoas com Deficiência Barbosa. Primeiras Linhas sobre com.br/editorial/editorial-187/,
Mental não são mais Incapazes”. a Interdição após o Novo Código acessado em 29-9-2015.
Fonte: http://www.conjur. de Processo Civil. 2015, Curitiba:
com.br/2015-ago-16/processo- Ed. CRV, p. 22). 12. GAGLIANO, Pablo Stolze e
familiar-avancos-pessoas-defici PAMPLONA FILHO, Rodolfo.
10. TARTUCE, Flávio. “Altera-
encia-mental-nao-sao-incapaze Novo Curso de Direito Civil –
ções do Código Civil pela Lei
s, acessado em 29-9-2015. Parte Geral, Vol. I. 17 ed. São
1 3 . 1 4 6 / 2 0 1 5 ( E st a t ut o da
Paulo: Saraiva, p. 169.
7. No Código de Processo Civil de Pessoa com Deficiência). Re-
2015, cf.: Livro I, Título III, Cap. percussões para o Direito de 13. POSNER, Richard A. Para
XV, Seção IX, Da Interdição – Família e Confrontações com o Além do Direito. São Paulo:
arts. 747 a 758. Novo CPC. Parte II”. Fonte: http: Martins Fontes, 2009, p. 57.
Prorrogação da
licença-paternidade e
novas hipóteses de
ausência justificada no
trabalho: Lei 13.257/2016
18 | Junho de 2016
sitórias, até que a lei ve- Autoriza-se a administra- so XIX, da Constituição
nha a disciplinar o dispos- ção pública, direta, indi- Federal de 1988 e art. 10,
to no art. 7º, inciso XIX, da reta e fundacional a ins- § 1º, do Ato das Disposi-
Constituição da República, tituir programa que garan- ções Constitucionais Tran-
o prazo da licença-pater- ta prorrogação da licen- sitórias).1
nidade a que se refere esse ça-maternidade para suas
inciso é de cinco dias. servidoras, nos termos do
que prevê o art. 1º da Lei
De todo modo, a mencio- 11.770/2008. “Autoriza-se a
nada prorrogação:
Durante o período de pror- administração
– Deve ser garantida à rogação da licença-mater-
nidade e da licença-pater-
pública, direta,
empregada da pessoa ju-
rídica que aderir ao Pro- nidade: indireta e
grama, desde que a em- – A empregada tem direi- fundacional
pregada a requeira até o
final do primeiro mês após
to à remuneração integral,
nos mesmos moldes devi-
a instituir
o parto, e será concedida
imediatamente após a
dos no período de percep- programa que
ção do salário-materni-
fruição da licença-mater- dade pago pelo Regime garanta
nidade de que trata o art.
7º, inciso XVIII, da Consti-
Geral de Previdência
Social (RGPS);
prorrogação
tuição Federal de 1988; da licença-ma-
– O empregado tem direi-
– Deve ser garantida ao to à remuneração integral ternidade
(art. 3º da Lei 11.770/2008,
empregado da pessoa ju-
rídica que aderir ao Pro- com redação dada pela para suas
grama, desde que o em- Lei 13.257/2016). servidoras, nos
pregado a requeira no pra-
zo de dois dias úteis após
Cabe esclarecer que a termos do que
licença-paternidade (e sua
o parto e comprove parti-
prorrogação) não tem na- prevê o art. 1º da
cipação em programa ou
atividade de orientação
tureza de benefício pre-
videnciário no Regime
Lei11.770/2008.”
sobre paternidade res- Geral de Previdência So-
ponsável. cial (art. 201 da Constitui-
ção da República), mas Frise-se ainda que, no pe-
A prorrogação deve ser apenas de interrupção do ríodo de prorrogação da
garantida, na mesma contrato de trabalho, ten- licença-maternidade e da
proporção, à empregada do em vista a ausência de licença-paternidade de que
e ao empregado que ado- prestação de serviço pelo trata a Lei 11.770/2008, a
tar ou obtiver guarda judi- empregado, com o direito empregada e o emprega-
cial para fins de adoção de ao salário a ser pago pelo do não podem exercer ne-
criança. empregador (art. 7º, inci- nhuma atividade remune-
20 | Junho de 2016
caput, da Constituição da Essa previsão aplica-se (sem prejuízo do salário)
República. tanto ao empregado co- na hipótese em questão
mo à empregada, permi- e o limite de idade do
Ademais, conforme o tindo a ausência justifica- filho.
art. 473, inciso XI, da da e remunerada.
C L T , incluído pela Lei Cabe à negociação cole-
13.257/2016, o empre- O referido dispositivo tiva, assim, aprimorar as
gado pode deixar de com- passou a dispor expressa- referidas previsões legais,
parecer ao trabalho, man- mente sobre a matéria, concretizando a determi-
tendo o direito de rece- embora também possa nação constitucional de
ber o salário, por um dia existir norma mais favorá- melhoria das condições
por ano para acompanhar vel a respeito, ampliando sociais dos trabalhadores
filho de até seis anos em a quantidade de dias de (art. 7º, caput, da Consti-
consulta médica. ausência no trabalho tuição da República).
NOTAS:
1. Cf. GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de direito do trabalho. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
p. 623-624.
2. Cf. GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de direito do trabalho. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
p. 620.
Alimentos e mudanças no
processo judicial de família
22 | Junho de 2016
ofício a negativação do tando e os recursos eco- Também se faz relevante
devedor de alimentos nos nômicos do alimentante. consignar que os danos
serviços de proteção ao “A equação desses dois fa- causados às crianças e aos
crédito (SPC e Serasa), ca- tores deverá ser feita, em adolescentes, pela demo-
so ocorra o descumpri- cada caso concreto, levan- ra na tutela dos seus direi-
mento da determinação do-se em conta que a pen- tos, podem ser irreversí-
judicial, conforme deter- são alimentícia será con- veis. O cumprimento do
mina o artigo 528, § 1º, do cedida sempre ad necessi- dever de prestar alimen-
novo Código.2 tatem”. tos é essencial para ma-
nutenção de uma vida
Trata-se a negativação de digna ao alimentado, con-
um instrumento coerciti-
vo, objetivando forçar o
“Trata-se a forme dispõe o artigo 3º
do Estatuto da Criança e
pagamento da dívida ali- negativação de do Adolescente, ao desta-
mentar. Ponto positivo car que “a criança e o ado-
para a mudança no CPC! um instrumento lescente gozam de todos
Aí está um impacto social
e jurídico da nova lei, nas
coercitivo, os direitos fundamentais
inerentes à pessoa huma-
relações familiares, que objetivando na4 [...]”.
objetiva salvaguardar o
verdadeiro interessado forçar o O direito da personalida-
na pensão, o alimentado. de da criança é construído
pagamento na família. “Não é possível
Ainda assim, deverá ser res-
peitado o trinômio ali-
da dívida existir sujeito sem que se
tenha passado por uma fa-
mentar: possibilidade do alimentar. mília, e sem sujeito não há
alimentante, necessidade direito”(PEREIRA, 2013,
do alimentado e proporcio- Ponto positivo p. 255). O núcleo familiar
nalidade. O critério jurídico
para fixar o montante da
para a é essencial para a cons-
trução do ser.
pensão continua sendo a mudança
necessidade do credor de Outra novidade é a previ-
alimentos, sendo, igual- no CPC! (...)” são de descontos direta-
mente, relevante ponderar mente dos vencimentos lí-
qual é a capacidade econô- quidos do devedor de ali-
mica dos obrigados e a pro- Neste ponto, cabe ressal- mentos, em até cinquen-
porcionalidade na ocasião tar que a variabilidade da ta por cento. Nota-se que
da fixação da pensão. obrigação de prestar ali- não ocorreu uma transfor-
mentos a partir do trinô- mação do entendimento,
Segundo Maria Helena mio alimentar permitirá a que antes já era adotado
Diniz (2012, p. 361), é im- revisão ou a exoneração pela jurisprudência, para
prescindível que haja pro- da pensão, por meio da re- alterar de trinta para cin-
porcionalidade na fixação gra rebus sic stantibus, nos quenta por cento os des-
dos alimentos entre as termos do artigo 1.699 do contos dos salários do ina-
necessidades do alimen- Código Civil.3 dimplente. A mudança se
volta apenas para estabe- trovérsia, devendo o ma- miliares muito se deve ao
lecer um teto para o caso gistrado dispor do auxílio reconhecimento da auto-
de comprometimento da de profissionais de outras determinação do sujeito,
renda do alimentante, con- áreas do conhecimento. liberado para a livre con-
siderando as parcelas ven- dução de suas relações ho-
cidas cumuladas com as Neste sentido, a perspec- rizontais de família” (MA-
tiva transdisciplinar6 tam- DALENO e MADALENO,
vincendas.
bém ganha mais espaço, 2015, p. 160).
pois há nítida conexão, nos
Em relação ao critério ado-
casos de família, do direi-
tado pelo legislador para re-
“(...) A mediação
to, da psicanálise, do ser-
querer a prisão pelos últi- viço social e da sociologia.
