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Informamos que é de inteira Direito Penal - 3ª edição / Obra organizada pelo Insti-
responsabilidade do autor a emissão tuto IOB - São Paulo: Editora IOB, 2013.
dos conceitos.
Nenhuma parte desta publicação ISBN 978-85-8079-002-3
poderá ser reproduzida por qualquer
meio ou forma sem a prévia
autorização do Instituto IOB.
A violação dos direitos autorais é
crime estabelecido na Lei nº
9.610/1998 e punido pelo art. 184
do Código Penal.
Sumário
Gabarito, 385
Capítulo 1
Princípios Penais
Fundamentais e Garantias
Penais
1.2 Síntese
O garantismo penal é analisado em conjunto com os princípios fundamen-
tais do direito penal, estando ligado diretamente ao princípio da intervenção
mínima de Luigi Ferrajoli.
Princípios são mandamentos nucleares de um sistema que orientam o le-
gislador ordinário com o objetivo de limitar o poder punitivo estatal, mediante
a imposição de garantias aos cidadãos.
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Os princípios penais fundamentais podem ser divididos em princípios rela-
cionados ao direito penal, ao fato praticado pelo agente, ao agente que pratica
o fato e à pena.
•• Relacionados ao direito penal: exclusiva proteção de bens jurídicos; da
intervenção mínima (fragmentariedade e subsidiariedade); adequação
social e insignificância.
•• Relacionados ao fato praticado pelo agente: materialização do fato,
ofensividade do fato e legalidade do fato.
•• Relacionados ao agente: responsabilidade pessoal, subjetiva, culpabili-
dade e princípio da isonomia ou igualdade.
•• Relacionados à pena: legalidade, proibição da pena indigna, humanida-
de e proporcionalidade.
Quanto aos princípios relacionados ao direito penal, tem-se, primeiramen-
te, o Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos. O direito penal existe
para tutelar bem jurídico e não simplesmente moral ou religião.
Bem jurídico é diferente de objeto material do crime. O objeto do crime
pode ser jurídico ou material. O objeto jurídico é aquele bem tutelado pelo
direito penal. O material é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta cri-
minosa.
Exemplo: Crime de furto de veículo. O objeto jurídico seria o patrimônio
ou a posse e o objeto material seria o automóvel.
Há crime sem objeto? Depende do objeto, pois há crime sem objeto mate-
rial, mas não há crime sem objeto jurídico. Pode ser dado como exemplo o art.
233 do Código Penal, que trata da prática do ato obsceno. Neste crime, não há
objeto material, mas há objeto jurídico.
Assim, todos os crimes possuem objeto jurídico, mas nem todos possuem
objeto material.
O segundo princípio é o da intervenção mínima. Por representar o direito
penal a forma mais drástica de reação do Estado diante do crime, deve ser
fragmentária e subsidiária.
O princípio da fragmentariedade informa que apenas os bens jurídicos mais
relevantes merecem a tutela penal, e apenas as ofensas mais intoleráveis serão
punidas. Pela subsidiariedade, o direito é entendido como a última ratio, so-
mente tem aplicação quando outros ramos do direito não decidirem o conflito.
O terceiro princípio é o da adequação social. Não pode ser considerado cri-
minoso o comportamento humano que, embora tipificado na lei, não afrontar
o sentimento social de justiça. A ação será considerada socialmente adequada
Direito Penal
Exercício
1. (TJMS/2010 – Questão 41) O princípio de intervenção mínima do
direito penal encontra expressão:
a) No princípio da fragmentariedade e na proposta funcionalista.
b) Na teoria da imputação objetiva e no princípio da subsidiariedade.
c) No princípio da subsidiariedade e na proposta funcionalista.
d) No princípio da fragmentariedade e no princípio da subsidiariedade.
e) Teoria da imputação objetiva e no princípio da fragmentariedade.
2.2 Síntese
O princípio da insignificância é um dos mais cobrados em concursos
públicos.
Há algumas condições objetivas do reconhecimento do Princípio da Insig-
nificância, uma vez que não há hoje decisão, seja no Supremo Tribunal Federal
ou Superior Tribunal de Justiça, que não enfrente as quatro condições objetivas.
A primeira condição para o reconhecimento é mínima ofensividade da con-
duta do agente.
A segunda condição é nenhuma periculosidade social da ação.
Direito Penal
Exercício
Direito Penal
3.2 Síntese
Teoria do Garantismo Penal de Luigi Ferrajoli traz que garantias são direi-
tos, privilégios e isenções que a Constituição de um país confere aos seus cida-
dãos. O professor trabalha com antítese: liberdade do homem X pode punitivo
do Estado. A liberdade do homem deve ser aumentada ao máximo e reduzido
ao máximo o poder punitivo do Estado.
Ferrajoli rechaça os dois extremos: nem um Estado antiliberal com o mo-
vimento Law and Order, com suas políticas radicais de “Tolerância Zero”,
Direito Penal
Broken Windows Three straiks and you are out, direito penal do inimigo; nem
uma liberdade selvagem com os movimentos abolicionistas e sua completa
ausência de regras.
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Movimento antiliberal que se inicia na década de 80 em Nova Iorque, com
o Prefeito Rudolph Juliani e suas políticas de “Tolerância Zero”, “Broken Win-
dows” “Three straiks and you are out”.
Nestas políticas, o mesmo tratamento é dado às infrações graves e às de pe-
quena relevância. Dá ensejo ao Direito Penal do Inimigo, de Günther Jackobs,
em que se trabalha com o direito penal do autor e não do fato.
Ferrajoli não é abolicionista, mas sim um minimalista. Também é mini-
malista Zaffaroni, com sua teoria da tipicidade conglobante e Roxin com o seu
funcionalismo moderado ou teleológico. Ferrajoli cria o garantismo; para ele
o direito penal é um mal necessário. Entende Ferrajoli que o jus puniendi tem
que ser público.
Para aumentar a liberdade do homem e reduzir o poder punitivo do Esta-
do, Ferrajoli sugere técnicas de minimização do poder institucionalizado, são
os seus 10 axiomas, o Sistema Garantista (SG) de Ferrajoli.
As garantias de Ferrajoli relativas à pena são as seguintes. Primeiramente,
a nulla poena sine crimine: princípio da retributividade. Em segundo, nullum
crimen sine lege: princípio da legalidade e em terceiro a nulla lex poenalis sine
necessitate (princípio da necessidade).
Quanto às garantias relativas ao delito tem-se o nulla necessitas sine iniuria
(princípio da ofensividade); o nulla iniuria sine actione (princípio da exteriori-
zação da ação) e o nulla actio sine culpa (princípio da culpabilidade).
Já quanto às garantias relativas ao processo, tem-se o nulla culpa sine iudicio
(princípio da jurisdicionariedade); o nullum iudicium sine accusatione (princí-
pio acusatório); o nulla acusatio sine probatione (princípio do ônus da prova);
e nulla probatio sine defensione (princípio do contraditório).
É necessário o contraditório na fase do inquérito policial? Há magistrados
que dizem que sim, com base na teoria de Ferrajoli, que trazem teses como
provas repetíveis e não repetíveis.
Entendem que as provas que não serão repetidas na fase judicial, teriam
que estar subordinadas ao princípio do contraditório. São provas não repetíveis
a perícia, laudo de necropsia, exame de corpo de delito, etc. Em regra, será
indispensável na fase processual e não na fase inquisitorial.
É necessário ressaltar que tais teses são interessantes para trabalhos acadê-
micos, mas não devem ser sustentadas em concursos públicos, pois o contradi-
tório é importante para a fase judicial, mas não para a fase inquisitorial.
Exercício
Direito Penal
4.2 Síntese
O segundo grande grupo traz os princípios relacionados ao fato, grupo que
será estudado neste momento.
O primeiro é o Princípio da materialização do fato, que traz que o Estado
Direito Penal
5.2 Síntese
A aplicação do princípio da ofensividade nos crimes de perigo concreto é
analisada nos casos concretos pela jurisprudência.
Arma de fogo desmuniciada: Existem dois entendimentos. Há entendimen-
to pela atipicidade – Supremo Tribunal Federal – Habeas Corpus nº 99.449, e
entendimento pela tipicidade – Supremo Tribunal Federal – Habeas Corpus
nº 104.206.
A Lei nº 10.826/2003 ampliou o objeto material sobre o qual recai a condu-
ta criminosa, ou seja, hoje se trata de portar arma de fogo, munição e acessório.
Assim, apesar de haver duas posições acerca do assunto, a posição majoritária é
a de que há crime de perigo abstrato, é fato típico.
Arma de brinquedo: o porte de arma de brinquedo era tipificado como cri-
me pela Lei nº 9.437/1997, art. 10, § 1º, II. Este crime não foi mantido na Lei
nº 10.826/2003 e, assim, o porte de arma de brinquedo não é mais fato típico,
mas, se a arma for utilizada para fim de praticar crime de roubo, será elementar
típica do roubo (grave ameaça).
A Súmula nº 174 do Supremo Tribunal Federal está cancelada. Tal Súmula
trazia uma decisão absurda, pois estabelecia que a arma de brinquedo serviria
para aumentar a pena do roubo, serviria como majorante.
Art. 32 da Lei de Contravenções Penais – conduzir veículo automotor em
via pública sem habilitação ou embarcação. Não menciona a necessidade de
produzir risco.
Com a Lei nº 9.503/1997, o art. 309 dá nova redação ao fato, mencionando
que se trata a conduta em: conduzir veículo automotor em via pública sem
habilitação, gerando perigo de dano. Nota-se que se passa a exigir o perigo de
dano concreto para tipificar a conduta.
Súmula nº 720, do Supremo Tribunal Federal: o art. 32 da Lei de Con-
Direito Penal
travenções Penais foi derrogado na sua primeira parte; apenas vale hoje
este artigo para a condução de embarcação a motor em águas públicas sem
habilitação.
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Lei nº 9.099/1995 – infração penal de menor potencial ofensivo: contraven-
ções penais e crimes cuja pena máxima não ultrapasse dois anos. Respeito ao
princípio da ofensividade.
O princípio da alteridade traz que a prática criminosa deve transcender a
esfera individual do agente que a produziu, sendo capaz de atingir interesse
alheio, de outrem.
Exercício
4. (Defensoria Pública do Estado do Acre – 2009) Afirma-se que o direito
penal moderno é concebido como uma instância de controle social
formalizado cuja intervenção deve ser a última alternativa utilizada
quando das lesões graves a bens jurídicos penalmente protegidos. Em
face desta afirmativa, marque nas proposições abaixo aquela que con-
tém os princípios relacionados ao texto:
a) princípio da lesividade e princípio da adequação social.
b) princípio da intervenção mínima e princípio da lesividade.
c) princípio da legalidade e princípio da fragmentariedade.
d) princípio da insignificância e princípio da lesividade.
6.2 Síntese
O princípio da legalidade é conhecido pelo brocardo nullum crimen nulla
poena sine lege. Embora o termo seja conhecido em latim, não provém do
Direito Romano, já que inspirado por Feuerbach (alemão).
O fundamento deste princípio se encontra na legislação infraconstitucional
(art. 1º do Código Penal) e na norma constitucional (art. 5º, XXXIX, da Cons-
Direito Penal
tituição Federal).
São desdobramentos/corolários do princípio da legalidade: lex praevia, lex
scripta, lex stricta e lex certa.
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Lex Praevia (princípio da anterioridade penal): não há crime sem lei ante-
rior que o defina e nem pena sem prévia cominação legal. A lei que institui o
crime, bem como a pena, deve ser anterior ao fato que se quer punir.
Temos na história alguns casos em que foram criados tribunais para julga-
mento de crimes praticados anteriormente à sua instauração, como no caso do
Tribunal de Nuremberg e de Tóquio estabelecidos para julgamento dos crimes
praticados na Segunda Guerra Mundial.
Lex Scripta (inadmissibilidade dos costumes): somente a lei pode criar cri-
mes e definir sanções penais, é inadmissível o uso do direito consuetudinário
para a criação ou agravamento de penas.
Ressalte-se que o costume não está totalmente abolido do direito penal,
possui importância para elucidação do conteúdo de vários dos tipos. Pode ser
usado para interpretação e integração do direito penal, jamais para criar penas.
Exercício
5. (TJSP/2006 – Juiz de Direito) Assinale alternativa correta:
a) o princípio da reserva legal pressupõe a existência de lei anterior
emanada do poder legislativo definindo o crime e a pena sendo
lícito afirmar então que as medidas provisórias não podem definir
crimes e impor penas.
b) a analogia como forma de autointegração da lei ela pode ser ampla-
mente aplicada no âmbito do direito penal.
c) o princípio da legalidade admite por exceção a revogação da lei
pelo direito consuetudinário.
d) o postulado da taxatividade consequência do princípio da legali-
dade que expressa a exigência que a lei penal incriminadora seja
clara, certa e precisa torna ilegítimas as normas penais em branco.
7. Princípio da Legalidade –
Inadmissibilidade da Analogia
7.1 Apresentação
lidade culposa.
É preciso ressaltar que em se tratando de homicídio ou lesão corporal, só
caberá perdão judicial se o crime for culposo.
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8. Princípio da Legalidade (Analogia,
Interpretação Analógica e Interpretação
Extensiva)
8.1 Apresentação
8.2 Síntese
Princípio da legalidade do fato que decorre do brocardo em latim nullum
crimen, nula pena sine lex, que pressupõe quatro desdobramentos: Lex Praevia
(princípio da anterioridade); Lex Scripta (inadmissibilidade dos costumes); Lex
Stricta (inadmissibilidade da analogia para piorar a vida do Réu); Lex Certa
(princípio da taxatividade).
Lex Stricta: Lei Estrita. – Não podemos fazer o uso da analogia no direito
penal. Trata-se de inadmissibilidade da analogia para piorar a vida do Réu,
havendo exceção para analogia bonam partem.
Analogia pressupõe ausência de lei, sendo diferente de interpretação
analógica.
Diferença entre analogia e interpretação analógica: analogia é o modo de
integração do sistema, quando há lacuna, quando não há lei.
Interpretação analógica está no art. 4º da Lei de Introdução ao Direito Bra-
sileiro, não pressupõe ausência de Lei, existe a lei que traz fórmula exemplifi-
cativa na primeira parte e genérica na segunda parte.
Exemplo: Súmula nº 174 do Superior Tribunal de Justiça: “Roubo – Arma
de Brinquedo – No crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinque-
do autoriza o aumento de pena.”
Esta súmula foi cancelada pois permitia ao aumento de pena do crime de
roubo quando praticado com arma de brinquedo. Não pode aumentar a pena
se é arma de brinquedo, seria analogia in malam partem.
Art. 121, § 2º, IV, do Código Penal. O homicídio é qualificado se come-
tido à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. Traição, emboscada e dis-
Direito Penal
simulação fazem parte da fórmula exemplificativa, mas a lei abre o leque, tra-
zendo outros recursos que torne impossível a defesa da vítima. Neste caso, há
interpretação analógica.
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É importante observar que a analogia somente será utilizada se for para
beneficiar o réu, enquanto a interpretação analógica pode ser usada tanto a
favor como contra.
Interpretação extensiva: o fato esta previsto implicitamente no texto da lei,
não havendo lacuna, cabendo ao intérprete estender o conteúdo aplicando
a pena. Não há ausência de lei e nota-se que o caso que se quer resolver está
implícito, cabendo ao intérprete estender o alcance.
Atenção: Traz o art. 3º do Código de Processo Penal: “A lei processual penal
admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemen-
to dos princípios gerais de direito.”
Exercício
6. (MPE-GO – 2012 – Promotor de Justiça) Os princípios constitucionais
servem de orientação para a produção legislativa ordinária, atuando
como garantias diretas e imediatas aos cidadãos, funcionando como
critério de interpretação e integração do texto constitucional. Nesse
sentido podemos destacar como princípios constitucionais explícitos
os seguintes:
a) legalidade, anterioridade, taxatividade e humanidade;
b) anterioridade, proporcionalidade, individualização da pena e hu-
manidade;
c) retroatividade da lei penal benéfica, individualização da pena, hu-
manidade e proporcionalidade;
d) responsabilidade pessoal, legalidade, anterioridade e individualiza-
ção da pena.
9.2 Síntese
Direito Penal
Lex Certa. Nulum crimen, nula pena Lex certa. Princípio da taxatividade
da lei penal.
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A reserva legal exige clareza do tipo, não pode deixar margens a dúvidas.
De nada adiantaria a prévia definição de conduta na lei se fossem utilizados
conceitos demasiadamente amplos.
A lei penal possui um preceito primário, em que está descrita a conduta e
abaixo vem o preceito secundário, em que está cominada a pena.
O destinatário do conceito primário são todas as pessoas e quanto ao con-
ceito secundário temos a figura do juiz, pois é ele quem vai aplicar a pena
dentro de cada caso concreto.
A lei deve ser certa, compreensível a todas as pessoas. A lei penal somente
poderá servir de função pedagógica e motivar o comportamento humano se for
facilmente entendida por qualquer pessoa e não só aos julgadores.
Reserva Legal e Contravenções Penais – A Constituição Federal de 1988
prevê somente crime e não contravenção penal, porém, a Lei de Contraven-
ções Penais determina que sejam aplicadas as regras gerais do Código Penal,
portanto, entende-se que as contravenções entram aqui.
Reserva Legal e medidas de segurança – Sanção penal é termo genérico,
sendo as penas e as medidas de segurança específicas. Indaga-se se a medida de
segurança se submete ao princípio da reserva legal. A doutrina diverge acerca
do assunto, uma vez que o dispositivo constitucional e infraconstitucional não
fala a respeito das medidas de segurança.
Alguns entendem pela interpretação literal dos dispositivos e outros, como
Zaffaroni, por exemplo, entendem por pena em sentido amplo.
Reserva Legal e legalidade – A maior parte dos doutrinadores entende que
são expressões sinônimas, porém, alguns entendem haver algumas diferenças.
A expressão princípio da reserva legal abrange somente lei complementar e lei
ordinária.
As duas principais diferenças entre lei ordinária e lei complementar são:
Previsão expressa na Constituição Federal e quorum qualificado para aprovação
de lei complementar.
A Lei Complementar nº 105, de 2001 criou um tipo penal, uma vez que
seu art. 10 trazia: “A quebra de sigilo, fora das hipóteses autorizadas nesta Lei
Complementar, constitui crime e sujeita os responsáveis à pena de reclusão, de
um a quatro anos, e multa, aplicando-se, no que couber, o Código Penal, sem
prejuízo de outras sanções cabíveis.”
Quando se fala em legalidade, toma-se a lei em sentido amplo, ou seja, o
fundamento passa a ser o art. 5º, II, da Constituição Federal: “ninguém será
Direito Penal
10.2 Síntese
O terceiro grupo de princípios penais fundamentais é relacionado ao agen-
te que pratica o fato.
O primeiro é o Princípio da Responsabilidade Pessoal, também chamado
de pessoalidade ou intranscendência. Proíbe o castigo penal por conduta de
outrem, vez que o ser humano só pode responder penalmente pelos próprios
fatos.
O pai pode ser responsabilizado por fato praticado por seu filho adolescen-
te, porém, no âmbito do direito privado.
Teoria da dupla imputação: Pessoa Jurídica pode cometer crimes? Sim. Ex.:
crimes ambientais. Pode punir a pessoa jurídica por crime ambiental, desde
que se puna o responsável da jurídica pelo mesmo crime.
Princípio da Responsabilidade Subjetiva não basta que o fato seja material-
mente causado, é necessária também a comprovação do dolo ou da culpa, de
acordo com o art. 19 do Código Penal.
A primeira exceção está no parágrafo único do art. 137 do Código Penal,
que trata de rixa qualificada. A segunda vem com a teoria da actio libera in
causa, que diz que se deve considerar o momento da ingestão da substância e
não o momento da prática do crime.
O art. 19 do Código Penal diz que: “Pelo resultado que agrava especialmen-
te a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.”
Princípio da culpabilidade traz que a pena não pode ultrapassar a medida
da culpabilidade do agente.
Tese da cocupabilidade trata de uma tese pensada por Zaffarone, como se a
“sociedade marginalizadora” estivesse concorrendo para a prática do crime. A
responsabilidade pela prática penal deve ser compartilhada entre o infrator e a
sociedade, quando esta não lhe tiver proporcionado oportunidades.
Direito Penal
11.2 Síntese
Princípio da legalidade – Art. 5º, XXXIX, da Constituição Federal e art. 1º
do Código Penal.
Princípio da proibição da pena indigna – Art. 5º, XLVII, da Constituição
Federal. Pena de morte não cabe no nosso país, salvo no caso de guerra decla-
rada por presidente da República. Código Penal Militar: Os crimes de traição
à pátria (inimigo) são punidos pela morte. Pena de morte é cumprida por bata-
lhão de fuzilamento (Parte Geral do Código Penal Militar).
Princípio da humanidade das penas. Serão inconstitucionais as penas que
violarem a incolumidade física ou moral de alguém. O fundamento está no
princípio da dignidade da pessoa humana.
Princípio da proporcionalidade – A criação de tipos incriminadores deve
ser atividade compensadora para os membros da sociedade.
Observações:
1) Necessidade da pena – Art. 59 do Código Penal – De acordo com o cri-
tério trifásico, o Juiz da primeira fase da fixação da pena, deve observar
as oito circunstâncias do art. 59.
2) Individualização da pena, art. 5º, LXVI, da Constituição Federal, requi-
sito objetivo para progressão de pena.
3) Personalidade/pessoalidade da pena, arts. 5º, LXV e 45, que traz que
nenhuma pena passará da pena do condenado. OBS.: A pena de multa
Direito Penal
pode ser passada para os herdeiros? Não, esse princípio diz que os her-
deiros respondem apenas por perdimento dos bens e reparação do dano
até o limite do quinhão.
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4) Suficiência da pena alternativa, art. 59, IV, do Código Penal, o Juiz vai
ver sempre se o Réu faz ou não jus à pena alternativa.
5) Proporcionalidade em sentido estrito – o crime patrimonial praticado
em concurso de pessoas, furto e roubo, furto se praticado em concurso
de pessoas tem a pena dobrada. O roubo cometido em concurso de pes-
soas tem a pena majorada em desde 1/3 até a metade. É razoável num
crime menos grave ter o dobro de pena e o mais grave apenas 1/3 até a
metade? Isso ofende a proporcionalidade.
Exercício
7. (Polícia Civil do Estado do Piauí – 2009 – Questão 21) Com relação
aos princípios penais, assinale a questão correta:
a) o princípio da humanidade das penas proíbe em qualquer hipótese
a pena de morte no ordenamento jurídico brasileiro;
b) o princípio da especialidade consagra que a lei penal geral deve
afastar a lei penal especial naquilo que em que forem conflitantes;
c) o princípio da legalidade permite criação de tipos penais incrimi-
nadores através de medidas provisórias;
d) segundo o princípio da intervenção mínima, o direito penal deve
atuar como regra e não como exceção;
e) segundo o princípio da instranscedência, a pena não pode passar
da pessoa do condenado.
Direito Penal
Capítulo 2
1.2 Síntese
Teoria da norma penal pressupõe o enfrentamento dos arts. 1º ao 12 do
Código Penal. O art. 1º trata do princípio da reserva legal; o art. 2º começa com
aplicação da lei penal no tempo, caput do art. 2º abolitio criminis, parágrafo
único novatio legis in mellius. Art. 3º leis penais temporárias e excepcionais e
princípio da ultratividade da lei penal. Art. 4º tempo do crime e a teoria da
32
atividade. Art. 5º aplicação da lei penal no espaço. Art. 6º Trata do lugar do
crime. Art. 7º, extraterritorialidade penal, fatos ocorridos fora do Brasil. Art. 8º
Não ao bis in idem. Penas já cumpridas no exterior. Art. 9º aplicação da pena
no estrangeiro. Art. 10 prazo material de direito penal. Art. 11 não tem mais
aplicação, frações computadas na pena. Art. 12 consagra o princípio da espe-
cialidade, teoria da norma penal.
Teoria da Norma Penal – Fontes de Direito Penal – Por fonte de direito,
deve ser identificada a origem primária do direito identificando-a com a gênese
das normas jurídicas.
Nesse sentido, seria todo o fator real ou fático que condiciona o apareci-
mento da norma jurídica. Distinguem-se as fontes do direito penal em material
ou de produção e formal, sendo estas últimas mediatas ou imediatas.
Fonte Material ou de Produção se relaciona à gênese da norma penal, rela-
cionada ao órgão encarregado por sua elaboração. Compete privativamente à
União legislar, entre outros, sobre o direito penal.
Exceção: O parágrafo único do art. 22 da Constituição Federal, que traz
que lei complementar poderá autorizar os estados a legislar sobre questões es-
pecíficas das matérias relacionadas neste artigo. Determinado Estado poderia
ser autorizado pela União? A Lei penal deve ser de abrangência nacional a fim
de manter a integridade do sistema, assim, não poderia haver a possibilidade de
legislação em matéria penal por parte dos estados membros.
Fontes Formais ou de conhecimento ou de cognição dizem respeito ao
modo de exteriorização de direito penal. Podem ser mediatas ou imediatas.
2.2 Síntese
Por “fonte do Direito” deve ser entendida a origem primária do Direito,
identificando-a com a gênese das normas jurídicas. Nesse sentido, seria todo
Direito Penal
3.2 Síntese
A vida do homem é regulada por um ordenamento jurídico normativo,
ordenando ou proibindo determinadas condutas.
A lei é a única fonte imediata de conhecimento. O termo norma é usado
para exprimir toda categoria de princípios legais, não obstante a norma penal
esteja contida na lei penal.
Norma é o mandamento de uma conduta normal advindo do sentimento
de justiça que possui determinado seguimento social. Lei, por sua vez, é a regra
escrita e elaborada pelo legislador, é o veículo pela qual a norma se manifesta
tornando obrigatória sua observância.
Partes distintas da lei penal incriminadora: preceito primário, preceptum
iuris, e o preceito secundário, sanção, sanctio iuris. Primário contém a defi-
nição da conduta criminosa, o secundário contém a respectiva sanção penal.
Destinatários dos preceitos primários são todas as pessoas e destinatários dos
preceitos secundários é o Estado Juiz, o Magistrado.
Lei é a fonte da norma penal, enquanto norma é o conteúdo da Lei.
Lei Penal – Classificação: Leis Penais Incriminadoras criam crimes e im-
Direito Penal
4.2 Síntese
Normas penais em branco – A expressão foi utilizada pela primeira vez
por Karl Binding para chamar aquelas normas que, embora contenham sanção
penal determinada, o seu respectivo preceito primário não é formulado senão
como uma proibição genérica, devendo ser complementado por outra Lei.
Leis penais em Branco, normas cegas, normas abertas, normas primaria-
Direito Penal
5.2 Síntese
Leis Penais em Branco Homogêneas, em sentido amplo ou impróprias:
Estas são aquelas em que o complemento provém da mesma fonte formal da
norma incriminadora.
O órgão encarregado de formular o complemento é o mesmo órgão ela-
borador da lei penal em branco. Art. 22, I, da Constituição Federal. Estas se
classificam em: homovitelíneas e heterovitelíneas de outro: nas homovitelíne-
as, o seu complemento normativo além de advir da mesma instância legislativa
também se encontra na mesma estrutura normativa da descrição típica, art. 22,
I da Constituição Federal. “É a lei penal complementando a lei penal.”
Nas Heterovitelíneas, o seu complemento normativo advém da mesma
instância legislativa, mas não se encontra na mesma estrutura normativa da
descrição típica, art. 22, I, da Constituição Federal, “é a lei extrapenal comple-
mentando a lei penal”.
Leis Penais em Branco Heterogêneas, ou heterólogas ou em sentido estrito
ou próprias: estas são aquelas cujo complemento surge de outras instâncias
legislativas. A lei penal aqui é complementada por ato normativo infralegal,
como por exemplo, uma portaria, decreto, Lei estadual, Lei municipal.
Direito Penal
Exercício
9. (Concurso para Polícia Civil – GO – 2008) Sobre a teoria, interpreta-
ção e aplicação da norma penal é correto afirmar:
a) a interpretação analógica é aquela que abarca os casos análogos
conforme uma fórmula casuística gravada no dispositivo legal, não
sendo admitido em direito penal;
b) as normas penais que definem o injusto culpável estabelecem suas
consequências jurídicas são passíveis de aplicação analógica;
c) as normas penais em branco impróprias são aquelas em que o com-
plemento se encontra contido em outra lei emanada em outra ins-
tância legislativa;
Direito Penal
6.2 Síntese
A norma aplicada na realidade, isto é, aquela que recebe atualização, é a
norma interpretada.
O jurista nada mais faz do que interpretar. Antes da entrada em vigor, a lei
é interpretada.
São vários os tipos de interpretação da Lei Penal: Quanto ao Sujeito; Quan-
to aos meios; Quanto ao Resultado; Progressiva; Conforme a Constituição;
Analógica.
Interpretação quanto ao Sujeito: São divididas em Autêntica, Doutrinária
e Jurisprudencial.
Autêntica ou Legislativa é aquela fornecida pelo próprio legislador quando
edita uma norma para esclarecer o conteúdo de outra norma. Exemplo: Con-
ceito de funcionário público.
Pode ser contextual (aquela que se realiza no próprio texto da lei) ou poste-
rior (passa a existir quando a lei interpretativa surge depois da lei interpretada,
tendo eficácia retroativa, ainda que limite contra o Réu em casos sem julga-
mento definitivo).
Doutrinária ou Científica nada mais é do que a explicação do conteúdo da
norma fornecida pela doutrina, não tendo força obrigatória. Exemplo: Exposi-
ção de motivos do Código Penal.
Jurisprudencial ou Judiciária ou Judicial que é aquela exercida pelos órgãos
jurisdicionais nas decisões dos casos concretos, não tendo força obrigatória,
salvo no caso em concreto.
Observação: É igualmente obrigatória, vinculada a todos os Juízes, a decisão
do Supremo Tribunal Federal declarando a constitucionalidade ou inconstitu-
cionalidade da lei no controle por via de ação direta. Já, no controle por via de
Direito Penal
Exercício
10. (Ministério Público – Paraíba – 2010 – Questão 14) Analise as asserti-
vas abaixo assinalando sucessivamente a alternativa que contém o devi-
do julgamento sobre elas:
I) No dolo direto de primeiro grau ou imediato, o resultado típico é
uma consequência necessária dos meios eleitos que devem ser abrangi-
dos pela vontade, tanto quanto o fim colimado, razão pela qual é dou-
trinariamente reconhecido pelo dolo de consequências necessárias.
II) As normas penais em branco são aquelas em que há necessidade
de uma complementação para que se possa compreender o âmbito de
aplicação do seu preceito secundário.
III) A exposição de motivos do Código Penal é considerada pela dou-
trina como uma das formas de interpretação autêntica e contextual da
Lei Penal.
IV) A doutrina denomina de Norma Penal em Branco heterogênia pró-
pria ou em sentido estrito sendo aquelas cujos complementos provêm
de fonte legislativa diversa da que editou a norma que necessita ser
complementada, ilustrando como exemplo o crime de conhecimento
prévio de impedimento.
a) Todas as assertivas estão corretas.
b) Apenas a assertiva II está errada.
c) Apenas as assertivas I e III estão erradas.
d) Apenas a assertiva IV está errada.
e) Todas as assertivas estão erradas.
semelhante.
Interpretação Analógica: os fatos estão previstos na fórmula genérica da Lei,
não havendo lacunas, portanto, existe Lei.
42
Interpretação Extensiva: nesta os fatos estão previstos implicitamente no
texto da lei, não havendo igualmente lacunas, devendo o intérprete ampliar
seu significado para além do que estiver expresso.
8.2 Síntese
Âmbito de eficácia da lei penal: como a lei penal não é eterna e não vige
em todo o mundo, possui amplitude desde a sua entrada em vigor até a sua
revogação, e eficácia limitada à soberania dos outros Estados. Além disso, em-
bora a existência do preceito constitucional de que todos são iguais perante a
lei, há certas funções, exercidas por determinadas pessoas, que lhes conferem
privilégios quanto à aplicação da norma penal.
A eficácia da lei penal deve ser estudada, portanto, em relação: a) ao tempo;
b) ao espaço; e c) às funções exercidas por certas e determinadas pessoas.
A lei penal no tempo
O nascimento da lei penal
O sistema constitucional brasileiro compreende três fases sucessivas no que
se refere ao procedimento de formação das leis penais: a) fase introdutória ou de
iniciação; b) fase constitutiva; c) fase complementar ou integratória de eficácia.
A iniciativa do projeto de lei penal é comum ou concorrente, pois deferida a
qualquer comissão ou membro do Poder Legislativo (deputado ou senador), bem
como ao chefe do Poder Executivo (Presidente da República). Registre-se que os
tribunais não possuem legitimidade para apresentação de projetos de lei penal.
Há, igualmente, ao menos em tese, possibilidade de criação de lei penal
pela chamada iniciativa popular, prevista no art. 61, § 2º, da Constituição Fe-
deral. Exemplo disso veio com a Lei nº 8.930/1994 que, com a campanha ini-
ciada pela novelista Glória Perez, tornou hediondo o homicídio qualificado.
Direito Penal
Exercício
11. (Cespe – 2011 – CBM-DF – Oficial Bombeiro Militar) Em relação a
institutos diversos de direito penal brasileiro, julgue os itens a seguir:
Considere que, durante a copa do mundo de futebol no ano de 2014, o
Congresso Nacional publique lei temporária, com vigência apenas du-
rante o evento desportivo, tipificando como conduta criminosa a venda
de ingressos por preços superiores aos comercializados pela Confede-
ração Brasileira de Futebol, no intuito de evitar a ação de cambistas.
Considere, ainda, que José seja preso em flagrante vinte dias antes do
fim do evento por infringir o mencionado tipo penal. Nessa situação
hipotética, as autoridades competentes terão de punir José no prazo
máximo de vinte dias, pois, passado esse período, a lei temporária deixa
de vigorar, não podendo retroagir para prejudicar o acusado.
10.2 Síntese
Direito Penal
Conflito da lei penal no tempo surge quando há uma lei penal nova que
poderá derrogar ou ab-rogar a lei anterior.
46
Essa lei penal posterior pode ser melhor (lex mitior) ou pior (lex gravior)
para o Réu.
Espécies de lex mitior: abolitio criminis e novatio legis in mellius.
Abolitio criminis: abolição do crime opera-se quando a lei nova torna atípi-
co fato antes incriminado, constituindo fato de extinção da punibilidade, ces-
sando tanto a execução quanto os efeitos penais, devendo o juiz do processo
declarar extinta a punibilidade depois de ouvir o Ministério Público.
De acordo com o caput do art. 2º do Código Penal: “Ninguém pode ser pu-
nido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude
dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.”
Se ainda não foi oferecida denúncia, o processo não poderá ser iniciado. Se
a ação penal estiver em andamento, deverá ser trancada mediante decretação
de extinção de punibilidade.
Após a prolação de sentença com trânsito em julgado, a pretensão executó-
ria não pode ser efetivada, ou seja, a pena não poderá ser executada. Ainda, se
o condenado estiver cumprindo a pena, deverá ser solto.
É necessário ressaltar que cessam os efeitos penais, perdurando os de natu-
reza civil, ou seja, a sentença penal condenatória transitada em julgado conti-
nua valendo como título executivo na esfera cível.
Atenção: Caso já exista sentença condenatória transitada em julgada, a de-
claração de extinção da punibilidade competirá ao Juízo da Vara de Execução
Penal, por meio de mera petição dirigida ao Juízo (art. 66, I e II, da Lei de Exe-
cuções Penais, art. 13 da Lei de Introdução ao Código Processo Penal e Súmula
nº 611 do Supremo Tribunal Federal).
Houve uma alteração em agosto de 2009 em relação aos crimes sexuais. O
art. 214 que previa o atentado violento ao pudor foi revogado e, assim, indaga-
-se como ficaria a situação do sujeito condenado pelo crime? Tal questiona-
mento será visto nas próximas unidades.
O art. 2º, caput, do Código Penal traz a abolitio criminis e seu parágrafo
único traz a novatio legis in mellius. O art. 3º traz o instituto da ultratividade e
o art. 4º trata do tempo do crime.
Conflito de leis penais no tempo: a eficácia da lei penal está situada desde
a sua entrada em vigor até sua revogação, não alcançando fatos ocorridos antes
ou depois desses limites extremos.
É a consagração do princípio tempus regit actum, ou seja, a regra é a lei pe-
nal não retroagir e nem possuir ultratividade. Como decorrência deste brocar-
do latino, surge o princípio da irretroatividade da lei penal, sem a qual inexistia
insegurança jurídica.
Direito Penal
Lex gravior: quando surgir uma lei mais severa, esta não retroagirá. Esta
irretroatividade constitui um direito subjetivo de liberdade, com fundamento
no art. 5º, XXXVI e XL, da Constituição Federal.
