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OFICINA SOBRE EDUCOMUNICAÇÃO

Material complementar

Sumário
1. Como construir um texto jornalístico p.03
2. Modelo de pauta para produção de reportagem em um jornal/rádio p.06
3. Sugestões de funções a serem exercidas num jornal escolar p.08
4. Exercícios para treinar a criação de manchetes e legendas p.09
5. Exercícios para a escrita de textos p.11
6. Ferramenta para criar notícia num jornal fictício p.12
7. Redação do texto radiofônico p.13
8. Exemplos de notícias para rádio p.16
9. Dez dicas úteis sobre “gravação de entrevistas” p.18
10. Exercícios para treinar entrevistas p.19
11. Ferramenta para produção de programas de rádio p.21
12. Sugestões de atividades com Facebook p.22
13. Planos de aula para discutir o funcionamento da mídia p.25
14. Dicas de materiais sobre educomunicação p. 34
1. Como construir um texto jornalístico
A estrutura do texto jornalístico
O texto jornalístico inclui um título (manchete); um "lead" – que corresponde ao primeiro ou
aos dois primeiros parágrafos do texto – e o corpo do texto, que desenvolve os elementos
informativos referidos no "lead".

A técnica do "lead" e da pirâmide invertida


A técnica da pirâmide invertida ajuda a ordenar os vários elementos da notícia por ordem
decrescente de importância ao longo quer do "lead", quer do corpo do texto. Ao contrário das
narrativas literárias ou cinematográficas, nos textos jornalísticos o clímax não se guarda para o
fim. Logo no início, o leitor deve ter o essencial da informação.

Normas práticas:

- O "lead" de uma notícia não deve ultrapassar, em princípio, os 300 caracteres, podendo
comportar mais do que um período. Parágrafos ou períodos demasiado longos provocam
dispersão e cansaço no leitor.
- Um "lead" deve ser sempre claro, preciso e correto: não deve começar com uma negativa
nem de forma dubitativa, interrogativa ou condicional. Tão-pouco por um gerúndio, uma
conjunção ou expressões gastas do tipo "como se sabe", "registe-se", "recorde-se", "de acordo",
etc.
- O "lead" determina sempre a construção do texto e o título da peça. Por isso, a sua
escolha nunca pode ser obra do acaso. Seja qual for o ângulo que o autor privilegie no arranque
de um texto, é a partir daí que o leitor deve captar o sentido global da narrativa.

a. Linguagem jornalística
O autor deve construir seu texto com o objetivo de falar com seu público-alvo, o que pressupõe
a exclusão dos adjetivos e aferições subjetivas. Esses elementos devem ser substituídos por
valores referenciais de pleno domínio do público atingido. como:

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No lugar de Usar
Moça bonita Morena, 1.75 m, olhos verdes, 50 kg
Prospero empresário Fulano começou com uma pequena loja, hoje
tem uma rede de lojas.
Terrível acidente O choque de dois ônibus deixou um saldo de
17 mortos e 32 feridos.

Titulação
A titulação das peças jornalísticas, em especial numa reportagem, reparte-se por título principal,
subtítulo e intertítulos.

- O título: Manchete
De um modo geral, podemos dizer que o título de qualquer peça jornalística é o seu rosto. É
através dele que o leitor se interessa pelo artigo. Por isso, compete ao título chamar a atenção e
passar uma mensagem.
Normas práticas:

 Geralmente é escrito em ordem direta - sujeito + verbo + complemento


 Tempo verbal: principalmente no presente
 Apresenta linguagem simples
 Pode-se usar voz passiva ou ativa
 Num mesmo título não devem repetir-se palavras
 Num título não se usam pontos finais
 Não se devem utilizar palavras ambíguas
 As siglas facilitam a redação de um título, mas dificultam a sua compreensão (podem
utilizar-se se forem muito conhecidas
 Deve evitar-se interrogações

Exemplos:
1. Chuva complica o trânsito da cidade
2. Time B da Argentina perde da Nigéria por 4 a 1
3. "Piratas do Caribe" e outros cinco filmes estreiam nesta sexta
4. Crack é vendido à luz do dia na Getulio Vargas / Vende-se crack à luz do dia na Getúlio
Vargas / Getúlio Vargas é ponta de venda de crack ao luz do dia

Observação:
Um mesmo assunto pode ter manchetes diferentes em diferentes jornais.
Ex: Michael Jackson morre aos 50; O rei está morto; Morre Michael Jackson.

-O subtítulo
Este é usado como complemento de informação ao título. Pode precisar a informação que ficou
menos clara no título ou pode, simplesmente, acrescentar algum elemento informativo que o
título não pode contar porque não é suposto que os títulos sejam demasiado longos.

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- O Intertítulo
O intertítulo permite estabelecer pausas dentro do texto. É um elemento muito útil quando se
pretende mudar de assunto dentro do mesmo texto. Permite igualmente “arrumar” a informação
de forma a facilitar a leitura.

Contrariamente ao título, um intertítulo não tem por missão resumir um texto ou incitar à sua
leitura. Por norma, um intertítulo é composto por pouco mais que três palavras, concretas e
fortes. Um intertítulo não deve ser abstrato.
Normas práticas:
- Os títulos e os subtítulos dos textos informativos devem ser sempre inspirados no "lead", o
que implica o rigor deste.
- Os títulos e subtítulos não devem ser repetitivos em relação ao "lead", nem "matar" a
informação contida nele. É, no entanto, admissível que o subtítulo e o título sejam
complementares entre si, deixando, neste caso, cada um de constituir uma unidade de sentido
por si só.
- Os subtítulos, tal como os títulos, devem ser curtos, não contendo muitas palavras. Devem ser
sugestivos, captando o essencial do trecho do texto que introduzem, sem anular o "suspense"
da leitura nem repetir palavras ou ideias sintetizadas noutros subtítulos, no título e nas
legendas da peça.
- Deve sempre evitar-se a repetição de palavras nos títulos e subtítulos.
Ilustrações e legendas
Normas práticas:
- As fotografias e as legendas, desde que estas se encontrem associadas ao bloco do título,
devem ser lidas de forma complementar com o título. Numa situação limite, em que o leitor
apenas tivesse tempo para ler esse conjunto de sinais, eles deveriam ser suficientes para lhe
fornecer uma informação mínima. Ou seja, esse conjunto terá que conter os elementos
informativos essenciais do texto, numa interação conjugada.
- As legendas contêm sempre um elemento identificador de pessoas ou situações. Nas fotos
maiores, essa identificação é completada com uma frase curta, de preferência retirada do texto.
Nos grandes planos de rostos a legenda limita-se à identificação. Nos pequenos selos inseridos
nos destaques de primeira página não há legenda. - Deve-se fazer referência à fonte, no caso
de não serem originais.

2. Modelo de pauta para produção de reportagem em um


jornal/rádio
Explicação inicial
A pauta é um roteiro que traz os principais assuntos ou temas que merecem ser abordados. Ela
contém um resumo do que deve ser apurado (levantado/pesquisado) na reportagem e indicações
básicas como: pessoas que devem ser ouvidas (envolvidas no assunto, especialistas sobre o
tema...), um meio de contato com essas pessoas (telefone, endereço) e um resumo do assunto a
ser tratado.