mos três meses de atraso
no pagamento da pensão, Como ressaltado por Flá- passa a ser
devem ser consideradas nes-
te cômputo as parcelas an-
vio Tartuce (2015, p. 324),
há na nova lei uma tenta-
um novo
teriores ao ajuizamento da tiva de substituir a “cultura caminho para
ação, sendo, então, possível da guerra”, pela “cultura
pedir a prisão, em regime fe- da paz”, o que requer não a composição
apenas uma transforma-
chado, do devedor da obri-
gação alimentar. ção de conduta dos pro- do conflito.
fissionais que atuam nes-
ta área de família, mas uma
O sujeito de
2. A CULTURA DO mudança no modo de en- direito passa,
LITÍGIO PERDE A sino do processo.
verdadeiramen-
SUA FORÇA A mediação busca salva-
guardar os direitos da fa- te, a ser ator
Com o novo Código, a cul-
tura do litígio também per-
mília, da criança e do ado-
lescente, por meio do in-
e condutor
de a sua força. A media- centivo a uma convivên- da sua vida
ção passa a ser um novo cia familiar mais saudável
caminho para a composi- a partir da resolução de privada,
ção do conflito. O sujeito conflitos extrajudicialmen-
de direito passa, verdadei- te e judicialmente, uma vez ainda que
ramente, a ser ator e con-
dutor da sua vida privada,
que esta via tem por es-
copo chegar a um acordo
judicializada.”
ainda que judicializada. que seja o reflexo dos in-
teresses dos integrantes
A prioridade passa a ser a da família, reconstruindo Dessa maneira, importante
negociação, a conciliação a possibilidade de diálogo aplicação terá a mediação
e a mediação entre as par- entre eles (DUQUE e LEI- nos casos envolvendo alie-
tes envolvidas. Por isso, o TE, 2015, p. 297). nação parental. A síndrome
artigo 6945 do CPC disci- da alienação parental, nas
plina que todos os esfor- A utilização da mediação palavras de Pablo Stolze Ga-
ços serão voltados para a como instrumento de “re- gliano e Rodolfo Pamplona
solução consensual da con- solução de desordens fa- Filho (2014. p. 614), repre-
24 | Junho de 2016
senta um verdadeiro “dis- mentais, segundo os quais lumidade psíquica e o rela-
túrbio que assola crianças devem ter eficácia e apli- cionamento saudável com
e adolescentes vítimas da cação imediata, preocu- os menores, evitando a de-
interferência psicológica in- pou-se em estabelecer sestruturação familiar.8
devida realizada por um também deveres funda-
dos pais com o propósito mentais. Os deveres fun- Isso se demonstra extre-
de fazer com que repudie damentais, como catego- mamente relevante na
o outro genitor”. Quando ria jurídico-constitucio- medida em que uma
identificada tal inter- nal, são condutas positi- convivência familiar tran-
ferência, a guarda poderá vas ou negativas que pro- quila e equilibrada pro-
ser analisada pelo magis- movem a efetivação dos porciona um ambiente fa-
trado, buscando proteger direitos fundamentais vorável para o desenvolvi-
os interesses do menor.7 (DUQUE, 2015, p. 33). mento da criança, sobre-
tudo no aspecto afetivo,
Essa síndrome, regulada Destaca-se, assim, o reco- psicológico e material, vi-
Lei 12.318, de 26 de agos- nhecimento da eficácia sando à formação psicoló-
to de 2010, caracteriza-se dos deveres fundamen- gica livre de transtornos e
pela “utilização do filho tais não apenas como um traumas.
como instrumento de ca- dever do Estado, mas
tarse emocional ou extra- também como algo que 3. FUNCIONALIZA-
vasamento de mágoa, deve ser observado nas
além de traduzir detestá- relações entre particula- ÇÃO E SOLIDARIE-
vel covardia, acarreta pro- res, pois a todo direito há DADE DAS RELA-
fundas feridas na alma um dever corresponden-
do menor” (STOLZE e GA- te. Ao lado do direito dos ÇÕES FAMILIARES
GLIANO, 2014. p. 614). pais à convivência com os
seus filhos, é importante As relações familiares de-
Sabe-se que a Constitui- destacar a previsão de um vem ser garantidas “cons-
ção Federal de 1988, além dever fundamental dos titucionalmente não em
de garantir direitos funda- pais de resguardar a inco- razão de titularizar um in-
teresse superior ou supe-
rindividual, mas em fun-
ção da realização das exi-
“A funcionalização do direito impõe gências das pessoas hu-
manas”(NOGUEIRA DA
um novo tratamento jurídico da GAMA, 2008, p. 125).
família que, por sua vez, se volta A funcionalização do direi-
to impõe um novo trata-
ao viés constitucional sobre a mento jurídico da família
que, por sua vez, se volta
comunidade familiar, posto que ao viés constitucional so-
é o refúgio dos direitos e deveres bre a comunidade familiar,
posto que é o refúgio dos
fundamentais garantidos direitos e deveres funda-
mentais garantidos a todo
a todo indivíduo.” indivíduo.
26 | Junho de 2016
direito de família impõe por sua vez, se volta ao viés que é o refúgio dos direitos
um novo tratamento jurí- constitucional sobre toda a e deveres fundamentais
dico dos seus membros que, estrutura familiar, posto garantidos ao indivíduo.
3. “Art. 1.699 – Se, fixados os rada a livre manifestação do pon- dade física e emocional preser-
alimentos, sobrevier mudança na to de vista técnico”. vada. Recurso desprovido. (TJ-RS.
situação financeira de quem os AI 70.062.018.569 RS, Relator:
supre, ou na de quem os recebe, 7. “1. Deve sempre prevalecer o Sérgio Fernando de Vasconcel-
poderá o interessado reclamar interesse da criança ou adoles- los Chaves, Data de Julgamento:
ao juiz, conforme as circunstân- cente, acima de todos os demais. 26-11-2014, Sétima Câmara Cí-
cias, exoneração, redução ou ma- 2. Não estando a adolescente em vel, Data de Publicação: Diário
joração do encargo.” situação de risco e mantendo ela da Justiça do dia 2-12-2014)”.
boa convivência com a genitora,
4. “Art. 3º – A criança e o adoles- 9. O princípio da afetividade não
com quem sempre conviveu, des-
cente gozam de todos os direitos se confunde com a socioafetivi-
cabe promover a alteração de dade, sendo institutos autôno-
fundamentais inerentes à pes- guarda. 3. Necessitando a geni- mos, mas em conexão. Há quem
soa humana, sem prejuízo da pro- tora superar seus conflitos pes- defenda que a “socioafetivadade
teção integral de que trata esta soais e evitar conduta que confi- é a publicidade da afetividade, é a
Lei, assegurando-se-lhes, por lei gure alienação parental, deverá emergência do animus constitu-
ou por outros meios, todas as iniciar de forma imediata o acom- tivo familiar”, como se dá na filia-
oportunidades e facilidades, a panhamento psicológico e a te- ção. (PORFÍRIO, p. 39-55, 2015).
fim de lhes facultar o desenvolvi- rapia familiar. Recurso despro-
mento físico, mental, moral, es- 10. Determina o artigo 884 do Có-
vido. (TJ-RS. Apelação Cível digo Civil: “Aquele que, sem justa
piritual e social, em condições 70.062.004.692, Sétima Câmara
de liberdade e de dignidade”. causa, se enriquecer à custa de
Cível, Relator: Sérgio Fernando outrem, será obrigado a restituir o
5. “Art. 694 – Nas ações de família, de Vasconcellos Chaves, Julgado indevidamente auferido, feita a
todos os esforços serão empreen- em 26-11-2014)”. atualização dos valores monetá-
didos para a solução consensual da 8. “(...) 2. O genitor exercia a rios”. Nesta linha, decidiu o Tribu-
controvérsia, devendo o juiz dispor guarda fática desde 2012, mas nal de Justiça de Goiás: “(...) É ce-
do auxílio de profissionais de ou- foi assegurada provisoriamente diço que a Constituição Federal re-
tras áreas de conhecimento para a a guarda à genitora diante da dimensionou o conceito de família,
mediação e conciliação. constatação da prática de atos alargando-o. (...) Perfilhando idên-
tico caminho das inovações, foi
6. Dispõe o art. 151 da Lei 8.069 que configuram alienação paren-
editado o Código Civil, em 2002,
de 1990: “Compete à equipe in- tal. 3. A visitação deve ser exer- responsável por regular o regime
terprofissional dentre outras atri- cida com zelo e responsabilida- jurídico das uniões estáveis, espe-
buições que lhe forem reserva- de e deve proporcionar para a cificando como regime pa-
das pela legislação local, forne- filha momentos de lazer, afetivi- trimonial o da comunhão parcial
cer subsídios por escrito, medi- dade e descontração, permitin- de bens, derivando a imprescin-
ante laudos, ou verbalmente, na do uma convivência saudável en- dível partilha do que foi adqui-
audiência, e bem assim desen- tre a filha e o genitor não guar- rido pelo esforço comum, sob pe-
volver trabalhos de aconselha- dião, havendo razão para que na de consagrar-se o proibitivo
mento, orientação, encaminha- sejam suspensas, diante do com- princípio da vedação ao enri-
mento, prevenção e outros, tu- portamento lesivo do genitor quecimento ilícito (...). (TJ-GO.
do sob a imediata subordinação para com a menor que deverá Apelação Cível 104.386-1/188 –
à autoridade judiciária, assegu- ser protegida e ter sua integri- 2006.033.0406-5)”.
