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24/09/2010

Ecossistemas Aquáticos 1. Introdução

Qualidade da água em  Noções de Ecologia Aquática


- Ecologia : Ciência que estuda as
Piscicultura relações entre os seres vivos e o meio
ambiente

- Ecossistema : conjunto dos


componentes bióticos (comunidades
vivas) de uma região e os fatores abióticos
Piscicultura: aula 2 (sol, luz, água, solo, etc..), interagindo
Profa Dra Elisabete Maria Macedo Viegas
FZEA/ZAZ

-
Ecossistema aquático
- Ecossistemas aquáticos
Produtores
Componentes bióticos
Consumidores
 Componentes bióticos
Decompositores  Autotróficos - Produtores: representados pelas
plantas macroscópicas (flutuantes, solo e margens) e
microscópicas (fitoplâncton)

Fatores  Produtividade Primária: formação de


 Componentes abióticos químicos e compostos orgânicos através da fotossíntese
físicos da água

Hetrotróficos Principais comunidades aquáticas


 Consumidores: representados pelos animais
1. Plâncton: do grego “errante”- vivem em suspensão na
macroscópicos e microscópicos (zooplâncton)
água (zooplâncton e fitoplâncton)
 Dependem dos vegetais para se alimentar: 1. Fitoplâncton
diretamente herbívoros (zooplâncton, girinos, Euglenas, dinoflagelados, diatomácias, algas azuis e bactérias

insetos, peixes)
Primeiro elo da
•alimentar cadeia
indiretamente carnívoros aquática.
Organismos
•fotossintetizantes
 Decompositores: representados por
utilizam
bactérias e fungos energia luminosa para
• Promovem a reciclagem da Matéria Orgânica transformar compostos
(MO) inorgânicos em orgânicos.
• Dependem de organismos mortos e • importantes na alimentação
excrementos para se alimentar de peixes especialmente na
fase larval

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Principais comunidades aquáticas


ENERGIA

CO
2 ÁGUA

Fitoplâncton 2. Zooplâncton
Copépodos, águas vivas, anêmonas, pequenos crustáceos, organismos em
estado larval.
GLICOSE

Se alimentam do fitoplâncton e servem como alimento para carnívoros,


ORGANISMO
desde pequenos peixes até baleias.
OXIGÊNIO

Fotossíntese

nCO + nH O CH O + nO
2 2 2 2
luz, clorofila,
nutrientes (fosfatos,
nitratos)

Principais comunidades aquáticas

 2. Macrófitas aquáticas : vegetais superiores que


vivem na água, enraizados ou não no fundo dos corpos
d´água
 Totalmente submersas enraizadas. Ex: elódea,
cabomba
 Flutuantes Ex: aguapé, alface d´água
 Emersas – raízes dentro, caules e folhas fora da água.
Ex: taboa
 Com folhas flutuantes – raízes e caules dentro e folhas
na superfície. Ex: vitória régia
Podem interferir no aproveitamento do viveiro

Principais Comunidades Aquáticas


 3. Nécton: vivem na massa d´agua com
movimentos natatórios voluntários (peixes,
anfíbios, répteis)

4. Bentos (do grego“benthos”=profundidade) :


comunidade de organismos que
vivem no fundo dos viveiros
(oligoquetos, estágios larvais de insetos,
moluscos, bactérias, fungos).
 Atuam direta ou
indiretamente na decomposição da MO

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Cadeia alimentar

5-Grandes predadores

4-Grandes carnívoros

2 - Herbívoros

1 - Fitoplâncton

1 - Algas multicelulares 2 - Zooplâncton 3 - Pequenos carnívoros

Concentração de energia ao longo da cadeia


Componentes bióticos de um ecossistema aquático - Lago

Cadeia alimentar em viveiros 2. Componentes abióticos


adubados de tilápias
Fertilizante 2.a. Fatores climatológicos (ambientais)
- Radiação solar
Fitoplâncton
- Temperatura
Zooplâncton Insetos
- Precipitação pluviométrica
Tilápia
- Umidade relativa do ar
- Ventos
Detritos - Pressão atmosférica
Bentos

Fatores climatológicos ToC, precipitação pluviométrica, 2.b. Fatores hidrológicos


umidade relativa, ventos, etc.
 Físicos
Exercem influência direta  Químicos
ToC, Cor, Turbidez e Condutividade (Físicas) 1. Principais Variáveis Hidrológicas físicas
a. Temperatura
Riqueza de nutrientes, alcalinidade, pH, dureza da água, gases (química) b. Transparência e turbidez
Influenciando diretamente c. Cor
d. Condutividade elétrica
Produção Primária (fitoplâncton)

Produção Secundária (zooplâncton) Terciária (peixes)

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2. PrincipaisVariáveis hidrológicas químicas 3 - Manejo da Qualidade da Água em


Piscicultura
a. pH • um dos fatores mais importantes para o
b. OD sucesso de uma piscicultura
c. Alcalinidade e Dureza
• condições inadequadas : prejuízo do
d. CO2
crescimento, reprodução, sobrevivência
e. NH3
f. NO2- e NO3-- • conhecimento útil para desenvolver manejo
produtivo

