Você está na página 1de 8

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

CAMPUS ALTO PARAOPEBA

SEPARAÇÃO DE CÁTIONS DO GRUPO IIIA

Relatório apresentado como parte das


exigências da disciplina Química Analítica
Experimental Aplicada a Bioprocessos sob
responsabilidade da profa. Ana Maria de
Oliveira

Felipe Augusto Oliveira Silveira 144250020


Lara Chrystina Malta Neri 144250006
Priscila Jhennifer Silva de Paula 144250023

Ouro Branco – MG

Setembro/2015
2

SEPARAÇÃO DE CÁTIONS DO GRUPO IIIA

RESUMO

Os cátions Fe³⁺, Al³⁺ e Cr³⁺ são íons pertencentes ao grupo IIIA sendo,
portanto, precipitados como sulfetos ou hidróxidos em uma solução tamponada com
𝑁𝐻4 𝑂𝐻/𝑁𝐻4 𝐶𝑙. O alumínio, por ser um metal representativo, possui as mesmas
características que o cromo e o ferro, que são metais de transição, seus íons são
coloridos e tendem a formar complexos. A prática teve como objetivo separar esses
cátions e identificá-los. Para tanto, foi preparado uma solução contendo nitrato de
cromo (III), nitrato de ferro (III) e nitrato de alumínio. Em seguida, adicionou-se
cloreto de amônio e hidróxido de amônio formando um tampão. A amostra foi então
filtrada e o precipitado obtido foi transferido para um béquer no qual foi adicionado
hidróxido de sódio e peróxido de hidrogênio. A solução foi fervida, até que cessasse
a formação de bolhas, e filtrada, o precipitado foi então transferido, com o auxílio de
água quente, para um béquer. A amostra, após a adição de ácido clorídrico e
tiocianato de potássio, originou um complexo de coloração vermelha intensa,
indicando a presença de íons Fe3+. Em seguida, o sobrenadante de coloração
amarelada foi dividido em duas alíquotas. À primeira, adicionou-se ácido acético e
acetato de chumbo (II), resultando na formação de um precipitado de cor amarela o
que indica a presença de íons Cr³⁺ na solução. À segunda amostra, adicionou-se
ácido clorídrico e a alíquota foi alcalinizada com hidróxido de amônio o que resultou
na formação de um precipitado de coloração branca, evidenciando a presença de
Al3+ no meio. Portanto, essa análise qualitativa confirmou com sucesso a presença
dos cátions Fe³⁺, Al³⁺ e Cr³⁺ através de resultados visuais decorrentes da
precipitação desses íons.

1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Mediu-se e transferiu-se para um béquer de 100 mL, 1 mL das soluções 5 mol L-1
de nitrato de cromo (III) – Cr(NO3)3 –, nitrato de ferro (III) – Fe(NO3)3 – e nitrato de
alumínio – Al(NO3)3. A este béquer foi adicionado 250 mg do sal cloreto de amônio
(NH4Cl) e a solução foi aquecida. O aquecimento ocorreu para facilitar a dissolução
do sal e, assim, facilitar sua dissociação, como mostra a Reação 1.
3

𝑁𝐻4 𝐶𝑙 → 𝑁𝐻4+ + 𝐶𝑙 − (1)

Realizado o procedimento supracitado, adicionou-se aproximadamente 1,5


mL de solução de hidróxido de amônio (NH4OH) 5,0 mol L-1, que em água sofre a
dissociação segundo a Reação 2, formando-se um tampão entre o NH3, proveniente
da base e o NH4+, proveniente do cloreto de amônio e da base como mostra a
Reação 3.

𝑁𝐻4 𝑂𝐻  𝑁𝐻3 + 𝐻2 𝑂 (2)


𝑁𝐻3 + 𝐻2 𝑂  𝑁𝐻4+ + 𝑂𝐻 − (3)

A partir do tampão formado, produzem-se íons OH-, os quais reagem com os


íons trivalentes Al3+, Fe3+ e Cr3+, advindos dos sais de nitrato, conforme se observa
nas Reações 4, 5 e 6, abaixo.