28 | Junho de 2016
| ESPECIAL |
30 | Junho de 2016
2. DAS ALTERAÇÕES ma mais árdua a presta- salva de que serão separa-
ção alimentar. dos dos presos comuns.
E CONSEQUÊNCIAS Nesse ponto, colaciona-se
A Constituição Federal, em o dispositivo mencionado:
IMPOSTAS AO seu artigo 5º, inciso LXVII,
DEVEDOR DE dispõe a respeito da prisão “Art. 528 – No cumpri-
civil do devedor de alimen- mento de sentença
ALIMENTOS DE tos no caso de inadimple- que condene ao paga-
mento involuntário e im- mento de prestação ali-
ACORDO COM perdoável da verba alimen- mentícia ou de decisão
O CPC/2015 tar. Apesar de estar cons- interlocutória que fixe
titucionalmente prevista, alimentos, o juiz, a re-
O novo Código de Proces- o que víamos na prática querimento do exe-
so Civil, o qual entrou em era que muitos devedores quente, mandará inti-
vigência no corrente ano, de alimentos são presos mar o executado pes-
trouxe alterações impor- e, mesmo assim, não efe- soalmente para, em 3
tuavam o pagamento da (três) dias, pagar o dé-
tantes a respeito da pen-
dívida. Nesses casos, por
são alimentícia. Essas alte- bito, provar que o fez
exemplo, a prisão civil aca-
rações, conforme serão ou justificar a impossi-
ba por ter um efeito con-
expostas, também acar- trário, uma vez que agra- bilidade de efetuá-lo.
retarão consequências vará a situação do credor
mais severas ao devedor (...)
e também do devedor.
de alimentos. § 4º – A prisão será
No CPC/2015, após mui-
Verifica-se que o legisla- cumprida em regime fe-
tos debates acerca do re-
dor ao elaborar os artigos chado, devendo o preso
gime a ser estipulado,
sobre o tema em discus- consta expressamente no ficar separado dos pre-
são, preocupou-se em dar artigo 528, § 4º, a prisão sos comuns.”
mais segurança aos bene- civil do devedor em regi- Na prática, a prisão já era
ficiários, tratando de for- me fechado, com a res-
realizada em regime fecha-
do, contudo, verifica-se
que se preocupou o legis-
“Na prática, a prisão já era realizada lador em fazer constar ex-
pressamente, pois o tipo
em regime fechado, contudo, de regime imposto ao de-
verifica-se que se preocupou vedor de alimentos sem-
pre gerou muita contro-
o legislador em fazer constar vérsia jurisprudencial.
expressamente, pois o tipo de Ainda, assim como já pre-
via a Súmula 309 do STJ,
regime imposto ao devedor de o CPC/2015, introduziu o
alimentos sempre gerou muita § 7º ao artigo 528, fazen-
do constar que a prisão
controvérsia jurisprudencial.” civil não afastará o débito,
32 | Junho de 2016
3. DAS QUATRO O CPC/2015 neste ponto, tal, prisão civil, expropria-
também trouxe inovações ção ou pelo emprego de
POSSIBILIDADES relevantes para o Direito qualquer outro meio de in-
PROCEDIMENTAIS de Família, definindo qua- dução ou de sub-rogação
tro possibilidades de se que o Magistrado enten-
NO RITO DE executar a verba alimen- da como cabível. Assim,
EXECUÇÃO DE tar. Assim, a execução nes- muito embora a lei silen-
tes casos, será definida le- cie a respeito, é certo que
ALIMENTOS vando em consideração o cabe multa coercitiva pa-
tipo de título, no caso ju- ra tutela do direito aos ali-
Em relação aos procedi- dicial ou extrajudicial e, o mentos, pouco importan-
mentos em caso de ina- tempo do débito, em sen- do se fundado em título
dimplência da obrigação do pretérito ou recente.
alimentar, verifica-se que executivo judicial ou ex-
o legislador buscou inovar, trajudicial.
Nos casos em que a exe-
havendo agora quatro hi- cução se encontrar funda- Dessa forma, percebe-se
póteses cabíveis nos ca- da por meio do procedi- que o legislador positivou
sos de execução. mento de cumprimento de o cumprimento de sen-
sentença, esta poderá ser tença sob pena de penho-
No Código de 73, ocorria realizada por meio do rito
um duplo regime de exe- ra (o qual já era utilizado
do artigo 528 a qual esti- pelo Código anterior, mas
cução, qual seja, execução pula o cumprimento de sen-
realizada por meio do ar- não encontrava previsão);
tença sob pena de prisão inovou ao acrescentar a
tigo 732 (alterada pela Lei ou pela hipótese prevista
11.232/2005 – criando a possibilidade de cumpri-
no artigo art. 528, § 8º, mento de sentença sob
fase de cumprimento de que é o caso de cumpri-
sentença), a qual estipu- pena de prisão; colocou
mento de sentença sob pe-
lava que ocorreria sob pe- fim à necessidade de cita-
na de penhora.
na de penhora e a execu- ção do executado para a
ção por meio do rito pre- Nos casos em que a exe- prisão da sentença de ali-
visto no artigo 733, a qual cução se encontrar funda- mentos; criou a execução
estipulava que ocorreria mentada pelo título exe- de alimentos fundada em
sob pena de prisão. Tal cutivo extrajudicial, os pro- título extrajudicial, o que
ponto gerou nos últimos cedimentos encontram-se afasta as controvérsias a
anos, inúmeros debates e previstos nos artigos 911, respeito da prisão civil e
divergências jurispruden- 912 e 913 do CPC/2015, fixação de alimentos de-
ciais, culminando com a os quais preveem a execu- correntes de acordo ex-
decisão do STJ, o qual de- ção de título extrajudicial trajudicial.
finiu que os alimentos pre- sob pena de prisão e, sob
vistos em sentença são pena de penhora, respec- Nos casos de ser promo-
pleiteados de duas for- tivamente. vida a execução, a eleição
mas distintas: (a) execução da modalidade de cobran-
autônoma para as hipóte- A tutela do direito aos ali- ça depende em como os
ses do art. 733; e (b) cum- mentos pode ser obtida alimentos foram estabe-
primento de sentença pa- mediante desconto em lecidos (título judicial ou
ra a hipótese do art. 732 folha, desconto em ren- extrajudicial), bem como
(CPC, art. 475-I e ss.) da, constituição de capi- o período que está sendo
cobrado (se superior ou in- necessário o uso do pro- As novas regras têm como
ferior a três meses). cesso executório autôno- fundamento inibir o débi-
mo. to de pensão alimentícia
Verifica-se que não há co-
com imposições mais rígi-
mo restringir o uso da via Dessa forma, verifica-se
executiva pelo rito da pri- que o legislador buscou das que requerem mais
são aos alimentos estabe- preencher as lacunas exis- cuidado por aquele que
lecidos em título executi- tentes anteriormente, muitas vezes não tem
vo extrajudicial e aos fixa- trazendo soluções que ao condições de adimplir com
dos em sentença definiti- que tudo indicam torna- determinado valor e que
va ou em decisão interlo- rão mais eficazes o rito da pode sofrer não só restri-
cutória irrecorrível. execução. ção no nome, como tam-
bém, prisão.
Ademais, o cumprimento CONCLUSÃO
da sentença definitiva ou Conclui-se, dessa forma,
de acordo judicial deve ser De acordo com este estu- que a nova legislação preo-
promovido nos mesmos
do, pode-se observar que cupou-se em dar um trata-
autos da ação de alimen-
tos. A execução dos ali- as modificações intro- mento mais eficaz e satisfa-
mentos provisórios e da duzidas pelo novo Código tório a estas situações, que
sentença sujeita a recur- parecem promissoras, comumente são tratadas
so, se processa em autos buscando minimizar as pelo Judiciário como forma
apartados. Já para execu- inadimplências dos débi- de garantir a subsistência
tar acordo extrajudicial é tos alimentares. digna dos alimentandos.
BIBLIOGRAFIA:
CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 4ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 16
GOMES, Orlando. Direito de Família. 11ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999, p. 427.
MARINONI, Luiz Guilherme. Novo Código de Processo Civil Comentado, 2ª edição, São Paulo, Editora Revista
dos Tribunais, 2016.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: direito de família, 8ª Edição, São Paulo, Editora Atlas, 2008.
DIAS, Maria Berenice: “A cobrança dos alimentos no novo CPC”. Fonte: http://www.advocaciadina-
mica.com/busca/detalhe_42/5504/Doutrina.
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm.
