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CURIOSIDADES SOBRE DOM PEDRO

II
• Conta-se que quando seu pai abdicou ao trono Pedro estava a alguns
quilômetros de distância do Rio de Janeiro, Bonifácio foi ao seu encontro e
anunciou solenemente que já faziam algumas horas ele passara a ser sua
majestade o Imperador do Brasil. No trajeto de volta ao Rio, começou a
chover, Pedro, uma criança, correu até um casebre em busca de abrigo,
bateu à porta e uma velhinha gritou de dentro da casa:
- Quem está aí?
- Abra logo vovó, eu sou Pedro, João, Carlos, Leopoldo, Salvador, Bibiano,
Francisco, Xavier, de Paula, Leocádio, Miguel, Gabriel, Rafael, Gonzaga, de
Alcântara!
- Cruuuuzes! Como é que eu vou arranjar lugar aqui para tanta gente?!

• Se eu não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão


maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os
homens do futuro".

• Preocupados com a taciturnidade e imaturidade do Imperador, os áulicos


acreditavam que um casamento poderia melhorar o seu comportamento e
sua personalidade. O governo do Reino das Duas Sicílias ofereceu a mão da
Princesa Teresa Cristina. Um retrato foi enviado e este revelava uma jovem
e bela mulher, o que levou Pedro II a aceitar a proposta.
Eles foram casados por procuração em Nápoles em 30 de maio de 1843. A
nova Imperatriz do Brasil desembarcou no Rio de Janeiro em 3 de setembro
de 1843. Ao vê-la pessoalmente o Imperador aparentou estar claramente
decepcionado. A pintura que havia recebido era claramente uma
idealização; a Teresa Cristina real era baixa, um pouco acima do peso, coxa
e apesar de não ser feia, também não era bonita. Além disso quase 4 anos
mais velha que ele. Ele fez pouco para esconder sua desilusão. Um
observador afirmou que ele deu às costas a Teresa Cristina, outro disse que
ele estava tão chocado que precisou sentar, e é possível que ambos tenham
ocorrido. Naquela noite Pedro II chorou e reclamou para Mariana de Verna,
"Eles me enganaram, Dadama!" . Foram necessárias horas para convencê-
lo de que o dever exigia que ele seguisse em frente com o matrimônio.
Teria dito a condessa ao imperador: “Cumpra seu dever, meu filho”. Seu
mordomo Paulo Barbosa da Silva teria dito: “Lembre-se da dignidade de seu
cargo”.
Uma celebração nupcial, com a ratificação dos votos tomados por
procuração e o conferimento de uma benção nupcial, ocorreu no dia
seguinte, 4 de setembro.

• As filhas de Dom Pedro, Isabel e Leopoldina, tiveram como professora a


Condessa de Barral (Luisa Margarida Portugal de Barros), que muitos
pesquisadores consideram o grande e verdadeiro amor do imperador. Além
de cartas de amor com referências a “noites especialíssimas” os dois
trocavam seus diários entre si. Infelizmente só sobraram os textos escritos
pelo imperador, os da condessa desapareceram e admite-se a hipótese de
terem sido queimados por Dom Pedro. Nunca houve identificação intelectual
entre o imperador e a imperatriz, já com a Condessa de Barral era
diferente, ambos eram amantes das artes e letras, algumas vezes Pedro
escrevia a ela em francês e a condessa fazia correções nos textos do
imperador. Registrando em seu diário, a primeira vez em que viu a
condessa, e se referindo a forma como ela fez a reverência a frente dele,
Pedro diz: “…ela fez a reverência de forma soberanamente submissa…
transformava a reverência em obra de arte”.

• Das inúmera viagens por todo o território nacional que o imperador fez, a
propósito de suas posições sobre a escravidão, registro aqui a seguinte
passagem:
Numa viagem ao interior de Minas Gerais, o Imperador observou, no meio
da multidão que o cercava, uma negra que fazia grande esforço para se
aproximar dele, mas as pessoas à sua volta não deixavam. Compadecido,
ordenou que a deixassem passar.
- Meu senhor, meu nome é Eva, uma escrava fugida, e vim aqui pedir a
Vossa Majestade a minha liberdade.
O Imperador mandou tomar nota dos dados necessários, e prometeu que a
libertaria quando regressasse a corte. E realmente mandou entregar à
negra o documento de alforria.
Algum tempo depois, estando em uma das janelas do Palácio de São
Cristóvão, viu um guarda tentando impedir que uma negra idosa entrasse.
Sua memória incrível reconheceu imediatamente a ex-escrava mineira, e
ordenou:
- Entre aqui, Eva!
A negra seguiu, entrou, e entregou ao imperador um saco de abacaxis,
colhidos na roça que plantara depois de liberta.

• Entre os anos de 1859 e 1860, faz uma viagem antológica pelo nordeste
brasileiro incluindo o Rio São Francisco. Atravessou grande parte do
território nacional, do Rio de Janeiro à Paraíba, muitas vezes montado em
lombo de burro ou a bordo embarcações rudimentares e frágeis. Quando
passou pela Bahia, escreveu em seu diário: “Na Fazenda dos Olhos D’agua
fiquei mal acomodado na senzala – nome que convém à casa que aí há –
mas sempre arranjei cama em lugar de rede e dormiria bem, apesar das
pulgas, cujas mordeduras só senti outro dia de manhã, se não fosse o calor,
e a falta de água que é péssima aí, tardando a de Vichy, que vinha na
bagagem pela falta de condução.”

