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Resumo
1 INTRODUÇÃO
2 CONCEITUANDO NEUROCIÊNCIA
Para entendermos como e até que ponto a Neurociência pode contribuir com o processo de
ensino aprendizagem, primeiro é importante compreender o seu conceito.
De acordo com Roberto Lent (2010), a Neurociência é uma das disciplinas mais ricas e
inovadoras da ciência moderna, pois revela como o ser humano pensa, planeja o futuro,
guarda registros do passado e intervém no meio ambiente, permitindo sonhar com a cura de
doenças incapacitantes de ordem neurológica e psiquiátrica. Segundo o autor, a Neurociência
se divide e é classificada de acordo com sua abordagem: Neurociência Molecular, Celular,
Sistêmica, Comportamental e Cognitiva. Nesta última reside o interesse desse estudo, pois
trata das capacidades mentais mais complexas, como por exemplo, a linguagem e a memória,
fundamentais em todo o processo de ensino aprendizagem.
3 A APRENDIZAGEM EM PERSPECTIVA
Henry Wallon foi o primeiro a falar da formação integral das crianças, dando ênfase ao papel
das emoções na aprendizagem . Sentimentos como raiva, alegria, medo e tristeza ganham
função relevante com o meio. O desenvolvimento, segundo sua concepção, se fundamenta em
quatro pilares: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu (FERRARI,
2006).
De acordo com Almeida (2006), três pontos se destacam nas propostas pedagógicas
wallonianas:
1. a ação da escola não se limita à instrução, mas se dirige à pessoa inteira e deve converter-
se em um instrumento para seu desenvolvimento; esse desenvolvimento pressupõe a
integração entre as dimensões afetiva, cognitiva e motora;
2. a eficácia da ação educativa se fundamenta no conhecimento da natureza da criança, de
suas capacidades, necessidades, ou seja, no estudo psicológico da criança;
3. é no meio físico e social que a atividade infantil encontra as alternativas de sua realização; o
saber escolar não pode se isolar desse meio, mas, sim, nutrir-se das possibilidades que ele
oferece (ALMEIDA, 2006, p.78).
Segundo Almeida (2006), a conceituação de meio desenvolvida por Wallon confere à escola
uma importância e uma responsabilidade muito grande no desenvolvimento pessoal, cuja
atuação tem reflexos posteriores. Na escola o aluno poderá vivenciar papéis diferenciados,
aprender a assumir e dividir responsabilidades, a respeitar regras, a administrar conflitos,
compreender a necessidade do vínculo e da ruptura, aprender a conviver.
é o ponto de coesão que assegura a continuidade do passado com o futuro. Sem esquecer que
a criança traz para a escola as características de seu ser biológico, psicológico, além das
condições materiais e sociais de sua existência. É a partir daí que a escola tem de trabalhar.
[...] A escola não pode esquecer que toda prática verdadeiramente pedagógica tem por
finalidade o desenvolvimento da pessoa e o fortalecimento do eu (ALMEIDA, 2006, p.85).
Em Vygotsky, a ênfase está nos processos de aprendizado. Para ele todo aprendizado é
mediado e a formação se dá numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade ao seu redor.
Oliveira (1997) afirma que, para Vygotsky,
as funções psicológicas superiores, típicas do ser humano, são, por um lado, apoiadas nas
características biológicas da espécie humana e, por outro lado, construídas ao longo de sua
história social. Como a relação do indivíduo com o mundo é mediada pelos instrumentos e
símbolos desenvolvidos no interior da vida social, é enquanto ser social que o homem cria suas
formas de ação no mundo e as relações complexas entre suas várias funções psicológicas.
Para desenvolver-se plenamente como ser humano o homem necessita, assim, dos
mecanismos de aprendizado que movimentarão seus processos de desenvolvimento
(OLIVEIRA, 1997, p.78).
Para Migliori (2013, p.77) “a aprendizagem resulta de um processo integrado que provoca uma
transformação na estrutura mental daquele que aprende. Essa transformação se reflete em
alterações na conduta da pessoa”. Segundo a autora,
É importante para o educador entender que o processo de ensino aprendizagem envolve mais
do que concepções pedagógicas ou metodologias didáticas. Migliori afirma que é necessário
perceber as relações entre a aprendizagem, as emoções, o esforço cognitivo e a necessidade
de manutenção dessa atividade sistêmica no cérebro, sem repetir padrões de aprendizagem
que reduzam a capacidade de criar novas redes sinápticas, ou seja, não desenvolvendo a
capacidade de aprender (MIGLIORI, 2013).