NOTAS:
1. CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 4ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 16
2. GOMES, Orlando. Direito de Família. 11ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999, p. 427.
3. VENOSA, Sílvio de Salvo, Direito civil: direito de família, 8ª Edição, São Paulo, Editora Atlas, 2008.
34 | Junho de 2016
| J U R I S P R U D ÊNC I A C O M E N T AD A |
Interceptação telefônica
e a Lei 12.830/2013
36 | Junho de 2016
dados e não de inter- ça, da Relatoria da Mi- posteriormente ao
ceptação telefônica – nistra Maria Thereza de controle judicial, a fim
Ordem Denegada.” Assis Moura, do qual de se verificar qual-
extraio a seguinte pas- quer achincalhe ao
Portanto, em uma análise sagem da ementa: regramento norma-
primária, a requisição de “[...] 2. O teor das co- tivo pátrio. 6. In casu,
dados secundários, do ti- municações efetua- a autoridade policial
po bilhetagem, georrefe- das pelo telefone e os não solicitou à opera-
renciamento, registros dados transmitidos dora de telefonia o rol
cadastrais do usuário, por via telefônica são dos proprietários das
existentes nos arquivos abrangidos pela invio- linhas telefônicas ou o
das operadoras de telefo- labilidade do sigilo – teor do colóquio dos
nia, não caracterizariam a artigo 5º, inciso XII, da interlocutores, ape-
interceptação telefônica, Constituição Federal –, nas os numerários que
constitucionalmente res- sendo indispensável a utilizaram a Estação de
trita. Aponta nessa dire- prévia autorização ju- Rádio-Base na região,
ção a decisão do Supremo dicial para a sua que- em período adstrito
Tribunal Federal: bra, o que não ocorre ao lapso delitivo, não
“EMENTA: PROCES- no que tange aos da- carecendo de anterior
SUAL PENAL – HABEAS dos cadastrais, exter- decisão judicial para
CORPUS SUBSTITUTI- nos ao conteúdo das tanto, sobressaindo,
VO – ROUBO, DESCA- transmissões telemá- inclusive, a necessida-
MINHO E TRÁFICO DE ticas. 3. Não se cons- de da medida policial
DROGAS – ALEGADA tata ilegalidade no adotada, que delimitou
VIOLAÇÃO AO SIGILO proceder policial, que a solicitação para a
DAS COMUNICAÇÕES requereu à operadora quebra do sigilo das
TELEFÔNICAS – INO- de telefonia móvel conversas dos interlo-
CORRÊNCIA. 1. A obten- responsável pela Esta- cutores dos telefones
ção direta pela autori- ç ã o Rá dio- B a s e o e da identificação dos
dade policial de dados registro dos telefones números que os con-
relativos à hora, ao lo- que ut iliz a ra m o tactaram, feita peran-
cal e à duração das serviço na localidade, te o Juízo competente,
chamadas realizadas em dia e hora da prá- que aquiesceu com a
por ocasião da prática tica do crime. 4. A au- obtenção do reques-
criminosa não confi- toridade policial atuou tado. 7. A alegação de-
gura violação ao art. no exercício do seu fensiva de eivas na jun-
5º, XII, da CF/88. mister constitucional, tada de prova empres-
Precedentes. 2. Habeas figurando a diligência tada de outros feitos
Corpus a que se nega dentre outras realiza- não pode ser objeto de
seguimento. 1. Trata-se das ao longo de quase exame, pois deixou-se
de Habeas Corpus, com 7 (sete) anos de inves- de proceder à demons-
pedido de medida limi- tigação. 5. Ademais, tração do asserido, me-
nar, impetrado contra eventuais excessos diante documentação
acórdão unânime da praticados com os comprobatória sufi-
Sexta Turma do Supe- registros logrados po- ciente, que evidencias-
rior Tribunal de Justi- dem ser submetidos se a tese, não sendo
38 | Junho de 2016
conferir a Delegados Superiores. O que se dis- recer 1.552/2015, analisou
de Polícia poder de re- cute é o Controle Externo com profundidade a ques-
quisição de perícia, in- exercido pelo Ministério tão, trazendo robusta e ir-
formações, documen- Público, e a interpretação respondível fundamenta-
tos e dados, no curso de que a requisição de da- ção, principalmente por-
de investigação crimi- dos não pode ser atribui- que baseada em recentes
nal, pode induzir à in- ção exclusiva do Delegado decisões do Supremo Tri-
terpretação equivoca- de Polícia. bunal Federal, intérprete
da e inconstitucional máximo da Constituição.”
de que essa atribuição Sob esse aspecto, a ques-
seria exclusiva desses tão secundária de exclusi- Diante do exposto, verifi-
servidores policiais, vidade do poder investi- ca-se que, desde antes da
excluindo a atuação gativo e o controle do Mi- Lei 12.830/2013, a requi-
investigatória, o poder nistério Público, pode ma- sição de dados direta-
de requisição e a fun- cular a eficácia e eficiên- mente às empresas tele-
ção de exercer contro- cia da lei, que caso seja fônicas não é caracteriza-
le externo da ativida- declarada inconstitucional, da como violadora do ar-
de policial por parte do macularia de vício insaná- tigo 5º da Constituição Fe-
Ministério Público, vel todas as decisões que deral, posto que preten-
definidas pela Cons- tiverem por base a lei que de, para atendimento à in-
tituição da República.” possivelmente pode ser vestigação criminal, dados
considerada como incons- secundários da comunica-
Portanto, os questiona- titucional. ção e não da transmissão
mentos s obre a Lei do pensamento entre duas
12.830/2013, na ADI de Consultada por manifesta- ou mais pessoas.
referência, não visam ção da Assesoria Jurídica
questionar a possibili- da Chefia da Polícia Civil Há de se reconhecer, en-
dade de o Delegado de de Minas Gerais, a Advo- tretanto que muitos confli-
Polícia solicitar dados di- cacia Geral do Estado, em tos com operadoras de te-
retamente às empresas Promoção datada de lefonia haverão de ser judi-
telefônicas, através de 23-2-2016, aprovada pela cializados até que se con-
Requisição, que se escla- Consultoria Jurídica/AGE, siga pacificação do assunto,
reça, possui caráter coer- ratificou o entendimento que insistem em interpre-
citivo e respaldo na juris- da Consulente, informan- tar de maneira completa-
prudência dos Tribunais do que “o mencionado pa- mente divergente.
João Lopes
Mestre em Administração Pública/FJP – Assessor Jurídico da
Polícia Civil de Minas Gerais – Professor do Instituto
Metodista Izabela Hendrix – Especialista em
Criminologia, Direito Penal e Processual Penal
NOTAS:
1. Disponível em: http://www.significados.com.br/comunicacao/, acessado em 7-10-2015.
2. HC 124.322/RS – Disponível: http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 9467219 - Brasí-
lia, acessado em 21-9-2015.
3. HC 91.867, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, Sessão de 24-4-2012.
Somos um escritório
boutique! Será?
Prezado advogado/ advo- gados: o conceito de bou- uma área. Isso é, simples-
gada. Você já vivenciou a tique jurídica. mente, ser especializado.
seguinte situação: estar
passeando em um local Uma das frases que mais Ser boutique não é ape-
privilegiado, ver a vitrine escuto em reuniões é “so- nas ter um número limita-
de uma lojinha de uma mos um escritório bouti- do de clientes. Se ter pou-
marca conhecida e ficar que”. Será? Você real- cos clientes significasse
curioso para saber por mente sabe o que é um ser boutique, muitos es-
que existem na mesma escritório boutique antes critórios que estão falindo
apenas três blusinhas, se de incluir isso em seu dis-
seriam.
o local de display poderia curso empresarial? Será
conter mais? E ainda, ao que não vimos isso em Ser boutique não é ape-
verificar o valor de cada outro lugar, achamos o nas ter atendimento per-
uma destas joias, quase conceito interessante e, sonalizado. Na atual con-
cair para trás, ficando sem sem entender ao certo as
juntura, todo escritório de-
entender porque elas características, saímos
veria atender seus clien-
custam muito mais que as metralhando repetidos
tes de uma forma única.
correlatas de outras lojas? chavões que escutamos
Acho que todos já passa- como sendo realidade em
Ser boutique não é ape-
mos por isso. Guarde essa oportunidades propícias? nas ter qualidade no tra-
imagem. Voltaremos a ela balho. Qualidade, tanto
Gostaria então de para-
em breve. intelectual, quanto ope-
metrizar esse conceito
racional, é obrigação da
europeu do que é ser um
Vamos então a mais um banca.
escritório boutique no ce-
artigo que vai polemizar e
nário jurídico. Vamos lá: Agora... Se você tem to-
deixar muita gente com
raiva de mim... Mas, como das essas características
Ser boutique não é ape- acima e não apenas uma
me propus a ajudar o mun- nas ter estrutura enxuta. ou outra, parabéns! Você
do jurídico em sua forma Se ser pequeno significas- está concorrendo seria-
prática e teórica, a ideia se ser boutique, todo es- mente a ser considerado
aqui é facilitar o enten- critório iniciante seria um. um escritório boutique.
dimento de um conceito Mas aqui vem o banho de
básico difundido erronea- Ser boutique não é ape- água fria e que é o ponto
mente por muitos advo- nas ter especialização em determinante entre ser
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ou não boutique: o reco- que você veste uma blusa escritório), ou de um gru-
nhecimento do mercado. X ou uma calça Y. Você po de advogados que
sabe que o nome daquela igualmente tem seus no-
marca gera reconheci- mes reconhecidos. Para
“ (...) Um dos mento e representação tranquilizar as mentes
dos mais enraivecidos com
de qualidade aos olhos do
pontos para ser mercado. É por isso que o escrito, apaziguo dizen-
do que ser reconhecido
boutique é que esta loja é uma boutique e
não apenas uma loja co- muitas vezes pode ser
o mercado mum. Então voltando ao mais fácil do que parece,
pois não estamos falando
nosso conceito jurídico da
entenda aquele coisa: você só é boutique
de ser reconhecido nacio-
nalmente, mas muitas ve-
profissional quando o mercado reco-
zes de ter importância lo-
nhece que você tem essa
como referência qualidade inerente.