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A pauta pode sugerir pontos que devem ser tratados na reportagem, perguntas básicas e
possibilidades de abordagem. A pauta é a “semente” da matéria. É importante dizer que a pauta
é uma orientação, uma base para o trabalho do(a) comunicador(a), para que ele compreenda o
encaminhamento que deve ser dado à matéria.

Exemplo:
Tema
O Decreto n. 24.675, de 30 de junho de 2001.
Sinopse
O Decreto n. 24.675, de 30/6/2001, estabelece, entre outras coisas, uma medida que oferece aos
alunos e professores de estabelecimentos de ensino oficial, oficializado e reconhecido, um
desconto de 50% nas tarifas de ônibus. No entanto, a burocracia e a limitação dos dias, horários
e locais de venda do passe escolar causam várias dificuldades para os usuários.
Encaminhamento
O objetivo desta matéria é, portanto, mostrar as condições de venda do passe escolar em Rudge
Ramos, enfocando os problemas que os estudantes têm encontrado para comprá-lo e as
modificações que possam vir a ser implantadas.
Para isso será necessário saber quais são os critérios adotados para a venda de passes, as
dificuldades que eles criam para os alunos do bairro e se algumas medidas estão sendo tomadas
para melhorar esse processo.
Fontes
As pessoas a serem contatadas são as seguintes:
Cléa - responsável pelo setor de passe escolar da Secretaria da Educação, em horário
comercial, no Paço Municipal de São Bernardo;
Osias Vaz - diretor da Viação Riacho Grande, em horário comercial, na Rua Álvaro
Alvim, 866, Vila Paulicéia, São Bernardo;
Ilberto Pereira - gerente da empresa Príncipe de Gales - das 8 às 12h e das 14 às 18h, na
Rua Lauro Miller, 833, Vila Palmares, Santo André; alguns estudantes do bairro.
Sugestão de perguntas
O que é o Decreto?
Quais as providências que estão sendo tomadas para superar as dificuldades nos postos
de venda de passe?

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3. Sugestões de funções a serem exercidas num jornal
escolar
1. Coordenador de Patrimônio: responsável pelos equipamentos (ver se as baterias estão
carregadas; descarregar os gravadores; criar uma listagem com nome do equipamento,
quem retirou etc).

2. Arquivista: responsável por organizar os arquivos (ex: criar pastas nos computadores
com o material; arquivar e controlar o arquivo das edições impressas etc). Ele também
pode criar um Banco de Dados para ajudar na apuração das informações pelos repórteres
(ex: criar pastas por temas com dados de pesquisas, notícias sobre o assunto etc).

3. Secretário: colabora com as demandas dos repórteres e fotógrafos (ex: pedir material
faltante de escritório, tirar xérox quando necessário etc).

4. Editor de fotografia: responsável por acompanhar toda a produção das imagens, orientar
e finalizar junto aos fotógrafos a produção.

5. Editor de reportagem: responsável por acompanhar toda a produção dos textos, orientar
e finalizar junto aos repórteres a produção.

6. Chefe de reportagem: responsável geral por toda a edição.

7. Ouvidor: responsável por receber comentários, críticas e sugestões dos


leitores/ouvintes. Ele deve criar estratégias para chegar mais próximo dos leitores (ex:
se só o e-mail não é suficiente, divulgar novas formas de receber comentários: colocar
fichinhas na secretaria; criar um mural na secretaria para que as pessoas possam fazer
seus comentários etc).

8. Coordenador de Pesquisa: responsável por criar, a partir das demandas do Ouvidor,


pesquisas sobre o jornal etc.

4. Exercícios para treinar a criação de manchetes e


legendas

Exercício 1

a. Separe diversas manchetes de matérias dos jornais (sem os textos) e espalhe pela sala
b. Peça aos alunos que tentem encontrar os devidos pares
c. Por fim, todos devem ler os textos e as devidas manchetes e analisar:
- A manchete representa de fato o acontecido?
6
- Foi o melhor título que poderia ter sido criado?
- Que outras manchetes poderiam ter sido criadas para este texto?
d. Solicite que, em grupos, os alunos criem outras manchetes para o mesmo texto

Exercício 2

a. Divida os alunos em grupos e entregue para, cada grupo, um texto de jornal (sem a
manchete)
b. Solicite que os alunos leiam o texto e criem duas sugestões de manchetes.
c. Depois, entregue as verdadeiras manchetes dos textos e, em conjunto, analisem: - A
manchete ficou parecida?
- Qual foi aquela que melhor representou o texto (a que os alunos criaram ou a real?) Por quê?
- Quais elementos foram diferentes?

Exercício 3

a. Divida a turma em grupos de quatro alunos e entregue uma folha para cada estudante.
b. Na folha, cada aluno deve escrever o nome do personagem da notícia (que queira criar),
evitando que seus companheiros leiam. Para isso, solicite que dobrem o espaço escrito
da folha. Em seguida, devem passá-la ao colega do lado.
c. Peça-lhes que, adotando a mesma estratégia, escrevam (sem olhar o que foi feito antes):
- um verbo para indicar o acontecimento; - o local em que o acontecimento se desenvolveu; - o
momento do fato.
d. Ao terminar a rodada, cada grupo terá quatro manchetes que serão lidas e uma eleita
para socializar para classe.

Exercício 4

a. Separe diversas fotos de matérias dos jornais, sem as legendas, e espalhe pela sala
b. Peça aos alunos que tentem encontrar os devidos pares
c. Por fim, todos devem ler as legendas e olhar as devidas fotos e analisar:
- A legenda representa de fato a imagem?
- Foi o melhor legenda que poderia ter sido criada?
- Quais outras legendas poderiam ter sido criadas para esta imagem?
- É possível escrever as legendas de forma isolada, sem saber do que se trata o texto?

d. Entregue então aos alunos o texto completo desta matéria e solicite que leiam.
e. Depois, abra para discussão:
- A legenda agora faz mais sentido, no contexto do texto? Por quê?
- Quais outras legendas poderiam então ser criadas para esta imagem a partir do texto?

