REFERÊNCIAS
Sara Granemann responde a essa questão dizendo que o Serviço Social pode ser
entendido como trabalho e fundamenta seu posicionamento na própria obra marxiana.
Conforme ensinou Marx, conforme os homens desenvolvem a tecnologia, mais os
trabalhadores estarão distantes da natureza. Além disso, o importante, para caracterização de
uma atividade como trabalho, é que haja a extração de mais valia (GRANEMANN, 1999, p.
158). Por fim, para fundamentar seu ponto de vista, a autora enfatiza a importante divisão
entre trabalho produtivo e trabalho improdutivo – sendo o trabalho produtivo compreendido
como aquele que proporciona a captação da mais-valia de forma de direta (como o
funcionário nas fábricas) ou propiciando as condições para que os trabalhadores tenham sua
mão-de-obra explorada e a mais-valia extraída (GRANEMANN, 1999, p. 159). Para
Granemann, considerando essa classificação, o assistente social que, por exemplo, trabalha
em uma empresa de ônibus, contribui para que se produzam as condições ideais para que a
mais-valia seja extraída dos demais funcionários; logo, o assistente social, nesse caso,
desempenha um trabalho produtivo (GRANEMANN, 1999, p. 160). Entretanto, a autora
aprofunda suas colocações explicando que uma mesma atividade pode ora ser caracterizada
como trabalho produtivo, ora como trabalho improdutivo – aquele que não resulta em
extração da mais-valia e tampouco contribui para a sua extração (GRANEMANN, 1999, p.
161). O serviço social, para Granemann, por vezes também pode ser classificado como
trabalho improdutivo, como ocorre quando o assistente social atua nas políticas públicas do
Estado, onde não há extração da mais-valia (GRANEMANN, 1999, p. 160). De qualquer
maneira, frise-se, seja na forma produtiva ou improdutiva, a autora considera que o serviço
social sempre está dentro da categoria trabalho.
Sérgio Lessa, por outro lado, apesar de não abordar diretamente a questão da
classificação do serviço social como trabalho ou não, ao expor sua concepção de trabalho,
termina por excluir o assistente social dessa categoria. Para explicar seu ponto de vista, o
autor descreve historicamente o desenvolvimento do trabalho humano. Desde as primeiras
ideações, que, através da objetivação, transformaram a natureza (LESSA, 1999, p. 20). O
autor descreve como o trabalho tornou-se complexo e como a produção do excedente de
produção culminou na opressão de grupos para a exploração de sua força de trabalho
(LESSA, 1999, p. 23). Como ensina Lessa, para que os então escravos fossem mantidos sob
controle, uma série de estruturas, por ele denominadas complexos sociais, foram criados:
como o exército, o Direito, a ideologia e etc (LESSA, 1999, p. 23). Porém, tais complexos
sociais - enfatiza o autor -, não se confundem com a categoria trabalho (LESSA, 1999, p. 23).
Assim, podemos compreender, em uma leitura voltada à questão de o serviço social ser ou
não trabalho, que o autor não o assim consideraria, pois o Serviço Social forma um tipo de
complexo social.
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