47
A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
Há dois princípios que regem os conflitos da lei penal no tempo. O pri-
meiro é o princípio da não extra-atividade da lei mais severa (lex gravior) e o
segundo é o princípio da extra-atividade da lex mitior.
Lex mitior: quando surgir uma lei mais benéfica, esta retroagirá.
Exercício
12. (Juiz de Direito – Minas Gerais – 2008 – Questão 31) Com relação à
aplicação da Lei Penal, é incorreto afirmar:
a) A lex mitior é inaplicável à sentença condenatória que se encontra
em fase de execução;
b) A abolitio criminis faz desaparecer todos os efeitos penais, inclusive
quanto àqueles relativos aos fatos definitivamente julgados;
c) A novatio legis incriminadora aplica-se a fatos posteriores à sua vi-
gência;
d) A lei excepcional, embora cessadas as circunstâncias que a determi-
nem, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
11.2 Síntese
Eficácia da Lei Penal – arts. 2º ao 9º do Código Penal – Como a lei penal
não é eterna, ela não vige em todo o mundo, possuindo amplitude desde a sua
entrada em vigor até sua revogação.
A lei penal deve ser estudada em relação ao tempo, em relação ao espaço e
em relação às funções exercidas por certas e determinadas pessoas.
Lei penal em relação ao tempo: o nascimento da lei penal possui três fases
sucessivas no que se refere ao processo de formação das leis penais, que são:
Fase Introdutória ou Iniciação; Fase Constitutiva; Fase Complementar ou In-
Direito Penal
tegratória de Eficácia.
Fase Introdutória ou Iniciação: a iniciativa do projeto de lei penal é comum
ao concorrente, pois referida a qualquer comissão ou membro do Poder Legisla-
48
tivo, bem como ao chefe do Poder Executivo (Presidente da República). Os Tri-
bunais não dispõem de legitimidade para representação de projetos de lei penal.
Atenção: Em tese, há possibilidade de criação de lei penal pela chamada
iniciativa popular, art. 61, § 2º, da Constituição Federal. Um exemplo veio com
a Lei nº 8.930/1994, que tornou hediondo o homicídio qualificado.
Fase Constitutiva: é a fase em que ocorrem as deliberações, que são as deli-
berações parlamentares (discussão e votação do projeto de lei), as deliberações
executivas (sanção ou veto do Presidente da República – sanção é o ato pelo
qual o Presidente da República aprova e confirma uma lei, ou seja, converte
em lei um projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo), a promulgação (ato
pelo qual se atesta a existência da lei e se determina a todos que a observem,
confirmando-lhe autenticidade e executoriedade) e a publicação (ato pelo qual
a lei penal se torna conhecida a todos impondo a sua obrigatoriedade, sendo
que, por meio desta, ocorre uma presunção absoluta da notoriedade da lei
penal, não podendo ninguém mais alegar ignorância).
12.2 Síntese
Princípio da continuidade normativa típica: Nem sempre a revogação da
lei culmina na descriminalização, já que a conduta revogada pode continuar
tipificada em outro diploma legal, configurando tal princípio.
Exemplos: Com a Lei nº 11.106/2005, deixou de ser crime, sedução, rapto
consensual e adultério. Esta lei, no entanto, no que se refere ao art. 219 do
Código Penal, rapto violento, não operou a abolição do delito já que este fato
continuou sendo considerado criminoso pelo art. 148, § 1º, V, do Código Pe-
nal, sendo isso considerado continuidade normativa típica.
A Lei nº 12.015/2009 alterou os crimes sexuais, tendo ocorrido o princípio
da continuidade normativa. Isso porque, com a edição da lei foi revogado o art.
214 do Código Penal, que tratava do atentado violento ao pudor.
Direito Penal
13.2 Síntese
Continuação dos Exemplos do Princípio da Continuidade Normativa Típi-
ca: Lei nº 9.983/2000, o crime de apropriação indébita previdenciária que era
previsto no art. 95, “d”, da Lei nº 8.212/1991 passou, com a redação da Lei nº
9.983/2000 a ser disposto no art. 168-A do Código Penal.
Lei nº 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento – O crime de porte ilegal
de arma de fogo que era previsto no art. 10 da Lei nº 9.437/1997 está hoje,
previsto no Estatuto do Desarmamento.
Lei nº 11.343/2006 – Lei de Drogas – O crime de tráfico que estava no art.
12 da Lei nº 6.368, está hoje no art. 33 da Lei nº 11.343/2006.
Lei nº 11.101/2005 – Lei de Falências – A nova lei de falência que, embora
tenha revogado a antiga Lei, repete diversos dos crimes falimentares até então
previstos pela antiga legislação, ocorrendo o princípio da continuidade norma-
tiva típica de todas estas infrações penais.
Segunda espécie de lex mitior: novatio legis in mellius, trata-se de outra hi-
pótese de retroatividade da lei penal, disciplinada no parágrafo único do art. 2º
do Código Penal, que ocorre quando a lei posterior, mantendo a incriminação
do fato, torna menos gravosa a situação do Réu.
Exemplo: Lei que comina pena menos severa. A Lei nº 9.714/1998 permi-
tiu aplicação de penas restritivas de direitos a todos os delitos cuja pena priva-
tiva de liberdade não superasse quatro anos de reclusão ou detenção, quando
dolosos e não violentos.
Nota-se que não foram abolidas penalidades, mas foi abrandada a punição
do agente.
Devem retroagir normas referentes à composição, transação penal e sus-
pensão condicional do processo (Lei nº 9.099/1995).
Direito Penal
14.2 Síntese
Conforme já estudado anteriormente, quando se trata de conflito de leis
penais no tempo, tem-se o brocardo tempus regit actum, porém, existe uma
exceção que diz respeito à retroatividade quando o réu será beneficiado.
Quanto à lex gravior, temos de um lado a novatio legis incriminadora e de
outro a novatio legis in pejus.
A lei mais severa é orientada pela irretroatividade e pela não ultra-atividade.
A novatio legis incriminadora é lei posterior que torna típica conduta con-
siderada irrelevante pela lei anterior. Permanece aqui o brocardo tempus regit
actum, uma vez que lei nova incriminadora não pode retroagir para alcançar
fatos praticados antes de sua vigência.
A novatio legis in pejus é a lei posterior que, sem criar novas incriminações
ou abolir outras que eram precedentes, modificam o regime anterior, agravan-
do de qualquer modo a situação do agente.
Direito Penal
Exemplo: Lei que agrava a pena, que agrava medida de segurança. A Lei nº
11.106/2005 transferiu parte da conduta no que se refere ao rapto violento. A reda-
ção do art. 219 do Código Penal trazia uma pena de reclusão de dois a quatro anos.
51
Ocorre que a redação para a mesma conduta, ao inserir o inciso V no § 1º
do art. 148, trouxe pena de reclusão de dois a cinco anos.
Atenção: Se o agente, em data anterior à entrada em vigor da Lei nº 11.106
foi condenado por rapto, pois privou a liberdade de mulher honesta, com o fim
libidinoso, haverá manutenção do decreto condenatório, devendo continuar o
cumprimento da pena, uma vez que a figura continua no direito penal pátrio.
Contudo, a pena mais severa não pode ser aplicada.
Ainda, se houver dúvida em relação à lei mais benéfica, havendo sucessão
de leis, de acordo com Nelson Hungria, deverá ser ouvido o acusado para que
este faça a escolha.
Exercício
14. (Polícia Civil – MA/2006) Tem efeito retroativo a lei que:
a) Elimina circunstância atenuante prevista na lei anterior.
b) Comina pena mais grave, mantendo a definição do crime da lei
anterior.
c) Torna típico fato anteriormente não incriminado.
d) Não mais incrimina fato anteriormente considerado ilícito penal.
e) Acrescenta circunstância qualificadora não prevista na lei anterior.
15.2 Síntese
A lex tertia, ou combinação de leis, significa que o juiz, na determinação
da norma mais benigna aplicável, tomará os preceitos mais favoráveis da lei
anterior e, ao mesmo tempo, os da lei posterior, combinando-os e aplicando-os
Direito Penal
Exercício
Direito Penal
16.2 Síntese
Conflito de Leis Penais no Tempo: A regra está consubstanciada no brocar-
do latino tempus regit actum, ou seja, aplica-se sempre a lei vigente ao tempo
do fato. Já a exceção está consubstanciada no brocardo latino lex mitior.
Isto nada mais é que a aplicação do art. 5º, LX, da Constituição Federal,
ou seja, a lei penal não retroagirá (tempus regit actum), salvo para beneficiar o
réu (lex mitior).
O agente pode praticar um ato na vigência de determinada lei e surgirem
outras duas sucessivamente, regulando a mesma conduta, sendo a interme-
diária a mais benigna. Trata-se de um conflito intertemporal entre somente
duas leis já que a primeira, por ser mais severa, é ab-rogada pela intermediária.
Assim, a intermediária retroage em relação à primeira e possui ultra-atividade
em relação à terceira.
Lex mitior e o período da vacatio legis: A lei entra em vigor normalmente na
data da sua publicação, no entanto, razões de interesse público, podem deter-
minar existência de um prazo entre a publicação e sua vigência (vacatio legis).
A possibilidade de a lei mais benéfica retroagir durante o período da vacatio
legis não é pacífica na doutrina penal, porém, são favoráveis a esta tese alguns
doutrinadores, como por exemplo, Paulo José da Costa Junior, Fragoso, Silva
Franco, dentre outros.
Direito Penal
Posição contrária é preferível, visto que se a lei que está em vacatio não
produz efeitos imediatamente, também não poderá retroagir. Ainda, mostra-se
possível sua revogação antes mesmo de sua produção de efeitos.
55
Retroatividade da Jurisprudência: O preceito constitucional determina que
a lei penal não possa retroagir, salvo para beneficiar o réu, no entanto, caso
se esteja diante de interpretação consolidada levada a efeito pelos Tribunais
Superiores, seja por Súmula ou decisões reiteradas no mesmo sentido, poderá
retroagir se for mais benéfica.
17.2 Síntese
O art, 5º, XL, da Constituição Federal diz que a lei penal não retroagirá
salvo para beneficiar o Réu.
A Constituição Federal cita apenas a lei penal, assim, será que a lei pro-
cessual penal tem aplicação imediata? Pode retroagir? Por norma processual,
deve-se entender aquela cujos efeitos repercutem diretamente sobre o proces-
so, sem qualquer relação com o jus puniendi do Estado.
Assim, não se submetem ao princípio da retroatividade (art. 2º do Código
de Processo Penal – a norma de conteúdo processual terá incidência imediata
– princípio da imediatidade). Exemplo: Normas que disciplinam sobre a prisão
provisória.
Normas híbridas ou mistas: é a norma que possui conjuntamente tanto
conteúdo penal como processual, devendo prevalecer, por entendimento ma-
joritário, a lei penal, retroagindo em favor do Réu, posto que seja inadmissível
a divisão da lei em duas partes.
Direito Penal
O art. 366 do Código de Processo Penal constitui uma verdadeira norma hí-
brida, porque parte dela contém conteúdo processual (suspensão do processo)
e outra parte penal (suspensão da prescrição).
56
Ocorre que, tendo em vista que neste caso a suspensão da prescrição, seria
pior ao Réu, não deverá retroagir, prevalecendo a lei processual.
Regime de cumprimento de pena: Uma lei que altera o regime de pena se
submete ao princípio da retroatividade in mellius, pois se trata de norma penal.
A Lei nº 11.464/2007, apesar de banir expressamente a vedação ao cumpri-
mento progressivo da pena, estabelece lapsos temporais mais gravosos para os
condenados pela prática de crimes hediondos e afinados aos hediondos.
Assim, neste ponto, o diploma legal constitui novatio legis in pejus e até a
edição da lei tínhamos uma decisão do Supremo Tribunal Federal que falava
em 1/6 por não haver regra específica. Isso significa que a lei será aplicada so-
mente a crimes cometidos após a sua vigência.
18.2 Síntese
Leis penais temporárias são aquelas que possuem vigência previamente fi-
xada pelo legislador. Leis penais excepcionais são aquelas promulgadas para
vigência em períodos anormais, como casos de calamidade pública, guerras,
epidemias, cataclismos, revoluções, etc.
A ultra-atividade das leis penais temporárias e excepcionais vem consagrada
no art. 3º do Código Penal: “A lei excepcional ou temporária, embora decorri-
do o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinam,
aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.”
Ultra-atividade significa a possibilidade de uma lei ser aplicada a um fato
praticado durante a sua vigência, mesmo depois da sua revogação.
Fundamento: a razão da ultra-atividade das leis temporárias e excepcio-
Direito Penal
19.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
16. (Procurador da República – Questão 41) Na hipótese de norma penal
em branco revogar ou alterar norma complementar:
a) Haverá retroatividade da norma mais benigna;
b) Haverá ultra-atividade da norma revogada;
c) As decisões transitadas em julgado não serão afetadas;
d) Apenas os processos em curso seriam afetados.
20.2 Síntese
Tempo do Crime: A fixação do tempo em que se reputa praticado o crime,
possui relevância jurídica não apenas para determinar a lei que o vai reger, mas
Direito Penal
Exercício
17. (Polícia Civil – Paraná – 2007 – Questão 21) Diz o artigo 5º do Códi-
go Penal: “Aplica-se a lei penal brasileira sem prejuízo de convenções,
tratados e regras de direito internacional ao crime cometido no terri-
tório nacional”. Sobre a lei penal no espaço, considere as seguintes
afirmativas:
1. Como regra, são submetidos à lei brasileira os crimes cometidos den-
tro da área terrestre, do espaço aéreo e das águas fluviais e marítimas.
2. Consideram-se extensão do território nacional as embarcações e ae-
ronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasi-
leiro, onde quer que se encontrem.
3. É aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de em-
barcações estrangeiras de propriedade privada que se encontrem em
alto-mar.
4. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os
crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
Direito Penal
22.2 Síntese
Princípio da territorialidade: Este é o princípio adotado pelo Código Penal
brasileiro, sendo os demais acolhidos apenas como exceção. Aplica-se a lei pe-
nal somente no Estado que a determinou, não importando a nacionalidade do
sujeito ativo do crime ou a titularidade do bem jurídico ofendido.
Também é conhecido como territorial exclusivo ou absoluto, uma vez que
exclui a aplicação da lei penal de um país fora do seu território.
Princípio da nacionalidade ou personalidade traz que é aplicada a lei penal
do Estado aos cidadãos onde quer que se encontrem, importando somente a
nacionalidade do Agente.
Tal princípio se divide em nacionalidade ativa e passiva.
Nacionalidade ativa: o agente é punido de acordo com a lei de seu país, in-
dependentemente da nacionalidade da vítima. Art. 7º, II, “b”, do Código Penal.
Nacionalidade passiva exige que o fato praticado pelo nacional no estran-
geiro atinja um bem jurídico do seu próprio Estado, ou um cocidadão. Art. 7º,
§ 3º do Código Penal. Observação: Este é o entendimento majoritário.
Princípio da defesa: pode ser denominado de princípio real ou de proteção,
o qual determina aplicação da lei penal a quem pertencer o bem jurídico lesa-
do ou exposto a perigo de lesão com a prática do crime.
Neste caso, independe o lugar do crime e a nacionalidade do sujeito ativo,
importando apenas a nacionalidade do bem jurídico lesado ou ofendido. Art.
7º, I e § 3º do Código Penal.
Direito Penal
23.2 Síntese
Em relação à territorialidade dois princípios, regem este tema: territoriali-
dade absoluta e territorialidade temperada ou relativa.
A territorialidade absoluta traz que a lei penal brasileira é aplicada aos cri-
mes cometidos no território nacional, sem qualquer tipo de relativização.
Quanto à territorialidade temperada ou relativa, a lei brasileira é aplicada
como regra ao crime cometido no território nacional, no entanto, como ex-
ceção, a lei estrangeira poderá ser aplicada a delitos cometidos no território
nacional, total ou parcialmente, quando houver determinação em tratado ou
convenção internacional (instituto conhecido como intraterritorialidade).
O caput do art. 5º do Código Penal dispõe: “Aplica-se a lei brasileira, sem
prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido no território nacional.”
Nota-se que em determinados casos, é permitida a aplicação da norma es-
trangeira e, assim, no Brasil, aplica-se o princípio da territorialidade temperada.
O conceito de território nacional pressupõe aspectos materiais e jurídicos.
Direito Penal
24.2 Síntese
Território Nacional por ficção: São dois tipos, embarcações e aeronaves.
Embarcações e navios podem ser públicos ou privados. Públicos: quer se
encontrem em mar territorial pátrio ou em alto-mar são considerados parte do
território nacional, sendo competente a justiça brasileira para processar e julgar
delitos nele praticados (art. 5º, § 1º, do Código Penal).
Se o navio for público estrangeiro, não fará parte do nosso território, apli-
cando-se a lei da bandeira que ostenta (art. 5º, § 2º, do Código Penal).
Privado: aplica-se a lei brasileira (art. 5º, § 2º, do Código Penal). Estabelece
o dispositivo: “É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo
Direito Penal
Exercício
18. (Ministério Público – Roraima – 2004 – Questão 31) Considere a se-
guinte situação hipotética: “Marcos comete crime de furto quando
se encontrava em navio mercante brasileiro que navegava em águas
Argentinas”. Nesta situação, o crime poderá ser julgado no primeiro
posto brasileiro em que o navio aportar, aplicando-se o princípio da
representação?
25.2 Síntese
Território Nacional por ficção: São dois tipos, embarcações e aeronaves.
Aeronaves: em relação no espaço aéreo brasileiro, o Brasil adotou a teoria
da absoluta soberania do país subjacente (Código Brasileiro da Aeronáutica,
art. 11, Lei nº 7.565/1986 ou Lei nº 8.617/1993, art. 2º).
Podem ser públicas ou privadas, aplicando-se as mesmas regras dos navios
e embarcações, art. 5º, §§ 1º e 2º, do Código Penal.
Públicas: são consideradas situadas no território brasileiro em qualquer lu-
Direito Penal
Exercício
19. (Ministério Público – Bahia – 2008 – Questão 51) Analise as seguintes
assertivas acerca da norma penal:
1) A norma penal pode ter como características a retroatividade e a
ultratividade;
2) A lei penal temporária tem vigência somente durante o estado de
emergência;
3) Conforme entendimento sumulado pelo Supremo Tribunal Fede-
ral, a lei penal mais grave não se aplica ao crime continuado ou
permanente, ainda que sua vigência se dê em momento anterior a
cessação da continuidade da permanência, se o marco inicial de tal
vigência ocorrer em momento posterior ao do início da execução;
4) Em relação à eficácia espacial da lei penal o código brasileiro ado-
tou de forma excepcional os princípios real ou da proteção, da re-
presentação, da competência universal ou cosmopolita, da nacio-
nalidade passiva e da nacionalidade ativa;
5) As leis penais incriminadoras se dividem em permissivas e expli-
cativas.
27.2 Síntese
Continuação das hipóteses excepcionais:
Crimes habituais: são aqueles que exigem a prática de determinados atos
de forma reiterada, que denota um estilo de vida do agente, sendo considerado
lugar do crime ou de qualquer local dessas condutas que pertencem ao tipo,
Direito Penal
Exercício
c) Resultado e ambiguidade;
d) Atividade e ubiquidade.
69
28. Lei Penal no Espaço: Regras Especiais
Contidas em Súmulas
28.1 Apresentação
28.2 Síntese
Súmula nº 151 do Superior Tribunal de Justiça: Compete à justiça federal
processar e julgar o crime de contrabando e descaminho sendo o competente
o Juiz Federal do local onde foram apreendidos os objetos introduzidos ilegal-
mente em nosso país.
Súmula nº 147 do Superior Tribunal de Justiça: Compete também à Justiça
Federal processar e julgar crimes praticados contra funcionário público federal
quando relacionados com o exercício da função.
Súmula nº 122 do Superior Tribunal de Justiça: Compete à justiça fede-
ral o processo e julgamento unificado dos crimes conexos da competência
federal e estadual.
Súmula nº 78 do Superior Tribunal de Justiça: Compete à justiça militar o
processo e o julgamento de policial de corporação estadual, ainda que o delito
tenha sido praticado em outra unidade da federação.
Súmula nº 172 do Superior Tribunal de Justiça: Compete à justiça comum
processar e julgar o crime contra abuso de autoridade praticado por policial
militar, mesmo estando em serviço.
Súmula nº 6 do Superior Tribunal de Justiça: Compete à justiça comum
processar os crimes decorrentes de acidente de trânsito envolvendo viatura da
polícia militar, salvo se o autor e vítima forem policias militares em situação
de atividade.
Fazer a Leitura das Súmulas a seguir: Súmula nº 53 do Superior Tribunal
de Justiça: Súmula nº 140 do Superior Tribunal de Justiça (Observação: caso se
coloque em disputa direitos indígenas como um todo, a competência passará
para a Justiça Federal.), Súmula nº 42 do Superior Tribunal de Justiça, Súmula
nº 62 do Superior Tribunal de Justiça, Súmula nº 104 do Superior Tribunal
de Justiça, Súmula nº 521 do Supremo Tribunal Federal, Súmula nº 48 do
Superior Tribunal de Justiça, Súmula nº 38 do Superior Tribunal de Justiça,
Direito Penal
29.2 Síntese
Extraterritorialidade é a aplicação da lei penal brasileira a fatos que não
ocorrem dentro do Brasil, art. 7º Código Penal.
São sujeitos à lei brasileira os crimes contra vida e liberdade do Presidente
da República, crimes contra o patrimônio ou fé pública da União, Distrito
Federal, Estados, Territórios, Municípios, empresas públicas, sociedade de
economia mista, autarquias, fundações instituídas pelo poder público e ainda
Direito Penal
Exercício
22. (Ministério Público – Sergipe – 2010) De acordo com a lei penal bra-
sileira, o território brasileiro estende-se:
a) Embarcações e aeronaves brasileiras de natureza pública ou a ser-
viço do governo brasileiro onde quer que se encontrem;
b) Embarcações e aeronaves brasileiras de natureza pública desde que
se encontre em espaço aéreo brasileiro ou alto mar;
c) Embarcações e aeronaves brasileiras mercantes ou de propriedade
privada, onde quer que se encontrem;
d) Embarcações e aeronaves brasileiras de natureza pública, desde
que se encontrem a serviço do governo brasileiro;
e) Embarcações e aeronaves brasileiras mercantes privadas, desde que
estejam a serviço do governo do Brasil e se encontrem no espaço
aéreo brasileiro ou em alto-mar.
Exercício
23. (UECE – Delegado de Polícia Civil – CE – 2006) Sobre a aplicação
da lei penal no tempo e no espaço marque a opção verdadeira.
a) Ninguém pode ser responsabilizado por crimes previstos em leis
excepcionais ou temporárias após o decurso do lapso temporal des-
tas, pois ocorre o que chamamos de abolitio criminis indireto.
b) Em relação ao tempo do crime, o direito penal brasileiro adotou
a teoria do resultado, onde se considera consumado o crime no
momento em que este é consumado.
c) A lei brasileira pode ser aplicada em todos os crimes praticados
contra o Presidente da República em qualquer lugar do mundo.
Tal possibilidade é baseada na aplicação do princípio da Soberania
do Estado.
d) Um fato criminoso que ocorra em uma aeronave comercial brasi-
Direito Penal
31.2 Síntese
Condições da extraterritorialidade condicionada: Em todos os quatro casos
de extraterritorialidade condicionada, todas as condições devem estar presen-
tes. São as seguintes:
1. Agente entrar no território nacional. O ingresso pode ser voluntário ou
não e a presença pode ser temporária ou prolongada. A ação penal não
pode ser proposta sem que o agente esteja em território brasileiro.
2. O fato tem que ser punível também no país onde foi praticado. A con-
duta deve ser descrita como criminosa, com o mesmo nomen juris em-
pregado na legislação brasileira ou não.
Se no Brasil o fato é punido como contravenção e no exterior como crime,
exclui-se a incidência da lei penal brasileira, de acordo com o estabelecido no
art. 2º da Lei de Contravenções Penais. O mesmo procedimento ocorre se no
Brasil o fato é punido como crime e no país onde foi cometido é considerado
contravenção penal.
3. O crime tem que estar incluído entre os quais a lei brasileira autoriza a
extradição.
De acordo com o Estatuto dos Estrangeiros, é vedada a extradição quando
o fato é punido como contravenção no Brasil ou no Estado requerente; quando
a lei brasileira cominar ao crime pena privativa de liberdade igual ou inferior a
um ano; quando o Brasil tiver competência, conforme as suas leis, para julgar o
delito imputado ao extraditando; quando o extraditando estiver sendo processa-
do no Brasil; se o fato constituir crime político ou de opinião; se o extraditando
Direito Penal
Exercício
24. (Juiz de Direito – São Paulo – 2009 – Questão 36) A norma inserida no
art. 7º, II, “b”, do Código Penal - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora
cometidos no estrangeiro (...) os crimes (...) praticados por brasileiro - en-
cerra o princípio:
a) Da universalidade ou da justiça mundial;
b) Da territorialidade;
c) Da nacionalidade ou personalidade ativa;
d) Real, de defesa ou proteção de interesses.
Exercício
25. (Juiz de Direito – São Paulo – 2007 – Questão 29) Assinale a alternati-
va incorreta: A lei brasileira aplica-se, também, ao crime cometido por
estrangeiro contra brasileiro se:
a) A punibilidade estiver extinta no país de origem, mas não no Brasil;
b) O fato também for punível no país em que for praticado e também
no Brasil;
Direito Penal
33.2 Síntese
A lei brasileira, por exceção, não será aplicada a crimes ocorridos no Brasil
em decorrência das funções internacionais exercidas pelo agente.
Duas são as hipóteses de não incidência: Imunidades Diplomáticas: aque-
las que decorrem do direito internacional público; Imunidades Parlamentares:
aquelas que decorrem de direito público interno.
Os privilégios levam em consideração a função exercida pelo agente e não
propriamente a pessoa do infrator, razão pela qual não se fala em violação ao
princípio da isonomia ou igualdade.
Imunidade Diplomática: A concessão de privilégios a representantes diplo-
máticos relativamente a atos ilícitos por eles praticados é antiga praxe no direito
das gentes, se fundando no respeito e na consideração ao Estado que repre-
sentam e na necessidade de cercar sua atividade de garantias para o perfeito
desempenho da sua missão diplomática.
Os chefes do Estado e os representantes de governo estrangeiros estão ex-
cluídos da jurisdição criminal dos países em que exercem as suas funções. A
previsão está fundamentada na Convenção de Viena assinada em 18 de abril
de 1961 e aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo nº 103/1964.
Além disso, importante lembrar-se do Decreto Legislativo do Senado Fe-
deral nº 87/1992 que aprova os textos do tratado de extradição e do tratado de
cooperação.
O diplomata é dotado de inviolabilidade porque não pode nem ser preso
em nem ser submetido a qualquer procedimento em processo sem autorização
do seu país.
Direito Penal
Por outro lado, as sedes diplomáticas não são mais consideradas extensão do
território estrangeiro, embora sejam dotadas de inviolabilidade, como garantia
aos seus respectivos representantes.
77
Entes abrangidos pela Imunidade Diplomática: Embaixadores, Secretários
da embaixada, pessoal técnico e administrativo das representações, os compo-
nentes das famílias dos agentes diplomáticos, os funcionários das organizações
internacionais, quando a serviço, o chefe de estado estrangeiro, inclusive os
membros de toda sua comitiva quando em visita ao país.
Observação: Os empregados particulares dos agentes diplomáticos não go-
zam desta imunidade, ainda que da mesma nacionalidade.
Características da Imunidade Diplomática: Independência; inviolabilida-
de pessoal; isenção da jurisdição criminal, civil e tributária; inviolabilidade de
habitação.
Exercício
26. (Juiz de Direito – Piauí – 2007 – Questão 41) A respeito das imuni-
dades diplomáticas parlamentares e judiciárias, julgue os seguintes
itens:
I – segundo a intraterritorialidade, se um funcionário da ONU em ser-
viço praticar um crime no Brasil que não seja previsto em seu país de
origem, poderá ser processado e julgado no Brasil;
II – O embaixador de um país estrangeiro que pratica um crime contra
a vida do presidente da república federativa do Brasil neste país, deverá
ser julgado pelas leis brasileiras;
III – O crime praticado em sede de embaixada estrangeira no Brasil
por causa da imunidade diplomática não se aplica a lei penal brasileira.
IV – Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, no caso de
ofensa a honra de terceiro, de autoria de parlamentar, só haverá imuni-
dade parlamentar se esta conduta tiver nexo funcional com cargo que
o parlamentar desempenha, ainda quando se tratar de ofensa dentro
do parlamento.
A quantidade de itens certos é igual a:
a) 0;
b) 1;
c) 2;
d) 3;
e) 4.
Direito Penal
78
34. Eficácia da Lei Penal em Relação a Pessoas
que Exercem Determinadas Funções
Públicas: Imunidades Consulares e
Parlamentares
34.1 Apresentação
34.2 Síntese
A questão das imunidades surge em dois aspectos: situações previstas no
Código Penal e situações previstas na Constituição Federal.
Algumas pessoas que ocupam cargos, que desempenham certas funções,
recebem alguns benefícios da lei. Não se deve confundir privilégios e prerroga-
tivas, pois estas dizem respeito à função pública desempenhada.
A imunidade consular atribui a diplomatas algumas imunidades e prerroga-
tivas. Os diplomatas possuem inviolabilidade pessoal, ou seja, não respondem
no Brasil, se praticarem um crime no Brasil, sendo responsabilizados em seu
país de origem.
A Polícia Federal não pode entrar no Consulado e prender o diplomata.
Isso porque a inviolabilidade consular pessoal é absoluta. Se outra pessoa, que
não detém prerrogativa, praticar um crime dentro do Consulado estrangeiro, a
polícia pode entrar e prender em flagrante, pois não há imunidade em relação
ao espaço físico.
A imunidade formal pode ser formal ou material. A imunidade formal é ad-
quirida no momento da diplomação (ato administrativo em que o parlamentar,
antes de iniciar seu mandato, recebe seu diploma). Já a imunidade material
estabelece que o parlamentar, no exercício de sua função, é livre por quaisquer
de suas opiniões, palavras e votos.
A natureza jurídica da imunidade parlamentar possui duplo entendimen-
Direito Penal
35.2 Síntese
A imunidade absoluta, também conhecida como escusa absolutória, está
prevista no art. 181 do Código Penal.
Imunidade é um benefício legal que impede a atuação do Estado no mo-
mento em que um crime formalmente é praticado.
É preciso entender que não haverá escusa absolutória se houver grave
ameaça ou violência. Ainda, o benefício da escusa absolutória só serve para
pessoas que tenham parentesco. Assim, não há escusa absolutória em relação
a terceiros estranhos.
Nota-se que se está falando sobre crimes contra o patrimônio. Ainda, trata-
-se de parentes e cônjuges.
O artigo cuida de marido e mulher na constância da sociedade conjugal,
ou seja, existindo separação judicial, não há que se falar em imunidade absolu-
ta. Havendo separação de fato, haverá incidência da escusa absolutória.
O art. 181, que traz as imunidades absolutas, trabalha com a questão de que
Direito Penal
o direito penal não atua; esta pessoa não será processada. Há casos em que o in-
quérito policial é instaurado não para punir estas pessoas, mas para verificação
se há ou não terceiros envolvidos.
80
É possível observar, portanto, que a imunidade absoluta não é uma cláusu-
la de impedimento de procedibilidade.
Ainda, se a vítima tiver mais de sessenta anos, não será a imunidade que irá
proteger o criminoso.
Exercício
28. (TJ-SP – Juiz – 169º Concurso) Indique a hipótese correta de ser ad-
missível a imunidade penal absoluta:
a) se o agente pratica furto contra cônjuge, ocorrido depois de decre-
tada judicialmente a separação do casal.
b) se o agente rouba bens de seu sobrinho.
c) se a ré se apropria indevidamente de bens pertencentes a seu
amásio.
d) se o agente comete estelionato contra seu avô;
e) N.R.A.
36.2 Síntese
Há uma linha doutrinária, encabeçada por Luiz Regis Prado, que afirma
não existir imunidade relativa. Contudo, grande parte da doutrina denomina o
art. 182 como hipóteses de imunidades relativas.
A imunidade relativa acontece da seguinte forma: há um crime de ação
pública incondicionada e, por força da imunidade relativa, esta ação que era
Direito Penal
Exercício
37.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
38.2 Síntese
Os Vereadores integram o Poder Legislativo, mas estão vinculados a uma
atuação local. O art. 29, VIII, da CRFB traz uma peculiaridade, pois há
uma expressão em seu texto com os seguintes dizeres: na circunscrição do
Município.
Contudo, é preciso observar que se um Vereador mineiro, por exemplo,
está no estado do Espírito Santo atuando como Vereador, está exercendo sua
função e, portanto, a imunidade viajou com ele.
Caso haja desrespeito à prerrogativa aqui estudada, via de regra, impetra-se
habeas corpus no Supremo Tribunal Federal.
Exercício
39.2 Síntese
O art. 10 do Código Penal prevê a forma de contagem do prazo no direito
penal: “O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os
meses e os anos pelo calendário comum.”
A contagem do prazo possui relevância para o cumprimento da pena, pe-
ríodo de prova do sursis e do livramento condicional, prescrição, decadência,
reincidência.
O dia do fato que dá origem à contagem do prazo é incluído no cômputo
do prazo. Se ocorrer uma prisão às 23h59min de um dia, computa-se este dia
da prisão na contagem.
Diversa é a contagem dos prazos processuais penais previstos no art. 798,
§ 1º, do Código de Processo Penal: “Não se computará no prazo o dia do co-
meço, incluindo-se, porém, o do vencimento.” Assim, se exclui o dia do início
e inclui-se o dia do fim.
Súmula nº 310 do Supremo Tribunal Federal: “Quando a intimação tiver
lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse
dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver
expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.”
Objetivo da contagem dos prazos materiais e processuais visa beneficiar
o réu. No direito penal, quanto mais breve o prazo melhor para o acusado e
quanto maior no processo penal também.
Representação e queixas terão seus prazos contados pelo art. 10 do Código
Penal, estando sujeitos à decadência.
Calendário comum: é o calendário gregoriano, em que os dias são contados
entre 24 horas de um dia e 24 horas do outro dia; mês pode ter 28, 29, 30 ou 31
dias; e o ano pode ter 365 dias ou 366 dias, nos anos bissextos. Dias são contados
Direito Penal
40.2 Síntese
O art. 11 prevê as frações não computáveis da pena: “Desprezam-se, nas
penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na
pena de multa, as frações de cruzeiro.”
Três regras se depreendem deste art. 11. A primeira é que nas penas pri-
vativas de liberdade e nas penas restritivas de direitos devem ser desprezadas
frações de dias, que são as horas.
A segunda é que na pena de multa devem ser desprezadas as frações de
Real, ou seja, os centavos serão desprezados.
A terceira é que deve ser desprezada na fixação da pena pecuniária a fração
de dia-multa.
Legislação Penal Especial: “Art. 12 – As regras gerais deste Código aplicam-
-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.”
O Código Penal é tomado como base para aplicação das leis especiais, uma
vez que as infrações penais não são somente aquelas descritas no Código.
Direito Penal
ele existe quando um fato único se subsume em dois ou mais tipos legais, de-
vendo ser aplicado, no entanto, apenas um deles. Para a configuração do con-
flito aparente de normas exige necessariamente três requisitos:
88
1 – unidade de fato, que pode ser simples ou complexa. Unidade simples:
existe um só comportamento. Unidade complexa: é a aglutinação de
comportamentos distintos que a lei disciplina como um só comporta-
mento (como o delito complexo, ou composto, o coletivo, ou habitual,
o progressivo e o continuado).
2 – pluralidade de normas nas quais se enquadra esse fato delituoso.
3 – vigência contemporânea das normas no momento em que o fato é pra-
ticado.
Exercício
42.2 Síntese
Existem diferenças entre o conflito aparente de normas e o conflito de leis
penais no tempo.
Os institutos não podem ser confundidos, uma vez que no conflito aparente
de normas, os vários tipos que aparentemente regem o fato estão em vigor no
momento da prática do crime e no conflito de leis penais no tempo, há uma
sucessão de normas no tempo, sendo que somente uma delas estava vigendo
no momento do delito.
Se entre as leis concorrentes há sucessão temporal, não existirá um conflito
aparente de normas, mas um conflito intertemporal que deve ser solucionado
pelo princípio lex posterior derogat priori.
Outra diferença que deve ser feita é entre o conflito (ou concurso) aparente
de normas e o concurso de crimes.
Enquanto no concurso aparente de normas uma única norma é atribuída
ao agente, no concurso de crimes (concurso material, concurso formal e con-
tinuidade delitiva), todas as normas violadas pelo sujeito são a ele atribuídas.