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5. Exercícios para a escrita de textos
Exercício 1
a. Solicite que um aluno se voluntarie para contar uma pequena história. Pode ser algo real
ou fictício.
b. Depois de contar a história, escreva na lousa as seguintes palavras:
- O que? Quem? Onde? Como? Quando? Por quê?
c. Solicite que os alunos identifiquem na história contada estes elementos. E inicie uma
reflexão:
- Foi possível identificar todos os elementos?
- Foi fácil encontrar todos os elementos?
- Se não foi, qual o motivo? A história está completa ou ficou faltando algo?
d. Explique então a importância das histórias conterem sempre todos estes elementos para
serem completas.
e. Peça que o aluno que contou inicialmente a história conte-a novamente agora com
atenção a todos os elementos.
f. Entregue aos alunos um modelo abaixo e peça para que completem com as informações
correspondentes:

Exercício 2
a. Divida os alunos em grupo e entregue, para cada grupo, uma notícia de jornal.
b. Peça para que identifiquem no texto os elementos: - O que? Quem? Onde? Como?
Quando? Por quê?
c. Essa identificação pode ser feita com diferentes cores de canetas.
d. Em conjunto com a sala, abra para a discussão:
- Foi fácil encontrar todos os elementos?
- Onde eles estão no texto?
- Foi fácil o entendimento do texto?
e. Depois da discussão, solicite que os alunos reescrevam a história mudando a ordem dos
elementos no texto.
f. Peça para que todos compartilhem o que produziram com os demais colegas da classe.
6. Ferramenta para criar notícia num jornal fictício

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O site http://www.fodey.com/generators/newspaper/snippet.asp contém um aplicativo criativo,
a partir do qual é possível criar uma notícia, uma manchete, nome de jornal, data, texto etc num
pedacinho de papel jornal, como se fosse de verdade.
Trata-se de uma ferramenta simples, mas interessante, que pode ajudar os professores a
incentivar os seus alunos a escreverem resenhas, artigos, notícias etc. O resultado final é uma
imagem semelhante a abaixo:

7. Redação do texto radiofônico


A regra geral da linguagem radiofônica deve ser rigorosamente seguida à risca, ou seja, utilizar-
se de linguagem direta, períodos curtos e simples, baixo nível de adjetivações, objetividade e
revisão.
A notícia deve responder às perguntas (lead):
O QUÊ? - O assunto
QUEM? - Personagens envolvidos
ONDE? - Local onde acontece o fato
QUANDO? - Data, hora
COMO? - Modo como aconteceu o fato
POR QUÊ? - Causas
Dicas de redação
O objetivo da mensagem radiofônica é envolver, é chamar a atenção, é fazer com que o ouvinte
participe emocionalmente da mensagem. O rádio é basicamente emoção e o único recurso com
o qual ele conta é o som. A fala, a palavra, é a base informativa que, se bem utilizada, é capaz
de cativar o receptor. Por isso, tome nota de algumas dicas de redação do ponto de vista
gramatical, linguístico, estilístico e pontuação.

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Estrutura gramatical e linguística
Deve ser linear, observando um desenvolvimento lógico da ideia.
Formar frases sempre em ordem direta, isto é, sujeito - verbo - complemento. Evitar
colocar material adicional entre o sujeito e o verbo (ligar a ação do verbo ao sujeito);
isso fará com que o ouvinte se esforce menos para compreender a mensagem. Usar frases curtas
e sintéticas. Ir direto ao assunto é um dos princípios básicos do discurso comunicativo.
Evitar monotonia intercalando frases simples com outras um pouco mais longas. Evitar
palavras difíceis e compridas, buscando sinônimos. Para a boa sonoridade do
vocabulário, deve-se evitar a aproximação de palavras proparoxítonas, que dificultam a
leitura do locutor e impedem a clareza.
Evitar adjetivos, uma vez que carregam pouca informação. Eles devem ser usados
somente quando ajudarem a precisar uma ideia.
No texto jornalístico, procurar usar o verbo sempre no presente do indicativo. Isso
denota instantaneidade e atualidade, características do rádio.
Preferir o singular ao plural, quando não alterar o significado.
Não usar os pronomes possessivos dispensáveis e evitar os
pronomes demonstrativos.
Só usar figuras de linguagem que estejam incorporadas ao uso comum.
A linguagem oral no rádio deve utilizar vocabulário simples.
Evitar termos técnicos e científicos, assim como palavras estrangeiras, pois elas
dificultam a inteligibilidade, criando no ouvinte uma sensação de inferioridade cultural.
Evitar rimas, sibilância e repetição de sons parecidos ou iguais.
Considerar o caráter de atualidade das palavras. Evitar cacófatos ou a repetição de
palavras.
Evitar expressões que se contradizem e expressões redundantes.
Usar parênteses em rádio somente em duas situações: ao escrever a pronúncia de uma
palavra estrangeira, ou para sinalizar uma frase interrogativa ou exclamativa. Não iniciar frase
com números. Não usar citações, principalmente entre aspas.
Pontuação
No rádio a pontuação serve para associar a ideia expressada à sua unidade sonora, isto é, ela
marca unidades fônicas e não gramaticais, como acontece no texto impresso. Para isso,
precisamos basicamente de ponto e vírgula.
A vírgula serve para marcar uma pequena pausa; respira-se e introduz-se uma pequena variação
na entonação oral. Ela precisa, porém, ser usada na forma gramaticalmente correta, isto é, deve-
se respeitar a regra gramatical observando a necessidade de uma respiração correta por parte do
locutor. O resultado final exige uma leitura natural com um tom coloquial.
O ponto indica o final de uma unidade fônica completa, mais longa que a vírgula. O ponto
parcial indica a resolução da entonação que marca o término de uma frase. O ponto final marca
o término de um parágrafo.
Usando corretamente estes dois sinais, a leitura será fluente, sem distorções na entonação.
Portanto, para redigir bem o texto que será exposto oralmente observe o seguinte:
coloque-se no lugar do ouvinte. Ele não é leitor; pense bem: organize as ideais e esteja
seguro; seja natural, conciso, simples e correto; leia sempre o texto em voz alta para
identificar a boa sonoridade e o ritmo.

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A edição de matérias
A edição no rádio significa montar uma matéria após selecionar, estabelecer uma
hierarquia e emendar trechos da gravação, tornando a matéria limpa. Algumas
recomendações são fundamentais:
verifique a qualidade do som da entrevista – o rádio é som; avalie o que é
essencial para que a matéria seja entendida; selecione os melhores
trechos da entrevista;
não edite (corte) demais a matéria, pois ela perderá a sua naturalidade; corte o
supérfluo, erros, vazios; faça uma síntese da matéria;
cuidado com o ponto de edição (o ponto de corte), para não deixar o depoimento do
entrevistado sem conclusão (boca aberta);
cuidado ao emendar trechos para não modificar o sentido (a idéia) que o entrevistado
quis dizer (neste caso, está em jogo a questão ética da emissora e do profissional).

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8. Exemplos de notícias para rádio
Nota simples

Formato de notícia escrita (nota)


João (redator) – 10.10.2002 (data) – inauguração ambulatório (retranca) – 45" (tempo)
. Prefeitura inaugura primeiro ambulatório especializado no tratamento de doenças infantis. . A
solenidade ocorreu no início desta manhã e reuniu mais de duzentas pessoas, além da presença
do prefeito César Magalhães e de todo o secretariado.
. O ambulatório terá o nome de Miguel da Silva Rossi, em homenagem ao garoto de 7 anos que
faleceu no mês passado, enquanto esperava atendimento médico.
. De acordo com o diretor geral da nova unidade de saúde, o clínico Waldemar de Souza,
esse novo espaço será fundamental para diminuir a mortalidade infantil na cidade. . A
maioria da população apoiou a iniciativa, mas a comunidade reclamou da demora de mais
de três anos para a conclusão das obras do ambulatório.

