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Estruturas Especiais

Lucas Shima Barroco

Revisão técnica

Kleverton Rodrigues da Costa

Larissa Soriane Zanini Ribeiro Soares


© 2017 by Universidade de Uberaba

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reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico
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Pró-Reitor de Educação a Distância


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Editoração e Arte
Produção de Materiais Didáticos-Uniube

Projeto da capa
Agência Experimental Portfólio

Revisão técnica
Kleverton Rodrigues da Costa
Larissa Soriane Zanini Ribeiro Soares

Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário

Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central Uniube

Barroco, Lucas Shima.


B277e Estruturas especiais / Lucas Shima Barroco. – Uberaba : Universidade de
Uberaba, 2016.
248 p. : il.

Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba.


Inclui bibliografia.
ISBN ​978-85-7777-673-3

1. Concreto protendido. 2. Pontes de concreto. I. Universidade de Uberaba.


Programa de Educação a Distância. II. Título.

CDD 624.183412
Sobre os autores
Lucas Shima Barroco

Graduado em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo


(USP), na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC). Cursei
Especialização em Gestão de Projetos, pela Escola de Negócios
Fundação Dom Cabral (Belo Horizonte – MG). Trabalhei como en-
genheiro calculista de estruturas de grande porte (pontes, estádios,
portos etc.), sendo que, no campo do cálculo estrutural, tive experi-
ência no dimensionamento de elementos estruturais, detalhamento
desses, concepção das estruturas e caminho das cargas. O domí-
nio dessas ferramentas veio a ser de grande utilidade no trabalho
em campo.

Na Empresa Vale S. A., trabalhei como engenheiro de planejamen-


to e de estudo de viabilidade financeira de projetos de grande porte
- trabalho que envolvia a elaboração de cronogramas, detalhamen-
to financeiro e técnico de empreendimentos de engenharias mul-
tidisciplinares (usina termoelétrica e mineração). Também, atuei
diretamente na implantação de ferrovias no estado do Maranhão,
como obra linear. Esse trabalho levou à experiência em relação ao
controle diário e ao planejamento de frentes de serviço. Por último,
executei atividades como engenheiro de obras prediais, em que o
aprendizado e a experiência se mostram necessários nas áreas de
qualidade e de gerenciamento de pessoas.
Sumário
Apresentação...................................................................................IX

Capítulo 1 Introdução ao concreto protendido.................................11


1.1 10 Mandamentos do concreto protendido........................................................ 13
1.2 Conceito de Protensão..................................................................................... 16
1.3 Deslocamento e Cálculo das Tensões na Seção Transversal......................... 21

Capítulo 2 Materiais, equipamentos e posicionamento de cabos


de protensão......................................................................................37
2.1 Os equipamentos.............................................................................................. 39
2.1.1 Cabos e Cordoalhas............................................................................... 39
2.1.2 Bainhas................................................................................................... 43
2.1.3 Bainhas de aço corrugado...................................................................... 43
2.1.4 Cunhas e Porta Cunhas.......................................................................... 45
2.1.5 Macacos de Protensão........................................................................... 47
2.1.6 Concreto para Protensão........................................................................ 49
2.1.7 A Cura...................................................................................................... 52
2.1.8 Cálculo da Maturidade............................................................................ 54
2.1.9 Traçado das cordoalhas de protensão................................................... 58
2.1.10 Peças Pré-moldadas e Protendidas..................................................... 62

Capítulo 3 Cálculo da força de protensão III....................................67


3.1 Perdas de protensão........................................................................................ 70
3.1.1 Relaxação do Aço................................................................................... 71
3.1.2 Fluência................................................................................................... 71
3.1.3 Atrito das cordoalhas com as bainhas.................................................... 74
3.1.4 Perda de protensão por acomodação das ancoragens......................... 75
3.1.5 Perda de protensão pela deformação imediata do Concreto................. 75
3.2 Cálculo dos valores da força de Protensão...................................................... 79
3.2.1 Pré-tração ou aderência inicial............................................................... 81
3.2.2 Perdas imediatas de Força de Protensão.............................................. 82
3.2.4 Cálculo da Perda por atrito..................................................................... 83
3.2.6 Perdas progressivas............................................................................... 85
3.3 Níveis de protensão.......................................................................................... 88
3.3.1 Protensão completa................................................................................ 89
3.3.2 Protensão Limitada................................................................................. 90

Capítulo 4 Introdução às Pontes de Concreto.................................99


4.1 Conceituação de Obras de Arte....................................................................... 102
4.1.1 Tipos de Obras de Arte........................................................................... 103
4.2 Classificação das Pontes e Viadutos............................................................... 106
4.2.1 Classificação quanto a Geometria.......................................................... 107
4.2.2 Classificação quanto ao Sistema Estrutural........................................... 113
4.2.3 Nomenclaturas e Classificação dos Elementos..................................... 116

Capítulo 5 Pontes de Concreto e Carregamentos...........................127


5.1 Métodos Executivos.......................................................................................... 130
5.1.1 Superestrutura......................................................................................... 131
5.1.2 Mesoestrutura......................................................................................... 137
5.1.2.1 Pilares................................................................................................... 138
5.1.3 Infraestrutura........................................................................................... 144
5.2 Carregamentos................................................................................................. 145
5.2.3 Cargas nos Passeios e nas Passarelas................................................. 151
5.2.1 Cargas Horizontais.................................................................................. 151
5.2.1.2 Força Centrífuga.................................................................................. 152

Capítulo 6 Pontes de concreto envoltórias e linha de influência.....157


6.1 Pontes de concreto envoltórias e linhas de influência..................................... 159
6.1.1 Coeficiente de Impacto........................................................................... 159
6.1.2 Modelo de Cálculo Estrutural.................................................................. 162
6.1.3 Linhas de Influência................................................................................ 165
6.1.4 Cálculo do Tabuleiro................................................................................ 180
6.1.5 Cálculo da Longarina.............................................................................. 184

Capítulo 7 Pontes de Concreto, Dimensionamento e Detalhamento. 189


7.1 Definição de Esforços de Dimensionamento................................................... 191
7.1.1Nomenclatura........................................................................................... 192
7.1.2 Solicitações dos Nós............................................................................... 193
7.1.3 Coeficiente de Número de Faixas.......................................................... 196
7.1.4 Coeficiente de Impacto........................................................................... 196
7.1.5 Valores de Esforços para Dimensionamento......................................... 198
7.2 Definição das Armaduras.................................................................................. 202
7.2.1 Armadura de Flexão Longarinas............................................................. 202
7.2.2 Cálculo da Armadura de Força Cortante................................................ 205
7.3 Projeto das Seções........................................................................................... 210

Capítulo 8 Pontes de concreto aspectos do dimensionamento ......215


8.1 Transversinas.................................................................................................... 217
8.1.1 Benefícios................................................................................................ 219
8.2 Tabelas de Rüsch............................................................................................. 225
8.2.1 Nomenclatura.......................................................................................... 226
8.2.2 Dimensionamento da Laje do tabuleiro.................................................. 228
8.3 Trem-tipo Ferroviário......................................................................................... 235

Conclusão.........................................................................................243
Apresentação
Olá, caro(a) aluno(a), o conteúdo da disciplina Estruturas Especiais
é exposto em 8 capítulos, nos quais daremos mais um passo no
estudo das estruturas de concreto, considerando que, neste ponto
do curso, o(a) aluno(a) já aprendeu a dimensionar e detalhar fun-
dações diretas, pilares, vigas e lajes. A presente disciplina está di-
vidida em duas fases: Concreto Protendido e Pontes de Concreto.

Em Concreto Protendido, abordaremos como vencer vãos maiores


utilizando essa tecnologia. Serão desenvolvidos o conceito e a apli-
cabilidade do concreto protendido e demonstradas as verificações
necessárias para aplicação da técnica, método de cálculo para di-
mensionamento de peças protendidas, fatores de segurança, me-
lhores práticas já em utilização no mercado, exemplos de aplicação
e demonstração de materiais e equipamentos necessários.

Em um segundo momento, em Pontes de Concreto, estudaremos


as obras de arte especiais, em geral, pontes, suas nomenclaturas
quanto à geometria e o posicionamento em relação ao curso de
água ou vale a ser atravessado, o uso ou sistema estrutural empre-
gado, as técnicas executivas principais, a caracterização dos carre-
gamentos, os trens-tipo, as cargas dinâmicas, as linhas de influên-
cia, o dimensionamento de elementos estruturais e suas armaduras.

A importância da disciplina fica evidente, uma vez que as aplica-


ções do concreto protendido têm sido cada vez mais difundidas
nos canteiros de obra, seja por uma viga de transição protendida,
seja pela utilização de tirantes nas fundações, ou, ainda, pela apli-
cação de protensão nas lajes tanto alveolares quanto maciças. O
concreto protendido não é novidade, pois, hoje, é um método de
construção e de concepção que deve ser dominado pelo engenhei-
ro ao realizar seu projeto ou executar sua obra. Quanto à utilização
dos conceitos aprendidos de obras de arte especiais, o que seria
do engenheiro e da sociedade sem tais obras? Elas definem e dão
importância ao nosso trabalho, que deve apresentar soluções aos
desafios encontrados, mas não somente isso. As técnicas de en-
genharia e as aplicações dos conceitos do concreto armado e da
resistência dos materiais, as obras de arte especiais, são nossas
primazias. Nelas, a engenharia é aplicada com todo vigor, técnica
e arte em soluções funcionais, adequadas às condições e que im-
primem originalidade e beleza.

O conteúdo da disciplina Estruturas Especiais está organizado do


seguinte modo:

Capítulo 1 - Introdução ao Concreto Protendido.

Capítulo 2 - Materiais, equipamentos e posicionamento de cabos


de protensão.

Capítulo 3 - Cálculo da Força de Protensão.

Capítulo 4 - Introdução às Pontes de Concreto.

Capítulo 5 - Pontes de Concreto e Carregamentos.

Capítulo 6 - Pontes de Concreto Envoltórias e Linhas de Influência.

Capítulo 7 - Pontes de Concreto, Dimensionamento e Detalhamento.

Capítulo 8 - Pontes de Concreto Aspectos do Dimensionamento.


Introdução ao concreto
Capítulo
1
protendido

Lucas Shima Barroco

Introdução
Olá, caro(a) aluno(a). Neste momento, você já pode observar
no cálculo estrutural que as tensões que são submetidas
nosso sistema estrutural são advindas da força de gravidade,
vento e cargas móveis que exercem sobre as nossas
estruturas esforços, cortantes, normais e momentos. Nosso
papel como engenheiros é desenvolver uma estrutura que
possa suportar esses esforços de maneira econômica,
duradoura, exequível e funcional.
Já foi notado e estudado que a capacidade de uma viga
de suportar os esforços de flexão está muito ligada com
sua altura útil, bem como a esbeltez de um pilar interfere
diretamente na quantidade de aço necessário para o seu
dimensionamento. O concreto protendido é a adição de
um esforço externo, bem definido buscando uma melhoria
no comportamento da estrutura. De maneira sintética,
pode-se dizer que o concreto protendido é a utilização de
um recurso de engenharia para que as reações em nosso
sistema estrutural aconteçam de acordo com o desejo do
engenheiro e não apenas de acordo com as solicitações da
estrutura (peso próprio, carga permanente, carga acidental,
recalque de apoio e ação do vento), é a inserção de
uma força externa aplicada a critério do engenheiro para
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modificar o estado de tensões da estrutura, pode-se até


dizer “concreto pré-tendido” ou pré-tensionado, do inglês
prestressed concrete. Essa inserção de esforços bem
definida pelo engenheiro estabelece condições benéficas ao
comportamento da estrutura se comparado ao fato de apenas
resistir aos esforços oriundos dos carregamentos.
Então, neste primeiro capítulo, iremos analisar sistemas
estruturais aos quais foram inseridas forças diferentes
do seu carregamento normal, que ocasionam um melhor
desempenho da estrutura. Poderemos analisar que ao
se escolher de maneira racional esforços para serem
introduzidos em uma estrutura, podemos ter uma ampla
gama de benefícios e a nossa estrutura em questão pode
ter uma performance superior aquela em que ela é apenas
dimensionada para suportar os esforços sem receber a
“ajuda” de esforços externos, podemos vencer vãos maiores
com dimensões menores, as estruturas podem suportar mais
cargas e assim terão melhor desempenho e durabilidade.

Objetivos
• Compreender os tipos de aplicabilidade da utilização de
inserção de carregamentos externos à estrutura.
• Compreender os benefícios que os carregamentos
externos podem trazer.
• Explicar a utilização de forças externas à estrutura para
criar benefícios ao seu comportamento.
• Descobrir e entender quais são os benefícios da
protensão e sua necessidade para o concreto armado.
• Entender o modelo numérico de aplicação de protensão
em uma viga.
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Esquema
10 Mandamentos do Concreto Protendido
Conceito de Protensão
Exemplo 1: A roda de carroça
Exemplo 2: O Barril de Madeira
Exemplo 3: A pilha de Livros
Deslocamentos e Cálculo das Tensões na Seção Transversal
Caso 1: Flechas
Caso 2: Flechas
Caso 3: Flechas
Caso 4: Flechas
Caso 1: Tensões
Caso 2: Tensões
Caso 3: Tensões
Caso 4: Tensões

1.1 10 Mandamentos do concreto protendido

Caro(a) aluno(a), o concreto protendido não é novidade, sendo a


obra publicada por Fritz Leonhardt em 1955, Spannbetton für die
práxis, considerada o grande manual da disciplina. Nesta obra,
Leonhardt aborda o concreto protendido tanto em relação ao méto-
do de cálculo quanto a sua execução, e postula 10 itens que fica-
ram conhecidos como os dez mandamentos do concreto protendi-
do, embora a técnica tenha evoluído muito, as observações feitas
nestes dez postulados continuam sendo muito relevantes para o
engenheiro em sua vida de obras e/ou projetos:
14 UNIUBE

De maneira simplificada:

1. Protender significa submeter o concreto à compressão. A


compressão só pode acontecer onde o encurtamento é pos-
sível, por isso verifique se a estrutura permite que ocorra o
encurtamento da peça.

2. Quando houver mudança de direção das cordoalhas e cabos


pode haver o aparecimento de forças axiais na peça, por isso
verifique a atuação delas.

3. A resistência à compressão do concreto não deve ser total-


mente utilizada, não importa a circunstância. Considere as
dimensões da peça em que será necessária a passagem de
bainhas e cordoalhas, não adianta se utilizar do máximo de
suporte de compressão do concreto sem que possa ocorrer
uma boa concretagem.

4. Não confie na resistência à tração do concreto, dimensione a


protensão de modo que não ocorra tração devido às cargas
permanentes.

5. Dimensione uma armadura de fretagem das tensões de


compressão, lembre-se que a região será submetida a for-
ças de compressão que devem ser distribuídas para a seção
transversal.

6. O aço da protensão tem maior módulo resistência, e é sensí-


vel à corrosão, calor e torções, deve ser manipulado com cui-
dado e posicionado rigorosamente de acordo com o projeto.

7. Garanta que a montagem em campo possa propiciar uma


concretagem praticamente perfeita. Quanto ao lançamento e
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adensamento, lembre-se que as peças protendidas são pe-


ças que receberão um carregamento maior, as falhas de con-
cretagem podem ocasionar fissuras e perda da seção trans-
versal, garanta um bom escoramento para que durante a cura
não ocorram fissuras devido ao seu deslocamento.

8. Verifique novamente o item 1 agora em campo, a peça deve


poder se encurtar, insira apoios entre o dispositivo de tensio-
namento e o concreto tensionado para proteger o concreto.

9. Em peças longas, aplique a proteção ao longo da cura a fim de


que não ocorra a formação de fissuras na peça, não aplique toda
a força de protensão enquanto a peça não atingir o valor de resis-
tência determinado em projeto, observe atentamente os requisitos
de projeto para aplicação da protensão.

10. Não realize a cobertura das faces de protensão ou injeção


da calda de cimento enquanto não forem verificadas se as ten-
sões foram atingidas, e se não há nenhuma obstrução para o
preenchimento das bainhas, siga rigorosamente as normas de
procedimento.

Reflita
Lembro a você, caro(a) aluno(a), que os conceitos ainda
não farão sentido totalmente, uma vez que o concreto pro-
tendido está sendo apresentado, mas o(a) aluno(a) já pode
refletir o que esses mandamentos representam e como podem ser
entendidos com os conceitos e experiências que teve você teve ao
longo do curso ou até mesmo na sua vida profissional.

Coloque nesta seção um marca páginas e sempre visite os 10 man-


damentos, logo eles serão um conceito natural e aparentemente
óbvio, mas que precisa ser dito.
16 UNIUBE

1.2 Conceito de Protensão

Neste momento, prezado(a) aluno(a), iremos estudar casos do dia a


dia em que esforços externos às estruturas são aplicados nos mais
diversos objetos, o que se assemelha ao conceito da protensão que é
aplicar um esforço externo à estrutura para um melhor desempenho.

Exemplo 1: A Roda de Carroça

Um exemplo muito comum da utilização de esforços externos é o


da roda de carroça antiga. A mesma era formada pelo eixo de ma-
deira, raios de madeira e um aro de aço. O conjunto era montado
a partir do eixo onde estavam posicionados os raios de madeira;
esse conjunto tinha um diâmetro inicial maior que o diâmetro inter-
no do aro de aço. Para se montar o conjunto, o aro de aço era en-
tão submetido à alta temperatura, e esta alta temperatura fazia com
que o aço sofresse dilatação térmica. Essa dilatação possibilitava,
então, a montagem do conjunto. Ao sofrer o resfriamento, o aro de
aço imprimia ao conjunto uma força de compressão, essa mesma
força consolidava o conjunto atribuindo muito mais rigidez do que
ocorreria apenas com uma montagem simples.
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Figura 1.1 - Roda de Carroça

Fonte: adaptada de Michael & Christa Richert, FREEIMAGES

Exemplo 2: O Barril de Madeira

O barril de madeira, objeto aparentemente muito comum, é um


exemplo de aplicação de forças externas em uma estrutura na bus-
ca de uma melhor performance dela. Neste caso, as “folhas da
madeira” são travadas por meio de anéis concêntricos metálicos.
O que acontece nessa estrutura é que os anéis são inseridos em
uma região com menor diâmetro e são forçados por meio de força
mecânica ou pelo aquecimento deles para uma região de maior
diâmetro, isso acarreta em uma tração nos anéis metálicos e uma
compressão das folhas de madeira. Essa força faz com que o con-
junto se solidarize; e, nesse momento, o barril ganha maior rigidez
e melhor vedação. Note que, desde já, podemos observar ganhos
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interessantes para estruturas: o aumento da rigidez melhora a per-


formance das estruturas, e a melhor vedação pode ser facilmente
comparada com estudos de abertura de fissuras em elementos es-
truturais, que proporcionam melhor durabilidade delas.

Figura 1.2 - Barril de Madeira


Fonte: Xsonicchaos, Pixabay

Exemplo 3: A Pilha de livros

A esta altura você, aluno(a), pode estar interessado(a) em aplicar o


conceito da protensão em sua casa. Aqui, iremos dar um exemplo
mais parecido com a metodologia de ensino de nossos sistemas
estruturais. Imagine agora que você deseja elevar uma determi-
nada pilha de livros, e como engenheiro decidiu que ao invés de
simplesmente elevar a pilha de livros empilhados deitados, você
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deseja levantar os livros aplicando o conceito da protensão. Assim,


elevar uma pilha de livros em pé, aplicando somente uma força
vertical não é possível, pois os livros iriam deslizar entre si, e você
ficaria apenas com os livros das extremidades elevados. Será ne-
cessária a aplicação de uma componente horizontal de força (Fv)
de compressão na pilha de livros. Essa compressão tem que ter
uma intensidade tal que seja suficiente para mobilizar uma força
de atrito entre as capas dos livros maior ou igual à força cortante
(cisalhante) ao longo da pilha de livros.

Figura 1.3 - Pilha de Livros

Fonte: Hermann, Pixabay


Observe que o local da aplicação da força horizontal afetará signi-
ficativamente o resultado do nosso exemplo, se a força for aplica-
da mais próxima a borda superior dos livros teremos um resultado
completamente diferente do que se aplicarmos essa mesma força
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mais próxima a borda inferior. É importante o(a) aluno(a) observar


que a distância da aplicação da força de protensão em relação ao
centro de massa de nosso objeto afeta diretamente os efeitos da
força em nossos elementos.

Saiba mais
Você, aluno(a), pode pesquisar outras aplicações do con-
creto protendido fora a utilização em pontes e vigas. Vídeo
demonstrado por alunos mostrando o funcionamento da
protensão nas seções transversais: <https://www.youtube.com/wa-
tch?v=icjDUyWEUx4>, acesso em: 06 abr. 2017.

Observe que no exemplo, o cabo de nylon representa as cordo-


alhas ou cabos de protensão e as peças de borracha as seções
transversais das vigas.

Vídeo da Arcellor Mittal sobre aplicação de protensão em lajes:


<https://www.youtube.com/watch?v=L15P8CfvlKo>, acesso em:
06 abr. 2017.

Vídeo do Site Inova Civil sobre a protensão: <https://www.youtube.


com/watch?v=-aOtxW09jJA>, acesso em: 06 abr. 2017.
UNIUBE 21

1.3 Deslocamento e Cálculo das


Tensões na Seção Transversal

Iremos agora demonstrar um exemplo com os possíveis ganhos


que podemos obter ao aplicar uma força normal de compressão
(força de protensão) em uma viga submetida a flexão. Vamos quan-
tificar os ganhos, primeiramente, observando os valores da flecha
no meio do vão. Os valores foram obtidos utilizando o programa
Ftool com o objetivo de ajudar nossos estudos.

Dicas
Caso não tenha o programa Ftool, baixe-o no link: <http://
www.alis-sol.com.br/ftool/>, acesso em: 06 abr. 2017.

Também coloco aqui um vídeo tutorial de como utilizar o Ftool: <ht-


tps://www.youtube.com/watch?v=5qmz4Zvdx5g&t=245s>, acesso
em: 06 abr. 2017.

Dada uma seção de b= 20 cm, h= 60 cm, com L= 9,0 m.

Solicitando a mesma com duas forças cortantes de 120kN nos ter-


ços do vão, submeteremos a mesma a flexão.

Observe que a relação altura por vão é da ordem de 1/15, menor


que as recomendações de pré-projeto que são 1/10 ou 1/12, essa
diferença se dá pois estamos trabalhando com concreto protendi-
do, e módulo de elasticidade de 2500 MPA
22 UNIUBE

Caso 1: Sem Força normal

Figura 1.4 - Carregamentos na estrutura - Caso 1

Fonte: elaborada pelo autor

Analisemos, agora, as flechas no meio do vão.

3,46 cm

Figura 1.5 - Flecha 1

Fonte: elaborada pelo autor

Ao aplicar agora uma força normal de protensão Fp = 400 kN irá se


analisar o seu impacto em posições diferentes da seção transversal.
UNIUBE 23

Parada obrigatória
O concreto protendido é uma tecnologia mais refinada e,
portanto, requer do Engenheiro análises e verificações
mais detalhadas e um controle de obras superior, porém
os ganhos em custo e desempenho superam essa diferença para
estruturas de grande porte.

Caso 2: Com força Normal 15 cm abaixo


do Centro de Gravidade

Lembrando da Resistência dos Materiais.

Figura 1.6 - Seção com Carregamento 15 cm abaixo do Centroide

Fonte: elaborada pelo autor


24 UNIUBE

Figura 1.7 - Carregamentos na Estrutura 2

Fonte: elaborada pelo autor

Esforços aplicados na Estrutura, observe, caro(a) aluno(a), que os


momentos aplicados nas extremidades da barra é um recurso para
que o software (Ftool) considere a excentricidade da força normal,
por meio da fórmula Mx = Fn. e. Esse mesmo recurso será aplicado
nos demais casos alterando o valor da excentricidade “e” e corres-
pondente direção do momento.

2,78 cm

Figura 1.8 - Flecha 2

Fonte: elaborada pelo autor


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Caso 3: Com força normal 15 cm acima do Centro de Gravidade

Figura 1.9 - Seção com Carregamento 15 cm acima do Centroide

Fonte: elaborada pelo autor

Figura 1.10 - Carregamentos na Estrutura 3

Fonte: elaborada pelo autor


26 UNIUBE

Figura 1.11 - Flecha 3

Fonte: elaborada pelo autor

Flecha no meio do vão δ3 = 4,13 cm, 20% a mais do que o caso em


que a força não é aplicada. Observe que aqui a força aplicada tem a
mesma intensidade, porém não basta apenas aplicar a força, essa
mesma força tem uma posição adequada para ser aplicada na peça.

Caso 4: Com Força Normal aplicada 20 cm


abaixo do Centro de Gravidade

Figura 1.12 - Seção com Carregamento 20 cm abaixo do Centroide

Fonte: elaborada pelo autor


UNIUBE 27

Figura 1.13 - Carregamentos da Estrutura 4

Fonte: elaborada pelo autor

Figura 1.14 - Flecha 4

Fonte: elaborada pelo autor

A flecha no meio do vão δ4 = 2,55 cm. Aqui, observa-se um des-


locamento ainda menor do que o obtido no Caso 2 demonstrando
que quanto mais próximo da borda inferior a força de protensão é
aplicada maior é o efeito da força de protensão.

Como foi possível observar no exemplo numérico a inserção de


uma força normal ao eixo da viga pode ter diversos efeitos no com-
portamento da estrutura, ela pode tanto acentuar as flechas e os
momentos da peça quanto pode reduzi-los, e esse último efeito é o
que buscamos na aplicação da protensão, uma redução de tensões
de tração, redução nas flechas e controle de abertura de fissuras.
28 UNIUBE

Vamos agora analisar os estados de tensão na seção transversal


sobre Viga bi apoiada para cada um dos casos apresentados no
Exemplo 4.

Relembrando
Observe aqui os conceitos que aprendemos na resistência
dos materiais para análise de tensões nas seções.

M x N N .� e p
x   
Wx A W
b.h3 0, 20.0, 603
Ic = = Ic = = 0 0036 m 4
12 12
I 0, 0036
W1 = = = 0 012 m³
y 0, 3

360kN.m 3.00.0 3.00.0

Figura 1.15 - Diagrama de Momento Fletor [kN.m]

Fonte: elaborada pelo autor


UNIUBE 29

Caso 1: Sem Força de Protensão

M = 360 kN.m

N = 0 kN

ep = 0 cm

y = 30 cm

360 kN −3, 0kN


σ1 =
− −30.000
= =2
0, 012 m2 cm
360 kN −3, 0kN
σ2 =
− −30.000
= =2
0, 012 m2 cm

αα 1== −−3,3KN
1
0kN/ cm
/ cm
2
2

αα2 2= =−3,3,00KN
2
kN/ /cm
cm 2
30 UNIUBE

Caso 2: Com força de Protensão Aplicada


15 cm abaixo do centroide

M = 360 kN.m

N = 400 kN

ep = 15 cm

y = 30 cm

360 400 33.333,33kN 3,33kN


σ1 =
− − = 2 =

0, 012 0, 200, 60 m cm 2
360 400 4000,15 21.666, 67 kN 2,17 kN
σ2 =
+ − = = 2 =

0, 012 0, 200, 60 0, 012 m cm 2

−3kN −3,33kN
αg = α =
cm 2 cm 2

−3kN 2,17kN
αg = α =
cm 2 cm 2
UNIUBE 31

Caso 3: Com força de Protensão Aplicada


15 cm acima do centroide

M = 360 kN.m

N = 400 kN

ep = -15 cm

y = 30 cm

360 400 4000,15 38.333,33kN 3,83kN


σ1 =
− − − = − =
0, 012 0, 200, 60 0, 012 m2 cm2
360 400 26.666, 67 kN 2, 67 kN
σ2 = − = 2 =
0, 012 0, 200, 60 m cm2

3kN 3,83kN
αg = − α= −
cm 2 cm 2

3kN 2, 67kN
αg = + α=
cm 2 cm 2
32 UNIUBE

Caso 4: Com força de Protensão Aplicada


20 cm abaixo do centroide

M = 360 kN.m

N = 400 kN

ep = -20 cm

y = 30 cm

360 400 33.333,33kN 3,33kN


σ1 =
− − =− 2
=

0, 012 0, 200, 60 m cm2
360 400 4000, 2 20.000kN 2, 0kN
σ2 = − − = =
0, 012 0, 200, 60 0, 012 m2 cm2

3kN 3,33kN
αg = α= −
cm 2 cm 2

3kN 2, 00kN
αg = α=
cm 2 cm 2
UNIUBE 33

Importante!
Observe que em vários casos a tensão de compressão
passa de 3 kN/cm². O(A) aluno(a) deve atentar para essa
informação, pois isso significa que para o modelo em ques-
tão concretos C30 ou de resistência inferior não poderiam ser uti-
lizados. É importante o(a) aluno(a) entender desde já que para
concretos protendidos iremos utilizar concretos de resistências
maiores do que em estruturas usuais.