Havendo pluralidade de fatos não se falará em concurso aparente de nor-
mas, mas em concurso material de crimes.
O concurso aparente de normas é solucionado por princípios, que não es-
tão na lei. A doutrina costuma resolver o conflito aparente de normas com
três princípios: especialidade, subsidiariedade e consunção. Alguns autores in-
cluem, ainda, o princípio da alternatividade.
Pelo princípio da especialidade (lex specialis derogat legi generali), uma
norma é considerada especial em relação a outra (geral) quando, referindo-se
as duas ao mesmo fato, a primeira possui uma particular condição (objetiva ou
Direito Penal
Exercício
Direito Penal
43.2 Síntese
Conforme já analisado, a Lei especial é a que contém todos os elementos
da lei geral e ainda acrescenta outros, chamados de elementos especializantes.
Fica afastado, assim, o bis in idem, uma vez que o comportamento do agente
somente é enquadrado na norma incriminadora especial, embora também des-
crito pela geral.
São casos de especialidade as relações existentes entre delitos simples, qua-
lificados e privilegiados: o tipo fundamental será excluído pelo qualificado ou
privilegiado, que deriva daquele.
O art. 12 do Código Penal prevê: “As regras gerais deste Código aplicam-se
aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.”
O fundamento está no princípio da especialidade. O aludido dispositivo
refere-se “às regras gerais” do Código Penal e das leis extravagantes, atribuindo
preferência a estas, se distintas das determinadas por aquele.
Assim, se a lei especial ditar preceitos particulares para a sua própria apli-
cação, em contraposição às normas do Código Penal, o conflito aparente de
normas será resolvido pelo princípio da especialidade.
Conflito entre normas especiais é uma situação interessante e ocorre quan-
Direito Penal
Exercício
36. (MPPR – 2008 – Questão 01) Assinale a alternativa incorreta:
a) a criação dos tipos incriminadores e de suas respectivas penas está
submetida à lei formal anterior, elaborada na forma constitucio-
nalmente prevista, sendo inconstitucional fazê-lo, por violação
ao princípio da legalidade ou da reserva legal (art. 5º, XXXIX, da
Constituição Federal), mediante a utilização de medida provisória.
b) em decorrência da aplicação do princípio da extratividade, a lei
nova que incrimina fato não previsto na anterior não retroagirá
(irretroatividade); contudo, a lei posterior que não mais criminali-
za fato anteriormente punível observará a retroatividade favorável
Direito Penal
44.2 Síntese
Conforme o princípio da subsidiariedade (lex primaria derogat legi subsidia-
riae), a norma que prevê uma ofensa maior a um determinado bem jurídico exclui
a aplicação da norma que prevê uma ofensa menor a esse mesmo bem jurídico.
A relação de primariedade e subsidiariedade, portanto, existe entre normas
que descrevem graus de violação distintos do mesmo bem jurídico, de modo
que o delito descrito pela lei subsidiária, por ser de menor gravidade do que o
da lei principal, é absorvido por esta.
A norma dita subsidiária é considerada, na expressão de Nelson Hungria,
Direito Penal
causando-lhe a morte, não responde por dois crimes (homicídio culposo mais
omissão de socorro), mas por um só: homicídio culposo majorado pela omissão
de socorro (art. 302, parágrafo único, inciso III, do Código de Trânsito).
95
Exercício
37. (TRF 1ª Região – 2006 – Questão 43) O conflito aparente de normas
penais é resolvido:
a) pelos princípios da especialidade, da subsidiariedade e da consunção,
alguns autores incluindo também o princípio da alternatividade;
b) pelos princípios da especialidade e da consunção, não dizendo res-
peito à questão o princípio da subsidiariedade, que é relativo à ação
penal;
c) exclusivamente pelo princípio da especialidade;
d) pelos princípios da especialidade e da subsidiariedade.
45.2 Síntese
Podem ser enumerados como diferenças entre especialidade e subsidiarie-
dade:
1. Na especialidade, a norma especial é aplicada ainda que mais branda
do que a norma genérica; na subsidiariedade, ao contrário, a norma
subsidiária é sempre excluída pela norma mais grave.
2. Na especialidade, a identificação do caráter geral ou especial das nor-
mas se dá in abstracto; a subsidiariedade, por outro lado, exige compa-
ração das normas à luz do caso concreto.
3. Na especialidade, existe relação de gênero e espécie entre as normas; na
Direito Penal
Exercício
38. (MPDFT – 2008 – Questão 04) Sobre a pluralidade aparente de leis
penais, analise os itens abaixo e responda:
I – A aplicação do critério da especialidade pressupõe a existência de
um tipo geral e de um tipo especial, o qual contém todos os caracteres
do tipo geral e mais alguns caracteres especiais, ficando excluído o tipo
Direito Penal
46.2 Síntese
São várias as hipóteses de incidência do princípio da consunção ou absor-
ção, que podem ser classificadas em cinco grupos: o crime complexo, o crime
progressivo, a progressão criminosa, o fato anterior impunível e o fato posterior
impunível.
Direito Penal
poral (minus), ficando esta absorvida pelo crime doloso contra a vida.
Não há bigamia sem a precedente falsificação ideológica. O crime de dano
absorve o de perigo.
99
O sequestro é absorvido pela redução de alguém à situação análoga à de
escravo (arts. 148 e 149 do Código Penal). O delito consumido é conhecido por
crime de ação de passagem.
Exercício
39. (PCSC – 2008) Ocorre conflito aparente de normas penais quando ao
mesmo fato parecem ser aplicáveis duas ou mais normas (ou tipos). A
solução do conflito aparente de normas dá-se pelo emprego de alguns
princípios (ou critérios), os quais, ao tempo em que afastam a inci-
dência de certas normas, indicam aquela que deverá regulamentar o
caso concreto. Os princípios que solucionam o conflito aparente de
normas, segundo a doutrina penal são: o da especialidade, o da subsi-
diariedade, o da consunção e o da alternatividade.
Acerca do princípio da especialidade, todas as alternativas estão corre-
tas, exceto a:
a) O princípio da especialidade determina que o tipo penal especial
prevalece sobre o tipo penal de caráter geral afastando, desta forma,
o bis in idem, pois a conduta do agente só é enquadrada na norma
incriminadora especial, embora também estivesse descrita na geral.
b) Para se saber qual norma é geral e qual é especial, é preciso analisar
o fato concreto praticado, não bastando que se comparem abstrata-
mente as descrições contidas nos tipos penais.
c) A comparação entre as leis não se faz da mais grave para a menos
grave, nem da mais completa para a menos completa. A norma
especial pode descrever tanto um crime mais leve quanto um mais
grave.
d) O princípio da especialidade é o único previsto expressamente no
Código Penal.
48.2 Síntese
Diferença entre ante factum impunível e crime progressivo: enquanto no
crime progressivo há incursão obrigatória pelo delito menos grave (é impossí-
vel matar sem antes ferir), no fato anterior impunível, tal obrigatoriedade não
ocorre, pois o crime mais grave pode ser cometido sem violação da norma
menos severa (é possível matar sem arma de fogo ou furtar sem chave falsa).
Direito Penal
Exercício
41. (DPMA – 2009 – Questão 27) Na consideração de que o crime de falso
se exaure no estelionato, responsabilizando-se o agente apenas por este
crime, o princípio aplicado para o aparente conflito de normas é o da:
a) subsidiariedade.
b) consunção.
c) especialidade.
d) alternatividade.
e) instrumentalidade.
conhecimento dos elementos materiais do crime” (art. 30, item 01), ou seja,
dolosamente. Menores de 18 anos e pessoas jurídicas de direito público não são
julgados pelo Tribunal Penal Internacional.
105
50. Tribunal Penal Internacional – Composição
50.1 Apresentação
50.2 Síntese
O Tribunal Penal Internacional é composto por dezoito juízes (pode ser
aumentado por proposta de sua presidência e aprovação da Assembleia). São
divididos assim: Há seis juízes de instrução (investigação), seis juízes do pro-
cesso e seis juízes em caso de recurso (garantindo o duplo grau de jurisdição).
Os requisitos para ser juiz do Tribunal Penal Internacional: necessidade de
todos os predicados para ser o juiz da mais alta corte do país. No Brasil, deve-se
ter os predicados para ser ministro do Supremo Tribunal Federal, além de ser
fluente em inglês ou francês. Ainda, no Tribunal Penal Internacional não há
concurso, mas mandato pelo prazo de nove anos, sendo vedada a recondução.
O art. 120 do Estatuto de Roma prevê que não são admitidas reservas, as-
sim, o país que o aprovar não poderá fazê-lo com reservas.
Ato de entrega: o Estatuto de Roma prevê, nos seus arts. 58, item 5, e 89,
item 1, respectivamente, que “O Tribunal, com base no mandado de prisão,
poderá requerer a prisão provisória ou a prisão e entrega do indivíduo, em con-
formidade com a Parte IX”, bem como que “O Tribunal poderá transmitir,
acompanhado do material probatório, em conformidade com o art. 91, um
pedido de captura e entrega de um indivíduo. O Tribunal transmitirá tal pe-
dido a qualquer Estado em cujo território tal indivíduo possa se encontrar. Os
Estados-partes cumprirão os pedidos de captura e entrega, em conformidade
com o disposto na presente Parte e com os procedimentos previstos em seu
direito interno”.
Indagação que se faz é se tal entrega de nacionais se confunde, ou não, com
a extradição, assim entendida a transferência compulsória de um indivíduo de
um Estado para outro. De acordo com o art. 5º, LI, da Constituição Federal,
“nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento
Direito Penal
dos Estados) poderia, ao menos em tese, dar ensejo a processos ardilosos, for-
malmente instaurados com o fim único de eximir da jurisdição internacional
penal os respectivos responsáveis.
108
Como os Estados têm o dever de cooperar na detenção, extradição e puni-
ção dos acusados de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, julgan-
do-os ou entregando-os a órgãos internacionais, a simulação de um processo
obviamente demonstra que a aludida obrigação não foi cumprida a contento,
dando ensejo a que o Tribunal Penal Internacional ordene a entrega dos res-
ponsáveis para novo julgamento, agora sério, e perante o direito internacional.
A Constituição brasileira não é avessa a tribunais internacionais, prevendo, ao
contrário, a submissão do País à jurisdição do Tribunal Penal Internacional
(art. 5º, § 4º).
51.2 Síntese
Outra discussão a ser enfrentada é a da prisão perpétua, prevista no art. 77,
item 1, alínea “b”, do Estatuto, segundo a qual “O Tribunal poderá, observado
o disposto no art. 110, aplicar uma das seguintes penas ao réu considerado cul-
pado por um dos crimes previstos no art. 5º do presente Estatuto: (...) b) pena
de prisão perpétua, quando justificada pela extrema gravidade do crime e pelas
circunstâncias pessoais do condenado.”
Levando-se em conta que a proibição, no Brasil, da pena de prisão perpétua
foi elevada à cláusula pétrea pelo art. 60, § 4º, inciso IV, da Constituição Fede-
ral, a incompatibilidade entre as regras parece ser evidente, ainda mais porque
“Não se admitirão reservas ao Estatuto” (art. 120 do Estatuto de Roma).
Esta matéria é controvertida: por um lado, há a posição de que não se deva
adotar o princípio da prevalência dos tratados internacionais dos direitos hu-
manos sobre as normas internas, sejam elas constitucionais ou infraconstitucio-
nais. Isso porque, tais documentos internacionais têm status de norma constitu-
cional, tendo sido estabelecida, a teor do art. 5º, § 1º, da Constituição Federal,
a sua incorporação automática ao ordenamento jurídico brasileiro.
Direito Penal
Por outro lado, sustenta-se que não há alteração constitucional, uma vez
que a própria Constituição pátria admite a possibilidade de pena de morte em
caso de guerra declarada (art. 5º, XLVII). Considerando que os crimes de com-
109
petência do Tribunal Penal Internacional – genocídio, contra a humanidade,
de guerra e agressão – são característicos dos períodos de guerra ou conflitos
armados, quem pode o mais pode o menos.
O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, tem tradicionalmente deferido
pedidos de extradição em que a pena será a perpétua, entendendo que a limita-
ção constitucional somente diz respeito à esfera da lei penal interna. Podemos
citar o exemplo de Russel Weisse, em que o Supremo Tribunal Federal não
exigiu a comutação da pena de prisão perpétua em pena privativa de liberdade
não superior a trinta anos, conforme previsão do art. 75 do Código Penal (Su-
premo Tribunal Federal, Extradição nº 426).
Embora controvertido, o tema vem sendo admitido pela mais alta Corte
do País, a extensão transnacional da proibição da pena de prisão perpétua não
é aprovada pelo Supremo Tribunal Federal, sob dois principais argumentos: a
falta de previsão legal e a impossibilidade de existir limitação que atinja o Di-
reito internacional decorrente de norma nacional, havendo, por consequência,
coadunação com o disposto no Estatuto de Roma.
A pena de prisão perpétua somente poderá ser fixada e/ou adimplida no es-
trangeiro, em face da vedação constitucional pátria, devendo ser revisada depois
de cumpridos vinte e cinco anos de detenção (art. 110, item 3, do Estatuto).
Abordamos agora a prescrição, pois conforme o art. 29 do Estatuto de Roma
os “crimes sob a jurisdição do Tribunal não prescrevem”. Como a Constituição
Federal brasileira dispõe que são imprescritíveis os crimes de racismo (Lei nº
7.716/1989) e aqueles relativos à ação de grupos armados, civis ou militares, con-
tra a ordem constitucional e o Estado democrático (Lei nº 7.70/1983), tem-se,
novamente, pretenso conflito entre a norma internacional e a norma interna.
A incompatibilidade, no entanto, é apenas aparente. São várias as pers-
pectivas que fundamentam a prescrição. Três grupos, no entanto, merecem
destaque.
O primeiro baseia-se na situação subjetiva do delinquente, invocando sua
falta de identidade pessoal produzida pelo passar do tempo, os padecimentos
por ele sofridos ao longo dos anos ou mesmo a emenda reveladora do não co-
metimento de crimes durante tal período.
Um segundo grupo fundamenta-se sob o prisma do Estado, sustentando
que a usura do tempo dificulta a reconstrução das provas, acrescenta incerteza
aos processos e abre caminho ao erro judicial; além disso, mostrar-se-ia desne-
cessário ou inútil um castigo tão distante da ocorrência da infração.
O terceiro critério apela para o ponto de vista social: seja porque o decurso
Direito Penal
dos anos debilita o alarme coletivo criado pelo malefício, seja porque este deixa
de fazer parte da memória das novas gerações e se desfaz, graças à sombra do
esquecimento, na lembrança da geração que o presenciou.
110
Após a II Guerra Mundial e em face da amplitude das atrocidades nazistas,
denunciaram-se diversos “crimes contra a humanidade”. Foi essa a principal
acusação dos processos de Nuremberg, ao lado dos crimes de guerra e dos cri-
mes contra a paz. A tais crimes ligam-se a exterminação em massa, o genocídio,
a tortura e a prisão arbitrária.
Assim, desde então, o direito penal internacional não conhece mais a pres-
crição. No que se refere às violações internacionais de direitos humanos, a não
prescrição foi afirmada pela Convenção das Nações Unidas de 26 de novem-
bro de 1968, que dispôs justamente sobre “a imprescritibilidade dos crimes de
guerra e dos crimes contra a humanidade”.
Como o texto constitucional brasileiro não estabelece a prescritibilidade
dos crimes como regra, acaba abrindo exceções que permitem a harmonização
com o Estatuto de Roma. É a solução mais adequada para conciliar os preceitos
da própria Constituição Federal – em especial o art. 5º, § 4º – com os da justi-
ça penal internacional, em face da possível impunidade de crimes praticados
contra a humanidade.
Vislumbra-se que a decisão política optou por dar primazia às normas inter-
nacionais diante de eventuais conflitos com a ordem interna, mesmo porque
lastreada, à época, nos arts. 1º, III, e 4º, II, VI e VII, da Constituição Federal.
Aliás, desde o seu preâmbulo, verifica-se que a Constituição Federal insti-
tuiu um “Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos
sociais e individuais (...)”, determinando que “a lei punirá qualquer discrimi-
nação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais” (art. 5º, inciso XLI)
e consagrando um Ministério Público independente e responsável por zelar
pelo regime democrático e pelos interesses sociais e individuais indisponíveis
(art. 127, caput).
Evidente, portanto, a compatibilidade entre o logos de proteção dos direitos
da humanidade da Constituição brasileira e os preceitos do Estatuto de Roma.
Caberá ao intérprete, destarte, buscar a interpretação mais razoável que per-
mita a conciliação do texto constitucional com as normas do Tribunal Penal
Internacional, uma vez que ambos têm a mesma finalidade: a proteção do ser
humano.
Direito Penal
Capítulo 3
Teoria do Crime
1.2 Síntese
A estrutura do fato típico é conduta humana voluntária, resultado natura-
lístico, nexo de causalidade.
O art. 13 do Código Penal traz a definição de causa: “O resultado, de que
depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.”
O art. 15 dispõe: “O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir
na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já
praticados.” Traz o instituto da tentativa abandonada.
112
O art. 16 traz o arrependimento posterior. Está mal colocado, uma vez que
o arrependimento posterior é causa geral de diminuição de pena.
O art. 17 estabelece: “Não se pune a tentativa quando, por ineficácia abso-
luta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-
-se o crime.”
O art. 19 trata da responsabilidade penal subjetiva e o art. 20 inaugura a
teoria do erro.
O art. 22 traz duas causas que excluem a culpabilidade: “Se o fato é cometi-
do sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamen-
te ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.”
No art. 23, há causas legais que excluem a ilicitude, como é o caso da
legítima defesa.
Exercício
42. (Cespe – 2010 – MPE-RO – Promotor de Justiça) A respeito da teoria
do crime adotada pelo Código Penal, assinale a opção correta.
a) A ausência de previsão é requisito da culpa inconsciente, pois, se o
agente consegue prever o delito, trata-se de conduta dolosa e não
culposa.
b) O Código Penal limitou-se a adotar a teoria do assentimento em
relação ao dolo ao dispor que age dolosamente o agente que aceita
o resultado, embora não o tenha visado como fim específico.
c) A conduta do agente que, após iniciar a execução de crime por
iniciativa própria, impede a produção do resultado caracteriza ar-
rependimento posterior e tem a mesma consequência jurídica da
desistência voluntária.
d) Na desistência voluntária, o agente poderá responder pelos atos já
praticados, pelo resultado ocorrido até o momento da desistência
ou pela tentativa do crime inicialmente pretendido.
e) A previsibilidade subjetiva é um dos elementos da culpa e consiste na
possibilidade de ser antevisto o resultado nas circunstâncias específi-
cas em que o agente se encontrava no momento da infração penal.
Exercício
43. (Cespe – 2009) A respeito da infração penal no ordenamento jurídico
brasileiro, assinale a opção correta.
a) Crimes, delitos e contravenções são termos sinônimos.
b) Adotou-se o critério tripartido, existindo diferença entre crime, de-
lito e contravenção.
c) Adotou-se o critério bipartido, segundo o qual as condutas puní-
veis dividem-se em crimes ou contravenções (como sinônimos) e
delitos.
d) O critério distintivo entre crime e contravenção é dado pela natu-
reza da pena privativa de liberdade cominada.
e) A expressão infração penal abrange apenas crimes e delitos.
Exercício
44. (Vunesp – 2009 – TJ-MT – Juiz/Direito Penal/Contravenções Penais)
Assinale a alternativa que aponta contravenção penal recentemente
revogada:
a) Mendicância.
b) Vadiagem.
c) Jogo do bicho.
d) Importunação ofensiva ao pudor.
e) Perturbação da tranquilidade.
4.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
45. (Prova: FGV – 2010 – SEAD-AP – Fiscal da Receita Estadual – Prova
2/Direito Penal/Crime) Analise as proposições a seguir:
I. O exame do direito positivo é a metodologia indicada para promover
a distinção entre crime e contravenção penal posto que não há diferen-
ça ontológica entre ambos.
II. Segundo dispõe o legislador penal, crime é a infração penal a que a
lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer
alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção
é a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão
simples ou multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
III. No direito penal pátrio a expressão crime é tida como gênero, do
qual são espécies as contravenções penais e os delitos.
IV. A diferença entre ilícito civil e ilícito penal é que o primeiro gera a
imposição de uma pena, que pode até chegar ao extremo de privação
da liberdade do agente; já o segundo tem como consequência a obriga-
ção de reparar o dano, primordialmente.
Assinale:
a) se somente as proposições III e IV estiverem corretas.
b) se somente as proposições I e II estiverem corretas.
c) se somente as proposições II e IV estiverem corretas.
Direito Penal
5.2 Síntese
Extraterritorialidade é aplicar a lei brasileira a fatos que ocorreram fora do
Brasil.
O art. 7º do Código Penal dispõe: “Ficam sujeitos à lei brasileira, embora
cometidos no estrangeiro: I – os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presi-
dente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade
de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c)
contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio,
quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II – os crimes: a) que,
por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por bra-
sileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.”
Nota-se que o inciso I traz extraterritorialidade incondicionada, em face
da relevância dos bens jurídicos dispostos e o inciso II traz extraterritorialidade
condicionada.
Já o art. 2º da LCP estabelece: “A lei brasileira só é aplicável à contravenção
praticada no território nacional.”
Quanto ao instituto do erro de proibição, é preciso que se tenha em mente
dois dispositivos: o art. 21 do Código Penal e o art. 8º da LCP.
O erro de proibição se for escusável ou inevitável, isenta de pena, ou seja,
exclui a culpabilidade (art. 21 do Código Penal). Quanto à contravenção, per-
mite o perdão judicial.
Exercício
Direito Penal
6.2 Síntese
O art. 28 da Lei nº 11.343/2006 dispõe: “Quem adquirir, guardar, tiver em
depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será
submetido às seguintes penas: I – advertência sobre os efeitos das drogas; II –
prestação de serviços à comunidade; III – medida educativa de comparecimen-
to a programa ou curso educativo.”
Como preceito secundário tem-se a advertência, prestação de serviços co-
munitários e as medidas educativas.
A partir de uma interpretação que advém do art. 1º da Lei de Introdução
ao Código Penal, não teríamos nem crime e nem contravenção penal. Assim,
surgiram algumas teses, inclusive falando-se em abolitio criminis.
O Poder Judiciário começou a ser provocado, até que a questão chegou ao
Supremo Tribunal Federal e em decisão concluiu-se que não se opera a descri-
minalização do art. 28, mas a sua despenalização.
Direito Penal
7. Objeto do Crime
7.1 Apresentação
7.2 Síntese
Objeto jurídico é o bem ou o interesse tutelado pela lei penal. Basta que se
veja a parte especial do Código Penal e que se observe a nomenclatura, como
crime contra a pessoa, sendo a pessoa o bem jurídico tutelado.
Quanto ao objeto material, este diz respeito à pessoa ou à coisa sobre a qual
recai a conduta criminosa.
Exercício
48. Sobre a teoria geral do delito, é correto afirmar:
a) Na concorrência plúrima, o instituto da cooperação dolosamente
Direito Penal
8. Sujeito Ativo
8.1 Apresentação
8.2 Síntese
Sujeito ativo é aquele que direta ou indiretamente pratica a conduta criminosa.
Em relação à definição de autor, existem duas correntes que tratam do assun-
to. A primeira entende que autor é aquele que pratica o verbo nuclear do tipo.
A segunda, uma teoria nova, entende que autor é também quem pratica o
verbo nuclear, controla finalisticamente a conduta dos demais, praticando ou
não o verbo nuclear do tipo.
A coautoria significa divisão de atos executórios e o partícipe concorre para
o crime sem praticar o verbo nuclear ou sem controlar finalisticamente a ação.
O autor mediato ou indireto traz várias hipóteses, sendo o caso mais óbvio
a utilização daquele que não possui capacidade penal para que este pratique
Direito Penal
o crime.
O sujeito ativo pode ser tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica, po-
rém, somente nos casos dos crimes ambientais.
120
Exercício
49. (Cespe – 2009 – PC-RN – Delegado de Polícia/Direito Penal/Sujeitos
do Crime) Acerca da sujeição ativa e passiva da infração penal, assinale
a opção correta.
a) Doentes mentais, desde que maiores de dezoito anos de idade, têm
capacidade penal ativa.
b) É possível que os mortos figurem como sujeito passivo em deter-
minados crimes, como, por exemplo, no delito de vilipêndio a
cadáver.
c) No estelionato com fraude para recebimento de seguro, em que o
agente se autolesiona no afã de receber prêmio, é possível se con-
cluir que se reúnem, na mesma pessoa, as sujeições ativa e passiva
da infração.
d) No crime de autoaborto, a gestante é, ao mesmo tempo e em razão
da mesma conduta, autora do crime e sujeito passivo.
e) O Estado costuma figurar, constantemente, na sujeição passiva
dos crimes, salvo, porém, quando se tratar de delito perquirido por
iniciativa exclusiva da vítima, em que não há nenhum interesse
estatal, apenas do ofendido.
9.2 Síntese
A pessoa jurídica pode praticar crimes, porém, até os dias atuais, somente
crimes ambientais.
Existe fulcro constitucional acerca do assunto (art. 225, § 3º, da Constitui-
ção Federal) e fulcro legal (Lei nº 9.605/1998).
A teoria da dupla imputação traz que a pessoa jurídica pode ser responsabi-
lizada por crimes ambientais, desde que responsabilize também a pessoa física
Direito Penal
Exercício
50. (Cespe – 2009) Escrivão da Polícia Federal. Julgue o item abaixo, acer-
ca do concurso de pessoa e sujeito ativo e passivo da infração penal.
Com relação à responsabilidade penal da pessoa jurídica, tem-se ado-
tado a teoria da dupla imputação, segundo a qual se responsabiliza não
somente a pessoa jurídica, mas também a pessoa física que agiu em
nome do ente coletivo, ou seja, há a possibilidade de se responsabilizar
simultaneamente a pessoa física e a jurídica.
10.2 Síntese
O Estado é sempre sujeito passivo de um crime, uma vez que tem interesse
em ver respeitada a norma que ele mesmo cria. Assim, o Estado é sujeito pas-
sivo formal.
Quanto ao sujeito passivo material, este é o titular do bem jurídico que foi
ofendido ou exposto a risco com a conduta criminosa.
Os crimes contra a honra são de três ordens: calúnia, difamação e injúria.
As duas primeiras tutelam a honra objetiva, pois tratam do conceito que os ou-
tros têm do sujeito. Já na injúria o que se tutela é a honra subjetiva.
Direito Penal
Assim, pessoa jurídica não pode ser vítima de injúria, uma vez que se trata
de honra subjetiva. Contudo, em relação à calúnia e à difamação é possível; a
pessoa jurídica pode ser caluniada quanto a crimes ambientais.
122
Ainda, o art. 138, § 2º, do Código Penal dispõe: “É punível a calúnia contra
os mortos.” Neste caso, tecnicamente a família do morto é o sujeito passivo e o
morto é objeto material.
Quanto aos maus-tratos a animais, o animal não é a vítima, mas sim objeto
material. Assim, a vítima do crime é a coletividade.
Exercício
51. (FCC – 2011 – TRE-RN – Analista Judiciária) João subtraiu, mediante
destreza, a carteira do bolso de Paulo, contendo R$ 1.000,00 em di-
nheiro. Nesse caso, o sujeito passivo do crime é:
a) o Estado.
b) Paulo.
c) o patrimônio.
d) a paz pública.
e) a coletividade.
11.2 Síntese
Crimes vagos são aqueles em que o sujeito passivo é indeterminado. É um
ente coletivo desprovido de personalidade jurídica.
O sujeito passivo é a sociedade, a família. Exemplo: Porte ilegal de arma de
fogo ou maus-tratos de animais.
Autolesão ocorre quando o sujeito machuca a si mesmo. Em regra, não é
fato típico no Brasil, uma vez que o sujeito não pode ser autor e vítima de si
mesmo.
No entanto, há duas exceções. A primeira está no Código Penal Militar, em
seu art. 184: “Criar ou simular incapacidade física, que inabilite o convocado
Direito Penal
12.2 Síntese
Os crimes podem ser classificados quanto ao resultado naturalístico. Resul-
tado naturalístico é a modificação feita no mundo exterior.
Os crimes podem ser materiais, formais e de mera conduta.
Os materiais são crimes de conduta e resultado naturalístico, em que o tipo
penal aloja tanto a conduta quanto o resultado naturalístico. Exemplo: Homi-
cídio, lesão corporal, roubo, dentre outros.
Direito Penal
Exercício
53. (Fundep – 2010 – TJ-MG – Técnico Judiciário) Quando o resultado
do crime surge ao mesmo tempo em que se desenrola a conduta como
no crime de injúria verbal, é CORRETO defini-lo como:
a) crime de mera conduta.
b) crime impróprio.
c) crime formal.
d) crime material.
13.2 Síntese
Os crimes quanto à conduta podem ser comissivos, omissivos e de con-
duta mista.
Os crimes comissivos são praticados por ação, como é o caso do furto (art.
155 do Código Penal).
Já os omissivos trazem como exemplo o crime de omissão de socorro. Estes
serão vistos mais adiante.
Os crimes podem ter conduta mista: tem uma conduta inicial ativa e final
omissiva. Assim, no começo há ação e omissão ao final.
Direito Penal
Exercício
54. (Oficial Técnico de Inteligência – Área de Direito – Abin – 2010) Em
relação à aplicação da lei penal e aos diversos aspectos do crime, julgue
o item seguinte.
Nos crimes omissivos próprios e impróprios, não há nexo causal, visto
que inexiste resultado naturalístico atribuído ao omissor, que responde
apenas por sua omissão se houver crime previsto no caso concreto.
14.2 Síntese
O crime de dano é aquele que exige a perda do bem jurídico para sua
consumação. É necessária a lesão ao bem jurídico para que se fale em con-
sumação.
Exemplo: Homicídio, lesão corporal, roubo, estupro, dentre outros.
Já os crimes de perigo são aqueles que se consumam com a probabilidade
de lesão ao bem jurídico.
Os crimes de perigo concreto trazem necessidade de que a probabilidade
Direito Penal
Exercício
55. (FCC – 2009 – MPE-AP) Quando o tipo penal exige para a consuma-
ção do delito a produção de um dano efetivo, o crime é:
a) de perigo concreto.
b) formal.
c) de mera conduta.
d) material.
e) de perigo abstrato.
15.2 Síntese
Os crimes unissubsistentes são aqueles praticados por intermédio de um
único ato, não se desdobra em vários atos. Exemplo: Ameaça verbal, injúria
verbal. Ainda, não admitem tentativa.
Os plurissubsistentes são aqueles praticados por vários atos que compõem
uma única conduta. Exemplo: Ameaça por escrito.
Os crimes monossubjetivos podem ser praticados por um sujeito individu-
almente ou por vários em concurso (concurso eventual).
Os plurissubjetivos só podem ser praticados por várias pessoas em concurso,
há pluralidade de sujeitos. São chamados de crimes de concurso necessário.
Os crimes transeuntes são aqueles que não deixam vestígios, como é o caso
Direito Penal
do crime de ameaça.
Já os não transeuntes são aqueles que deixam vestígios, como o homicídio,
a lesão corporal, dentre outros.
127
Exercício
56. (FCC – 2010 – TCE-RO – Procurador) O crime é
a) plurissubsistente quando o comportamento criminoso não pode
ser cindido.
b) próprio quando o tipo indica como autor pessoa especialmente ca-
racterizada, não admitindo a coautoria ou a participação de terceiros.
c) omissivo próprio quando resulta do não fazer e depende de resulta-
do naturalístico para a consumação.
d) formal quando de consumação antecipada, independendo de ocor-
rer ou não o resultado desejado pelo agente.
e) permanente quando a consumação se dá no momento em que a
conduta é praticada.
16.2 Síntese
Os crimes comuns podem ser praticados por qualquer pessoa, não há qua-
lidade especial em relação ao sujeito ativo.
Os crimes próprios só podem ser praticados por algumas pessoas que preen-
cham condições previstas em lei. Exemplo: Crime militar.
O crime próprio puro significa retirar condição do sujeito ativo, chegan-
do-se a uma atipia. É puro porque sem a condição especial o crime deixa de
existir.
Já nos próprios impuros, retirando-se a condição especial irá ocorrer atipia
Direito Penal
Exercício
57. (FCC – 2011 – TJ-PE – Juiz) Nos chamados crimes de mão própria, é
a) incabível o concurso de pessoas.
b) admissível apenas a participação.
c) admissíveis a coautoria e a participação material.
d) incabível a participação moral.
e) admissível apenas a coautoria.
17.2 Síntese
Os crimes habituais são aqueles que exigem uma reiteração de atos que de-
notem estilo ou modo de vida do agente. Exemplo: curandeirismo. Em regra,
os crimes habituais não admitem a tentativa.
Os crimes vagos são aqueles em que o sujeito passivo é indeterminado, em
regra um ente coletivo desprovido de personalidade jurídica.
Quase crime é uma expressão utilizada para o crime impossível. Crime
impossível é uma causa de exclusão da tipicidade por ineficácia absoluta do
Direito Penal
Exercício
58. No item seguinte, é apresentada uma situação hipotética, seguida de
uma assertiva a ser julgada:
Rômulo sequestrou Lúcio, exigindo de sua família o pagamento de R$
100.000,00 como resgate. Nessa situação, o crime de extorsão median-
te sequestro praticado por Rômulo é considerado crime habitual.
18.2 Síntese
O art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal dispõe: “Considera-se cri-
me a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; con-
travenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão
simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.”
Crime é a mera violação da norma penal, sendo este o conceito formal. O
conceito material traz que crime é um comportamento humano que ofende ou
expõe a perigo concreto bens ou interesses tutelados pela norma penal.
O conceito analítico de crime depende da teoria adotada. Para os causalis-
tas, crime é fato típico, ilícito e culpável.
A teoria finalista se reparte, pois existe a teoria finalista tripartida, que traz
Direito Penal
que crime é fato típico, ilícito e culpável. Já a teoria finalista bipartida traz que
crime é somente fato típico e ilícito, sendo a culpabilidade mero pressuposto
para aplicação da pena.
130
Exercício
59. (Funiversa – 2009 – PC-DF – Delegado de Polícia) Segundo a con-
cepção material, crime é tudo aquilo que a sociedade entende que
pode e deve ser proibido, mediante aplicação de sanção penal. Para
a concepção formal, crime é a conduta proibida por lei, sob ameaça
de aplicação de pena, ou seja, o fenômeno é tratado por uma visão
legislativa. No seu conceito analítico, prevalece o entendimento de
que crime é uma conduta típica, antijurídica e culpável. Acerca dos
desdobramentos desta última teoria, assinale a alternativa correta.
a) Pela teoria bipartida, o autor de um fato típico e antijurídico que
tenha sido levado à sua prática por erro escusável de proibição, sem
ter a menor ideia de que o que pratica é ilícito, não é considerado
um criminoso.
b) O finalismo, de Hans Welzel, nem sempre considerou o crime
como fato típico, antijurídico e culpável.
c) Para a teoria causalista, o dolo e a culpa estão situados na culpabili-
dade. Então, logicamente, para quem adota essa teoria, impossível
se torna acolher o conceito bipartido de crime.
d) Da concepção analítica de crime, é possível inferir que o Direito
Penal não estabeleceu distinção entre crime e contravenção penal.
Tanto no crime quanto na contravenção não é cabível a fixação da
multa de maneira isolada.
e) É correto afirmar que a estrutura analítica do crime se liga, neces-
sariamente, à adoção da concepção finalista, causalista ou social da
ação delituosa.
19.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
60. (FCC – 2009 – MPE-SE – Técnico do Ministério Público) Fato típico é
a) a modificação do mundo exterior descrita em norma legal vigente.
b) a descrição constante da norma sobre o dever jurídico de agir.
c) a ação esperada do ser humano em face de uma situação de perigo.
d) o comportamento humano descrito em lei como crime ou contra-
venção.
e) a possibilidade prevista em lei do exercício de uma conduta ilícita.
20.2 Síntese
Conforme já estudado, temos que fato típico é composto por conduta hu-
mana voluntária, resultado naturalístico, nexo causal e tipicidade.
Há outros elementos que compõem o fato típico: Resultado jurídico re-
levante; imputação objetiva da conduta; imputação objetiva do resultado e
imputação subjetiva.
Os três primeiros são a tipicidade material e o último é tipicidade subjetiva.
Só haverá tipicidade se somarmos a tipicidade formal, material e tipicidade
subjetiva.
A regra vale para os crimes dolosos, uma vez que para crimes culposos não
haverá imputação subjetiva, que é o enfrentamento do dolo.