3 - Manejo da Qualidade da Água em Limites de temperatura - Espécies tropicais


Piscicultura
 Conforto térmico – entre 20 e 30oC
1. Variáveis hidrológicas físicas  Temperatura ótima – entre 25 e 28oC
1.a. TEMPERATURA  Afeta o metabolismo - < 20oC
- Afeta o desenvolvimento dos peixes e
outras características da água; Exemplo de temperaturas – Conforto térmico
 Tilápias = 18 a 30oC
- Limites de temperatura: variáveis com
 Pacu = 20 a 30oC
as espécies
 Curimbatá = 20 a 30oC
 Bagre africano = 18 a 30oC
 Carpa comum = 16 a 28oC
 Truta arco-íris = 8 a 15oC

Estratificação Térmica
Desenvolvimento ótimo Diferenças térmicas observadas nas camadas de água em um
determinado corpo d’água

Reprodução
 Consequências negativas para o cultivo:
Crescimento moderado
- fotossíntese maior na superfície (mais OD)
Crescimento débil - acúmulo de compostos tóxicos no fundo do
viveiro.

Crescimento  Soluções para minimizar o problema:


nulo
0 5 13 18 20 28 30oC - uso de aeradores
Influência da temperatura sobre o desenvolvimento da carpa, segundo - controlar a taxa de renovação de água
HUET (1978)

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1.b. Transparência e Turbidez da


água Faixa ideal de Transparência da água

 Transparência (visibilidade)
- capacidade de penetração da luz na água;
Recomendada
- depende da turbidez (partículas agem como Baixa produção de fitoplâncton
dispersante da luz);
- medida com o disco de Secchi. 25 30 45 60 70
 Turbidez cm
Cessar a fertilização e o
- presença de partículas em suspensão arraçoamento Desenvolvimento de macrófitas

(orgânicas e inorgânicas);
Transparência: pode ser usada como indicador da densidade
-modifica a penetração da luz e afeta a planctônica
fotossíntese

Esquema para avaliar as leituras do disco


de Secchi 1.c. Cor
Leitura do disco de Secchi (cm) Comentários
Menor que 20 cm Viveiro muito turvo. Se o viveiro está Na água a cor é determinada por partículas
turvo devido ao fitoplâncton, haverá
problemas com baixa concentração de
ionizáveis em solução
oxigênio dissolvido. Quando a turbidez
for por partículas de solo em suspensão, a
- Pigmentos, húmus, sais minerais, nutrientes
produtividade será baixa.
20-30 cm A turbidez está se tornando excessiva.

30-45 cm Se a turbidez for devida ao fitoplâncton,


o viveiro está em boas condições. Em viveiros de piscicultura:
determinada pela abundancia
45-60cm O fitoplâncton está se tornando escasso. de fito e zooplâncton

Mais de 60 cm A água está muito clara. Produtividade


inadequada e perigo de problemas com
plantas daninhas aquáticas
Em viveiros de tilápia, leituras do disco de Secchi menores são admissíveis, mas menores
que 10-15 cm, pode resultar em estresse relacionados a oxigênio e morte.

Indicativos da Cor em Viveiros e


Tanques de Piscicultura
1.d. Condutividade elétrica
 Cor levemente verde → grande quantidade de algas
 Cor verde musgo → presença de algas tóxicas  Indicador da capacidade da água em conduzir
(cianofíceas) eletricidade; medida indireta quantidade de íons
 Cor amarela → presença de alga Euglena (água  Permite avaliar a quantidade de nutrientes
ácida) disponíveis no ambiente aquático (qto > a CE, > a
 Coloração marrom → excesso de argila ou barro produção primária, dentro de certos limites).
→ excesso de zooplâncton Águas oligotróficas: pobres em nutrientes
 Cor parda → formando camada na superfície =  Águas eutróficas: ricas em nutrientes
presença de algas mortas → excesso de nutrientes Valores desejáveis em Piscicultura: 20 a 100µS/cm
→ florescimento → “bloom” de algas → morte

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2. Variáveis Hidrológicas Químicas pH


 pH=-log [H+]
 escala: de 0 a 14
 pH Níveis de tolerância de pH
Oxigênio Dissolvido (OD) Faixa adequada
Alcalinidade e Dureza da Água
0 4 5 6 7 8 9 10 11
Gás Carbônico Faixa suportável Letal
Letal
Amônia
 Nitrito
 A maioria das espécies de peixes não sobrevive a variações bruscas de pH

Variações de pH nos viveiros Oxigênio Dissolvido (OD)


Respiração Fotossíntese Origem: Ar atmosférico
Fotossíntese
 Limites variam com as espécie
pH ↓ quando [CO2] ↑ Dia – Remoção do CO2 - pH↑
Madrugada – Doação de CO2 - pH↓ Níveis de tolerância de OD
0 1 2 3 4 5 6
Medidas de controle Letal Faixa adequada
Para aumentar o pH: aplicar calcáreo (CaO, Ca(OH), CaMg(CO3) mg/l de OD
ou gesso agrícola (CaSO4)
Para diminuir o pH: aplicar sulfato de alumínio ou fertilizantes com Sobrevivem, mas podem diminuir crescimento
NH3 .