Sintetizando
As tensões estão demonstrando o que vimos nos desloca-
mentos, as seções que estão com maiores valores para a
tensão sofrem maiores deslocamentos. Durante a análise
das tensões é importante observar o estado em vazio, uma vez que
a protensão é uma força que pode ser aplicada em fases diferentes
da obra. O nível de intensidade que será aplicada de protensão de
acordo com o que a estrutura é solicitada pode ser compatibiliza-
do, assim conforme sua estrutura for recebendo cargas a força de
protensão recebe acréscimos, não pode ser esquecida a exequibi-
lidade para adoção dessa solução.

Ampliando o conhecimento
Um exercício interessante para o(a) aluno(a) é utilizar o
Exemplo 4 e calcular qual seria a força de protensão que
tornaria a tensão de tração nula na borda inferior, isto é,
a peça estaria sendo submetida apenas à compressão. Observe
que a tensão de compressão atingirá grandes valores, será que é
possível executar um concreto para tal condição?
34 UNIUBE

Considerações finais
Os ganhos da realização da protensão podem ser entendidos
como o resultado de uma escolha pelo engenheiro, limitada pela
natureza, de como ele deseja que resultem as tensões ao longo
de sua peça.

Conclui-se, assim, caro(a) aluno(a), que as aplicações para utili-


zação da protensão são inúmeras. O(A) aluno(a) pôde observar
que os valores envolvidos no exemplo 4 superam os valores usu-
ais para vigas prediais tanto no vão de 9,0 m quanto nos carre-
gamentos de 12 ton. por carga, isso se deu devido ao fato de que
a tecnologia concreto protendido teve maior ganho com grandes
cargas e vãos, outro fator importante foi a relação altura da viga
pelo vão que diminuiu em relação aos valores do concreto arma-
do simples.

Já que o concreto protendido é uma inserção de forças em nos-


sas estruturas, o engenheiro deve sempre estar atento a novos
tipos de combinação de esforços, uma vez que as forças serão
introduzidas em diferentes momentos da vida da estrutura. Com
a utilização da protensão em muitos casos, a situação mais críti-
ca pode ser a do elemento sem cargas, sendo submetido apenas
a protensão. Conclui-se aqui que para dimensionar peças proten-
didas serão exigidos novos passos de verificação da estrutura.

Para se comparar concreto armado normal com concreto pro-


tendido, tomemos como exemplo uma prática simples, que é a
adoção de contraflechas em vigas. Observe que o conceito é
semelhante ao da protensão, a peça em questão é executada
com um deslocamento negativo para que ao ser submetida aos
esforços em sua posição deformada ela tenha uma posição com
flecha menor. A protensão se usa de forças de compressão para
UNIUBE 35

que ao ser submetida aos carregamentos a peça tenha menores


tensões de tração, ações em que o concreto tem baixo aprovei-
tamento, como foi demonstrado pelos Casos 2 e 4 do Exemplo
4. A protensão pode atuar como uma “contraflecha” reduzindo os
deslocamentos, o que possibilita receber maiores carregamentos
sem aumento das seções transversais dos elementos.
Materiais, equipamentos
Capítulo
2
e posicionamento de
cabos de protensão

Lucas Shima Barroco

Introdução
Neste capítulo, prezado(a) aluno(a), será apresentado os
equipamentos de protensão que serão divididos em:
• Cabos e cordoalhas;

• Bainhas;

• Cunhas e Porta Cunhas;

• Macacos de protensão;

• Concreto;

• Aço.

Também serão demonstrados os tipos de concreto que podem


ser utilizados para protensão de acordo com o tipo de aplicação e
considerações da NBR 6118, bem como será calculado o tempo
de cura equivalente considerando uma variação de temperatura
no processo de cura do concreto.
Você, aluno(a), terá contato com o processo de aplicação de
protensão e os aspectos de projeto que são considerados pela
NBR 6118:2014 para dimensionamento e verificação, cabe aqui
lembrar de uma separação que a norma realiza em relação a
fck’s maiores que 50 MPa.
Será demonstrada a distribuição de cordoalhas ao longo dos
vãos da viga de acordo com as forças de protensão. Não caberá
nessa disciplina exaurir esse assunto, mas sim indicar a(o)
aluna(o) as diretrizes principais para esse aspecto do projeto de
elementos protendidos.
Este capítulo visa deixar as ferramentas para dimensionamento
de elementos de concreto protendido à disposição do(a) aluno(a)
que serão utilizadas no próximo capítulo.

Objetivos
• Conhecer os equipamentos e materiais utilizados na
protensão.
• Entender e relacionar os tipos de aderência utilizados
na aplicação de protensão.
• Identificar de maneira simplificada o traçado dos cabos
e cordoalhas de protensão.
• Calcular e dimensionar os valores de módulo de
elasticidade, resistência à tração do concreto.
• Encontrar na norma as diferenciações utilizadas para
os concretos de alta resistência.
Esquema
Os equipamentos
Cabos e Cordoalhas
Bainhas
Cunhas e Porta Cunhas
Macacos de Protensão
Concreto para Protensão
A cura
Cura a vapor
Maturidade do concreto
Traçados das Cordoalhas
Protensão aderente
Protensão não aderente
Protensão com aderência posterior
Peças pré-moldadas e Protendidas
Exemplo 3

2.1 Os equipamentos

2.1.1 Cabos e Cordoalhas

Existem vários tipos de cabos e cordoalhas. A diferença entre cor-


doalhas e cabos está em que nos cabos, os fios formam pernas
e as pernas são então entrelaçadas de forma helicoidal, enquanto
que nas cordoalhas os fios de maior bitola são helicoidais entre si,
já formando a cordoalha (o conceito de aderência será explicado no
próximo tópico deste capítulo).
Do lado esquerdo, da figura 2.1 vê-se exemplo de cordoalha utilizada
para protensão aderente ou com aderência posterior, enquanto que
do lado direito vê-se cordoalhas, mas para protensão não aderente.
40 UNIUBE

Figura 2.1 - Cordoalhas de Nuas e Cordoalhas com Bainhas para aplicação sem aderência

Fontes: wikimedia.org Acessos em: 07 abr. 2017

Figura 2.2 - Formação do Cabo de aço

Fonte: Morsing Carl Stahl, Wikimedia Commons (2011, on-line)


UNIUBE 41

O aço para protensão recebe um nome específico ao invés de CA


(Concreto Armado) ele recebe o nome de CP (Concreto Protendido)
seguido da sua resistência e, então, pela indicação sobre sua rela-
xação, RN (Relaxação Normal) ou RB (Baixa Relaxação), confor-
me apresentado na tabela 2.1.

Tabela 2.1 - Catálogo da Arcelor Mittal


Carga
Carga
Diâmetro Área Área Massa mínima Alongamento
mínima
Produto nominal aprox. mínima aprox. a 1% de após ruptura
de ruptura
(mm) (mm²) (mm²) (kg/1.000 m) deformação (%)
(kN)
(kN)
Fio CP RB (baixa relaxação)
CP 145 RB 9,0 63,6 62,9 500 91,2 82,1 6,0
CP 150 RB 8,0 50,3 49,6 395 74,5 67,0 6,0
CP 170 RB 7,0 38,5 37,9 302 64,5 58,0 5,0
CP 175 RB 6,0 28,3 27,8 222 48,7 43,8 5,0
CP 175 RB 5,0 19,6 19,2 154 33,7 30,3 5,0
CP 175 RB 4,0 12,6 12,3 99 21,4 19,3 5,0
CP 190 RB 6,0 28,3 27,8 222 52,0 46,8 5,0
CP 190 RB 7,0 38,5 37,9 302 72,0 65,0 5,0
Fio CP RN (relaxação normal)
CP 170 RN 7,0 38,5 37,9 302 64,5 54,8 5,0
CP 175 RN 6,0 28,3 27,8 222 48,7 41,4 5,0
CP 175 RN 5,0 19,6 19,2 154 33,7 28,6 5,0
CP 175 RN 4,0 12,6 12,3 99 21,4 18,2 5,0
Fonte: Arcelor Mittal ([2017], on-line)

Observemos o segundo item da tabela “CP 150 RB”:

CP = Fio ou cordoalha para concreto protendido.

150 = fptk = 150 kfg/mm² = 150 kN/cm² é a tensão de ruptura


de tração do fio ou cordoalha, observe que é tensão e não for-
ça, para se obter a força devemos multiplicar a tensão pela área
correspondente.
42 UNIUBE

Importante!
Observe que a nomenclatura das cordoalhas apresenta a
tensão de ruptura das mesmas e diferente do CA50, onde
a tensão fyk do aço era sempre a mesma, para o fptk assu-
mirá valores diferentes.

Parada obrigatória
Também existem muito mais modelos de aço e cordoalhas
para a utilização em concreto protendido, é interessante que
o(a) aluno(a) pesquise e tenha pelo menos uma noção dos
tipos. A seguir, um link da Companhia Estadual de Obras Públicas
do Sergipe que possui uma ampla lista dos tipos de cordoalhas:
<http://187.17.2.135/orse/esp/ES00064.pdf>, acesso em: 07 abr. 2017.

RB = Baixa Relaxação, significa que a cordoalha


foi tratada mecânica e termicamente para melho-
rar as características elásticas, no caso a redução
da perda de tensão por relaxação do aço.

fpyk = é a tensão do limite de escoamento do aço


de protensão onde houve alongamento de 0,2%
após a sua descarga, no caso de fios e cordoa-
lhas o limite de escoamento é a tensão que resul-
ta em um alongamento plástico de 1%.

Ep = é o módulo de elasticidade do aço de


protensão

Para fios

Ep = 205.000 mPa

Para cordoalhas

Ep = 195.000 mPa
UNIUBE 43

2.1.2 Bainhas

Caro(a) aluno(a), as bainhas são utilizadas a fim de garantir a me-


todologia de protensão com aderência posterior ou protensão sem
aderência. Elas funcionam como capas isolando concreto das cor-
doalhas que recebem a protensão. São geralmente de aço corru-
gado com flexibilidade suficiente para aplicar curvaturas ou de pvc
no caso da protensão não aderente. Na protensão com aderência
posterior, após a aplicação da protensão é inserida uma nata de
concreto para que as bainhas sejam preenchidas, assim as cor-
doalhas de protensão passam a ter aderência com toda a peça,
esse processo de preenchimento deve ter especial atenção do en-
genheiro, pois uma falha no preenchimento das bainhas pode sig-
nificar uma perda de protensão e significa também que a peça irá
trabalhar diferente do especificado em projeto.

2.1.3 Bainhas de aço corrugado

Figura 2.3 - Bainhas para protensão

Fonte: Stenzowski ([2017], on-line)


44 UNIUBE

Figura 2.4 - Distribuição das bainhas na seção Transversal da Viga

Fonte: Cichinelli (2012, on-line)

Bainhas em cordoalhas engraxadas têm maior utilização na proten-


são de lajes, conforme figura 2.5.

Figura 2.5 - Distribuição de Cabos de protensão com bainhas em laje

Fonte: Shakespeare, Wikimedia Commons (2008, on-line)


UNIUBE 45

Figura 2.6 - Distribuição das Cordoalhas - Traçado Curvo

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/14/

Post-Tensioning-Cables-2.jpg>. Acesso em: 07 abr. 2017

2.1.4 Cunhas e Porta Cunhas

Cunhas e Porta Cunhas são os aparelhos que garantem a aplica-


ção da força de protensão na peça, enquanto o macaco hidráulico
aplica a força nas cordoalhas as cunhas travam a cordoalha e os
porta cunhas travam as cunhas nas cabeças das vigas. Podem
ser monocordoalhas (Figura 2.7), multicordoalhas (Figura 2.8), bi-
partidas, tripartidas (Figura 2.9), todas trabalham com o mesmo
sistema mecânico onde quanto maior a tensão maior a fixação da
cordoalha.
46 UNIUBE

Figura 2.7 - Modelo de Porta cunhas para monocordoalhas

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/42/

Post-Tensioning-Cables-3.jpg>. Acesso em: 07 abr. 2017

Figura 2.8 - Porta Cunhas Multicordoalhas

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/73/

Stressing_anchorage.jpg>. Acesso em: 07 abr. 2017


UNIUBE 47

Figura 2.9 - Cunhas Tripartidas

Fonte: Bianchi ([2017], on-line)

2.1.5 Macacos de Protensão

Esses equipamentos podem ser encontrados dos mais variados


tipos e modelos, porém vale ressaltar que o conjunto macaco e
manômetro devem sempre ser utilizados em conjunto, pois se tra-
tam de aparelhos que são calibrados juntamente por um laborató-
rio de metrologia.
48 UNIUBE

Figura 2.10 - Aplicação de protensão

Fonte: Photographers unknown, Wikimedia Commons (2010, on-line)

Figura 2.11 - Macaco de Protensão Monocordoalha

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/71/Maats_

Ashdod_Prestressed_Concrete.jpg>. Acesso em: 07 abr. 2017


UNIUBE 49

2.1.6 Concreto para Protensão

O concreto continua sendo a principal matéria-prima de nosso es-


tudo, porém como ele já foi amplamente abordado nas disciplinas
anteriores vamos descrever aqui as suas especificações de acordo
com a NBR 6118:2014 no tocando a utilização de protensão.

Classificação de acordo com a classe de agressividade ambiental,


Tabela 6.1 NBR 6118: 2014.

Tabela 2.2 – Classes de agressividade ambiental (CAA)


Classe de Classificação geral Risco de
agressividade Agressividade do tipo de ambiente deterioração
ambiental para efeito de projeto da estrutura
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa

II Moderada Urbana a,b Pequeno

Marinha a
III Forte Grande
Industrial a,b

Industrial a,c
IV Muito Forte Elevado
Respingos de maré
a Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais bran-
da (uma classe acima) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banhei-
ros, cozinhas e áreas de serviço de apartamentos residenciais e conjuntos co-
merciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura).

b Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (uma clas-


se acima) em obras em regiões de clima seco, com umidade média relativa
do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura protegidas de chuva em am-
biente predominantemente secos ou regiões onde raramente chove.

c Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamen-


to em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.

Fonte: NBR 6114:2014


50 UNIUBE

Uma vez classificada a agressividade ambiental deve-se ter um fck


mínimo de acordo com a Tabela 7.1 NBR 6118: 2014.

Tabela 2.3 – Correspondência entre a classe de agres-

sividade e a qualidade do concreto

Classe de Agressividade (Tabela 6.1)


Concretoa Tipob,c
I II III IV

CA ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45


Relação água/
cimento em massa
CP ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45

CA ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40


Classe de Concreto
(ABNT NBR 8953)
CP ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40

a O concreto empregado na execução das estruturas deve cumprir os requi-


sitos estabelecidos na ABNT NBR 12655.
c CP corresponde a componentes estruturais de concreto protendido.
b CA corresponde a componentes e elemen-
tos estruturais de concreto armado.

Fonte: NBR 6118: 2014

Como é possível observar e já enunciado em nosso estudo, os


valores para fck em concreto protendido tendem a ser superiores
aos que poderíamos utilizar no caso de peças de concreto armado.
UNIUBE 51

Exemplo 1
Determinar o valor de fck mínimo para uma viga de concreto pro-
tendido sem revestimento de uma edificação industrial de papel e
celulose, localizada em região rural no interior do estado do Paraná.

Resolução
Devemos ter atenção com o que realmente é relevante no dimen-
sionamento, por exemplo, a informação de que a indústria está lo-
calizada no interior neste caso é irrelevante, pois a classe ambien-
tal já se dará como industrial do tipo c, Classe IV segundo a Tabela
6.1 da NBR 6118:2014.

Consultar a Tabela 7.1 Concreto Protendido (CP) Classe IV:

• fck ≥ 40 mPa

• Relação água / cimento ≤ 0,45

O que deve ser considerado, prezado(a) aluno(a), ao utilizar essa


planilha é sempre a condição mais rigorosa, do local, a não ser
que seja expressamente permitido pela NBR 6118:2014 considerar
algum fator atenuante, que são os casos das alíneas “a” e “b” da
Tabela 6.1, esta atenuação não foi considerada na resolução pois
se trata de viga sem revestimento.
52 UNIUBE

Ampliando o conhecimento
Aproveite para se manter atualizado(a) e pesquise sobre os
cobrimentos mínimos na nova norma NBR 6118:2014 na
“Tabela 7.2 – Correspondência entre a classe de agressivi-
dade ambiental e o cobrimento nominal para Δc = 10 mm” da mesma.

2.1.7 A Cura

Uma importante metodologia de execução para o concreto pro-


tendido são as peças pré-moldadas e a partir disso as pistas de
protensão e o processo fabril. Não faria sentido para indústria ne-
nhuma posicionar as cordoalhas de protensão, posicionar as arma-
duras passivas de flexão e cisalhamento, realizar a concretagem
com controle de adensamento e depois aguardar 28 (vinte e oito)
dias para que as peças de concreto atingissem a resistência neces-
sária. Como solução desse problema surgiu a cura a vapor, onde
as peças são “curadas” em temperaturas muito maiores do que a
cura in loco tradicional. Cura a vapor não é o único recurso para
acelerar o endurecimento das peças, é adotado também o cimento
alta resistência inicial CP-ARI.

A cura a vapor é realizada em três passos:


UNIUBE 53

Passo 1

Pega – antes de realizar o aquecimento após a concretagem é ne-


cessário aguardar o período de pega, bem como o início do endu-
recimento, período de 2 horas.

Passo 2
Aquecimento – as peças são gradativamente aquecidas até a tem-
peratura de cura, essa elevação costuma ser saindo de 25º C até a
aproximadamente 75º C e tem duração de 3 horas.

Passo 3
Cura – a temperatura elevada é mantida por cerca de 8 horas, esse
valor pode variar de acordo com a maturidade desejada para o final
do processo.

Passo 4
Resfriamento – a temperatura é gradativamente reduzida até atin-
gir o valor da temperatura ambiente. Esse processo costuma levar
duas horas.
54 UNIUBE

Figura 2.12 - Gráfico da Cura a Vapor

Fonte: elaborado pelo autor

2.1.8 Cálculo da Maturidade

A maturidade de um concreto por cura “normal” em temperatura


ambiente é dada pelo produto dos intervalos de tempo pelas res-
pectivas temperaturas acrescidas de 10º C.

M = ∑ ∆t (Ti + 100 ) Eq.1

Essa formulação pode ser aplicada para concretagens em tempe-


raturas próximas a 25º C, porém para cura a vapor ela não retrata
com fidelidade o grau de maturidade. Então, de acordo com A. C.
Vasconcelos (“Manual Prático para a Correta Utilização dos Aços
no Concreto Protendido” LTC, 1980), a maturidade se dará da se-
guinte forma:
UNIUBE 55

(Tmax + 10 )
3
tc + tTmax
M=
(T0 + 10 )
2
2

Onde:

tc = tempo de duração do ciclo (entre aquecimen-


to e resfriamento) [horas]

tTmax = tempo em que a peça fica em temperatu-


ra máxima (Tmax) [horas]

Tmax = temperatura máxima [ºC]

T0 = temperatura ambiente [ºC]

Exemplo 2 – Cálculo da maturidade para o


gráfico apresentado com cura a vapor:
tc = 13 h

tTmax = 8 h

Tmax = 75 ºC

T0 = 25ºC

( 75 + 10 )
3
13 + 8
M= = 5263 92 horas
( 25 + 10 )
2
2

Para comparação, vamos calcular quantos dias seriam neces-


sários para atingir essa maturidade na temperatura ambiente
igual a 25º C.
56 UNIUBE

0 = ∑ ∆W 7L + 

(Tmax + 10 )
3
t +t
M = c Tmax
(T0 + 10 )
2
2

Observa-se que para atingir o mesmo grau de maturidade levariam


6,3 dias em comparação com 15 horas da cura a vapor, admitindo-
se que se realizou uma concretagem com concreto ARI, com 6,3
dias teríamos uma resistência de quase 70% da resistência final.

Outros valores importantes


Também iremos necessitar de alguns outros valores para o dimen-
sionamento do concreto protendido:

Resistência à tração média segundo a NBR 6118:2014:

Para concretos até C50:

2
f ct ,m = 0 3 f ck 3

Concretos C55 a C90:

fct,m = 2,12 ln (1 + 0,11 fck)

Resistência à compressão e a tração na data da protensão:

Para concretos até C50:


2
f ct ,m = 0 3 f ck 3
UNIUBE 57

Concretos C55 a C90:

f ct ,m = 2 12 ln (1 + 0 11 f ck )

Assim, para resistência à tração superior e inferior:

f ctk ,inf = 0, 7. f ct ,m

f ctk , sup = 1 3 . f ct ,m

Módulo de Elasticidade Inicial do Concreto:

Para concretos até C50:

Eci = α E 5600 f ck

Concretos C55 a C90:


1
 f ck 3
Eci = 21 5 10 α E 3
 10 + 1, 25 
 

fck [mPa]

Eci [GPa]

αE = 1,2 para basalto e diabásio

αE = 1,0 para granito e gnaisse

αE = 0,9 para calcário

αE = 0,7 para arenito


58 UNIUBE

Módulo de Elasticidade para uma determinada idade do concreto:

Para concretos até C50:

 f ckj 
0 ,5

Eci ( t ) =   . Eci
 f ck 

Concretos C55 a C90:

 f ckj 
0 ,3

Eci ( t ) =   . Eci
 f ck 

2.1.9 Traçado das cordoalhas de protensão

A aplicação da protensão pode ser realizada se utilizando de vários


tipos de equipamentos. Pode ser classificada de acordo com a in-
tensidade da força de protensão, como: protensão total, protensão
parcial e protensão reduzida, podendo ser do tipo aderente, não
aderente e com aderência posterior.

2.1.9.1 Protensão Aderente

A protensão aderente é aquela em que as cordoalhas de protensão


têm contato com o concreto da peça já na concretagem. Nesse tipo
de protensão, o tensionamento dos cabos deve ocorrer antes da
concretagem, e só deve ser liberado após o concreto atingir resis-
tências elevadas no processo de cura.
UNIUBE 59

2.1.9.2 Protensão não aderente

A protensão não aderente é aquela em que as cordoalhas de pro-


tensão não têm contato com o concreto da peça em nenhum mo-
mento da vida útil, as cordoalhas são aplicadas com bainhas engra-
xadas. Nesse tipo de protensão, o tensionamento dos cabos deve
ocorrer depois da concretagem. O tensionamento ocorre em fases
acompanhando o endurecimento do concreto, essa aplicação de
tensões nas fases iniciais da cura (resistência equivalente a sete
dias de cura) colabora para que não ocorra a formação de fissuras.

2.1.9.3 Protensão com aderência posterior

A protensão com aderência posterior é aquela em que as cordoalhas


de protensão têm contato com o concreto da peça após o tensiona-
mento das cordoalhas, as cordoalhas são aplicadas com bainhas de
aço com bitola suficiente para inserção de calda de cimento. Nesse
tipo de protensão, o tensionamento dos cabos deve ocorrer depois
da concretagem e ocorre em fases, acompanhando o endurecimen-
to do concreto, essa aplicação de tensões nas fases iniciais da cura
(resistência equivalente a sete dias de cura) colabora para que não
ocorra a formação de fissuras. Após o endurecimento do concreto e
aplicação das tensões, é realizada a injeção de calda de cimento e o
sistema de ancoramento dos cabos já prevê essa injeção possuindo
orifícios próprios para injeção, após o enrijecimento a peça passa a
trabalhar de maneira monolítica com as bainhas e as cordoalhas.

A seguir, vemos um exemplo de uma viga biapoiada com a pas-


sagem de cabos de protensão, observe que o traçado dos cabos
tem desenho semelhante ao de diagramas de momentos das pe-
ças e leva a força de protensão a atuar na região onde haveria
60 UNIUBE

tracionamento na seção transversal, importante lembrar que o tra-


çado passa abaixo da linha neutra da seção, até porque não faria
sentido solicitar uma seção que estará comprimida a uma com-
pressão pela protensão. Lembrando também que esse traçado não
seria possível para a execução de concreto com aderência inicial,
pois não conseguiríamos ter cabos tensionados nessa posição an-
tes da concretagem, vide a seguir.

Figura 2.13 - Traçado para Cordoalhas sem

Aderência ou com Aderência Posterior

Fonte: elaborado pelo autor


UNIUBE 61

Figura 2.14 - Traçado para Cordoalhas com aderência inicial

Fonte: elaborado pelo autor

Reflita
Observe que para aderência inicial, não existe como man-
ter um traçado curvo para os cabos, uma vez que ao tracio-
ná-los eles irão assumir o formato linear.
62 UNIUBE

2.1.10 Peças Pré-moldadas e Protendidas

Para aplicação da protensão em pistas de protensão para concreto


pré-moldado, os seguintes passos são seguidos e necessários.

1. Cabeceira de reação, local onde são posicionadas as pontas


das cordoalhas que serão tracionadas.

2. Passagem das cordoalhas ou cabos (armadura ativa).

3. Posicionamento das armaduras passivas, estribos, porta-es-


tribos, armaduras de pele etc.

4. Colocação das fôrmas e moldes das peças (vigas ou lajes


protendidas).

5. Tracionamento das cordoalhas ou cabos.

6. Concretagem, é importante entender que aqui tem-se fábricas


de pré-moldado. Esse processo pode ser ainda implementa-
do com a cura a vapor e ele acelera a cura do concreto sendo
possível que todo o ciclo entre montagem e endurecimento do
concreto durem apenas 24 (vinte e quatro) horas.

Exemplo 3: Força de Protensão


Aplicada pela Dilatação Térmica
Imagine, aluno(a), que para aplicar protensão, foi executada uma
viga de concreto com comprimento igual a 9,0 m, nessa peça foi
inserida uma cordoalha de Ap = 5,0 cm² sem bainhas, essa cordo-
alha foi mantida durante todo o tempo de cura 80ºC acima da tem-
peratura ambiente, após a cura total do concreto a temperatura da
UNIUBE 63

cordoalha foi baixada de maneira lenta até a temperatura ambien-


te. Qual a força normal exercida por essa cordoalha? Considere:

E p = 195 000 MPa ;

α = 10− [1 º C ];

Lei de Hooke:
P l
δ=
E A ;

Dilatação Térmica:

δ =∝ l ∆T ;

Iremos igualar a dilatação térmica com a Lei de Hooke, após a


redução de temperatura para temperatura ambiente a cordoalha
buscará retornar ao comprimento inicial, porém a aderência com o
concreto irá impedir, criando a força de protensão.

