AgR ARE 883073 DF- Primeira Turma , Rel. Roberto Barroso, j. 15.12.2016. Este
recurso discute matéria de direito tributário. Trata a respeito da possibilidade de
equiparar o estabelecimento comercial a industrial para fins de incidência de impostos
sobre produtos importados. Foi negado provimento ao recurso pois se entendeu que não
há fundamento constitucional para a incidência de imposto sobre produto
industrializado importado na saída do estabelecimento importador. Aqui o
estabelecimento importador tem a ideia de estabelecimento comercial que é
juridicamente diferente do estabelecimento industrial e por isso não tem como aplicar
normas de um a outro. Essa decisão revela a diferença da natureza jurídica destas duas
figuras.
TST- AIRR 10589420125030103- Sexta Turma, Rel. Aloysio Corrêa da Veiga, j.
05.02.2014. Trata-se de um recurso oriundo da justiça do trabalho. Discute o vínculo
empregatício de faxineira que estabelecimento comercial que prestava serviços
periodicamente neste. Aqui novamente o estabelecimento comercial fica evidenciado
como o local físico no qual a faxineira desempenhava sua função regularmente.
A universalidade de fato pode ser conceituada como uma pluralidade de bens singulares
que se mantém unidos na medida em que são destinados a uma mesma finalidade, por
vontade e determinação do proprietário. Dentre os comercialistas, a corrente majoritária
compreende o estabelecimento como uma universalidade de fato, uma vez que se trata
de um conjunto de bens cuja finalidade é pautada por uma única pessoa (seja natural ou
jurídica).
É possível afirmar que a teoria da universalidade do fato, além de ser a mais aceita do
ponto de vista doutrinário, é adotada na legislação brasileira, na medida em que o art.
1.143 do CC que permite que o estabelecimento seja objeto unitário de direitos e
negócios jurídicos, desde que compatíveis com sua natureza.
quarta, o aviamento é resultante dos fatores do estabelecimento. Formatted: Font: (Default) Times New Roman, 12 pt,
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A primeira corrente supracitada mostrou-se forte dentre os doutrinadores franceses
(Lyon Caen e Renault, Gombeaux e Thaller), mas contou com outros adeptos tal como Formatted: Font: (Default) Times New Roman, 12 pt,
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o eminente jurista italiano Carnelutti. Essa corrente argumentava que o aviamento era , Pattern: Clear
um elemento acessório dos demais do estabelecimento, seria assim um bem incorpóreo Formatted: Font: (Default) Times New Roman, 12 pt,
que integra o fundo de comércio. No entanto, tal tese é paradoxal na medida em que os Portuguese (Brazil), Not Expanded by / Condensed by
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bens integrantes do estabelecimento não devem perder sua individualidade ao serem
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avaliados como um todo. Entretanto, o aviamento deixa de existir com a Portuguese (Brazil), Not Expanded by / Condensed by
individualização dos elementos do fundo de comércio, a conclusão que pode ser tirada , Pattern: Clear
disso é a de que o aviamento por si só não apresenta valor, ele se encontra no sobre Formatted: Font: (Default) Times New Roman, 12 pt,
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valor do agregado. , Pattern: Clear
A tese que mais prospera é a do aviamento como atributo do estabelecimento, nesse Formatted: Font: (Default) Times New Roman, 12 pt,
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sentido, cabe o pensamento de Ricardo Negrão, que enxergava o aviamento como , Pattern: Clear
produto de um amplo conjunto de fatores tanto de ordem material quanto imaterial, que Formatted: Font: (Default) Times New Roman, 12 pt,
confeririam ao estabelecimento empresarial aptidão de gerar lucros. Portuguese (Brazil), Not Expanded by / Condensed by
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Uma maneira de estimar o valor do aviamento é subtraindo o valor do estabelecimento
depois de aviado do não aviado. Nesse caso, o estabelecimento aviado não é meramente
a soma dos elementos individuais, aqui a união de fatores produtivos gera um resultado
agregado maior em razão da organização, sinergias e atributos pessoais do comerciante,
que influem no processo produtivo. Nesse sentido, o aviamento corresponde a um valor
que se soma ao valor intrínseco à soma das coisas individuais. Essa soma ocorre porque
os elementos são organizados, aptos a produzir riquezas
A noção de aviamento está ligada à de clientela, esta última pode ser definida como
conjunto de pessoas que mantêm com o estabelecimento relações continuadas de
procura de bens e de serviços. Através desta definição, percebe-se que a clientela é uma
das manifestações externas do aviamento, mas não a única, o aviamento é resultado de
uma fusão de diversos elementos, além da clientela, entram nessa conta, o nome
comercial, a boa localização, o pessoal devidamente treinado para atender ao público, a
qualidade da mercadoria etc. Assim sendo, por mais que a ideia de clientela traga
consigo a potencialidade de auferir lucros, a relação é dinâmica, um melhor aviamento
contribui para o aumento da clientela, enquanto que a clientela influi para conservar ou
acrescer o aviamento.
STJ - AREsp 972290 – Relator: Ministro Marco Aurélio Bellizze - No caso em questão,
o estabelecimento foi adquirido por Walter José de Noronha Filho em 10 de agosto de
2004 antes do término da vigência em 31 de março de 2005 (cláusula sexta que prevê o
prazo contratual de 60 meses). Mas o inadimplemento (não repasse à CEMIG
DISTRIBUIÇÃO S/A dos valores arrecadados pelo agente arrecadador) se deu em 19
de novembro de 2003 a 18 de dezembro de 2003, antes da venda do estabelecimento,
conforme noticia a inicial da execução. Nos autos, não há prova de que a suposta dívida
tenha sido contabilizada, nos exatos termos do art. 1.146 do Código Civil de 2002,
atribuindo-se ao adquirente, a responsabilidade pelo pagamento dos débitos anteriores à
transferência.
STJ – AREsp 535100 – Relator: Ministro Marco Buzzi -os autores (adquirentes)
ajuizaram a presente ação de cobrança em face do réu (alienante), pois foram
condenados pela Justiça do Trabalho a pagar a um ex-empregado do estabelecimento a
quantia de R$ 6.248,21, a título de débitos trabalhistas. Especificamente quanto aos
débitos trabalhistas, por força do disposto no parágrafo segundo da cláusula terceira do
contrato, foram os mesmos computados para fins de compensação com valores que
seriam devidos pela aquisição de estoque de combustíveis, óleos e outros produtos.
Apenas as dívidas trabalhistas conhecidas à época da imissão na posse do
estabelecimento pelos adquirentes foram consideradas na compensação efetuada. Se
débitos trabalhistas do estabelecimento vieram à lume apenas depois do trespasse, tal
como parece ser o caso dos autos, deve o alienante do estabelecimento responder pelos
mesmos, por força de previsão contratual expressa nesse sentido.
c) a cessão do estabelecimento corresponde à cessão/venda/transferência da
totalidade das quotas, ações da sociedade para terceiro (s)? Por que? Efeitos da
resposta?