De acordo com Guerra (2011), são as emoções que orientam a aprendizagem. Segundo a
autora,
Neurônios das áreas cerebrais que regulam as emoções, relacionadas ao medo, ansiedade,
raiva, prazer, mantêm conexões com neurônios de áreas importantes para formação de
memórias. Poderíamos dizer que o desencadeamento de emoções favorece o estabelecimento
de memórias. Aprendemos aquilo que nos emociona (GUERRA, 2011, p.7).
Conforme Goleman, apud Relvas (2015), a inteligência é determinada pelo autocontrole das
emoções. Segundo o pesquisador,
As crianças que aprendem a controlar suas emoções têm maior potencial de inteligência e
mais oportunidade de êxito na vida afetiva e profissional. As pesquisas mostram que as
crianças que têm dificuldades de relacionamento na escola têm oito vezes mais oportunidade
de fracassar em suas ambições (RELVAS, 2015, p.117).
O autor avalia, além da raiva, outros impulsos como a gula e a ansiedade. Afirma que o
ambiente familiar exerce influência decisiva para o autocontrole dos impulsos. Os pais
precisam saber dizer não. Segundo Goleman, apud Relvas (2015),
Assim, levando em conta que o aluno possui outras inteligências além da linguística e da
lógico-matemática, que devem ser desenvolvidas, as estratégias pedagógicas precisam utilizar
recursos multissensoriais que ativem as múltiplas redes neurais para atingir resultados mais
eficientes.
Bossa (2013) afirma que a sala de aula pode ser um ambiente muito rico para ampliar a rede
neural, mas para isso o professor tem que saber como o cérebro reage frente ao objeto
conhecimento. Ainda segundo a referida autora, muito do que é importante e viável para
promover um bom desenvolvimento infantil já está presente no ideário pedagógico das boas
escolas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa foi norteada pelo interesse em levantar as contribuições da Neurociência para o
processo de ensino aprendizagem e em que medida a prática educativa pode se beneficiar dos
conhecimentos em aprendizagem a partir de uma abordagem neurobiológica.
Em sequencia, partindo de autores como Almeida (2006), Bossa (2016), Ferrari (2006), Guerra
(2011), Migliori (2013), Oliveira (1997) e Relvas (2015), exploramos o conceito de
aprendizagem segundo a perspectiva pedagógica em conexão com a perspectiva
neurobiológica, destacando a importância das emoções e das inteligências múltiplas no
processo de ensino aprendizagem. Assim, foi possível concluir que a aprendizagem é
multifacetada, afinal depende de diversos fatores orgânicos e funcionais, entre os quais
citamos o desenvolvimento da linguagem, a atenção e memória, além dos aspectos afetivos,
emocionais e ambientais.
Tal conhecimento também favorece a avaliação do professor em sua prática docente, reflexiva
por excelência, no diagnóstico dos fatores envolvidos na não aprendizagem, tendo em vista os
demais aspectos sociais, ambientais e pedagógicos que interferem no desenvolvimento dos
alunos.
Finalmente, conforme afirma Guerra (2011), concluímos que as neurociências não propõem
uma nova pedagogia, mas sua contribuição reside em fundamentar e inspirar práticas
educacionais capazes de alcançar melhores resultados no processo de ensino aprendizagem.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, L. R. Wallon e a educação. In: MAHONEY, A. A., & ALMEIDA, L. R. (orgs.). Henri
Wallon: Psicologia e Educação. São Paulo: Loyola, pp.71-87, 2006.
_____. Entender o cérebro para educar melhor. Revista Patio Abril, número 35, 2013.
Disponível em: http://www.nadiabossa.com.br/entender-o-cerebro.html. Acesso em:
30/05/2016.
FERRARI, Márcio. Nova Escola, Edição Especial Grandes Pensadores, vols. 1 e 2. São Paulo:
Abril, 2006.
GUERRA, Leonor Bezerra. O diálogo entre neurociência e a educação: da euforia aos desafios
e possibilidades. Revista Interlocução, v. 4, n. 4, p. 3-12, publicação semestral, junho/2011.