Exercício
Direito Penal
21.2 Síntese
A teoria causalista (causal, causalística, natural, clássica, mecânica) traz
que conduta é comportamento humano e voluntário que modifica o mundo
exterior.
Para os causalistas, o dolo e a culpa estão dentro da culpabilidade.
Ainda, os crimes materiais modificam o mundo exterior, os de mera condu-
ta, por exemplo, em nada modificam.
Tentativa branca não modifica o mundo exterior, mas há conduta.
Nesse momento histórico, o tipo é puramente objetivo e descritivo, pois
qualquer aspecto intelectivo está na culpabilidade. A tipicidade é neutra, é to-
talmente objetiva neste momento.
Temos uma passagem pela teoria neokantista, pois é a teoria dos valores de
Kant que determina essa migração de dolo e culpa para o tipo.
Assim, o tipo passa a contar com elementos subjetivos e valorativos.
A teoria finalista vem de uma obra de um doutrinador alemão chamado
Hans Welzel, que diz que conduta é o comportamento humano voluntário e
consciente, dirigido a uma determinada finalidade.
Desta forma, o dolo e a culpa migram da culpabilidade para o tipo, o que
é mais importante.
Exercício
62. (Funiversa – 2009 – PC-DF – Delegado de Polícia) Acerca da culpabi-
Direito Penal
22.2 Síntese
A teoria jurídico-penal tem como principal expoente o professor Francisco
de Assis Toledo, que conceituava a conduta como toda ação ou omissão, cul-
posa ou dolosa, que ofende ou expõe a perigo bens ou interesses tutelados pela
norma penal.
A teoria social traz que conduta é o comportamento humano socialmente
relevante, voluntário e consciente. Conduta socialmente adequada significa
aquela inserida no âmbito da normalidade das regras de cultura, de cultura de
um povo.
Indaga-se aqui se é possível que se exclua a tipicidade do art. 229 do Có-
digo Penal com base no princípio da adequação social. O Supremo Tribunal
Federal se manifestou no sentido de que não se pode descriminalizar o artigo
por força de tal princípio.
É importante ressaltar que as principais teorias clássicas são finalismo e
causalismo, que trazem posição do dolo e da culpa.
O art. 20 do Código Penal, que trata do erro de tipo essencial, dispõe: “O
erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas per-
Direito Penal
23.2 Síntese
O fato formalmente típico é formado por conduta humana voluntária, re-
sultado naturalístico, vínculo entre conduta e resultado (nexo de causalidade)
e tipicidade.
A teoria constitucionalista do delito trabalha com a ideia de fato material-
mente típico e não mais formalmente.
Trabalha-se com três elementos: Crime é fato materialmente típico; ilícito
e provido de punibilidade abstrata.
Fato materialmente típico é formado por conduta humana voluntária, re-
sultado naturalístico, vínculo entre conduta e resultado (nexo de causalidade)
e tipicidade. Ainda, possui como elementos o resultado jurídico relevante, im-
putação objetiva da conduta, imputação objetiva do resultado e imputação
subjetiva para crimes dolosos.
Tipicidade penal pressupõe que haja tipicidade formal e tipicidade mate-
rial (ofensa efetiva a bem juridicamente tutelado) e, nos crimes dolosos, tipici-
dade subjetiva.
Direito Penal
24.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
65. Assinale a opção correta com relação às teorias do direito penal:
a) De acordo com a tipicidade conglobante, devem-se analisar outros
elementos além daqueles previstos no tipo penal para que o fato
seja considerado típico. Essa abordagem tem por fundamento o
modelo clássico do finalismo, que, se afastando da teoria indiciária,
adota o modelo da teoria dos elementos negativos do tipo.
b) De acordo com a teoria constitucionalista do delito, crime é fato
típico, antijurídico e punível. A culpabilidade, fundamento para a
aplicação da pena, não é requisito do crime.
c) De acordo com a teoria do funcionalismo moderado, o crime é
composto por três requisitos: tipicidade, antijuridicidade e punibi-
lidade, e este último requisito compreende culpabilidade e neces-
sidade concreta da pena.
d) Segundo a teoria finalista, a culpabilidade é puro juízo de repro-
vação do crime, ou seja, nem puramente psicológica, como na
teoria neokantista, nem psicológica e normativa, como na teoria
causalista.
e) Segundo a teoria do funcionalismo moderado, caso um lutador de
boxe mate o adversário no ringue, o fato deverá ser considerado
atípico, uma vez que o agente somente comete fato materialmente
típico se criar riscos proibidos pelo direito; tal posicionamento con-
Direito Penal
25.2 Síntese
Para Jakobs, o direito penal serve para proteger a norma. Ainda, entende
que o direito penal serve para reafirmar a norma, que o Estado pode, inclusive,
tratar o delinquente como inimigo.
A base filosófica de Jakobs está nas teorias contratualistas, as quais veem o
Estado como um pacto social.
O direito penal do cidadão é o do delinquente-cidadão. Traz prerrogativas,
garantias, assistência de advogado.
O delinquente pratica o crime e não quer romper o contrato social, ele
dá garantias de que vai continuar fiel às normas. O delinquente-inimigo não
dá demonstração de que irá permanecer fiel à norma, ele quer romper o
pacto social.
Exercício
rações jurídicas.
d) Para o funcionalismo sistêmico de Jakobs ação, a efeito penal, é
somente o fato inteiramente imputável.
138
26. Direito Penal do Inimigo
26.1 Apresentação
26.2 Síntese
O inimigo vem sendo escolhido pelo governante; é aquele diferente, é
aquele que pensa diferente.
O que se quer hoje se busca o direito penal do fato e não do autor, ou seja,
a pessoa deve ser punida pelo que fez e não por quem é.
Para o imputável, será aplicado um juízo de culpabilidade, já para o inim-
putável, será aplicado juízo de periculosidade e é, por isso, que a medida de
segurança somente possui prazo mínimo, de forma diferente da pena.
O professor Jakobs sustenta que o inimigo é um imputável perigoso, ou
seja, como é perigoso deve ficar em medida de segurança sem prazo máximo.
Nota-se aqui radicalismo acerca da tese.
Exercício
67. (MP/PR) Analise as seguintes assertivas a respeito do Direito Penal do
Inimigo e após assinale a alternativa correta segundo tal linha de pen-
samento:
I – segundo tal linha de pensamento, o Estado deve manter duas espé-
cies de Direito Penal, o primeiro voltado para o cidadão e o segundo
voltado para o inimigo;
II – cidadão é quem, mesmo depois do crime, oferece garantias de que
se conduzirá como pessoa que atua com fidelidade ao Direito. Inimigo
é quem não oferece essa garantia, se afastando de modo permanente
do Direito;
III – o cidadão que praticar um crime será respeitado e contará com to-
das as garantias penais e processuais; o inimigo, por não admitir ingres-
sar no estado de cidadania, não pode contar com as mesmas garantias
penais e processuais do cidadão;
Direito Penal
IV – para o cidadão espera-se que ele exteriorize um fato para que in-
cida a reação estatal; em relação ao inimigo deve ele ser interceptado
prontamente, no estágio prévio, em razão de sua periculosidade;
139
V – as medidas contra o inimigo olham prioritariamente o que ele fez
no passado, sem influência do que ele poderá representar de perigo
no futuro.
a) Apenas as assertivas I, II, III e IV estão corretas;
b) Apenas as assertivas II, III e V estão corretas;
c) Apenas as assertivas I e V estão corretas;
d) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas;
e) Todas as assertivas estão corretas.
27.2 Síntese
O estado democrático de direito diz que ninguém pode ser considerado
culpado antes do trânsito em julgado de um devido processo legal, com todas
as garantias possíveis.
O inimigo é aquele que o governante quer que seja, dependendo do mo-
mento histórico em que vive aquela sociedade.
Na época do comunismo, por exemplo, o inimigo era o comunista.
Outro exemplo a ser dado é a base americana de Guantánamo em Cuba, já
que algumas confissões foram obtidas mediante tortura.
No caso de Jean Charles de Menezes, a polícia foi absolvida, pois havia
cumprido uma lei que autorizava matar em caso de suspeita.
Quanto ao direito no Brasil, a Lei do Abate reflete o direito penal do inimi-
go em nosso país.
O Código Brasileiro da Aeronáutica é uma lei administrativa, ou seja, não
se trata de lei penal.
Ocorre que não cabe pena de morte no Brasil, salvo em caso de guerra de-
clarada e nota-se que a Lei do Abate trata justamente da pena de morte.
Direito Penal
28.2 Síntese
A expressão velocidades do direito penal se deve ao professor Jesus Maria
Silva Sánchez, que escreveu obra de direito penal intitulada “A Expansão do
Direito Penal”.
A primeira velocidade possui como primeira característica a pena de prisão
por excelência. A segunda característica da primeira velocidade é a respeito das
garantias constitucionais.
A segunda velocidade possui como primeira característica a substituição da
pena de prisão por penas alternativas. A segunda é a flexibilização das garantias
constitucionais.
Essa velocidade está ligada à Lei nº 9.099, em especial ao art. 76 que trata
do instituto da transação penal.
A terceira velocidade resgata a pena de prisão por excelência e relativiza as
garantias constitucionais. Deve ser vinculada ao direito penal do inimigo.
Exercício
68. Modernamente, o chamado direito penal do inimigo pode ser entendi-
do como um direito penal de:
a) primeira velocidade
b) garantias
c) segunda velocidade
d) terceira velocidade
e) quarta geração.
Exercício
69. Com relação ao processo no Tribunal Penal Internacional (TPI), assi-
nale a opção correta:
a) Menores de dezoito anos podem ser processados no Tribunal Penal
Internacional.
b) O TPI é regido pelo princípio da complementaridade.
c) O TPI pode ter jurisdição sobre crimes ocorridos em qualquer ter-
ritório.
d) No TPI, podem ser processados crimes ocorridos antes da entrada
em vigor do estatuto desse tribunal.
e) Toda notitia criminis deve ser admitida e julgada pelo TPI.
30. Funcionalismo
30.1 Apresentação
30.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
70. (Cespe – 2007 – TSE – Analista Judiciário – Área Administrativa –
TRE) A respeito das teorias formuladas em torno da tipicidade penal,
assinale a opção correta.
a) A palavra tipo, uma tradução do vocábulo alemão tatbestand, enfa-
tiza a natureza predominantemente aberta da descrição das condu-
tas humanas penalmente relevantes.
b) Para a configuração da tipicidade da conduta, exige-se apenas a
tipicidade formal, sendo desnecessária a presença da tipicidade
material.
c) Atualmente o tipo possui caráter puramente descritivo e indiciário
da ilicitude.
d) A tipicidade conglobante surge quando comprovado, no caso con-
creto, que a conduta praticada pelo agente é antinormativa, ou
seja, contrária à ordem jurídica, bem como quando é ofensiva a
bens jurídicos relevantes para o direito penal.
Exercício
71. (Defensor Público – DPE/PA – 2006 – Unama (Penal, 30)) Conside-
rando a tipicidade como a junção de tipicidade formal, mais tipicidade
conglobante, no caso do agente que atua no estrito cumprimento do
dever legal, é correto afirmar que a sua conduta é:
a) típica, mas não antijurídica.
b) atípica, porque não há tipicidade material.
c) atípica, porque não há antinormatividade.
d) típica e antijurídica.
32.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
72. Com relação ao direito penal, julgue os itens subsecutivos:
Os crimes omissivos próprios são previstos em tipos penais específicos e
dependem da ocorrência de resultado para a sua consumação.
33.2 Síntese
O nexo causal é explicado por três teorias. A primeira é a teoria da equiva-
lência dos antecedentes causais, sendo que causa é todo o antecedente lógico
sem o qual o crime não teria ocorrido como ocorreu.
A teoria da causalidade adequada entende que causa é a condição idônea e
adequada para a produção do resultado.
Os autores clássicos trabalham com essas duas teorias. No entanto, a dou-
trina moderna acaba acrescentando uma terceira teoria, denominada teoria da
imputação objetiva.
A teoria da equivalência dos antecedentes causais é adotada no Brasil, con-
forme dispõe o art. 13, caput, segunda figura do Código Penal.
Direito Penal
Exercício
73. (Cespe – 2007 – AGU – Procurador Federal) Segundo a teoria da cau-
salidade adequada, adotada pelo Código Penal, o resultado, de que
depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado
não teria ocorrido. Certo ou errado?
34.2 Síntese
Em relação à causalidade, como regra, é aplicada a teoria da equivalência
dos antecedentes causais.
O processo hipotético de eliminação traz o seguinte raciocínio: Se pega a
cadeia causal, identifica-se um antecedente lógico e o retira. Assim, se pergun-
ta se o crime teria ocorrido como ocorreu.
Há limitadores em relação à teoria da conditio sine qua non. O primeiro
diz respeito ao art. 13, § 1º, do Código Penal: “A superveniência de causa re-
lativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.”
A imputação objetiva da conduta e do resultado é o segundo limitador.
O terceiro limitador é a imputação subjetiva, ou seja, a análise do dolo e da
culpa. A doutrina moderna acresce outros limitadores.
Exercício
Direito Penal
35. Concausas
35.1 Apresentação
35.2 Síntese
Concausa é uma causa que concorre para o resultado. As concausas podem
ser dependentes ou independentes.
As dependentes são aquelas em que há um desdobramento causal espera-
do, ou seja, o desdobramento é normal, é natural.
Nas concausas independentes, o desdobramento causal é inesperado, não é
o que se espera que aconteça.
As independentes podem ser absolutas ou relativas e ambas podem ser pre-
existentes (antecedentes), concomitantes e supervenientes.
Na questão animus necandi, todas as absolutamente independentes se re-
solvem com tentativa de homicídio (se vier dolo de matar).
Exercício
75. (Esaf – 2009 – Receita Federal – Auditor Fiscal da Receita Federal)
Com relação à aplicação da lei penal, analise o caso abaixo e o enqua-
dre na teoria do crime prevista no Código Penal Brasileiro, assinalando a
assertiva correta. Carlos atira em João com a intenção de matá-lo. Entre-
Direito Penal
36.2 Síntese
Conforme já dito anteriormente, o art. 13, § 1º, do Código Penal dispõe:
“A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação
quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, impu-
tam-se a quem os praticou.”
As causas absolutamente independentes são aquelas que não se originam
da conduta do agente. As relativamente independentes se originam da conduta
do agente.
Relativamente independente: É muito utilizado o exemplo que trata da
hemofilia. “A” sabe que “B” é hemofílico e o agride com o objetivo de matá-lo.
Temos as concausas relativamente independentes supervenientes que, por
si só produzam resultado, bem como as que não produzem.
Por si só, produzir o resultado significa desdobramento anormal do nexo
causal, ou seja, há rompimento anormal do nexo causal.
O § 1º do art. 13 do Código Penal traz em seu bojo a teoria da causalidade
adequada por exceção, que limita a regra da conditio sine qua non.
A infecção hospitalar é considerada como algo que está dentro de um des-
dobramento esperado.
Exercício
76. (Cespe, 2008 – PGE Ceará) Denis desferiu cinco facadas em Henri-
Direito Penal
37.2 Síntese
A teoria da imputação objetiva tem raízes da década 1930.
Roxin teve suas ideias desenvolvidas por Jakobs, havendo até mesmo certa
proximidade quando ambos falam do risco.
Há algumas vertentes. A primeira é a diminuição do risco. A segunda é a
criação de um risco juridicamente relevante.
A terceira é incremento do risco e, por fim, temos a esfera de proteção da
norma, que é o que Roxin chama de alcance do tipo.
Para Jakobs, os requisitos são: risco permitido; princípio da confiança; proi-
bição de regresso; e a competência ou capacidade da vítima.
A ideia de imputação objetiva nasce com a doutrina alemã. Até então o
regresso ao infinito era limitado pela imputação subjetiva (com dolo e culpa).
Direito Penal
38.2 Síntese
Não há unanimidade acerca das exigências dos requisitos da imputação
objetiva.
Em primeiro lugar, é preciso lembrar-se do risco, pois há necessidade
de criação ou incremento de um risco que seja proibido e juridicamente
relevante.
Risco proibido: A pessoa que fabrica a arma está criando risco, pois as pes-
soas estão se matando com arma de fogo.
Ocorre que, no caso mencionado acima não se trata de risco proibido, é
um risco permitido.
O princípio da confiança consiste em uma expectativa social de que os
demais se comportarão como se espera que se comportem.
O resultado deve se situar no âmbito de proteção da norma.
Exercício
Direito Penal
39.2 Síntese
O quarto degrau no estudo do fato típico é justamente a tipicidade. Crime
do ponto de vista analítico é fato típico, ilícito e culpável.
A teoria da tipicidade será estudada a partir de agora. O primeiro ponto a ser
estudado é a evolução do tipo, a qual possui seis fases.
A primeira fase é denominada tipicidade neutra. O tipo penal está desprovi-
do de qualquer aspecto valorativo, trata-se de um tipo objetivo.
A segunda fase traz o neokantismo, que traz a tipicidade como indício da
ilicitude ou antijuridicidade. Temos aqui a expressão ratio cognoscendi, a tipici-
dade é a razão de conhecer da ilicitude.
A terceira fase traz que a tipicidade não possui autonomia: faz parte da
Direito Penal
Exercício
79. (Cespe – 2009 – DPE-AL – Defensor Público) Segundo a teoria dos
elementos negativos do tipo, as causas de exclusão de culpabilidade de-
vem ser agregadas ao tipo como requisitos negativos deste, resultando
no conceito denominado pela doutrina de tipo total de injusto. Certo
ou errado?
40.2 Síntese
Um segundo ponto a ser abordado em relação à teoria da tipicidade diz
respeito à adequação típica, ou seja, temos que saber se o fato irá se encaixar
perfeitamente a norma.
Pode-se falar em adequação típica por subordinação direta (imediata) ou
por subordinação indireta (mediata).
A adequação típica por subordinação direta traz um fato que se encaixa
perfeitamente à lei, de forma direta. É o que acontece muito com a conduta
do autor. Exemplo: o art. 121 do Código Penal traz “matar alguém”. Se tiver-
mos o autor e este matou alguém, sua conduta se encaixa ao que está escrito
na lei.
Se a conduta não se encaixa perfeitamente, é preciso que se efetue adequa-
Direito Penal
41.2 Síntese
O terceiro ponto diz respeito às funções do tipo. Em primeiro lugar, é pre-
ciso que se registre a função garantidora do tipo, que decorre do art. 5º, XXXIX,
da Constituição Federal/1988. É uma garantia às pessoas saberem antecipada-
mente o que é e o que não é crime.
A segunda é a função fundamentadora, pois a tipicidade é a ratio cognos-
cendi da ilicitude, indicia a ilicitude, fundamentando-a.
A terceira função é a função selecionadora de condutas e aqui entra a polí-
tica criminal. O Poder Legislativo está observando a sociedade de fora e selecio-
na algumas condutas que entende ser relevantes e as transforma em condutas
penalmente infracionais.
Um quarto ponto a ser estudado diz respeito aos elementos do tipo. Os
Direito Penal
Exercício
81. O art. 50, da Lei nº 7.492/1986 tem a seguinte redação: “Apropriar-se,
quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta Lei, de dinheiro, tí-
tulo, valor ou qualquer bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em
proveito próprio ou alheio.” A parte final: “... ou desviá-lo em proveito
próprio ou alheio” é:
a) Culpa;
b) Preterdolo;
c) Dolo;
d) Elemento subjetivo;
e) Elemento subjetivo do tipo.
42.2 Síntese
Outro ponto a ser abordado na teoria da tipicidade são as espécies de tipos.
A primeira espécie traz os tipos fundamentais e derivados. Os fundamentais
são aqueles que descrevem os crimes na sua forma mais simples. Já os derivados
são aqueles que se originam dos tipos fundamentais.
Existem ainda os tipos fechados o os tipos abertos. Os fechados são aqueles
que possuem todos os seus elementos, não deixam a complementação nem
para lei e nem para o juiz, uma vez que está completo. Exemplo: Homicídio.
Os tipos abertos são aqueles que estão incompletos, estão “abertos à inter-
Direito Penal
Exercício
82. (FCC – 2010 – TRT – 8ª Região (PA e AP) – Analista Judiciário) O
crime de receptação descrito no art. 180, caput, do Código Penal (ad-
quirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou
alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro
de boa-fé, a adquira, receba ou oculte), no que concerne aos elementos
do fato típico, é um
a) tipo penal normal.
b) tipo penal anormal, face à existência de elemento subjetivo.
c) crime omissivo.
d) crime sem resultado.
e) exemplo de tipicidade indireta.
Exercício
83. (Cespe – 2010 – TRT – 1ª Região/RJ) Com referência ao dolo e à cul-
pa, assinale a opção correta.
a) Em relação ao dolo, o Código Penal brasileiro adotou a teoria da re-
presentação, segundo a qual a conduta dolosa é o comportamento
de quem tem consciência do fato e de seu significado, e, ao mesmo
tempo, a vontade de realizá-lo.
b) A teoria naturalista ou causal da conduta adotava a espécie de dolo
denominada natural, que, em vez de constituir elemento da con-
duta, era considerado requisito da culpabilidade, com três elemen-
tos: consciência, vontade e consciência da ilicitude (dolus malus).
c) Considere a seguinte situação hipotética. Um jovem desferiu, com
intenção homicida, golpes de faca em seu vizinho, que caiu de-
sacordado. Acreditando ter atingido seu objetivo, enterrou o que
supunha ser o cadáver no meio da mata. A perícia constatou, pos-
teriormente, que o homem falecera em razão de asfixia decorrente
da ausência de ar no local em que foi enterrado. Nessa situação,
ocorreu o que a doutrina denomina de aberratio causae, devendo o
agente responder pelo delito de homicídio simples consumado, por
ter agido com dolo geral.
d) Considere a seguinte situação hipotética. Paulo, chefe de família,
percebeu que alguém entrou pelos fundos, à noite, em sua residên-
Direito Penal
44.2 Síntese
Há três teorias que procuram explicar o dolo. A primeira é chamada teoria
da representação, a qual diz que para a configuração do dolo basta a mera
previsão do resultado.
O problema desta teoria é que dolo não é somente elemento intelectivo,
uma vez que existe também a vontade.
A segunda teoria é a teoria da vontade, que diz que dolo significa previsão
do resultado juntamente com vontade de produzi-lo.
A terceira é denominada teoria do consentimento (teoria do assentimento
ou teoria da anuência). Tal teoria diz que também haverá dolo quando o agente
prevê e aceita o resultado, assumindo o risco. Nota-se que esta teoria comple-
menta a teoria da vontade.
No Brasil, adotamos a teoria da vontade complementada pela teoria do
consentimento.
O art. 18, I, do Código Penal dispõe: “Diz-se o crime: doloso, quando o
agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.”
Exercício
Direito Penal
45.2 Síntese
No dolo direto, a vontade do agente se dirige na mesma direção, em um
só sentido. O fim é diretamente desejado pelo agente (dolo direto de primeiro
grau) ou o resultado é obtido como consequência necessária à produção do fim
(dolo de consequências necessárias ou dolo direto de segundo grau).
O dolo indireto, que é aquele em que a vontade do agente não se dirige em
um só sentido, é gênero do qual são espécies o dolo alternativo e o dolo eventual.
No dolo alternativo, o agente, com igual intensidade, quer um ou outro
resultado.
No dolo eventual, o agente não quer o resultado, mas o prevê e o aceita
como possível, assumindo o risco que ocorra.
Vários tipos penais exigem que o dolo seja direto, assunto que será estudado
mais adiante.
Exercício
85. Geraldo pratica a conduta X. Sem desejar, porém, assumindo o risco,
tendo mentalmente antevisto o resultado, danifica o patrimônio de
Ciro. A conduta de Geraldo, no aspecto subjetivo, identifica:
a) dolo direto.
b) culpa consciente.
Direito Penal
c) culpa inconsciente.
d) dolo eventual.
e) preterdolo.
158
46. Compatibilidade dos Tipos com o Dolo
Eventual
46.1 Apresentação
46.2 Síntese
O § 1º do art. 138 do Código Penal dispõe: “Caluniar alguém, imputando-
-lhe falsamente fato definido como crime: § 1º Na mesma pena incorre quem,
sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.”
Nota-se que não é possível compatibilizar a certeza exigida pelo tipo penal
com o dolo eventual.
O art. 180, caput, do Código Penal traz a receptação simples, havendo cin-
co verbos, como o verbo “adquirir”. O dispositivo traz exigência de certeza,
uma vez que traz em seu bojo: “Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou
influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.”
Assim, é possível observar que sempre que o legislador exigir certeza em
relação a elementares ou a circunstâncias não cabe dolo eventual.
Exercício
86. (FCC – Procurador – TCE – MG – 2007) No dolo eventual:
a) o agente, conscientemente, admite e aceita o risco de produzir o
resultado.
b) a vontade do agente visa a um ou a outro resultado.
c) o agente não prevê o resultado, embora este seja previsível.
d) o agente quer determinado resultado e tem a intenção de provocá-lo.
e) o agente prevê o resultado, mas espera que este não aconteça.
Exercício
87. Quando o agente não quer diretamente a realização do tipo, mas a
aceita como possível, ou até provável, assumindo o risco da produção
do resultado, há:
a) preterdolo.
b) dolo direto de segundo grau.
c) dolo imediato.
d) dolo mediato.
e) dolo eventual.
48.2 Síntese
Direito Penal
O art. 18, II, do Código Penal traz que: “Diz-se o crime: II – culposo,
quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
160
imperícia.” Não há definição da culpa, mas sim uma análise do crime cul-
poso pelos modos reveladores da culpa.
O princípio da excepcionalidade do crime culposo está no parágrafo único
do art. 18 do Código Penal. Com a adoção do finalismo no Brasil, temos como
conduta o comportamento humano, voluntário, consciente e dirigido a uma
determinada finalidade.
Assim, o dolo é a regra, não precisando estar descrita. Note-se que o crime
culposo, é, portanto, excepcional, já que o dolo é a regra.
Se nada for dito sobre culpa, o crime só será doloso, uma vez que a culpa
deve estar prevista expressamente em lei. Exemplo: art. 121, § 3º, do Código
Penal.
Normalmente, o crime é doloso e a conduta culposa vem como uma opção
dentro do tipo.
Contudo, há exceção, como a receptação culposa, que traz um tipo já fe-
chado, já está completo.
Exercício
88. (Cespe – 2009) João atropelou Pedro. O pai de João, que estava no
banco do carona, ao seu lado, no intuito de eximi-lo da responsabili-
dade criminal e civil, alterou a posição da vítima e do carro antes de a
perícia chegar ao local. Com base nessa situação hipotética, julgue os
itens seguintes. Caso assumisse a autoria do atropelamento, o pai de
João cometeria denunciação caluniosa, crime de ação penal pública
condicionada a representação, por dar causa à instauração de investi-
gação policial sabendo-se inocente.
Exercício
89. (FCC – 2009) Para a configuração do crime culposo, além da tipicida-
de torna-se necessária a prática de conduta com:
a) inobservância do dever de cuidado que causa um resultado cujo
risco foi assumido pelo agente;
b) observância do dever de cuidado que causa um resultado desejado,
mas previsível;
c) inobservância do dever de cuidado que causa um resultado deseja-
do, mas previsível;
d) inobservância do dever de cuidado que causa um resultado não
desejado e imprevisível;
e) observância do dever de cuidado e vontade consciente.
Exercício
51.2 Síntese
O quinto elemento do crime culposo é a previsibilidade objetiva do resulta-
do. Será aferido a partir do grau de atenção do chamado homo medius, ou seja,
do homem médio, que é o homem comum.
Será feita substituição do réu no processo pelo homem médio, para que
seja verificada a previsibilidade.
Deve-se ressaltar que o elemento traz a previsibilidade objetiva do resulta-
do. Isso porque, a previsibilidade subjetiva do resultado se dá de forma diversa.
A culpabilidade hoje traz como elementos a imputabilidade, potencial
consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa.
O terceiro elemento indaga se o sujeito, naquela circunstância, poderia ter
se comportado de outra maneira, ou seja, traz a previsibilidade subjetiva.
Assim, a previsibilidade objetiva não pode ser confundida com a previsibi-
lidade subjetiva.
Exercício
91. (Cespe – 2009) Julgue os itens seguintes, acerca do fato típico e dos
seus elementos:
São elementos do fato típico culposo: conduta, resultado involuntário,
nexo causal, tipicidade, ausência de previsão, quebra do dever de cui-
dado objetivo por meio da imprudência, negligência ou imperícia e
previsibilidade subjetiva.
Exercício
92. (Cespe – 2009 – TRF 2ª Região) Acerca de culpa, culpabilidade e
ilicitude, julgue os seguintes itens.
I. Para a teoria diferenciadora alemã, a qual chegou a ser prevista no
Código Penal de 1969, que não chegou a entrar em vigor, há neces-
sidade de ponderação entre os bens e deveres em conflito e somente
o bem reputado de menor valor pode ser licitamente sacrificado para
proteção do de maior valor.
II. O Código Penal brasileiro não adotou a teoria diferenciadora, toda-
via, em relação ao agente que tinha o dever legal de enfrentar o perigo,
poderá haver a aplicação do estado de necessidade justificante, se o
bem que sacrificou era de menor valor do que o protegido.
III. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude
do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, não constitui causa de
diminuição da reprimenda, podendo ser valorado como circunstância
judicial, quando da aplicação da pena, na primeira fase da dosimetria.
IV. Nos crimes culposos, o tipo penal é aberto, o que decorre da im-
possibilidade do legislador de antever todas as formas de realização
culposa; assim, o legislador prevê apenas genericamente a ocorrência
da culpa, sem defini-la, e, no caso concreto, o aplicador deve comparar
o comportamento do sujeito ativo com o que uma pessoa de prudência
normal teria, na mesma situação.
Direito Penal
53.2 Síntese
Os tipos culposos, em regra, são abertos. Todavia, existe exceção, como a
receptação culposa (art. 180, § 3º, do Código Penal).
A primeira espécie de culpa é a inconsciente, ou seja, a culpa sem previsão
é aquela em que o agente não prevê o resultado previsível.
A culpa consciente é a culpa com previsão, ou seja, o sujeito, depois de
prever o resultado, decide mesmo assim praticar a conduta, pois acredita since-
ramente que o resultado não ocorrerá no caso concreto.
A terceira espécie é a culpa própria, aquela em que o sujeito não quer o
resultado e não assume o risco de produzi-lo.
Por fim, a culpa imprópria, é aquela que decorre do erro evitável, inescu-
sável, indesculpável. Está prevista no art. 20, § 1º, 2ª figura, do Código Penal.
No Brasil, não há diferença em abstrato em relação à culpa com ou sem
previsão, ou seja, a pena é a mesma.
Exercício
93. (FCC – 2010) Considere as assertivas abaixo:
I. Há dolo eventual quando o agente, embora prevendo o resultado,
não quer que ele ocorra nem assume o risco de produzi-lo.
II. Há culpa inconsciente quando, embora previsível o resultado, o
agente não o prevê por descuido, desatenção ou desinteresse.
III. No crime preterdoloso, a conduta inicial é dolosa, mas o resultado
dela advindo é culposo.
Direito Penal
54.2 Síntese
Temos a culpa sem previsão, também chamada de culpa inconsciente (cul-
pa ex ignorantia). Temos também a culpa com previsão, que é a culpa cons-
ciente (culpa ex lascivia).
A culpa imprópria é aquela que decorre do erro inescusável, daquele erro
evitável.
O art. 20, § 1º, do Código Penal traz a culpa imprópria: “É isento de pena
quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando
o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.”
Exemplo: dois inimigos se encontram na rua e um deles coloca a mão no
bolso. Assim, o outro saca a arma, atira e mata. Ocorre que, o primeiro só colo-
cou a mão no bolso porque seu celular estava tocando.
A descriminante putativa traz uma situação imaginária, que só existe na
cabeça do réu, como no exemplo acima.
A segunda parte do dispositivo traz que não há isenção de pena se o erro
deriva de culpa e o fato é punido como crime culposo.
Exemplo: é madrugada, o pai se levanta ao ouvir um barulho, acreditando ter
um assaltante dentro de sua casa. Assim, dispara sem cautela, e mata o filho ado-
lescente. Se este pai foi estabanado, responde por culpa se há fato culposo na lei.
Outro exemplo: é madrugada, o pai se levanta ao ouvir um barulho, acredi-
Direito Penal
tando ter um assaltante dentro de sua casa. Assim, dispara sem cautela, porém,
percebe que é seu filho e o tiro atinge de raspão. Não há tentativa em crime
culposo, salvo em relação à culpa imprópria, uma vez que temos dolo.
167
Exercício
94. (FAE – 2008) A culpa que decorre de erro culposo sobre a legitimidade
da ação realizada denomina-se:
a) Culpa própria,
b) Culpa imprópria,
c) Culpa inconsciente,
d) Culpa consciente.
55.2 Síntese
As causas de exclusão da culpa são várias.
Se imaginarmos a situação, indo da mais grave para menos grave, temos
primeiramente o dolo direto, seguido do dolo eventual.
Na sequência, temos a culpa consciente e, em seguida, a culpa incons-
ciente, aquela em que o agente não prevê o resultado, embora devesse tê-lo
previsto.
Finalmente, chegamos ao infelicitas facti.
Até a culpa inconsciente, inclusive, pode-se punir o agente. A partir da
culpa inconsciente, até o infelicitas facti, deve-se absolver o réu por ausência
de culpa.
A partir do finalismo, a culpa está dentro do tipo, ou seja, se não há culpa,
não há tipo. Assim, exclusão de culpa torna o fato atípico.
A primeira causa de exclusão da culpa é o infelicitas facti, que é o termo
para caso fortuito ou força maior.
O segundo caso diz respeito ao princípio da confiança, trazendo uma ex-
pectativa social, esperando determinado comportamento das pessoas.
O terceiro caso se dá através erro profissional, o qual não deve ser confun-
Direito Penal
dido com a culpa profissional, que é a imperícia. O erro profissional vem para
trazer a falibilidade das regras da ciência.
Assim, o erro é da medicina e não do sujeito.
168
Exercício
95. (FCC – 2006) Os crimes culposos:
a) Admitem tentativa,
b) Não dispensam a previsibilidade do resultado pelo agente,
c) Não admitem coautoria,
d) Independem de expressa previsão legal,
e) Não admitem a substituição da pena privativa de liberdade por res-
tritiva de direitos.
56.2 Síntese
Para que haja dolo eventual, há necessidade de descaso em relação ao bem
jurídico protegido.
Na culpa consciente, o sujeito acredita sinceramente que nada acontecerá,
confia em suas habilidades.
O art. 302, parágrafo único, V, do Código de Trânsito Brasileiro, trazia da
condição de embriaguez ou drogadição como causa de aumento de pena quan-
do o sujeito matasse alguém.
A Lei nº 11.705 (Lei Seca) revogou o inciso V, que era a única circunstân-
cia que denotava culpa.
Assim, quem ingere bebida alcoólica e mata alguém, pois resolveu dirigir,
podemos falar em dolo eventual, por exemplo.
Outra tese seria que o crime de dano absorve o crime de perigo, ou seja,
o art. 302 absorveria o art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro, de forma a
amenizar a situação de quem se embriaga e dirige.
Exercício
Direito Penal
57.2 Síntese
A compensação de culpas, em tese, é cabível no direito brasileiro. Contudo,
no Direito Penal, a situação não existe.
Não se pode deixar de punir o agente em face de eventual contribuição da
vítima. O que pode ocorrer é somente uma diminuição da pena.
Quando foi trabalhada a fixação da pena, foram estudadas as três fases.
Aqui, nos interessa a primeira fase, uma vez que há oito circunstâncias judiciais
e uma delas é justamente o comportamento da vítima.
Assim, se no caso concreto a vítima contribuiu com o evento, a pena pode
ser atenuada.
Já a concorrência de culpas cabe no Direito Penal. Exemplo: Instituto do
concurso de pessoas, que pode se dar por meio da coautoria ou da participação,
tanto moral (induzimento e instigação), quanto material (auxílio).
Exercício
97. (MPE-MG – 2010) Assinale a alternativa incorreta:
a) O direito penal não admite a compensação de culpas,
b) No erro de tipo essencial, o sujeito não age dolosamente,
Direito Penal
58.2 Síntese
O art. 19 do Código Penal traz: “Pelo resultado que agrava especialmente
a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.”
O dispositivo surgiu em 1984 e é importante porque consagra o princípio da
responsabilidade penal subjetiva, o qual diz que não basta que o agente pratique o
fato; para que tal possa ser imputado, deve haver demonstração de dolo ou culpa.
A regra no Direito Penal é que não deve haver responsabilidade objetiva,
contudo há duas exceções.
A teoria da actio libera in causa diz que não vamos considerar o momento
da prática do crime, mas o momento da ingestão da substância.