Notícia com citação de voz


Relato da notícia com a inclusão de trechos da fala do entrevistado.
Formato de notícia com citação
João (redator) – 10.10.2002 (data) – inauguração ambulatório (retranca) – 1'10" (tempo)
. Prefeitura inaugura primeiro ambulatório especializado no tratamento de doenças infantis. .
A solenidade ocorreu no início desta manhã e reuniu mais de duzentas pessoas. além da
presença do prefeito César Magalhães e de todo o secretariado.
. O ambulatório terá o nome de Miguel da Silva Rossi, em homenagem ao garoto de 7 anos que
faleceu no mês passado, enquanto esperava atendimento médico.
. De acordo com o diretor geral da nova unidade de saúde, o clínico Waldemar de Souza, esse
novo espaço será fundamental para diminuir a mortalidade infantil na cidade.
TÉCNICA - depoimento gravado MD 05 – faixa 10 – tempo: 25"
Deixa inicial: estamos muito felizes...
Deixa final: ...crianças da comunidade
. A maioria da população apoiou a iniciativa, mas a comunidade reclamou da demora de
mais de três anos para a conclusão das obras do ambulatório.
Notícia com entrevista
É a introdução da notícia (cabeça da matéria) com a inclusão de uma entrevista (reportagem
sobre o assunto).
GRAVADA
João (redator) – 10.10.2002 (data) – inauguração ambulatório (retranca) – 2'10" (tempo)
. Prefeitura inaugura primeiro ambulatório especializado no tratamento de doenças infantis.
. Outras informações com o repórter Valter dos Reis.
TÉCNICA - entrevista gravada
MD 05 - faixa 10 - tempo: 2'
Deixa inicial: a população de ...
Deixa final: ...para o Jornal da Cidade
AO VIVO

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João (redator) – 10.10.2002 (data) – inauguração ambulatório (retranca) – 4'10" (tempo)
. Prefeitura inaugura primeiro ambulatório especializado no tratamento de doenças infantis.
. O repórter Valter dos Reis está no local e nos traz mais informações. .
Bom dia, Valter.
TÉCNICA - entrevista ao vivo
Tempo previsto: 4'
Deixa final: ...para o Jornal da Cidade

9. Dez dicas úteis sobre “gravação de entrevistas”

1. Prepare a entrevista de antemão, procurando conhecer o máximo sobre: o entrevistado,


o tema da entrevista e o objetivo da mesma.

2. Ao prever possíveis respostas, tenha à disposição um leque de perguntas suplementares.

3. Antes de realizar a entrevista, discuta previamente as questões com o entrevistado. Dê


preferência a questões curtas, diretas e objetivas.

4. Grave sempre uma “cabeça”: (1) SEU NOME E FUNÇÃO, (2) LOCAL, (3) DATA, (4)
VEÍCULO, (5) NOME E FUNÇÃO DO ENTREVISTADO, antes de iniciar a gravação.

5. Como entrevistador, nunca fale mais do que o entrevistado. Também não convém
aparentar erudição ou conhecimentos profundos sobre o tema tratado, do contrário, o
ouvinte pode não saber quem está respondendo as perguntas.

6. Utilize o princípio da “ingenuidade esclarecida”: tendo claro seu objetivo, faça


perguntas que um ouvinte faria, tentando conhecer aspectos novos sobre o assunto em
questão.

7. Evite as perguntas múltiplas que podem confundir o entrevistado e o ouvinte, bem como
as afirmações categóricas.

8. Caso a resposta não atenda ao que foi perguntado, insista, educadamente, no


questionamento.

9. O entrevistador não deve discutir seus próprios pontos de vista sobre o tema com o
entrevistado.

10. Use a palavra “finalmente” apenas uma vez na entrevista. Encerre sempre agradecendo
ao entrevistado e se despedindo.

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Referências bibliográficas:
CONSANI, Marciel. Como Usar o Rádio na Sala de Aula. São Paulo: Contexto, 2007.
MCLEISH, Robert. Rádio - um guia abrangente da produção radiofônica. São Paulo:
Summus, 2001.

10. Exercícios para treinar entrevistas


Objetivos
A prática de desenvolver perguntas e elaborar respostas ajuda a reduzir a inibição e estimula a
criatividade na formulação de questões referentes a assuntos variados.
As perguntas feitas numa entrevista devem ser abertas, ou seja, não induzirem a respostas como
“sim” e “não”. Além disso, os seis questionamentos básicos para a produção de uma notícia
podem ser úteis para a formulação de um roteiro de entrevista (O quê? Quem? Quando? Como?
Onde? Por quê?).
Para iniciar a entrevista, é fundamental que entrevistador registre no gravador uma introdução
do tema com a apresentação dos entrevistados. Esta introdução ajuda a conectar as perguntas e
respostas.

Exercício 1
No processo de planejamento das entrevistas, podem ser realizadas dinâmicas com a realização
de ensaios coletivos envolvendo os grupos de repórteres.

Exercício 2
a. O grupo define um assunto interessante que será o tema das entrevistas.
b. Divididos em duplas, um deverá ser o repórter e o outro o entrevistado. O repórter deverá
iniciar a entrevista e ir formulando as questões ao longo da conversa, ou seja, não poderá
pensar previamente muito no assunto. Tudo deve ser gravado num gravador de voz.
A conversa deve ter a duração de 5 minutos no máximo.
É importante destacar ao repórter que ele deve ser muito curioso para tirar o máximo de
informação a respeito daquele assunto junto ao entrevistado.
c. O material gravado é ouvido por todos, para que façam comentários e iniciem suas reflexões
sobre o processo de entrevista. É preciso ficar atento para elementos como: dicção, repetição
de palavras e ideias, ritmo da fala e interferência de sons do ambiente.

Questões para o debate:


- As questões apresentadas foram convenientes?
- Outras questões poderiam ter sido feitas e não foram?
- Como se deu a interferência e participação do entrevistador: ele só ouviu ou questionou as
respostas?
Além disso, é importante que o grupo perceba também que o mesmo assunto pode trazer
diversas opiniões diferentes a respeito e, por isso, temos de trazer o máximo de entrevistas
possíveis.

Exercício 3

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a. Uma pessoa será convidada para ser entrevistada.
b. O grupo é dividido em subgrupos (dependendo do número de participantes) e estes recebem
a tarefa de que deverão entrevistar a pessoa sobre determinado tema. c. Cada subgrupo deverá
pensar em algumas perguntas.
d. Começa a entrevista coletiva e os grupos podem fazer as suas pergunta. Regra: não será
possível anotar nada do que estão ouvindo.
e. Depois de 10 minutos de entrevistas, os trios terão como tarefa (mais 10 minutos):
Pensar numa manchete / pequeno texto / foto que fariam / ilustração que fariam

Questões para o debate:


- Quem conseguiu lembrar de tudo o que foi falado? Refletir sobre a importância de prestar
atenção no que está sendo falado (comunicação é isso: falar e ouvir o tempo todo).
- Novas perguntas surgiram da fala? Conseguiram ir além do papel?
- Que notícia, fotos, imagens foram propostas? Todas iguais? Porque não?