cal, o que faz de seu no-
me/nome do escritório
naquela área Aqui vem então a triste
um polarizador de marca
para aquele setor.
e o identifique realidade de quem se pro-
clama sem conhecimen- Mas como verificar se seu
como ‘o cara to: ser boutique não está nome já é, em algum ní-
nas mãos do escritório,
certo para pois quem vê o mesmo
vel, reconhecido? Res-
ponda às seguintes per-
resolver o como tal é o mercado. Ser
guntas:
boutique nunca pode ser
problema uma autoproclamação. 1. Quando comentamos,
Um dos pontos para ser
específico ou boutique é que o merca-
mesmo em uma roda in-
formal de pessoas, o no-
complexo’. (...)” do entenda aquele profis- me de seu escritório ou
sional como referência dos sócios, ele é facilmen-
naquela área e o identifi- te reconhecido?
que como “o cara certo
Vamos voltar a nossa ima-
para resolver o problema 2. Quando se coloca o
gem do começo do artigo:
específico ou complexo”. nome dos sócios, o que
as blusinhas caríssimas. É por isso que os escritó-
Aqui a pergunta é simples: aparece na pesquisa or-
rios boutique podem co- gânica do Google?
por que você paga caro brar tanto pelos serviços:
em uma blusa que tem as porque são extremamen- 3. O sócio é capacitador
mesmas características te especializados (muitas de informação através de
que outras mais baratas? vezes com hiper-especia- artigos e palestras?
Resposta: pela marca e lização), e são reconheci-
pelo reconhecimento. Vo- dos por isso. Essa visuali- 4. O sócio tem currículo
cê paga caro porque sabe zação pode vir de um juris- interessante, preferencial-
que as pessoas vão arre- ta como carro chefe (que mente com pós-gradua-
galar os olhos ao saber geralmente encabeça o ção?
5. O sócio é tão relevante Quer ser escritório real- 6. E finalmente, seja reco-
que algum outro escritó- mente boutique? Lem- nhecido pelo mercado e
rio já quis comprar sua le- bre-se das características não por você mesmo.
gal opinion ou parecer? necessárias:
Crie sua marca institu-
6. O sócio já recebeu algum 1. Tenha trabalho de ex- cional. Seja opinativo. Seja
prêmio, seja mercadológi- celência;
co, seja do cliente? relevante. Seja reconheci-
2. Seja especializado ou hi- do. Apenas depois dessa
Vale lembrar que os pon- per especializado; árdua jornada, mostre-se
tos acima citados são de como um escritório bouti-
verificação de valoração do 3. Tenha atendimento ul- que. Eu sei, é difícil. Mas
nome do sócio ou do es- trapersonalizado;
critório, e não necessaria- se fosse fácil, todo mundo
mente envolvem a criação 4. Seja enxuto; seria o suprassumo do
do conceito que estamos mundo jurídico. Bom cres-
falando hoje. 5. Trabalhe causas altas; cimento!
Alexandre Motta
Consultor da Inrise Consultoria em Marketing Jurídico –
Autor do livro Marketing Jurídico: os Dois Lados da Moeda
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funcionário público por dade de dar cumprimento partes íntimas (v.g. va-
danos morais e materiais, à igualdade. São casos em gina, ânus). Para isso, será
bem como a responsabili- que a igualdade pura e necessário o emprego de
dade objetiva do Estado s imples c ons t it uiria meios tecnológicos como
em solidariedade. odiosa desigualdade. Este scanners, superada a ve-
é o correto ensinamento tusta e humilhante práti-
Finalmente, o funcionário de Bandeira de Mello: ca até então adotada nos
público poderá s er estabelecimentos prisio-
res pons abilizado no “O ponto nodular para nais e nas buscas pessoais
âmbito criminal por exame da correção de policiais.
abuso de autoridade, nos uma regra em face do
termos do artigo 4º, “b” e princípio isonômico
reside na existência
“h”, da Lei 4.898/65.
ou não de correlação “Sabe-se que o
lógica entre o fator
Embora a Lei
erigido em critério de princípio da
13.271/2016 se refira
discrímen e a discrimi-
expressamente somente nação legal decidida isonomia
às mulheres como sujei-
tos da proibição de buscas
em função dele.1” comporta
pessoais íntimas, enten- Pois bem, não há motivo relativização
de-se que sua interpreta- algum que racionalmente
ção só pode ser extensiva, justifique poderem os ho- bem como,
isso devido à aplicação do mens ser submetidos a re-
princípio da isonomia, nos vistas íntimas degradantes principalmente,
exatos termos do artigo
5º, I, CF. P ortanto,
e desnecessárias no atual ponderações. (...)”
estágio tecnológico e não
também ficam terminan- o poderem as mulheres.
temente proibidas, seja O sexo não é um fator su-
Como bem destaca Lopes
no âmbito privado, seja ficiente para fundar uma
Júnior, não há que confun-
no público, a realização discriminação positiva no
dir “busca pessoal com in-
de buscas íntimas também caso concreto.
tervenção corporal”.2
em homens.
Importa frisar que nada se
A busca pessoal:
Sabe-se que o princípio da altera em relação às bus-
isonomia comporta relati- cas pessoais reguladas “(...) é possível quando
vização bem como, princi- pelo Código de Processo houver fundada sus-
palmente, ponderações. Penal. A Lei 13.271/2016 peita de que alguém
No entanto, há que haver é específica sobre as oculte consigo arma
um elemento distintivo “buscas íntimas”, ou seja, proibida ou outros
que justifique tratamen- aquelas invasivas que objetos. Consiste ela
tos diferenciados em importam em desnuda- na inspeção do corpo
dados casos concretos, mento e inclusive em e da s v es t es de
exatamente com a finali- inspeção visual e tátil de alguém para apreen-
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pode dizer de normas de 29-6-2010. Não desnudamento passa a ser
administrativas que regu- obstante, deve-se atentar proibido e mantida a veda-
lavam as buscas íntimas. que essa Resolução já ção de inspeção interna do
Estas estão atualmente previa a proibição de corpo das pessoas. Para
revogadas pela Lei “revista interna visual ou essas espécies de revistas
13.271/2016, com a qual tátil do corpo do indiví- ou buscas, será necessário
são absolutamente duo” (artigo 157, § 1º), o uso de aparelhagens
incompatíveis. Exemplo embora permitindo o próprias que evitem o
disso são os artigos 156 a desnudamento de presos constrangimento ilegal de
158 da Resolução SAP 144, e visitantes. Portanto, o visitantes e detentos.
BIBLIOGRAFIA:
LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
MARCÃO, Renato. Curso de Processo Penal. 2ª ed. São Paulo: Saraiva.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade. 3ª ed. São Paulo: Malhei-
ros, 1999.
MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Processo Penal. 18ª ed. São Paulo: Atlas, 2006.
PITOMBO, Cleunice Bastos. Da Busca e Apreensão no Processo Penal. 2ª ed. São Paulo: RT, 2005.
NOTAS:
1. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade. 3ª ed. São Paulo: Malhei-
ros, 1999, p. 37.
2. LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 738 – 741.
3. MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Processo Penal. 18ª ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 323.