𝐴𝑙(𝑁𝑂3 )3 (𝑎𝑞) → 𝐴𝑙 3+ −
(𝑎𝑞) + 𝑁𝑂3 (𝑎𝑞)

𝐴𝑙 3+ −
(𝑎𝑞) + 𝑂𝐻(𝑎𝑞) → 𝐴𝑙(𝑂𝐻)3 (𝑠) (4)

3+
𝐹𝑒(𝑁𝑂3 )3 (𝑎𝑞) → 𝐹𝑒(𝑎𝑞) + 𝑁𝑂3−(𝑎𝑞)

3+ −
𝐹𝑒(𝑎𝑞) + 𝑂𝐻(𝑎𝑞) → 𝐹𝑒(𝑂𝐻)3 (𝑠) (5)

3+
𝐶𝑟(𝑁𝑂3 )3 (𝑎𝑞) → 𝐶𝑟(𝑎𝑞) + 𝑁𝑂3−(𝑎𝑞)

3+ −
𝐶𝑟(𝑎𝑞) + 𝑂𝐻(𝑎𝑞) → 𝐶𝑟(𝑂𝐻)3 (𝑠) (6)

As Reações 4, 5 e 6 de formação do hidróxido de alumínio, hidróxido de ferro


(III) e hidróxido de cromo (III), respectivamente, são favorecidas pelo aquecimento –
são endotérmicas – e pela quantidade de íons OH-, por isso adicionou-se mais cinco
gostas ou excesso de NH4OH (SKOOG et al., 2007).
O excesso de íons hidroxila provenientes do hidróxido de amônia, no entanto,
poderia levar ao surgimento de complexos, como o complexo tetrahidroxialuminato –
4

[Al(OH)4]- – e o complexo tetrahidroxicromato – [Cr(OH)4]- , como pode se verificar


nas Reações 7 e 8 (ODDET et al., 2006).


𝐴𝑙(𝑂𝐻)3 (𝑠) + 𝑂𝐻(𝑎𝑞)  [𝐴𝑙(𝑂𝐻)4 ]−(𝑎𝑞) (7)

𝐶𝑟(𝑂𝐻)3 (𝑠) + 𝑂𝐻(𝑎𝑞)  [𝐶𝑟(𝑂𝐻)4 ]−(𝑎𝑞) (8)

Esses complexos, por serem solúveis em água, diminuem as quantidades de


alumínio e cromo presentes no precipitado, o que gera um erro bastante significativo
em uma análise quantitativa em que essas reações paralelas não fossem
controladas. O não controle dessas reações, então, inviabilizaria o processo de
análise. Assim, utilizou-se o tampão NH4OH/NH4Cl visando controlar a formação de
complexos, pois este funciona como consumidor do excesso de OH - adicionado até
atingir a capacidade máxima de tamponamento do sistema (HARRIS, 2009).
A amostra foi filtrada, obtendo-se um sobrenadante incolor, que foi descartado
por não possuir os cátions de interesse solubilizados. O precipitado marrom
contendo hidróxido de alumínio, hidróxido de ferro (III) e hidróxido de cromo (III),
para ser retirado do papel de filtro, foi lavado com uma solução de cloreto de amônio
evitando sua contaminação com outros compostos (SHRIVER et al., 2008) e
posteriormente, transferido para um béquer, por meio de uma espátula e pequenas
quantidades de água destilada.
Adicionou-se ao béquer contendo o precipitado solubilizado, 1 mL de solução
de hidróxido de sódio (NaOH) 5 mol L-1. Essa adição fez com que a capacidade
tamponante fosse excedida, pelo fornecimento de íons hidroxila ao meio,
possibilitando a complexação e solubilização do tetrahidroxialuminato e
tetrahidroxicromato, como mostram as Reações 7 e 8 (ODDET et al., 2006). Foi
adicionado, também, peróxido de hidrogênio (H2O2) 3%, a fim de distinguir os
complexos originados pela adição do NaOH, pois o peróxido oxida o
tetrahidroxicromato a íons cromato (CrO42-), como mostra a Reação 9 (VOGEL,
1981).

(𝑎𝑞) + 3𝐻2 𝑂2 (𝑎𝑞) + 2𝑂𝐻(𝑎𝑞)  2𝐶𝑟𝑂4 (𝑎𝑞) + 8𝐻2 𝑂(𝑙)


2[𝐶𝑟(𝑂𝐻)4 ]− − 2−
(9)
5

Devido à formação do íon cromato, o sobrenadante apresentou coloração


amarela, enquanto o precipitado ficou com coloração marrom. O
tetrahidroxialuminato não interferiu na coloração visto que este complexo é incolor.
A mistura resultante do processo de oxidação teve o peróxido de hidrogênio
reduzido, conforme a Reação 10, pela fervura desta.