δ = 10−5 ⋅ 9 ⋅ 80 = 0 0072 m
P ⋅9
0, 0072 = P = 78 000 N = 78 kN
195.000 ⋅106 ⋅ 5 ⋅10−4

A força de protensão aplicada é de P=78.000N=78kN. É importante


notar que a força não tem valor elevado, até porque não foi utiliza-
do um macaco de protensão, e sim uma propriedade física que é a
dilatação térmica. O(A) aluno(a) deve se atentar para o fato de que
o alongamento na cordoalha proporcionado pela temperatura gera
um esforço quando essa cordoalha está aderente ao concreto.
64 UNIUBE

Sintetizando...
O Exemplo 2 serve como síntese de como funciona o processo de
protensão nas pistas de protensão. As cordoalhas são tensiona-
das e esticadas, após esse processo é realizada a montagem das
peças com as demais armaduras desses elementos, então a peça
é concretada e é realizado o processo de cura, após o processo
de cura as cordoalhas são liberadas de suas ancoragens, como
elas estão aderentes ao concreto essas não conseguem retornar
ao comprimento inicial e transferem esforços para o concreto.

Saiba mais
Conhecer os equipamentos do mercado: <http://www.sten-
zowski.com.br/produtos/>, acesso em: 10 abr. 2017.

Catálogo de fios e Cordoalhas Arcelor Mittal: <http://longos.arcelor-


mittal.com/pdf/produtos/construcao-civil/fios-cordoalhas/catalogo-
fios-cordoalhas.pdf>, acesso em: 10 abr. 2017.

Considerações finais
A partir do exposto você, caro(a) aluno(a), pôde concluir que a pro-
tensão já possui uma vasta gama de equipamentos e tecnologias
disponíveis para utilização, isso torna o processo de aprendizado
um tanto quanto difuso, mas tenhamos sempre em mente que a
protensão para vigas e lajes é a aplicação de uma força normal à
seção transversal para reduzir os efeitos de tração provenientes
dos carregamentos da estrutura. Essa força terá valor proporcional
aos carregamentos da estrutura para que seus efeitos sejam real-
mente “sentidos” pela estrutura.
UNIUBE 65

Os tipos de aderência podem variar em três modelos, pré-tração


ou aderência inicial, aderência posterior e sem aderência, ambos
pós-tração, isso implica totalmente na tecnologia e método de apli-
cação, uma vez que as forças de protensão são aplicadas em fases
diferentes dos elementos estruturais. A utilização de protensão em
lajes costuma reduzir o número de vigas, podendo até eliminar to-
das elas. Para lajes, a protensão mais utilizada é a sem aderência,
cordoalhas com bainha em polipropileno engraxadas, essas cor-
doalhas são distribuídas nas lajes na parte inferior nos meios dos
vãos e na parte superior acima dos pilares, da mesma forma que
se comporta o diagrama de momentos fletores (pesquise por PTE
Protensão).

A partir do Exemplo 3, o(a) aluno(a) pôde concluir o quanto a pro-


tensão está ligada com os alongamentos do aço, observe que cada
mm acrescido em uma cordoalha representa uma tensão aplicada.
Na protensão com aderência toda a extensão das cordoalhas apli-
ca tensões no elemento estrutural, enquanto que nas cordoalhas
engraxadas esse papel é desempenhado pelas porta cunhas nas
cabeceiras da peça.

Encerrando nosso capítulo, estudamos os tipos de equipamentos,


materiais de protensão, sua aplicação e benefícios. Na próxima se-
ção, estudaremos os valores da protensão.
Cálculo da força de
Capítulo
3
protensão III

Lucas Shima Barroco

Introdução
Neste capítulo, prezado(a) aluno(a), você irá entender como é
realizada o cálculo da força de protensão. Já foi abordado no
Capítulo I o conceito de protensão, no Capítulo II os equipamentos
e como é realizada a protensão e aqui você, aluno(a), irá se
aprofundar nos conceitos abordados.
No Capítulo II foi apresentado que o aço de protensão tem
resistência muito maior que o aço utilizado em concreto armado.
Com isso, iremos estudar as perdas de protensão e essa
necessidade de resistência maior está muito ligada às perdas
de protensão, que tem como causas as características tanto do
concreto como do aço.
Aprendemos que existem três tipos de aderência no tocante às
armaduras de protensão: aderente, pós aderente e sem aderência,
vamos estudar que existem três tipos de protensão aplicada, a
protensão completa, parcial e reduzida, essas classificações
estão em relação à intensidade da força de protensão em relação
à peça e carregamento em que ela está sendo aplicada.
Foi abordado no Capítulo I os 10 mandamentos do Concreto
Protendido. Vamos reavivar os conceitos, principalmente os 5
primeiros, pois se tratam de passos importantes para o engenheiro
no momento do cálculo da força de protensão:
5 dos 10 Mandamentos do Concreto Protendido
1. Protender significa submeter o concreto à compressão.
A compressão só pode acontecer onde o encurtamento é
possível, por isso verifique se a estrutura permite que haja
encurtamento da peça.
2. Quando houver mudança de direção das cordoalhas e cabos
pode haver o aparecimento de forças residuais na peça, por
isso verifique a atuação delas.
3. A resistência à compressão do concreto não deve ser
totalmente utilizada, não importa a circunstância. Considere
as dimensões da peça e que será necessária passagem de
bainhas e cordoalhas, não adianta se utilizar do máximo de
suporte de compressão do concreto sem que possa ocorrer
uma boa concretagem.
4. Não confie na resistência à tração do concreto, dimensione
a protensão de modo que não ocorra tração devido ao peso
próprio.
5. Dimensione uma armadura de fretagem das tensões de
compressão, lembre que a região será submetida a forças
de compressão que devem ser distribuídas para a seção
transversal.

Considere o 1º mandamento, não podemos protender uma peça


que esteja com ligação nas extremidades. O 2º mandamento nos
leva a ser muito criteriosos no cálculo da resistência à tração do
concreto. O 3º nos leva a entender que não podemos criar peças
muito esbeltas, pois não será possível executar uma concretagem
adequada. O 4º mandamento nos leva a buscar uma força de
protensão, tal que pelo menos em vazio não tenhamos tensões
de tração nas peças e o 5º nos lembra de colocar reforços de
armadura nas regiões onde são aplicadas a protensão.
Lembro, caro(a) aluno(a), que é interessante sempre ter à mão
a NBR 6118:2014, pois em certos momentos fica inviável a
apresentação de todo o seu conteúdo, mas que se faz necessário
para alguns cálculos deste capítulo.

Objetivos
• Calcular as perdas de protensão.
• Devido às características do aço.
• Devido às características do concreto.
• Devido ao tipo de protensão.
• Calcular os valores de Protensão.
• Calcular as propriedades dos materiais a partir de sua
nomenclatura e caracterização.
• Definir a força de protensão.

Esquema
Perdas de Protensão
Relaxação do Aço
Fluência
Atrito das Cordoalhas com as Bainhas
Perda de Protensão por Acomodação das Ancoragens
Perda de Protensão pela Deformação imediata do Concreto
70 UNIUBE

Cálculo dos valores da Força de protensão


Pré-tração ou aderência inicial
Perdas imediatas de Força de Protensão
Cálculo da Perda pelo encurtamento imediato do Concreto
Cálculo da Perda por Atrito
Perdas Progressivas
Níveis de Protensão
Protensão Completa
Protensão Limitada
Protensão Parcial

3.1 Perdas de protensão

Para o cálculo da força de protensão que deve ser aplicada em


uma peça você, aluno(a), deve conhecer alguns comportamentos
dos materiais empregados nessa tecnologia, principalmente o aço
de protensão e o concreto.

No Capítulo II foi descrito os tipos de aço empregados na proten-


são, esse material tem resistência muito maior do que o aço do
concreto armado. Vamos entender o porquê!

Existem dois tipos principais de perdas de protensão devidas ao


comportamento do material aço: relaxação e fluência, essas inde-
pendem da geometria de nossa estrutura, enquanto que as perdas
por atrito das cordoalhas com as bainhas e as perdas por acomo-
dação da ancoragem estão relacionadas com o tipo de equipamen-
tos que estamos trabalhando.
UNIUBE 71

3.1.1 Relaxação do Aço

Perda de protensão por relaxação é aquela em que ocorre a redu-


ção das tensões nas cordoalhas sem que ocorra um alongamento
das peças, ou seja, a cordoalha reduz a tensão ao qual é solicitada
sem que ocorra alteração em seu comprimento.

Figura 3.1 - Demonstração da Relaxação do Aço

Fonte: elaborada pelo autor

3.1.2 Fluência

Perda de protensão por fluência do aço é aquela, prezado(a) alu-


no(a), em que ocorre o alongamento das cordoalhas sem que
ocorra um acréscimo nas tensões, ou seja, a cordoalha tem um
deslocamento sem que sejam acrescidos os carregamentos, esse
fenômeno é encontrado também no concreto, porém é apresenta-
do ao longo do tempo.
72 UNIUBE

Figura 3.2 - Demonstração da Fluência

Fonte: elaborada pelo autor

Importante!
Após entender as perdas por fluência e relaxação, pode-
mos perceber por que no Capítulo II ao apresentar os aços
de protensão foi citado que os seus alongamentos têm que
ser superiores às do concreto armado. Imagine a seguinte situação:

Situação 1 - Aço de Concreto Armado CA50

Para alongar um vergalhão de diâmetro de 25 mm com 1,0 m de


comprimento em 10 mm, CA50, serão necessários de acordo com
a lei de Hooke:
UNIUBE 73

D = 25 mm

E = 205.000 mPa

l = 1,0 m

π ⋅ D 2 π ⋅0 0252
A= = = 4 909 ⋅10−4 m²
4 4
F ⋅l δ ⋅ E ⋅ A 0 01⋅205 000 ⋅106 ⋅ 4 909 ⋅10−4
δ= F= = =106 N
EA l 1, 0
F =1000 kN

A força necessária para execução de um alongamento de 10 mm


é de 1000 kN.

Situação 2 – Aço de Protensão – CP 190 RB 12,70

A = 101 mm² para ser equivalente, utilizaremos 5 cordoalhas = 5,05 cm²

D = 12,70 mm

Observa-se que a área aproximada e o diâmetro nominal são valo-


res tabelados, de acordo com as especificações normatizadas para
Aço de protensão CP 190 RB 12,7.

Os valores para deslocamento de 10 mm em 1,0 m cordoalha


equivalem ao alongamento de 1% que já é dado pelas tabelas dos
fornecedores.

F = 168 kN.5 = 845,0 kN


74 UNIUBE

Agora vemos que a força para realizar o deslocamento do aço em


1% é menor para o aço de protensão, por quê? Imagine se por
questões de geometria tivéssemos uma perda de alongamento de
5,0 mm, qual seria a perda de protensão para cada situação?

Situação 1 - Aço de Concreto Armado CA50

Perda de protensão é 50% = 500 kN

Situação 2– Aço de Protensão – CP 190 RB 12,70

Perda de protensão é 50% = 425,5 kN

Observe que a perda é menor para o aço CP, pois a força neces-
sária para alongar a peça é menor, portanto se tivermos aço com
maior alongamento por tensão, as perdas de deslocamentos repre-
sentam uma menor perda.

3.1.3 Atrito das cordoalhas com as bainhas

É a perda de força de protensão devido ao atrito das cordoalhas


com as bainhas. Isso se deve ao fato de que ao serem tracionadas,
as cordoalhas tendem a buscar o traçado linear e as bainhas impe-
dem esse comportamento, porém isso resulta em esforços radiais
em relação às bainhas, ao forçar que as cordoalhas se mantenham
com traçado curvo as bainhas exercem sobre as cordoalhas uma
força de atrito que ocasiona perda de protensão. O cálculo dessas
perdas está intimamente ligado com a geometria, em que as cordo-
alhas são posicionadas dentro dos elementos protendidos.
UNIUBE 75

Figura 3.3 - Perda de Protensão por Atrito

Fonte: elaborada pelo autor

3.1.4 Perda de protensão por acomodação das ancoragens

É a perda de protensão devido às acomodações das ancoragens


ao serem solicitadas. Essa perda acontece de acordo com o tipo de
tecnologia de protensão, isto é, tipo de macaco, tipo de cunhas e
porta cunhas. Desta maneira, a tecnologia aplicada para execução
da protensão deve estar prevista na realização do projeto.

3.1.5 Perda de protensão pela deformação


imediata do Concreto

É considerada a perda de protensão devido ao encurtamento do


concreto, uma vez que esse processo é inerente à protensão, de-
vemos considerar essa perda como prevista e desta maneira sem-
pre deve ser considerada no cálculo da força de protensão.
76 UNIUBE

No caso de protensão com aderência inicial, ao serem liberados os


cabos das cabeceiras de ancoragem o concreto irá se deformar no
primeiro instante e essa perda já deve ser considerada pelo enge-
nheiro projetista.

No caso de vigas onde a protensão é aplicada por macacos hidráu-


licos, protensão sem aderência ou com aderência posterior, estes
se apoiam na peça, ou seja, uma vez que o concreto se deforma
essa diferença já é absorvida pelo próprio processo nas vigas mo-
nocordoalha. Se houverem várias cordoalhas, conforme os cabos
são protendidos, geralmente um a um, o concreto vai se deforman-
do conforme recebe as cargas, então ao tensionar a última cordo-
alha é provável que a primeira já tenha tipo uma perda de proten-
são considerável, se for o caso é interessante fazer um processo
iterativo de tensionamento, a fim de que se mantenham as forças
necessárias para a peça protendida.

Figura 3.4 - Demonstração da deformação imediata do Concreto

Fonte: elaborada pelo autor


UNIUBE 77

Dicas
Esse tipo de perda deve ser considerado pelo engenheiro
em todos os casos, no caso de múltiplas cordoalhas, sempre que
for tencionado um cabo a mais os anteriores terão perda de proten-
são, caso seja indicado é importante realizar um segundo ou até
terceiro tensionamento de todas as cordoalhas.

3.1.5.1 Valores de Protensão

Vamos aqui estudar os valores de protensão. Observe, caro(a) alu-


no(a), “valores”, isso significa que teremos vários valores de pro-
tensão, isso se deve ao fato de que teremos perdas nos processos
e a consideração de uma perda ou de outra acarretará em nomes
diferentes para as forças de protensão.

Pi = força de protensão inicial, é aquela aplicada pelo macaco de


protensão. No caso das pistas de protensão é aquela força que é
aplicada nas cabeças de ancoragem das cordoalhas, já no caso da
pós tensão é a força aplicada pelos macacos de protensão. Essa
força, bem como o alongamento esperado da peça, deve ser pre-
vista e fornecida pelo projetista.

Pa = é a força que é aplicada realmente nas cordoalhas, é o valor


de Pi subtraída das perdas de relaxação do aço “Δ Ppr1”, das aco-
modações das ancoragens e do escorregamento das cordoalhas
“Δ Panc” e da retração inicial do concreto “Δ Pcs1” (observe que
são retração e retração iniciais, as perdas ao longo do tempo serão
consideradas em P∞).
78 UNIUBE

Para o caso de pistas de protensão, esse é o valor da força que é


ancorada, é o valor imediatamente anterior ao que a força é trans-
ferida para o concreto:

Pa = Pi - Δ Panc - Δ Ppr1 - Δ Pcs1

P0 = é a força de protensão no tempo t = 0, isto é, não considera


as perdas progressivas, que são relaxação do aço “ ” fluência
e retração do concreto. Para se obter esse valor, Pa é subtraído da
deformação inicial do concreto “Δ Pe”.

P0 = Pa - Δ Pe

Pt (x) = é a força de protensão no tempo t = x, isto é, considera as


perdas progressivas parciais, que são relaxação do aço em de-
terminado momento “Δ Pprt ” e fluência “ ” em determinado
momento e retração do concreto “ ” em determinado momento.
Para se obter esse valor, Pi é subtraído dessas perdas progressi-
vas no tempo “t”.

Pt = Pa - Δ Pprt - Δ Pcct - Δ Pcst

P∞ = é a força de protensão no tempo t = ∞, isto é, considera as


perdas progressivas até o momento em que elas causariam toda a
perda de protensão.

Sendo “Δ Ppr2” perda por relaxação posterior do aço, “Δ Pcc” perda


por fluência do concreto e “Δ Pcs2” perda por retração posterior do
concreto.

P∞ = Pi - Δ Pr2 - Δ Pcc - Δ Pcs2


UNIUBE 79

Reflita
Já que as forças de protensão são diferenciadas em per-
das, vamos aqui fazer os valores acumulados para entender como
se obtém cada uma:
Pi = P∞ +
ΔPr2+ΔPcc+ΔPcc2+ΔPe+ΔPanc

Observe que as perdas de protensão ocorrem de maneira progres-


siva e têm como causas a natureza dos materiais e das técnicas
empregadas na execução.

3.2 Cálculo dos valores da força de Protensão

A definição dos valores de protensão será de acordo com a solução


adotada pelo engenheiro para cada situação, ou seja, qual o nível
de protensão que será aplicado na peça ou qual tipo de comporta-
mento é esperado para aquele elemento em questão. Após a apli-
cação da protensão, podemos buscar redução de flechas, redução
da fissuração ou que não ocorra nenhuma fissuração, pode-se ter
uma protensão de baixa intensidade, onde será necessária arma-
dura passiva de flexão na borda inferior.

A nomenclatura das cordoalhas já traz os valores de resistência à


tração característicos (NBR 7482).

Exemplo: CP 175 RN, assim 175 é o valor para fptk = 175 kN

Para fios de Relaxação Normal - RN

fptk fpyk entre 0,77 fptk e 0,90 fptk


80 UNIUBE

Para fios de Relaxação Baixa - RB

fptk fpyk entre 0,77 fptk e 0,85 fptk

Segundo a NBR 6118:2014 seguem os limites de tensão que po-


dem ser adotados para o aço de protensão.

Para protensão com aderência inicial: Pré-tracionadas

Aços de relaxação normal RN

Pi≤ {0,77 fptk e 0,90 fpyk

Aços de baixa relaxação RB

Pi≤ {0,77 fptk 0,85 fpyk

Para protensão com aderência posterior ou sem aderência:


Pós-tracionadas

Aços de relaxação normal RN

Pi≤ {0,74 fptk 0,87 fpyk

Aços de baixa relaxação RB

Pi≤ {0,74 fptk 0,82 fpyk

Na utilização de cordoalhas engraxadas, ou seja, protensão sem


aderência:

Pi≤ {0,80 fptk 0,88 fpyk


UNIUBE 81

Nos aços CP-85 e CP 105:

Pi≤ {0,72 fptk 0,88 fpyk

Em um primeiro momento você, aluno(a), entenderá como calcular


as perdas de protensão, a fim de manter uma maior facilidade didá-
tica, os primeiros valores a serem calculados são as perdas iniciais
e assim por diante até as perdas finais, como fluência e retração.

A partir da norma seguem como são determinadas as perdas de


protensão:

As perdas iniciais de protensão são listadas no item 9.6.3.2:

3.2.1 Pré-tração ou aderência inicial

Perdas devido ao atrito nos pontos de desvio da armadura, essa


avaliação deve ser obtida experimentalmente.

Perdas devido ao escorregamento dos fios na ancoragem devem


ser especificadas pelo fabricante dos dispositivos de ancoragem ou
experimentalmente.

Relaxação inicial da armadura deve ser considerada em função do


tempo decorrido entre a concretagem e a liberação do dispositivo
de tração, isto é, a liberação das cordoalhas das cabeceiras de
ancoramento.

Retração inicial do concreto deve ser considerado o tempo entre


a concretagem e a liberação das cordoalhas das cabeceiras de
ancoramento.
82 UNIUBE

Para as perdas iniciais devem ser também considerados os efeitos


de temperatura, quando o concreto for curado termicamente, o que
costuma ser prática para fábricas de pré-moldados.

3.2.2 Perdas imediatas de Força de Protensão

Para a pré-tração ou aderência inicial no momento em que ocorre a


liberação das cordoalhas das cabeceiras da pista de protensão as
peças sofrem o encurtamento, segundo o item 9.6.3.3.1 da norma
NBR 6118/2014 essa perda deve ser considerada em regime elás-
tico, considerando a deformação da seção homogeneizada. O mó-
dulo de elasticidade a ser considerado é correspondente a data em
que ocorra a protensão, sendo corrigido se houver cura térmica.

Para a pós-tração, as perdas imediatas referentes ao encurtamento


imediato do concreto, atrito entre as armaduras e as bainhas e/ou
concreto, deslizamento da armadura na ancoragem e a acomoda-
ção dos dispositivos de ancoragem são calculadas como seguem:
UNIUBE 83

3.2.3 Cálculo da Perda pelo encurtamento


imediato do Concreto

∝ p ⋅ (σ cp + σ cg ) ⋅ ( n − 1)
∆σ p =
2n
Onde:

σcp= tensão ponderada de protensão no baricentro da armadura


de protensão considerando os “n” cabos.

σcg = tensão de compressão resultante no concreto considerando


a aplicação da protensão dos “n” cabos:
Ep
 p �
Ec

Onde:

Ep = módulo de elasticidade da armadura de protensão (aproxima-


damente Ep=195.000 MPa).

Ec = módulo de elasticidade do concreto na data de protensão


(para concreto C30 Ec=30.000 MPa).

3.2.4 Cálculo da Perda por atrito

De acordo com a NBR 6118:2014, item 9.6.3.3.2.2 “nos elementos


estruturais com pós-tração, a perda por atrito pode ser determinada
pela expressão:

∆Patr ( x) =Pi [1 − e − ( µ ∑α + k  x ) ]

Onde:

Pi = valor da protensão inicial.

X = é a abscissa do ponto onde se calcula a perda expressa em


metros [m].
84 UNIUBE

∑ α = é a soma dos ângulos de desvio e o ponto X da abcissa.

μ = coeficiente de atrito aparente entre o cabo e a bainha, na falta


de dados experimentais deve ser adotado:

μ = 0,50 entre cabo e concreto (sem bainha);

μ = 0,30 entre barras ou fios com mossas ou saliências e bainha


metálica;

μ = 0,20 entre fios lisos ou cordoalhas e bainha metálica;

μ = 0,10 entre fios lisos ou cordoalhas e bainha metálica lubrificada;

μ = 0,05 entre cordoalha e bainha de polipropileno lubrificada;

κ = é o coeficiente de perda por metro provocada por curvaturas


não intencionais no cabo, na ausência de valores, adotar como
sendo κ=0,01 ∙ μ [1/m].
(NBR 6118:2014).

3.2.5 Cálculo da Perda por deslizamento da armadura na anco-


ragem e acomodação da ancoragem

As perdas devem ser determinadas experimentalmente ou ado-


tados os valores indicados pelos fabricantes dos dispositivos de
ancoragem.

∆σp,anc= determinado pelo fabricante dos dispositivos de


ancoragem.
UNIUBE 85

Figura 3.5 - Tensões de Protensão ao longo do Tempo

Fonte: elaborada pelo autor

Saiba mais
O Professor Paulo Sérgio dos Santos Bastos disponibiliza
uma material on-line onde é explanado um método de cálculo de-
terminístico para essa perda.

<http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/Protendido/Ap.%20Protendido.
pdf>, acesso em: 20 abr. 2017.

http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/Protendido/Ap. Protendido.pdf

3.2.6 Perdas progressivas

São calculadas por meio da iteração entre seus efeitos, são eles
retração e fluência. A norma indica dois itens para o cálculo deles:
9.6.3.4.2 a 9.6.3.4.5 da NBR 6118/2014.
86 UNIUBE

Processo simplificado, adotado para quando a aplicação de proten-


são e a concretagem não tem um espaçamento grande de tempo
grande e o espaçamento entre cordoalhas é baixo, a fim de poder
considerá-los como único com área igual, a somas das áreas e a
posição equivalente calculada mediante a média ponderada pela
posição e força aplicada de protensão em cada cabo.

ε cs ( t , t0 ) ⋅ E p − α p ⋅ σ c , p 0 g ⋅ ϕ ( t , t0 ) − σ p 0 ⋅ χ ( t , t0 )
∆σ p ( t t0 ) =
χ p + χ c ⋅ α p⋅η ⋅ ρ p
σ p0 ∆σ p 0 ( t , t0 )
∆ε pt = ⋅ χ ( t t0 ) + ⋅χp
Ep Ep
σ c, p0 g ∆σ c ( t , t0 )
∆ε ct = ⋅ ϕ ( t , t0 ) + χ p ⋅ + ε cs ( t t0 )
Eci 28 Eci 28

Esse equacionamento parece complexo, porém observe, caro(a)


aluno(a), que ele se limita apenas às quatro operações básicas.

Equações, de acordo com o item 9.6.3.4.2 da NBR 6118:2014, para


utilização do método simplificado:

χ ( t t0 ) = −ln 1 −ψ ( t , t0 ) 
χ c = 1 + 0 5 ϕ ( t , t0 )
χ p = 1 + χ ( t , t0 )
Ac
η =1 + e 2p ⋅
Ic
Ap
ρp =
Ac
Ep
∝p =
Eci 28
UNIUBE 87

Onde:

σc,p0g = é a tensão no concreto adjacente ao cabo resultante, pro-


vada pela protensão e pela carga permanente mobilizada no ins-
tante t0 sendo positiva se for de compressão;

φ(t,t0) = é o coeficiente de fluência do concreto no instante t para


protensão e carga permanente aplicadas no instante t0 consultar
a norma;

∆σp0 = é a tensão na armadura ativa devida à protensão e à carga


permanente mobilizada no instante t0, positiva se for de tração;

χ(t,t0) = é o coeficiente de fluência do aço;

εcs (t,t0) = é a retração no instante t, descontada a retração ocorri-


da até o instante t0, conforme item 8.2.11;

ψ(t,t0) = é o coeficiente de relaxação do aço no instante t para pro-


tensão e carga permanente mobilizada no instante t0;

∆σc (t,t0) = é a variação de tensão do concreto adjacente ao cabo


resultante entre t e t0;

∆σp (t,t0) = é a variação de tensão no aço de protensão entre t e t0;

ρp = é a taxa geométrica da armadura de protensão;

ep = é excentricidade do cabo resultante em relação ao baricentro


da seção do concreto;

Ap = é a área da seção transversal do cabo resultante;


88 UNIUBE

Ac = é a área da seção transversal do concreto;

Ic = é o momento central de inércia da seção do concreto.


(NBR 6118:2014).

3.3 Níveis de protensão

Os níveis de protensão são definidos de acordo com a resultante


de tensão na seção transversal.

Relembrando
No Capítulo I foi executado um exemplo onde eram calcu-
ladas as tensões nas seções transversais. O valor desses esforços
dará a definição do nível de protensão.

Foi estudado que a força Pi é a força de protensão inicial e P∞ é


a força de protensão descontando todas as perdas de protensão.

σb = tensão normal na base;

σt = tensão normal no topo;

g1 = peso próprio do elemento estrutural;

g2 = carga permanente adicional;

q1 = carga variável principal;

q2 = carga variável secundária.

Os carregamentos de peso próprio e cargas variáveis causam nes-


se caso forças de tração na borda inferior , enquanto que a força
de compressão da protensão causa compressão.
UNIUBE 89

3.3.1 Protensão completa

A protensão completa implica que na borda inferior não haverá ten-


sões de tração na combinação frequente de ações.

Combinação frequente de ações:

Assim:

σbg1+ σbg2+ ψ1 σbq1+ ψ2 σbq2+ σbP∞=0

Atende ao ELS-D - Estado Limite de Serviço de Descompressão.