A segunda exceção está no crime de rixa, uma vez que todos os que se
envolveram vão responder pela rixa qualificada se alguém restar com lesão cor-
poral de natureza grave.
A primeira hipótese de crime qualificado pelo resultado se dá quando há
dolo na antecedente e dolo no consequente. Exemplo: art. 129, § 2º, IV, do
Código Penal.
O segundo se dá quando há culpa no antecedente e culpa no consequente.
Exemplo: art. 258 do Código Penal.
O terceiro caso traz culpa no antecedente e dolo no consequente. Exem-
plo: lesão corporal no trânsito, nos termos do art. 303, parágrafo único, do Có-
digo de Trânsito Brasileiro.
A quarta hipótese traz dolo no antecedente e culpa no consequente. Aqui,
temos o crime preterdoloso.
Exercício
98. O crime previsto no art. 129, § 3º, do Código Penal − lesão corporal
seguida de morte − preterdoloso, por excelência:
Direito Penal
59.2 Síntese
O crime preterdoloso (ou preterintencional) é uma das hipóteses de crimes
qualificados pelo resultado, ocorrendo quando há dolo no fato antecedente e
culpa no fato consequente.
Exemplo: art. 129, § 3º, do Código Penal, que traz a lesão corporal seguida
de morte. O sujeito agride uma pessoa embriagada, que cai, bate a cabeça e
morre. Há dolo na lesão e culpa na morte.
Outro exemplo seria o inciso V do § 2º do art. 129 do Código Penal.
A Lei de Tortura (9.455/1998) traz em um de seus dispositivos dolo na tor-
tura e culpa na morte da vítima.
Ressalte-se que latrocínio (art. 157, § 3º, segunda figura, do Código Penal)
traz o roubo seguido da morte da vítima. Não importa se a morte foi dolosa ou
culposa, de qualquer forma ocorre o latrocínio.
Assim, o latrocínio será sempre crime pode ser crime preterdoloso se a mor-
te se der a título de culpa.
Exercício
Direito Penal
60.2 Síntese
O erro que incide sobre o elemento do tipo pode ser essencial ou acidental.
Se incidir sobre elemento constitutivo do tipo, temos a possibilidade de ex-
clusão do próprio crime. Se incidir sobre elemento acidental, não se exclui nada.
Até a reforma penal de 1984, tínhamos o erro de fato e o erro de direito.
Após a reforma, o erro que era chamado de fato passou a ser chamado de erro
de tipo e o erro de direito passou a ser chamado erro de proibição.
Caso 1: Sujeito está entrando no carro de um amigo e vê que no chão existe
saco com pó branco dentro, indagando o amigo. O amigo diz que não é nada.
Porém, o sujeito é flagrado pela polícia.
Caso 2: Sujeito vai jantar, pendura seu casaco e na saída pega o de outro,
sem querer.
Caso 3: Caçador está procurando uma presa e vê a moita se mexendo, acha
que é animal, então, atira e acerta na verdade uma pessoa que estava agachada.
Em todas as situações, há realidade distorcida por parte do agente.
Exercício
100. (Delegado de Polícia/SC – 2008) Sobre o erro de tipo essencial, que recai
sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime, é correto afirmar que:
a) exclui o dolo somente quando for evitável.
b) permite a redução da pena, se for inevitável.
c) sempre exclui o dolo, seja evitável, seja inevitável, mas permite a
Direito Penal
61.2 Síntese
No erro de tipo, há distorção da realidade. O erro de tipo essencial pode ser
escusável (inevitável) ou inescusável (evitável).
Quando o erro é escusável, mesmo que o sujeito tenha sido atento, o erro
teria acontecido.
Assim, o Direito desculpa o agente, uma vez que exclui dolo e culpa.
Se o erro é inescusável, bastaria que o agente tivesse empregado o grau de
atenção do homem médio para que o erro não fosse cometido.
Nesse caso, há exclusão somente do dolo, permitindo a punição do agente
a título de culpa, se houver previsão legal.
Exercício
101. (Cespe – 2010 – Abin) Julgue o item a seguir, referente a institutos de
direito penal. Incorrendo o agente em erro de tipo essencial escusável
ou inescusável, excluir-se-á o dolo, mas permanecerá a culpa caso
haja previsão culposa para o delito. Certo ou errado?
62.2 Síntese
Direito Penal
O art. 20, § 2º, do Código Penal traz: “Responde pelo crime o terceiro que
determina o erro.”
174
Exemplo: “A” empresta arma a “B” e diz que este deve atirar no “C”, dizen-
do que a arma está descarregada ou está com balas de festim. Assim, o “A” faz
o “B” incorrer em erro, ou seja, o “A” determina o erro na cabeça de “B”. “B”,
acreditando em “A”, dispara e mata “C”. Contudo, desde a origem, “A” estava
com animus necandi, ou seja, já tinha a intenção de matar “C”.
Outro exemplo é o famoso caso do ator Brandon Lee, que foi morto en-
quanto atuava em um filme. Hipoteticamente, se houvesse um diretor enciu-
mado se vale de momento de distração da pessoa responsável por guardar as
armas e troca as balas de festim por balas verdadeiras. Assim, o outro ator, sem
saber da troca de munição, atira e mata.
A primeira análise que deve ser feita é se o erro é escusável. Se for, exclui-se
dolo e culpa e, consequentemente o próprio crime. Se for inescusável, exclui-
-se somente o dolo e o agente responde a título de culpa se houver tal modali-
dade no tipo.
O terceiro será autor mediato de crime doloso, uma vez que este é o autor
indireto.
Exercício
102. (Cespe – 2009) Acerca dos institutos relativos à parte especial do Có-
digo Penal, julgue os itens de 78 a 84. Suponha que Antônio, imputá-
vel, dono de mercearia, com a inequívoca intenção de matar Juarez,
tenha induzido a erro Carla, imputável e empregada doméstica de
Juarez, vendendo a ela arsênico em vez de açúcar, que ela ministrou
na alimentação de Juarez, provocando a morte deste. Nessa situação,
Antônio deve ser responsável pelo crime como autor mediato, e a
empregada doméstica, Carla, deve ter excluída a ilicitude de sua con-
duta, incorrendo em erro de tipo essencial.
63.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
Direito Penal
64.2 Síntese
Há três hipóteses de descriminantes putativas. Podem incidir sobre a exis-
tência de uma causa de exclusão de ilicitude, sobre os limites de uma causa de
exclusão de ilicitude ou sobre uma circunstância de fato.
A culpa imprópria decorre da última descriminante acima mencionada.
Em relação à primeira hipótese, bem como à segunda, tanto para a teoria
extremada quanto para a teoria limitada, temos o erro de proibição indireto.
Seu “apelido” é erro de permissão, podendo cair dessa forma na prova.
Direito Penal
Não há discussão acerca das duas primeiras hipóteses. De acordo com o art.
21, se o erro for escusável, ou seja, inevitável, isenta de pena o sujeito. Mas de
for evitável, só diminui a pena.
177
É mesma resposta para uma ou para a outra teoria. Contudo, a terceira
hipótese traz certa dificuldade. Se trabalharmos com a teoria extremada, será
tratada como erro de proibição, excluindo-se a culpabilidade.
Se trabalharmos com a teoria limitada, teremos o erro de tipo permissivo.
Se for escusável exclui o tipo. A dúvida se dá por causa da redação do art. 20,
§ 1º do Código Penal. Isso porque, de acordo com o dispositivo: “É isento de
pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situa-
ção de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena
quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.”
Causa de isenção de pena está vinculada à culpabilidade e, por isso, pode
causar confusão. Assim, há quem defenda a limitada e há quem defenda a
extremada.
Se o candidato ouvir falar a respeito da teoria unitária do erro, significa que
estamos adotando também a teoria extremada, uma vez que é a que trabalha
com o erro de proibição.
Exercício
104. (Cespe – 2011) Julgue o item que se segue à luz dos dispositivos do
Código Penal. O erro que recai sobre elemento constitutivo do tipo
permissivo também é conhecido como descriminante putativa, em-
bora nem todo erro relacionado a uma descriminante seja erro sobre
elemento constitutivo do tipo permissivo.
65.2 Síntese
O erro de tipo acidental não exclui o dolo e quando se trata de erro de tipo
essencial não há dolo.
Direito Penal
Exercício
105. (Cespe – 2011) Com relação aos princípios de direito penal, a apli-
cação da lei penal e ao crime, julgue o item subsecutivo. Considere
que, no âmbito penal, um agente, julgando ter obtido o resultado
intentado, pratique uma segunda ação, com diverso propósito, e, só
a partir desta ação, produza-se, efetivamente, o resultado pretendido.
Nessa situação, configura-se o dolo geral, também denominado aber-
ratio causae.
66.2 Síntese
Direito Penal
Erro de tipo acidental é o gênero para as espécies erro sobre o objeto, erro
sobre o nexo causal, erro sobre a pessoa, erro de pontaria e quando há resultado
diverso do pretendido.
179
Erro sobre a pessoa, de acordo com o art. 20, § 3º, do Código Penal, traz o
agente que confunde sua vítima com outra. Note-se que não há erro de ponta-
ria, mas sim em relação à pessoa.
Deve ser levado em consideração o dolo do agente, bem como as condições
e qualidades pessoais da pessoa visada, não da pessoa atingida.
Exemplo: Sujeito quer matar seu irmão. Vê uma pessoa de costas e, acredi-
tando ser seu irmão atira e mata. Devem ser levadas em consideração as condi-
ções da pessoa visada, ou seja, o sujeito responde por homicídio com incidência
de agravante por matar irmão.
É preciso ressaltar que, em caso de homicídio, o perdão judicial previsto
no art. 121, § 5º, do Código Penal só é cabível quando o crime for culposo.
Assim, quando se tratar de crime doloso, não poderá ser aplicado o perdão
judicial.
Exercício
106. O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado:
a) Isenta o réu de pena;
b) Não isenta o réu de pena, no entanto, as qualidades e condições
que contarão para qualificar ou agravar o delito serão as da vítima
que se pretendia atingir e não as da efetivamente atingida;
c) Não isenta o réu de pena, e o erro é reconhecido quando o re-
sultado do crime é único e não houve intenção de atingir pessoa
determinada;
d) Isenta o réu de pena, e ocorre quando o agente, por erro ple-
namente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato
que, se existisse, tornaria a ação legítima;
e) Não isenta o réu de pena; no entanto, as qualidades ou condi-
ções da vítima efetivamente atingida é que contarão para qualifi-
car ou agravar o delito.
Exercício
107. Durante discussão acontecida na Assembleia Legislativa, o deputado
estadual “A” dispara um tiro contra o deputado “B” com intenção
de matá-lo, porém, causa-lhe apenas lesão corporal. Ocorre que o
mesmo projétil que atravessou o ombro de “B”, atingiu o tórax do
presidente da Assembléia “C”, causando-lhe a morte, resultado não
querido por “A”. É correto afirmar:
a) Houve aberratio ictus, aplicando-se a regra do concurso formal
perfeito;
b) Houve aberratio criminis, aplicando-se a regra do concurso for-
Direito Penal
mal imperfeito;
c) Houve erro na execução, aplicando-se a regra do concurso for-
mal imperfeito;
181
d) Houve error in personae, aplicando-se a regra do concurso formal
perfeito;
e) Houve aberratio criminis por acidente, aplicando-se a regra do
concurso formal perfeito.
68.2 Síntese
Aberratio criminis ou aberratio delicti é o resultado diverso do pretendido.
De acordo com o art. 74 do Código Penal: “Fora dos casos do artigo anterior,
quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diver-
so do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime
culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70
deste Código.”
Não se fala mais em pessoas diferentes, mas sim em bem jurídico diferente.
Aqui também há erro de pontaria, mas não de pessoa para pessoa, mas de crime
para crime.
Pode ocorrer resultado único, ou unidade simples, ou temos resultado du-
plo, chamado de unidade complexa.
Quando o resultado for simples, trabalha-se com crime culposo, se houver
previsão legal. Se a unidade é complexa, trabalha-se com o art. 70, caput, pri-
meira figura, do Código Penal (concurso formal perfeito de crimes).
Exemplo: Sujeito quer quebrar vidraça e lança uma pedra. Porém, atinge
uma pessoa, ocorrendo lesão corporal culposa. Se o sujeito, além de quebrar o
vidro, acerta a pessoa, existe uma conduta e dois ou mais resultados.
Assim, temos de um lado o número de crimes e de outro o percentual de
aumento, que vai de 1/6 a 1/2. Trata-se tal critério de orientação jurispruden-
cial e doutrinária.
Direito Penal
69. Consumação
69.1 Apresentação
69.2 Síntese
Há dois importantes institutos: a consumação e a tentativa.
O art. 14, I, do Código Penal traz: “Diz-se o crime: I – consumado, quando
nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal.”
A consumação tem relação com a prescrição da pretensão punitiva, pois o
art. 111, I, do Código Penal traz que o prazo começa a correr da data em que
se consumou.
Ainda, é relacionada com a competência, uma vez que em regra o crime é
julgado onde se consumou.
A consumação nos crimes materiais ocorre com a superveniência do fato
naturalístico.
Nos crimes formais, a consumação se dá com a prática da conduta, fato
conformado pela Súmula nº 96 do Superior Tribunal de Justiça, que dispõe:
“O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vanta-
gem indevida.”
Nos crimes de mera conduta, que são aqueles em que o tipo só prevê con-
Direito Penal
Exercício
109. (Cespe – 2010) Com relação ao crime e aos seus elementos, julgue
o próximo item: O exaurimento de um crime pressupõe a ocorrência
de sua consumação.
70.2 Síntese
Iter criminis, ou seja, o itinerário do crime. É formado por quatro fases. A
primeira é a fase da cogitação, a segunda é da preparação, a terceira é da exe-
cução e a quarta é a fase da consumação.
O exaurimento vem após a consumação, mas não faz parte do iter criminis.
A fase interna se constitui com a com a cogitação e as demais dizem respei-
to à fase externa do crime.
O réu pode ser punido somente nas fases externas, uma vez que a cogitação
é impunível.
Direito Penal
Atos preparatórios são aqueles necessários para a execução. Ainda não de-
nota ofensa ao bem jurídico, sendo impunível, a não ser que o ato preparatório
constitua crime autônomo.
184
Exemplo: Sujeito quer matar uma pessoa com tiros e compra arma de fogo.
Nesse caso, o fato de comprar a arma é um crime autônomo, pois temos a posse
de arma de fogo.
Na execução, o agente pode ser punido, até mesmo pela tentativa, uma vez
que só na execução o bem jurídico começou a ser ofendido.
A consumação traz o crime perfeito ou completo.
O euxarimento não constitui fase autônoma. É uma quinta etapa, mas está
fora do iter criminis.
Exemplo: o sujeito falsifica moeda e põe em circulação. O fato de se colo-
car em circulação é o exaurimento.
Existe uma dificuldade em saber em qual momento acaba-se a fase de prepa-
ração e começa a execução. Para tanto, há várias teorias, que serão vistas adiante.
Exercício
110. (Cespe – 2009) Com relação a direito penal, julgue os seguintes
itens: A tentativa incruenta não é punível, pois considera-se que o
agente não iniciou a fase executória do iter criminis.
71.2 Síntese
A passagem dos atos preparatórios para os atos executórios faz parte do iti-
nerário do crime (iter criminis).
A passagem dos atos preparatórios para os atos executórios pressupõe o en-
frentamento de teorias.
Temos a Teoria Subjetiva, que se preocupa somente com a intenção do
agente, não fazendo diferença entre atos preparatórios e atos executórios. As-
sim, já pune nos atos preparatórios.
Direito Penal
Exercício
111. No tocante à tentativa de crime é correto afirmar:
a) Os atos preparatórios, a partir de quando são indispensáveis à
consecução do crime, quando examinados sob a ótica da tentati-
va, podem ser objeto de punição.
b) Relativamente ao estelionato, a partir de quando o agente inicia
a execução do seu crime, entregando ao vendedor um cheque
obtido de forma fraudulenta, ainda que este tenha recusado o
título em questão, após consulta feita ao serviço de proteção ao
crédito, pode-se considerar que houve a tentativa.
c) Nos crimes qualificados não é certo afirmar que a tentativa co-
meça ao dar-se início à realização do tipo, sendo indiferente se o
autor começa primeiro com a ação do tipo qualificado ou com a
do tipo fundamental.
d) Somente se pode ter o crime por tentado quando o agente co-
meçar a executar diretamente o próprio núcleo da ação penal
proibida.
Exercício
73.2 Síntese
Temos como regra descrição de condutas consumadas, bem como con-
dutas principais. Quando temos a parte especial do crime no Código Penal,
começa-se pelo art. 121 (matar alguém).
O crime que tem maior pena no Brasil é a extorsão mediante sequestro.
O art. 121 do Código Penal traz em seu preceito primário “matar alguém”
e, em seu preceito secundário, a pena aplicável.
A técnica no Brasil é combinar o preceito primário e, se necessário, com-
biná-lo com outro artigo que o complemente, como o artigo que trata de con-
curso de pessoas, uma vez que não está o concurso previsto no próprio art. 121.
Há exceções. O art. 342 do Código Penal traz crime de mão própria, pois
somente a testemunha pode praticar o crime. No caso de concurso de pessoas,
por exemplo, um sujeito convence a testemunha a praticar a conduta. A teste-
munha será autora e quem a induziu será partícipe.
O art. 343 do Código Penal diz que se a testemunha foi convencida a men-
tir porque a pagaram para fazê-lo, é constituído crime autônomo. Assim, temos
uma conduta acessória no art. 343 em relação ao art. 342.
O art. 352 do Código Penal traz o crime de evadir-se ou tentar evadir-se
o preso. Percebemos aqui a forma consumada, bem como a forma tentada,
havendo para tanto a mesma pena.
Exercício
113. Assinale a alternativa correta:
I. O agente que, voluntariamente desiste de prosseguir na execução
ou impede que o resultado se produza só responde pelos atos já prati-
cados, ocorrendo assim hipótese de arrependimento posterior.
II. A pena para o crime tentado é a mesma aplicada para o crime
consumado diminuída de 1/6 a 1/3.
Direito Penal
74.2 Síntese
As teorias que explicam a punibilidade da tentativa são duas. A primeira é a
Teoria Subjetiva e a segunda a Teoria Objetiva.
A Teoria Subjetiva se preocupa com a intenção do agente e, por isso, não
faz distinção de pena na forma consumada e tentada. Só é adotada no Brasil
por exceção.
A Teoria Objetiva ou Realista diz que interessa a periculosidade a que fica
exposto o bem jurídico. Quanto mais exposto a perigo o bem jurídico, maior
deve ser a pena.
É a teoria adotada como regra no Brasil, de acordo com o art. 14, parágrafo
único do Código Penal: “Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa
com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois
terços.”
Exemplo: Tentativa de homicídio praticada por agente. O juiz irá fixar a
pena obedecendo ao critério trifásico. Na primeira, temos a fixação da pena-
-base (art. 59 do Código Penal). Na segunda fase, temos a pena provisória, en-
frentando as agravantes e as atenuantes (Súmula nº 231 do Superior Tribunal
de Justiça traz que: “A incidência da circunstância atenuante não pode condu-
zir à redução da pena abaixo do mínimo legal.”).
Direito Penal
Exercício
114. (Cespe – 2009) Julgue os itens seguintes, acerca do fato típico e seus
elementos: Quanto à punição do delito na modalidade tentada, o
Código Penal adotou a teoria subjetiva.
75.2 Síntese
A tentativa possui alguns elementos importantes, os quais serão aqui estuda-
dos. Temos elementos objetivos e somente um elemento subjetivo.
O primeiro elemento, o qual é subjetivo, está representado pelo dolo. Lem-
brando que só cabe tentativa em crimes dolosos; excepcionalmente, pode ha-
ver na culpa imprópria.
Os elementos objetivos são vários. O primeiro é o início da execução de um
crime, a qual dependerá da teoria adotada.
A teoria majoritária é a Objetivo-Formal, mas a Teoria Objetivo-Individual
vem crescendo.
O segundo elemento objetivo é sua não consumação.
O terceiro é a interferência de circunstâncias alheias à vontade do agente. Se
a circunstância for própria, ainda que haja outros elementos, haverá a tentativa
abandonada, podendo ocorrer desistência voluntária ou arrependimento eficaz.
Exercício
Direito Penal
76.2 Síntese
Algumas infrações penais não admitem tentativa. Ressalte-se que infração
penal é gênero, sendo crime e contravenções penais suas espécies.
Por expressa disposição legal, não é punível a tentativa nas contravenções
penais, uma vez que dão ideia de perigo.
Os crimes culposos não admitem a tentativa, pois um dos elementos do
crime culposo é justamente o resultado involuntário, com exceção da culpa
imprópria. Na culpa imprópria, temos o dolo e não a culpa.
Também não admitem a tentativa os crimes preterdolosos, aqueles em que
há dolo no antecedente e culpa no consequente. O resultado agravador se dá a
título de culpa e não cabe tentativa em crime culposo.
Ainda, não cabe a tentativa nos crimes habituais, que são aqueles que exi-
gem a reiteração de ato que denote estilo ou modo de vida do agente. Exemplo:
Curandeiro que está tirando dinheiro dos pobres. Note-se que havendo reitera-
ção, o ato está consumado.
Os crimes unissubsistentes são aqueles que não podem ser fracionados,
praticados por meio de um único ato, como uma injúria verbal, por exemplo.
O crime formal unissubsistente não admite tentativa, porém, quando for
plurissubsistente, poderá haver tentativa.
Direito Penal
Os crimes omissivos puros também não admitem tentativa, uma vez que
também não podem ser fracionados. Exemplo: Omissão de socorro. Isso por-
que, se houver a ajuda, há fato atípico e se a pessoa se omitir, está consumado.
191
Ainda, os crimes condicionados, cuja consumação está condicionada à
produção de resultado naturalístico. Exemplo: participação em suicídio, nos
termos do art. 122 do Código Penal.
Os crimes de atentado ou de empreendimento são aqueles que a forma
tentada é punida da mesma maneira como é a consumada. Exemplo: art. 309
do Código Penal.
Exercício
116. Não admitem a tentativa, exceto:
a) os crimes omissivos impróprios,
b) os crimes culposos próprios,
c) as contravenções penais,
d) os crimes preterdolosos,
e) os crimes unissubsistentes.
77.2 Síntese
Temos algumas espécies de tentativa. A primeira é a tentativa imperfeita,
também chamada de inacabada, quando o agente sem esgotar o processo execu-
tório, não consegue consumar o crime por circunstâncias alheia a sua vontade.
A segunda é a tentativa perfeita ou acabada, ou ainda crime falho. Dá-se
quando o agente, depois de esgotar o processo executório não consegue con-
sumar o crime por circunstâncias alheias a sua vontade. Exemplo: A vítima é
levada ao hospital e salva pelos médicos.
A terceira é a tentativa cruenta, ou vermelha, quando o corpo da vítima é
atingindo, ou seja, a vítima sofre lesões.
Finalmente, temos a tentativa incruenta, ou branca. Se dá quando o corpo da
vítima não é atingido. Em jargão mais popular, é o erro de pontaria, por exemplo.
Direito Penal
Podemos ter mais de uma espécie no fato. Por exemplo, a pessoa dispara
cinco tiros, esvaziando sua arma, porém erra todos. Há tentativa imperfeita,
bem como incruenta, pois não atingiu a vítima.
192
Exercício
117. (Cespe – 2010) Acerca dos crimes consumado e tentado, assinale a
opção correta:
a) A tentativa abandonada pressupõe resultado que o agente preten-
dia produzir dolosamente, mas de que posteriormente desistiu
ou se arrependeu, evitando-o; tal instituto é incompatível com os
crimes culposos.
b) Se um indivíduo desferir cinco tiros em direção a seu desafeto,
com intenção apenas de o lesionar, e, no entanto, por má pon-
taria, nenhum projétil atingir a vítima, ocorrerá a denominada
tentativa cruenta.
c) Em relação à definição do início da execução de uma conduta
criminosa, o critério que o ordenamento jurídico brasileiro ado-
tou foi o subjetivo, cujo enfoque não é a descrição da conduta
típica, mas o momento interno do autor.
d) Em relação à punição da modalidade tentada de crime, a teoria
que o Código Penal adotou foi a subjetiva, segundo a qual a ten-
tativa deve ser punida da mesma forma que o crime consumado,
com redução da pena.
e) Considere a seguinte situação hipotética. Silas, com intenção
homicida, desferiu cinco tiros de pistola contra Matias, que ficou
gravemente ferido. Por sugestão de Laura, Silas arrependeu-se
e levou Matias a um hospital, sendo certo que essa atitude foi
decisiva para salvar-lhe a vida. Nessa situação, como a desistência
não foi espontânea, pois decorreu de sugestão de terceiro, não há
que se falar em desistência voluntária.
78.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
118. (FCC – 2011) Miro, em mera discussão com Geraldo a respeito de
um terreno disputado por ambos, com a intenção de matá-lo, efetuou
três golpes de martelo que atingiram seu desafeto. Imediatamente
após o ocorrido, no entanto, quando encerrados os atos executórios
do delito, Miro, ao ver Geraldo desmaiado e perdendo sangue, com
remorso, passou a socorrer o agredido, levando-o ao hospital, sendo
que sua postura foi fundamental para que a morte do ofendido fosse
evitada, pois foi providenciada a devida transfusão de sangue. Geral-
do sofreu lesões graves, uma vez que correu perigo de vida, segundo
auto de exame de corpo de delito. Nesse caso, é correto afirmar:
a) Miro responderá pelo crime de lesão corporal gravíssima previsto
no art. 129, § 2º, do Código Penal, em vista da sua vontade ini-
cial de matar a vítima e da quantidade de golpes, circunstâncias
Direito Penal
79.2 Síntese
De acordo com a fórmula de Frank, temos duas situações: “Quero, mas não
posso” e “Eu posso, mas não quero”. Na primeira afirmativa, temos a tentativa
punível e, na segunda, temos a desistência voluntária ou o arrependimento
eficaz.
O arrependimento eficaz (resipiscência) pressupõe esgotamento do proces-
so executório, porém, o agente impede a produção do resultado naturalístico.
Temos uma conduta positiva, ou seja, um fazer.
É compatível com os crimes materiais, uma vez que o agente impede que
o resultado naturalístico ocorra.
Há algumas características que valem tanto para a desistência voluntária
quanto para o arrependimento eficaz.
A primeira é a voluntariedade, ato livre, sem que haja coação. É diferente
de espontaneidade, pois esta também é ato livre, porém, sincero, algo íntimo,
e não é necessário para que se reconheçam os institutos.
Pode ser que o sujeito simplesmente discuta com o parceiro ou que tenha al-
guma dor enquanto furta. Assim, a desistência é voluntária, mas não espontânea.
Ainda, temos a eficácia. Isso porque, se o arrependimento for ineficaz, não
exclui nada. Exemplo: A vítima é envenenada e o autor se arrepende e faz com
que ela ingira o antídoto. É importante que nada aconteça com a vítima, pois
somente assim haverá arrependimento eficaz.
Direito Penal
80.2 Síntese
O arrependimento posterior encontra-se no art. 16 do Código Penal: “Nos
crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato volun-
tário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.”
A natureza jurídica do instituto é uma causa pessoal e obrigatória de redu-
ção de pena.
A pena, conforme já estudado, é fixada em três fases. Estamos aqui na ter-
ceira fase, uma vez que é causa geral de diminuição de pena.
Alguns requisitos são necessários para que haja arrependimento posterior.
O primeiro é que o crime deve ter sido praticado sem violência ou grave ame-
aça à pessoa. Exemplo: Não cabe em crime de roubo.
Ressalte-se que se a violência for contra a coisa e não contra a pessoa, cabe
o benefício.
Se ocorrer violência contra a pessoa e esta violência se der de forma culpo-
sa, como em acidente com arma de fogo, por exemplo, nada diz a lei, mas se
subentende que se trata de violência dolosa.
O segundo requisito é a reparação total do dano ou a restituição integral da
coisa. Se a reparação for parcial, ou se o furtador só devolver metade dos bens
Direito Penal
que levou, por exemplo, em regra não pode ser concedido o benefício.
Ocorre que, existe hoje uma tese que vem ganhando força. Diz os defenso-
res da nova tese que caso a vítima concorde, cabe o benefício.
196
Exercício
120. (Vunesp – 2011) Antônio, durante a madrugada, subtrai, com o em-
prego de chave falsa, o automóvel de Pedro. Depois de oferecida a
denúncia pela prática de crime de furto qualificado, mas antes do seu
recebimento, por ato voluntário de Antônio, o automóvel furtado é
devolvido à vítima. Nesse caso, pode-se afirmar a ocorrência de:
a) arrependimento posterior,
b) desistência voluntária,
c) arrependimento eficaz,
d) circunstância atenuante,
e) causa de extinção da punibilidade.
81.2 Síntese
Conforme já visto, há requisitos para que haja arrependimento posterior.
O terceiro requisito é a exigência de ato voluntário do agente, uma vez que as
observações feitas na desistência voluntária e no arrependimento eficaz, tam-
bém constam aqui.
Isso porque, voluntariedade é diferente de espontaneidade, a qual denota
uma ação verdadeira e sincera. A lei se satisfaz com o mero ato voluntário, não
havendo necessidade de espontaneidade.
O quarto requisito é de que todos os outros requisitos ocorram até o rece-
bimento da denúncia ou da queixa. Observa-se que a lei traz a palavra recebi-
mento e não oferecimento da denúncia ou da queixa.
Após o recebimento, de acordo com o art. 65, III, “b”, do Código Penal, há
possibilidade de mera atenuação da pena, a qual vai incidir na segunda fase do
Direito Penal
Exercício
121. (FCC – 2011) A restituição integral do valor apropriado aos cofres públi-
cos pelo autor de peculato doloso, antes do recebimento da denúncia:
a) implica na extinção da punibilidade do agente.
b) caracteriza arrependimento posterior e a pena pode ser reduzida
de um a dois terços.
c) constitui arrependimento eficaz, isentado o agente de pena.
d) não exclui o delito, nem implica em redução de pena, por já ter
ocorrido a consumação.
e) constitui desistência voluntária e isenta o agente de pena.
82.2 Síntese
O art. 17 do Código Penal dispõe: “Não se pune a tentativa quando, por
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impos-
sível consumar-se o crime.”
Direito Penal
Nota-se aqui uma falta de técnica do legislador, uma vez que havendo cri-
me impossível não há caracterização em nenhum tipo legal. Assim, o crime
impossível possui como natureza jurídica uma causa de atipicidade.
198
O crime impossível se assemelha à tentativa, pois o sujeito quer praticar o
crime e dá início à execução, mas não chega à consumação.
A diferença é que na tentativa é possível alcançar a consumação e no crime
impossível não.
Há alguns sinônimos que podem aparecer em provas, como o termo “quase
crime”, por exemplo.
Exercício
122. No tocante ao crime impossível é correto afirmar:
a) No crime de concussão, configura-se o flagrante preparado, ain-
da que o crime já se tenha consumado anteriormente pela mera
exigência da vantagem indevida.
b) O flagrante esperado equipara-se ao flagrante forjado, pois tanto
quanto nesta última situação, o agente da autoridade e a vítima
deixam o sujeito agir, para surpreendê-lo no cometimento do
fato.
c) Não se pune a tentativa de crime quando, por qualquer ineficá-
cia do meio ou impropriedade do objeto, é impossível consumar-
-se o crime.
d) Se a autoridade policial, sem ter sido artificialmente provocada,
vem a conhecer previamente a iniciativa do agente, criando a
partir de então, situação de precaução no sentido de surpreender
o agente quando este intentar o ato criminoso, evitando, em fun-
ção do aspecto surpresa, o resultado criminoso, não há se falar
em crime putativo.
83.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
123. Se o agente, para a prática de estelionato, utiliza-se de documento falsi-
ficado de forma grosseira, inidôneo para iludir a vítima, caracteriza-se:
a) crime impossível.
b) crime provocado.
c) erro sobre elementos do tipo.
d) crime putativo.
e) tentativa de crime.
84.2 Síntese
Se o meio for relativamente ineficaz ou o objeto relativamente impróprio,
há tentativa punível, pois o Brasil adota a teoria objetiva temperada.
A primeira teoria é a teoria subjetiva, que se preocupa com a intenção
do agente, ou seja, se o que vale é a tipicidade subjetiva, o agente sempre
será punido.
A segunda é a teoria sintomática, que se preocupa com a periculosidade do
agente. Assim, se o agente demonstra periculosidade no caso concreto, deverá
Direito Penal
Exercício
124. O agente iniciou a execução de um delito, cuja consumação não
ocorreu pela:
I. Ineficácia relativa do meio empregado.
II. Impropriedade absoluta do objeto.
III. Reação da vítima.
IV. Ineficácia absoluta do meio empregado.
V. Impropriedade relativa do objeto.
Haverá tentativa punível na(s) hipótese(s) indicada(s) SOMENTE em
a) I, III e V.
b) III.
c) I e V.
d) II e IV.
e) I, II e IV.
85.2 Síntese
Conforme já estudado anteriormente, há algumas teorias que tratam do
crime impossível, sendo a teoria objetiva temperada a adotada no Brasil.
Direito Penal
Exercício
125. Considerando a parte geral do Código Penal, julgue o seguinte item.
Segundo entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal,
não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a sua consumação. Certo ou errado?
86.2 Síntese
Crime putativo: O sujeito supõe estar praticando crime, quando na verdade
não está.
A culpabilidade é formada por imputabilidade, potencial consciência da
ilicitude e exigibilidade de conduta diversa.
O erro de proibição incide na potencial consciência da ilicitude e exclui a
culpabilidade. É o oposto do crime putativo, uma vez que o agente supõe não
estar praticando crime, quando na verdade está.
Há três espécies de crime putativo. O primeiro é o crime putativo por erro
de tipo, em que o sujeito acha que está violando uma norma penal que efeti-
vamente existe, mas faltam elementos típicos. Estamos diante do “criminoso
incompetente”.
O segundo é o crime putativo por erro de proibição. Aqui o sujeito ativo
Direito Penal
supõe estar delinquindo, violando uma norma penal que não existe.
O terceiro é o crime putativo por obra do agente provocador, como o fla-
grante preparado, por exemplo.
202
Exercício
126. Assinale a afirmativa incorreta:
a) O erro de tipo incide sobre os elementos que integram o tipo pe-
nal, abrangendo qualificadoras, causas de aumento e agravantes.
b) O erro de tipo exclui o dolo, mas o comportamento pode ser
punido a título culposo se o erro for escusável.
c) O erro de proibição incide sobre a ilicitude do fato, atuando
como causa excludente de culpabilidade.
d) No crime putativo, o agente crê estar cometendo um delito e age
com consciência do ilícito, mas não é crime; no erro de proibi-
ção o agente acredita que nada faz de ilícito, quando, na realida-
de, trata-se de um delito.
e) O erro quanto aos pressupostos fáticos de uma causa de exclusão
de ilicitude, o erro quanto à existência de uma causa excludente
de ilicitude e o erro quanto aos limites de uma excludente de
antijuridicidade são considerados descriminantes putativos.
87.2 Síntese
A ilicitude, tanto para os clássicos quanto para os modernos é unanimidade,
sempre é elemento do crime.
Alguns autores utilizam os termos ilicitude e antijuridicidade como sinôni-
mos, porém, deve ser dada preferência ao termo ilicitude.
Nota-se que a reforma penal de 1984, por exemplo, trouxe nos arts. 21 e 23
o termo “ilicitude”.
Exercício
Direito Penal
88.2 Síntese
O crime de dano culposo só ocorrerá em duas situações. A primeira está pre-
vista no Código Penal Militar e a segunda está na Lei dos Crimes Ambientais.
Ilicitude formal: Mera contradição entre o fato e a norma. Já a ilicitude
material diz respeito ao caráter antissocial do fato em relação à norma.
É necessário ressaltar que a doutrina se posiciona de forma majoritária pela
Direito Penal
89.2 Síntese
Tipicidade significa adequação, ilicitude significa contrariedade e culpabi-
lidade significa reprovação.
Há causas de exclusão de ilicitude gerais e especiais. As que estão na par-
te geral do Código Penal são: estado de necessidade, legítima defesa e estrito
cumprimento do dever legal e exercício regular de direito.
O art. 142, I, do Código Penal dispõe: “Não constituem injúria ou difama-
ção punível: I – a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte
ou por seu procurador.”
Além do Código Penal, há leis especiais que tratam do assunto, como a Lei
nº 9.605/1998 em seu art. 37.
O ilícito diz respeito à mera contrariedade do fato à norma e não deve ser
confundido com o injusto.
O injusto tem a ver com o sentimento de justiça que paira sobre a socieda-
de. No injusto, pode-se até mesmo trabalhar com graus de aferição.
Exercício
Direito Penal
90.2 Síntese
A tipicidade era considerada apenas como tipicidade formal, ao passo que a
ilicitude era ilicitude formal juntamente com a ilicitude material.