2𝐻2 𝑂2 (𝑎𝑞) → 2𝐻2 𝑂(𝑙) + 𝑂2 (𝑔) (10)

Ferveu-se até que cessasse a formação de bolhas visando remover todo o


oxigênio gasoso (O2) formado, para que não houvesse oxidação de outros íons que
pudessem estar dissolvidos na solução e pudessem levar à formação de
substâncias indesejáveis, que poderiam interferir no processo de determinação
catiônica (VOGEL, 1981).
A mistura contendo tetrahidroxialuminato, cromato e hidróxido de ferro (III),
após a fervura, foi filtrada, separando-se o precipitado do sobrenadante. O
precipitado, então, foi transferido do papel de filtro para um béquer com auxílio de
água quente, pois esta assegurou que resquícios de peróxido de hidrogênio,
contidos no precipitado, fossem totalmente reduzidos.
O precipitado de cor marrom-amarelado, obtido pela filtração da amostra
contendo tetrahidroxialuminato, cromato e hidróxido de ferro (III), foi analisado com o
intuito de observar a existência de Fe(OH)3, já que o íon férrico (Fe3+) apresenta
coloração marrom-amarelado (BACCAN et al., 2001). A este precipitado foi
adicionado de 5 a 10 mL de ácido clorídrico (HCl) 5,0 mol L -1, até que o pH do meio
se tornasse ácido, permitindo a ocorrência da Reação 11.

𝐹𝑒(𝑂𝐻)3 (𝑠) + 3𝐻𝐶𝑙(𝑎𝑞)  𝐹𝑒𝐶𝑙3 (𝑎𝑞) + 𝐻2 𝑂(𝑙) (11)

O produto da Reação 11 é um sal, o qual se dissocia em meio aquoso


formando íons férrico e cloreto, conforme a Reação 12.

𝐹𝑒𝐶𝑙3 (𝑎𝑞)  𝐹𝑒(𝑎𝑞)


3+ −
+ 3𝐶𝑙(𝑎𝑞) (12)
6

A confirmação da presença de cátions férricos na solução ocorreu pela adição


de tiocianato de potássio (KSCN) 5,0 mol L-1, o qual, ao reagir com o Fe3+, origina
diversos complexo como pode ser visto nas Reações 13, 14, 15, 16, 17 e 18, que
conferem coloração vermelha intensa à solução (VOGEL, 1981).

3+
𝐹𝑒(𝑎𝑞) −
+ 𝑆𝐶𝑁(𝑎𝑞)  [𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)]3+
(𝑎𝑞) (13)
[𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)3 ]3+ 3+
(𝑎𝑞) + 𝑆𝐶𝑁(𝑎𝑞)  [𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)2 ](𝑎𝑞)

(14)
[𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)2 ]3+ 3+
(𝑎𝑞) + 𝑆𝐶𝑁(𝑎𝑞)  [𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)3 ](𝑎𝑞)

(15)
[𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)3 ]3+ 3+
(𝑎𝑞) + 𝑆𝐶𝑁(𝑎𝑞)  [𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)4 ](𝑎𝑞)

(16)
[𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)4 ]3+ 3+
(𝑎𝑞) + 𝑆𝐶𝑁(𝑎𝑞)  [𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)5 ](𝑎𝑞)

(17)
[𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)5 ]3+ 3+
(𝑎𝑞) + 𝑆𝐶𝑁(𝑎𝑞)  [𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)6 ](𝑎𝑞)

(18)

Após analisar-se o precipitado, o sobrenadante de coloração amarelada,


devido à presença de íons cromato, foi analisado a fim de identificarem-se os íons
Cr3+ e Al3+, para isso, dividiu-se o sobrenadante em duas alíquotas.
Na primeira alíquota, visando identificar a presença de íons Cr3+, adicionou-se
de 0,5 em 0,5 mL de solução de ácido acético 5,0 mol L -1 até que o pH do meio se
tornasse ácido – o que foi observado com a ajudar de um papel de tonassol – e
gotejou-se solução de acetato de chumbo (II) – Pb(C2H3O2)2 – 1% m/v. Assim, houve
acidificação do meio para que os íons hidróxido provenientes do
tetrahidroxialuminato fossem consumidos e não reagissem com o íons de chumbo.
O ácido acético foi utilizado pelo fato de ter-se utilizado o acetato de chumbo
– Pb(C2H3O2)2 – como o composto de chumbo, resultando em um tampão, como
verifica-se na Reação 19. O tampão manteve o meio com pH ácido, garantido que
os íons chumbo (Pb2+), provenientes do acetato de chumbo, reagissem
exclusivamente com os íons cromato presentes na alíquota, como mostra a Reação
20.

