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Agora, temos que pensar em farmacodinâmica. Quando falo em farmacodinâmica, já vi todo o trajeto que meu fármaco
faz pelo meu corpo (chega no sangue, vai para os tecidos, vai pro fígado ou para outros órgãos que também tem um
importante efeito de metabolização, daí posso ir para rim e para outros locais onde o fármaco vai ser eliminado.)
Obs: Não só o fígado, mas os pulmões também tem grande efeito de primeira passagem também.
Até agora só vimos ação (ele chegou ao local -> distribuição), mas não vi o efeito do fármaco. E é na
farmacodinâmica que veremos qual é o efeito que o fármaco tem sobre o organismo humano.
O objetivo único da farmacodinâmica é: o fármaco chegou ao seu local de ação -> E qual é o efeito
farmacológico? Efeito indesejado? Toxicidade do efeito clínico do meu fármaco? (*É ISSO QUE EU QUERO*)
O fármaco, basicamente, só interage com esses 4 tipos de moléculas. Então, o mecanismo de ação vai envolver
a interação do meu fármaco com esses 4 componentes aqui:
Receptores
Canais iônicos
Enzimas
Proteínas transportadoras
Vamos destrinchar cada um desses componentes, como o fármaco vai
interagir com eles e qual é o efeito farmacológico que vamos observar.
Receptores
Obs: Quando estou falando em receptor, não é um tipo só de receptor que o
fármaco interage.
Pode agir em um: (*vou dar exemplo de fármaco de cada um*)
o Receptor acoplado ao canal iônico
o Receptor acoplado a uma proteína G -> hormônio glucagon
o Receptor acoplado a uma atividade de tirosina quinase -> hormônio
insulina
o Receptores nucleares -> anticoncepcional
Qualquer que seja o receptor, a minha droga tem que interagir com esse
receptor, e se ela interage com esse receptor, ela pode ser:
o Agonista
o Antagonista
(*Aí que fica complicado, é que o que percebo, normalmente, é que vocês não
sabem definir antagonismo nem agonismo. Geralmente, a definição que vocês
tem de antagonismo é que ele se liga ao receptor e bloqueia a ação do receptor, isso está completamente errado.*) aí,
sempre que eu usar a palavra “agonismo e antagonismo” SÓ PODE SER UMA molécula que atue em receptor
EXCLUSIVAMENTE. Se eu falo “eu tomo uma droga antagonista de AT2 (recep. de angiotensina)”, aí você vai falar de
“antagonista de At2, AT2 só pode ser um receptor, porque se eu falo antagonista é diferente de falar “eu tomo um
Caroline Freitas – Turma 91
IECA””. Se é inibidor, só pode atuar sobre a atividade de uma enzima. JAMAIS em um receptor. Se eu falo em inibidor,
NÃO PODE SER em um receptor, só enzima. Se eu falo em antagonista e agonista SÓ PODE SER receptor.
Então, qual seria o nome do cara que só estabiliza o meu receptor na forma inativa? Ele seria antagonista? NÃO! Ele
tem outro nome que é científico/farmacêutico: agonista inverso. E aí, existe toda uma discussão que o lorsatana não é
um antagonista de receptor de angiotensina, ele funcionaria como agonista inverso. Isso vocês não irão saber, quem
sabe são os pesquisadores que trabalham no dia a dia e através disso vão lhe dizer.
Como vou diferenciar um antagonista de um agonista inverso? Não vai! Só vai saber por definição:
Antagonista estabiliza tanto a forma ativa quanto a inativa / Agonista inverso não tem efeito, eu tenho efeito oposto,
esse só estabilizaria a forma inativa. E o agonista estabiliza a forma ativa.
Então, se vocês forem espertos (eu sei que são), se eu pedir em uma avaliação: Defina o que é antagonista, agonista
inverso e agonista. Vocês vão ficar escrevendo um monte de baboseira? Não! Vocês vão escrever a reação falando do
receptor: O receptor é mais agonista -> complexo ativado -> resposta. O receptor tem a forma ativa e a forma inativa. O
agonista ele estabiliza os receptor na sua forma ativa e por isso tenho a minha resposta máxima. E se for um agonista
parcial, ele estabiliza a maior parte dos receptores na forma ativa, mas tenho uma merreca na forma inativa, por isso o
meu efeito é um pouco menor. O antagonista estabiliza as duas formas e por isso não tenho efeito farmacológico. E o
meu agonista inverso estabiliza a forma inativa.