Era possível trabalhar com os princípios gerais de direito como causas su-
pralegais de exclusão da ilicitude.
Ocorre que, hoje, os princípios penais fundamentais conduzem a uma ati-
pia material.
Temos a tese do consentimento do ofendido como hipótese supralegal de
exclusão de ilicitude.
É importante ressaltar que o consentimento do ofendido pode excluir, ain-
da, a tipicidade.
Exercício
130. Com relação ao direito penal, julgue os itens subsecutivos:
No ordenamento jurídico nacional, admitem-se, de forma expressa, as
causas supralegais de exclusão de antijuridicidade. Certo ou errado?
Exercício
131. (Upenet – 2010 – Seres-PE – Agente Penitenciário) Sempre exclui a
ilicitude, EXCETO:
a) legítima defesa real.
b) estado de necessidade.
c) estrito cumprimento do dever legal.
d) consentimento do ofendido.
e) exercício regular de direito.
92.2 Síntese
Conforme já estudado, a capacidade civil é considerada em relação à capa-
cidade de agir. Contudo, há exceção, que diz respeito aos crimes sexuais.
Direito Penal
Exercício
132. (Juiz de Direito TJ/PR – 2006) Acerca das causas excludentes de an-
tijuridicidade, assinale a alternativa CORRETA
a) Não obstante não haver menção expressa no Código Penal, o
consentimento do ofendido pode funcionar como causa de justi-
ficação, excluindo a ilicitude nos casos em que o titular do bem
jurídico protegido e disponível assente de forma livre.
b) Mesmo aquele que tinha o dever legal de enfrentar o perigo
pode alegar o estado de necessidade.
c) O agente, em qualquer hipótese de excludente de antijuridicida-
de, não responde pelo excesso, seja doloso, seja culposo.
d) O esportista que causa lesões corporais em adversário responde
pelo seu ato a título de dolo ou culpa, mesmo se observou o
cuidado objetivamente devido e agiu com ânimo ou vontade de
exercer a prática de esporte, eis que nesses casos, pelo risco do
esporte, inexiste o chamado exercício regular de direito.
93.2 Síntese
Quanto ao requisito subjetivo das excludentes de ilicitude, há duas posi-
ções acerca de sua necessidade.
Direito Penal
Exercício
133. (Promotor de Justiça MPTO – 2004) Com relação às excludentes de
ilicitude, assinale a opção incorreta.
a) Policial que utiliza força física necessária para evitar fuga de pre-
sidiários age em estrito cumprimento do dever legal.
b) No estado de necessidade, há um conflito entre bens jurídicos,
enquanto na legítima defesa há repulsa contra um ataque.
c) Para se caracterizar o estado de necessidade, a situação de perigo
a ser afastada não pode ter sido causada voluntariamente, pelo
agente.
d) Um pai, utilizando-se de uma estaca, feriu mortalmente um go-
rila que fugira da jaula e ameaçava atacar seu filho, nas arquiban-
cadas de um circo. Nesse caso, o pai agiu em legítima defesa.
e) Admite-se a legítima defesa putativa contra legítima defesa.
Exercício
134. São consideradas causas legais de exclusão da ilicitude:
a) estado de necessidade, legítima defesa e embriaguez voluntária.
b) estado de necessidade, legítima defesa, coação moral resistível e
obediência hierárquica de ordem não manifestamente ilegal.
c) estado de necessidade, legítima defesa, coação moral irresistível
e obediência hierárquica de ordem não manifestamente ilegal.
d) coação física irresistível, obediência hierárquica de ordem não
manifestamente ilegal, estado de necessidade, legítima defesa,
exercício regular do direito, estrito cumprimento do dever legal
e embriaguez voluntária.
e) estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular do direi-
to e estrito cumprimento do dever legal.
95.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
135. No estado de necessidade:
a) o agente pode responder pelo excesso doloso, mas não pelo
culposo.
b) a situação de perigo não pode ter sido provocada por vontade do
agente.
c) a reação contra agressão humana deve ser atual.
d) a ameaça só pode ser a direito próprio.
d) há extinção da punibilidade.
96.2 Síntese
Primeiramente, é preciso lembrar que a lei não fala em lesão, mas sim em
perigo, ou seja, existe a probabilidade de que ocorra lesão.
Ainda, apesar de a lei mencionar o perigo atual, muitos autores aceitam
também o perigo iminente.
O perigo pode se originar de ato humano, de fato da natureza ou, ainda, de
ataque de seres irracionais (animais).
O segundo requisito é ameaça a direito próprio ou alheio. Quando se fala
Direito Penal
97.2 Síntese
Conforme já estudado anteriormente, se o perigo for causado dolosamente,
não é possível alegação de estado de necessidade.
Contudo, quando se fala em culpa há duas posições a respeito do assunto.
A posição majoritária entende que cabe estado de necessidade.
O quarto requisito é inexistência de dever legal de enfrentar o perigo e está
previsto no art. 24, § 1º, do Código Penal.
Tal dispositivo foi direcionado para profissões específicas, como bombeiros,
policiais, dentre outros.
É preciso ressaltar que deve haver razoabilidade nesse dever de agir.
Exercício
Direito Penal
98.2 Síntese
O art. 13, § 2º, do Código Penal dispõe: “A omissão é penalmente relevante
quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir
incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilân-
cia; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c)
com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.”
Na letra “a”, temos o policial, o bombeiro, o salva-vidas, os pais, dentre
outros. Na letra “b”, temos o dever contratual e, por fim, na letra “c”, temos a
criação de risco.
Em relação à letra “b”, há duas posições. A primeira parte de uma interpre-
tação literal e diz que cabe estado de necessidade e a segunda entende que não
cabe, fazendo interpretação sistemática.
Quanto à inevitabilidade, deve ser ressaltado o fato de que o estado de ne-
cessidade deve ser o último recurso, a última opção do agente.
Ainda, bem jurídico de maior valor prefere a bem jurídico de menor valor.
Isso deve ser lembrado quanto à proporcionalidade.
Exercício
138. Julgue os itens a seguir, acerca das causas excludentes de ilicitude e
Direito Penal
do concurso de pessoas:
Considere a seguinte situação hipotética. Ana estava passeando com
o seu cão, da raça pitbull, quando, por descuido, o animal soltou-se
213
da coleira e atacou uma criança. Um terceiro, que passava pelo local,
com o intuito de salvar a vítima do ataque, atingiu o cão com um
pedaço de madeira, o que causou a morte do animal. Nessa situação
hipotética, ocorreu o que a doutrina denomina de estado de necessi-
dade agressivo.
99.2 Síntese
Conforme já visto, a proporcionalidade deve ser levada em consideração.
Assim, o bem jurídico de maior valor deve ser preservado.
Quando dois bens possuem o mesmo valor, qualquer um deles poderá ser
sacrificado.
No caso de confronto de deveres de fazer e de não fazer, deverá ser optado
o dever de não fazer. O dever de omissão se sobrepõe ao dever de ação no caso
concreto, como um médico, por exemplo, que está utilizando o aparelho salva-
dor em uma criança e no mesmo plantão chega outra criança.
Exercício
139. As situações abaixo caracterizam o estado de necessidade, EXCETO:
a) Médico que deixa de atender um paciente para salvar outro, não
tendo meios de atender a ambos.
b) Bombeiro que deixa de atender um incêndio de pequenas pro-
porções para atender outro de maior gravidade.
c) “A” que dolosamente põe fogo num barco e depois mata outro
passageiro para se salvar.
d) Mãe miserável que subtrai gêneros alimentícios para alimentar
Direito Penal
filho faminto.
214
100. Teorias do Estado de Necessidade
100.1 Apresentação
100.2 Síntese
A primeira teoria é a chamada teoria diferenciadora ou da diferenciação, a
qual diferencia os tipos de estado de necessidade.
Tal teoria entende que há estado de necessidade exculpante de um lado e
estado de necessidade justificante de outro.
No estado de necessidade exculpante, o bem jurídico sacrificado é de igual
ou maior valor que o preservado. No justificante, o bem jurídico sacrificado é
de menor valor que o bem jurídico preservado.
A teoria unitária possui este nome porque trabalha com um só tipo de es-
tado necessidade (justificante). Aqui, o bem jurídico sacrificado é de igual ou
menor valor que o preservado.
Temos o exemplo da famosa tábua da salvação. Há dois náufragos que estão
em alto-mar e o único objeto para que se salvem é uma tábua de madeira que
só aguenta o peso de um deles.
Exercício
140. (NCE-UFRJ – 2005 – PC-DF – Delegado de Polícia) No que concer-
ne ao estado de necessidade, é correto afirmar que:
a) o código penal adota a teoria diferenciadora, sendo todo estado
de necessidade justificante;
b) não há distinção entre estado de necessidade justificante e estado
de necessidade exculpante;
c) o código penal adota a teoria unitária, sendo todo estado de ne-
cessidade exculpante;
d) no estado de necessidade exculpante, o bem jurídico preservado
sempre será de maior valor do que o bem jurídico sacrificado;
Direito Penal
101.2 Síntese
Conforme visto anteriormente, há duas teorias que tratam do estado de
necessidade: teoria da diferenciação e teoria unitária.
Estado de necessidade exculpante existe quando o bem sacrificado é de
maior ou igual valor em relação ao preservado. Já o justificante traz um bem
sacrificado de menor valor em relação ao preservado.
Se for acolhida a tese do exculpante, a resposta penal será exclusão da cul-
pabilidade. Já no justificante teremos exclusão da ilicitude.
A mesma consequência do justificante da teoria diferenciadora vale para a
teoria unitária.
A regra em nosso país é a teoria unitária, nos termos do art. 23, inciso II do
Código Penal. A exceção está no Código Penal Militar, que traz no art. 39 um
estado de necessidade que exclui a culpabilidade e no art. 43 um estado de
necessidade que exclui a ilicitude.
É preciso ressaltar que no Brasil sacrificar vida no lugar de um patrimônio
constitui crime. Todavia, de acordo com o art. 24, § 2º, do Código Penal o
agente terá sua pena diminuída (existe uma causa geral de diminuição de pena).
Exercício
141. Em relação às causas excludentes de ilicitude, julgue o item a seguir:
Quanto ao estado de necessidade, o Código Penal brasileiro adotou
a teoria da diferenciação, que só admite a incidência da referida ex-
cludente de ilicitude quando o bem sacrificado for de menor valor
que o protegido.
Exercício
142. Acerca do estado de necessidade, assinale a opção incorreta:
a) Estado de necessidade justificante exclui a ilicitude do fato e pos-
sui previsão legal, tanto na parte geral como na parte especial do
Código Penal.
b) Estado de necessidade defensivo ocorre quando o ato necessário
se dirige contra a coisa de que promana o perigo para o bem
jurídico ofendido.
c) Estado de necessidade agressivo se verifica quando o ato neces-
sário se dirige contra coisa diversa daquela de que promana o
perigo para o bem jurídico.
d) Não é possível o reconhecimento de estado de necessidade recí-
proco.
Exercício
104.2 Síntese
O art. 23 do Código Penal traz algumas causas de exclusão de ilicitude. Há
três incisos, os quais abordam: estado de necessidade, legítima defesa e estrito
cumprimento do dever legal e exercício regular de direito.
A segunda causa legal é a legítima defesa, que tem como natureza jurídica
uma causa legal de exclusão da ilicitude.
Os requisitos da legítima defesa, que estão no art. 25 do Código Penal, se
transformavam nos quesitos no Tribunal do Júri. Dispõe o art. 25: “Entende-
-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários,
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.”
Ocorre que o art. 483, § 2º, do Código de Processo Penal dispõe: “Respon-
didos afirmativamente por mais de 3 (três) jurados os quesitos relativos aos inci-
sos I e II do caput deste artigo será formulado quesito com a seguinte redação:
O jurado absolve o acusado?”
Nota-se que hoje não há mais quesitos desdobrados para cada tese, ou seja,
todas as teses defensivas estão juntas.
Exercício
144. A respeito do instituto da legítima defesa, considere:
I. Não age em legítima defesa aquele que aceita o desafio para um
duelo e mata o desafiante que atirou primeiro e errou o alvo.
II. Admite-se a legítima defesa contra agressão pretérita, quando se
tratar de ofensa a direito alheio.
Direito Penal
105.2 Síntese
Temos o requisito subjetivo da legítima defesa, que é o dolo. O sujeito deve
saber que está em legítima defesa, caso contrário estaríamos chancelando prá-
ticas criminosas.
Os requisitos objetivos são: Existência de uma agressão injusta, atual ou
iminente; direito próprio ou alheio atacado ou posto em risco de agressão; rea-
ção com os meios necessários e, por fim, uso moderado de tais meios.
A agressão injusta, atual ou iminente pressupõe que tenha havido ato hu-
mano. Se houver fato da natureza ou ato de bicho, exclui-se a legítima defesa,
a não ser que o bicho tenha sido usado como arma.
Injusta agressão é a contrária às regras de direito. Ainda, não há necessaria-
mente violência.
Exercício
145. (Cespe – 2009 – Polícia Federal – Agente Federal da Polícia Federal)
Quanto a tipicidade, ilicitude, culpabilidade e punibilidade, julgue
os itens a seguir.
Direito Penal
106.2 Síntese
A agressão injusta, atual ou iminente é o primeiro requisito da legítima
defesa. Tal agressão pressupõe ato humano.
É preciso ressaltar que há injustiça ainda que não haja presença de violên-
cia. Exemplo: Batedor de carteiras.
A agressão culposa também aceita reação em legítima defesa, uma vez que
basta que seja injusta.
Agressão atual é aquela que já começou a ofender o bem jurídico, mas
ainda não cessou e a iminente é aquela que está prestes a se tornar atual. É
importante lembrar que não cabe legítima defesa de agressão futura e nem de
agressão passada.
Exercício
146. Assinale a alternativa incorreta:
a) Age em legítima defesa, quem, usando moderadamente dos
meios necessários, repele justa agressão, ainda que futura, a di-
reito seu;
b) Usar de grave ameaça para favorecer interesse alheio contra parte
em processo administrativo constitui crime de coação no curso
do processo;
c) O crime é culposo quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia;
d) O desconhecimento da lei penal é inescusável, contudo pode
constituir circunstância atenuante;
Direito Penal
107.2 Síntese
Outro requisito da legítima defesa é o direito próprio ou alheio atacado ou
posto em risco de agressão.
Todos os bens jurídicos podem ser defendidos pela legítima defesa. Em
relação à honra, este também é um bem que pode ser defendido. O que não
cabe é matar para defender a honra, pois é desproporcional sacrificar a vida
para preservar a honra.
Ainda, cabe a legítima defesa de terceiro, mesmo que seja contra a vontade
do titular. O art. 146, § 3º, inciso II, do Código Penal, por exemplo, estabelece
que não há coação quando a pessoa tenta evitar suicídio de outra pessoa.
Contudo, quando se trata de bem jurídico disponível, a recusa do terceiro
impede a legítima defesa. Se o terceiro for policial, este será garante, ou seja,
constitui exceção.
Exercício
108.2 Síntese
Para que se configure legítima defesa, é preciso que tenha havido os requi-
sitos necessários, conforme já estudado anteriormente.
A reação com os meios necessários (aqueles utilizados pelo agente naquele
momento para fazer cessar a agressão) é o quarto requisito.
Pode ser que haja um único meio e que este seja o meio necessário, porém,
é preciso que haja proporcionalidade.
Pode ser que o agente tenha vários meios defensivos, todos igualmente efi-
cazes. Quando tal fato ocorrer, é preciso que se escolha o meio que produza
menor dano.
Exercício
148. (Cespe/Delegado – Espírito Santo/2006) Ainda em relação a normas
pertinentes à parte geral do Código Penal, julgue o item seguinte:
A lei não permite o emprego da violência física como meio para repe-
lir injúrias ou palavras caluniosas, visto que não existe legítima defesa
da honra. Somente a vida ou a integridade física são abrangidas pelo
instituto da legítima defesa.
Exercício
149. (MP/RS, 2008, FCC) Quem, supondo por erro plenamente justi-
ficável pelas circunstâncias, que está sendo injustamente agredido,
repele moderadamente e usando dos meios necessários a suposta
agressão, age:
a) em legítima defesa putativa
b) em estado de necessidade
c) em estado de necessidade putativo
d) no exercício regular de um direito
e) no estrito cumprimento de um dever legal
110.2 Síntese
Direito Penal
Quanto à reação à legítima defesa, pode ser ativa (agressiva) ou passiva (de-
fensiva). A agressiva constitui fato típico, como aquele que mata em legítima
defesa. Já a legítima defesa passiva não constitui fato típico.
224
Quanto ao titular do bem jurídico, a legítima defesa pode ser própria ou de
terceiro. Quando o bem tutelado pertence ao agente, tem-se a legítima defesa
própria e se o bem for alheio tem-se a legítima defesa de terceiro.
Quanto ao aspecto subjetivo do agente, temos uma legítima defesa real,
uma putativa e, ainda, uma legítima defesa excessiva, também chamada de
subjetiva.
Na real, temos que realmente existe a agressão injusta, atual ou iminente.
Se for putativa, o agente, por erro, supõe a existência da agressão injusta. Já na
excessiva, o agente, por exemplo, continua disparando arma de fogo sem que
haja necessidade.
Exercício
150. Quanto às excludentes de ilicitude e de culpabilidade, assinale a op-
ção correta:
a) Considerando que A, para defender-se de injusta agressão arma-
da de B, desfira tiros em relação ao agressor, mas, por erro, atinja
letalmente C, terceiro inocente, nessa situação, a legítima defesa
desnaturar-se-á, devendo A responder pelo delito de homicídio
culposo pela morte de C.
b) No ordenamento jurídico brasileiro, não se admite a hipótese de
legítima defesa da honra, uma vez que o princípio da dignidade
da pessoa humana sobrepõe-se ao sentimento de vingança por
parte do agressor.
c) Para que haja estrito cumprimento do dever legal, a obrigação
deve decorrer diretamente de lei stricto sensu, não se reconhe-
cendo essa excludente de ilicitude quando a obrigação estiver
prevista em decreto, regulamento ou qualquer ato administrativo
infralegal.
d) A coação física, quando elimina totalmente a vontade do agen-
te, exclui a conduta; na hipótese de coação moral irresistível,
há fato típico e ilícito, mas a culpabilidade do agente é excluí-
da; a coação moral resistível atua como circunstância atenuante
genérica.
e) Verifica-se a situação de obediência hierárquica tanto nas rela-
ções de direito público quanto nas de direito privado, uma vez
Direito Penal
111.2 Síntese
Legítima defesa contra ato de pessoa jurídica é cabível, pois os atos da pes-
soa jurídica se exteriorizam através de pessoas físicas.
Legítima defesa sucessiva: É a reação contra o excesso. Exemplo: “A”, de agres-
sor vira vítima e “B”, que era vítima, vira agressor, ou seja, os papéis de invertem.
Já a legítima defesa real não cabe. É preciso que haja agressão injusta e no
momento em que uma das partes agride a outra, esta primeira agressão é injus-
ta. Ocorre que a agressão do outro já será justa.
É preciso ressaltar que cabe legítima defesa putativa de putativa.
Ainda, é necessário lembrar que cabe legítima defesa real de legítima de-
fesa putativa.
Exercício
151. (Cespe – 2010 – DPE-BA – Defensor Público) Em cada um nos itens
seguintes, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma as-
sertiva a ser julgada com lastro no direito penal.
Nelson foi flagrado na lagoa do Abaeté, área de proteção ambiental,
portando apetrechos para pesca artesanal – duas varas de pescar, isca,
caixa de isopor, faca de cozinha. Constatou-se, na ocasião, que Nel-
son pretendia pescar para alimentar a família, que passava grandes
privações. Nessa situação, resta configurado o crime ambiental de
penetração, com porte de instrumentos para pesca, em área de pro-
teção ambiental, delito considerado de mera conduta, o que obsta a
incidência das causas excludentes de ilicitude.
Exercício
152. Suponha que, para se defender da injusta agressão de Abel, Braz des-
fira tiros em direção ao agressor, mas erre e atinja letalmente Caio,
terceiro inocente. Nessa situação, Braz não responderá por delito
algum, visto que a legítima defesa permanece intocável. Certo ou
errado?
Exercício
153. (Cespe – 2010 – DPU – Defensor Público) Acerca das causas exclu-
dentes da ilicitude, julgue o próximo item.
A responsabilidade penal do agente nos casos de excesso doloso ou
culposo aplica-se às hipóteses de estado de necessidade e legítima de-
fesa, mas o legislador, expressamente, exclui tal responsabilidade em
casos de excesso decorrente do estrito cumprimento de dever legal ou
do exercício regular de direito.
114.2 Síntese
O art. 23, III, do Código Penal dispõe acerca do exercício regular de direito.
Para os autores clássicos, há exclusão da tipicidade e, para Zaffaroni, trata-se de
causa de atipicidade, uma vez que não há antinormatividade.
A primeira hipótese traz as lesões graves decorrentes das atividades esporti-
Direito Penal
Exercício
154. Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma situação hipotéti-
ca, seguida de uma assertiva a ser julgada.
Arnaldo, lutador de boxe, agindo segundo as regras desse esporte, ma-
tou Ailton durante uma luta. Nesse caso, em razão da gravidade do
fato, a violência esportiva não será causa de exclusão do crime.
115.2 Síntese
Princípio da adequação social: Conduta inserida no âmbito da normalida-
de das regras de cultura de um povo (causa de exclusão da tipicidade material).
A segunda hipótese de exercício regular de direito traz os ofendículos, que
são meios ofensivos predispostos à defesa da propriedade. Exemplo: Cerca elé-
trica, cacos de vidro.
Se ocorrer o exercício regular de direito, não haverá crime. Contudo, se o
exercício for irregular, existirá crime.
Exercício
Direito Penal
116.2 Síntese
Não é qualquer pessoa que pode exercer medicina, é preciso que siga todo
o caminho para tal. Assim, fala-se em exercício regular de direito em relação
aos médicos.
Excepcionalmente, temos o exercício da atividade médica em estado de
necessidade. O leigo que exerce medicina na ausência absoluta do médico está
em estado de necessidade.
Outro exemplo seria perigo iminente de morte e falta de consentimento do
paciente, nos termos do art. 145, § 3º, inciso I, do Código Penal.
Quanto ao estrito cumprimento do dever legal, temos como natureza jurí-
dica uma causa de exclusão de ilicitude. Contudo, se perguntarem em concur-
so a respeito de Zaffaroni, tem-se causa de exclusão de tipicidade por ausência
de antinormatividade.
Exercício
Direito Penal
117.2 Síntese
Executor da medida: Há uma tese que parece ter sido feita para funcionário
público, para agente do Estado. A posição majoritária é a de que o executor
pode ser tanto agente público quanto particular.
Há deveres que não o legal, como dever religioso, dever moral, dever ético.
Nestes casos, não cabe o estrito cumprimento do dever legal.
Trabalham-se aqui com lei em sentido amplo, que é a lei em sentido estrito
juntamente com todas as hipóteses normativas ou legislativas que estão no art.
59 da Constituição Federal, inclusive atos administrativos.
Exercício
118.2 Síntese
O excesso é uma intensificação desnecessária a uma conduta que era ini-
cialmente justificada e está previsto no parágrafo único do art. 23 do Código
Penal: “O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo ex-
cesso doloso ou culposo.”
O excesso punível pode se dar dolosamente ou culposamente. O excesso
doloso ocorrerá quando houver conduta consciente e voluntária. Se a intensifi-
cação desnecessária advém de negligência, imprudência ou imperícia, teremos
o excesso culposo.
Exercício
158. Em cada uma das alternativas a seguir, há uma situação hipotética
seguida de uma afirmação que deve ser julgada. Assinale a alternativa
em que a afirmação está correta:
a) Pedro cercou sua casa de fios elétricos sem nenhuma indicação
visível. Antônio, tarde da noite, tentou entrar na casa de Pedro e
acabou falecendo em virtude da descarga elétrica sofrida. Nes-
sa situação hipotética, por constituir o referido ofendículo uma
situação de legítima defesa, Pedro não poderá sofrer nenhuma
reprimenda por parte do Direito Penal.
b) João flagrou sua esposa, Maria, com um amante chamado José,
na frente da casa em que moravam, em um condomínio fecha-
do do Distrito Federal. Diante desse fato, reagiu dando tiros em
José, que veio a falecer em decorrência disso. Nessa situação hi-
potética, não se admite a legítima defesa da honra, pois o Código
Penal faz distinção expressa entre os direitos passíveis de proteção
pelo instituto da legítima defesa.
Direito Penal
119.2 Síntese
O parágrafo único do art. 23 dispõe: “O agente, em qualquer das hipóteses
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.”
O excesso é uma intensificação desnecessária e pode ser punível ou impu-
nível. Se o agente se excede desnecessariamente de forma dolosa, o excesso
será doloso.
O excesso impunível também se dá de duas formas: causal (acidental) ou
exculpante.
Se for excesso desnecessário causal ou acidental, a intensificação decorre
de caso fortuito ou força maior.
Se for exculpante, o excesso decorre de perturbação de ânimo, de medo, de
Direito Penal
120.2 Síntese
O excesso intensivo ou próprio é o excesso propriamente dito, que exis-
te quando ainda estão presentes os pressupostos das causas de exclusão de
ilicitude.
Já o extensivo ou impróprio é aquele que existe quando não estão mais
presentes os pressupostos das causas de exclusão de ilicitude, representando
um crime autônomo.
O art. 483 do Código de Processo Penal traz os quesitos que são apresenta-
dos no júri. O primeiro trata da materialidade do fato (existência do crime), o
segundo trata da autoria.
O terceiro indaga se o jurado absolve o acusado e se a resposta for positiva,
não se quesita o excesso doloso.
Direito Penal
121.2 Síntese
Culpabilidade significa reprovação, juízo de censura que recai sobre o
comportamento típico e ilícito do agente.
O art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal traz definição de crime:
“Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena
de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena
de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.”
O conceito analítico, doutrinário, traz que o conceito de crime depende
da teoria adotada.
Do ponto de vista causalista, crime é fato típico, ilícito e culpável, ou seja,
a culpabilidade é um elemento do crime, não é um mero pressuposto para
aplicação da pena.
Direito Penal
A teoria finalista se for tripartite trará que crime é fato típico, ilícito e cul-
pável e se for bipartida temos que crime é fato típico e ilícito, sendo a culpabi-
lidade mero pressuposto para aplicação da pena.
235
Exercício
161. São elementos constitutivos da culpabilidade, EXCETO:
a) imputabilidade do agente.
b) vontade de realizar a conduta.
c) possibilidade de consciência da ilicitude.
d) exigibilidade de conduta diversa.
122. Coculpabilidade
122.1 Apresentação
122.2 Síntese
Zaffaroni traz a Questão da coculpabilidade, uma codivisão de respon-
sabilidades. Exemplo: Sujeito praticou um crime e cumpre pena no sistema
carcerário. Quando termina de cumprir a pena, não consegue emprego, uma
vez que está rotulado como ex-presidiário.
Ocorre que o Estado não reeduca e, assim, se esse sujeito na prática do
segundo crime age por falta de opção.
O art. 66 do Código Penal dispõe: “A pena poderá ser ainda atenuada em
razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não
prevista expressamente em lei.”
Ainda, o art. 19, inciso IV, da Lei nº 11.343/2006 dispõe: “As atividades de
prevenção do uso indevido de drogas devem observar os seguintes princípios
e diretrizes: IV – o compartilhamento de responsabilidades e a colaboração
mútua com as instituições do setor privado e com os diversos segmentos sociais,
incluindo usuários e dependentes de drogas e respectivos familiares, por meio
do estabelecimento de parcerias.”
O princípio da vulnerabilidade diz que o sujeito é vulnerável porque não
teve estudo, não teve emprego. É uma tese acolhida por alguns e outros enten-
Direito Penal
conceito de coculpabilidade.
d) O primeiro autor refere-se a imputação subjetiva; o segundo ao
conceito de coculpabilidade.
237
123. Teoria Psicológica e
Psicológico-Normativa
123.1 Apresentação
123.2 Síntese
A teoria causalista trabalhava com a ideia de dolo normativo, que era forma-
do por consciência, vontade e consciência da ilicitude.
No momento em que há passagem do causalismo para o finalismo, a teoria
finalista faz com que o dolo que está dentro da culpabilidade ir para o tipo.
A primeira teoria em relação à culpabilidade é a teoria psicológica, que traz
que culpabilidade é um nexo psíquico que une o delito ao seu autor, tornando-
-o penalmente responsável. Ainda, dolo e culpa são espécies de culpabilidade.
Na evolução do pensamento dogmático, temos a teoria psicológico-norma-
tiva. Tal teoria traz que a culpabilidade pressupõe que o agente seja imputável,
inserindo a exigibilidade de conduta diversa (elemento normativo).
Exercício
163. (Cespe – 2010 – DPU – Defensor Público) A respeito das teorias da
culpabilidade, julgue os itens que se seguem.
Segundo a teoria psicológica da culpabilidade, o dolo e a culpa fa-
zem parte da análise da culpabilidade, e a imputabilidade penal é
pressuposto desta.
Exercício
164. (Cespe – 2010 – DPE-BA – Defensor Público) Com base no direito
penal, julgue o item que se segue.
A inexigibilidade de outra conduta afasta elemento que integra a cul-
pabilidade normativa pura. Certo ou errado?
125.2 Síntese
Conforme já visto, tipicidade é adequação, ilicitude significa contrariedade
e culpabilidade significa reprovação ou censura.
Em relação às teorias, nota-se que tivemos uma evolução, chegando, por
fim, à teoria normativa pura, também chamada de extremada.
No entanto, temos a teoria limitada da culpabilidade, que é uma dissidên-
Direito Penal
Exercício
165. (Cespe – 2010 – Detran-ES – Advogado) Julgue os próximos itens,
acerca de culpabilidade e de punibilidade.
Tratando-se de culpabilidade, a teoria estrita ou extremada e a te-
oria limitada são derivações da teoria normativa pura e divergem
apenas a respeito do tratamento das descriminantes putativas. Certo
ou errado?
126.2 Síntese
De acordo com o conceito tripartite, crime é fato típico, ilícito e culpável.
No fato típico, tem-se a conduta humana dolosa ou culposa, resultado jurídico,
nexo causal e tipicidade.
Todos os fatos típicos serão ilícitos, exceto se estiverem acobertados por
uma excludente de ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade, estrito
cumprimento do dever legal e exercício regular de direito).
Dentro da culpabilidade, há imputabilidade, potencial consciência da ilici-
tude e exigibilidade de conduta diversa.
128.1 Apresentação
128.2 Síntese
Em regra, todo agente é imputável, salvo se presente uma dirimente, uma
causa que exclua a imputabilidade. Assim, dirimente é uma causa excludente
de imputabilidade.
Direito Penal
129.2 Síntese
Desenvolvimento mental incompleto é o desenvolvimento mental que ain-
da não se concluiu. Estão aqui os menores de idade e os índios não integrados
à sociedade. Este desenvolvimento ainda não se concluiu em razão da recente
idade cronológica do sujeito ou da falta de convivência em sociedade.
Para o legislador, a presunção de que quem tem menos de dezoito anos não
sabe o que faz ou não consegue se comportar de acordo com este entendimen-
to é absoluta. Assim, basta não ter dezoito anos completos para conseguir esta
dirimente.
O art. 27 do Código Penal estabelece que os menores de dezoito anos são
penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legisla-
ção especial.
Faz-se necessário entender que o menor de dezoito anos sofre esta tutela da
criança e do adolescente por ser um adolescente em situação de risco.
Direito Penal
130.1 Apresentação
130.2 Síntese
Há três sistemas para medir o grau de inimputabilidade de uma pessoa. O
primeiro é o critério biológico, o segundo é o critério psicológico e o terceiro é
o critério biopsicológico.
Para o sistema biológico, só interessa identificar se a pessoa tem ou não
uma doença mental ou um desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
Já o sistema psicológico não se preocupa com uma doença mental do agen-
te, com uma patologia, só se preocupa se no momento da ação ou omissão o
agente tinha capacidade de entender que era errado e de se comportar de outra
maneira.
No sistema biopsicológico, é preciso combinar os dois sistemas e extrair ao
mesmo tempo a conclusão. Assim, soma-se a presença de uma causa excluden-
te da imputabilidade com a análise do agente se este no momento da ação ou
da omissão, tinha capacidade de entender que aquilo era errado e se controlar
para não praticar a conduta.
Dispõe o art. 26 do Código Penal:
“Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvi-
mento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.”
Em regra, o Brasil adotou o critério biopsicológico, porém, no caso do me-
nor de dezoito anos, basta a idade, ou seja, nesta hipótese, o Brasil adotou o
critério biológico.
Duas correntes regem a questão da maioridade penal. A primeira, que trata
a maioridade como cláusula pétrea, traz que não pode haver alteração nem
Direito Penal
131.2 Síntese
O primeiro critério a ser observado é o critério causal, que analisa se a pes-
soa é portadora de doença mental ou de desenvolvimento mental incompleto
ou retardado.
O segundo é o requisito cronológico, em que se analisa a atuação do agente
no momento da ação ou da omissão.
O terceiro requisito é denominado requisito consequencial, que é a perda
total da capacidade de entender ou querer.
Faz-se necessário entender que os três requisitos precisam estar presentes
para que se fale em critério biopsicológico.
É preciso lembrar que, por opção de política criminal, o critério que vai afe-
rir a inimputabilidade do menor de dezoito anos é apenas o critério biológico.
Em resumo, os requisitos são três: requisito causal, cronológico e conse-
quencial. No caso do menor de dezoito anos, há somente o requisito causal,
pois o critério biológico afere apenas a idade do sujeito.
132.2 Síntese
A imputabilidade localiza-se na parte geral do Código Penal, porém, para
que seja aplicada, é preciso que haja processo penal.
Direito Penal
133.2 Síntese
Embriaguez é a causa capaz de levar a exclusão da capacidade de entendi-
mento e de vontade do agente, em virtude de uma intoxicação aguda e transi-
tória, causada por álcool ou qualquer substância de efeitos psicotrópicos.
As substâncias de efeitos psicotrópicos podem ser de natureza entorpecen-
te, estimulante ou alucinógeno.
É preciso observar a classificação das substâncias psicotrópicas: substâncias
psicolépticas (tranquilizantes), psicoanalépticas (estimulantes) e psicodislépti-
cas (alucinógenas).
Direito Penal
134.2 Síntese
As espécies são: embriaguez não acidental; embriaguez acidental; embria-
guez patológica; e embriaguez preordenada.
A embriaguez não acidental pode ser voluntária ou culposa.
Na embriaguez voluntária, o agente ingere substância alcoólica ou de efeitos
análogos com a intenção de embriagar-se (o dolo do sujeito é ficar embriagado).
Na embriaguez culposa, o agente quer ingerir a substância, mas não
tem a intenção de embriagar-se, porém, isso ocorre em decorrência de sua
imprudência.
Embriaguez completa é a retirada total da capacidade de entendimento e
vontade do agente, pois o sujeito perde a noção do que está acontecendo.
Embriaguez incompleta ocorre quando o sujeito perde parcialmente a ca-
pacidade de autodeterminação e intelecção da pessoa.
Dispõe o art. 28, II, do Código Penal:
“Art. 28. Não excluem a imputabilidade penal:
(...)
II – a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efei-
tos análogos.”
Faz-se necessário entender, portanto, que a embriaguez voluntária inten-
cional ou culposa nunca poderá servir como dirimente.
136.2 Síntese
Na embriaguez acidental, a ingestão de álcool ou de substâncias psicotrópi-
cas acontece sem que o agente queira.
Exemplo: sujeito ingere uma bebida alcoólica pensando que é um suco e,
assim, por caso fortuito acaba ficando em situação de embriaguez.
Há, ainda, outra hipótese, em que a pessoa está tomando antibiótico e inge-
re bebida alcoólica, ficando em situação de descontrole.
Além do caso fortuito, existe a força maior, em que há uma movimentação
externa que vai contra a vontade do agente.
A embriaguez acidental pode se dar por caso fortuito ou força maior. Pode,
ainda, ser completa ou incompleta.
Direito Penal
137.2 Síntese
As dirimentes são situações que excluem a imputabilidade, situações que
tornam a pessoa inimputável. Há três causas excludentes da imputabilidade:
doença mental, desenvolvimento mental incompleto e retardado e embria-
guez acidental completa.
Faz-se necessário entender que a embriaguez patológica é considerada do-
ença mental. Trata-se do caso dos alcoólatras ou dependentes químicos (toxi-
cômanos), ou seja, pessoas que se colocam na situação de embriaguez por sua
inaptidão fisiológica de resistir a este tipo de situação.
No caso da embriaguez preordenada, o agente embriaga-se já se preparan-
do para a prática de um crime.