Lembrando que a tensão causada pela força de protensão tem


duas componentes, a tensão na seção transversal e a componente
devido à excentricidade do local de aplicação da força:
P∞ ,est P∞ ,est ⋅ e p
σ bP∞ = +
Ac Wb

Verificação da compressão na borda superior:

σts≤ 0,7 ∙ fck

Combinação rara de ações:

Não considera o fator de combinação para um valor da carga


variável:

σbg1+ σbg2+ σbq1+ ψ1 σbq2+ σbP∞ ≤ {1,5 ∙fctk (para peças de


seção retangular) 1,2 ∙fctk (para as demais seções)
90 UNIUBE

Atende ao ELS-F - Estado Limite de Serviço de Formação de


Fissuras.

Para os valores de , utilizar o maior valor entre a combinação


rara e a frequente de ações.

3.3.2 Protensão Limitada

A protensão limitada implica que na borda inferior não haverá ten-


sões de tração na combinação quase permanente de ações.

Combinação quase permanente de ações:

Assim:

σbg1+σbg2+ψ2σbq1+ψ2σbq2+σbP∞=0

Atende ao ELS-D - Estado Limite de Serviço de Descompressão.

Lembrando que a tensão causada pela força de protensão tem


duas componentes, a tensão na seção transversal e a componente
devido à excentricidade do local de aplicação da força:
P∞ ,est P∞ ,est ⋅ e p
σ bP∞ = +
Ac Wb

Verificação da compressão na borda superior:

σts≤ 0,7 ∙fck


UNIUBE 91

Combinação frequente de ações:

σbg1+ σbg2+ ψ1 σbq1+ ψ2 σbq2+ σbP∞≤ {1,5 ∙fctk (para peças de


seção retangular) 1,2 ∙fctk (para as demais seções)

Atende ao ELS-F - Estado Limite de Serviço de Formação de


Fissuras.

3.3.3 Protensão Parcial

A protensão parcial implica que na borda inferior não haverá ten-


sões de tração na combinação frequente de ações.

Combinação frequente de ações:

Assim:

σbg1+ σbg2+ ψ2 σbq1+ ψ2 σbq2+ σbP∞=0

Atende ao ELS-W - Estado Limite de Abertura de Fissuras wk = 0,2


mm.
92 UNIUBE

Parada obrigatória
Observe que os níveis de protensão do menor para o maior
são:

1. Protensão Total;

2. Protensão Limitada;

3. Protensão Parcial.

Saiba mais
É interessante que você, aluno(a), a fim de realizar um di-
mensionamento de vigas protendidas estude o item 9.4 da norma
NBR 6118:2014, trata-se dos comprimentos necessários de anco-
ragem, esse item se torna particularmente importante no estudo de
protensão com aderência inicial.

Existe uma apostila disponível on-line do Professor Paulo Sérgio


dos Santos Bastos que pode ser de interesse para você, aluno(a),
se aprofundar no conhecimento de concreto protendido.

<http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/Protendido/Ap.%20Protendido.
pdf>, acesso em: 20 abr. 2017.
UNIUBE 93

Sintetizando...

Para realizar a fixação do conhecimento, vamos calcular a força


de protensão para a viga a seguir. Dimensionar para proten-
são total.

b=20 cm

h=60 cm

l=9,0 m

g1= 25 ∙0,6 ∙0,2=3,0 kN/m

q1= 15,0 kN/m

Ep = 195.000 MPa

Ic = 3,6 ∙10-3 m4
94 UNIUBE

Wc = 1,2 ∙10-2m3

ep = 0,20 m

Para a protensão completa, considera-se a combinação frequente


de ações.

σ bg1 + σ bg 2 +ψ 1σ bq1 +ψ 2σ bq 2 + σ bP∞ = 0 (1)


g2 ⋅l 32 ⋅ 9 2
− 1 − 2 −39
q l 8 kN kN
σ=
bg = = = =8=
8
= Mmáx −843,2531,
75 225==
−0, 0844 kN 25cmkN
12656,
2
bg11
Wc 08, 012 0, 012 m m2 cm 2
152 ⋅ l2 152 ⋅ 9
−−151 9 −
σ 88 == kN , 75 kN = −kN
8 = −21093 2,109 kN cm 2
σbqbq11 == − 12656, 25 =−1, 2656
0,W012 m 2
2
c 0, 012 m cm 2
Substituindo em (1)

−0, 2531 + 0, 7(−1, 2656) + σ bP =


−0 0844 + 0, 7 ⋅ ( −2,109 ) + σ bP0∞ = 0∞

kN
σ bP
σ = 1,139 kN
bP∞∞ = 1 561 / cm²
cm 2
P∞ ,est P∞,est ⋅ e p
σ bP∞ = + ( 2)
Ac Wb

Substituindo em (2)
P∞ ,P ⋅ 20 20
est∞ , est P∞ ,estP
11,139
561 = = + + ∞ ,est P∞ ,est1 = 624
P∞ ,est28 kN455, 60kN
⋅ 6060 12000
2020 1 =
12000
Verificação para carregamento combinação rara.

σbg1+ σbg2+ σbq1+ ψ1 σbq2+ σbP∞ ≤ {1,5 ∙fctk (para peças de


seção retangular) 1,2 ∙fctk (para as demais seções) (3) )

fct,m = 0,3 ∙ fck2/3


fct,m = 0,3 ∙ 352/3 = 3,21 MPa
UNIUBE 95

Substituindo em (3)

1,904kN
−0, 2531 − 1, 2656 + σ bP∞ ≤ 1, 20,321σ bP =
cm 2
Substituindo em (2)
P∞ ,est P∞ ,est 20
1,904 = + 761, 60kN
P∞ ,est1 =
2060 12000
O valor que deve ser utilizado para para P∞ ,est1 = 761, 60kN .

Com base nesse valor, podemos calcular:


Pi ,est
P ,est1 
1  Parb

∆Parb = é um valor arbitrado para a perda, adotaremos 30%.

Pi ,est1 = 990, 08kN

Determinação da área do aço de protensão e do tipo de cordoalha.

kN
P=
i , est1 990,=
08 Ap ,ef ⋅175
cm 2
990, 08kN
=Ap ,ef = 5, 658cm 2
kN
175 2
cm

Adotando CP-175 RN, A = 138,7 mm²

5, 658
=n = 4, 08 ≅ 5cordoalhas
1,387
96 UNIUBE

Ampliando o conhecimento
Caro(a) aluno(a), você pode desenvolver o exercício ante-
rior e calcular as perdas de protensão e realizar a verificação das
perdas de protensão.

A primeira verificação que deve ser feita é a resistência à compres-


são do concreto.

Adote como concreto executado com bainhas corrugadas, aplica-


das paralelas ao eixo da peça com C35.

Conclusão
Após as exposições você, prezado(a) aluno(a), pôde compreen-
der que os dimensionamentos e cálculos que envolvem o concreto
protendido têm valores bem diferentes dos que encontramos no
concreto armado, isso deve-se ao fato de ser um material onde a
tecnologia e a precisão são mais presentes e as aproximações são
menos utilizadas quando se comparam os métodos de cálculo do
concreto armado.

É interessante que se você desejar realizar o dimensionamento de


peças protendidas que se aprofunde no estudo e entenda como
definir as perdas de protensão, aprenda a dimensionar as forças
radiais que ocorrem nas curvaturas da armadura de protensão. A
protensão tem muitas particularidades que devem ser considera-
das ao executar um projeto de protensão, as perdas de protensão
são particularmente diferentes de acordo com cada tipo de proten-
são e aderência em que são aplicadas.
UNIUBE 97

Neste capítulo, você pôde aprender a calcular a força de protensão


para que se possa reduzir as tensões de tração na seção
transversal. Vimos que existem 3 níveis de protensão, Completa,
Limitada e Parcial. A adoção de cada uma está ligada com a tensão
resultante na borda inferior do elemento protendido.

Entendemos que podemos classificar as perdas de protensão em


dois tipos principais, as imediatas e as progressivas, onde se des-
tacam como perdas imediatas o encurtamento do concreto a rela-
xação do aço e as acomodações das ancoragens, enquanto que
nas perdas progressivas sobressaem as perdas por retração e flu-
ência do concreto.

A partir do cálculo das perdas de protensão, você pôde concluir que


durante sua vida útil a peça de concreto passa por vários estágios
e valores de tensão, um entendimento desses valores é muito im-
portante para o engenheiro a fim de que não esteja dimensionando
peças com premissas que sejam contra a segurança ou que produ-
zem prejuízo para a peça ao invés de benefícios.

Como tecnologia mais rebuscada, o concreto protendido acaba


exigindo mais técnica do engenheiro de cálculo e também do en-
genheiro de campo, mas isso representa para a obra: redução de
custos, seções com melhor aproveitamento da capacidade resisti-
va e obras com melhor durabilidade e performance no geral.
Introdução às Pontes de
Capítulo
4
Concreto

Lucas Shima Barroco

Introdução
Prezado(a) aluno(a), neste capítulo iremos estudar as obras
que são definidas como Obras de Arte Especiais, recebem
esse nome devido a diversos fatores, em geral devido
à natureza diferenciada de sua estrutura em relação às
demais obras.
As obras de arte geralmente são executadas e necessárias
para obras de infraestrutura e costumam representar altas
porções do orçamento da obra, se utilizam de técnicas
mais complexas de execução e cálculo, devido a isso elas
acabam recebendo um cuidado especial pelos engenheiros,
buscando sempre uma maneira econômica de resolver as
dificuldades de engenharia dessas estruturas. Essa atenção
criou uma vasta gama de possibilidades para execução
e concepção das Obras de Arte, ao longo do capítulo
conheceremos algumas delas e abordaremos quais suas
aplicações mais usuais.
Para o estudo de pontes, temos que entender que o
conhecimento que foi adquirido ao longo do curso é
necessário, principalmente de estruturas de concreto,
para o avanço na disciplina. É interessante que possamos
realizar análises do que foi aprendido ao longo do curso,
100 UNIUBE

por exemplo, o quanto a altura da viga está ligada com


a capacidade dela de vencer grandes vãos. Para o
desenvolvimento do sistema de suporte das pontes pode
ser utilizada a montagem de grelhas, o que possibilita uma
rigidez maior ao conjunto.

Figura 4.1 – Ponte “JK”

Fonte: Jose Assenco, FREEIMAGES

A Figura 4.1 apresenta a ponte Juscelino Kubitschek, em Brasília,


sobre o Lago Paranoá – 2ª Colocada como uma das Pontes
mais Bonitas do mundo em 2012 pela revista Vogue Casa.
Uma característica diferenciada aplicada ao estudo de
pontes será a natureza dinâmica das cargas. Essa natureza
dinâmica implica a utilização de fatores de majoração devido
ao impacto, bem como a utilização de um conceito aprendido
em Estática que são as linhas de influência, item fundamental
para o cálculo das ações na estrutura. O conceito de trem-tipo
será estudado para que possamos realizar as verificações
em norma aplicadas para pontes.
UNIUBE 101

Objetivos
• Entender o conceito de obras de arte.
• Ser capaz de classificar as pontes de acordo com sua
geometria.
• Ser capaz de classificar as pontes de acordo com seu
sistema estrutural.
• Relacionar os materiais utilizados para execução de
Pontes.
• Identificar os elementos que compõem as pontes.
• Comparar tecnologias de execução de pontes.

Esquema
• Conceituação de Obras de Arte
• Tipos de Obras de Arte
• Pontes
• Viadutos
• Galerias
• Túneis
• Classificação das Pontes e Viadutos
• Classificação quanto a Geometria
• Alinhamento em Planta
• Alinhamento Vertical
• Classificação quanto ao Material
• Classificação quanto ao Tráfego
102 UNIUBE

• Classificação quanto ao Sistema Estrutural


• Nomenclaturas e Classificação dos Elementos
• Infraestrutura
• Mesoestrutura
• Pilares
• Aparelhos de Apoio
• Encontros
• Superestrutura
• Os Tipos de Superestrutura Principal
• O Posicionamento dos Tabuleiros
• Dimensões e Nomenclatura
• Da ponte
• Do Tabuleiro

4.1 Conceituação de Obras de Arte

As Obras de Arte, OA’s daqui por diante, como são definidas as


pontes, viadutos, galerias e túneis, em geral buscam realizar uma
travessia de um obstáculo que intercepta uma via, este obstáculo
pode ser um vale, um curso de água, uma montanha, podem ser
também um impedimento de origem antrópica (cruzamento de vias,
trecho urbano etc.).

Vamos expandir nossos estudos nas pontes, aprendendo a classi-


ficá-las e conhecer os principais tipos de sistemas estruturais apli-
cados a estas. Nosso foco de estudo serão as pontes de concreto,
apesar delas também serem executadas em aço e madeira.
UNIUBE 103

SAIBA MAIS
O link a seguir, da Secretaria de Transportes do Estado de
São Paulo, do Departamento de Estradas de Rodagem,
traz um documento de Instrução de Projetos “Projeto de Túnel”:
<ftp://ftp.sp.gov.br/ftpder/normas/IP-DE-C00-002_A.pdf>, acesso
em: 20 abr. 2017.
Uma pesquisa interessante ao aluno são os rankings de pontes,
mais extensa, mais alta, mais bonita, maior vão. A seguir, um
ranking pela extensão:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_das_pontes_mais_extensas_
do_mundo>, acesso em: 20 abr. 2017.

Figura 4.2 – Ponte em Arco na Costa do Pacífico nos Estados Unidos

Fonte: Charles Cuccaro, FREEIMAGES

Apesar do sistema estrutural adotado nessa ponte não ser alvo de


nossos estudos (ponte em arco), ela ilustra muito bem a nomencla-
tura de “Obras de Arte”.

4.1.1 Tipos de Obras de Arte

4.1.1.1 Pontes

Dispositivo estrutural que dá segmento a uma via, passa por cima


de um curso d'água podendo este ser rio, lago ou até um braço de
mar.
104 UNIUBE

Figura 4.3 – Esquema de Ponte

Fonte: elaborada pelo autor

4.1.1.2 Viadutos

Para as pessoas comuns a diferença entre pontes e viadutos é irre-


levante, mas para você, aluno(a), que em breve será engenheiro(a),
entenda que a diferença está na ausência de um corpo hídrico.

Figura 4.4 – Esquema de Viaduto

Fonte: elaborada pelo autor


UNIUBE 105

Reflita
Para os casos de viadutos sobre vales você, caro(a) alu-
no(a), pode estar se perguntando, por que não foi realizado
um aterramento no local para garantir a passagem? Geralmente,
essa é sempre a primeira solução dos engenheiros de projetos,
porém existem casos que os volumes de terra que seriam utiliza-
dos para aterro são tão grandes que a solução de engenharia mais
econômica é a execução de viadutos, no caso de ferrovias isso é
ainda mais acentuado, uma vez que o traçado das ferrovias só ad-
mite inclinação muito baixa.

4.1.1.3 Galerias

Destinados a permitir a passagem ou por cima ou por dentro delas


são no geral estruturas celulares aplicadas em local de aterro. No
esquema a seguir o tráfego de carros pode estar passando por
cima enquanto um curso d’água passaria por dentro da galeria.

Figura 4.5 – Esquema de Galeria

Fonte: elaborada pelo autor


106 UNIUBE

4.1.1.4 Túneis

Destinados a permitir a passagem por grandes maciços de terra ou


rocha em geral, são aplicados em terreno natural.

Figura 4.6 – Esquema de Túnel

Fonte: elaborada pelo autor

4.2 Classificação das Pontes e Viadutos

As pontes e viadutos são classificadas com relação a sua geome-


tria, ao sistema estrutural em que ela é desenvolvida e tipo de trá-
fego. Sem mais demora, vamos às classificações:
UNIUBE 107

4.2.1 Classificação quanto a Geometria

4.2.1.1 Alinhamento em Planta

Essa classificação leva em conta a orientação do eixo da ponte


com relação ao curso de água ou vale a ser sobreposto. Podem ser
pontes Retas (1), Esconsas (2) ou Curvas (3).

Figura 4.7 – Classificação quanto ao Alinhamento em Planta

Fonte: elaborada pelo autor

4.2.1.2 Alinhamento Vertical

Essa classificação leva em conta a orientação do eixo da ponte


com relação ao Eixo Vertical. Essa classificação se deve ao fato
de que o traçado de vias em geral possui muitas curvas verticais e
108 UNIUBE

muitas vezes nossa obra de arte estará em concordância com es-


sas: Pontes Horizontal (1), Em Rampa (2), Tabuleiro Côncavo (3) e
Tabuleiro Convexo (4).

Figura 4.8 – Classificação quanto ao Alinhamento Vertical

Fonte: elaborada pelo autor

4.2.1.3 Classificação quanto ao Material

Nessa classificação, iremos apresentar figuras. A adoção do ma-


terial pelo engenheiro de projetos leva em conta vários fatores,
como disponibilidade do material, custos, fundação adequada para
o perfil geológico, os principais materiais utilizados para execução
tanto para a mesoestrutura quanto para a superestrutura (essa
UNIUBE 109

nomenclatura será explicada na próxima seção) são: madeira, aço,


concreto (simples, armado e protendido) e para pontes antigas em
arco: alvenaria e rochas.

Figura 4.9 – Ponte Ferroviária de Madeira

Fonte: Corena Golliver, FREEIMAGES

Note que a ponte de madeira é destinada a tráfego ferroviário, trá-


fego esse que trabalha com altos valores de carregamentos.
110 UNIUBE

Figura 4.10 – Ponte de Aço em Arco

Fonte: James Collins, FREEIMAGES

Note que a ponte de aço é destinada a passagem de pedestres.

Figura 4.11 – Ponte de Concreto – Sistema Estrutural de Vigas

Fonte: Local Guy, FREEIMAGES


UNIUBE 111

Figura 4.12 – Ponte de Alvenaria – Sistema Estrutural em Arcos

Fonte: Jimmy Lemon, FREEIMAGES

Importante!
Para execução de pontes em alvenaria e rocha é necessá-
rio utilizar o sistema estrutural de execução em arcos, pois
esses materiais não apresentam resistência para forças de flexão.

Nesta seção foram colocadas fotos de pontes de somente um tipo


de material, porém a execução de OA’s não se limita a isso, podem
ser adotados materiais diferentes na mesma ponte de maneira a
aproveitar a melhor qualidade de cada material, seja ela o custo, o
peso próprio ou capacidade resistiva.
112 UNIUBE

4.2.1.4 Classificação quanto ao Tráfego

No geral, o tráfego define uma nomenclatura para ponte:

• Rodoviária – Tráfego de Veículos;

• Ferroviária – Tráfego de Trens e veículos ferroviários;

• Passarela – Pedestres.

Vamos expandir nosso estudo? Seguem outros tipos de circulação


em pontes e viadutos:

• Travessia de Fauna – normalmente para reduzir o impacto


ambiental de obras;

• Hidroviária – Travessia de Embarcações;

• Aquedutos – Travessia de Curso d’água (empregado na obra


da Transposição do Rio São Francisco);

• Rodoferroviária – Tráfego Misto.


UNIUBE 113

Figura 4.13 – Ponte Estaiada – Tráfego de pedestres e Rodoviário, Varsóvia

Fonte: Michal Zacharzewski, FREEIMAGES

4.2.2 Classificação quanto ao Sistema Estrutural

Os sistemas estruturais em pontes podem variar em muito, pois


levam em conta a altura, o tipo de fundação adequada, o tipo de
tráfego e os vãos necessários. Iremos aqui listar os principais, caso
esse sistema já tenha imagens ilustrando, listaremos o número da
Figura para você verificar. Principais Sistemas Estruturais:

• Pontes em Arcos (Figuras 4.2, 4.10 e 4.12);

• Pontes em Vigas (Figura 4.9 e 4.11);

• Pontes Pênseis (Figuras 4.14 e 4.15).


114 UNIUBE

Figura 4.14 – Ponte Pênsil – 40th Road Bridge

Fonte: Michel Meynsbrughen, FREEIMAGES

Figura 4.15 – Ponte Pênsil – Mackinaw Bridge

Fonte: Martyn E. Jones, FREEIMAGES


UNIUBE 115

• Pontes Estaiadas (Figuras 4.1, 4.13 e 4.16).

Ampliando o conhecimento
Observe que as pontes Estaiadas são diferentes das
Figura 4.16 – Ponte Estaiada – Millau, França
Pênseis, uma vez que as pontes Estaiadas possuem os
Fonte: Michel Collot, FREEIMAGES
“estais” cabos de aço ligados no tabuleiro da ponte e no mastro
de ancoragem, que pode estar em qualquer posição, já as pon-
tes Pênseis possuem cabos de aço principais que são ancorados
nas cabeceiras das pontes, estes percorrem toda a ponte que,
por sua vez, possui cabos secundários que são ligados aos cabos
principais.
116 UNIUBE

4.2.3 Nomenclaturas e Classificação dos Elementos

As peças e elementos que formam as OA’s recebem nomes es-


pecíficos e são classificados em Superestrutura, Mesoestrutura e
Infraestrutura.

Figura 4.17 – Diagrama com Nomenclatura

Fonte: elaborada pelo autor

Para nos ajudar no entendimento a figura foi preenchida com 3 pa-


drões, um para cada classificação.

4.2.3.1 Infraestrutura

O padrão em xadrez vermelho indica as peças da infraestrutura


:

• Fundações: sapatas para fundações diretas ou blocos e esta-


cas para fundações indiretas.
UNIUBE 117

4.2.3.2 Mesoestrutura

O padrão pontilhado preto define as peças da mesoestrutura :

4.2.3.2.1 Pilares

Recebem as cargas das vigas e as transmitem para a infraestrutura.

4.2.3.2.2 Aparelhos de Apoio

Recebe as ações da superestrutura e as transmite para a mesoes-


trutura, têm a função de permitir pequenos deslocamentos da su-
perestrutura, isso garante proteção dos elementos. São produzidos
com o material cujos nomes são neoprene ou elastômero.

Simples: produzidos apenas com material elastômero, utilizado


para cargas relativamente baixas.

Fretado: produzidos com material elastômero, com a inclusão de


placas de aço. Essas placas aumentam em muito a capacidade de
suporte, para altas cargas.

Deslizante: produzidos com material elastômero, com a inclusão


de placas de aço e a inserção de uma placa de aço inox na su-
perfície. Essa placa permite o deslocamento horizontal da peça
apoiada.
118 UNIUBE

Figura 4.18 – Diagrama Aparelho de Apoio - Simples

Fonte: elaborada pelo autor

4.2.3.2.3 Encontros

São posicionados nos inícios das pontes e têm a função de arrimar


o solo e receber as cargas das extremidades da superestrutura.’

4.2.3.3 Superestrutura

O padrão em azul listrado define os itens da superestrutura :

A superestrutura é em geral dividida em dois tipos:

• Estrutura Principal: Vigas, tem a função de vencer o vão livre


e se apoia nos aparelhos de apoio;

• Estrutura Secundária: Tabuleiro, é a estrutura que recebe a


ação das cargas e as transmite para a estrutura principal.
UNIUBE 119

4.2.3.3.1 Os tipos de Superestrutura Principal

Figura 4.19 – Diagrama Tipos de Tabuleiro

Fonte: elaborada pelo autor

Dependendo de como é o formato da seção transversal esta tem


comportamento diferente. Para os casos (1) e (3), o tabuleiro irá se
comportar como laje apoiada sobre vigas, enquanto que no Caso
(2) o dimensionamento deve ser realizado como laje.
120 UNIUBE

Relembrando
Lembre dos conceitos de viga e lajes:

Vigas
São elementos submetidos a forças de flexão e têm uma dimen-
são que predomina sobre as outras duas. Recebem carregamentos
normais ao longo do eixo da maior dimensão.

Lajes
São elementos submetidos a forças de flexão e cortante, e têm
duas dimensões que predominam sobre a outra. Recebem carre-
gamentos normais ao longo das maiores dimensões.

4.2.3.3.2 O Posicionamento dos Tabuleiros

O posicionamento dos tabuleiros define em que região os carre-


gamentos serão transferidos do tabuleiro para as vigas, Tabuleiro
Superior (comum), Tabuleiro Intermediário (Rebaixado), ou
Tabuleiro Inferior.

Figura 4.20 – Diagrama Posicionamento dos Tabuleiros

Fonte: elaborada pelo autor


UNIUBE 121

4.2.3.4 Dimensões e nomenclatura

4.2.3.4.1 Da ponte

Figura 4.21 – Diagrama Vãos da ponte


Fonte: elaborada pelo autor

• Comprimento da ponte: distância medida entre os encontros;

• Vão: distância medida entre os eixos dos aparelhos de apoio,


pode variar ao longo do comprimento em pontes com vários
pilares;

• Vão Livre: é a distância entre as faces de dois pilares


consecutivos;

• Altura de construção: é a distância entre o ponto mais baixo


e o mais alto da ponte;

• Altura livre: é a distância entre o ponto mais baixo da supe-


restrutura e o ponto mais alto do obstáculo abaixo dessa.
122 UNIUBE

4.2.3.4.2 Do Tabuleiro

Figura 4.22 – Diagrama Tabuleiro

Fonte: elaborada pelo autor

• Pista de rolamento: largura disponível para o tráfego, pode


ser subdividida em faixas;
• Acostamento: largura adicional da Pista de rolamento. Serve
para casos de emergências;
• Defensa: elemento de proteção do tráfego, evita também a
queda de veículos;
• Passeio: não demonstrado no diagrama, mas é uma área no
tabuleiro destinada à circulação de pedestres;
• Guarda-roda: posicionado nas extremidades do acostamen-
to, serve para evitar que os veículos acessem o passeio;
• Guarda-corpo: posicionado na extremidade do tabuleiro,
visa proteger os pedestres de queda.
UNIUBE 123

Sintetizando...
As pontes e viadutos têm uma ampla gama de geometrias e
sistemas estruturais, cada um desses tem uma performan-
ce mais adequada para determinado tipo de solução, isso torna o
papel do engenheiro muito importante. Um engenheiro experiente
ao estudar um determinado projeto elimina rapidamente várias so-
luções que não seriam econômicas ou viáveis e, desta maneira,
direciona o estudo para poucos modelos de pontes.

Dicas
Para você, querido(a) aluno(a), estudar ou buscar mais
conhecimento, uma apostila muito utilizada na Engenharia
é a dos Professores Mounir Khalil El Debs e Toshiaki Takeya,
“Introdução às Pontes de Concreto”.

São livros de apoio a esta disciplina:

FRITZ, Leonhardt. Construções em Concreto: Princípios Básicos


da Construção de Pontes de Concreto. Tradução de João Luis
Escosteguy Merino. Rio de Janeiro: Interciência Editora, 1979.

MARCHETTI, Osvaldemar. Pontes de Concreto Armado. São


Paulo: Editora Blucher, 2008.
124 UNIUBE

Conclusão
Concluímos assim, caro(a) aluno(a), que as obras de arte se utili-
zam de uma vasta gama do conhecimento em engenharia. Essas
obras fazem parte de nosso cotidiano e necessitam de atenção
especial pelos engenheiros.

As soluções técnicas para obras de arte especiais são das mais


variadas e para tal devem ser consideradas:

As dimensões:

• A distância entre os encontros, isto é o comprimento da ponte;

• A possibilidade da execução de vários pilares, que definirão


os vãos e vãos livres;

• A altura livre que será necessária tanto para haver concordân-


cia do tabuleiro com o restante da via, quanto para possível
circulação abaixo da ponte ou viaduto;

• A altura total da ponte, pois ela definirá os comprimentos dos


pilares, lembrando que pilares muito compridos tendem a se
tornar esbeltos.