• Em 1870, surgiu o Partido Republicano, o Marques de São Vicente (José


Antônio Pimenta Bueno) presidia o Conselho de Ministros, comentou com o
imperador, não achar adequado que republicanos ocupassem cargos
públicos Dom Pedro II falou ao ministro: “O país que se governe como
entender e dê razão a quem tiver”. E, como Pimenta Bueno insistiu,
encerrou a questão com a seguinte frase: “Ora, se os brasileiros não me
quiserem como imperador, irei ser professor”.

• A 12 de junho de 1871, quando desembarcou em Lisboa, ocorreu o


seguinte episódio, havia a necessidade de quarentena para todos os
viajantes provenientes das Américas, ele foi informado que essa medida
não se aplicava a ele, então teria dito: Porque não? a ordem não é para
todos? E assim ele ficou sob quarentena como todos os demais passageiros.
• Em 1876 fez a sua segunda e mais longa das viagens ao exterior, durou
18 meses. Estados Unidos, Rússia, Criméia, Constantinopla e Atenas.
Visitou também o Líbano, Síria e Palestina, a bordo do navio de bandeira
brasileira “Aquiíla Imperial“; mesmo estando com uma comitiva de cerca de
200 pessoas, não foi gasto um centavo do dinheiro público.

• Em maio de 1876 Dom Pedro compareceu a Exposição Internacional


Comemorativa ao Centenário da Independência dos Estados Unidos na
Filadélfia (EUA), comprou passagem em navio de linha regular, como
sempre fazia quando viajava; recusava o cruzador como escolta que o
Parlamento lhe oferecia, e viajava em navio de passageiros. Quando o navio
se aproximou das águas territoriais norte-americanas, uma esquadra
americana o esperava, para escoltá-lo até o porto. O presidente americano
Ulisses Grant fez questão de que o Imperador brasileiro cortasse junto com
ele a fita de abertura, inaugurando a exposição.

• Visitando a exposição foi até a mesa onde estava o professor Graham Bell
e seu invento, uma coisa chamada telefone. Dom Pedro II começou a fazer
perguntas sobre a novidade, assim ele conseguiu despertar interesse e
aceitação dos juizes do concurso de invenções da exposição para o
aparelho. (não é claro, mas parece que Dom Pedro era um dos juizes). Ele
já conhecia o professor, tendo assistido uma palestra sobre surdos-mudos
ministrada por Graham Bell. Os juízes da exposição (que ao final auferiam
prêmios aos vencedores), começaram a se interessar.

O telefone foi examinado. Graham Bell estendeu um fio de um lado a outro


da sala, e colocou Dom Pedro na extremidade onde ficava a parte receptora
do aparelho e dirigiu-se ao transmissor, após um momento de total silêncio
o Imperador do Brasil que tinha o receptor ao ouvido exclamou de repente:
- Meu Deus, isto fala!
Ficou fascinado e encomendou alguns aparelhos para poder se comunicar
entre as suas residências.
(A propósito do invento do telefone leia > Um invento, duas histórias
(http://goo.gl/qs4MV)

• Não era previsto no protocolo que os guardas seriam alimentados pela


cozinha do palácio, acontece que o Imperador desconhecia este fato. Certo
dia, um soldado da guarda estava com fome e resolveu arranjar alguma
coisa para comer. Foi aos fundos do palácio e entrou na sala de jantar.
Pegou umas bananas, e quando ia apanhar também uma garrafa de vinho
deu de cara com o Imperador. Colocou sobre a mesa as bananas, fez
continência e disse:
- Vossa Majestade me perdoe. Estava com fome, vi estas bananas e não me
contive.
- Por que não esperou o jantar, seu guarda?
- Saiba Vossa Majestade que aqui não nos fornecem jantar, e os que não
têm dinheiro para comprar alguma coisa passam fome.
O Imperador ficou consternado mas nada disse. Pouco depois veio o jantar
do palácio para os guardas, e daí em diante nunca mais isto se repetiu.
[Passou a ser parte do protocolo a alimentação para os guardas]
• O Brasil deve a introdução da fotografia, em 1840, à figura de D. Pedro II
que trouxe da França uma máquina de daguerreotipia. A fotografia viria
ocupar o espaço, em jornais e revistas, até então ocupado pela litogravura
(pedra)

• Em sua última viagem como imperador (1887), com muitos problemas de


saúde, partiu para a França, Alemanha e Itália. Em Milão, foi acometido de
uma pleurite (inflamação da pleura, tecido que envolve os pulmões) é
levado para Aix-les-Bains, onde permaneceu em tratamento. Antes de
poder voltar ao Brasil, na sua ausência, a Princesa Isabel assinou a Lei
Áurea que acabou com a escravidão no Brasil a 13 de maio de 1888; a
princesa contava com 42 anos de idade.
No dia 13 de maio de 1888 ao ouvir a notícia da assinatura da Lei Áurea,
Dom Pedro II enviou um telegrama a filha:
“Abraço a Redentora. Seu pai, Pedro“.
José do Patrocínio, orador popular da libertação, escreveu em seu livro: “Os
reis criam princesas. O imperador criou uma mulher”.

• A Família Imperial exilada chegava a Lisboa. Antes de desembarcar, o


Imperador quis despedir-se de todos os oficiais de bordo, entregando uma
lembrança pessoal aos três oficiais mais graduados, o resto da tripulação,
presenteou com uma quantia em dinheiro, tendo tido o cuidado de mandar
organizar uma lista com os nomes de todos os marinheiros e empregados
de bordo. Como sempre, nenhum detalhe escapou:
– Falta o homem que trata dos bois. Não o esqueça.

• D. Pedro a caminho do exílio levara em sua bagagem, um travesseiro com


terra brasileira, para que este no caixão lhe servisse como repouso a sua
velha cabeça. E sua vontade foi devidamente cumprida.

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