DAMACENO, Bruno
Bacharel em Design, Departamento de Design da UFPR
BATTAIOLA, André Luiz
Doutor, Professor do Departamento de Design da UFPR
Resumo: Com base no impacto social das TVs universitárias e em suas características, este artigo discute a identidade visual
deste tipo de televisão e discute uma alternativa para o projeto de identidade visual da televisão universitária da
Universidade Federal do Paraná.
Abstract: Based on the social impact of a University TV and in its characteristics, this paper analyzes the visual identity of
this kind of television and discusses an alternative for the Paraná Federal University TV visual identity project.
A Logomarca de uma TV
A função primordial de uma logomarca de uma TV é tentar sintetizar em poucos elementos características que
reflitam a filosofia da emissora, transpassando para o receptor final um resumo de suas intenções. Conceber a
logomarca para uma emissora de televisão significa estar atento à evolução tecnológica que este meio tem
passado e tentar compreender como cada passo dessa evolução irá alterar as características da logomarca, afim
de torná-la mais integrada ao meio por um prazo de tempo maior (CARTER, 2001), (PIGNATARI,1984).
No decorrer da história da televisão, os avanços na tecnologia e nos processos de comunicação levaram muitas
emissoras a remodelarem ou até mesmo mudarem completamente suas logomarcas, conforme pode ser
observado nas figuras 1, 2, e 3. Analisando a evolução das logomarcas de três das principais emissoras
comerciais do país pode se notar que passaram por processos semelhantes de adaptação. Por estarem
direcionadas para o mesmo público, essas emissoras acabaram por seguir tendências estéticas muito parecidas,
ditando por vezes a linguagem visual utilizada durante anos pela maioria das emissoras. A mudança na
linguagem gráfica da TV Bandeirantes em 2003, com a utilização de cores fortes e chapadas, indica uma
tentativa de fugir dessa linguagem estratificada e definir melhor seu público alvo.
Ao contrário das televisões comerciais, as TVs Universitárias e Educativas não apresentam uma concordância
gráfica visível. Este fato se deve essencialmente a forma improvisada como a maioria destas TVs nasceu e
também pela dificuldade, já comentada, de se definir conceitualmente esse tipo de televisão. A figura 4 apresenta
algumas logomarcas de TVs Educativas e Universitárias.
As Vinhetas
A vinheta surge nos livros manuscritos do século XV, origina-se da palavra vinha que faz referência às folhas e
aos cachos de uvas que lustravam os livros daquela época. Mais tarde, essa designação foi generalizada para o
grafismo utilizado no design gráfico da publicidade, da imprensa, da tv e das mídias interativas, que o chamam
de splash, um efeito criado para determinada função e que busca fazer com que o telespectador memorize uma
mensagem rapidamente (AZNAR, 1997).
Mesmo nos primórdios da televisão, quando os recursos tecnológicos e audiovisuais eram bastante limitados, as
vinhetas já tinham um papel importante dentro da programação da TV. Naquele tempo não se contava com a
tecnologia do video-tape (gravação de cenas para posterior apresentação), sendo toda a transmissão feita ao vivo.
Assim, era grande o tempo dos intervalos para mudanças no cenário, manutenção de equipamentos e outros
problemas que não podiam ser resolvidos em frente às câmeras. Isto ocasionava longos intervalos sem a
apresentação de nada significativo ao telespectador.
No caso da primeira emissora de TV brasileira, a TV TUPI (canal 13), aparecia o logotipo da emissora, um índio
com expressão severa, segurando uma pala e um arco, no início da programação e nos intervalos. A demora que
cada intervalo levava e a monotonia de assistir uma imagem estática por tanto tempo fizeram com que as pessoas
na época passassem a usar a expressão “mais chato que o índio da tv” ao se referirem a algo extremamente
chato. Mario Fanucchi (FANUCCHI, M. 1996) expõe bem este problema: “O longo intervalo entre os
programas era, naturalmente, necessário para permitir mudanças no estúdio, tais como fixar novos elementos
cenográficos, reformular a iluminação, remajar as câmeras e o boom - enfim, efetuar todas as manobras
exigidas para entrar com outro programa. Esse, porém, era um problema interno da televisão, com muita
justiça ignorado pelo telespectador. Suas queixas contra esse primeiro “grande defeito” da televisão pediam
uma solução urgente. Pensando nisso, no momento em que o Gray-Tellop ficou pronto para ser usado, de modo
que já não era preciso utilizar as câmeras para transmitir letreiros e vinhetas, passou-se a dinamizar, na
medida do possível, o interprograma, com introdução de novos elementos visuais e sonoros”. A figura 5
apresenta algumas das vinhetas criadas por Mario Fanucchi para a TV TUPI na década de 50.
Nos primórdios da televisão, a vinheta tinha um papel mais de entreter e de quebrar a monotonia do que
comunicar algo. Hoje em dia as vinhetas ocupam papel de destaque dentro da programação de uma TV. Além de
entreter, elas, em vários momentos, cumprem a função de informar e tornar o processo de comunicação mais
ágil. As vinhetas incorporaram ao longo dos anos os avanços tecnológicos a sua estética. Atualmente, variadas
técnicas de edição de vídeo, de áudio e de modelagem 3D são utilizados em sua produção.
Alguns tipos de vinhetas encontradas atualmente (ARTENATV): Abertura de Programação, Resumo da
Programação, Destaques da Programação, Top de Cinco Segundos, de Inter-programa, de Identificação da
Emissora, de Domínio Web, de Contagem Regressiva, de Abertura de Programa, de Ida e Volta para o Intervalo,
de Estamos Apresentando, de Você está Assistindo, de Vai Assistir Depois, de Oferecimento e Patrocínio,
Comemorativa, de Utilidade Pública e Serviços, de Plantão e de Encerramento da Programação. As figuras 6, 7,
8 e 9 apresentam alguns exemplos das vinhetas mencionadas.
No contexto deste trabalho serão consideradas apenas as seguintes vinhetas:
Vinheta de Identificação da Emissora: tem a finalidade de fazer uma conexão entre um programa e outro ou
entre momentos dentro da programação. Apresenta duração bastante curta, entre 2 e 5 segundos, e costuma ser
inserida várias vezes durante a programação.
Vinheta de Destaque da Programação: serve para informar o telespectador sobre o assunto que determinado
programa irá tratar, além de mostrar a data e o horário que será vinculado. Geralmente, a essa vinheta é acoplado
um resumo narrado do programa para expor uma melhor idéia do seu conteúdo. A narração é um fator de grande
importância nesse tipo de vinheta, principalmente quando se está atrelado a uma televisão de âmbito
educacional, pois é suposto que uma parcela dos telespectadores pode apresentar algum tipo de problema visual
ou ser analfabeta.
Vinheta Conceitual: geralmente é criada baseada em um tema ou mensagem que se pretende atrelar a imagem da
emissora. Sua vinculação ocorre no decorrer da programação sem estar atrelada a nenhum programa ou
momento específico.
Figura 5: Vinhetas criadas por Mario Fanucchi para a TV TUPI na década de 50.
Figura 10: Logo atual da UFPRTV. Figura 11: Logo Proposta para a UFPRTV.