Os materiais:

• Os materiais a serem empregados têm definição derivada das


dimensões das pontes, lembrando que mesmo para o concre-
to protendido existe uma limitação para os vãos;

• Outro limitante para escolha do material é a sua disponibili-


dade. Lembremos que as obras de arte são obras de infraes-
trutura, obras de infraestrutura podem estar localizadas em
regiões muito remotas que não terão a facilidade e disponibi-
lidade que grandes centros urbanos oferecem.
UNIUBE 125

Do sistema estrutural:

• O sistema estrutural a ser adotado tem sua primeira premissa


a partir do perfil de fundação que é possível executar na re-
gião de implantação da obra. A possibilidade de vários pilares
ou não, possibilidade de ancoragem nos encontros (Pontes
Pênseis), possibilidade de ancoragem em outra posição
(Pontes Estaiadas) etc.;

• Outro item que define o tipo de sistema estrutural é o tipo de


carregamento que a estrutura irá receber, esse carregamento
está intimamente ligado ao tráfego desta obra de arte;

• Um item que deve ser considerado no sistema estrutural é o


transporte das peças que irão compor esse sistema estrutural.
No caso de obras moldadas em loco, teremos que conseguir
trazer concreto até o local da obra, em obras de pré-moldados
iremos necessitar de transporte de elementos relativamente
pesados até o local em que este será apoiado. Esse item, se
não for estudado pelo engenheiro, pode trazer grandes preju-
ízos, lembremos peças grandes, pesadas e “delicadas”.
Pontes de Concreto e
Capítulo
5
Carregamentos

Lucas Shima Barroco

Introdução
Neste momento, você, querido(a) aluno(a), já é capaz de
identificar os tipos e os modelos de pontes, é importante, agora,
conhecer os métodos executivos principais, bem como entender
quais os carregamentos aos quais as pontes serão submetidas.
Para definição do modelo de execução, é necessário levar em
conta fatores como tamanhos dos vãos, modelo estrutural,
geometria da ponte, material empregado e formação geológica no
local. Esses fatores orientarão o engenheiro no sentido de definir
qual o tipo de cuidado necessário para montagem e lançamento
da ponte em seu local. É importante lembrar que pontes e
viadutos são obras que buscam superar um obstáculo; quase
sempre, esse obstáculo estará presente desde o primeiro dia de
obras, com raras exceções, será possível realizar cimbramentos
ou escoramento em toda a extensão.
Para a definição de carregamentos, são apresentados dois
novos conceitos: o de coeficiente de impacto, que traz para o
modelo de cálculo a natureza dinâmica em que os carregamentos
acontecem nas obras de arte; e o conceito de trem-tipo, que
fornece ao engenheiro a consideração da posição das cargas,
isto é, os automóveis e os caminhões podem estar em posições
128 UNIUBE

variadas do tabuleiro, cabe ao engenheiro ter a sensibilidade de


realizar o cálculo sempre nas posições mais desfavoráveis para
cada tipo de verificação.
O modelo de cálculo para obras de arte requer uma análise de
iteração entre seus elementos, a análise deles como estruturas
isostáticas não é muito precisa ao se comparar com o que
efetivamente ocorre com as peças. Para cálculo, os engenheiros
utilizaram, primeiramente, modelos de cálculo simplificados
e, posteriormente, com a evolução da computação, modelos
computacionais para definição mais precisa da distribuição de
carregamentos e de solicitações nos elementos que compõem
as obras de arte. Para desenvolver nosso curso, estudaremos
um método de cálculo simplificado, a fim de podermos detalhar e
dimensionar as longarinas (elementos de viga ao longo do vão)
e as transversinas (elementos de viga perpendiculares ao eixo
da obra de arte) de uma ponte de concreto em vigas.

Figura 5.1 – Ponte “JK”

Fonte: PIOTR KOCZAB, Freeimages.


UNIUBE 129

Objetivos
• Entender e definir os tipos de métodos executivos
adotados para obras de arte, pontes e viadutos.
• Definir qual o tipo mais adequado de execução para
cada situação encontrada em campo e o material
adotado.
• Definir os carregamentos adequados para as obras de
arte de acordo com a NBR 7188:2013.
• Conhecer os trens-tipo adotados em obras no Brasil.

Esquema
• Métodos Executivos
Superestrutura
Ponte empurrada
Aduelas Sucessivas
Montagem com treliça Metálica
Montagem com Guindastes
Moldagem In loco
Mesoestrutura
Pilares
Moldagem no Local
Fôrmas Trepantes
Fôrmas Deslizantes
Aparelhos de Apoio
Encontros
Infraestrutura
130 UNIUBE

• Carregamentos
Ponte Classe 45
Ponte Classe 24
Cargas nos Passeios e Passarelas
Forças Horizontais
Frenagem e aceleração
Força Centrífuga
Ações Excepcionais
Ações da Colisão de pilares
Meio-fio
Guarda-corpo
Carga Horizontal Excepcional

5.1 Métodos Executivos

O método executivo para obras de arte tem ligação direta com o


modelo de ponte que será realizado, ponte em viga, pênsil, em
arco, pórtico ou estaiada; esses modelos definem quais as possi-
bilidades de execução. Também é crucial para o modelo executivo
o tipo de superestrutura que será adotado, fica evidente a diferen-
ça da execução ao se comparar uma superestrutura com tabuleiro
executado sobre vigas com uma superestrutura executada em se-
ção celular, sendo que as pontes com tabuleiros sobre vigas con-
sistem na montagem de peças que atravessam todo o vão entre
aparelhos de apoio, enquanto a ponte executada por meio de ele-
mentos celulares pode ser realizada por meio de peças menores
no método de aduelas sucessivas.
UNIUBE 131

Reflita
Antes de estudarmos os modelos de execução, cabe ao
engenheiro considerar: pontes e viadutos são obras que
necessitam vencer vãos, que, em sua essência, têm um obstáculo
abaixo das mesmas que, de alguma maneira, precisa ser supera-
do. Apenas a infraestrutura e a mesoestrutura (elementos de fun-
dação e encontros) têm contato com o solo. Como proceder para
lançar peças longas e pesadas como as vigas e o tabuleiro que
compõem a superestrutura?

5.1.1 Superestrutura

5.1.1.1 Ponte Empurrada

A construção por ponte empurrada é utilizada para vãos de médio e


curto comprimento; tem-se como fator predominante o fato de essa
ponte se apresentar em balanço enquanto é lançada. Após a exe-
cução da infra e da mesoestrutura, a ponte é lançada a partir de um
dos encontros onde uma seção de comprimento igual ou superior
ao vão daquele trecho é montada; após ser montada no canteiro,
a mesma é lançada a partir do encontro com macacos hidráulicos
que, literalmente, empurram a seção pronta em direção ao primeiro
aparelho de apoio. Esse aparelho de apoio é montado com material
deslizante; este é necessário para o próximo lançamento, em que,
a partir do mesmo encontro, será montada outra seção da ponte,
que estará conectada com a primeira, assim, essa segunda seção
empurrará a primeira em direção ao próximo aparelho de apoio.
Esse processo se dá até a montagem completa da ponte; é possí-
vel fazer o lançamento de ambos os encontros, concluindo, dessa
forma, quando ambos se encontram.
132 UNIUBE

Figura 5.2 – Esquema Ponte Empurrada

Fonte: Elaborada pelo autor.

5.1.1.2 Ponte executada por Aduelas Sucessivas

A execução de pontes por aduelas sucessivas tem como grande


vantagem a utilização de peças relativamente pequenas. A exe-
cução desse modelo se dá sempre a partir dos pilares; estes são
executados e, a partir deles, são montadas as aduelas, que são
peças da seção transversal. A execução é feita por meio dos pila-
res, sempre acrescentando uma aduela de cada lado deles, o que
dá equilíbrio às forças laterais que solicitam os pilares. Nesse pro-
cesso, é bastante comum a utilização de protensão; essa proten-
são é utilizada para solidarizar o conjunto de aduelas. O controle
da protensão é bastante complexo, visto que deve considerar que,
conforme for inserindo elementos, os esforços são crescentes e,
quanto maior a quantidade de elementos, menor a rigidez e maio-
res os deslocamentos das peças.
UNIUBE 133

Nas imagens a seguir, podemos observar a montagem a partir dos


pilares e o resultado de outra ponte em aduelas. É interessante ob-
servar que é possível realizar peças com seção transversal variável.

Figura 5.3 – Execução em Aduelas Sucessivas

Fonte: SARANGIB, Pixabay.

Figura 5.4 – Ponte de Concreto em Aduelas Sucessivas

Fonte: PEXELS, Pixabay.


134 UNIUBE

5.1.1.3 Montagem com treliça metálica

A montagem com treliça se dá, caro(a) aluno(a), com a utilização


de uma treliça metálica, que dará suporte para o lançamento das
peças da superestrutura sobre os aparelhos de apoio; a vantagem
é que a treliça metálica tem peso próprio baixo para grande capa-
cidade de cargas. Esse processo submete as peças a valores de
carga baixos para montagem, inferiores aos do carregamento no
local de funcionamento. Após o lançamento das peças da supe-
restrutura, a treliça é deslocada para o próximo vão, servindo de
suporte para a próxima seção.

Figura 5.5 – Esquema Execução com Treliça Metálica

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 135

5.1.1.4 Montagem via Guindastes ou Equipamento de Içamento

Para análise desse tipo de solução, o engenheiro deve ter em men-


te que o guindaste ou o aparelho de içamento necessitará de um
terreno com boa capacidade de suporte e área para patolagem do
equipamento; quanto maior a distância da colocação da peça do
local de “patolagem” do guindaste, menor será a capacidade de
carga dele. Um item muito comum para a montagem de grandes
equipamentos mecânicos é o “Plano de Rigging”, que é um plane-
jamento detalhado do içamento das peças, leva em consideração
o tamanho das peças, os pontos de “pega”, o tamanho dos braços
para içamento e todo o deslocamento realizado pelos guindastes e
pelas peças.

Para planejar o içamento das peças, é preciso sempre considerar


a dificuldade de elevar grandes peças com dimensão prismática,
no içamento elementos que têm em sua concepção de projeto o
caráter estático serão submetidos ao deslocamento. No içamento,
podem ocorrer solicitações não usais para o dimensionamento das
peças, como tração por toda a extensão, içamento pela ponta, mo-
mento negativo no centro do vão etc.

A montagem por içamentos é utilizada para montagem de pré-mol-


dados, sejam protendidos ou não.
136 UNIUBE

Figura 5.6 – Execução com içamento, montagem de pré-moldados


Fonte: ANRY ERMOLAEV, Freeimages.

5.1.1.5 Moldagem In loco

Quando conveniente, é executada a montagem com escoramento


das peças para armação e concretagem no local. Esse método é
utilizado para obras de porte menor, quando a altura é baixa, o
obstáculo a ser vencido tem capacidade de suporte e é possível a
realização dos cimbramentos dos elementos que compõem a su-
perestrutura. Essa metodologia de execução se assemelha à exe-
cução das obras prediais (fôrmas, armação e concretagem).
UNIUBE 137

Na foto a seguir, a região sobre o maciço de terra é executada com


escoramento, enquanto, à frente, é possível ver a montagem de
gruas para içamento de cargas.

Figura 5.7 – Execução com Escoramentos

Fonte: CONSTRUÇÃO..., 2016, on-line.

5.1.2 Mesoestrutura

A mesoestrutura é a ligação entre a superestrutura e a infraestru-


tura; são as peças intermediárias na execução das obras de arte.
Sendo assim, o sistema construtivo, o tipo e os modelos de exe-
cução dessas peças estão sob controle do engenheiro, que deve
estar planejando a obra como um todo para melhor performance e
custo reduzido. A execução da mesoestrutura consiste na execu-
ção dos Pilares, dos encontros e dos aparelhos do apoio.
138 UNIUBE

5.1.2.1 Pilares

5.1.2.1.1 Moldagem no Local

O sistema mais tradicional consiste na montagem de cimbramen-


tos nas laterais dos pilares. Essa estrutura é elevada junto aos pila-
res e só é desmobilizada após a conclusão do pilar.

O pilar é executado de forma discretizada, isto é, por elementos


que formam juntas e segmentação da peça. A grande desvanta-
gem é a quantidade de cimbramentos/escoramentos utilizada até a
conclusão do pilar.

Figura 5.8 – Esquema Execução Moldagem Simples

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 139

5.1.2.1.2 Fôrmas Trepantes

As fôrmas trepantes são utilizadas na execução de elementos de


grande altura; elas possibilitam acesso para montagem e concre-
tagem dos elementos por meio de fixadores que são posicionados
à medida que o elemento tem avanço em altura. Assim, o próprio
pilar em execução serve como suporte para fôrmas, andaimes de
acesso e escadas necessários para sua execução. Devemos levar
em conta que não são raras as pontes que têm pilares de altura
superiores a 20 metros e não seria muito prática a execução de
andaimes e de escoramentos a partir do chão.

Figura 5.9 – Esquema Execução Fôrmas Trepantes

Fonte: Elaborada pelo autor.


140 UNIUBE

Saiba mais
A seguir, um link de animação 3D demonstrando a execu-
ção de pilares com fôrmas trepantes: <https://www.youtube.com/
watch?v=ZdxEyKUyc64>. Agora, um link de animação 3D demons-
trando a execução de pilares com fôrmas deslizantes: <https://
www.youtube.com/watch?v=VYACtRC2tg0>.

5.1.2.1.3 Fôrmas Deslizantes

Tecnologia recente de execução, esse modelo leva em conta o


tempo de cura do concreto. A execução de elementos de grande
altura com fôrmas deslizantes ocorre com a execução de concreta-
gem contínua, essa concretagem realiza acréscimo constante em
altura da peça. Conforme a fôrma desliza e o concreto é lançado, a
velocidade de concretagem e a velocidade em que a fôrma desliza
são compatibilizadas de maneira que o lançamento do concreto e o
deslizamento completo da fôrma naquela seção (desforma) sejam
separados por um intervalo suficiente para uma cura do concreto
(5 a 7 dias). Para realizar o “deslize” das fôrmas, dentro das peças,
são inseridos os barrões (barra metálica tubular de aço), que ser-
vem de suporte às fôrmas, às plataformas de acesso e também por
onde o macaco hidráulico que eleva todo o conjunto.

O processo de execução com fôrmas deslizantes, no geral, tem


como premissa que a peça será monolítica, isto é, sem juntas. Para
garantir essa premissa, é necessário que, em campo, a concreta-
gem, uma vez iniciada, não pode sofrer interrupções com tempo
maior que o intervalo de cura do concreto. Assim, o processo, uma
vez iniciado, não pode mais parar, tendo que ser realizado o traba-
lho em turnos e em dias corridos.
UNIUBE 141

Figura 5.10 – Esquema Execução Fôrmas Deslizantes

Fonte: Elaborada pelo autor.

5.1.2.2 Aparelhos de Apoio

Aparelhos de apoio são encomendados ao fabricante especifican-


do os tamanhos e os tipos de deslocamentos que serão restritos
e os liberados. Em geral, a solicitação é que eles possam permitir
uma livre dilatação da mesoestrutura em relação à superestrutura.
Observe, nas imagens a seguir, que o aparelho de apoio não res-
tringe o movimento no plano da cabeça do pilar, e sim o movimento
vertical para baixo.
142 UNIUBE

Figura 5.11 – Aparelho de apoio

Fonte: UNSPLASH, Pixabay.

Figura 5.12 – Aparelhos de apoio

Fonte: PHILLIP COLLIER, Freeimages.


UNIUBE 143

5.1.2.3 Encontros

Os encontros são os elementos estruturais que têm como funções


principais: primeiramente, o recebimento de parte dos carregamen-
tos da superestrutura e, em segundo lugar, a contenção do maciço
de terra da borda da obra de arte, esta última função é a de muro
de arrimo, esse esforço deve ser determinado como aprendido na
disciplina de Mecânica dos Solos, enquanto a solicitação provinda
da superestrutura virá dos cálculos de acordo com NBR 7189, NBR
7188 e NBR 6118.

Na imagem a seguir, observa-se que o elemento de arrimo de terra


da ponte é executado em terra armada.

Figura 5.13 – Encontro

Fonte: GIDEON GELDENHUYS, Freeimages.


144 UNIUBE

5.1.3 Infraestrutura

A infraestrutura é a ligação entre o solo e a mesoestrutura; diz res-


peito às primeiras peças das obras de arte, tem importância fun-
damental, pois define quais tipos de reação serão disponibilizados
para a execução da mesoestrutura e da superestrutura.

Diferente da mesoestrutura e da superestrutura, a escolha do tipo


de infraestrutura tem mais do tipo de formação geológica no local,
por exemplo, se houver maciços rochosos em baixa profundidade
será possível lançar cargas não só verticais como horizontais nas
fundações; por outro lado, caso a capacidade de suporte esteja
a grandes profundidades, haverá bastante dificuldades em lançar
esforços diferentes da compressão na fundação.

Importante!
Na consideração da tecnologia a ser empregada na execu-
ção de fundações, o engenheiro deve ter em mente que,
provavelmente, será em localização de difícil acesso, o lençol fre-
ático pode ser aflorante, é possível que seja necessário executar
fundações sobre cursos de água, o que leva à necessidade de tra-
balhar com máquinas em barcaças ou ensecadeiras.

A execução da infraestrutura pode ser direta ou indireta, deven-


do sempre levar em consideração o valor do custo final da obra
de arte. No custo, quanto maior o valor gasto em fundações, com
maior número de blocos, maior será a economia na superestrutura,
que resultará em vãos menores, ao passo que a menor quantidade
de fundações, blocos e estacas resulta em maior custo da superes-
trutura, pois essa acabará com vãos maiores.
UNIUBE 145

5.2 Carregamentos

Os carregamentos das obras de arte têm uma peculiaridade que


é a variabilidade na posição dos carregamentos. Diferentemente
de uma laje predial, onde é realizado um carregamento distribu-
ído, as cargas que são consideradas em obras de ponte levam
em consideração a aplicação de forças se deslocando sobre os
elementos. Dessa maneira, além do peso próprio e de carregamen-
tos permanentes, é necessária a análise considerando cargas que
“passeiam” sobre o tabuleiro da obra de arte. Esse carregamento
que “passeia” sobre o tabuleiro recebe o nome de trem-tipo TB.
Como será visto a seguir, o trem-tipo é um carregamento definido
de acordo com a categoria da ponte; as solicitações que resultam
desse trem-tipo posicionado nas variadas posições do tabuleiro re-
cebem o nome de envoltória, podendo essa ser de momentos,
força cortante ou força normal.

Na determinação das solicitações das peças, é neces-


sária a definição das linhas de influência do conjunto
tabuleiro+longarinas+transversinas.

Relembrando
Linha de influência é a definição gráfica ou analítica da so-
licitação que uma força realiza sobre uma peça de acordo com seu
posicionamento. O produto do valor da linha de influência pela força
com que será carregada a estrutura é igual a resultante de esforços
para a estrutura. Esse processo visa simplificar o cálculo, uma vez
que as possibilidades de carregamentos são variadas; ao invés de
resolver a estrutura para cada um dos carregamentos possíveis, o
que se faz é a definição da linha de influência (que considera a ge-
ometria e as inércias das peças) e, assim, realizar o produto linha
de influência pelos vários tipos de carregamentos.
146 UNIUBE

Para realização dos carregamentos, é necessário considerar como


as obras de arte são ocupadas pelo tráfico e pelos equipamentos.
Segue o esquema de setorização do tabuleiro de uma ponte:

Figura 5.14 – Regiões do Tabuleiro

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observe que o tabuleiro pode ser dividido em 3 áreas conforme fi-


gura 5.14, sendo: A a região de passagem de pedestre e bicicletas,
B a região de acostamento (seria possível uma menor considera-
ção de cargas dinâmicas caso a norma assim o permitisse), C a
região de rolamento dos veículos.
UNIUBE 147

Figura 5.15 – Esquema Aplicação de Trem-tipo

Fonte: Elaborada pelo autor.

Na região B, será carregada a carga chamada de multidão, essa


carga é uma carga distribuída “q”, que será aplicada em toda a
extensão do tabuleiro que tem acesso de veículos à exceção da
região que delimita o trem-tipo, essa região não receberá o carre-
gamento; na região das supostas rodas, será aplicada uma força
concentrada referente ao tipo de trem-tipo.

Na figura a seguir, observe os cortes 1, 2 e 3, veja que a região


onde está representado o veículo não existe a carga de multidão
“q”, e sim as cargas concentradas “P”, a carga concentrada é apli-
cada no centro da “roda” do trem-tipo, dessa maneira, no corte “2”,
vemos duas cargas “P”, enquanto, no eixo “3”, observam-se três
cargas “P”.
148 UNIUBE

Figura 5.16 – Esquema Seções de Trem-tipo

Fonte: Elaborada pelo autor.

Parada obrigatória
Observe que os carregamentos foram apenas listados
como incógnitas, a seguir, definiremos os valores que cada uma
das incógnitas pode assumir de acordo com o trem-tipo adotado.

TB Trem-Tipo Brasileiro
Classe da Ponte 45 24
Item
Unidade TB 45 TB 24
Cargas no Passeio “q’ ” kN / m² 3 3

Carga de Multidão "q" kN / m² 5 4

Quantidade de Eixos Eixo 3 3


UNIUBE 149

Peso Total do Veículo kN 450 240

Peso de Cada Roda Dianteira "P" kN 75 40

Peso de Cada Roda


kN 75 40
Intermediária "P"

Peso de Cada Roda Traseira "P" kN 75 40

Largura de contato - roda dianteira m 0,5 0,4

Largura de contato -
m 0,5 0,4
roda intermediária

Largura de contato - roda traseira m 0,5 0,4

Comprimento de Contato da Roda m 0,2 0,2

Distância entre Eixos m 1,5 1,5

Distância entre centros das


m 2 2
rodas de cada eixo

Tabela 5.1 - TB Trem-Tipo Brasileiro


Fonte: Adaptada de ABNT, NBR 7188 (2013).

Veja que os valores para “P” na figura anterior só podem assumir


75kN ou 40kN, pois o trem-tipo listado é com 3 eixos. Observe tam-
bém que os valores para a carga de multidão “q” assumem 5,0 kN/
m². O carro, que é o que define a posição das cargas “P”, pode ser
posicionado em qualquer região do tabuleiro, a fim de resultar nas
maiores solicitações possíveis.
150 UNIUBE

Ampliando o Conhecimento
É interessante que o(a) aluno(a) busque ampliar seu co-
nhecimento vendo os trens-tipo adotados para pontes ferroviárias;
observe o estudo a partir da página 66: <https://pt.slideshare.net/
amandinhafaluba/apostila-de-pontes>.

Lei da Balança é como são conhecidas as Resoluções n.º 12/98,


184/05 e 62/98 do CONTRAN, que limitam os carregamentos per-
mitidos por tipo de eixo para as rodovias. Veja mais em:

<http://www.guiadotrc.com.br/lei/qresumof.asp>.

<http://www1.dnit.gov.br/Pesagem/qfv%20pdf.pdf>.

Esteja atento para esses materiais, pois a norma NBR 7188 foi
revisada em 2013 e alguns desses itens não estão atualizados de
acordo com ela, como está este material.

5.2.1 Ponte Classe 45

A partir da revisão de 2013 da NBR 7188, a classe padrão para


pontes rodoviárias é a 45, utilizando-se do TB45.

5.2.2 Ponte Classe 24

Para estradas vicinais municipais e particulares a critério da auto-


ridade competente.

Esteja atento para os valores dos carregamentos do trem-tipo, que


serão utilizados em momento oportuno.
UNIUBE 151

5.2.3 Cargas nos Passeios e nas Passarelas

A NBR 7188:2013 define o cálculo para passeios com valor igual


a 5,0 kN/m², para cálculo de resistência de passarelas, e a 3,0 kN/
m², para efeitos de combinação com o trem-tipo. O carregamento
em passeios e passarelas pode ser verificado sem os valores de
coeficiente de impacto, devido à baixa velocidade e à grandeza
desse carregamento.

5.2.1 Cargas Horizontais

5.2.1.1 Frenagem e Aceleração

As forças horizontais devido à frenagem e/ou ace-


leração aplicadas no nível do pavimento são um
percentual da carga característica dos veículos
aplicados sobre o tabuleiro, na posição mais des-
favorável, concomitantemente com a respectiva
carga (ABNT, NBR 7188, 2013).

Hf=0,25 ∙B ∙L ∙CNF

Em que: Hf≥135 kN;

B: é a largura efetiva, expressa em metros [m], da carga distribuída


“q”;

L: é comprimento concomitante, expresso em metros [m], da carga


distribuída “q”;

CNF: é o coeficiente do número de faixas, calculado por:

CNF=1-0,05 ∙(n-2) >0,9


152 UNIUBE

n: é o número (inteiro) de faixas de tráfego rodoviário a serem carre-


gadas sobre um tabuleiro transversalmente contínuo. Acostamentos
e faixas de segurança não são faixas de tráfego da rodovia.

Sintetizando...
Pode-se sintetizar esse índice de acordo com o número de
faixas, assim para:

CNF = 0,9: 4 ou mais faixas.

CNF = 0,95: 3 faixas.

CNF = 1,0 - 2 faixas ou menos.

5.2.1.2 Força Centrífuga

As forças horizontais provenientes da força cen-


trífuga nas obras em curva horizontal, aplicadas
no nível da pista de rolamento, são um percentual
de carga do veículo tipo aplicado sobre o tabulei-
ro, na posição mais desfavorável, concomitante
com a respectiva carga (ABNT, NBR 7188, 2013).

Hfc=2,4 ∙P em kN, para curva com R < 200m;

Hfc=480/R ∙P em kN, para curva com raio 200 < R < 1500m;

Hfc=0 para raios superiores a 1500m;

Sendo que:
R é o raio da curva horizontal no eixo da obra, expresso em metros
[m].
UNIUBE 153

5.2.1.3 Ações Excepcionais

As ações excepcionais (colisões) sobre o tabuleiro devem ser ve-


rificadas no estado-limite último e de estabilidade global deve ser
verificado com o trem-tipo definido para a ponte.

5.2.1.4 Ações de colisão em Pilares

Pilares próximos às vias de rodagem devem ser protegidos com


dispositivos de contenção que resistam a 100 kN aplicados na di-
reção do tráfego, atuando, concomitantemente, com 100 kN aplica-
dos perpendicularmente em direção do tráfego. Os pilares devem
ser verificados com carga horizontal de 1000 kN na direção do trá-
fego e de 500 kN perpendicular a esse; com essas forças não con-
comitantes entre si, aplicadas a 1,25m do nível de rodagem, a força
de colisão pode ser reduzida linearmente, sendo nula a 10,0m de
distância do pilar.

5.2.1.5 Meio-fio

O meio-fio deve ser dimensionado para uma carga horizontal per-


pendicular à direção do tráfego de 100 kN.

5.2.1.6 Guarda-corpo

O elemento deve ser dimensionado para uma carga distribuída de


2,0 kN/m ao longo da peça.
154 UNIUBE

5.2.1.7 Carga Horizontal Excepcional

Como medida mitigadora de eventuais impactos em passarelas,


deve ser aplicada uma força de 100 kN na direção do tráfego no
local mais crítico da seção transversal.

Dicas
A seguir, há a indicação de um material da PUC-Rio que
demonstra a determinação da linha de influência e das envoltórias.
Será necessário entendimento desse conteúdo para avançar no
detalhamento e no projeto de Pontes. Disponível em: <https://www.
maxwell.vrac.puc-rio.br/7603/7603_3.PDF>.

Conclusão

A partir do estudo dos modelos e das técnicas de execução, é im-


portante pontuar, caro(a) aluno(a), que a definição do tipo, do mo-
delo e do tamanho das pontes não pode ser feita de maneira isola-
da do local de execução, do tipo de tráfego, dos tipos de materiais
disponíveis, do tipo de fundação aplicável para o terreno e nem da
altura dos obstáculos que serão superados. É importante para a
análise de tráfego entender que, ao se realizar uma obra de arte
estreita em uma rodovia que está prestes a ser duplicada, é preci-
so criar um ponto de constrição da via; o acréscimo de 2 faixas em
uma ponte já com 4 faixas é muito menor do que a execução de
outra ponte com duas faixas.