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11. Ferramenta para produção de programas de rádio
O Audacity é um programa de edição de áudio em software livre, ou seja, não é preciso comprá-
lo e nem pagar para utilizá-lo. Com ele, mexer no som é bem simples.
O programa faz o som aparecer na tela em gráficos e, com isso, é possível ver em que faixa se
está trabalhando. Além disso, o Audacity é multipista, isto é, pode-se colocar vários sons ao
mesmo tempo e juntá-los.
Por exemplo, você pode gravar vários depoimentos sobre um assunto separados e depois colar
um atrás do outro como se tivesse feito de uma só vez. E, quando estiver pronto, basta remover
apenas o som que não agradou. Nele é possível importar músicas, misturar faixas, colocar
efeitos, editar e gravar áudio.
-O programa na versão em português pode ser baixado pelo link:
http://audacity.sourceforge.net/download/?lang=pt
- Veja também um vídeo do youtube de como usar o programa:
http://www.youtube.com/watch?v=7jlgFvxTH5E&feature=player_embedded

12. Sugestões de atividades com Facebook


Exercício 1

a. Entregar aos alunos um texto de conversa entre adolescentes no Facebook e pedir para
arrumarem a ortografia.
b. Outra possibilidade é incentivar que, em grupo, eles entrem no Facebook e busquem
erros nas conversas já existentes.

Exemplo:
16
Vc tá fazendo oq?
Nada
Kkkkkk
Cê tá bem?
Ke?
kakakakak

Exercício 2
a. Solicitar aos alunos que encontrem poesias/poemas que são mais postados no Facebook.
b. Como, normalmente, nas redes sociais são postados apenas fragmentos dos poemas, depois
de selecionar o material, os alunos devem ser incentivados a buscar na internet ou em livros
a poesia/poema completo.
c. Se a atividade puder ser desenvolvida em mais de uma aula, os alunos poderão, ainda, ser
convidados a separar um dos autores que mais encontraram materiais e preparar uma pequena
apresentação sobre a história deste autor para apresentar aos colegas.
d. Por fim, os estudantes deverão criar seus próprios pequenos poemas e transformá-los em
imagens para serem divulgadas também no formato do Facebook.
Exemplos:

Exercício 3

a. Solicitar aos estudantes que encontrem no Facebook campanhas que estão sendo
divulgadas/frases interessantes sobre temáticas importantes do momento atual (ex: preservação
ambiental, corrupção, Copa do Mundo etc).
b. Após o levantamento dos materiais, deverá ser organizado um debate a respeito do que
foi encontrado:
- Quais foram os assuntos mais encontrados? Por que será que esses temas se destacaram?
- Qual a importância deles?
- O que sabemos sobre estes assuntos?
c. Após a discussão inicial, os alunos, em grupos, podem ser incentivados a buscar mais
informações a respeito da temática. E, num segundo momento, um novo debate poderá ser
realizado.
17
d. Caso a atividade possa ser desenvolvida em várias aulas, a sugestão é também incentivar
que os alunos escolham um tema de destaque e criem uma imagem e/ou frase também para

Exemplos:

Exercício 4
serem divulgadas nestas campanhas via redes sociais.
a. Dividir os alunos em grupos e solicitar que eles façam uma pesquisa no Facebook para
descobrir:
- Quais são as páginas que mais têm acesso?
- Sobre o que elas estão falando?
- Quais notícias poderíamos falar sobre esse assunto a respeito da nossa
escola/comunidade/pessoal?
b. Os dados da pesquisa podem ser transformados em gráficos e outros materiais para
serem apresentados, de forma interativa e lúdica.
c. Por fim,os alunos podem ser incentivados a criar uma página fictícia sobre uma temática
que estão estudando, destacando imagens e informações relevantes para serem divulgadas.
Exemplo:

Exercício 5

18
a. Criar uma conversa num grupo fechado do Facebook, a respeito de algum assunto relevante
para a disciplina, e lançar uma competição junto aos alunos.
A regra é, ao longo das semanas, que todos participem da discussão mas não poderão ser
cometidos erros de ortografia. Caso isso aconteça, este aluno não poderá mais postar
informações no grupo, somente acompanhar as discussões como observador.
b. Ao final de 2 semanas, por exemplo, o/os aluno/os vencedor/es será aquele(s) que não
cometerem nenhum erro. Para estes alunos, pode ser oferecido alguma
homenagem/recompensa.

13. Planos de aula para discutir o funcionamento da mídia


Os planos de aula abaixo foram preparados pela coordenadora pedagógica Carla Lopes,
publicados no portal Onda Jovem e na edição 8 da revista, de julho de 2007. O tema das aulas
era Comunicação. A ideia de Carla era propor atividades para analisar e debater com jovens a
criação do espaço cidadão e a formação de identidades na mídia. Na época em que os planos
foram publicados, ela era professora do Colégio Estadual Professor Sousa da Silveira, no Rio
de Janeiro e havia desenvolvido com seus alunos o projeto “Mídia: criação do espaço cidadão
e formação de identidades”, que integrava o programa político pedagógico do colégio, o
“Reflexões e Debates para a Consciência Negra”.

AULA 1

TEMAS PROPOSTOS O que é mídia? O que funciona como mídia? O que são os veículos de
comunicação? Como cumprem suas funções? Que investimentos necessitam para cumprir suas
funções? A “quê”/ a “quem” a mídia serve?

OBJETIVOS
- Pesquisar o significado do vocábulo no dicionário e definir o conceito de mídia.
- Identificar tudo que funciona como mídia: de simples placas e faixas artesanais, camisetas e
panfletos, carro de som, passando pelas peças publicitárias até os veículos de comunicação e
informação (jornais, revistas, emissoras de rádio e TV, sites na web).
- Identificar os processos de comunicação trabalhados via essas mídias: de que forma e em que
escala elas atingem os públicos a que se destinam.
- Introduzir o conceito de comunicação de massa.
- Discutir a relação entre os processos de comunicação de massa, os investimentos necessários
e o poder econômico.

ATIVIDADE EM SALA DE AULA


Montagem de um painel classificatório das mídias exemplificadas e seus respectivos alcances.

RECURSOS MATERIAIS

19
Panfletos de pequeno comércio, flyers (comunicação de eventos festivos e shows), camisetas,
cartazes, bottons, adesivos, jornais comunitários, jornais de grande circulação, revistas e peças
publicitárias impressas.

COMENTÁRIOS
Sugiro que a atividade se inicie com a apresentação do material reunido para a aula, buscando
saber o que nele os alunos classificam como mídia. Partindo da idéia de que o termo mídia é
bastante difundido, é interessante saber como os alunos o definem e é necessário cotejar as
respostas com o significado do vocábulo no dicionário. Com a definição

20
do termo mídia é importante rever a classificação do material apresentado no primeiro momento
da aula, podendo haver alguma revisão dela. Este é o momento para ampliar a lista dos
exemplos. No exercício que fecha a atividade, proponho a confecção de um painel que relacione
cada uma das mídias listadas, com seu funcionamento, seu alcance de público e comparando os
investimentos necessários. Este painel baseará a discussão do conceito de comunicação de
massa.