4. Cf. PITOMBO, Cleunice Bastos. Da Busca e Apreensão no Processo Penal. 2ª ed. São Paulo: RT, 2005, p. 159.
5. MARCÃO, Renato. Curso de Processo Penal. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, p. 578.
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art. 94 da Lei nº 8.078/90. AÇÃO CIVIL PÚBLICA – na medida em que mili-
Embora não tenha sido o P ROTE Ç ÃO DO M E I O tam presunções de que
tema repetitivo definido AMBIENTE – ENTE PÚBLI- sua conduta, de algum
no REsp. 1.273.643/PR, CO OMISSO – LEGITIMIDA- modo, concorreu para o
essa foi a premissa do jul- DE PASSIVA. O art. 5º, § 2º, dano ao meio ambiente,
gamento do caso concreto da Lei 7.347/85 – AÇÃO mormente porque a juris-
naquele feito. Em outros CIVIL PÚBLICA. Ao facul- prudência do STJ se orien-
julgados do STJ, encon- tar ao Poder Público a ha- ta no sentido de reconhe-
tram-se, também, pro- bilitação como litiscon- cer a legitimidade passiva
nunciamentos na direção sortes de qualquer das de pessoa jurídica de di-
de que o termo a quo da partes, não estabelece reito público para respon-
prescrição para que se liberalidade incondicional der por danos causados
possa aforar execução in- de escolha da entidade ao meio ambiente em de-
dividual de sentença cole- pública para atuar nos corrência da sua conduta
tiva é o trânsito em julga- polos da Ação Civil Pública omissiva. Recurso Espe-
do, sem qualquer ressalva sem observância do obje- cial improvido. (Ementa
à necessidade de efetivar tivo macro almejado com ADV 154518*)
medida análoga à do art. a demanda, porquanto
94 do CDC. Considerando impensável pretender en- EXECUÇÃO – AJUIZAMEN-
o lapso transcorrido entre quadrar-se como sujeito TO EM FACE DA FAZENDA
abril de 2002 – data dos ativo da ação quando a PÚBLICA – IMPULSO DO
editais publicados no diá- causa de pedir e o pedido CREDOR – CABIMENTO
rio oficial, dando ciência intentam a condenação DE HONORÁRIOS SOBRE
do trânsito em julgado da deste mesmo Poder Pú- HONORÁRIOS. A execu-
sentença aos interessa- blico. É a hipótese dos ção contra a Fazenda Pú-
dos na execução – e maio autos, em que a condena- blica rege-se pelas dispo-
de 2010 – data do ajuiza- ção da autarquia decorre sições dos arts. 730 e 731
mento do feito executivo – de sua omissão na fiscali- do CPC, cuja finalidade é
é imperativo reconhecer, zação da irregularidade dar ciência ao ente públi-
no caso concreto, a pres- perpetrada pelo agente co do feito executivo e pro-
crição. Incidência da Sú- causador de dano ao meio porcionar-lhe a apresen-
mula 83/STJ, que dispõe: ambiente, com provimen- tação de embargos, cujas
“Não se conhece do Re- to final no sentido de obri- matérias de defesa são res-
curso Especial pela diver- gá-la na “fiscalização e tringidas pelas hipóteses
gência, quando a orienta- acompanhamento téc- elencadas no art. 741 do
ção do Tribunal se firmou nico ambiental até com- mesmo código. “O STF
no mesmo sentido da de- pleta recuperação da área considera devidos honorá-
cisão recorrida”. Recursos de preservação perma- rios advocatícios pela Fa-
Especiais não providos. nente”. Não se trata de zenda Pública, nas execu-
Acórdão submetido ao re- determinar previamente ções de pequeno valor –
gime estatuído pelo art. a responsabilidade do RE 420.816/PR, interpretan-
543-C do CPC e Resolução I ba ma , ma s s im de do a MP 2.180/2001 à luz
STJ 8/2008. (Ementa ADV alocá-lo adequadamente do art. 100, § 3º da CF/88 –”
154730*) no polo passivo da ação, – REsp. 1.097.727/RS, Relª
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16-9-2015, DJe 3-11-2015. EM ACORDO DE LENIÊN- elucidação dos fatos,
Um dos requisitos de CIA – LIMITES À EXTEN- imposto nos termos do
admissibilidade dos re- SÃO DO SIGILO. O acordo art. 339 do CPC, somente
cursos é a tempestivi- de leniência é instituto é afastado por meio de re-
dade, implicando dizer destinado a propiciar a gras expressas de exclu-
que deve ser interposto obtenção de provas da são, entre as quais o sigilo
dentro do prazo peremp- prática de condutas anti- profissional calcado na
tório estabelecido em lei, concorrenciais, por meio necessidade precípua de
sob pena de preclusão ou, do qual se concede ao manutenção da relação
em se decidindo o mérito coautor signatário benefí- de confiança inerente a
da causa, de formação da cios penais e administrati- determinadas profissões,
coisa julgada. Em razão dis- vos. Nos termos da legis- o que não se afigura ra-
so, por ser o prazo recur- lação, assegura-se o sigilo zoável na hipótese dos
sal legal, próprio e peremp- das propostas de acordo autos em que a relação
tório, é que ao juiz não é de leniência, as quais, entre signatários do acor-
permitido ampliá-lo, salvo eventualmente rejeita- do e a entidade pública se
em havendo justa causa – das, não terão nenhuma vinculam por meio do
CPC, art. 183, § 1º. É de se divulgação, devendo ser exercício do poder de
ter, ademais, que os pra- restituídos todos os docu- polícia. Nos termos da Lei
zos recursais podem ser mentos ao proponente. 12.529/2011, art. 11, X,
suspensos e interrompidos Aceito e formalizado o compete aos conselheiros
nas hipóteses especifica- acordo de leniência, a do Tribunal Administrati-
das em lei, sendo irrelevan- extensão do sigilo somen- vo de Defesa Econômica
te eventos estranhos à te se justificará no inte- prestar informações e for-
previsão normativa. Na hi- resse das apurações ou necer cópias dos autos dos
pótese, o Agravo de Ins- em relação a documentos procedimentos adminis-
trumento foi interposto a específicos cujo segredo trativos ao Poder Judiciá-
destempo. Deveras, não há deverá ser guardado tam- rio, quando requeridas
tipificação de hipótese de bém em tutela da concor- para instruir ações judici-
suspensão ou interrupção rência. Todavia, ainda que ais, de modo que eventual
do prazo recursal, assim estendido o sigilo, não se sigilo do procedimento
como não há justa causa pode admitir sua protra- administrativo não pode
que pudesse dar azo à per- ção indefinida no tempo, ser oposto ao Poder Ju-
da do prazo pela imobiliá- perdendo sentido sua ma- diciário. (Ementa ADV
ria recorrida nem dúvida nutenção após esgotada a 154550*)
alguma advinda do conte- fase de apuração da con-
údo da decisão agravada. duta, termo marcado pela CIVIL E COMERCIAL
Recurso Especial parcial- apresentação do relatório
mente provido. (Ementa circunstanciado pela Su- ESTATUTO DA CRIANÇA E
ADV 154548*) perintendência-Geral ao DO ADOLESCENTE – MI-
Presidente do Tribunal NISTÉRIO PÚBLICO – RE-
PROVA – JUNTADA DE Administrativo. O dever QUERIMENTO DE REALI-
DOCUMENTOS OBTIDOS geral de colaboração para ZAÇÃO DE ESTUDO PSI-
52 | Junho de 2016
conduta praticada, em tanto, violação ao art. 535 neira que é responsável
regra, pelo próprio segu- do CPC/73, pois, se ficar pelos atos realizados em
rado, e não por terceiro. configurada a existência de face de terceiros, não sen-
Precedentes do STJ. Na hi- um contrato de comissão do considerado um sim-
pótese dos autos, a apó- mercantil na espécie, po- ples representante con-
lice securitária consigna derá ser reconhecida a le- vencional (mandatário)
expressamente que o veí- gitimidade ativa da recor- do comitente. Fica, pois,
culo segurado não pode rente, com a inversão do re- nos termos do art. 694 do
ser dirigido por pessoa (s) sultado do julgamento na vigente Código Civil, dire-
menor (es) de 26 (vinte e instância de origem. É ca- tamente obrigado para
seis) anos na época de bível, assim, o retorno dos com as pessoas com quem
vigência do contrato. autos ao eg. Tribunal de contrata, sem que estas
Assim, como à época do Justiça para apreciação da tenham ação contra o
acidente, o terceiro res- questão relativa à existên- comitente, nem este contra
ponsável pela prática do cia de contrato de comis- elas, ressalvada a hipótese
“racha” possuía 21 (vinte são mercantil. Recurso Es- de o comissário ceder os
e um) anos de idade, pecial provido. (Ementa seus direitos a qualquer
houve a inobservância ADV 154488*) das partes. Exemplifican-
dos termos da apólice, ra- do, se o comissário vende
zão pela qual não há falar :: Nota: Na doutrina, um bem do comitente, por
em pagamento de indeni- acerca do contrato de sua própria conta cor-
zação securitária. Recur- comissão e suas caracte- rerão os riscos da venda,
so Especial não provido. rísticas, colhem-se as li- de maneira que eventual
(Ementa ADV 154547*) ções de Pablo Stolze Ga- compensação devida ao
gliano e Rodolfo Pamplo- t erc eiro c o m quem
TRANSPORTE MARÍTIMO na Filho: “Trata-se, pois, contrata é de sua exclu-
– AGENTE INTERNACIO- de um negócio jurídico bi- siva responsabilidade. Na
NAL – CONTRATO DE CO- lateral pelo qual uma das mesma linha, não poderá
MISSÃO MERCANTIL – LE- partes (comissário) assu- o comitente voltar-se con-
GITIMIDADE ATIVA AD me, em seu próprio nome tra o adquirente, devendo
CAUSAM. A pretensão de e à conta do comitente, a resolver eventual pendên-
exame das alegações de obrigação de adquirir ou cia com o próprio comissá-
existência de um contrato vender bens móveis. (...). rio” (in Novo Curso de Di-
de comissão mercantil en- Há uma verdadeira tenta- reito Civil – Contratos em
tre as partes – transporta- ção em considerar o co- Espécie, editora Saraiva, 3ª
dora marítima estrangei- missário um simples pro- edição, p. 396 e 402/403).