𝐶2 𝐻4 𝑂2 (𝑎𝑞)  𝐶2 𝐻3 𝑂2−(𝑎𝑞) + 𝐻(𝑎𝑞)


+
(19)
𝐶𝑟𝑂42−(𝑎𝑞) + 𝑃𝑏(𝑎𝑞)
2+
 𝑃𝑏𝐶𝑟𝑂4 (𝑠) (20)
7

Conforme o esperado, o precipitado obtido na análise apresentou coloração


amarela, o que evidencia a presença do íon cromato na solução.
Após a análise da primeira alíquota do sobrenadante, analisou-se a segunda
alíquota, visando identificar a presença dos íons Al3+. Para tal, adicionou-se uma
solução de ácido clorídrico (HCl) 5,0 mol L-1. A reação do ácido clorídrico com o
tetrahidroxialuminato é apresentada na Reação 21.

3+
[𝐴𝑙(𝑂𝐻)4 ]− −
(𝑎𝑞) + 4𝐻𝐶𝑙(𝑎𝑞) → 4𝐻2 𝑂(𝑙) + 𝐴𝑙(𝑎𝑞) + 4𝐶𝑙(𝑎𝑞) (21)

Com a liberação dos íons Al3+, a solução foi alcalinizada adicionando-se de


0,5 em 0,5 mL de NH4OH 5,0 mol L-1 – testou-se a alcalinidade com o papel de
tornassol. A adição do hidróxido de amônio fez com que o íon Al 3+ se precipitasse na
forma de hidróxido de alumínio – um sólido branco e gelatinoso – como se verifica
na Reação 22.

3+
𝐴𝑙(𝑎𝑞) −
+ 𝑂𝐻(𝑎𝑞)  𝐴𝑙(𝑂𝐻)3 (𝑠) (22)

O hidróxido de amônio (base fraca) foi utilizado para fornecer as hidroxilas à


Reação 18, pois uma base forte disponibilizaria muitos íons hidroxilas ao meio,
causando a formação do complexo [Al(OH)4]-, o qual é solúvel em água. O
precipitado formado, de coloração branca, confirmou a presença de Al 3+ no meio.

2. CONCLUSÃO

Com a realização deste experimento foi possível constatar a presença de íons do


grupo IIIA (Fe3+, Al3+ e Cr3+) em uma amostra. A análise qualitativa das amostras foi
feita através da precipitação dos mesmos com NH4OH/NH4Cl sob a forma de
hidróxidos. Ficou simples identificar cada metal individualmente, uma vez que
substâncias formadas a partir destes possuíam propriedades físicas diferentes,
como coloração.
Através do experimento, a presença dos íons cromo foi confirmada na
coloração amarela do CrO42-, uma vez que estes são os responsáveis por tal
coloração. Da mesma maneira, a presença dos íons alumínio foi confirmada pela
8

coloração branca, advinda do alumínio na forma do composto Al(OH)3. O íon férrico


adquiriu tonalidade de um vermelho intenso quando associado ao tiocianato de
potássio, formando os complexos [𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)]3+ , [𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)2 ]3+ , [𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)3 ]3+ ,
[𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)4 ]3+ , [𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)5 ]3+ e [𝐹𝑒(𝑆𝐶𝑁)6 ]3+ . Foi possível inferir através dos
resultados que os procedimentos ocorreram conforme esperado nos três casos. As
técnicas adotadas para a análise dos cátions se mostraram eficientes, difundindo
evidências macroscópicas bastante visíveis, com relação à coloração, da presença
de tais íons na amostra.

3. REFERÊNCIAS

BACCAN, N.; ANDRADE, J. C.; GODINHO, O. E. S.; BARRONE, J, S. Química


Analítica Quantitativa Elementar. 2 ed. Campinas: Edgard Blucher, 2001, 308p.

HARRIS, D. C. Análise Química Quantitativa. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005,


256p.

ODDET, H; BOTTANI, E.; Introducción a la Química Inorgánica. 3. Ed., Santa Fe:


Ediciones UNL, 2006, 429p.

SHIVER, D.; ATKINS, P. Química Inorgânica. 4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2008,
848p.

SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER F. J.; CROUCH S. R. Fundamentos de


Química Analítica. 8. ed., 2007, 999 p.

VOGEL, A. I. Química Analítica Quantitativa. 5. ed., São Paulo: Mestre Jou, 1981,
665 p.

Você também pode gostar