Nota-se que tanto na embriaguez dolosa quanto na embriaguez preordena-
da, o sujeito quer ficar embriagado, mas na voluntária o sujeito somente quer fi-
car embriagado e na preordenada o sujeito quer se embriagar e cometer crime.
É preciso observar que no caso de embriaguez preordenada se está na fase de
preparação e sabe-se que os atos preparatórios já constituem o início do crime.
O art. 61 do Código Penal traz as agravantes genéricas, que aumentam a
pena-base fixada pelo juiz. Cumpre ressaltar aqui que uma das agravantes é
justamente a embriaguez, ou seja, a embriaguez preordenada, além de não
excluir a imputabilidade, ainda permite uma agravante genérica.
139.1 Apresentação
139.2 Síntese
A responsabilidade penal da pessoa jurídica é um tema polêmico, mesmo
Direito Penal
140. Semi-imputabilidade
140.1 Apresentação
140.2 Síntese
O parágrafo único do art. 26 do Código Penal dispõe:
“Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,
em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”
Há diferenças entre o inimputável e o semi-imputável. A primeira é a con-
sequência jurídica, pois o inimputável fica isento de pena e o semi-imputável
recebe uma pena diminuída de 1/3 a 2/3. Ainda, entre as dirimentes que clas-
sificam os inimputáveis, há doença mental e para o semi-imputável fala-se em
perturbação da saúde mental.
O inimputável não tem a menor condição de entender o caráter ilícito do
fato. Já o semi-imputável não é nem plenamente capaz de entender e nem
plenamente incapaz de entender.
Direito Penal
Exercício
167. Considera-se dirimente:
a) embriaguez voluntária;
b) emoção;
c) embriaguez patológica;
d) embriaguez preordenada.
141.2 Síntese
Há critérios para aferição do objeto da potencial consciência da ilicitude.
O primeiro diz que é necessário que o agente tenha conhecimento total, real e
atual da ilicitude daquele comportamento.
O critério material exige conhecimento antissocial, conhecimento do in-
justo do comportamento.
O terceiro critério é o chamado critério intermediário, fala em conheci-
mento potencial da ilicitude. É o chamado conhecimento profano da ilicitude,
profano no sentido de que exige esforço do homem médio e nada além.
Direito Penal
142.2 Síntese
A expressão ignorantia legis neminem excusat diz que ninguém pode deixar
de cumprir a lei alegando ignorância.
A antiga LICC, que hoje se chama Lei de Introdução às normas do Direito
Brasileiro (Lei de Introdução ao Direito Brasileiro), traz em seu art. 3º que
ninguém pode deixar de cumprir a lei alegando que a desconhece.
O art. 21 do Código Penal dispõe: “O desconhecimento da lei é inescusá-
vel. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável,
Direito Penal
Exercício
169. Quanto à tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade e causas
de exclusão de ilicitude e culpabilidade, julgue os seguintes itens.
De acordo com parte da doutrina, a evolução da teoria da culpabili-
dade fez que, nos dias atuais, não se exija mais a consciência da ilici-
tude, contentando-se o direito com a consciência profana do injusto,
consubstanciada pelo conhecimento da antissociedade, da imoralida-
de e da lesividade da conduta, conforme normas gerais de conduta e
de princípios morais e éticos. Certo ou errado?
143.2 Síntese
O erro que incide sobre a ilicitude, mas exclui a culpabilidade, é chamado
erro de proibição escusável ou inevitável, nos termos do art. 21 do Código
Penal, que dispõe: “O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a
ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de
um sexto a um terço.”
Há duas possibilidades aqui: uma seria o completo desconhecimento da lei
e outra seria o conhecimento equivocado da lei.
Direito Penal
Exercício
170. Acerca das causas excludentes da ilicitude e culpabilidade, julgue o
próximo item:
Constitui erro de proibição indireto a situação em que o agente,
embora tendo perfeita noção da realidade, avalia de forma equivo-
cada os limites da norma autorizadora, respondendo com a pena
reduzida, se o erro for inescusável, ou ficando isento de pena, se
for escusável.
144.2 Síntese
O erro de proibição é o que incide sobre o caráter proibitivo da norma e o
erro de tipo incide sobre o erro constitutivo do tipo.
Enquanto o erro de proibição está previsto no art. 21 do Código Penal, o
erro de tipo está no art. 20, caput, do mesmo diploma legal.
Quando há erro de proibição, se este for inevitável ou escusável exclui-se
a culpabilidade e se for erro de tipo escusável ou inevitável, exclui-se o dolo
e a culpa.
Já se o erro de proibição for evitável, não se exclui nada, somente diminui-
-se a pena e se for erro de tipo inescusável somente exclui o dolo, permitindo a
Direito Penal
145.2 Síntese
O erro de proibição pode ser direto ou indireto. O erro de proibição direto é
aquele em que o agente desconhece o caráter proibitivo da norma ou conhece
o caráter proibitivo, mas o interpreta mal.
Exemplo: Agricultor que sempre fez queimadas para preparar a terra para o
plantio continua a fazer, pois não acha que tal ação é crime.
Se for escusável, há exclusão da culpabilidade e se for inescusável, há di-
minuição da pena.
Exercício
172. Acerca do erro na lei penal brasileira, assinale a opção correta:
a) O erro inescusável sobre elemento constitutivo do tipo legal de
crime exclui o dolo e a culpa, se prevista em lei.
b) O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não
isenta o agente de pena, sendo consideradas as condições ou qua-
lidades da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
c) O erro sobre a ilicitude do fato é escusável, sendo que o des-
conhecimento da lei deve ser considerado como circunstância
agravante no momento da dosimetria da pena.
Direito Penal
146.2 Síntese
No erro de proibição indireto, o agente supõe estar ao abrigo de causa ex-
cludente da ilicitude que não é reconhecida pelo ordenamento jurídico ou o
agente equivoca-se quanto aos limites de uma causa excludente da ilicitude
que é reconhecida pelo ordenamento jurídico.
O art. 20, § 1º, traz hipótese em que há uma situação de fato que se real-
mente existisse tornaria legítima a conduta do agente.
A teoria limitada da culpabilidade entende que se trata de erro de tipo per-
missivo e a teoria extremada afirma que é erro de proibição.
Exercício
173. (Cespe – 2010 – DPE-BA – Defensor Público) Com base no direito
penal, julgue o item que se segue:
No que diz respeito ao erro de proibição indireto, ou erro de permis-
são, o agente atua com a convicção de que a ação que pratica não está
proibida pela ordem normativa, seja por desconhecer a norma penal,
seja por interpretá-la mal, supondo ser permitida a conduta.
Exercício
174. Julgue o item que se segue, à luz dos dispositivos do Código Penal
(CP):
O erro que recai sobre elemento constitutivo do tipo permissivo tam-
bém é conhecido como descriminante putativa, embora nem todo
erro relacionado a uma descriminante seja erro sobre elemento cons-
titutivo do tipo permissivo.
148.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
149.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
176. (FCC – 2010 – TCE-RO – Auditor) São pressupostos da culpabilidade:
a) a exigibilidade de conduta diversa e a possibilidade de conhecer
a ilicitude do fato.
b) a falta de dever de cuidado e a imputabilidade.
c) a possibilidade de conhecer a ilicitude do fato e a previsibilidade
do resultado.
d) o dolo e a culpa.
e) a exigibilidade de conduta diversa e a falta de dever de cuidado.
150.2 Síntese
Coação significa emprego de força física ou de grave ameaça para que al-
Direito Penal
Exercício
177. (Cespe – 2004 – Polícia Federal – Agente Federal da Polícia Federal
– Nacional) Julgue os seguintes itens, à luz do direito penal.
A coação física e a coação moral irresistíveis afastam a própria ação,
não respondendo o agente pelo crime. Em tais casos, responderá pelo
crime o coator. Certo ou errado?
151.2 Síntese
Para que haja a coação moral irresistível, é preciso que exista grave ameaça.
Ainda, a ameaça deve ser irresistível.
O perigo deve ser inevitável, ou seja, se a situação de perigo puder ser evi-
tada de qualquer outra forma, não se estará diante da coação moral irresistível.
Também, são necessários pelo menos três agentes: o coator, o coagido ou
coato e a vítima.
Na coação moral irresistível, temos o fato típico e a ilicitude, mas não temos
a culpabilidade.
Exercício
Direito Penal
152.2 Síntese
Há uma tese que pode cair em concurso, uma tese putativa dentro da coa-
ção moral. A coação pode ser física ou moral (emprego de grave ameaça).
Sendo a coação moral irresistível, exclui-se a culpabilidade.
Coação moral putativa – Exemplo: Sujeito liga para casa de outra pessoa
afirmando ser policial rodoviário federal e informa que está diante de um ve-
ículo acidentado. Diz, ainda, que suspeita que o veículo seja de seu filho e o
cidadão se apavora, perguntando se sua filha estaria lá. Assim, começa a for-
necer dados ao marginal, que na posse dos dados diz que sequestrou sua filha.
Ocorre que o marginal poderia ameaçar o sujeito, forçando-o a cometer
homicídio, por exemplo.
A tese é putativa porque sua filha nunca esteve em perigo, seu pai achava
que havia situação de perigo.
Exercício
179. Com relação à coação moral irresistível, é correto afirmar que:
a) exclui a culpabilidade.
Direito Penal
b) exclui a tipicidade.
c) exclui a antijuridicidade.
d) o coato age sem vontade.
261
153. Coação Moral Resistível
153.1 Apresentação
153.2 Síntese
Conforme já visto, a coação física exclui a conduta do coato (coagido),
sendo o fato atípico e a coação moral irresistível somente será punido o coator,
pois o coagido terá excluída sua culpabilidade.
Temos a autoria mediata na coação moral irresistível. Isso porque o coator
mediato responde por crime doloso, uma vez que o coagido é longa manus do
autor mediato.
No caso de resistibilidade (coação moral resistível), haverá concurso de pes-
soas, ou seja, ambos respondem pelo crime.
Em relação ao coator, incide o art. 62, II, do Código Penal (agravante para
ser aplicada no concurso de pessoas para aquele que coage outrem para prática
de crime).
Ainda, em relação ao coagido, pode ter uma atenuante prevista no art. 65,
III, “c”, do Código Penal.
Exercício
180. Acerca das excludentes de culpabilidade, da imputabilidade e do
concurso de pessoas, assinale a opção correta:
a) Exclui a culpabilidade do crime, por inexigibilidade de conduta
diversa, a coação física irresistível ou vis absoluta.
b) Na prática de crime em obediência hierárquica, se a ordem não
for manifestamente ilegal, o subordinado e o superior hierárqui-
co não respondem por crime algum.
c) Dividem-se os crimes em monossubjetivo e plurissubjetivo, sen-
do que somente neste último pode ocorrer concurso de pessoas.
d) A participação de menor importância configura exceção à teo-
ria monista, adotada pelo Código Penal quanto ao concurso de
Direito Penal
pessoas.
e) Ocorrendo coação moral resistível, não se afasta a culpabilidade,
havendo simplesmente reconhecimento de atenuante genérica.
262
154. Obediência Hierárquica: Requisitos
154.1 Apresentação
154.2 Síntese
Obediência hierárquica à ordem não manifestamente ilegal possui como
fundamento jurídico o art. 22 do Código Penal.
Há alguns requisitos em relação à obediência hierárquica. O primeiro é a
existência de, no mínimo, três pessoas: superior hierárquico, subordinado
e a vítima do crime.
Ainda, é necessário que exista relação de direito público entre superior e
subordinado. O poder hierárquico é inerente à Administração Pública, ou seja,
é necessário que haja funcionário público na relação.
O terceiro requisito é que haja ordem que parta do superior ao subordinado
e é preciso que tal ordem seja ilegal.
É necessário que a ordem pareça ser legal, ou seja, se o chefe mandar seu
empregado matar um sujeito, não será aparentemente legal.
Exercício
181. Quanto à tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade e causas
de exclusão de ilicitude e culpabilidade, julgue o seguinte item:
Na obediência hierárquica, para que se configure a causa de exclusão
de culpabilidade, é necessário que exista dependência funcional do
executor da ordem dentro do serviço público, de forma que não há
que se falar, para fins de exclusão da culpabilidade, em relação hie-
rárquica entre particulares.
Exercício
182. A respeito da tipicidade, ilicitude e culpabilidade, julgue o item sub-
sequente:
As causas legais de exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de
conduta diversa incluem a estrita obediência à ordem não manifesta-
mente ilegal de superior hierárquico. Caso o agente cumpra ordem
ilegal ou extrapole os limites que lhe foram determinados, a conduta
é culpável.
156.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
183. No que concerne ao estado de necessidade, é correto afirmar que:
a) o código penal adota a teoria diferenciadora, sendo todo estado
de necessidade justificante;
b) não há distinção entre estado de necessidade justificante e estado
de necessidade exculpante;
c) o código penal adota a teoria unitária, sendo todo estado de ne-
cessidade exculpante;
d) no estado de necessidade exculpante, o bem jurídico preservado
sempre será de maior valor do que o bem jurídico sacrificado;
e) para distinguir estado de necessidade exculpante e estado de ne-
cessidade justificante, é preciso ponderar bens jurídicos depois
de confrontá-los.
157.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
184. Podem ser consideradas causas supralegais de exclusão do crime:
a) O exercício regular de direito e a inimputabilidade, afastando a
ilicitude e a culpabilidade, respectivamente.
b) A insignificância e o erro sobre a ilicitude do fato, ambas afastan-
do a culpabilidade.
c) A adequação social e a coação moral irresistível, ambas afastando
a tipicidade.
d) O consentimento do ofendido, nos casos em que não integrar a
descrição típica, e a inexigibilidade de conduta diversa.
e) As descriminantes putativas e a coação física irresistível.
158.2 Síntese
Inexigibilidade de conduta diversa em sentido estrito é uma causa suprale-
gal de exclusão de culpabilidade.
Nelson Hungria entendia não ser possível uma tese chamada inexigibilida-
de de conduta diversa, não aceitava analogia in bonam partem nas dirimentes.
Já Aníbal Bruno entendia que a exigibilidade de conduta diversa diz respei-
Direito Penal
Concurso de Pessoas
1. Conceito e Requisitos
1.1 Apresentação
1.2 Síntese
O concurso de pessoas encontra-se previsto nos arts. 29, 30 e 31 do Código
Penal, apesar de estar disciplinado em apenas três artigos; doutrinariamente,
é um dos temas mais difíceis do Direito Penal, possuindo diversas teorias e
entendimentos sobre o tema.
As teorias referentes ao concurso de pessoas são muito diversificadas e di-
vergem entre os países. Poderão surgir questões a respeito da teoria pluralística
268
e sobre a teoria do domínio do fato, no que consiste a teoria objetivo-formal e,
apesar destas teorias não existirem na legislação brasileira, é importante conhe-
cer o seu conteúdo.
A primeira ressalva que deve ser feita para entender o conceito de concur-
so de pessoas é não confundir concurso de pessoas com concurso de crimes.
Concurso de crimes é a pluralidade de infrações penais, enquanto concurso
de pessoas é a pluralidade de agentes, também chamada por alguns autores de
codelinquência.
Antes da reforma penal de 1984, o título do concurso de pessoas era deno-
minado de coautoria. Após a reforma do Código Penal, adotou-se o nome de
concurso de pessoas porque esta terminologia engloba a coautoria e também
a participação.
O art. 29 do Código Penal diz: “quem, de qualquer modo, concorre para
o crime incide nas penas a este cominadas (...).” Isto quer dizer que em regra
tanto o autor quanto o partícipe irão receber o mesmo tratamento jurídico, ou
seja, a mesma pena.
Se a consequência jurídica é a mesma, por que separar em coautoria e
participação? Esta separação decorre da teoria monista, também denominada
de teoria restritiva.
A segunda ressalva pertinente é não confundir participação com participa-
ção de menor importância, visto que são situações diferentes. Apenas a parti-
cipação de igual ou maior importância receberá o mesmo tratamento jurídico
que o autor. A participação de menor importância recebe a pena do autor dimi-
nuída de 1/6; portanto, existem outros tipos de participação.
Assim sendo, no concurso de pessoas o autor e o partícipe recebem a mes-
ma reprimenda, pois todos concorrem para a realização do delito. Diferente
do que ocorre com o partícipe de menor importância, o qual receberá pena
menor que a do autor.
Consiste no concurso de pessoas o alcance da realização de condutas para
um resultado; significa praticar qualquer ato com relevância causal que acar-
rete a consumação do delito ou a tentativa, não necessariamente os verbos
previstos no tipo penal.
Exemplo do agente delitivo no crime de furto: furto é delito contra o patri-
mônio, sem violência ou grave ameaça. No furto qualificado com destruição
ou rompimento de obstáculo, todas as pessoas que concorreram para a infração
penal que praticarem elementares do tipo serão autores. Quem subtrair, quem
escalar, quem arrombar, enfim, todos aqueles que praticarem os verbos do art.
Direito Penal
155 e seus parágrafos serão autores (coautores). Já aquele que fica vigiando para
que os demais pratiquem o furto, vigiar não é conduta descrita no tipo penal,
portanto, será partícipe.
269
A subsunção da conduta “vigiar” não descrita no tipo penal ao crime
de furto ocorre em função do art. 29 do Código Penal que expressa: “quem, de
qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas (...).”
Este artigo liga a conduta do partícipe com sua responsabilização criminal,
respeitando assim o princípio da legalidade.
Exercício
186. (MPE/GO – 2012 – Promotor de Justiça) Com relação ao concurso
de pessoas, analise os seguintes itens:
I – Coautoria sucessiva é aquela que se daria quando, consumada
a infração, ingressaria o coautor, por adesão à conduta criminosa,
antes do exaurimento;
II – Nos crimes de mão própria (falso testemunho, v. g.) em regra
não se pode falar em coautoria porque o verbo núcleo do tipo exige
atuação pessoal do agente;
III – A coautoria exige que todos os coautores tenham o mesmo
comportamento;
IV – Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter
pessoal, inclusive quando elementares do crime;
V – Por força do art. 30 do Código Penal, o particular pode ser co-
autor nos crimes próprios (que exigem uma qualidade especial do
agente – peculato, v. g.), desde que tenha ciência dessa elementar.
Está correto apenas o que se afirma em:
a) I, II e V.
b) I, II e III.
c) II, III e IV.
d) II, III e V.
suir esta ligação de vontades entre os agentes é que a autoria colateral não é
considerada concurso de pessoas.
271
Exercício
187. (Cespe – Polícia Federal – 2012) Julgue o item a seguir com base no
direito penal:
No que diz respeito ao concurso de pessoas, o sistema penal brasilei-
ro adota a teoria monista, ou igualitária, mas de forma temperada,
pois estabelece graus de participação do agente de acordo com a sua
culpabilidade, inclusive em relação à autoria colateral ou acessória,
configurada quando duas ou mais pessoas produzem um evento típi-
co de modo independente uma das outras.
3.2 Síntese
Bem, até o momento foram vistos o conceito de concurso de pessoas e a
pluralidade de agentes praticando uma mesma infração penal.
Já foram estudados também os requisitos necessários para que se configure
o concurso de pessoas, sendo eles a pluralidade de agentes, a relevância causal
da conduta, a unidade de desígnios e a unidade de crime.
Até o momento já se sabe que, em regra, a teoria monista é a adotada pelo
Brasil e que esta define que todas as pessoas que praticam uma conduta com
relevância causal respondem pelo mesmo crime, incidindo nas penas a ele
cominadas. Por sua vez, o agente que praticou conduta de relevância causal
para o crime, porém, conduta esta não descrita no tipo penal será considerado
partícipe, incidindo a norma de extensão do art. 29 do Código Penal.
Apesar de a teoria monista ser a regra no direito brasileiros há exceções e
a primeira delas é a teoria pluralista, segundo a qual sobre um só fato haverá
pessoas respondendo por crimes diferentes, ou seja, um fato com mais de um
delito. Exemplos: delito de aborto: são duas condutas muito semelhantes ori-
ginárias do mesmo fato, a mulher interrompe a gestação de forma voluntária,
Direito Penal
Exercício
188. (Cespe – TJ/PI – 2012 – Juiz) Em relação ao concurso de pessoas,
assinale a opção correta:
a) Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não
se admite, em crime culposo, a possibilidade de concurso de
pessoas, que se caracteriza como o vínculo psicológico na coo-
peração consciente de alguém na conduta culposa de outrem;
b) A lei brasileira não admite a participação por omissão e a parti-
cipação em crime omissivo, uma vez que, para se distinguir o
coautor do partícipe, a conduta principal e a acessória devem
ocorrer de forma ativa, o que é incompatível com uma inação;
c) É desnecessária a descrição pormenorizada da conduta de cada
um dos envolvidos em crimes de autoria coletiva, bem como do
vínculo entre os réus e dos delitos a eles imputados, cabendo à
instrução processual o detalhamento da participação de cada
um dos agentes na empreitada delituosa;
d) De acordo com a teoria restritiva, autor distingue-se de partícipe
e, consoante o critério objetivo-subjetivo, não importa a prática
do núcleo do tipo de delito, considerando-se autor aquele que
detém o controle final do fato, o que domina toda a realização
delituosa;
e) Consoante a teoria da acessoriedade limitada, adotada do Có-
digo Penal, o partícipe somente responderá pelo crime se o fato
principal for típico, ilícito e culpável, incidindo ainda sobre o
partícipe todas as agravantes e atenuantes de caráter pessoal re-
lativas ao autor principal.
4. Autoria
4.1 Apresentação
Exercício
Direito Penal
5. Participação
5.1 Apresentação
5.2 Síntese
O conceito de participação doutrinariamente é dividido em quatro teorias.
São elas: acessoriedade mínima, acessoriedade limitada, acessoriedade extre-
ma e hiperacessoriedade. Das teorias apresentadas, é a acessoriedade limitada
vigente no Direito Penal brasileiro.
Conceito analítico de delito: fato típico, ilícito e culpável.
Para a teoria da acessoriedade mínima, basta que o fato seja típico.
Para a teoria da acessoriedade limitada, é necessário que o fato seja típico
e ilícito.
A teoria da acessoriedade máxima exige que o fato seja típico, ilícito e
culpável.
E, por fim, para a teoria da hiperacessoriedade, o fato tem de ser típico,
ilícito, culpável e existir a possibilidade do partícipe responder pelas circuns-
tâncias agravantes.
Surge a questão: o menor de 18 anos pode ser partícipe? O menor de 18
anos é penalmente inimputável. Um dos requisitos da culpabilidade é a impu-
Direito Penal
Exercício
Exercício
191. (Copeve – Prefeitura Penedo/AL – 2010 – Procurador Municipal)
Direito Penal
7.2 Síntese
Outros conceitos dentro do tema concurso de pessoas:
Primeira situação: “A” e “B” disparam suas armas contra “C”. “A” e “B”
possuem ajuste prévio, ou seja, “A” unido com “B” praticam o disparo contra
“C” por haver unidade de desígnios, pluralidade de pessoas, relevância causal
da conduta e um único crime, caracteriza-se o concurso de pessoas. Sempre
que preencher os quatro requisitos, estará diante do concurso de pessoas.
Direito Penal
Exercício
192. (Instituto Cidades – DPE/AM – 2011 – Defensor Público) Sobre o
concurso de pessoas, marque a alternativa correta:
a) Para a teoria pluralista ou da autonomia da participação, cada
qual realiza uma ação, havendo um vínculo psicológico pró-
prio, sendo que cada partícipe é considerado de forma autôno-
ma como autor;
b) Para a teoria monística ou unitária (igualitária), cada partícipe
é considerado de forma autônoma e única, havendo distinção
Direito Penal
8.2 Síntese
Primeiramente, é preciso que seja observada a habitualidade em relação
ao crime de associação, por exemplo. Existindo habitualidade na reunião, é
possível haver o crime de associação criminosa.
A associação eventual de pessoas que nem mesmo se conhecem para prati-
car delito de forma esporádica será concurso de agentes.
Para que haja organização criminosa, é preciso que existam quatro ou mais
agentes, já para que haja associação criminosa, o número é de três ou
mais agentes.
Faz-se necessário observar que não mais existem os termos quadrilha ou
bando, o que existe hoje é associação criminosa.
Quanto à contribuição dos coautores no fato criminoso, indaga-se se preci-
sa ser materialmente a mesma e a resposta é negativa. Exemplo: em um crime
de roubo em que um agente emprega a violência e outro subtrai o patrimônio
da vítima.
Ainda, todos os agentes respondem pela qualificadora ou pela agravante se
esta for de natureza objetiva. Se for de natureza subjetiva, somente a pessoa que
possui a característica responderá.
Outro questionamento é se cabe coautoria em crime omissivo próprio ou
puro e a resposta é positiva.
A pessoa que comete o crime é aquela que pratica o verbo previsto no tipo.
Direito Penal
Há também os partícipes, que não praticam o verbo descrito no tipo, mas res-
pondem. Assim, a responsabilidade do partícipe se dá pela norma de extensão
do art. 29 do Código Penal.
280
Exercício
193. Pela teoria do domínio do fato, podemos afirmar:
a) quem controla a ação é coautor;
b) quem controla a ação é partícipe;
c) quem controla a ação não pratica crime;
d) nenhuma das anteriores.
Direito Penal
Capítulo 5
1.2 Síntese
Primeiramente, é necessário que seja apresentado um histórico sobre o bi-
nômio ação/punição, sendo estudada a evolução das penas, dos castigos.
Ao se falar em violência humana, é possível dissociar estas palavras, perce-
bendo-se que a violência, em todos os sentidos, é algo inerente ao ser humano.
Hoje, aparentemente, as pessoas não usam a violência como estratégia de
resolução de conflitos, porém, algumas ainda usam-na como método de reso-
lução de conflitos de interesses.
282
No Brasil, há penas catalogadas na Constituição Federal, bem como penas
previstas no Código Penal. Neste sentido, o sujeito pode perder sua liberdade,
pode perder seus direitos por algum momento ou pode perder seu patrimônio.
Ressalta-se que no país há uma exceção em que é possível matar alguém
(pena de morte), prevista no ordenamento jurídico. A exceção se dá em caso
de guerra externa declarada.
Conclui-se que a violência sempre existiu, faz parte da natureza humana,
tem diferentes níveis de intensidade e os níveis mais intensos de violência fo-
ram selecionados pelo legislador para tipificar condutas e estipular penas.
2.2 Síntese
A Constituição Federal trabalha de forma objetiva, estabelecendo aquilo
que pode e o que não pode ser considerado pena.
As regras sobre as penas estão no art. 5º da Constituição da República e é
preciso lembrar que tudo o que está neste artigo é cláusula pétrea (não poden-
do ser suprimida nem mesmo por emenda constitucional).
Observa-se que os limites constitucionais podem ser apresentados em for-
ma de princípios.
O Princípio da Reserva Legal está previsto no art. 5º, XXXIX, da Constitui-
ção Federal e art. 1º do Código Penal, estabelecendo que não há crime e nem
pena sem lei anterior que o defina. Cumpre salientar que este princípio vem
acompanhado do Princípio da Anterioridade.
O segundo princípio é o Princípio da Intranscendência ou Princípio
da Personalidade, que estabelece que se o sujeito praticar uma infração
penal, somente este pode ser punido. Assim, a pena não passará da pessoa
do condenado.
O Princípio da Inevitabilidade traz que, se estiver presente prova da mate-
rialidade e indícios de autoria, o Estado tem obrigação de perseguir e punir o
Direito Penal
sujeito.
O Princípio da Intervenção Mínima dispõe que o Estado somente irá agir
em último caso.
283
Ainda, é necessário entender que as penas devem ser proporcionais ao atin-
gimento do bem jurídico.
Por fim, o Princípio da Individualização da Pena deve ser analisado no mo-
mento legislativo, no momento judicial e no momento executivo.
3.2 Síntese
O art. 5º, XLII, da Constituição Federal dispõe que a prática do racismo
constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
termos da lei.
O inciso XLIII estabelece que a lei considerará crimes inafiançáveis e in-
suscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpe-
centes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por
eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem.
O inciso XLIV dispõe que constitui crime inafiançável e imprescritível a
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
Estado Democrático.
O inciso XLV traz o Princípio da Intranscendência: nenhuma pena passará
da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação
do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.
O inciso XLVI do mesmo artigo traz a individualização da pena:
“XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras,
as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;” (...)
Direito Penal
O inciso seguinte estabelece que não haverá penas de morte, salvo em caso
de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; de caráter perpétuo; de traba-
lhos forçados; de banimento e cruéis.
284
4. Finalidades da Pena
4.1 Apresentação
4.2 Síntese
Suponhamos que haja três grupos diferentes: criminologia, política crimi-
nal e direito penal. O direito penal é uma ciência deôntica, pois analisa como
as coisas deveriam ser. A criminologia é uma ciência empírica, já que analisa
dados de como as coisas são. A política criminal, por sua vez, traça estratégias
para que seja diminuída a criminalidade.
Há algumas teorias que tratam das finalidades das penas: teoria retributiva
ou absoluta; teoria preventiva ou relativa; e teoria mista, que é a adotada pelo
Código Penal brasileiro.
A teoria absoluta não se importa com a eficácia do sistema de punição,
estabelecendo que quem faz algo errado deve receber um castigo.
Já a teoria preventiva pode ser de prevenção geral ou de prevenção especial.
Quando se fala em geral, fala-se em todos e quando se fala em especial, fala-se
apenas no condenado.
A teoria mista é uma fusão da retributiva e da preventiva. O art. 59 do CP é
claro no sentido de afirmar:
“Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta
social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequên-
cias do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, confor-
me seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.”
5.2 Síntese
Direito Penal
6.2 Síntese
O art. 32 do Código Penal estabelece que as penas são privativas de liberda-
de; restritivas de direitos; e de multa.
Direito Penal
É possível identificar que o Código Penal é de 1940, mas a parte geral data
de 1984. Assim, as penas são positivadas trabalhando também com penas alter-
nativas, que não retiram do condenado sua liberdade.
286
É preciso observar que não há categorias de criminosos em nosso ordena-
mento jurídico.
Sobre a pena privativa de liberdade, há duas observações que devem ser feitas.
Primeiramente, é necessário lembrar que não há prisão perpétua no Brasil.
Ainda, penas privativas de liberdade são cumpridas em presídios que, por
sua vez, são de natureza pública. Neste sentido, a pena privativa de liberdade é
cumprida em órgão público, gerido pelo Administrador Público.
Faz-se necessário ressaltar que não há previsão legal acerca da privatização
dos presídios brasileiros e no atual contexto existiria o risco de presos, con-
denados das organizações criminosas de grande capital, comprarem ações de
uma empresa de capital aberto, tornarem-se sócios majoritários de uma empre-
sa que administra um presídio.
A pena de multa consiste no pagamento de um valor em reais para o Fundo
Penitenciário.
7.2 Síntese
O art. 33 do Código Penal é um dos artigos mais utilizados por advogados,
promotores e juízes para que se trabalhe o momento de fixação da pena. Isso
porque é neste artigo que se descobre a questão do regime de cumprimento
de pena.
Primeiramente, é preciso que se diferencie a reclusão da detenção. Con-
tudo, observa-se que na prática não há um presídio só de detenção ou só de
reclusão.
Dispõe o art. 33 do Código Penal:
“Art. 33. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, se-
miaberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo
necessidade de transferência a regime fechado.”
Considera-se regime fechado a execução da pena em estabelecimento
de segurança máxima ou média. Considera-se regime semiaberto a execução
Direito Penal
8.2 Síntese
Após a condenação do sujeito, o juiz analisará a materialidade e autoria do
crime. Depois desta comprovação, o Direito permite ao magistrado condenar
o réu a uma pena previamente estipulada pelo legislador na Lei Penal. Neste
momento, o juiz irá dosar a pena, passando pelas três fases.
A partir do momento em que já existe uma pena definitiva, é possível esco-
lher o regime inicial de cumprimento de pena.
Se o sujeito for reincidente ou se foi condenado por crime hediondo ou
equiparado, necessariamente, iniciará o cumprimento de sua pena em regime
fechado.
O § 2º do art. 33 do Código Penal traz os outros critérios:
“§ 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma
progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios
e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado à pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la
em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos
e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semia-
berto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (qua-
Direito Penal
9.2 Síntese
Primeiramente, cumpre observar que o regime fechado é cumprido com
rigor penitenciário.
O art. 34 do Código Penal traz a seguinte informação:
“Art. 34. O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena,
a exame criminológico de classificação para individualização da execução.”
Exemplo: o sujeito da facção criminosa A não pode cumprir pena em um
presídio dominado pela facção criminosa rival, pois será morto.
Individualizada sua execução, o condenado fica sujeito a trabalho no perío-
do diurno e a isolamento durante o repouso noturno.
Ainda, o trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformi-
dade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatí-
veis com a execução da pena.
O § 3º do art. 34 estabelece que o trabalho externo é admissível, no regime
fechado, em serviços ou obras públicas.
Direito Penal
10.2 Síntese
A Constituição Federal logo em seu art. 5º dispõe acerca da igualdade de
gêneros.
O inciso L, do art. 5º, da Constituição traz os seguintes dizeres:
“L – às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permane-
cer com seus filhos durante o período de amamentação;” (...)
Há um local no estabelecimento prisional feminino em que a presa vai para
amamentar seu filho(a) e, em seguida, a presa e a criança são separados.
Quanto à presa que está cumprindo pena, há duas situações possíveis: situa-
ção em que a mulher já estava grávida quando praticou o crime e foi presa ou
situação em que ocorreu visita íntima no interior do estabelecimento prisional.
O Código Penal, em seu art. 37, traz uma regra de maior amplitude:
Direito Penal
11.2 Síntese
Os arts. 38, 39, 40 e 41 do Código Penal devem ser estudados em conjunto
com a Lei de Execução Penal.
O art. 38 trata dos direitos do preso, trazendo a seguinte redação:
“Art. 38. O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da
liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física
e moral.”
Ressalta-se que o preso condenado de forma definitiva tem seu sufrágio
universal mitigado, não podendo votar e nem ser votado.
Ainda, é possível que efeitos da condenação repercutam em sua natureza
profissional, mas não se deve confundir efeitos da condenação com pena.
O art. 39 do Código Penal trata do trabalho do preso:
“Art. 39. O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garanti-
dos os benefícios da Previdência Social.”
O art. 40 dispõe que a legislação especial regulará a matéria prevista nos
arts. 38 e 39 deste Código, bem como especificará os deveres e direitos do
preso, os critérios para revogação e transferência dos regimes e estabelecerá as
infrações disciplinares e correspondentes sanções.
Por fim, o art. 41 do Código Penal trata da superveniência de doença mental:
Direito Penal
“Art. 41. O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido
a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabeleci-
mento adequado.”
291
12. Detração Penal
12.1 Apresentação
12.2 Síntese
A detração penal é o desconto do tempo de prisão processual na pena de-
finitiva.
A prisão pode ser uma prisão processual e, depois de sentença condenatória
irrecorrível, a prisão-pena.
Neste sentido: a detração penal = prisão-pena – prisão cautelar.
Antes da alteração legislativa, a detração penal era reconhecida pelo juiz
da execução. Entretanto, em 2012, a Lei nº 12.736 trouxe que não cabe mais
ao juiz da execução reconhecer a detração; quem reconhece hoje é o próprio
juiz da vara comum.
Desta forma, o próprio juiz, no momento de sentenciar, já está autorizado
a fazer a conta da detração, descobrir a nova pena e, com isso, modificar o
regime inicial de cumprimento de pena.
Exercício
194. Não haverá penas de morte, salvo em caso de guerra declarada; de
caráter perpétuo; de trabalhos forçados; de banimento.
13.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
195. Acerca da substituição da pena privativa de liberdade por penas res-
tritivas de direito, assinale a opção incorreta:
a) É cabível a substituição mencionada quando aplicada pena pri-
vativa de liberdade de até quatro anos e o crime não for cometi-
do com violência ou grave ameaça à pessoa.
b) Quando se trata de crime culposo, será cabível a referida substi-
tuição para os casos a que se aplicar pena privativa de liberdade
de até oito anos.
c) Na condenação igual ou inferior a um ano, a referida substitui-
ção não pode ser feita por duas penas restritivas de direitos.
d) Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a subs-
tituição citada, desde que, em face de condenação anterior, a
medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se
tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
e) A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberda-
de quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição
imposta.
Direito Penal
293
14. Continuação dos Requisitos Objetivos das
Penas Restritivas de Direitos, Requisitos
Subjetivos das Penas Restritivas de Direitos
e Conversão
14.1 Apresentação
14.2 Síntese
Em relação aos crimes culposos, é possível a substituição da PPL por PRD,
independentemente da quantidade da pena privativa de liberdade aplicada e
ainda que haja violência contra a pessoa.