REFERÊNCIAS
Mídia e Meios de Comunicação Sociais
http://www.dhnet.org.br/direitos/textos/midia/index.html
SOARES, Ismar de Oliveira. Gestão comunicativa e educação: caminhos da educomunicação
in revista Comunicação & Educação. São Paulo: ECA/USP – Editora Segmento, Ano VIII, n.
23: 16 a 25, jan./abr, 2002.

AULA 2

TEMAS PROPOSTOS
A importância de discutir a mídia
Visões de mundo e implicações socioculturais
Liberdades: pensamento, opinião e expressão

OBJETIVOS
- Definir como ponto central e orientador deste conjunto de aulas as mídias jornalísticas.
- Evidenciar a influência da mídia nas esferas políticas, sociais, econômicas e nos padrões
culturais e comportamentais.
- Apresentar os artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da Constituição
Federal de 1988 que deixam claras as relações entre liberdade de pensamento, de opinião e
expressão e a mídia.

ATIVIDADE EM SALA DE AULA


Formação de grupos para analisar os dados da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio
(PNAD/IBGE), os artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da Constituição
Federal de 1988 para entender a importância de discutir a mídia.

RECURSOS MATERIAIS
Textos impressos

COMENTÁRIOS
Alcançada a compreensão de que mídia é a designação do conjunto de meios, veículos e canais
de comunicação, minha orientação neste plano de aula é focar a discussão na informação

21
jornalística. O primeiro passo para mostrar a importância de discutir a mídia é tomar alguns
dados para revelar uma situação sobre a qual já ouvimos há tempos: os meios de comunicação
de massa atingem mais pessoas e por mais tempo que a escola. Mais da metade da população
brasileira não ultrapassou o ensino fundamental, em quantidade menor ainda estudou mais de
oito anos. Contudo, cerca de 90% da nossa população possui rádio e televisão. A circulação de
informações, e também de conhecimentos, fora do âmbito escolar, via mídia, é um forte dado
na sociedade brasileira, daí a importância de se compreender seu peso na formação de
comportamentos, modelos de conduta e visões de mundo, com suas conseqüentes implicações
socioculturais. Diante destes dados e deste panorama é um momento ideal para se tratar do
valor de uma mídia livre e democrática, plural e acessível, objetivando a igualdade e o bem-
estar. Isto tem ampla base em artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da
Constituição Brasileira de 1988, que asseguram o direito a uma mídia democrática. É
importante evitar qualquer simplificação do debate sobre a mídia, fugindo do dualismo “bem
versus mal” e buscando o entendimento que a comunicação serve sim a vários interesses e que
é sobre seu processo que deve haver uma leitura crítica, contando que crítica não é
simplesmente uma valoração negativa e sim o exame e a análise criteriosa.

REFERÊNCIAS
Constituição Federal Brasileira de 1988 . Capítulo dos Direitos e Deveres Individuais e
Coletivos (art. 5º) . Capítulo da Comunicação Social (art. 220) Declaração
Universal dos Direitos Humanos – ONU (artigos XVIII e XIX)
http://www.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm
Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (PNAD/IBGE) – Tabelas (Capítulo 3: Educação
/ Capítulo 6: Domicílios)
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2005/defa
ult.shtm

AULA 3

TEMAS PROPOSTOS
Processo comunicativo: produção, veiculação, recepção, percepção e uso das mensagens.
Jornalismo: função, dimensão do trabalho na formação de opinião, objetividade, imparcialidade
e ética.

OBJETIVOS
- Compreender o processo de produção jornalístico: as fontes, a reportagem, a apuração
dos fatos e pesquisas históricas, a redação, a fotografia, a editoria, a redação final e a
diagramação. - Entender a função do jornalista e suas dimensões.
- Distinguir tipologias/gênero de textos e linguagens: textos informativos, textos de
opinião, textos de publicidade, textos literários e textos de entretenimento.

22
- Evidenciar a necessidade do gosto pela língua portuguesa e do desenvolvimento de
habilidades de leitura, interpretação de texto e escrita.
- Discutir o uso social dos discursos dos meios de comunicação e sua apreensão pelo
público.

ATIVIDADES EM SALA DE AULA


Análise e identificação da composição dos jornais. Análise e identificação da composição dos
textos jornalísticos.

RECURSOS MATERIAIS
Exemplares de jornais de grande, médio e pequeno porte.

COMENTÁRIOS
O ponto inicial desta aula trabalha com exemplares de jornais para que os alunos entendam a
sua composição desde a primeira página até os classificados e a sua organização empresarial.
Sugiro que a turma seja dividida em grupos de no máximo cinco alunos para que a atividade
seja bem realizada. O interesse é que façam uma análise do conteúdo e da forma: . Que notícias
estão destacadas na primeira página? Que notícia tem a maior matéria? Que notícia tem mais
matérias, artigos e editoriais? Que notícia está coberta com a maior foto ou com mais fotos?
Que notícias têm charges? Que notícias têm os menores espaços? . Quais cadernos compõem
os jornais? Que áreas de informação e conhecimento cobrem (política, economia, negócios,
esportes, policial)? Que cadernos têm áreas específicas de interesse (cultura e artes, moda,
saúde, informática, TV, bairro)? Quais áreas da informação e do conhecimento têm cobertura
diária e quais áreas têm publicação periódica? Nestes jornais devem ser identificados os cargos
e as funções das direções, das áreas executivas, das editorias e das redações e devem ser
contados os jornalistas e fotógrafos que assinam as matérias, para se ter uma idéia da
organização, do conjunto e da quantidade de profissionais envolvidos. Trabalhando com as
notícias de mais destaque que tenham matérias jornalísticas, fotografias, infográficos, artigos,
editoriais e charges, o professor pode distinguir os tipos (tipologia ou gênero) de textos
jornalísticos: textos informativos e textos de opinião e ainda apontar outros tipos também
presentes nos jornais, como textos literários, textos de entretenimento e textos de publicidade,
para pedir que os alunos os identifiquem nos exemplares com que estão trabalhando. Tendo
visto o jornal na sua grande forma e organização, creio que as atenções devem ser levadas para
a matériaprima dele, a notícia, e para o seu processamento: a cobertura do fato e sua apuração,
as pesquisas de informação em variados tipos de fontes documentais, a redação da matéria, a
análise e a orientação editorial, a redação final e a diagramação com a imagem fotográfica.
Entendido este processo de trabalho, pode ser proposta a reflexão sobre como, partindo do
mesmo fato, notícias diferentes, diversas e até antagônicas chegam ao público? Dando
seqüência nesta reflexão pode ser proposta a discussão sobre o trabalho do jornalista e suas
dimensões. Para finalizar a aula de forma encadeada, trabalhando com as matérias selecionadas

23
e abrindo as questões sobre a recepção e a percepção das informações pelos alunos, sugiro que
uma série de perguntas como as que seguem sejam feita para os grupos: . O título é condizente
com o conteúdo e o desenvolvimento da matéria? . O texto jornalístico relata fatos ou se compõe
também com as opiniões do autor? . Como os indivíduos relacionados aos fatos daquelas
matérias e suas comunidades foram tratados e devem ter sido impactados pelas notícias? . Como
pensam que a sociedade como um todo está se posicionando diante daquelas notícias?

