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A RECUSA DA IMEDIATEZ: UMA LEITURA HEGELIANA

DOS FATOS DE CONSCIÊNCIA DE SCHULZE


Oscar Cavalcanti de Albuquerque Bisneto

RESUMO: Entre a última década do século XVIII e os anos iniciais do século seguinte,
Schulze, com as publicações do Aenesidemus (1792) e da Crítica da Filosofia Teórica
(1801), entra em cena, no arenoso terreno filosófico alemão, com a pretensão de ser o
equivalente cético moderno das principais teses céticas esboçadas pelo pirronismo.
Nesse sentido, enquanto fiel seguidor dos antigos e, ao mesmo tempo, partindo da
crítica à proposição da consciência de Reinhold, ele formula sua concepção dos
chamados fatos de consciência. Estes significando algo como um correspondente
moderno do apego pirrônico ao que aparece, ao fenômeno. Segundo o cético prussiano,
o antigo ceticismo não apenas não recusaria o conhecimento imediato diante daquilo
que se passa como necessário, como também o tem como único critério de verdade
evidente para atacar o conhecimento racional dogmático, que seria o não-evidente. Dito
isso, nosso objetivo aqui consiste em mostrar, tendo como apoio tanto o Ensaio sobre o
Ceticismo (1802) como a Fenomenologia do Espírito (1807), apenas duas coisas:
primeiro, que a leitura de Schulze dos antigos pirrônicos é infundada. Segundo, por fim,
que a leitura hegeliana do ceticismo schulzeano irá nos revelar algumas fortes
contradições na verdade inerentes a todo conhecimento do tipo imediato.

PALAVRAS-CHAVE: HEGEL, SCHULZE, FATOS DE CONSCIÊNCIA

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