Você está na página 1de 7

A BRUXA DO ARMÁRIO DE LIMPEZA

De Pierre Gripari
Comédia para esquete infantil e/ou teatro de bonecos.
Adaptação: Sérgio Siverly

(Com as cortinas do teatro de bonecos fechadas, os atores


cantam esta canção).

Pierre – Sou eu,senhor Pierre,que estou falando e foi comigo


que aconteceu esta história.Um dia,remexendo no meu
bolso,achei uma moeda de cinco francos.Aí eu pensei:”Que bom!
Estou rico!Vou poder comprar uma casa para mim!”.Fui correndo
falar com o corretor.Bom dia,Seu corretor!Será que pode me
arrumar uma casa de uns cinco francos?

Corretor (em tom de deboche) - O quê?Cinco francos?

Pierre – É.

Corretor - Ah, não!Sinto muito!Eu tenho casas de vinte mil


francos, cinqüenta mil, cem mil, mas não de cinco!

Pierre – Será que procurando bem... Pode ser bem pequena...

Corretor – Claro, agora lembrei!Espere um pouco... Há uma


casinha que fica na rua principal. Tem quarto, cozinha, sala,
banheiro e armário de limpeza.

Pierre – E quanto custa?

Corretor – Três francos e cinqüenta. Com as taxas, vai dar


exatamente cinco francos.

Pierre – Tudo bem. Eu compro.

Corretor – Ótimo! (Pega um papel e pede para o outro boneco


assinar). Pronto,assine aqui.E aqui a sua rubrica.Aqui também
e aqui também.

Pierre – Só isso?Tudo em ordem?

Corretor – Perfeito!Hihihihi!

Pierre (desconfiado) – Do que o senhor está rindo?

Corretor – De nada...Hihihihi!
(Contador sai de cena).

Pierre – Não gostei muito daquela risadinha... Mas fui


conhecer a casa. Andei... Andei... Até encontrá-la. Assim que
entrei... (em tom de suspense)... Tudo ficou quieto.
(silêncio).

(Transeunte entra em cena abruptamente).

Transeunte – Aaaaaaaaaaaaaaaaahhhh!

(Pierre se assusta).

Transeunte – Ora, vamos com calma!Não fique nervoso!Fiz apenas


uma brincadeira!

Pierre – Brincadeira tola!Isso sim!E quem é?

Transeunte – Sou apenas um transeunte... Ou seja, estou apenas


de passagem por estas bandas.

Pierre – Como entrou em minha casa se estava trancada com


chaves?

Transeuntes – O quê?Não creio que fizestes uma pergunta tão


tola?Não conheces a casa que comprares?
Pierre – Como sabes que comprei esta casa?

Transeunte – Está na cara!Não conheces a história.

Pierre – Que história?

Transeunte – Esta casa é mal-assombrada!

Pierre (engasgando) – Assom... assom...assom...

Transeunte -... Brada!E assombrada pela BRUXA DO ARMÁRIO DE


LIMPEZA!E ela só aparece durante a noite!

(Pierre começa a tremer).

Pierre – E o qqqqqqqq... Que essa bruxa faz?

Transeunte – Não faz nada, nenhum barulho, nada. Ela fica


quietinha dentro do armário. Só que... CUIDADO!(Pierre grita e
treme com mais intensidade) Se o senhor cair na besteira de
cantar:
Bruxa vagabunda,
Cuide bem da sua bunda!
“Então ela sai... e azar seu!”

Pierre – E precisava ter me contado isso?Nunca eu ia ter uma


idéia de cantar uma bobagem dessas!Mas agora não vou conseguir
tirar isso da cabeça!

Transeunte – Fiz de propósito!Hahahahaha!(Sai de cena).

Pierre – Que cara chato!(suspira) Afinal, é só tomar


cuidado... Vou tentar esquecer essa canção idiota!Eu vou
arrumar essa casa.(Começa a fingir limpar a casa.Começa a
assobiar a canção idiota)Mas que coisa!Pare Pierre!Concentre-
se nos seus afazeres!(Começa a andar. Começa a assobiar... e
canta bem baixinho:
Bruxa vagabunda,
Cuide bem da sua bunda!

(A bruxa entra em cena abruptamente e rindo.Com uma voz aguda


e malvada).

Bruxa – É mesmo?E por que é que eu tenho que cuidar da minha


bunda?

(Pierre treme sem parar).

Pierre – Mas eu falei tão baixinho... Ah, minha senhora,


desculpe!Fofofofofoi um momentoto de ditratração... Eu tinha
esquecido que... Quer dizer... Cansei de pensar...

Bruxa – Hahahahahaha!Sem pensar?Mentiroso!

Pierre – Piedade, minha senhora!Não me faças mal!Não quis


ofendê-la!Gosto muito de bruxas!Tenho ótimas amigas bruxas!

Bruxa – Tatatá!Não quero ouvir mais nada!Mas,já que você é tão


tagarela,eu proponho uma prova:você tem que acertar três
respostas para três perguntas impossíveis!Se você conseguir,
vou embora para sempre e nunca mais você vai me ver.Mas,se
você não conseguir,vou levar você comigo!Hahahahahaha!

Pierre – Oh!Pelo menos tenho a chance de me defender.

(Transeunte entra de repente).

Transeunte – Aaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhh!

Pierre – Aaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhh!

Bruxa – Aaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhh!
Transeunte – Aaaaahhh!