Ainda aparece:
Antagonista competitivo
Não-competitivo ou alostérico
Quem são esses caras?
O antagonista competitivo compete com o agonista pelo local de ligação ao receptor. Como que sei que é um
agonista competitivo? (podemos fazer a mesma analogia com inibição competitiva) Se eu aumentar a quantidade de
agonista, eu consigo deslocar o meu antagonista competitivo. Mostrando que eles competem pelo menos local de
ligação ao receptor.
Antagonista não competitivo ou alostérico: é fácil. “Alos” significa outro. Então, o não-competitivo/alostérico o que eu
tenho é que ele vai se ligar em outro local do receptor que não o local onde o agonista se encaixa e quando ele se liga
Caroline Freitas – Turma 91
ou interage nesse local, ele gera uma alteração conformacional nesse receptor que dificulta a interação do agonista ao
receptor. E por isso, percebemos a diminuição da eficácia.
E como diferencio o antagonista não competitivo ou alostérico de um competitivo? Pelo fato que se eu colocar uma
quantidade aumentada de agonista no meio e se eu não desfizer aquele antagonismo, significa que eu estou diante de
um antagonismo não competitivo. O antagonismo não competitivo não compete pelo mesmo local onde o agonista se
liga. Porque ele diminui o efeito? Porque ele altera a conformação do receptor dificulta a entrada do agonista, então o
efeito é reduzido.
Obs: Não competitivo é um tipo de antagonismo alostérico.
Definições importantes:
Afinidade: “rolou uma química” -> ligação, configuração | Agonista sente a necessidade de ser traído pelo
receptor, isso só acontece se ambos tiverem afinidade.
Atividade intrínseca: resultado da afinidade. A ligação de uma droga ou de uma molécula ao receptor, ela vai
gerar uma determinada atividade que pode ser positiva ou nula. Eu tenho alguma atividade intrínseca de um
agonista inverso? Eu gero algum efeito? Sim, só que um efeito contrário. E do antagonista? Eu tenho atividade
intrínseca? Não, porque de uma certa forma estou anulando, então não observo.
Eficácia: propriedade intrínseca de um fármaco que determina a “qualidade” com a qual ele funciona como
agonista; EFEITO. Posso substituir por “capacidade”. Você é capaz = Você é eficaz. Avalia também a qualidade
que você está desenvolvendo aquele trabalho. Eficácia = resultado. Resultado maior -> maior eficácia
Potência: afinidade, resposta e concentração. É o parâmetro comparativo. Ele não pode ser identificado
pontualmente. Por exemplo: potência anestésica. Anestésico 1: leva ao estado de narcose muito mais rápido e
em dose menor do que o anestésico 2 em uma maior concentração. Logo, anestésico 1 é mais potente.
Eficácia é diferente de potência. Eficácia eu substituo por ‘resultado’. Ex: os dois anestésicos são eficazes (pois
geram a narcose), mas o 1 é mais potente.
[36 min] *Deu exemplo dos medicamentos que ela tomou para emagrecer*
[36min30s]
E aí nessa brincadeira de interação-droga-receptor, eu posso ter alguns fenômenos acontecendo:
Obs: Repare que são condições crescentes
*Deu um exemplo da vida dela* -> Academia c/ personal. Estava na academia e comecei a sentir umas coisas estranhas.
Tava em casa e fui medi minha P.A (170x110 mmHg). Tinha parado de fumar, tinha começado academia, parado de
beber. P.A alta?? Fui ao cardiologista e ele me perguntou se estava estressada, comecei a tomar antidepressivo e
clonazepam (Rivotril). Comecei no Rivotril e tomei segunda feira. Eu praticamente morri, dormi muito (a meia-vida 48h).