REFERÊNCIAS
FARACO, Carlos Alberto. Português: língua e cultura, ensino médio, volume único. Curitiba:
Base Editora, 2003.
MARTINS, Eduardo Lopes. Manual de redação e estilo de O Estado de São Paulo, 3 ed, ver. e
amp. São Paulo: O Estado de São Paulo/Editora Moderna, 1997.
OLIVEIRA, Dennis. Fronteiras do jornalismo no espaço midiático: A real dimensão da função
ideológica da informação jornalística Revista PJ:BR, São Paulo: ECA/USP, Edição 05, 1o.
sem., 2005 http://www.eca.usp.br/pjbr/arquivos/especial5_e.htm R ROSSI, Clóvis. O que é
jornalismo. São Paulo: Brasiliense,2000.

AULA 4

TEMAS PROPOSTOS
Organização e comunicação comunitária.
Protagonismo popular e participação cidadã.
Afirmação identitária e ideológica.
Veículos de comunicação com interesses segmentados.

OBJETIVOS
- Promover uma ampla discussão com questões para se entender a identificação dos indivíduos
e de suas comunidades com os veículos de informação: . O que na(s) mídia(s) jornalística(s)
expressa realidades vividas por você? . Os meios de comunicação podem ser meios de
desinformação? Se realmente podem, como isto se dá? . Você confia nas informações
veiculadas pela mídia? . Por que você acha que "notícias ruins" têm grande ênfase na mídia?
Como acredita que isto funciona socialmente? . Você acha que todo cidadão pode
desempenhar as atividades jornalísticas? Se cidadãos organizados produzirem um veículo de
informação, acredita que este terá credibilidade?
- Apresentar as possibilidades de produção de informação fora dos grandes veículos.

ATIVIDADES EM SALA DE AULA


Leitura e interpretação de textos

24
ATIVIDADE EXTRA-CLASSE
Elaboração e montagem de jornal mural RECURSOS

MATERIAIS
Textos impressos Exemplares de jornais comunitários e segmentados

COMENTÁRIOS
Esta aula deve ser orientada para uma ampla discussão sobre a identificação dos alunos e suas
comunidades com os veículos de informação: jornais, rádios, TVs, web sites, blogs e outros
veículos que venham a ser listados. A proposta é levar os alunos a identificarem que, para além
dos veículos de comunicação de massa, existe a produção de veículos de comunicação pela
iniciativa de grupos sociais que não se vêem representados, bem como seus interesses, ou ainda,
que desejam ser apresentados por si próprios e não sob a visão de outros. Feita esta identificação
vale perguntar: por que estes grupos sociais têm esta necessidade? Distribua entre os alunos os
exemplares de jornais comunitários e segmentados e solicite que façam um quadro comparativo
entre os tipos de abordagem que eles apresentam e os contidos nos jornais de grande circulação.
Estes grupos de comunicadores podem estar reunidos por várias razões: ideologia política,
gênero, etnia, por gostos e modismos, por interesses comunitários e experiências comuns. É
importante frisar que a busca por expressão própria e independente tem longa data e devem ser
citados exemplos, como o do jornal "O Homem de Cor" fundado em 1833, primeira iniciativa
da imprensa afrobrasileira. Para buscar a compreensão da significância da produção, vale a
pergunta: podem-se resgatar informações factuais, compreender momentos políticos, entender
contextos sociais através destes veículos? De posse do quadro comparativo entre os jornais
comunitários e segmentados e os grandes jornais, sugiro que seja lançado o “desafio” para a
elaboração de um jornal mural sobre a comunidade escolar. Caberá ao professor, com os
conhecimentos da Aula 3, orientar a formação de dois grupos com a estrutura básica para a
produção jornalística. A sugestão de ter dois grupos intenciona vivenciar as possibilidades que
os mesmos fatos possam ser reportados de duas maneiras diferentes, com desenvolvimentos e
ênfases particulares a cada grupo e gerar opiniões diversas.

Obs. 1: A indicação de um jornal mural é neste plano de aula uma maneira de equalizar esta
experiência entre muitas realidades diferentes no que tange ao acesso a recursos. E ainda que
os grupos de trabalho disponham de recursos melhores e mais sofisticados para a produção
final, o jornal mural poderá ser encarado como uma experiência matriz para o trabalho em
qualquer outro suporte tecnológico.
Obs. 2: A experiência proposta é muito viva e acredito que envolverá os alunos com grande
estímulo e poderá ser finalizada de duas formas a partir da avaliação dos resultados pela turma:
unificar os grupos para a produção de um trabalho final conjunto; manter-se os dois grupos com
produções distintas.

25
REFERÊNCIAS
“Com câmeras na mão, indígenas lutam para manter tradição” (Agência
Reuters)http://www.direitoacomunicacao.org.br/novo/content.php?option=com_content&t
ask=view&id=982&Itemid=912
FACULDADES INTEGRADAS HÉLIO ALONSO – Núcleo de Educação e Comunicação
Comunitária / NECC – Revista Comunicação & Comunidade
(depot)http://facha.edu.br/necc/revista.htm
FOERST, Gerda Margit Schütz. A IMAGEM E IDENTIDADE: um estudo sobre a construção
da
visibilidade de negros e mulheres em imagens artísticas e na
mídiawww.fazendogenero7.ufsc.br/artigos/G/Gerda_Foerste_35.pdf “Grande
imprensa perde espaço para cidadão-jornalista” (Agência BBC Brasil)
www.milenio.com.br/milenio/noticias/ntc.asp?Cod=867
GRUMINhttp://www.grumin.org.br/
MARQUES, José Reinaldo. Jornalismo na prática - A luta para continuar independente
(2/9/2005) http://www.abi.org.br/primeirapagina.asp?id=1164
PERUZZO, Cicilia M. Krohling. Comunicação comunitária e educação para a
cidadania http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista13/artigos%2013-3.htm
_______. Webjornalismo: do Hipertexto e da Interatividade ao Cidadão
Jornalistahttp://www.versoereverso.unisinos.br/index.php?e=1&s=9&a=3 PINTO,
Ana Flávia Magalhães. A imprensa negra no Brasil - momentos
iniciaishttp://www.irohin.org.br/ref/inegra/20060530_01.htm
SANTOS, Cíntia Amária. O processo de alimentação da imprensa interiorana e a grande
imprensa nacional. Revista PJ:BR, São Paulo: ECA/USP, Edição 05, 1o. sem., 2005
http://www.eca.usp.br/pjbr/arquivos/dossie5_d.htm

AULA 5

TEMAS PROPOSTOS
Tecnologias de informação e comunicação
Inclusão digital X exclusão social

OBJETIVOS
- Discutir a utilização dos equipamentos e facilidades tecnológicas como ferramentas de
suporte a geração de conteúdos.
- Discutir o desenvolvimento de políticas que priorizem a utilização destes meios e não
apenas o seu fornecimento.
- Discutir a importância de criar, planejar e implementar projetos que proporcionem
oportunidades de indivíduos formarem e integrarem cadeias criativas e produtivas, promovendo
caminhos autônomos e emancipadores.