Causas da variação de OD na água Sintomas de queda da concentração de


OD nos viveiros
Temperaturas altas

 Morte súbita do fitoplâncton  Peixes diminuem a ingestão de alimentos

Super população de peixes no viveiro  Mudança de cor da água (verde para marrom)

Chuvas ou ventos fortes  Peixes na superfície ou próximos a entrada de


água.
 Excesso de alimentos ou fertilizantes

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Alcalinidade total e Dureza total


Medidas de controle do OD
Concentração de bases existentes na água, expressa em partes
partes por milhão (ppm) ou miligramas por litro (mg/l) de
carbonato de Cálcio (CaCO3)
 Manejo adequado dos viveiros Alcalinidade Total (HCO3-, CO3--, OH-)
Poder tampão da água (evita oscilações de pH)
- alcalinidade : pH entre 7,0 e 8,5
Aeração de emergência - alcalinidade : pH entre 5,5 e 10,0
 Se < 20 mg CaCO3/l → águas com reduzido poder tampão.
 Melhores valores → > 20 mg/l de CaCO3+ (pH 6,5 – 8,5).
Renovação da água
Dureza Total : reflete o teor de Ca e Mg presentes na água (ligados
ao CO32 e HCO3 1)
- águas naturais dureza total=alcalinidade total

Mudança diária de pH na água de viveiros com


diferentes alcalinidades da água Efeitos da alcalinidade para o cultivo de peixes

Limites mínimos
recomendáveis
Ideal Excesso

0 20 250
30 mg/L de
Riscos de grandes CaCO
variações de pH 3

Medidas de controle

Aumentar a alcalinidade : aplicar calcáreo (CaCO3) em toda a superfície


- de 1000 a 4000Kg/há dependendo dos valores da alcalinidade

15-30 0-5 mg/L CaCO


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Gás Carbônico (CO2) Reações do Gás Carbônico na água


 Fontes de CO2 na água:  CO2 + H2O → Ácido carbônico (H2CO3--)
- Respiração (algas macrófitas e animais)
- Decomposição de matéria orgânica ( H2CO3 -- é ácido fraco)
 Formas de CO2 na água Sofre a 1a dissociação
- CO2 livre
 H2CO3 H+ + HCO3- (Íon
- HCO3- (íon bicarbonato)
- CO32 (íon carbonato)
Bicarbonato)
Sofre a 2a dissociação
 Níveis de tolerância de CO2 na água HCO3- H+ + CO3- - (Íon Carbonato)
> 50 mg/l → letal
> 30 mg/l → tóxico
< 20 mg/l → ideal

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Como remover CO2 da água


 Aeração
 Renovação periódica da água
 Controle do fitoplâncton
Variação na concentração relativa de OD, CO2 e pH da água dos
viveiros ao longo de um dia
Período Oxigênio CO2 PH
Dissolvido

Durante o dia

Durante a noite

Comportamento do CO2 e do OD na água


(BOYD, 1990) Amônia (NH3)
a) NH3 amônia não-ionizada (tóxica)
CO2
b) NH4+ amônia ionizada
Luz Solar
+
O2 H+ + NH3 NH4+ (na água)
Animais CO2
H2O Plantas
+
Matéria orgânica morta Origem da amônia em tanques de cultivo:
Minerais
 Excreção dos peixes
O2  Decomposição da matéria orgânica
Bactérias
 Fertilizantes nitrogenados amoniacais
(Decomposição)

Sintomas de toxidade da amônia


Medidas de controle
Natação errática
Tremores ( não conseguem saltar)
 Manter teor de OD elevado (renovação e
aeração), pois OD diminui a toxidez da NH3
Níveis de tolerância
 Suspensão da fertilização e fornecimento da
Letal
ração
0 0,15 0,4 1,0 mg/l NH
3  Uso de filtros biológicos
Ideal Sub letal Diminui taxa de
crescimento  Manejo adequado

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Nitrito (NO2-) Sintomas de Toxidade do Nitrito

Nitrosomonas Nitrobacter
NH3 NO2- NO3- Sangue e brânquias vermelho escuro ou marrom
 Pode atingir níveis elevados: Peixes parados próximos à superfície ou “nadando de lado” e “ boqueando”
- poluição orgânica
- teor de OD é baixo Altas taxas de mortalidade

 Efeito tóxico
NO2- + hemoglobina → metahemoglobina (sangue com cor marron
Fe+2 a Fe+3) hipóxia Tratamento e Prevenção

 Níveis ideais = 0,0 – 0,5 mg/l N-NO2- Controlar quantidades de rações e fertilizantes

Problema relativamente raro (associado a altas concentrações de


amônia) Colocação de sal na água (Cl impede a penetração do nitrito na
corrente sanguínea)

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