Cada elemento das obras de arte é complementar um ao outro,


e não isolados em si. Foi explanado durante o capítulo que um
UNIUBE 155

número maior de blocos de fundação resultaria em um custo menor


de superestrutura, pois acarreta menores vãos. Os pilares fazem
parte do conceito da obra de arte, uma vez que eles são respon-
sáveis pela transição entre obras de fundação e superestrutura;
eles são definidos pelo tipo de sistema estrutural na relação entre
carregamentos do tabuleiro e disponibilidade da fundação da obra.

Para definição dos carregamentos, foi apresentado o conceito de


trem-tipo e as cargas que são analisadas de acordo com a NBR
7188:2013. Observa-se que existe uma grande possibilidade de
carregamentos para a estrutura e o trem-tipo ainda terem a nature-
za dinâmica.

O(A) aluno(a) deve considerar os esforços dinâmicos como esfor-


ços aplicados de maneira estática em vários locais do tabuleiro,
assim, ao invés de se ter um problema complexo de cálculo integral
e com equações diferenciais, o que se tem é uma combinação de
vários casos de uma estrutura carregada com esforços em diver-
sos lugares; as resultantes combinadas na estrutura formarão a
envoltória de solicitações, lembremos que a natureza dinâmica da
carga e seus impactos serão ponderados no modelo de cálculo
com a utilização do coeficiente de impacto.

Observe que, para obter maiores valores de flexão, o correto é co-


locar os maiores carregamentos nos centros dos vãos, enquanto,
para obter maiores valores de cortante, os maiores esforços devem
estar próximos aos pontos de apoio. O engenheiro experiente se
aproveita das simetrias da estrutura para reduzir seus esforços de
cálculo e modelagem das peças. Na resultante dos esforços das
envoltórias, será dimensionada cada peça de acordo com o maior
e o menor momento de uma determinada seção, bem como com
maior e menor cortante e força normal. A envoltória é a escrita de
156 UNIUBE

todos os esforços possíveis de determinada seção, dessa maneira,


ao dimensionar e realizar a armação para esses valores, garante-
se que o elemento resista a todas as combinações de esforços
consideradas na construção da envoltória.
Pontes de concreto
Capítulo
6
envoltórias e linha de
influência

Lucas Shima Barroco

Introdução
Após a determinação dos carregamentos aos quais as obras de
arte são dimensionadas, é o momento de realizar o carregamento
dessas estruturas. Para isso, é necessário que você, prezado(a)
aluno(a), traga à memória conceitos aprendidos na disciplina de
Isostática e Estática das Estruturas, são ferramentas úteis para
realizar simplificações nos modelos de cálculo e poder reduzir o
esforço de dimensionamento sem, no entanto, perder a precisão
adequada ao tipo de problema de engenharia que será resolvido.

Na disciplina de Estática, foi desenvolvido o conceito de linhas


de influência, estas são necessárias ao estudo para realizar
os carregamentos da estrutura. Uma rápida leitura da linha de
influência informará o engenheiro como realizar o carregamento
da estrutura da forma mais crítica, sem que seja necessário realizar
cálculos extensos de todas as possibilidades de carregamentos.

Para determinação dos valores aplicados na estrutura, será


utilizado o coeficiente de impacto determinado pela NBR
7188:2013. Esse coeficiente é utilizado a fim de estimar o efeito
da dinâmica do carregamento que é aplicado na estrutura;
diferentemente de obras prediais ou até industriais em que os
grandes carregamentos são inseridos com baixa velocidade e
com poucas repetições, nas pontes, o que ocorre é o inverso,
158 UNIUBE

observe que uma ponte passa de carregamento nulo para


totalmente carregada em cada seção em questão de segundos.
Para considerar um fator dinâmico em cálculos estáticos, a
norma realiza uma majoração dos valores de carregamentos;
neste momento, o(a) aluno(a) já está acostumado(a) com
fatores de majoração, como o de variabilidade das cargas e o
de variabilidade de resistência.

A partir dos carregamentos possíveis na estrutura, será definida


a envoltória de esforços. Esse diagrama é o que será utilizado
pelo engenheiro para dimensionamento das peças e realização
das armaduras. Envoltória considera as combinações de
esforços, assim para uma determinada seção, a envoltória
demonstra quais serão as maiores e as menores solicitações
sobre ela; o engenheiro, então, dimensiona armadura e seções
para resistir a esses esforços. Nesse momento, deve-se
gastar bastante esforço para obter realmente as combinações
previstas em norma e que irão ocorrer ao longo da vida útil da
estrutura; como se tratam de obras de arte, é possível que o
maior carregamento seja durante a fase de execução das obras,
como a passagem de um tabuleiro sobre outro já lançado como
é o caso da ponte empurrada.

Objetivos
• Realizar a definição das linhas de influência.
• Definir os elementos que formam a superestrutura no
modelo estrutural.
• Realizar o cálculo da envoltória de esforços de acordo
com o trem-tipo e os carregamentos, segundo a NBR
7188:2013.
• Conhecer os trens-tipo adotados em obras no Brasil.
• Definir o trem-tipo equivalente para solicitação do
tabuleiro sobre as longarinas.
UNIUBE 159

Esquema
• Coeficiente de Impacto
• Modelo de Cálculo Estrutural
• Ponte em laje apoiada sobre pilares
• Ponte sobre arco
• Ponte Estaiada
• Ponte de Arco com Treliças
• Ponte Pênsil
• Ponte Sobre Vigas
• Linhas de Influência
• Definição das Linhas de influência
• Simplificação Estrutural
• Desenvolvimento da Linha de Influência
• Carregamento da Linha de Influência
• Trem-tipo Equivalente sobre as longarinas
• Cálculo do Tabuleiro
• Cálculo da Longarina

6.1 Pontes de concreto envoltórias e linhas de influência

6.1.1 Coeficiente de Impacto

Para se definir os valores de esforços a serem aplicados na es-


trutura, será necessário calcular o coeficiente de majoração para
cargas dinâmicas, ou seja, o coeficiente de impacto vertical, CIV,
que, segundo postula a NBR 7188:2013, deve ser calculado da
seguinte forma:
160 UNIUBE

CIV = 1,35 para estruturas com vão menor do que 10,0 m;

CIV=1+1,06 ∙(20/(Liv+50)) para estruturas com vão entre 10,0 m e 200 m;

Sendo que:

Liv é o vão em metros para cálculo CIV, conforme o tipo de estrutura:

Liv usado para estruturas de vão isostático, ou o valor da média


aritmética para vãos contínuos.

Liv é o comprimento do próprio balanço para estruturas em balanço.

Exemplo 1: cálculo do Coeficiente de Impacto de acordo com as


dimensões.

Vamos realizar o cálculo do coeficiente de impacto para a ponte


ilustrada a seguir.
UNIUBE 161

Figura 6.1: Ponte para Cálculo do Coeficiente de Impacto

Fonte: Elaborada pelo autor.

Cálculo:

Valores dos vãos > 10m

CIV=1+1,06 ∙(20/(Liv+50))

Cálculo do Liv considera a média dos valores dos vãos, para vãos
contínuos.

Liv= (∑ Li)/n= (16+18+18+18+18+18+18+18+16)/9=17,556 m

CIV=1+1,06∙(20/17,556+50)=1,314
162 UNIUBE

6.1.2 Modelo de Cálculo Estrutural

Os modelos estruturais que nomeiam as pontes definem também o


cálculo e as considerações pelos engenheiros para definirem a dis-
tribuição dos carregamentos e dos esforços ao longo da estrutura.

Figura 6.2 Esquema – Ponte em Laje e Ponte em Arco

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 163

I II

Figura 6.3 Esquema – Ponte Estaiada e Ponte em Arco

Fonte: Elaborada pelo autor.

I II

Figura 6.4 Esquema – Ponte Pênsil e Ponte sobre Vigas

Fonte: Elaborada pelo autor.


164 UNIUBE

Conforme Figura 6.2:

I. Ponte em laje apoiada sobre pilares

Esse modelo distribui os carregamentos do tabuleiro diretamente


sobre os pilares e é caracterizado pela continuidade do tabuleiro.

Conforme Figura 6.2, ilustração I

II. Ponte sobre arco

Esse modelo distribui os esforços, a fim de que não ocorram forças


de flexão. Modelo muito adotado na antiguidade, devido à indispo-
nibilidade de materiais para adequada resistência à flexão.

Conforme Figura 6.2, ilustração II

III. Ponte Estaiada

Esse modelo concentra esforços em um mastro central que deve


estar bem ancorado, existe a possibilidade de o mastro não estar
fixado no centro da ponte, e sim em outro ponto qualquer onde
exista uma boa capacidade de suporte. As linhas azuis represen-
tam cabos que transmitem esforços de tração, apenas.

Conforme Figura 6.3, ilustração I

IV. Ponte de Arco com Treliças

Esse modelo concentra esforços no arco que transmite esforços


para as cabeceiras, a transmissão de esforços do tabuleiro para o
arco é realizada por meio de modelo treliçado de barras e/ou tirantes.

Conforme Figura 6.3, ilustração II


UNIUBE 165

V. Ponte Pênsil

Modelo estruturado pela presença de mastros, ancoragem dos


cabos em local diferente dos mastros principais. Elemento que a
diferencia da ponte Estaiada é a presença de um cabo principal
que é apoiado sobre os mastros, podendo se deslocar sobre esse
mastro; o tabuleiro é sustentado por cabos secundários ligados ao
cabo principal.

Conforme Figura 6.4, ilustração I

VI. Ponte sobre Vigas

Modelo muito utilizado, que será alvo de nosso estudo detalhado,


em que a laje é lançada sobre vigas que se apoiam sobre os pila-
res; essas vigas são chamadas longarinas e podem receber refor-
ços nas regiões de apoios e nos centros dos vãos das transversi-
nas que realizam o travamento das vigas, garantindo estabilidade
e maior resistência contra forças torçoras.

Conforme Figura 6.4, ilustração II

6.1.3 Linhas de Influência

Relembrando
As linhas de influência servem para realizar a análise de estruturas
quando essas estão submetidas a cargas dinâmicas. A seguir, há
a indicação de três vídeos muito interessantes, que servirão para
o(a) aluno(a) lembrar os conceitos já aprendidos.

“Você sabe o que é linha de Influência e cargas móveis?” - disponí-


vel em: <https://www.youtube.com/watch?v=2h01ojdZ2dg>.
166 UNIUBE

“#1 Linha de Influência e carga móvel - Exemplo - Esforço cor-


tante (parte 01 de 02)” - disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=c25qWTfPdF8>.

“#2 Linha de Influência e carga móvel - Exemplo - Esforço cor-


tante (parte 02 de 02)” - disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=XTraZN_FxDQ>.

6.1.3.1 Definição das linhas de influência

Para determinação dos esforços em nossas estruturas, devemos en-


tender qual o processo de carregamento delas e como deve ser reali-
zada a análise da dinâmica das cargas.

O primeiro item a ser analisado é a questão da iteração entre as lajes


(tabuleiro) com a mesoestrutura. Pontes com sistema estrutural dife-
rentes têm um caminho das cargas muito diferenciado. Nas pontes de
concreto sobre longarinas (vigas), é necessário realizar a análise da
transferência de esforços do tabuleiro para as longarinas; nas pontes
estaiadas, é necessário observar a transferência de esforços das lajes
para o mastro por meio dos cabos e assim por diante.

No material, trabalharemos com a ponte de concreto sobre vigas, as


chamadas longarinas. A necessidade de realizar este estudo, linhas
de influência, existe, pois, é necessário considerar todas as possibi-
lidades de carregamento da estrutura, ou seja, o trem-tipo definido
pode estar posicionado em qualquer lugar do tabuleiro, o que levaria a
uma grande quantidade de carregamentos e, com isso, a um volume
muito grande de cálculo.

A definição da linha de influência se dá por meio do carregamento


de uma carga unitária na estrutura, essa carga “passeia” ao longo
da estrutura e é observada a solicitação que é gerada na estrutura
UNIUBE 167

para cada posição por onde passa. Essa solicitação em determina-


da seção da estrutura são os valores da linha de influência daquela
seção, veja que, conforme a carga “passa” por diversas posições
da estrutura, a linha de influência é a observação das solicitações
em uma posição única, ou seja, existe uma linha de influência para
cada seção do elemento estrutural.

Um engenheiro experiente sabe que existem posições e seções


com dados mais relevantes que outras, por exemplo, a análise das
forças cortantes nos apoios e do momento fletor no meio dos vãos.

Exemplo 2

Cálculo dos esforços transmitidos das lajes (tabuleiro) às transver-


sinas. Definição da Envoltória de Esforços a partir da carga móvel.

2 faixas 4,5m + 2 acostamentos 3,5m + 2 guarda rodas 0,2m + 2 faixas de passarelas 1,6 + 2 guardas corpos 0,2m

Figura 6.5 Seção transversal Ponte sobre vigas

Fonte: Elaborada pelo autor.

Consideremos a ponte como Classe 45, o trem-tipo adotado é o TB-45.

Veja as características do TB-45:


168 UNIUBE

Tabela 6.1 - TB Trem-tipo Brasileiro

Classe da Ponte 45
Item
Unidade TB 45

Cargas no Passeio “q’ ” kN / m² 3

Carga de Multidão "q" kN / m² 5

Quantidade de Eixos Eixo 3

Peso Total do Veículo kN 450

Peso de Cada Roda Dianteira "P" kN 75

Peso de Cada Roda


kN 75
Intermediária "P"

Peso de Cada Roda Traseira "P" kN 75

Largura de contato - roda dianteira m 0,5

Largura de contato -
m 0,5
roda intermediária

Largura de contato - roda traseira m 0,5

Comprimento de Contato da Roda m 0,2

Distância entre Eixos m 1,5

Distância entre centros


m 2
das rodas de cada eixo

Fonte: Adaptada de ABNT, NBR 7188 (2013).


UNIUBE 169

Reflita
No exemplo, o objetivo é calcular a envoltória de esforços
para determinação dos esforços que serão transmitidos
para as vigas. Dessa maneira, observe que os esforços
que são transmitidos para a viga são cortantes em relação à laje,
enquanto a laje precisa resistir aos esforços de flexão. As posições
em que o TB-45 pode passar são limitadas pelo guarda-rodas.

6.1.3.2 Simplificação Estrutural

A fim de que se possa resolver o problema utilizando técnicas comuns


de dimensionamento, é necessário realizar simplificações na estrutura.

Observe que a peça tem simetria em relação ao eixo vertical. Essa


simetria elimina a necessidade de realizar o dimensionamento para
ambas as vigas, I e II. Realizaremos a separação do tabuleiro das
vigas. Considera-se, assim, as vigas como apoios para o tabuleiro.

Figura 6.6 Esquema Sistema Estrutural

Fonte: Elaborada pelo autor.


170 UNIUBE

Observe que, agora, temos a separação entre vigas e tabuleiro. A


fim de agilizar o processo de cálculos, foi realizada a simulação de
aplicação de uma força unitária com os mesmos vãos do tabuleiro
e das vigas I e II.

Observe o esquema realizado no programa Ftool.

Figura 6.7 Carregamento Linha Neutra

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 171

Caso 1 – Sem carregamento.

Caso 2 – Carregamento na extremidade esquerda x = 0,0 m.

Caso 3 – Carregamento no balanço esquerdo x = 1,0 m.

Caso 4 – Carregamento acima do apoio I, x = 3,0 m.

Caso 5 – Carregamento no centro do vão x = 10,0 m.

Caso 6 – Carregamento acima do apoio II, x = 17,0 m.

Caso 7 – Carregamento na extremidade direita x = 20,0 m.


172 UNIUBE

Figura 6.8 Reações dos Casos

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 173

Tabela 6.2 Reações de Apoio

Reação de
Reação no Apoio I
Apoio [kN]

Caso 1 – Sem carregamento 0,00


Caso 2 – Carregamento na extremidade esquerda x = 0,0 m 1,21
Caso 3 – Carregamento no balanço esquerdo x = 1,0 m 1,14
Caso 4 – Carregamento acima do apoio I, x = 3,0 m 1,00
Caso 5 – Carregamento no centro do vão x = 10,0 m 0,50
Caso 6 – Carregamento acima do apoio II, x = 17,0 m 0,00
Caso 7 – Carregamento na extremidade direita x = 20,0 m -0,21

Fonte: Elaborada pelo autor.

6.1.3.3 Desenvolvimento da Linha de Influência

A linha de influência de força cortante na viga I é definida pelas


reações em cada posição em que é aplicada a força.
174 UNIUBE

Figura 6.9 Definição da Linha de Influência

Fonte: Elaborada pelo autor.

A partir desse gráfico, definimos os carregamentos nos tabuleiros


de acordo com as dimensões do trem-tipo TB-45.

Figura 6.10 Posições possíveis para os Carregamentos

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 175

Importante
O carregamento da linha de influência deve acontecer de acordo com
as dimensões do tabuleiro em compatibilidade com as dimensões do
TB. Observe as limitações do guarda-rodas e onde as reações são
geradas.

As limitações aos avanços laterais do Trem-tipo dependem da altura


do garda rodas, quando há a presença do mesmo.

Neste caso, considere-se que o guarda-rodas tenha altura suficiente


para impedir o avanço da lataria do trem-tipo para a passarela. Deste
modo o eixo das rodas (75kN) fica distante 50m (25m de lataria e +
25m até o CG da roda) do limite do guarda-rodas.

Figura 6.11 Projeção do Trem-tipo sobre o tabuleiro

Fonte: Elaborada pelo autor.


176 UNIUBE

6.1.3.4 Carregando a Linha de Influência

Figura 6.12 - Carregamento das Linhas de Influência

Fonte: Elaborada pelo autor.

Para cálculo dos esforços de acordo com linha de influência, é ne-


cessário realizar o produto dos valores da linha de influência pelos
valores das cargas em cada ponto de acordo com a posição. Nas
regiões de carregamento distribuído, realiza-se o carregamento por
meio da área da linha de influência pelo valor da carga distribuída.

Tabela 6.3 – Cálculo de Reações de Cortante/Apoio na Longarina

Reação no Apoio I xi xf L.I. Carga Resultado Unidade

Distribuída q'
0,20 1,80 1,82 3,00 5,47 kN.m
= 3,0 kN/m2
UNIUBE 177

Força Concentrada
2,50 2,50 1,03 75,00 77,25 kN
75 kN
Força Concentrada
4,50 4,50 0,89 75,00 66,75 kN
75 kN
Carregamento
de Multidão q
2,0 17 8,00 5,00 40,00 kN/m
= 5,0 kN.m na
região do Carro
Carregamento
de Multidão q 5,0 17,00 5,13 5,00 25,65 kN.m
= 5,0 kN/m2

Fonte: Elaborada pelo autor.

Obtenção do Valor da L.I. por semelhança de triângulos, em va-


lor unitário para carregamentos concentrados e área para cargas
distribuídas

A tabela define como será definido o trem-tipo sobre as longarinas,


isto é, a conversão da passagem do trem tipo sobre o tabuleiro
resultaria na passagem do trem-tipo definido a partir da tabela 6.2.
A força concentrada será combinada, as cargas distribuídas terão
o valor definido pelo resultado. É importante lembrar que, sobre as
cargas das passarelas, não é considerado o efeito dinâmico.
178 UNIUBE

6.1.3.5 Trem-tipo Equivalente sobre as longarinas

Força Concentrada:

Fc=77,25 + 66,75 = 144kN

Carregamento distribuido fora do trem-tipo:


Q= 5,47kN/m + 40,0 kN/m = 45,47kN/m

Tabela 6.4 Trem-tipo Equivalente

Reação na Transversina I Resultado Unidade

Forças Concentradas 144 kN 144 kN


Carregamento de Multidão q = 5,0 kN/m
45,47 kN/m
na região do Carro + q = 3,0kN/m
Carregamento de Multidão q = 5,0 kN/m2 +
31,12 kN/m
q = 3,0kN/m2
Fonte: Elaborada pelo autor.

Carregamento distribuido dentro do trem-tipo:


Q= 5,47kN/m + 25,65 kN/m = 31,12kN/m

Figura 6.13 Esquema Gráfico Trem-tipo Equivalente para a Transversina

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 179

O trem-tipo equivalente é adotado para definição dos esforços


na longarina.

F = 3x 144kN

q = 45,47kN/m q = 45,47kN/m

q = 31,12kN/m

Figura 6.14 Modelo do Trem-tipo Equivalente

Fonte: Elaborada pelo autor.

A partir do mesmo princípio das seções e dos esforços definidos, o


trem-tipo definido pela figura a seguir é o trem-tipo que, passando
pela longarina, simulará os maiores carregamentos que essa re-
ceberá do tabuleiro devido às cargas dinâmicas (não esquecer do
coeficiente de impacto).

Esse trem-tipo é suficiente para dimensionamento da longarina,


mas, para definição dos esforços sobre o tabuleiro, ainda não defi-
nimos qual o maior momento, quais os maiores esforços e os maio-
res carregamentos; para isso, é necessária a definição da linha de
influência em diversos pontos da seção.
180 UNIUBE

Dicas
Ao realizar os carregamentos na estrutura, deve-se ter em mente
se essa estrutura possui um eixo de simetria; se sim, então, só é
necessário definir as linhas de influência até a metade da estrutura,
porém é preciso realizar as simulações de carregamentos ao longo
de todo o tabuleiro, pois existem regiões de carregamento que ate-
nuam os esforços e regiões que o deixam mais crítico.

6.1.4 Cálculo do Tabuleiro

A fim de ganharmos celeridade e não perdermos o andamento


do processo de dimensionamento, vamos utilizar o software Ftool
para obtenção da Envoltória de Esforços no tabuleiro, apresenta-
do anteriormente.

Figura 6.15 Carregamento Trem-tipo TB45

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 181

Parada obrigatória
Ao simular o carregamento de trem-tipo, leve em conta
que está sendo realizada uma análise da maior criticidade
dos esforços para a estrutura, como temos uma estrutura
contínua, deve-se observar que uma mesma seção suportará uma
amplitude de esforços, ou seja, um intervalo, possivelmente com
inversão de sinal, o que, para dimensionamento de armadura de
flexão, modifica totalmente a armação daquela seção/região. Nota-
se, também, que os esforços das estruturas permanentes, guarda-
-rodas, capa asfáltica e defensas não entram na análise de envoltó-
rias do trem-tipo, pois são esforços permanentes em que não atua
o coeficiente de impacto.

Ao se deslocar sobre o tabuleiro, o trem-tipo cria sobre a estrutura


as seguintes envoltórias de esforços:

Figura 6.16 Esforços de Força Cortante [kN] Tabuleiro

Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 6.17 Esforços de Momento [kN.m] Tabuleiro

Fonte: Elaborada pelo autor.


182 UNIUBE

Os valores listados nas envoltórias do tabuleiro foram calculados


considerando uma faixa de 1,0m de comprimento do tabuleiro.
Essa simplificação de cálculo ignora a distribuição de esforços pa-
ralelos ao eixo da ponte, esse modelo de cálculo considera o tabu-
leiro como diversas vigas de 1,0m de comprimento posicionadas
sobre as longarinas. O modelo de cálculo que considera a distribui-
ção dos esforços ao longo do comprimento do tabuleiro é cálculo
utilizando-se tabelas de Rüsch, que será abordado no capítulo 8.

Sintetizando
De posse das envoltórias, o engenheiro considerará os esforços de
cada situação para dimensionamento. Deve-se considerar o maior es-
forço combinando ações permanentes, acidentais e raras, para isso,
devem ser considerados os fatores de majoração; para combinações
e carregamentos dinâmicos, deve-se considerar fator de impacto.

Figura 6.18 Definição de Carregamentos Permanentes e Peso próprio

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 183

Guarda Rodas=25 ∙A=25∙(((0,1+0,2)∙ 0,2)/2+0,1 ∙ 0,2)=1,25 kN/m

Defensa=25 ∙A=25∙(((0,15+0,2)∙ 0,2)/2+((0,1+ 0,15)∙0,7)/2)=3,06 kN/m

Peso Próprio=25 ∙A=25∙(0,45 ∙1,0)=11,25 kN/m

Revestimento Asfáltico=18 ∙h=18∙(0,12 ∙1,0)=2,16 kN/m

Em que:

25 ton/m³ é a densidade do concreto armado;

18 ton/m³ é a densidade do revestimento asfáltico.

Figura 6.19 - Solicitações devido ao peso próprio

Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 6.20 - Solicitações Cortantes [kN]

Fonte: Elaborada pelo autor.


184 UNIUBE

Figura 6.21 - Solicitações Momentos [kN.m]

Fonte: Elaborada pelo autor.

Nesse momento, você, aluno(a), já observa que temos os esfor-


ços característicos (k) para o tabuleiro. Para obtenção dos esforços
característicos sobre as longarinas, iremos carregá-las em duas
fases, o trem-tipo equivalente e o peso próprio do tabuleiro combi-
nado com o peso próprio da viga.

6.1.5 Cálculo da Longarina

Propriedades das longarinas:

Comprimento: 20 m;

Seção: h= 150m e b = 45 cm.

Peso Próprio=25 ∙A=25∙(0,45 ∙1,5)=16,88 kN/m

Peso Próprio Reação Longarina=138,5 kN/m

Observe, na Figura 6.21, que a reação do tabuleiro é a carga distri-


buída da longarina, 138,5kN.
UNIUBE 185

Peso Próprio Solicitação Longarina=138,5+16,88=155,38 kN/m

Figura 6.22 - Carregamento da Longarina

Fonte: Elaborada pelo autor.

45,47kN/m2 q = 31,12kN/m 45,47kN/m2


144kN

144kN

144kN

Figura 6.23 - Trem-tipo Equivalente sobre Longarinas

Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 6.24 - Envoltória de Cortantes [kN]

Fonte: Elaborada pelo revisor.


186 UNIUBE

Figura 6.25 - Envoltória de Momentos [kN.m] na Logarina

Fonte: Elaborada pelo revisor.

Saiba mais
Para poder trabalhar com o software Ftool, consulte o site a seguir
que apresenta um tutorial muito completo do programa. Esse tuto-
rial tem facilidade de ser entendido e agrega muita facilidade para o
estudo de estruturas simples. Disponível em: <http://www.alis-sol.
com.br/ftool/>.

Ampliando o conhecimento
Um material que pode auxiliar em muito o estudo é o livro do
Professor Osvaldemar Marquetti, ajudando o(a) aluno(a) a ter ain-
da mais profundidade no estudo de pontes de concreto.

MARCHETTI, Osvaldemar. Pontes de Concreto Armado. São


Paulo: Editora Blucher, 2008.
UNIUBE 187

Considerações finais
Após a realização de todos esses cálculos, podemos concluir, pre-
zado(a) aluno(a), que o dimensionamento com cargas móveis re-
quer do engenheiro uma disciplina nova e diferente. Devido à gran-
de quantidade de cálculos, é necessária a realização de verificação
da linha neutra para cada seção, a definição do trem-tipo, a análise
de posicionamento do trem-tipo para verificação da maior solicita-
ção para cada seção, a realização do levantamento dos carrega-
mentos de peso próprio e as cargas permanentes.