Vim à terê quase dormindo no volante. Sai da atividade física e continuei tomando o remédio. Percebi que à medida
que eu continuei a tomar o clonazepam, eu dormia na mesma dosagem só que eu, as vezes, de noite, acordava para ir
ao banheiro. Como assim? Tô acordando para ir ao banheiro? Desse acordar, passou para 2 acordadas para ir ao
banheiro. Eu estava iniciando um processo de taquifilaxia. Aí eu tomei dois, voltei a dormir igual um bebê. Aquilo foi
começando a me acordar para fazer xixi. É por isso que essas drogas são tarja preta. O organismo passa a encarar
aquela droga como self (faz parte da sua vida). O que acontece? Quando eu comecei a tomar uma dose baixa que eu
nunca tinha sido apresentada, eu dormi a noite inteira. À medida que meu organismo reconheceu a droga como “dele”,
ele ficou “vem, neném!!” -> dependência química. E meu organismo foi se habituando com a presença daquela droga e
fui solicitando uma dosagem maior para que eu tivesse a MESMA eficácia (resultado). O efeito eu tinha > eu dormia.
Mas a eficácia foi ficando reduzida > fui ficando em um processo de taquifilaxia. O que eu percebi quando comecei a
trabalhar em um hospital psiquiátrico foi que lá, eles tomavam 6mg/dia de clonazepam que é a dose máxima. Vocês
Caroline Freitas – Turma 91
pensam que eles ficavam chapados? Nada, andavam retinho no pátio. Porque eles já haviam atingido um quadro de
tolerância há muito tempo e já eram refratários – já não respondiam mais ao rivotril ou qualquer ansiolítico.
Aí eu pergunto então: Pessoas que fazem uso durante mais de 4 meses de benzodiazepínico ainda estão se
beneficiando do efeito da droga? Não.
Taquifilaxia: A gente começa a perceber a perda da eficácia com poucas semanas. Aí depois, essa perda da eficácia
aumenta em tempo. A taquifilaxia para chegar à tolerância é o tempo. Eu já não respondo mais até que eu perco
totalmente a resposta -> estou refratária.
Se ficar um tempo sem tomar a droga, dependendo da droga/tempo, eu posso melhorar isso.
Obs: Diminui-se a eficácia da droga com esses fenômenos. A potência é comparativa, não posso dizer que ela diminuiu
se eu não comparei.
Na realidade, o ansiolítico serve para quadro agudo. Quando se tem depressão, prescrevo ansiolítico junto com
antidepressivo e depois eu desmamo o ansiolítico. O antidepressivo precisa de 3-4 semanas para fazer efeito, ai nesse
tempo eu faço o ansiolítico.
Obs: Se diz “sou refratária à droga x”, pois quem é “resistente” é bactéria e vírus. É por isso que todo antibiótico só
pode ser vendido por receita.
Porque ficamos nessa condição de refratariedade? Vocês viram isso no 4º período, a intolerância à glicose/resistência
insulínica. O termo é até errado, tinha que ser uma refratariedade insulínica. Porque resistência não existe. O que era
isso? De tanto que o receptor de insulina foi bombardeado por esse hormônio, porque se comeu muito e teve uma
liberação maciça de insulina durante vários horários no dia, o receptor chega a uma momento que simplesmente se
internaliza. Então, todos esses efeitos de taquifilaxia, tolerância e refratariedade pode ser:
Pela internalização dos receptores
Pela perda desses receptores (por exemplo: um erro grotesco. Pessoas que tem tireoidite -> inflamação na tireoide. E aí,
se estão com um processo inflamatório lá, começam a ter baixa dos hormônios tireoidianos. Aí o médico acha que está
com hipotireoidismo e começa a oferecer para essa pessoa levotiroxina, ai sim ele vai induzir um quadro de
hipotireoidismo que é irreversível).
Todos os efeitos que explicam essa refratariedade eu já mostrei para vocês na outra aula, que era a exclusão pela PGP.
Então não vou voltar, pois já mostrei.
Drogas que atuam inibindo atividade de enzima: o mais vagabundo é o captopril que inibe a ECA.
Drogas que atuam em moléculas transportadoras: Omeoprazol -> atua na bomba de prótons. Vai bloquear as bombas
e por isso o transporte fica reduzido.
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Nossa próxima instrutoria é farmacocinética clínica, essa sim são termos que vocês não viram. Então, abram a mente e
o coração.
Ver e-mail da turma -> Slide da aula (AULA 2)
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