ra e seu agente exclusivo curador do comitente, mas
no país – é relevante e de- tal raciocínio padece de CONSTITUCIONAL
terminante para eventual inegável atecnia. Comis- E ADMINISTRATIVO
modificação do entendi- sário não é simples procu-
mento exarado pelas ins- rador. A despeito da seme- EMPRESA PÚBLICA – CASA
tâncias ordinárias, acerca lhança, não existe identi- DA MOEDA DO BRASIL –
da ilegitimidade ativa ad dade. O comissário age em ATUAÇÃO COMO AGENTE
causam. Constata-se, por- seu próprio nome, de ma- ECONÔMICO – IMPOSSI-
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as decisões posteriores. mente será devida até os ÇÃO DE DANOS MORAIS
O direito da Administração 21 – vinte e um – anos de NA VIA JUDICIAL. Confor-
de rever Portaria conces- idade, nos termos dos ar- me jurisprudência do STJ,
siva de anistia é limitado tigos 217, IV, “a”, e 222, “a prescrição quinquenal,
ao prazo decadencial de IV, com o advento da Lei disposta no art. 1º do De-
cinco anos, previsto no 13.135/2015; mesmo na creto 20.910/1932, não se
art. 54 da Lei 9.784, de 29 redação anterior, tal be- aplica aos danos decorren-
de janeiro de 1999, salvo nefício previdenciário não tes de violação de direitos
se comprovada a má-fé era devido aos maiores de fundamentais, os quais são
do destinatário, hipótese 21 – vinte e um – anos: “a imprescritíveis, principal-
sequer alegada na espécie. Lei 8.112/90 prevê, de mente quando ocorreram
Precedentes. Segurança forma taxativa, quem são durante o Regime Militar,
concedida para declarar a os beneficiários da pen- época em que os jurisdi-
nulidade do ato impugna- são temporária por morte cionados não podiam de-
do e restabelecer a condi- de servidor público civil, duzir a contento suas pre-
não reconhecendo o be- tensões” – AgRg no AREsp
ção de militar anistiado do
nefício a dependente maior 302.979/PR, Rel. Ministro
impetrante. (Ementa ADV
de 21 anos, salvo no caso Castro Meira, Segunda Tur-
154372*)
de invalidez; assim, a ma, DJe 5-6-2013. Mesmo
PENSÃO POR MORTE – ausência de previsão nor- tendo conquistado na via
MAIOR DE 21 ANOS – mativa, aliada à jurispru- administrativa a reparação
ESTUDANTE UNIVERSI- dência em sentido contrá- econômica de que trata a
TÁRIO – AUSÊNCIA DE rio, levam à ausência de Lei 10.559/2002, e nada
PREVISÃO LEGAL NA LEI direito líquido e certo a obstante a pontual restri-
8.112/90. Mandado de amparar a pretensão do ção posta em seu art. 16 –
Segurança impetrado por impetrante, estudante uni- dirigida, antes e unica-
filho de servidor público versitário, de estender a mente, à Administração e
federal falecido e que per- concessão do benefício até não à Jurisdição –, inexis-
cebia pensão por morte; 24 anos” – MS 12.982/DF, tirá óbice a que o anisti-
ao alcançar a idade de 21 – Rel. Ministro Teori Albino ado, embora com base no
vinte e um – anos, o impe- Zavascki, Corte Especial, mesmo episódio político,
trante indica que perderá DJe 31-3-2008. Segurança mas porque simultanea-
o benefício em questão e denegada. (Ementa ADV mente lesivo à sua perso-
postula a ordem para afas- 154502*) nalidade, possa reivindicar
tar a aplicação dos artigos e alcançar, na esfera judi-
217, IV, “a”, e 222, IV, am- RESPONSABILIDADE CIVIL cial, a condenação da
bos da Lei 8.112/90 e, DO ESTADO – PERSEGUI- União também à compen-
assim, defender o seu di- ÇÃO POLÍTICA OCORRIDA sação pecuniária por da-
reito à percepção da pen- DURANTE O RE GI M E nos morais. Nas hipóteses
são até os 24 – vinte e qua- MILITAR – IMPRESCRITI- de condenação imposta à
tro – anos. A Lei 8.112/90 BILIDADE – REPARAÇÃO Fazenda Pública, como re-
é clara ao definir que a ECONÔMICA NO ÂMBITO gra geral, a atualização mo-
pensão por morte do ser- ADMINISTRATIVO QUE netária e a compensação
vidor público federal so- NÃO INIBE A REIVINDICA- da mora devem observar
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e deixe de recolher o tri- que, havendo sido con- JÚRI – HOMICÍDIO – DU-
buto aos cofres públicos. cretamente fundamenta- PLA CAUSA MORTIS –
O comerciante que vende da a aplicação da mino- ALEGAÇÃO DE CONCAU-
mercadorias com ICMS rante em comento na fra- SA RELATIVAMENTE IN-
embutido no preço e, pos- ção de metade, deve ser DEPENDENTE. Conforme
teriormente, não realiza o mantido inalterado o o art. 13, § 1º, do Código
pagamento do tributo não quantum de redução, má- Penal, a superveniência
deixa de repassar ao Fisco xime porque referidos de concausa relativamen-
valor cobrado ou descon- elementos não foram so- te independente exclui a
tado de terceiro, mas sim- pesados para fins de exas- imputação tão somente
plesmente torna-se ina- peração da pena-base. quando tenha produzido,
dimplente de obrigação Em razão da natureza da por si só, o resultado, si-
tributária própria. Recur- droga apreendida – dota- tuação que não ocorreu
so desprovido. (Ementa da de alto poder viciante –, nos autos, em que, segun-
ADV 154521*) o regime inicial semiaber- do o Tribunal local, houve
to é, efetivamente, o que dupla causa mortis, sendo
ENTORPECENTE – TRÁFI- a concausa relativamente
se mostra o mais adequa-
CO – NATUREZA DA DRO- independente apenas uma
do para a prevenção e a
GA – REGIME INICIAL DE delas. A indefinição acerca
repressão do delito perpe-
CUMPRIMENTO DA PENA. do motivo causador da he-
trado, nos termos do art.
Tanto a Quinta quanto a morragia interna, apon-
33, § 3º, do Código Penal,
Sexta Turma deste Supe- tada no acórdão recorrido
e do disposto no art. 42 da
rior Tribunal firmaram o como sendo a concausa
entendimento de que, Lei 11.343/2006. Con-
relativamente indepen-
considerando que o legis- quanto o recorrente haja
dente, não autoriza a con-
lador não estabeleceu es- sido condenado a repri- clusão no sentido da ine-
pecificamente os parâme- menda inferior a 4 anos xistência de comprovação
tros para a escolha da fra- de reclusão, as peculiari- da materialidade do fato,
ção de redução de pena dades do caso concreto – quando o próprio julgado
prevista no § 4º do art. 33 em especial, a natureza da afirma que a morte da ví-
da Lei 11.343/2006, devem droga apreendida – evi- tima não adveio apenas
ser consideradas, para denciam, à luz do inciso III da referida hemorragia,
orientar o cálculo da mi- do art. 44 do Código Pe- mas teve também como
norante, as circunstâncias nal, que a substituição da fato gerador as sequelas
judiciais previstas no art. sanção reclusiva por res- decorrentes do trauma-
59 do Código Penal, espe- tritiva de direitos não se tismo craniano provoca-
cialmente o disposto no mostra uma medida so- do pelas condutas impu-
art. 42 da Lei de Drogas. cialmente recomendável. tadas na denúncia. Recur-
O Tribunal de origem con- Recurso Especial parcial- so Especial provido para
siderou devida a incidên- mente provido, apenas afastar a conclusão do
cia da fração de 1/2, em para fixar ao recorrente o acórdão recorrido no
razão da natureza e da regime inicial semiaberto sentido da ausência de
quantidade de drogas de cumprimento de pena. materialidade do fato,
apreendidas, de modo (Ementa ADV 154235*) pela superveniência de
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TRABALHO E te a flexibilização dos rígi- dos por meio de distribui-
dos institutos processuais. ção de renda pela via as-
PREVIDÊNCIA Assim, deve-se procurar sistência social. A ausên-
encontrar na hermenêu- cia de conteúdo probató-
APOSENTADORIA POR
tica previdenciária a solu- rio eficaz a instruir a ini-
IDADE RURAL – AUSÊNCIA ção que mais se aproxime cial, conforme determina
DE PROVA MATERIAL – do caráter social da Carta o art. 283 do CPC, implica
CARÊNCIA DE PRESSU- Magna, a fim de que as a carência de pressuposto
POSTO DE CONSTITUIÇÃO normas processuais não de constituição e desen-
E DESENVOLVIMENTO venham a obstar a con- volvimento válido do pro-
VÁLIDO DO PROCESSO – cretude do direito funda- cesso, impondo a sua ex-
EXTINÇÃO DO FEITO SEM mental à prestação previ- tinção sem o julgamento
JULGAMENTO DO MÉRI- denciária a que faz jus o do mérito – art. 267, IV,
TO. Tradicionalmente, o segurado. Assim como do CPC – e a consequente
Direito Previdenciário se ocorre no Direito Sancio- possibilidade de o autor in-
vale da processualística nador, em que se afastam tentar novamente a ação –
civil para regular os seus as regras da processualís- art. 268 do CPC –, caso
procedimentos, entretan- tica civil em razão do es- reúna os elementos neces-
to, não se deve perder de pecial garantismo confe- sários a tal iniciativa. Re-
vista as peculiaridades das rido por suas normas ao curso Especial do INSS
demandas previdenciárias, indivíduo, deve-se dar desprovido. (Ementa ADV
que justificam a flexibili- prioridade ao princípio da 154443*)
zação da rígida metodolo- busca da verdade real,
gia civilista, levando-se em diante do interesse social APOSENTADORIA POR IN-
conta os cânones consti- que envolve essas deman- VALIDEZ – CONTRIBUINTE
tucionais atinentes à Se- das. A concessão de bene- INDIVIDUAL – CONTRI-
guridade Social, que tem fício devido ao trabalha- B UI Ç ÕE S E F E TUADAS
como base o contexto so- dor rural configura direito COM ATRASO, POSTE-
cial adverso em que se in- subjetivo individual ga- RIORMENTE AO PRIMEI-
serem os que buscam ju- rantido constitucional- RO RECOLHIMENTO EFE-
dicialmente os benefícios mente, tendo a CF/88 da- TUADO SEM ATRASO –
previdenciários. As normas do primazia à função so-
previdenciárias devem ser CÔMPUTO PARA FINS DE
cial do RGPS ao erigir como
interpretadas de modo a CARÊNCIA. É da data do
direito fundamental de
favorecer os valores mo- efetivo pagamento da pri-
segunda geração o acesso
rais da Constituição Fede- à Previdência do Regime meira contribuição sem
ral/88, que prima pela pro- Geral; sendo certo que o atraso que se inicia a con-
teção do Trabalhador Se- trabalhador rural, duran- tagem do período de carên-
gurado da Previdência So- te o período de transição, cia quando se tratar de con-
cial, motivo pelo qual os encontra-se constitucio- tribuinte individual. Prece-
pleitos previdenciários de- nalmente dispensado do dentes. Nos termos do
vem ser julgados no sen- recolhimento das contri- art. 27, II, da Lei 8.213/91,
tido de amparar a parte buições, visando à univer- não são consideradas,
hipossuficiente e que, por salidade da cobertura pre- para fins de cômputo do
esse motivo, possui pro- videnciária e à inclusão de período de carência, as
teção legal que lhe garan- contingentes desassisti- contribuições recolhidas
com atraso, referentes a por intermédio dela, pre- rio interposto pela Recla-
competências anteriores tendeu o legislador regu- mada, indeferindo “o pe-
à data do efetivo paga- lar. Pedido da Ação Resci- dido de compensação glo-
mento da primeira con- sória procedente. (Emen- bal de todos os valores pa-
tribuição sem atraso. Im- ta ADV 154511*) gos a título de horas ex-
põe-se distinguir, todavia, tras”, sob o fundamento
o recolhimento, com atra- HORAS EXTRAS – CRITÉRIO de que “os pagamentos
so, de contribuições refe- GLOBAL DE DEDUÇÃO – efetuados pelo emprega-
rentes a competências ABATIMENTO INTEGRAL dor para efeito de dedu-
anteriores ao início do pe- DOS VALORES PAGOS SOB ção, sob mesmo título,
ríodo de carência, daque- O MESMO TÍTULO DU- devem ser considerados
le recolhimento, também RANTE O PERÍODO NÃO apenas no mês de compe-
efetuado com atraso, de PRESCRITO DO CONTRA- tência”, o Tribunal Regio-
contribuições relativas a TO DE TRABALHO. A juris- nal contrariou a jurispru-
competências posterio- prudência desta Corte Su- dência dominante no âm-
res ao efetivo pagamento perior está consolidada no bito desta Corte Superior.
