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UM POUCO DE HISTÓRIA

Grandes Missionários: Carlos Finney (1792-1875)


Instrumento de um grande despertamento
"Quando o arrependimento é genuíno, a disposição para voltar a pecar desaparece”.
(Carlos Finney)
Assim como muitas pessoas, Carlos tinha vergonha de deixar que os outros descobrissem
os seus sentimentos. Para ele, na verdade, o medo de ser menosprezado por ler a Bíblia
ou orar ganhou tanta força que certa vez afirmou:
“Logo foi-me revelado que o orgulho do meu coração era a barreira entre mim e a minha
salvação. Fui vencido pela convicção do grande pecado de eu envergonhar-me se alguém
me encontrasse de joelhos perante Deus. (…) Gritei: 'Ora, um vil pecador como eu, de
joelhos perante o grande e santo Deus, e confessando-lhes os pecados, e me envergonho
dele perante o próximo, pecador também, porque me encontro de joelhos para achar paz
com o meu Deus ofendido!'”
Carlos Finney foi um advogado e pastor presbiteriano, nascido nos Estados Unidos da
América, que viveu no século retrasado. Sua conversão, como ele próprio deixou
registrado em suas memórias, ocorreu de forma espantosa, marcada por uma profunda
experiência com o Espírito Santo.
“Foi num domingo de 1821 que assentei no coração resolver o problema sobre a salvação
da minha alma e ter paz com Deus. Apesar das minhas grandes preocupações como
advogado, resolvi seguir rigorosamente a determinação de ser salvo. (…) Ao entrar e
fechar a porta atrás de mim, parecia-me ter encontrado o Senhor Jesus Cristo face a face.
(...) Chorei alto e fiz tanta confissão quanto foi possível, entre soluços. (…) Não existem
palavras para descrever o maravilhoso amor derramado no meu coração. Chorei de tanto
gozo e amor que senti; acho melhor dizer que exprimi, chorando em alta voz, as
inundações indizíveis do meu coração.”
Caçula de quinze filhos de pais descrentes, renegou a sua profissão após a sua conversão,
para se tornar um pregador do Evangelho.
Seu trabalho teve repercussão mundial, de sorte que foram registrados inúmeros relatos
de resultados extraordinários a partir do seu ministério avivalista, decorrente de uma
vocação particular de pregação no formato de campanhas. Para alguns leitores, a sua
biografia é um relato que exalta a manifestação do Espírito Santo só superado pelo livro
de Atos dos Apóstolos.
Diz-se acerca dele que depois de pregar no Estado de Nova York não houve baile e nem
representação de teatro na cidade durante seis anos. Calcula-se que, durante os anos de
1857 e 1858, mais de 100 mil pessoas foram ganhas para Cristo pela obra direta e indireta
de Finney. Durante os nove meses de evangelização que Finney promoveu na Inglaterra,
multidões se prostraram enquanto ele pregava - em certa ocasião, mais de duas mil
pessoas, de uma vez. Os convertidos nos cultos de Finney eram pela graça constrangidos
a andar de casa em casa para ganhar almas.
Para ele, o avivamento poderia ser produzido a partir da busca pessoal do crente. Ou seja,
não ocorreria a partir de uma conduta puramente passiva que espera um agir de Deus. Em
outras palavras, uma das suas marcas foi a ênfase num método de avivamento,
fundamentado na defesa enfática do arrependimento dos pecados e da constância em
oração como formas de atrair a presença de Deus. Costumava afirmar: "Se eu não tivesse
o espírito de oração, não alcançaria coisa alguma. Se por um dia, ou por uma hora eu
perdesse o espírito de graça e de súplica, não poderia pregar com poder e fruto, e nem
ganhar almas pessoalmente."
Essa concepção influenciou poderosamente as igrejas evangélicas, a começar pelas
congregações americanas de meados do século XIX. Uma das evidências dessa conexão
foi a prática conhecida como o “banco dos aflitos”, que consistia num local (um banco)
onde os despertados pela pregação e que se viam ansiosos pela emersão de uma
consciência do pecado ficavam aguardando até o final do culto, quando o pastor dedicava
especial atenção a eles. Os discípulos de Finney substituíram o banco dos ansiosos pelo
apelo imediato ao final da pregação, prática não existente até então.
Depois disso, o pentecostalismo, nascido no início do século XX, apropriou-se das ideias
de Finney, as quais se tornaram a base de pensamento desse movimento.
No final da sua vida, concentrou-se na ministração de aulas de teologia. Sua obra
"Teologia Sistemática" é muito prestigiada até os dias de hoje. Durante os anos de 1851
a 1866, Finney foi diretor do Colégio de Oberlin e ensinou a um total de 20 mil estudantes.
Durante esses trabalhos, no estado de Ohio, destacou-se pelo apoio às ideias
abolicionistas (anti-escravagistas):
“Até mesmo a legislatura do estado esforçou-se para achar alguma irregularidade que
justificasse o cancelamento de nosso alvará. Tudo isso por causa de nossos sentimentos
anti-escravatura. (…) Quando trabalhei em Nova York pela primeira vez, tinha já opinião
formada sobre a escravatura e estava desejoso de despertar a atenção do público a esse
respeito. Não pretendia, no entanto, fazer disso uma bandeira nem desviar a atenção dos
crentes da obra de evangelização. Mesmo assim, em minhas orações e na minha pregação,
fazia frequentes alusões à escravatura, condenando-a publicamente, de modo a despertar
bastante emoção entre o povo com esse assunto.”
Orlando Boyer, citando escritos da época, para que alguém não julgue que a obra de
Finney era superficial, ressalta: “Parece que Finney tinha o poder de impressionar a
consciência dos homens, sobre a necessidade de um viver santo, de tal maneira que
produzia fruto mais permanente”.
Carlos continuou a inspirar os estudantes de Oberlin College até a idade de 82 anos. Num
domingo, 16 de agosto de 1875, pregou seu último sermão. Saiu até o portão da sua casa,
atraído por um cântico que dizia “Jesus, amado da minha alma. Faz-me descansar em teu
colo.” Juntou-se aos irmãos que ali estavam e foi a última vez que cantou na terra, quando
faltavam apenas treze dias para completar 83 anos de vida.
Irmão Márcio Garcia

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