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- Desmistificar a forma de produção de informação e conhecimento em suportes
tecnológicos como mais valorosos do que outras.

ATIVIDADE EM SALA DE AULA


Leitura crítica da letra da música “Pela Internet” (de Gilberto Gil)

RECURSOS MATERIAIS
Textos impressos

COMENTÁRIOS
A passagem do conhecimento foi e é vital para a sobrevivência e a evolução humana. A
comunicação é a via de passagem do conhecimento: o gesto, a palavra e a escrita, em uma
evolução crescente de linguagens. Sugiro no início desta aula listar com os alunos quais
inovações tecnológicas foram usadas, a partir da criação da escrita, para a difusão de informação
e conhecimento. Suportes de pedra e de tecido já foram grandes inovações que possibilitaram
armazenar e circular informação e conhecimento. Há tempos existe um grande debate sobre o
uso de tecnologias de comunicação no processo educacional, os tópicos eram o rádio e a TV.
Educação e tecnologia sempre andaram de mãos dadas. Tecnologias são produtos de saberes.
Em moto perpétuo alavancam a produção de mais saberes e estes a criação de novas tecnologias.
Em um exercício rápido o professor junto com os alunos pode encadear um exemplo deste moto
perpétuo. Este debate hoje atualizado fala sobre as tecnologias de informação, acrescentando
no processo educacional: produção audiovisual (rádio e TV), computadores conectados à
Internet, produção interativa e colaborativa. A Educação é responsabilidade do Estado com seus
cidadãos e uma prioridade global. É indicadora de cidadania e fator de competitividade. Agora,
no Brasil, antigas carências do sistema educacional encontram-se com urgentes demandas de
modernização dos seus processos pelas tecnologias de informação. Por diversos fatores a
tecnologia de informação tem grande apelo, e assim, um conjunto de políticas públicas de
Educação, com recursos privados e governamentais, movendo-se com significativos esforços
têm equipado escolas com computadores com acesso à Internet, com estúdios de rádio e com
câmeras e sistema de edição de vídeo, ações que são conhecidas como Inclusão Digital, que
estão no âmbito da Inclusão Social, que no seu panorama geral é trabalhada com Saúde,
Educação, Emprego e Moradia. Sugiro que os alunos sejam convidados a opinar no que o acesso
a tais equipamentos e recursos melhorou, está melhorando ou poderá melhorar efetivamente
seu aprendizado escolar, suas possibilidades de colocação no mercado de trabalho e sua relação
comunitária. Continuando com o estímulo às manifestações, sugiro que seja desenhado o
quadro da realidade escolar local, com suas carências em ordem de prioridades para busca de
soluções e de que maneira a Inclusão Digital contribui, ou pode vir a contribuir, para ações
transformadoras, educacionais e sociais. Tomando a música “Pela Internet” de Gilberto Gil,
para canto e interpretação do texto da letra, sugiro que se proponha a reflexão sobre em que

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medida as políticas de Inclusão Digital estão preparando os alunos para criarem caminhos
autônomos e emancipatórios e se relacionarem com cadeias criativas e produtivas.

REFERÊNCIAS
LOFY, Willian. Inclusão Digital X
Analfabetismohttp://www.direitonet.com.br/artigos/x/20/25/2025/
NAZARENO, Cláudio (e outros). Tecnologias da informação e sociedade: o panorama
brasileiro. Brasília: Câmara dos Deputados, 2007
http://www.camara.gov.br/internet/infdoc/Publicacoes/html/ pdf/tecnologia_info.pdf
PARENTE, Cristiane. Circuitos de acesso. In revista Onda Jovem, Ano III, n. 8, julho-2007.

AULA 6

TEMAS PROPOSTOS
Democratização da mídia: participação cidadã
Sustentabilidade

OBJETIVOS
Apresentar para a comunidade escolar o Jornal Mural elaborado pelos alunos

RECURSOS MATERIAIS
Espaço em que se possam acomodar alunos, professores, funcionários e convidados.

COMENTÁRIOS
Os alunos deverão mobilizar a comunidade escolar para a apresentação do resultado da
experiência de produção do Jornal Mural. Os integrantes da equipe do Jornal Mural deverão
relatar suas experiências, explicando as suas funções e tarefas e as fases de trabalho necessárias
para a produção, de modo a deixar claro para todos na escola o processo de concepção e gestão
do seu veículo. Será importante o professor alertar aos alunos, neste momento de lançamento,
que tenham o entendimento de que um veículo de comunicação vive dos seus leitores, ouvintes
e expectadores, assim sendo esta pode ser a ocasião de se criar a essencial relação entre a
comunidade escolar e o jornal, o que pode ser feito com o estabelecimento da simpática seção
de cartas, como espaço para a publicação das manifestações dos leitores. Na mesma linha de
relacionamento com o público, conforme a maturidade que a equipe revelar, poderá ser criado
o cargo de ombudsman, membro da equipe do veículo de comunicação que é responsável por
receber dos leitores críticas, queixas e denúncias de erros, desvios e abusos e investigá-los,
respondendo de forma independente no próprio veículo. A continuidade do trabalho, sua
consistência, a conquista e a fidelização de leitores podem apontar para um crescimento do
jornal e propiciar aos alunos uma visão de empreendimento, para o qual eles terão que buscar
a sustentabilidade, o que vai requerer que eles planilhem suas ocupações de tempo e

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necessidades de recursos materiais e elaborem um plano de negócios para fazerem a captação
de apoios institucionais e/ou financeiros.

29
14. Dicas de
materiais sobre educomunicação
Livro EduComunicação em Movimento – Núcleo de Comunicação Comunitária São
Miguel no Ar
Autor: Fundação Tibe Setubal
Acesse: http://www.fundacaotidesetubal.org.br/midia/publicacao_388.pdf

Manual “Mudando sua escola, mudando sua comunidade, melhorando o mundo” -


Sistematização de Experiência em Educomunicação
Autor: UNICEF/Rede CEP
Acesse: http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_19415.htm

Guia de Educomunicação - Conceitos e práticas da Viração


Autor: Viração Educomunicação
Acesse: http://issuu.com/portfolio_viracao/docs/guia_educomunicacao

Caderno pedagógico do macrocampo “Comunicação e Uso de Mídias”


Autor: Ministério da Educação (MEC) Acesse:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=12
328&Itemid=>

Revista Onda Jovem – “Comunicação: a contribuição das mídias à educação juvenil”


Acesse: http://www.institutovotorantim.org.br/pt-
br/saladeimprensa/publicacoes/ed08_Onda_Jovem_Comunicacao.pdf

Guia do Jornal Escolar


Autor: Comunicação e Cultura
Acesse: http://comcultura.org.br/wp-content/uploads/2010/04/guia-do-jornal-
escolarversaoweb.pdf

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