da primeira contribuição sentido de que a dedução Recurso de Revista de
sem atraso – início do pe- de valores comprovada- que se conhece e a que se
ríodo de carência. Na se- mente pagos sob o mes- dá provimento. (Ementa
gunda hipótese, desde que mo título deve ser feita ADV 154669*)
não haja a perda da condi- com a observância do va-
ção de segurado, não in- lor total apurado no pe- PENSÃO POR MORTE –
cide a vedação contida no ríodo discutido – sem a li- TERMO A QUO – SITUA-
art. 27, II, da Lei 8.213/91. mitação pelo critério da ÇÃO FÁTICA DIFEREN-
Hipótese em que o primei- competência mensal, mas CIADA – RECONHECI-
ro pagamento sem atraso observado o período con- M E NTO J UDI C I AL DA
foi efetuado pela autora tratual não abrangido pe- CONDIÇÃO DE SEGURA-
em fevereiro de 2001, re- la prescrição. A esse res- DO. A Corte de origem
ferente à competência de peito, o entendimento apreciou todas as ques-
janeiro de 2001, ao passo consagrado na Orientação tões relevantes ao deslin-
que as contribuições re- Jurisprudencial nº 415 da de da controvérsia de
colhidas com atraso dizem SBDI-1 do TST: “A dedu- modo integral e adequa-
respeito às competências ção das horas extras com- do, apenas não adotando
de julho a outubro de 2001, provadamente pagas da- a tese vertida pela Autar-
posteriores, portanto, à pri- quelas reconhecidas em quia Previdenciária. Ine-
meira contribuição reco- juízo não pode ser limita- xistência de omissão.
lhida sem atraso, sem a da ao mês de apuração, Somente com o trânsito
perda da condição de se- devendo ser integral e em julgado da decisão
gurada. Efetiva ofensa à aferida pelo total das ho- proferida na ação, foi pos-
literalidade da norma con- ras extraordinárias quita- sível à Autora requerer
tida no art. 27, II, da Lei das durante o período im- junto à Autarquia Previ-
8.213/91, na medida em prescrito do contrato de denciária a concessão de
que a sua aplicação ocor- trabalho”. Ao negar provi- pensão por morte, mo-
reu fora da hipótese que, mento ao Recurso Ordiná- mento em que o INSS re-
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conheceu a qualidade de férias proporcionais e de DE COMPETÊNCIA – AFE-
segurado do falecido côn- gratificação natalina pro- RIÇÃO DA SISTEMÁTICA
juge, condição indispen- porcional viola o art. 146, MAIS BENÉFICA. O Impos-
sável à concessão do be- parágrafo único, da CLT e to de Renda incidente so-
nefício. A situação fática o art. 3º da Lei 4.090/62. bre os benefícios pagos
diferenciada, reconheci- Recurso de Revista de acumuladamente deve
mento judicial da qualida- que se conhece e a que se ser calculado de acordo
de de segurado somente dá provimento. (Ementa com as tabelas e alíquotas
após o falecimento do se- ADV 154675*) vigentes à época em que
gurado, autoriza a con- esses valores deveriam
cessão da pensão por TRIBUTÁRIO ter sido adimplidos, obser-
morte a contar da data do vando a renda auferida
óbito do instituidor do be- DÉBITO FISCAL – SUSPEN- mês a mês pelo segurado,
nefício. Recurso Especial SÃO DA EXIGIBILIDADE - não sendo legítima a sua
improvido. (Ementa ADV INCIDÊNCIA DE JUROS DE cobrança com base no
154539*) MORA ENTRE A CONCES- montante global pago ex-
SÃO DA MEDIDA LIMINAR temporaneamente. A le-
RESCISÃO DO CONTRATO E A POSTERIOR DENEGA- gislação tributária – art.
DE TRABALHO – JUSTA ÇÃO DA ORDEM. A Prime- 12-A da Lei 7.713/88, com
CAUSA – FÉRIAS PROPOR- ira Seção do STJ decidiu, redação dada pela Lei
CIONAIS E GRATIFICAÇÃO no julgamento do EREsp. 12.350/2010 – não se
NATALINA PROPORCIO- 839.962/MG, Relator Mi- aplica a fatos geradores
NAL – DIREITO INEXISTEN- nistro Arnaldo Esteves, que pretéritos, salvo nas hipó-
TE. O empregado dispen- incidem juros de mora so- teses do art. 106 do CTN,
sado por justa causa não bre débitos com exigibili- o que não é o caso dos
tem direito ao pagamento dade suspensa por força autos. Inviável afirmar, a
de férias proporcionais, de decisão liminar em Man- priori, que a aplicação das
conforme previsão ex- dado de Segurança cuja alíquotas segundo a siste-
pressa no art. 146, pará- ordem tenha sido posteri- mática da tabela progres-
grafo único, da CLT e o en- ormente denegada. No pe- siva de que trata o art.
tendimento consagrado ríodo compreendido entre 12-A, § 1º, da Lei 7.713/88,
na Súmula 171 do TST. a concessão de medida li- seja mais benéfica ao
Além disso, havendo des- minar e a denegação da contribuinte do que o
pedida por justa causa, ordem incide correção mo- cálculo do imposto na
também é incabível o re- netária e juros de mora ou forma consagrada pelo
cebimento de 13º salário a Taxa Selic. Recurso Es- recurso repetitivo – REsp.
proporcional, nos termos pecial provido. (Ementa 1.118.429/SP, 1ª S. de
do art. 3º da Lei 4.090/62 ADV 154745*) relatoria do Ministro
e do art. 7º do Decreto Herman Benjamin, DJe de
57.155/65, que regula- IMPOSTO DE RENDA – 14-5-2010. Sendo aferível
mentam a matéria. Por- VERBAS RECEBIDAS ACU- a sistemática mais favorá-
tanto, mantida a justa MULADAMENTE ANTES vel apenas a partir do exa-
causa aplicada ao Recla- DE JANEIRO DE 2010 – me de cada caso concreto
mante, o deferimento de UTILIZAÇÃO DO REGIME e em sede de liquidação,
* Utilize os números para buscar a íntegra dos acórdãos relacionados no site www.advocaciadina-
mica.com
Menção a ser feita nas peças processuais e após cada acórdão do STF disponibilizado: Repositório autori-
zado de jurisprudência do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, conforme Registro nº 049 INT-11, concedido
nos parâmetros da Resolução n? 330/2006.
Menção a ser feita nas ementas do TST: Repositório autorizado de jurisprudência do TRIBUNAL SUPERIOR
DO TRABALHO, conforme Registro n? 36/2010, de acordo com o Ato TST.GP nº 421/99, e com as alterações
constantes do Ato TST.GP n? 651/2009.
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