Para estruturação do estudo, é importante desenvolver metodo-


logias que possam auxiliar o engenheiro na combinação de tan-
tos esforços. Observe que o desenvolvimento da passagem do
trem-tipo sobre a estrutura ocorre pelo software, mas o engenhei-
ro deve ser capaz de desenvolver esses cálculos manualmente,
pelo menos entender os processos, para poder realizar uma aná-
lise crítica dos resultados. Para título didático realizamos o de-
senvolvimento da linha de influência para reações de apoio no
tabuleiro. Observe que isso foi apenas a reação de apoio, é ne-
cessário conhecer todos os esforços de cortante e os momentos
em cada seção da estrutura, isso acarreta no desenvolvimento da
linha de influência para cada seção e no carregamento de cada
uma dessas influências para obtenção das maiores e das meno-
res solicitações.

É interessante observar que os gráficos de envoltória definem a


amplitude dos carregamentos, mas a observação do gráfico de mo-
mentos deve ter uma análise crítica do engenheiro, questionando:
os maiores momentos acontecem no centro dos vãos e acima dos
apoios? As maiores cortantes acontecem na região dos apoios? A
ordem de grandeza dos carregamentos é proporcional aos carre-
gamentos? Essas análises fazem parte do dia a dia do engenheiro
188 UNIUBE

calculista. Alguns cálculos são rápidos para serem verificados: a


soma das reações de apoio é igual aos esforços verticais? O mo-
mento das cargas distribuídas está próximo do “ql²/8”?

Uma vez realizada a análise crítica, o engenheiro sabe que tem as


solicitações adequadas de sua estrutura. Essas solicitações serão,
agora, verificadas de acordo com as possibilidades de combinações
de norma e com os fatores de majoração e minoração adequados.
Para realização desses cálculos, serão utilizadas as planilhas de
cálculo. Dessa maneira, podemos anotar as solicitações caracte-
rísticas de cada seção e combinarmos com os carregamentos de
acordo com os fatores de impacto e de majoração. Esses esforços
combinados por seção serão os valores utilizados para cálculo das
armaduras e verificação das peças.
Pontes de Concreto,
Capítulo
7
Dimensionamento e
Detalhamento

Lucas Shima Barroco

Introdução
Caro(a) aluno(a), estamos na jornada da definição de uma
estrutura adequada para superar um obstáculo e criar uma ponte
ou um viaduto. Foram descritos os tipos de estrutura, os tipos de
carregamentos e definidas as solicitações necessárias à análise de
combinação dos esforços. A partir dos esforços serão analisadas
as solicitações críticas para cada seção, sejam elas de força
cortante, momento fletor ou força normal.

Figura 7.1 – Construção de Ponte em seção duplo caixão

Fonte: LEV KROPOTOV, 123RF.


190 UNIUBE

No estudo de concreto armado, a análise de esforços de força


cortante é realizada em duas etapas: a resistência das bielas
de compressão e a resistência complementar necessária das
armaduras de cisalhamento, os estribos. Para resistir à força
solicitante, é levado em conta a verificação da formação de
fissuras e, também, a abertura delas; os princípios aprendidos
em concreto armado são os mesmos, as diferenças estão nas
dimensões dos elementos, bem como na ordem de grandeza das
cargas.
Para dimensionamento e verificação da flexão, deve-se levar em
conta as verificações de momento fletor e flechas. As armaduras
de flexão serão calculadas para resistir aos esforços de flexão,
observando o princípio de altura do elemento sobre esforços
de flexão. A formação de flechas se torna um item de interesse
diferenciado para obras de arte, uma vez que são elementos
compostos por mais de um elemento estrutural.

Objetivos
• Definir os esforços que serão utilizados para realização
do dimensionamento.
• Definir a metodologia de cálculo para dimensionamento
de diversas seções.
• Cálculo do Número de Faixas.
• Definição das armaduras de Flexão.
• Definição das armaduras de Cisalhamento.
• Definição de projeto das Seções.
UNIUBE 191

Esquema
Definição de Esforços de Dimensionamento
Nomenclatura
Solicitações dos Nós
Coeficiente de Número de Faixas
Coeficiente de Impacto
Valores de Esforços para Dimensionamento
Definição das Armaduras
Armadura de Flexão Longarinas
Cálculo da Armadura de Força Cortante
Projeto das Seções
Detalhamento das Seções

7.1 Definição de Esforços de Dimensionamento

Devido à grande quantidade de esforços e seções que compõem


as estruturas especiais, será necessário realizarmos um estudo
dos esforços sistematizada. A definição dos esforços que serão
efetivamente utilizados para cálculo e verificações das estruturas
será obtida por meio de tabelas.

Continuemos, caro(a) aluno(a), a avançar os estudos a partir da de-


finição de esforços obtidos pela passagem do trem-tipo TB-45 e dos
esforços definidos como peso próprio e carregamentos permanentes.

A priori, definimos cada seção nos programas para cálculo estru-


tural, esses são os nós. Uma atenção diferenciada deve ser dada
para as reações de apoio, pois o sentido, horário ou anti-horário,
muda em relação ao lado do apoio e deve ser combinado com si-
nais diferenciados para as forças cortantes.
192 UNIUBE

7.1.1Nomenclatura

Dividiremos a seção a seguir em seções de 1,0 m:

2 faixas 4,5m + 2 acostamentos 3,5m + 2 guarda rodas 0,2m + 2 faixas de passarelas 1,6m + 2 guardas corpos 0,2m

Figura 7.2 - Esquema do Tabuleiro

Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 7.3 - Nomenclatura da Seção

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 193

Reflita
De acordo com os estudos que realizados ao longo desta
jornada para se tornar engenheiro, enumere quais as se-
ções que terão os maiores esforços em:

• Força Cortante.

• Momento Positivo.

• Momento Negativo.

De maneira intuitiva, o engenheiro sabe que os maiores esforços


de cortante estão nos apoios: 4 e 18; o maior momento positivo no
centro do maior vão, na seção 11, os maiores momentos negativos
ocorrerão acima da seção dos apoios: 4 e 18.

7.1.2 Solicitações dos Nós

Relembrando
Os esforços que temos nas tabelas são aqueles obtidos a partir do
carregamento da estrutura, do peso próprio em cada nó e do TB45
sobre o tabuleiro e, então, do trem-tipo equivalente sobre a longa-
rina. Portanto, os esforços de peso próprio do tabuleiro são carre-
gados como carga permanente nas longarinas que representam as
reações de apoio para o tabuleiro.
194 UNIUBE

Peso Próprio e Cargas


  TB 45
Permanentes
Forças
Momentos Forças
Nó Cortantes Momentos [kN.m]
[kN.m] Cortantes [kN]
[kN]
1 -3,1 0,0 -75,0 0,0 0,0 0,0
2 -16,5 -9,8 -77,5 0,0 0,0 -75,6
3 -31,2 -32,9 -150,0 0,0 0,0 -155,6
4 esq -44,6 -70,8 -152,5 0,0 0,0 -300,6
4 dir 93,9 -70,8 164,5 -21,5 0,0 -300,6
5 80,5 16,3 149,9 -21,7 148,8 -280,8
6 67,0 90,1 135,6 -22,2 272,8 -260,9
7 53,6 150,4 121,7 -23,1 372,4 -241,0
8 40,2 197,4 108,1 -34,2 447,8 -221,2
9 26,8 230,9 94,9 -45,6 498,8 -201,3
10 13,4 251,0 82,0 -57,4 525,6 -181,4
11 0,0 257,7 69,5 -69,5 528,1 -161,6
12 -13,4 251,0 57,4 -82,0 525,6 -181,4
13 -26,8 230,9 45,6 -94,9 498,8 -201,3
14 -40,2 197,4 34,2 -106,1 447,8 -221,2
15 -53,6 150,4 23,1 -121,7 372,4 -241,0
16 -67,0 90,1 22,2 -135,6 272,8 -260,9
17 -80,5 16,3 21,7 -49,9 148,8 -280,8
18 esq -93,9 -70,8 21,5 -164,5 0,0 -300,6
18 dir 44,6 -70,8 152,5 -164,5 0,0 -300,6
19 31,2 -32,9 150,0 0,0 0,0 -155,6
20 16,5 -9,8 77,5 0,0 0,0 -75,6
21 3,1 0,0 75,0 0,0 0,0 0,0
Tabela 7.1 - Solicitações Tabuleiro

Fonte: Elaborada pelo autor.


Aswmin Asw
Seção V (kN) fck (mPa) b (cm) d (cm) VRd2 (kN) Verificação Vc VSw
(cm²/m) (cm²/m)

1 3631,719 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 2361,37 0,81 37,72


2 3296,806 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 2026,46 0,81 32,37
3 2971,695 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 1701,35 0,81 27,17
4 2647,804 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 1377,45 0,81 22,00
5 2328,115 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 1057,76 0,81 16,89
6 2012,627 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 742,28 0,81 11,86
7 1701,342 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 430,99 0,81 6,88
8 1394,077 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 123,73 0,81 1,98
9 1091,013 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -179,34 0,81 2,86
10 792,1515 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -478,20 0,81 7,64
11 497,4921 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -772,86 0,81 12,34
12 357,0315 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -913,32 0,81 14,59
13 220,773 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1049,58 0,81 16,76
14 88,7166 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1181,63 0,81 18,87
15 -39,1377 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1309,49 0,81 20,92
16 -162,973 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1433,32 0,81 22,89
17 -282,605 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1552,96 0,81 24,80
18 -398,036 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1668,39 0,81 26,65
19 -509,265 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1779,61 0,81 28,42
20 -613,674 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1884,02 0,81 30,09
UNIUBE

21 -719,481 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1989,83 0,81 31,78


195

Tabela 7.2 Solicitações na Longarina


Fonte: Elaborada pelo revisor.
196 UNIUBE

Os valores apresentados na tabela se referem aos valores carac-


terísticos, k, das forças; para definição dos valores de majoração,
será necessária a definição do coeficiente de impacto e dos valores
de combinação.

7.1.3 Coeficiente de Número de Faixas

Para o exemplo, temos:


Total de faixas = 2
CNF é o coeficiente do número de faixas calculado por:
CNF=1-0,05 ∙(n-2)=1,0

7.1.4 Coeficiente de Impacto

O coeficiente de impacto é determinado a partir dos tamanhos dos


vãos. Definimos, aqui, o tamanho dos vãos da nossa ponte.

Figura 7.4 - Esquema de Vãos

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 197

 20 
CIV = 1 + 1 06 ⋅   para estruturas com vão entre 10,0 m e 200 m.
 Liv + 50 
 20 
CIV = 1 + 1 06 ⋅   = 1, 305
 19, 56 + 50 

Esse fator será considerado para maximizar todos os carregamen-


tos dinâmicos.

Agora, para definição das tabelas de carregamentos do tabuleiro


e das longarinas, deve-se aplicar o coeficiente de impacto para os
esforços provenientes da passagem do trem-tipo.

Importante!
Para dimensionamento dos valores de cálculo, serão utili-
zados os valores característicos e os de cálculo. É importante lem-
brarmos que as combinações para ELU têm fator de majoração
1,4 para os valores desfavoráveis, enquanto o ELS tem fator de
majoração 1,0.
198 UNIUBE

7.1.5 Valores de Esforços para Dimensionamento

Lançando nas tabelas, podemos agilizar o processo de cálculo


para ELU e ELS.

Peso Próprio
  e Cargas TB 45 Coeficientes ELS
Permanentes
V M M M
Nó V [kN] M [kN.m] ᵞ CIV V [kN] V [kN]
[kN] [kN.m] [kN.m] [kN.m]

1 -3,1 0,0 -75,0 0,0 0,0 0,0 1,0 1,305 -101,0 -3,1 0,0 0,0

2 -16,5 -9,8 -77,5 0,0 0,0 -75,6 1,0 1,305 -117,6 -16,5 -108,5 -9,8

3 -31,2 -32,9 -150,0 0,0 0,0 -155,6 1,0 1,305 -227,0 -31,2 -236,0 -32,9

4 esq -44,6 -70,8 -152,5 0,0 0,0 -300,6 1,0 1,305 -243,6 -44,6 -463,1 -70,8

4 dir 93,9 -70,8 164,5 -21,5 0,0 -300,6 1,0 1,305 308,6 65,8 -463,1 -70,8

5 80,5 16,3 149,9 -21,7 148,8 -280,8 1,0 1,305 276,1 52,2 -350,1 210,5

6 67,0 90,1 135,6 -22,2 272,8 -260,9 1,0 1,305 244,0 38,0 -250,4 446,1

7 53,6 150,4 121,7 -23,1 372,4 -241,0 1,0 1,305 212,4 23,5 -164,1 636,4

8 40,2 197,4 108,1 -34,2 447,8 -221,2 1,0 1,305 181,3 -4,4 -91,3 781,8

9 26,8 230,9 94,9 -45,6 498,8 -201,3 1,0 1,305 150,6 -32,7 -31,8 881,8

10 13,4 251,0 82,0 -57,4 525,6 -181,4 1,0 1,305 120,4 -61,5 14,3 936,9

11 0,0 257,7 69,5 -69,5 528,1 -161,6 1,0 1,305 90,7 -90,7 46,8 946,9

12 -13,4 251,0 57,4 -82,0 525,6 -181,4 1,0 1,305 61,5 -120,4 14,3 936,9

13 -26,8 230,9 45,6 -94,9 498,8 -201,3 1,0 1,305 32,7 -150,6 -31,8 881,8

14 -40,2 197,4 34,2 -106,1 447,8 -221,2 1,0 1,305 4,4 -178,7 -91,3 781,8

15 -53,6 150,4 23,1 -121,7 372,4 -241,0 1,0 1,305 -23,5 -212,4 -164,1 636,4

16 -67,0 90,1 22,2 -135,6 272,8 -260,9 1,0 1,305 -38,0 -244,0 -250,4 446,1

17 -80,5 16,3 21,7 -49,9 148,8 -280,8 1,0 1,305 -52,2 -145,6 -350,1 210,5
18
-93,9 -70,8 21,5 -164,5 0,0 -300,6 1,0 1,305 -65,8 -308,6 -463,1 -70,8
esq
18 dir 44,6 -70,8 152,5 -164,5 0,0 -300,6 1,0 1,305 243,6 -170,1 -463,1 -70,8

19 31,2 -32,9 150,0 0,0 0,0 -155,6 1,0 1,305 227,0 31,2 -236,0 -32,9

20 16,5 -9,8 77,5 0,0 0,0 -75,6 1,0 1,305 117,6 16,5 -108,5 -9,8

21 3,1 0,0 75,0 0,0 0,0 0,0 1,0 1,305 101,0 3,1 0,0 0,0

Tabela 7.3 - Solicitações Tabuleiro - ELS

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 199

Peso Próprio
  e Cargas TB 45 Coeficientes ELU
Permanentes
V M V V M M
Nó V [kN] M [kN.m] ᵞ CIV
[kN] [kN.m] [kN] [kN] [kN.m] [kN.m]

1 -3,1 0,0 -75,0 0,0 0,0 0,0 1,4 1,305 -141,4 -4,3 0,0 0,0

2 -16,5 -9,8 -77,5 0,0 0,0 -75,6 1,4 1,305 -164,7 -23,1 -151,8 -13,7

3 -31,2 -32,9 -150,0 0,0 0,0 -155,6 1,4 1,305 -317,7 -43,7 -330,3 -46,1

4 esq -44,6 -70,8 -152,5 0,0 0,0 -300,6 1,4 1,305 -341,1 -62,4 -648,3 -99,1

4 dir 93,9 -70,8 164,5 -21,5 0,0 -300,6 1,4 1,305 432,0 92,2 -648,3 -99,1
5 80,5 16,3 149,9 -21,7 148,8 -280,8 1,4 1,305 386,6 73,1 -490,2 294,7

6 67,0 90,1 135,6 -22,2 272,8 -260,9 1,4 1,305 341,5 53,2 -350,5 624,5

7 53,6 150,4 121,7 -23,1 372,4 -241,0 1,4 1,305 297,4 32,8 -229,7 890,9

8 40,2 197,4 108,1 -34,2 447,8 -221,2 1,4 1,305 253,8 -6,2 -127,8 1094,5

9 26,8 230,9 94,9 -45,6 498,8 -201,3 1,4 1,305 210,9 -45,8 -44,5 1234,6

10 13,4 251,0 82,0 -57,4 525,6 -181,4 1,4 1,305 168,6 -86,1 20,0 1311,7

11 0,0 257,7 69,5 -69,5 528,1 -161,6 1,4 1,305 127,0 -127,0 65,5 1325,6

12 -13,4 251,0 57,4 -82,0 525,6 -181,4 1,4 1,305 86,1 -168,6 20,0 1311,7

13 -26,8 230,9 45,6 -94,9 498,8 -201,3 1,4 1,305 45,8 -210,9 -44,5 1234,6

14 -40,2 197,4 34,2 -106,1 447,8 -221,2 1,4 1,305 6,2 -250,1 -127,8 1094,5

15 -53,6 150,4 23,1 -121,7 372,4 -241,0 1,4 1,305 -32,8 -297,4 -229,7 890,9

16 -67,0 90,1 22,2 -135,6 272,8 -260,9 1,4 1,305 -53,2 -341,5 -350,5 624,5

17 -80,5 16,3 21,7 -49,9 148,8 -280,8 1,4 1,305 -73,1 -203,9 -490,2 294,7

18 esq -93,9 -70,8 21,5 -164,5 0,0 -300,6 1,4 1,305 -92,2 -432,0 -648,3 -99,1

18 dir 44,6 -70,8 152,5 -164,5 0,0 -300,6 1,4 1,305 341,1 -238,1 -648,3 -99,1

19 31,2 -32,9 150,0 0,0 0,0 -155,6 1,4 1,305 317,7 43,7 -330,3 -46,1

20 16,5 -9,8 77,5 0,0 0,0 -75,6 1,4 1,305 164,7 23,1 -151,8 -13,7

21 3,1 0,0 75,0 0,0 0,0 0,0 1,4 1,305 141,4 4,3 0,0 0,0

Tabela 7.4 - Solicitações Tabuleiro - ELU

Fonte: Elaborada pelo autor.

Esses são os valores para dimensionamento dos tabuleiros. É pos-


sível observar que os maiores momentos estão no centro do vão
e os maiores valores de cortante na posição em que as lajes se
apoiam sobre as longarinas.
Aswmin Asw
Seção V (kN) fck (mPa) b (cm) d (cm) VRd2 (kN) Verificação Vc VSw
(cm²/m) (cm²/m)
200

1 3631,719 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 2361,37 0,81 37,72


2 3296,806 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 2026,46 0,81 32,37
UNIUBE

3 2971,695 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 1701,35 0,81 27,17


4 2647,804 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 1377,45 0,81 22,00
5 2328,115 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 1057,76 0,81 16,89
6 2012,627 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 742,28 0,81 11,86
7 1701,342 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 430,99 0,81 6,88
8 1394,077 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 123,73 0,81 1,98
9 1091,013 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -179,34 0,81 2,86
10 792,1515 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -478,20 0,81 7,64
11 497,4921 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -772,86 0,81 12,34
12 357,0315 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -913,32 0,81 14,59
13 220,773 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1049,58 0,81 16,76
14 88,7166 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1181,63 0,81 18,87
15 -39,1377 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1309,49 0,81 20,92
16 -162,973 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1433,32 0,81 22,89
17 -282,605 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1552,96 0,81 24,80
18 -398,036 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1668,39 0,81 26,65
19 -509,265 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1779,61 0,81 28,42
20 -613,674 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1884,02 0,81 30,09
21 -719,481 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1989,83 0,81 31,78
Tabela 7.5 – Solicitações na Longarina - ELS
Fonte: Elaborada pelo revisor.
Aswmin Asw
Seção V (kN) fck (mPa) b (cm) d (cm) VRd2 (kN) Verificação Vc VSw
(cm²/m) (cm²/m)

1 3631,719 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 2361,37 0,81 37,72


2 3296,806 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 2026,46 0,81 32,37
3 2971,695 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 1701,35 0,81 27,17
4 2647,804 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 1377,45 0,81 22,00
5 2328,115 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 1057,76 0,81 16,89
6 2012,627 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 742,28 0,81 11,86
7 1701,342 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 430,99 0,81 6,88
8 1394,077 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 123,73 0,81 1,98
9 1091,013 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -179,34 0,81 2,86
10 792,1515 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -478,20 0,81 7,64
11 497,4921 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -772,86 0,81 12,34
12 357,0315 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -913,32 0,81 14,59
13 220,773 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1049,58 0,81 16,76
14 88,7166 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1181,63 0,81 18,87
15 -39,1377 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1309,49 0,81 20,92
16 -162,973 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1433,32 0,81 22,89
17 -282,605 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1552,96 0,81 24,80
18 -398,036 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1668,39 0,81 26,65
19 -509,265 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1779,61 0,81 28,42
20 -613,674 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1884,02 0,81 30,09
UNIUBE

21 -719,481 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1989,83 0,81 31,78


201

Tabela 7.6 - Solicitações Longarina ELU


Fonte: Elaborada pelo revisor.
202 UNIUBE

Os maiores valores foram destacados nas planilhas, eles são a re-


ferência para cálculo e dimensionamento das seções críticas para
esforços de cortante e momento.

O dimensionamento das longarinas é realizado com os conceitos


do concreto armado. A principal diferença já ocorreu na determina-
ção das cargas, no coeficiente de impacto e na definição do trem-
tipo equivalente.

Saiba mais

É interessante que o(a) aluno(a) lembre os conceitos


aprendidos em concreto armado. A seguir, há a indicação de dois
materiais da disciplina Concreto Armado.

Apostila do professor Libânio Miranda: esse material tem bastan-


te tabelas e gabaritos para o dimensionamento. Disponível em:
<http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Apost_EESC_
USP_Libanio.pdf>.

Material do Professor Paulo Bastos: muito útil e de fácil entendi-


mento. Disponível em: <http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/>.

7.2 Definição das Armaduras

7.2.1 Armadura de Flexão Longarinas

A definição da armadura de flexão para as longarinas é realizada a


partir das premissas de projeto.

1. L =20,0m (consultar Figura 3).

2. Concreto: fck = 40 mPa.


UNIUBE 203

3. CA50.

4. Cobertura = 3 cm.

5. Md = Dado por seção de acordo com a tabela 7.6.

6. Dimensões = h adotar L/12 = 1,667m => adotar 1,70m.

7. Dimensões = b = 0,35 h = 0,58m => adotado 0,65m.

Definição do kc.
b⋅d2
kc = cm 2 / kN 
Md 
As ⋅ d
ks = cm 2 / kN 
Md 

Dado:

d é a posição do centro de massa das armaduras de aço.

Determinação para a seção 8, valor de Md8: 15010,6 kN.m

b d 2 65.1602
kc =
= = 0,93[cm 2 / kN ]
M d 17914,87100

Consultando a tabela, temos:

As 160  cm 2 
k=
s 0, 030
=   ∴ A=
s 335,90cm 2
17914,87100  kN 

Essa é a armadura de flexão para o centro do vão da longarina.


Aswmin Asw
Seção V (kN) fck (mPa) b (cm) d (cm) VRd2 (kN) Verificação Vc VSw
(cm²/m) (cm²/m)
204

1 3631,719 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 2361,37 0,81 37,72


2 3296,806 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 2026,46 0,81 32,37
3 2971,695 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 1701,35 0,81 27,17
UNIUBE

4 2647,804 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 1377,45 0,81 22,00


5 2328,115 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 1057,76 0,81 16,89
6 2012,627 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 742,28 0,81 11,86
7 1701,342 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 430,99 0,81 6,88
8 1394,077 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 123,73 0,81 1,98
9 1091,013 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -179,34 0,81 2,86
10 792,1515 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -478,20 0,81 7,64
11 497,4921 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -772,86 0,81 12,34
12 357,0315 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -913,32 0,81 14,59
13 220,773 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1049,58 0,81 16,76
14 88,7166 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1181,63 0,81 18,87
15 -39,1377 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1309,49 0,81 20,92
16 -162,973 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1433,32 0,81 22,89
17 -282,605 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1552,96 0,81 24,80
18 -398,036 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1668,39 0,81 26,65
19 -509,265 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1779,61 0,81 28,42
20 -613,674 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1884,02 0,81 30,09
21 -719,481 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1989,83 0,81 31,78

Tabela 7.7 - Cálculo do Aço para Flexão das Longarinas


Fonte: Elaborada pelo revisor.
UNIUBE 205

Parada obrigatória
Na tabela 7.7, foram definidas as quantidades de armação
de acordo com o Md para cada seção. É importante que sejam veri-
ficados alguns itens, como armadura máxima e mínima para flexão.

Segundo a NBR 6118:2014, na seção 17.3.5.2.1, a taxa de arma-


dura mínima para C50 é dada por:

As ,min
Pmin
= = 0, 208%
Ac
Para a longarina:

As ,min
Pmin= = 0, 208% ∴ As ,min= 22,98cm 2
17065

Verificação da Armadura de Pele, item da norma 17.3.5.2.3:

As , pele = 0 1 Ac ,alma = 0 1 ⋅170 ⋅ 65∴ As , pele = 11 05 cm²

Verificação da Armadura máxima de flexão, item da norma


17.3.5.2.4:

As ,máx = 4 0 Ac = 4 0 ⋅170 ⋅ 65∴ As ,máx = 442 0 cm²

7.2.2 Cálculo da Armadura de Força Cortante

Para cálculo da armadura de cisalhamento ou força cortante, de-


vem ser verificados:
206 UNIUBE

VSd  VRd 2
VSd  VRd 3  Vsw  Vc
Assim:

VSd  VRd 2  0, 27   v 2  f cd  bw  d

Sendo que:
f ck
v2  1 
250 , conforme tabela 7.4 Seção 21.
f ck 50
v2  1 
250 em mPa = 1 − 250 =
0,80

5, 0
VSd 3631, 72kN ≤=
= VRd 2 0, 270,8 65=
160 8022,86kN Ok !
1, 4
Verificação das bielas de compressão: Ok!

Cálculo da Armadura de Cisalhamento:

VSd ≤ VRd 3 = Vsw + Vc 0


Vc = 0 6 ⋅ f ctd ⋅ bw ⋅ d

Em que:
f ck ,inf 0, 7 ⋅ f ct ,m 0, 7 ⋅ 0, 3 3 2
f ctd = = = f ck
γc γc 1, 4 em mPa

0, 70,3 3 2
Vc 0,=
6 50 0,165100 1270,35kN
1, 4
VSd − Vc = Vsw = 3631, 72kN − 1270,35kN = 2361,37 kN
A 
Vsw =  sw 0,9d  f ywd
 s 
f ywd 50
f=
ywd = = 43, 478kN / cm 2
γ yw 1,15
 Asw  Vsw 2361,37 kN
=
  = = 2
0,377cm 2 / m
 s  0,9d  f yd 0,9160cm43, 478kN / cm
ou 37, 72cm 2 / m
Aswmin Asw
Seção V (kN) fck (mPa) b (cm) d (cm) VRd2 (kN) Verificação Vc VSw
(cm²/m) (cm²/m)

1 3631,719 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 2361,37 0,81 37,72


2 3296,806 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 2026,46 0,81 32,37
3 2971,695 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 1701,35 0,81 27,17
4 2647,804 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 1377,45 0,81 22,00
5 2328,115 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 1057,76 0,81 16,89
6 2012,627 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 742,28 0,81 11,86
7 1701,342 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 430,99 0,81 6,88
8 1394,077 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 123,73 0,81 1,98
9 1091,013 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -179,34 0,81 2,86
10 792,1515 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -478,20 0,81 7,64
11 497,4921 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -772,86 0,81 12,34
12 357,0315 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -913,32 0,81 14,59
13 220,773 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1049,58 0,81 16,76
14 88,7166 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1181,63 0,81 18,87
15 -39,1377 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1309,49 0,81 20,92
16 -162,973 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1433,32 0,81 22,89
17 -282,605 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1552,96 0,81 24,80
18 -398,036 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1668,39 0,81 26,65
19 -509,265 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1779,61 0,81 28,42
20 -613,674 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1884,02 0,81 30,09
UNIUBE

21 -719,481 50 65 160 8022,86 0K! 1270,35 -1989,83 0,81 31,78

Tabela 7.8 - Cálculo do Aço para Cisalhamento das Longarinas


207

Elaborado pelo revisor.