Bruxa – Precisa assustar-me desta maneira?!

Transeunte – Desculpe cara bruxa!Mas é o meu jeito de me fazer


ouvido.

Bruxa – E bota ouvido nisso!Então, comece.

Pierre – Comece o quê?!Quer dizer que vocês dois já se


conhecem?!

Transeunte (em tom de pastelão) – Siimmmm... Infelizmente, as


garras do destino me fizeram de vítima. Caí nas mãos dessa
ingrata,quando era apenas um feliz garoto,andando para lá e
para cá.

Pierre - Quer dizer que...

Transeunte – Sim!Eu fui uma das vítimas da BRUXA DO ARMÁRIO DE


LIMPEZA!VEJA, que os Bom Bril’s da minha vida assolaram o meu
“ômago” por pinho-sol!Mas, hoje, serei o mediador das
perguntas desta batalha final!Lembrando sempre que são três
perguntas para cada participante, quem tiver mais pontos no
final, vence!Preparem-se!

(A bruxa e Pierre ficam um de cada lado).

Transeunte – A primeira pergunta vai para a bruxa.

Bruxa – Vamos que já estou preparada!

Transeunte – Lá vai: ”O que há no meio do coração?


Bruxa – Pois esta é muito fácil, o que há no meio do coração é
a letra “A”.

Transeunte – A resposta está certa!Parabéns, dona bruxa!

Bruxa – Obrigada, meu filho.

Transeunte – Próxima pergunta para Pierre: ”Quem inventou as


filas?”

Pierre – Nossa!Mas que pergunta difícil!Como vou saber quem


inventou as filas?Será que alguém na platéia sabe?Por favor?

Bruxa – Hahahaha!

Pierre – Pelo amor da interrogaçãozinha!Quem inventou as


filas...
Transeunte – Dez segundos!

Pierre – Já sei!Quem inventou as filas, foram as formigas!

Transeunte – A resposta está correta!

Pierre – Eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!

Transeunte – Um a um, no nosso placar. Próxima pergunta: ”Dona


Bruxa, o que é que tem dente, tem barba, mas não é bicho nem
gente?”

Bruxa – Mas é muito fácil!O que tem dente tem barba, mas não é
um bicho nem gente, é o ALHO!

Transeunte – Certa resposta, dona Bruxa!Pergunta para Pierre:


”O que é o que é que dá um pulo e se veste de noiva?”

Pierre – Minha santa exclamação!O que é que dá um pulo e se


veste de noiva?Alguém aí sabe?Alguém?Ah, já sei, já sei!É a
pipoca!

Transeunte – Resposta certa!É a pipoca!Próxima pergunta para a


dona Bruxa:”O que é o que é,que cai de pé e corre deitado?”

(Silêncio).

Bruxa – Ah... Eu não sei!Eu não sei!Lembra bruxa!Lembra!

Transeunte – Dez segundos!

Bruxa – O que é minha varinha?O que é?Fala comigo!

Transeunte – Cinco segundos!

Bruxa – Ah,já sei,é a roda!

Transeunte – Não!

Bruxa – Não?

Transeunte – Tempo esgotado!Você a sabe a resposta, Pierre?

Pierre – Sei... É a chuva!

Transeunte – Resposta certa!

Bruxa –
Naaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaãoooo!
(Pierre comemora e a bruxa chora).

Bruxa – Não!Como pude ser tão ingênua?!

Pierre – Perdeu bruxa!Perdeu!Bruxa, bruxa, bruxa!Cumpra sua


parte do acordo!

Bruxa – Irei embora e nunca mais me verás!

Pierre – Ótimo. Vejo que tens palavra. E mais uma coisa,


liberte o trans. trans. libera o cara aí!

Transeunte – Como?Irás me libertar?

Bruxa – Mas isso já é pedir demais!

Pierre (em tom de ameaça) – Se não libertares o rapaz, será


você que não terá paz comigo. Eu aparecerei no seu armário de
limpeza como um GRANDE BRUXO DO ARMÁRIO DE LIMPEZA e te
assombrarei para todo o sempre.

Bruxa – Tá bom!Tá bom!(gira a varinha e o feitiço cai sobre o


Transeunte)Estás livre!

Transeunte – Estou livre!Não acredito!Livre!Obrigado, senhor!


Livre!Livre!(sai de cena e escuta-se um som de alguém caindo)
em OFF – Alguém perdeu um sabonete...ai.Livre!Livre!

Pierre – Agora desapareça, bruxa!Rápido!

Bruxa – Aaaaaaaaaahhhhhhhh... (bruxa sai de cena chorando).

Pierre – E essa é a história da BRUXA DO ARMÁRIO DE LIMPEZA.


Agora,quando vocês vierem me visitar na casinha que
comprei,seja de dia ou de noite, vão poder cantar a vontade:
Bruxa vagabunda,
Cuide bem da sua bunda!
“E garanto que não vai acontecer nada!”

Fim.
“Texto escrito com base no conto “A Bruxa do Armário de
Limpeza” de Pierre Gripari”.

“Toda pessoa neste planeta, deveria nunca deixar de ser


criança. Pois quando somos criança, a mais simples conversa é
a mais pura peça de teatro”.
Sérgio Siverly
Texto de Sérgio Siverly.
Todos os direitos reservados.
Contato: sergiosiverly@yahoo.com.br

Você também pode gostar