208 UNIUBE

Definida a quantidade de armaduras de cisalhamento, deve-se ve-


rificar os espaçamentos e a quantidade de ramos para os estribos.

Sintetizando...
A partir dessas tabelas, temos, agora, a armadura de cisa-
lhamento e de flexão para 21 seções da longarina.

Cada uma dessas seções deve ser projetada com as armaduras


conforme as tabelas. Deve-se respeitar a decalagem dos diagra-
mas de momento e cortante, bem como os comprimentos de anco-
ragem para cada uma das barras.

Dicas

Para conhecer mais o processo de execução de pontes,


veja os vídeos a seguir:

Impressionante máquina-monstro construtora chinesa em ação!


Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=wuZn_jysd1w>.

Rodovia dos Imigrantes - Técnicas aplicadas às obras, Disponível


em: <https://www.youtube.com/watch?v=FmMC4QGYFo4>.
UNIUBE 209

Ampliando o conhecimento
Para que o aluno possa aprofundar ainda mais o conhe-
cimento, lista-se, aqui, livros referentes ao cálculo estrutural que
ainda não foram mencionados no material:

MARTINELLI, D. A. O. Pontes de concreto. São Carlos: EESC-


USP, 1978.

MONTANARI, I. Cálculo de pontes de vigas – Notas de aula. São


Carlos: EESC-USP, 1975.

PFEIL, W. Pontes em concreto armado. Rio de Janeiro: Livros


Técnicos e Científicos Editora,1979.

SAN MARTIN, F. J. Cálculo de tabuleiros de pontes. São Paulo:


Livraria Ciência e Tecnologia Editora, 1981.
210 UNIUBE

7.3 Projeto das Seções

7.3.1 Detalhamento das Seções

Figura 7.5 - Divisão das seções

Fonte: Elaborada pelo autor.

69 x 25mm

Figura 7.6 – Detalhamento Seção transversal 11

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 211

8cm

Figura 7.7 – Detalhamento Seção transversal 1 e 21

Fonte: Elaborada pelo autor.

Você, caro(a) aluno(a), deve aplicar os conceitos aprendidos em


Concreto Armado, especificando os comprimentos de ancoragem
e de decalagem de gráficos de momento e cortante. É necessária a
definição de ganchos nas extremidades, como é o caso das seções
da extremidade.

Uma das observações que pode ser realizada é uma grande quan-
tidade de aço nas longarinas. Uma alternativa bastante recomen-
dada seria a execução de uma terceira longarina centralizada so-
bre o tabuleiro.
212 UNIUBE

Figura 7.8 – Ponte de Concreto sobre diversas Longarinas

Fonte: KHUNASPIX, 123RF.

Conclusão
O projeto de pontes tem seu início na definição da necessidade da
via em que será executado; o fluxo de veículos e, assim, o número
de faixas são definidos pela função e por volumes da via. O trem-ti-
po, ou os carregamentos que serão empregados na execução des-
sa ponte, é definido pela localização da obra de arte e será chave
para a execução do projeto.

Após definir a quantidade de faixas e o tipo de carregamento, ca-


ro(a) aluno(a), realiza-se um estudo de iteração entre os diversos
modelos estruturais e a geometria e geologia da região. Definido
o tipo de ponte, passa-se a especificar o modelo estrutural de cál-
culo para definir os caminhos das cargas e como será realizado o
dimensionamento.
UNIUBE 213

A partir da definição do modelo de dimensionamento, serão, então,


definidas as linhas de influência dos tabuleiros, que serão carrega-
das com os esforços do trem-tipo. A partir dos esforços do trem-tipo
lançados sobre a linha de influência, é obtido o trem-tipo equiva-
lente, que serve para simulação do trem-tipo sobre as peças em
sentido perpendicular ao dos tabuleiros. Esse trem-tipo sobre os
tabuleiros é analisado sobre as longarinas.

Figura 7.9 – Montagem de Ponte com dispositivo de Içamento

Fonte: IGOR STRUKOV, 123RF.

Os esforços da passagem do trem-tipo equivalente, combinados


com os esforços de peso próprio definem os esforços da longarina.
Os esforços sobre a longarina devem ser majorados com os coefi-
cientes de majoração e com o coeficiente de impacto vertical. A de-
finição dos esforços para Estado Limite Último e Estado Limite de
Serviço é verificada para dimensionamento das armaduras, deslo-
camentos, formação e abertura de fissuras.
Pontes de concreto
Capítulo
8
aspectos do
dimensionamento

Lucas Shima Barroco

Introdução
Olá, caro(a) aluno(a). Já realizamos o cálculo para
determinação dos esforços nas longarinas por meio da
determinação do trem-tipo, das linhas de influência e, então,
do trem-tipo equivalente. Esse modelo de cálculo foi suficiente
para realizar o dimensionamento (dimensões geométricas
das peças) e o detalhamento (projeto de aço estrutural) para
as longarinas.
Para reforço do sistema estrutural, existe um elemento
estrutural que ainda não foi apresentado com maior detalhe,
são as transversinas. As transversinas têm diversas utilidades
na execução de pontes sobre vigas de concreto, uma delas
é o travamento lateral das longarinas; outro fator importante
é a recepção de parte das cargas do tabuleiro, aliviando,
assim, as solicitações sobre as longarinas.
Para execução de projeto de pontes, são necessários o
dimensionamento e o detalhamento de outros elementos. No
concreto armado, estudamos a execução de lajes, pilares e
vigas. Neste capítulo, será apresentado o dimensionamento
de lajes de ponte por meio das tabelas de “Rüsch”. As tabelas
de “Rüsch” já são empregadas no dimensionamento de lajes
maciças prediais; a diferença encontrada aqui é o
dimensionamento utilizando o carregamento de trem-tipo, ao
invés de apenas uma carga distribuída ao longo da laje.

Figura 8.1 - Ponte Ferroviária do Cajuapara – Açailândia MA

Fonte: Acervo do autor.

Outro fator a ser abordado são os esforços de trem-tipo


ferroviário; esses valores são dados pela NBR 7189.
Existe uma diferença fundamental nesse carregamento,
a consideração da linearidade do, agora, literal trem. As
ferrovias têm características únicas, como a impossibilidade
de haver mais de um trem na mesma via, só pode haver
outro trem na ponte se houver mais linhas férreas sobre ela.
UNIUBE 217

Objetivos
• Definir Transversinas.
• Compreender as vantagens da utilização das Transversinas.
• Definir e calcular os momentos das lajes maciças.
• Calcular a armadura das lajes maciças.
• Definir o trem-tipo ferroviário.

Esquema
• Transversinas
• Benefícios
• Tabelas de Rüsch
• Nomenclatura
• Dimensionamento das Lajes do Tabuleiro
• Dimensionamento das L1 e L3
• Dimensionamento da L2
• Trem-tipo Ferroviário

8.1 Transversinas

Prezado(a) aluno(a), as transversinas são vigas que têm sentido


perpendicular às longarinas. O local em que são empregadas são
as pontes de concreto ou de tabuleiros de concreto. São empre-
gadas entre as longarinas sobre os pilares e nos centros dos vãos
para longos vãos.

Deve ser notado que a presença de transversinas tem fatores be-


néficos, como maior estabilidade global da estrutura, recebimento
das cargas dos carregamentos sobre as lajes.
218 UNIUBE

Figura 8.2 – Seção Transversal com transversina

Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 8.3: Esquema das Transversinas

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 219

8.1.1 Benefícios

Na figura 8.3, é observado o posicionamento das transversinas. É


importante observar que as transversinas servem de suporte tam-
bém para as lajes, esse conhecimento será utilizado no dimensio-
namento de “Rüsch”.

Figura 8.4 – Ponte de Concreto com Transversinas sobre os Pilares

Fonte: KENG PO LEUNG, 123RF.


220 UNIUBE

Figura 8.5 – Esquema das Transversinas Carregamento das Lajes

Fonte: Elaborada pelo autor.

Na figura 8.5, observe a região hachurada da laje, essa delimita


a região das lajes centrais que lançarão carregamentos para as
transversinas, aliviando os esforços sobre as longarinas.

Reflita
Para considerar que as transversinas recebem carrega-
mentos das lajes, é necessária a verificação de vínculos
estruturais. Para que as lajes possam lançar carregamento
nas transversinas, como ilustrado na Figura 8.4, é necessário que
as transversinas estejam ligadas nas lajes em mesmo nível que as
longarinas, caso isso não ocorra, as longarinas receberão os carre-
gamentos antes desses serem distribuídos para as transversinas.
UNIUBE 221

Figura 8.6 – Travamento lateral Transversina

Fonte: Elaborada pelo autor.

Na figura anterior, observa-se uma função das transversinas que


é de estabilizar o conjunto; essa função é, também, de aumento
da estabilidade global da estrutura, necessário para verificação da
estrutura quanto a carregamentos horizontais. Observe que não é
possível haver um giro das longarinas em torno do seu eixo longi-
tudinal, pois as transversinas realizam o travamento das longarinas
quanto ao giro. O efeito se assemelha ao estudado em estruturas
metálicas, o contraventamento.
222 UNIUBE

Figura 8.7 – Travamento Vertical Transversina

Fonte: Elaborada pelo autor.

Nessa figura, observa-se outra função das transversinas, que é so-


lidarizar o conjunto. Essa função aumenta a rigidez da estrutura,
possibilitando maior capacidade de suporte dela e distribuição dos
esforços entre as longarinas; esse efeito não foi considerado no
dimensionamento das longarinas no capítulo anterior.
UNIUBE 223

Figura 8.8 – Ponte de Concreto com Longarinas e Transversinas

Fonte: FOTOLUMINATE (a), 123RF.


224 UNIUBE

Figura 8.9 – Ponte de Concreto com Longarinas e Transversinas

Fonte: FOTOLUMINATE (b), 123RF.

Sintetizando
O dimensionamento das transversinas tem processo análogo ao
das longarinas, deve ser considerado o peso próprio do tabuleiro
sobre elas, o cálculo da linha de influência para maior flexão (cen-
tro do vão) e a maior força cortante.

Definida a linha de influência, esta deve ser carregada com o trem-


tipo definido para aquela obra. Realizado o carregamento, obtêm-
se as envoltórias de cortante e de momentos. A partir da envoltória,
deve-se realizar a combinação dos esforços e, então, o dimensio-
namento e o detalhamento das peças.
UNIUBE 225

Ampliando o conhecimento
Um material que pode auxiliar o estudo é o livro do Professor
Osvaldemar Marquetti, ajudando o aluno a ter ainda mais profundi-
dade no estudo de pontes de concreto.

MARCHETTI, Osvaldemar. Pontes de Concreto Armado. São


Paulo: Editora Blucher, 2008.

8.2 Tabelas de Rüsch

Relembrando
No dimensionamento de lajes estruturais do concreto protendido, a
grande dificuldade encontrada é a direção em que os esforços são
distribuídos, de acordo com os vínculos de suporte, isto é, se essa
laje está apoiada, engastada em cada extremidade. Quanto maio-
res os vínculos, melhor a distribuição dos esforços.

Importante
É importante definir, também, que, no geral, as lajes estarão apoia-
das sobre as longarinas; caso elas sejam uma peça única, é possí-
vel considerar um vínculo engastado (essa consideração estrutural
depende da diferença das inércias da viga e das lajes).

A direção principal de armadura das lajes é estendida, no geral, na


menor direção, no caso de tabuleiros de pontes perpendiculares
às longarinas.
226 UNIUBE

8.2.1 Nomenclatura

Para consulta aos gabaritos corretos de “Rüsch”, é necessário co-


nhecer as convenções.

Figura 8.10 – Esquema Gabaritos de “Rüsch”


Fonte: Elaborada pelo autor.

Dicas
O material para consulta de tabelas está disponível nos endereços:

<https://engenhariacivilfsp.files.wordpress.com/2015/05/tabelas-
rusch.pdf>.

<http://www.civilnet.com.br/Files/Pontes/Tabelas-Rusch.pdf>.

<http://www.pcalc.com.br/trusch>
UNIUBE 227

Os momentos fletores da carga uniformemente distribuída (cargas


permanentes) são calculados por:

Mg=k∙g∙lx2

k = coeficiente obtido da tabela em função de lx/ly;

g = valor da carga distribuída.

Os momentos fletores da carga móvel são calculados por:

Mq=CIV (Q∙Ml+q1∙Mp+q2∙Mp)

CIV = coeficiente de impacto vertical;

Q= peso de uma roda do veículo;

q1 = q2 = carga móvel distribuída.


228 UNIUBE

8.2.2 Dimensionamento da Laje do tabuleiro

Figura 8.11 - Dimensões

Fonte: Elaborada pelo autor.

Definindo os vínculos e nomeando as lajes


UNIUBE 229

Figura 8.12 – Esquema das Lajes

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observe que a L1 é apoiada em todas as extremidades.

Dimensionamento L1

ε = ly / lx = 20 / 14 = 1,429

Vínculos, bordas apoiadas: Tabela de Rüsch 77.

A partir do carregamento do peso próprio e da sobrecarga, é defini-


do o fator k e os momentos na seção, conforme visto anteriormente,
230 UNIUBE

considere a altura da laje da ponte como 45cm e a densidade do


concreto armado de 25 kN/m³.

Kx = 0,08;

Ky = 0,04;

Mgx = k∙g∙lx2 = 0,08 ∙(0,45∙25)∙142 = 176,4 kN.m/m

Mgy =k∙g∙lx2 = 0,04 ∙(0,45∙25)∙142 = 88,20 kN.m/m

Para consulta dos valores de carregamentos do trem-tipo, é neces-


sário o cálculo dos coeficientes tx, ty e t.

O cálculo dos coeficientes t é feito a partir das dimensões da roda,


assim:
UNIUBE 231

Tabela 8.1 - TB Trem-tipo Brasileiro

Classe da Ponte 45 24
Item
Unidade TB 45 TB 24

Cargas no Passeio “q’ ” kN / m² 3 3

Carga de Multidão "q" kN / m² 5 4

Quantidade de Eixos Eixo 3 3

Peso Total do Veículo kN 450 240

Peso de Cada Roda


kN 75 40
Dianteira "P"
Peso de Cada Roda
kN 75 40
Intermediária "P"
Peso de Cada Roda
kN 75 40
Traseira "P"
Largura de contato - roda
m 0,5 0,4
dianteira
Largura de contato - roda
m 0,5 0,4
intermediária
Largura de contato - roda
m 0,5 0,4
traseira
Comprimento de Contato
m 0,2 0,2
da Roda

Distância entre Eixos m 1,5 1,5

Distância entre centros


m 2 2
das rodas de cada eixo

Fonte: ABNT, NBR 7188 (2013).


232 UNIUBE

Comprimento das rodas:

Cx = 50cm;

Cy = 20cm;

O coeficiente t é determinado a partir da área em que essas rodas


aplicam esforços sobre a laje na fibra situada na posição média de-
las. Essa área é determinada por meio de um prisma com abertura
em 45º a partir do comprimento da roda:

Figura 8.13 – Área de Atuação das Cargas Concentradas

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 233

tx=50+2∙12+45= 119 cm

De maneira análoga:

ty = 20 + 2 ∙ 12 + 45 = 89 cm

t  tx  ty  119  89  102, 9 cm

ε= 1,429

lx /a = 14,0 / 2,0 = 7

ta=102,9/200=0,515

Em que a é igual a distância entre os eixos das rodas.

CIV = 1,305 para a ponte que está sendo calculada.

Mq=CIV (Q∙Ml+q1∙Mp+q2∙Mp’)

Ml=1,11

Mp=5,75

Mp’=11,80

Mqx=1,305 (Q∙1,11+q1∙5,75+q2∙11,80)

Mqx=1,305 (Q∙1,11+q1∙5,75+q2∙11,80)

Mqx=1,305 (75∙1,11+5∙5,75+5∙11,8)=223,16 kN.m


234 UNIUBE

De maneira análoga:

Mqy=1,35 (75∙0,73+5∙0,92+5∙4,54)=107,08 kN.m

Mxd= γ (Mgx+Mqx) = 1,4∙(176,40+223,16)=559,38 kN.m

Myd= γ (Mgy+Mqy)= 1,4∙(88,20+107,08)=273,39 kN.m

O dimensionamento de acordo com o concreto armado C40 utili-


zando kc e ks:

b = 100 cm

d = 40 cm

d’ = 5 cm

Asx = 36,36 cm²/m Φ16 mm c/ 5 cm

Asy = 32,80 cm²/m Φ16 mm c/ 6 cm

Essa armadura será distribuída nas faces superiores e inferiores.


UNIUBE 235

Parada obrigatória
É importante lembrar que, aqui, consideramos os tabu-
leiros entre apoios desconectados, assim, temos lajes
apoiadas nas longarinas sem engastamentos. Um exercí-
cio interessante seria a análise do cálculo dos esforços para lajes
engastadas nas pontas.

8.3 Trem-tipo Ferroviário

No dimensionamento de pontes ferroviárias, existe uma mudança


na característica do tráfego, enquanto em um tabuleiro de tráfego
de veículos, estes podem estar em qualquer posição; nas pontes
ferroviárias, os trens só passam no local onde estão os trilhos. Essa
peculiaridade auxilia bastante no cálculo, uma vez que as cargas
não passeiam no eixo perpendicular à orientação da ponte.

Dessa maneira, a norma NBR 7189 não se utiliza das cargas de


multidão, e sim das cargas de vagões vazios e cheios.

Figura 8.14 – Seção transversal Ponte Ferroviária

Fonte: Elaborada pelo autor.


236 UNIUBE

O trem-tipo ferroviário tem a seguinte diagramação:

Figura 8.15 – Diagrama Trem-tipo Ferroviário

Fonte: Elaborada pelo autor.

Sendo que as cargas e as dimensões tomam os seguintes valores:

Tabela 8.2 – Trem-tipo Ferroviário

q '
TB Q [kN] q [kN/m] a [m] b [m] c [m]
[kN/m]
360 360 120 20 1,0 2,0 2,0
270 270 90 15 1,0 2,0 2,0
240 240 80 15 1,0 2,0 2,0
170 170 25 15 11,0 2,5 5,0

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 237

Cada trem-tipo tem uma aplicação, de acordo com o tipo de trem


que será circulado sobre a ponte.

a. TB-360: para ferrovias sujeitas a transporte de minério de fer-


ro ou outros carregamentos equivalentes.

b. TB-270: para ferrovias sujeitas a transporte de carga geral.

c. TB-240: para ser adotado somente na verificação de estabili-


dade e projeto de reforço de obras existentes.

d. TB-170: para vias sujeitas, exclusivamente, ao transporte de


passageiros em regiões metropolitanas ou suburbanas.

De acordo com o trem-tipo aplicável à ponte, a NBR 7189 solicita


também o cálculo de estabilidade estrutural, com as seguintes for-
ças horizontais aplicadas na seção mais crítica para a estrutura:

Impacto Lateral
TB H [kN]
360 72
270 54
240 48
170 34
238 UNIUBE

Figura 8.16 – Ponte Ferroviária Linha única – Estrada de Ferro Carajás

Fonte: Acervo do autor.

O importante aqui é o(a) aluno(a) entender que cada dimensiona-


mento deve considerar o trem-tipo na posição mais crítica. Caso a
ponte tenha mais de duas linhas férreas, a norma prevê uma re-
dução dos valores de cálculo P de acordo com o número de trens.

Tabela 8.3 – Fator de Redução Combinação Múltipla

n Ρ
3,0 0,7
4,0 0,7
5,0 0,6
Fonte: Elaborada pelo autor.
UNIUBE 239

Dessa maneira, ao se considerar 3 trens-tipo sobre a ponte no mes-


mo momento, tem-se uma redução de 30% dos carregamentos.

A norma também prevê que, caso a ferrovia tenha um trem-tipo es-


pecífico, este deve ser considerado no cálculo, respeitando, como
limite inferior de carregamento, os trens da norma de acordo com
a classe da ferrovia.

Saiba mais
Consulte a NBR 7189 (ABNT, 1985) para estudar mais particulari-
dades do dimensionamento de pontes ferroviárias.
240 UNIUBE

Figura 8.17 – Ponte Ferroviária com Duas Linhas

Fonte: OXYGEN64, 123RF.

Considerações finais
O estudo de obras de arte foi concentrado no estudo de pontes de
concreto. Estas foram definidas de acordo com seu modelo estru-
tural, que é função das dimensões, da disponibilidade de material e
de capacidade de suporte.

Após a definição estrutural das pontes, foram definidos os carrega-


mentos aos quais esses elementos são submetidos de acordo com
UNIUBE 241

o tipo de tráfego e com a via em que serão inseridos. Definidos os


carregamentos, é necessário entender o modelo estrutural como
cada obra de arte funciona e, a partir disso, distribuir os carrega-
mentos previstos pela NBR 7188 ou pela NBR 7189. Após realizar
os carregamentos, é necessária a análise da natureza dinâmica e
variável das cargas; a natureza dinâmica é considerada a partir do
coeficiente de impacto vertical, CIV, enquanto a natureza variável é
realizada mediante as linhas de influência, o trem-tipo equivalente
e a envoltória de esforços.

O CIV é obtido de acordo com os vãos das pontes, esse fator produz
um acréscimo nas solicitações da estrutura devido à grande veloci-
dade em que essa será submetida ao esforço e, então, descarrega-
da (passagem dos veículos sobre o tabuleiro). Essa variação de es-
forços deve ser considerada pela verificação de fadiga da estrutura.

A análise das solicitações estruturais para obras de arte é feita por


meio da elaboração das linhas de influência; estas auxiliam o en-
genheiro a obter as envoltórias de solicitações que são as repre-
sentações da variação dos esforços em cada seção do elemento
estrutural. As envoltórias permitem ao engenheiro dimensionar e
detalhar elementos estruturais submetidos a um intervalo de solici-
tações, e não apenas para uma solicitação única.

Neste capítulo, foi apresentado o dimensionamento das lajes, ele


é dado com a utilização dos gabaritos de “Rüsch”. Esses gabaritos
permitem o dimensionamento muito semelhante ao desenvolvido
em concreto armado. Foram apresentadas, também, as transver-
sinas, que são estruturas muito úteis para o aumento da rigidez e
da estabilidade global da estrutura. É importante informar que o di-
mensionamento de Pontes tem outros aspectos que não puderam
ser extenuados durante esse estudo e cabe ao Engenheiro realizar
242 UNIUBE

as outras verificações (fadiga, aparelhos de apoio, encontros, for-


ças horizontais e pilares).

A fim de oferecer um conhecimento geral, foi apresentado o trem-ti-


po ferroviário. Este é utilizado no dimensionamento de obras de arte
ferroviárias. Existe uma grande vantagem desse modelo, que é sua
linearidade, isto é, ele simula um carregamento distribuído linear, e
não em área, o que facilita o dimensionamento dos elementos estru-
turais. A utilização de carregamento linear é intuitivamente explicada
pelas características das linhas férreas, as composições ferroviárias.

A partir deste estudo, o que se espera é a inspiração e o interes-


se do(a) aluno(a) em obras de arte. Esperamos que a complexidade
dessas estruturas não seja um impedimento, mas sim um desafio que
deve ser superado pela sagacidade e pela inteligência do engenheiro.

Para finalizar, apresentamos, a seguir, a foto de uma ponte que


pode ser chamada, sem medo de errar, de “Obra de Arte”. Ela fica
situada na “Cidade das Artes e Ciências”, em Valência, na Espanha.

Figura 8.18 - Ponte na Cidade das Artes e Ciências - Valência, Espanha

Fonte: ROMAN RODIONOV, 123RF.


Conclusão
Após desenvolver as 8 unidades da disciplina Estruturas Especiais,
deve-se observar que as estruturas especiais envolvem uma ampla
gama de conhecimentos em aplicação no mercado e no dia a dia
do engenheiro civil. Pode-se observar que não é possível esgotar
o conhecimento a respeito, até porque esse é dinâmico e progres-
sivo e assume variabilidade decorrente, dentre outros aspectos,
do lançamento contínuo de novos produtos e equipamentos. Cabe
ao engenheiro, assim, ter conhecimento suficiente para entender
e discernir entre as várias opções disponíveis no mercado, sejam
elas para utilização do concreto protendido ou para projeto, para
definição ou execução de uma obra de arte.

A utilização do concreto protendido deve ser conhecimento básico


do engenheiro, de modo a entender seu emprego para superar vãos
maiores, bem como utilizar concretos de maior resistência. O con-
creto protendido não é uma solução fim, mas sim uma alternativa
das estruturas, que suporta maiores cargas e obtém uma relação
maior entre carregamentos x peso próprio da estrutura. O concre-
to protendido deve ser uma ferramenta do engenheiro, essa ferra-
menta representa para a obra uma nova tecnologia, técnica mais
refinada e maior necessidade de controle de qualidade, mas que
pode, muitas vezes, representar, para determinado projeto, maio-
res rendimentos, menores custos e maior retorno do investimento.

Os tipos de concreto protendido são três principais: concreto pro-


tendido sem aderência, em que as cordoalhas são distribuídas na
armação dos elementos, antes da concretagem, e têm bainhas en-
graxadas para deslize das cordoalhas dentro das peças; concreto
protendido com aderência posterior, em que as peças são concre-
tadas com bainhas por onde serão esticadas as cordoalhas de pro-
tensão que, após o processo de protensão, serão preenchidas
com calda de cimento, tornando o conjunto monolítico; por último,
o concreto protendido com aderência inicial, em que as cordoalhas
são tracionadas antes da concretagem e posicionadas dentro das
formas. Após a concretagem e o endurecimento suficiente do con-
creto, as cordoalhas são liberadas dos pontos de ancoragem e,
assim, submetem as peças à protensão.

Nos estudos de obras de arte, definiu-se que essas são as obras de


estruturas que garantem a continuidade de vias frente a obstáculos
naturais, sejam eles vales, rios, montanhas ou obras antrópicas.
Para vencer vales e cursos de água, são edificados viadutos e pon-
tes. Os tipos de estruturas e de materiais que são empregados nes-
sas obras têm uma variabilidade muito grande, sendo que cabe ao
engenheiro, por meio de sua experiência e observação, optar por
modelos que favorecerão o projeto em sua exequibilidade e custos.

Após o estudo de modelo estrutural, o engenheiro realizará o cálculo


estrutural, devendo ter em mente a grande diferença desse tipo de
estruturas para as obras prediais, que é o caráter dinâmico e variá-
vel das cargas. Esse caráter dinâmico atribui ao processo de cálculo
dois novos conceitos, o trem-tipo e a envoltória de esforços. A possi-
bilidade dos carregamentos estarem em qualquer posição do tabu-
leiro da ponte gera um volume de cálculo muito grande; esse volume
é contornado por meio das linhas de influência e da análise das
envoltórias. A verificação estrutural das pontes deve levar em conta,
também, a fadiga das estruturas, a estabilidade global da ponte e a
presença de esforços de empuxo de água ou de arrimos de terra.

Esperamos que esses conhecimentos possam servir ao engenheiro


como ferramentas para exercer sua profissão, para engenhar soluções,
com ética e criatividade, para encontrar soluções técnicas de baixo
custo, com segurança, e que respeite tanto as normas quanto as leis
que regem sua profissão, que é técnica e de grande responsabilidade.
Referências

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7189: Cargas móveis


para projeto estrutural de obras ferroviárias. Rio de Janeiro, 1985.

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7188: Carga móvel


rodoviária e de pedestres em pontes, viadutos, passarelas e outras estruturas.
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UNIUBE 247

Anotações
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