O segundo requisito objetivo está relacionado à quantidade da pena. Desde
que não tenha sido cometido com emprego de violência ou grave ameaça o
limite é de quatro anos. Em se tratando de crime culposo, pouco importa a
pena aplicada, uma vez que cabe sempre.
Os requisitos subjetivos dizem respeito à pessoa do condenado. A lei exige
que o agente não seja reincidente em crime doloso (art. 44, II, do Código Pe-
nal). Isso significa que se uma das infrações penais que estão sendo considera-
das para efeitos de reincidência for de natureza culposa, caberá a substituição.
Há uma exceção prevista no art. 44, § 3º, do Código Penal: “Se o condena-
do for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidên-
cia não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.”
O segundo requisito é conhecido como princípio da suficiência, está con-
tido no art. 44, III, do Código Penal: “As penas restritivas de direitos são autô-
nomas e substituem as privativas de liberdade, quando: III – a culpabilidade,
os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como
os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.”
A conversão pode ocorrer da forma inversa, ou seja, é possível que se con-
verta PRD em PPL. O § 4º do art. 44 do Código Penal dispõe: “A pena restritiva
de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumpri-
Direito Penal
Exercício
196. (TER-GO – 2009) Considerando a hipótese de um indivíduo ter
sido denunciado e condenado pelo crime de homicídio, assinale a
opção correta em relação às regras referentes à substituição da pena:
a) Se a pena não for superior a quatro anos de reclusão, o indivíduo
terá direito à substituição da pena privativa de liberdade pela
pena restritiva de direitos, ainda que o crime tenha sido doloso e
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa.
b) Em hipótese alguma, se o réu for reincidente, será possível a
substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva
de direitos.
c) Se o crime for culposo, o réu terá direito à substituição da pena
privativa de liberdade, ainda que o crime tenha sido cometido
com violência à pessoa.
d) O juiz, constatando a possibilidade de substituição da pena pri-
vativa de liberdade, poderá substituí-la por duas penas restritivas
de direito, não podendo a execução ter duração inferior à pena
privativa de liberdade substituída.
15.2 Síntese
Direito Penal
Indaga-se se cabe substituição da PPL por PRD nas condenações pela prá-
tica de crimes hediondos ou equiparados. Os requisitos legais já impedem a
substituição, uma vez que a pena é maior que quatro anos.
295
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, no entanto, tem se mani-
festado reiteradamente pela substituição.
Em relação ao tráfico de drogas, tal crime em tese poderia se adequar ao
limite legal de quatro anos, tanto na forma tentada como no reconhecimento
de causa de diminuição de pena, quando o agente é réu primário, portador de
bons antecedentes.
Ocorre que, o art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 vedava a conversão.
Todavia, o Supremo Tribunal Federal incidentalmente declarou a inconstitu-
cionalidade da expressão “vedada a conversão em penas restritivas de direitos”.
O inciso III do art. 43 do Código Penal trazia a pena de recolhimento do-
miciliar, porém, foi vetado pelo Presidente da República.
Contudo, o art. 13 da Lei dos Crimes Ambientais prevê o recolhimento do-
miciliar. Estabelece o dispositivo: “O recolhimento domiciliar baseia-se na au-
todisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilân-
cia, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo
recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local desti-
nado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.”
A prestação pecuniária está disciplinada no art. 45 do Código Penal. É des-
tinada à vítima do crime, aos seus dependentes ou à entidade pública ou priva-
da com destinação social, não podendo ser inferior a um salário mínimo e nem
superior a trezentos e sessenta salários mínimos.
Não se deve confundir a prestação pecuniária, que é uma pena restritiva
de direitos com o pagamento da multa. Isso porque caso não seja cumprida a
prestação pecuniária, a pena deve ser convertida em PPL.
Exercício
197. (Analista Judiciário – TRF2 – 2007) Sobre as penas restritivas de
direitos, é absolutamente correto afirmar que são dessa espécie:
a) perda de bens e valores; multa e prestação de serviços à comu-
nidade.
b) internação em Casa de Custódia; recolhimento domiciliar e
prestação pecuniária.
c) prestação pecuniária; perda de bens e valores e limitação de fim
de semana.
d) limitação de fim de semana; permissão para saída temporária e
Direito Penal
16.2 Síntese
Conforme já demonstrado anteriormente, a prestação pecuniária não deve
ser confundida com a pena de multa. São três as diferenças. A primeira é que
a prestação pecuniária é uma PRD e a pena de multa é pena pecuniária pro-
priamente dita.
Ainda, a prestação pecuniária é destinada à vítima do crime, aos seus de-
pendentes ou à entidade pública ou privada com destinação social. A pena de
multa, por sua vez, é encaminhada ao Fundo Penitenciário Nacional.
A prestação pecuniária não pode ser inferior a um salário mínimo e nem
superior a 360 salários mínimos. A multa é calculada entre 10 e 360 dias-mul-
ta, fixando-se cada um deles entre 1/30 do salário mínimo até cinco salários
mínimos.
Na prestação pecuniária o valor pago é deduzido do montante de eventual
condenação de ação cível de reparação de danos.
A perda de bens e valores é a segunda espécie de pena restritiva de direitos.
Trata-se de pena restritiva de direitos que consiste na retirada de bens e valores
integrantes do patrimônio lícito do condenado, transferindo-os ao Fundo Peni-
tenciário Nacional.
Tais bens podem ser móveis ou imóveis. Aliás, valores são tanto a moeda
corrente depositada em conta bancária como papéis atinentes a ações na bolsa
de valores.
A perda de bens e valores somente pode ser aplicada a crimes, ou seja, não
pode ser aplicada a contravenções penais.
A perda de bens e valores não pode ser confundida com o confisco que, por
sua vez, é efeito da condenação e não PRD. O confisco incide sobre o produto
Direito Penal
17.2 Síntese
O caput do art. 46 do Código Penal dispõe: “A prestação de serviços à co-
munidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações superiores a seis
meses de privação da liberdade.”
O § 2º do mesmo dispositivo traz: “A prestação de serviço à comunidade
dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabe-
lecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais.”
A expressão “entidades públicas” deve ser interpretada em sentido amplo,
para englobar tanto as públicas em sentido estrito (Administração Pública dire-
ta ou indireta), como também as privadas com destinação social.
O § 3º do art. 46 do Código Penal estabelece: “As tarefas a que se refere
o § 1º serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser cum-
pridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a
não prejudicar a jornada normal de trabalho.”
O § 4º traz: “Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao
condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca infe-
rior à metade da pena privativa de liberdade fixada.”
As tarefas executadas como prestação de serviços à comunidade não são re-
muneradas (art. 30 da Lei de Execuções Penais), e também não geram vínculo
empregatício com o Estado (art. 28, § 2º, da Lei de Execuções Penais).
Exercícios
Direito Penal
18.2 Síntese
As penas restritivas de direitos estão previstas no art. 43 do Código Penal
e serão abordadas em espécie nesta unidade de estudo. Vejamos quais são as
penas trazidas pelo dispositivo legal mencionado: “Art. 43 do Código Penal
– As penas restritivas de direitos são: I – prestação pecuniária; II perda de
bens e valores; III – (Vetado); IV – prestação de serviços à comunidade ou a
entidades públicas; V – interdição temporária de direitos; VI – limitação de
fim de semana.”
Das penas restritivas de direitos em espécie, a primeira, constante do inciso
I do art. 43, é a prestação pecuniária, prevista no art. 45, § 1º, 1ª parte, do Có-
digo Penal e diz: “A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro
à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação
social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo
nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos.”
A segunda pena restritiva trazida pelo art. 43 do Código Penal é a Perda de
Bens e Valores prevista no art. 45, § 3º, do Código Penal, que expressa: “A perda
de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação
especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto
– o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo
agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime.”
Seguindo com o estudo do art. 43 do Código Penal, o inciso IV estipula
a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, caracterizada
no art. 46, §§ 1º e 2º, Código Penal, conforme: “Art. 46 do Código Penal – A
prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às con-
denações superiores a seis meses de privação da liberdade. § 1º A prestação de
serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas
Direito Penal
Exercícios
204. (TJ/MG – 2009 – Magistratura) A prestação de serviços como sanção
restritiva de direitos, pode ser aplicada independentemente do quan-
tum da pena privativa de liberdade aplicada. Certo ou Errado?
205. (TJ/MG – 2005) É CORRETO afirmar que é possível a substituição
da pena privativa de liberdade quando:
a) a pena privativa de liberdade não for superior a 4 (quatro) anos,
mesmo se o crime tiver sido cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o
crime for culposo.
b) o condenado for reincidente, desde que, em face de condena-
ção anterior, a medida seja socialmente recomendável e a rein-
cidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo
crime.
c) a condenação for igual ou inferior a 1 (um) ano, substituindo-se
a pena privativa de liberdade por prestação pecuniária ou por
uma pena restritiva de direitos.
d) a condenação for superior a 1 (um) ano, substituindo-se a pena
privativa de liberdade por uma pena restritiva de direitos e pres-
Direito Penal
19.2 Síntese
É pacífico o entendimento de que o rol de penas trazido pelo art. 43 do
Código Penal é exaustivo, portanto, não pode o magistrado, no caso concreto,
criar outra espécie de pena alternativa.
Ainda referente às penas restritivas de direito do art. 43 do Código Penal,
vê-se que o inciso III foi vetado pelo Presidente da República; o referido inciso
previa a pena de recolhimento domiciliar. O veto amparou-se na alegação de
impossibilidade de fiscalização de pena dessa natureza, embora haja definição
desta modalidade de pena no art. 13 da Lei nº 9.605/1998.
Prosseguindo na análise do inciso do art. 47 que traz a pena de interdi-
ção temporária de direitos, vejamos o inciso III: “suspensão de autorização ou
de habilitação para dirigir veículo.” Esta pena é aplicada somente aos crimes
culposos de trânsito – art. 57 do Código Penal. Este dispositivo foi revogado
tacitamente pela Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito
Brasileiro.
O Código de Trânsito Brasileiro define os conceitos de autorização, per-
missão e habilitação. São elas: a autorização é exigida para condução de ciclo-
motores – art. 141 do Código de Trânsito Brasileiro, já a permissão se destina a
candidatos aprovados nos exames de habilitação, com validade de 1 ano – art.
148, § 2º, do Código de Trânsito Brasileiro e por último a habilitação que
diz respeito a condutores definitivamente aprovados nos exames e com licença
para dirigir veículos automotores, isto é, portadores de Carteira Nacional de
Habilitação (Carteira Nacional de Habilitação) – art. 148, § 3º, do Código
de Trânsito Brasileiro.
Direito Penal
O art. 47, III, do Código Penal não menciona a permissão, logo, tudo que
se relaciona com esta, deve ser disciplinado pelo Código de Trânsito Brasilei-
ro. Quanto à habilitação, os arts. 302 e 303 do Código de Trânsito Brasileiro
304
impõem a cominação cumulativa da pena privativa de liberdade com a pena
de suspensão ou proibição de obter permissão ou habilitação para dirigir
veículo automotor; em razão do Código de Trânsito Brasileiro ser lei posterior e
especial, a suspensão de habilitação aos crimes culposos de trânsito também
é tratada pelo Código de Trânsito Brasileiro.
Assim sendo, o art. 47, III do Código Penal hoje só é aplicado à suspensão
de autorização para dirigir veículo, destinada exclusivamente a ciclomotores
– art. 141 do Código de Trânsito Brasileiro. Portanto, o juiz somente pode
aplicar, com fulcro no art. 47, III, do Código Penal, a pena restritiva de direitos
de suspensão de autorização para dirigir ciclomotores relativamente a crimes
culposos de trânsito com ele praticados.
Importante não confundir o art. 47, III, do Código Penal (Suspensão de
Autorização/Crimes Culposos de Trânsito), com o art. 92, III, do Código
Penal (efeito da condenação/veículo utilizado como meio para a prática de
crime doloso).
O art. 47, IV, traz a “proibição de frequentar determinados lugares”. Embo-
ra definida pelo art. 47, IV, do Código Penal como pena restritiva de direitos,
é, em verdade, uma restrição da liberdade, pois o condenado é atingido direta-
mente em sua liberdade de locomoção. Apesar disso, é uma pena praticamente
inócua, de difícil e inexistente fiscalização.
A proibição de frequentar determinados lugares é também uma condição
do sursis especial – art. 78, § 2º, “a”, do Código Penal.
O inciso V “proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame pú-
blicos” é a novidade introduzida no art. 47 por força da Lei nº 12.550, de 15 de
dezembro de 2011, introdução esta visando cuidar do princípio da anterioridade.
A última pena restritiva de direito do art. 43 do Código Penal é o inciso VI
que prescreve a “limitação de final de semana”, está disciplinada no art. 48 do
Código Penal quando diz: “a limitação de fim de semana consiste na obrigação
de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de
albergado ou outro estabelecimento adequado. “Parágrafo único. Durante a
permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atri-
buídas atividades educativas.” Este dispositivo do art. 48 do Código Penal está
em consonância com as regras definidas pelos arts. 94 e 95 da Lei de Execuções
Penais.
Exercícios
Direito Penal
20.2 Síntese
Direito Penal
Exercícios
208. (Tribunal de Justiça do Amapá – 2009 – Questão 59) Em relação à
pena de multa, é acertado afirmar que:
a) a obrigação de pagá-la é transmissível aos herdeiros.
b) pode ser convertida em detenção.
c) pode ser aplicada cumulativamente com a pena privativa de li-
berdade, mas não substituí-la, ainda que em conjunto com res-
tritiva de direitos.
d) pode ser aumentada até o triplo, se o juiz, em virtude da situa-
ção econômica do réu, verificar a sua ineficácia, embora aplica-
da no máximo.
e) não admite atualização do valor pelos índices de correção
monetária.
209. (Procurador do Estado/PR – 2007) Acerca da execução da pena de
multa pela Justiça Criminal Estadual, é correto afirmar:
a) Porque a dívida é de valor, a execução da multa objetiva o paga-
mento de uma soma em dinheiro que, mesmo não realizado por
dolo depois de esgotados os meios executórios, jamais poderá
ensejar a conversão dessa sanção em prisão.
b) Não paga a multa, a titularidade para promover a execução da
dívida será do Ministério Público, haja vista o art. 164 da Lei de
Execução Penal.
c) A cobrança da multa deve ser feita pela Fazenda Pública Esta-
dual e, subsidiariamente pelo Ministério Público após o crédito
ser constituído como título executivo, através de sua inscrição
em dívida ativa, observando-se, para tanto, a Lei nº 6.830/1980.
d) A exigibilidade da multa não paga no prazo legal deverá ser de
iniciativa exclusiva da Procuradoria-Geral do Estado, sendo, po-
rém, desnecessária a inscrição do débito em dívida ativa, pois a
obrigação não possui natureza tributária.
e) A cobrança da multa deve ser feita pela Fazenda Pública e, sub-
Direito Penal
21.2 Síntese
No concurso de crimes, há ocorrência de dois ou mais delitos mediante a
prática de duas ou mais ações. Já no concurso de pessoas, há pluralidade de
agentes e uma unidade fática. Quanto ao concurso aparente de normas, trata-se
de uma explicação doutrinária em relação a uma possível confusão decorrente
de uma provável aplicação de mais de uma lei para o mesmo caso, o que não
pode ocorrer.
Havendo uma conduta e duas ou mais infrações, estar-se-á diante do con-
curso formal e, havendo duas ou mais condutas e duas ou mais infrações pe-
nais, estar-se-á diante do concurso material.
Exemplo de concurso formal: sujeito arremessa uma pedra na vidraça de
uma casa. Contudo, acaba acertando também a cabeça do morador.
Exemplo de concurso material: o atirador entra no cinema e, com uma
metralhadora, escolhe vítimas aleatoriamente e mata uma por uma.
No caso de concurso material, somam-se as penas, nos termos do art. 69 do
CP. Já no concurso formal existe o sistema de exasperação e não de acumula-
ção. A exasperação da pena significa que se escolhe a pena do crime mais grave,
somada de uma fração.
A terceira espécie de concurso se crimes é o crime continuado, previsto no
art. 71 do Código Penal.
Exercício
210. Sobre o concurso de crimes, assinale a alternativa CORRETA:
a) Há concurso formal quando o agente, com mais de uma ação,
pratica dois ou mais crimes; já o concurso material ocorre quan-
do há unidade de ação e pluralidade de infrações penais.
Direito Penal
22.2 Síntese
O concurso material é a prática de duas ou mais condutas, sendo obtidos
dois ou mais resultados.
É preciso entender que os resultados podem ser idênticos ou diversos. Se os
resultados forem idênticos, estar-se-á diante de um concurso material homogê-
neo e se forem diversos, estar-se-á diante de um concurso material heterogêneo.
Indaga-se: é possível a somatória de uma pena restritiva de direitos com
uma pena privativa de liberdade? A resposta é negativa, sendo a somatória pos-
sível no caso em que o juiz concedeu à pena privativa de liberdade uma sus-
pensão condicional da pena.
O art. 70 trabalha com o concurso formal ou ideal:
“Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se
iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto
até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos,
consoante o disposto no artigo anterior.”
Exercício
211. Tício foi condenado por dois crimes de furto, em concurso material.
A pena de cada um dos crimes foi de dois anos de reclusão, totalizan-
do quatro anos de reclusão. No caso, é correto afirmar:
a) não existe concurso material quando dois delitos praticados são
Direito Penal
idênticos.
b) os delitos, quando idênticos, permitem apenas o reconhecimen-
to da continuidade delitiva.
310
c) a prescrição verifica-se apenas com relação a um dos delitos,
devendo o segundo ser desprezado em virtude de ser igual ao
primeiro.
d) a prescrição opera-se isoladamente para cada um dos crimes.
23.2 Síntese
O concurso formal ou ideal é um concurso de crimes decorrentes de uma
única conduta, o que o diferencia do concurso material.
A primeira espécie de concurso formal é o concurso formal perfeito, ha-
vendo dois ou mais crimes, respondendo o agente pelo crime mais grave, com
acréscimo. Já no concurso formal imperfeito, somam-se as penas. Havendo
concurso formal homogêneo, ocorrerão resultados idênticos, conforme já es-
tudado. Em caso de concurso formal heterogêneo, os resultados serão diversos.
No concurso formal perfeito, é preciso observar que há um único desígnio.
Já no concurso formal imperfeito, existe multiplicidade de vontades.
Há teorias relacionadas à unidade de desígnio. O Código adotou a teoria
objetiva para o concurso formal imperfeito. Assim, basta que o sujeito tenha
pensando em dois crimes antes de praticar uma conduta.
O concurso formal imperfeito também é conhecido como concurso mate-
rial benéfico. O concurso material benéfico nada mais é do que a utilização do
concurso material para os casos em que o concurso formal for pior. Se a pena,
com o concurso material ficar menor, este será utilizado.
É preciso observar aqui o acréscimo do art. 70, qual seja, um sexto até a
metade.
Exercício
212. Analise a seguinte frase:
Direito Penal
24.2 Síntese
Não importa a quantidade de crimes praticados por uma pessoa, pois se
estes crimes forem praticados no mesmo tempo, mesmo modo de execução
e mesmo lugar, por uma ficção jurídica, o CP diz que esta pessoa cometeu
somente um crime.
Há duas espécies de crime continuado: crime continuado comum (pratica-
do sem violência e grave ameaça) e crime continuado específico (crime doloso,
praticado com violência ou grave ameaça, com vítimas diferentes).
As espécies são diferenciadas, pois a consequência jurídica de cada um de-
les é diferente. Para o crime continuado comum, tem-se a pena do crime mais
grave aumentada de um sexto a dois terços. Para o crime continuado específi-
co, aplica-se a pena do crime mais grave, que será aumentada até o triplo.
É preciso observar que o concurso material benéfico também é valido aqui,
já que se a soma das penas for inferior ao triplo da pena mais grave, será consi-
derada a pena menor.
Ainda, por ser uma ficção jurídica, a prescrição irá incidir individualmente
em cada crime.
Quanto aos requisitos para caracterização do crime continuado, há plura-
lidade de crimes da mesma espécie, condições subjetivas semelhantes (tempo,
Direito Penal
Exercício
213. O percentual do acréscimo de pena em razão do crime continuado
é fixado tendo-se em vista:
a) o iter criminis percorrido.
b) o número de infrações cometidas.
c) a capacidade econômica das vítimas.
d) o montante do prejuízo.
25.2 Síntese
Em matéria de crime continuado, ainda não foi editada pelo STF súmula
vinculante.
A Súmula nº 605 do STF dispunha:
“Não se admite continuidade delitiva nos crimes contra a vida.”
Contudo, após a reforma de 1984, tal súmula foi tacitamente revogada.
A Súmula nº 497 do STF dispõe:
“Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena im-
posta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.”
A Súmula nº 711 do STF estabelece:
“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanen-
te, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.”
A Súmula nº 243 do STJ diz:
“O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infra-
Direito Penal
26.2 Síntese
É preciso estudar agora a pena de multa. Estando-se diante de crimes em
concurso material ou concurso formal imperfeito, as penas de multa são soma-
das. Estando-se diante do concurso formal próprio ou da continuidade delitiva,
funciona o sistema da exasperação.
O art. 72 do Código Penal dispõe:
“No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e inte-
gralmente.”
O problema ocorre em relação ao crime continuado, uma vez que o enfoque
dado para este crime pode ser na vertente de que se trata de concurso de crimes
ou de que se trata de um só crime. A teoria adotada pelo Código é a da ficção
legal, sendo um único crime e, assim, trabalha-se com o sistema do art. 72.
Hoje prevalece que o sistema de exasperação para as penas de multa não
é aplicado.
Por fim, é preciso dar ênfase à diferenciação do concurso de crimes. No
concurso material, há duas ou mais ações e dois ou mais resultados. Já no con-
curso formal há uma só ação e dois ou mais resultados.
Direito Penal
Exercício
215. Com relação ao concurso de crimes, é correto que:
a) reconhecido o crime continuado, as penas de multa serão apli-
cadas distinta e integralmente, não se obedecendo ao sistema de
exasperação, destinado somente às penas privativas de liberdade.
b) no concurso formal heterogêneo, o agente com duas ou mais
ações provoca dois ou mais resultados, hipótese em que será
aplicada a pena do crime mais grave, aumentada de um terço
até dois terços.
c) concorrendo no concurso material e no formal, uma contraven-
ção e um crime punido com detenção ou reclusão, a pena de
prisão simples imposta será primeiramente cumprida, e sucessi-
vamente as demais.
d) havendo continuação em crimes praticados com violência, não
bastando a grave ameaça, ainda que contra uma única pessoa, o
juiz deverá aumentar a pena do crime-base até o triplo, observa-
do o limite máximo de trinta anos.
e) quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o
agente, em vez de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge
pessoa diversa, responderá por culpa, se o fato for previsto como
crime culposo.
27.2 Síntese
Direito Penal
Exercícios
216. (TJ/SP) De acordo com entendimento sumulado dos Tribunais Su-
Direito Penal
periores:
a) a pena unificada para atender ao limite de 30 (trinta) anos de
cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, deve
316
ser considerada para a concessão de outros benefícios, como o
livramento condicional ou regime mais favorável de execução.
b) a reincidência penal não pode ser considerada como circuns-
tância agravante e, simultaneamente, como circunstância ju-
dicial.
c) não se admite a progressão de regime de cumprimento de pena
ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determi-
nado, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.
d) a incidência da circunstância atenuante pode conduzir à redu-
ção da pena abaixo do mínimo legal.
e) é admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos rein-
cidentes condenados a pena igual ou inferior a 4 (quatro) anos,
ainda que desfavoráveis as circunstâncias judiciais.
217. (Concurso nº 179 para Juiz de Direito – TJ/SP) Assinale a alternativa
incorreta.
a) Não cabe suspensão condicional da pena quando não couber
substituição da pena corporal até 2 anos, por penas restritivas de
direitos.
b) A execução de pena privativa de liberdade não superior a 4
anos pode permitir a concessão da suspensão condicional da
pena por 4 a 6 anos para condenado maior de 70 anos à época
da condenação.
c) A condenação anterior à pena de multa não impede a suspensão
condicional da pena.
d) É cabível a suspensão condicional da pena, desde que o conde-
nado não seja reincidente em delito doloso.
Exercício
218. (EJEF – 2009 – TJ-MG – Juiz de Direito) Sobre a substituição das
penas privativas de liberdade por penas restritivas de direitos e sus-
pensão condicional da pena, marque a alternativa correta:
a) Àquele, reincidente em crime doloso, que já foi condenado à
pena privativa de liberdade, é terminantemente vedada a substi-
tuição da sanção corporal por penas restritivas de direito.
b) Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro
crime, o juiz da execução poderá deixar de converter a sanção
restritiva de direitos anteriormente aplicada, desde que o seu
cumprimento seja compatível com o da nova sanção penal.
c) Se a medida for socialmente recomendável e o condenado não for
reincidente específico, caberá a suspensão condicional da pena,
nos moldes das regras do art. 77 e seguintes do Código Penal.
d) A prestação de serviços, como sanção restritiva de direitos, pode
ser aplicada independentemente do quantum da pena privativa
de liberdade aplicada.
Exercícios
219. (Magistratura/SP 179) Assinale a alternativa incorreta.
a) Não cabe suspensão condicional da pena quando não couber
substituição da pena corporal até 2 anos, por penas restritivas de
direitos.
b) A execução de pena privativa de liberdade não superior a 4 anos
Direito Penal
30.2 Síntese
Quando há a revogação do sursis, o condenado deverá cumprir integral-
mente a pena privativa de liberdade que se encontrava suspensa, observando-se
o regime prisional determinado na sentença. O tempo em que ficou em perío-
do de prova, será descartado, ainda que tenha cumprido as condições impostas.
A revogação pode ser de duas espécies: obrigatória ou facultativa.
A revogação obrigatória decorre da lei, trata-se de dever do juiz decretá-la,
não havendo margem para discricionariedade acerca da decisão de manter ou
não a suspensão.
A revogação obrigatória está no art. 81, I, do Código Penal, sendo três as hi-
póteses em que a suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:
I – é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso. Independe se
a prática do crime doloso se deu antes ou durante o período de prova, fator de-
cisivo é o tempo do trânsito em julgado da condenação. Pacífico o entendimen-
to de que a condenação irrecorrível à pena de multa não autoriza a revogação
da suspensão condicional.
II – frustra, embora solvente, a execução da pena de multa ou não efetua,
sem motivo justificado, a reparação do dano. Duas posições acerca da possi-
bilidade de revogação do sursis: 1ª posição: Não é possível. A multa deve ser
tratada como dívida de valor, sujeitando-se a sua cobrança às disposições da
Lei nº 6.830/1980 (Lei de Execução Fiscal). 2ª posição: É possível. A Lei nº
9.268/1996 modificou somente o art. 51 do Código Penal, em nada se relacio-
Direito Penal
Exercícios
221. É possível suspender a execução da pena privativa de liberdade não
superior a 4 anos:
a) Quando o condenado for maior de 60 anos ou menor de 21 anos
de idade;
b) Quando o condenado for maior de 70 anos de idade ou em
razão de sua saúde.
c) Quando o condenado for maior de 70 anos de idade, menor de
21 anos de idade ou em razão de sua saúde.
d) Quando o condenado for maior de 60 anos de idade ou em
razão de sua saúde.
222. (Magistratura TJ/SC – 2009) É vedado ao juiz especificar outras con-
dições a que fica subordinada a suspensão da pena, além daquelas
previstas no Código Penal.
32.2 Síntese
Direito Penal
Exercícios
225. Assinale a alternativa correta:
É caso de revogação facultativa da suspensão condicional da pena:
a) a condenação em sentença irrecorrível, por crime doloso.
b) o descumprimento injustificado de prestação de serviços à co-
munidade ou da limitação de fim de semana.
c) a condenação em sentença irrecorrível, por crime culposo ou
contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de
direitos.
d) o envolvimento do condenado em ação penal instaurada por
outro crime.
226. (82º Concurso para Promotor de Justiça – MP/SP) Aponte o enun-
ciado falso:
a) Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas
de direitos, as frações de dia e, quanto à multa, também se des-
prezam frações.
b) É possível falar-se em estado de necessidade recíproco e impos-
sível dizer-se de legítima defesa recíproca.
c) Pode-se dizer que a condenação irrecorrível do sentenciado a
pena privativa de liberdade ou a pena restritiva de direitos, por
crime culposo ou contravenção, durante o período de prova, é
causa de revogação obrigatória do sursis.
d) É exemplificativo o rol de causas de extinção de punibilidade,
Direito Penal
33.2 Síntese
O livramento condicional tem previsão legal nos arts. 83 a 90 do Código
Penal. Trata-se de um benefício legal que pode ser concedido ao condenado
durante o cumprimento da sua pena.
O livramento condicional permite que o condenado abrevie sua reinserção
no convívio social, cumprindo parte da pena em liberdade, desde que presen-
tes os requisitos de ordem subjetiva e objetiva, mediante o cumprimento de
determinadas condições. Este instituto é de grande importância para a ressocia-
lização do condenado, garantindo a este esperança de retorno mais abreviado
à sociedade.
A liberdade é antecipada, condicional e precária. Antecipada: o con-
denado retorna ao convívio social antes do integral cumprimento da pena
privativa de liberdade. Condicional: durante o período restante da pena
(“período de prova”), o egresso submete-se ao atendimento de determinadas
condições fixadas na decisão que lhe concede o benefício. Precária: pode
ser revogada se sobrevier uma ou mais condições previstas pelos arts. 86 e 87
do Código Penal.
O Supremo Tribunal Federal entende que o livramento condicional é be-
nefício conferido pela lei ao condenado que preenche os requisitos legais. Há
outras posições: para Damásio de Jesus, é forma especial de execução da pena
privativa de liberdade. Para Celso Delmanto, é direito público subjetivo do
condenado de ter antecipada a sua liberdade provisória, desde que preenchidos
os requisitos legais.
Livramento condicional e sursis possuem vários pontos em comum: am-
bos são benefícios conferidos a condenados à pena privativa de liberdade
que atendem a diversos requisitos previstos na lei; são condicionais, durante
o seu período de vigência os condenados se sujeitam à fiscalização quanto à
observância de condições judicialmente fixadas; se iniciam com a audiência
admonitória.
Direito Penal
Exercício
227. (Tribunal de Justiça de Santa Catarina – 2010) Assinale a alternativa
incorreta:
a) A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão
da suspensão condicional da pena.
b) É admissível a suspensão condicional da pena, mesmo em se
tratando de condenado reincidente em crime culposo.
c) É vedado ao juiz especificar outras condições a que fica subor-
dinada a suspensão da pena, além daquelas previstas no Código
Penal.
d) Uma das diferenças entre a suspensão condicional da pena e o
livramento condicional refere-se ao período de prova, que para a
primeira dura de dois a quatro ou de quatro a seis anos, enquan-
to que para o segundo corresponde ao restante da pena a ser
cumprida.
e) Em determinados casos, é possível a concessão de livramento
condicional ainda que o crime tenha sido cometido mediante
violência ou grave ameaça à pessoa.
Exercício
228. (Magistratura Federal – TRF5 – 6º Concurso) Considere a seguinte
situação hipotética. Um indivíduo foi condenado definitivamente à
pena privativa de liberdade de 20 anos de reclusão, em fevereiro de
1990, por praticar crime de latrocínio em dezembro de 1989. Em
dezembro de 1993, ele foi novamente condenado pela prática de cri-
me de latrocínio, irrecorrivelmente, à pena privativa de liberdade de
30 anos de reclusão. Nessa situação, por ser reincidente específico, o
indivíduo não fará jus ao livramento condicional.
Exercício
229. (Concurso para Juiz de Direito – TJ/DFT – 2003) No que diz respei-
to ao livramento condicional, é incorreto afirmar:
a) O juiz pode conceder livramento condicional em caso de con-
travenção, sendo possível somente quando a prisão simples é
igual ou superior a dois anos.
b) Tratando-se de condenado por crime doloso cometido com vio-
lência ou grave ameaça, a concessão do livramento condicional
exige perícia de cessação da periculosidade do liberado.
c) No caso de reiteração criminal, para a concessão do livramento
condicional exige-se que ao menos um dos delitos autônomos
seja apenado com sanção superior a dois anos.
d) Computa-se o tempo de remição da pena para efeito de livra-
mento condicional.
36.2 Síntese
Condições para o cumprimento do livramento condicional: preenchendo
o condenado os requisitos objetivos e subjetivos do art. 83 do Código Penal, o
juiz da execução deverá conceder o livramento condicional mediante o cum-
primento de determinadas condições a serem especificadas na sentença ao ana-
lisar o seu pedido, pois se trata de direito subjetivo (art. 85 do Código Penal).
Direito Penal
O art. 132, § 1º, da Lei de Execuções Penais, determina que sejam sempre
impostas ao liberado condicional as seguintes condições: 1) obter ocupação
lícita, dentro do prazo razoável, se for apto para o trabalho; 2) comunicar perio-
333
dicamente ao juiz sua ocupação; e 3) não mudar do território da comarca do
Juízo da Execução sem prévia autorização deste.
O art. 132, § 2º, da Lei de Execuções Penais diz ainda ser facultado ao juiz
da execução impor ao liberado as condições de: 1) não mudar de residência
sem comunicação ao juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar
e de proteção; 2) recolher-se à habitação em hora fixada; e 3) não frequentar
determinados lugares.
O art. 144 da Lei de Execuções Penais prevê que o juiz, de ofício, a re-
querimento do MP ou mediante representação do Conselho Penitenciário e
ouvido o liberado, poderá modificar as condições especificadas na sentença,
devendo o respectivo ato decisório ser lido ao liberado por uma das autoridades
ou funcionários indicados no inciso I do art. 137 da Lei de Execuções Penais.
Procedimento do livramento condicional:
1. o pedido de livramento condicional deve ser endereçado ao juízo da
execução (arts. 66, III, “e”, e 131, ambos da Lei de Execuções Penais);
não precisa ser subscrito por advogado (art. 712, caput, do Código de
Processo Penal);
2. antes da sua decisão, o juiz deve ouvir o Ministério Público, sob pena
de nulidade, como determina a Lei de Execuções Penais (arts. 67 e 131
da Lei de Execuções Penais);
3. discute-se a necessidade de manifestação do Conselho Penitenciário
antes da concessão do livramento condicional. A polêmica reside na Lei
nº 10.792/2003, que alterou diversos dispositivos da Lei de Execução
Penal. Duas posições sobre o assunto:
1ª posição: é necessário o parecer do Conselho Penitenciário. Embora a
Lei nº 10.792/2003 tenha retirado do art. 70, I, da Lei de Execuções Pe-
nais – entre as incumbências do Conselho Penitenciário –, a de emitir
parecer sobre livramento condicional, remanesce no art. 131 da Lei de
Execuções Penais a necessidade dessa manifestação no procedimento
da liberdade antecipada;
2ª posição: com a edição da Lei nº 10.792/2003, dispensa-se o parecer
do Conselho Penitenciário. Pode o juiz da execução, portanto, conceder
ou denegar o livramento condicional sem a prévia manifestação desse
órgão. O parecer do Conselho Penitenciário não foi extirpado peremp-
toriamente; fica à discricionariedade do juiz, quando reputar necessário,
determinar sua realização. Supremo Tribunal Federal e Supremo Tribu-
nal de Justiça decidiram nesse sentido: Informativo Supremo Tribunal
Federal nº 525 e Informativo Supremo Tribunal de Justiça nº 276.
Direito Penal
Exercício
230. (Delegado de Polícia/AC – 2008) Haverá revogação obrigatória do
livramento condicional se o liberado for irrecorrivelmente condena-
do, por crime ou contravenção, qualquer que seja a pena cominada.
37.2 Síntese
Os arts. 86 (obrigatória) e 87 (facultativa) do Código Penal preveem as duas
hipóteses de revogação do livramento condicional.
A revogação deve ser decretada pelo juiz da execução, de ofício, a reque-
Direito Penal
Exercício
Exercício
232. (Tribunal de Justiça do Acre – 2007 – Questão 47) Acerca de aspec-
tos relacionados à aplicação da pena, assinale a opção correta.
a) O condenado, para fazer jus ao livramento condicional, deve
atender a requisitos objetivos e subjetivos previstos na legislação
ordinária. No que tange ao requisito da reparação civil do dano,
previsto no Código Penal, entende o Supremo Tribunal Federal
que, para o livramento condicional, basta a apresentação da cer-
tidão negativa em favor do condenado, provando que inexiste
ação indenizatória da vítima postulando a reparação.
b) A pena de 30 anos de reclusão, resultante da unificação autori-
zada pelo Código Penal, deve servir de parâmetro ao magistrado
para a concessão do benefício do livramento condicional, se-
gundo entendimento do Supremo Tribunal Federal.
c) A perda da arma utilizada para a prática de um delito pelo qual
o réu é condenado é efeito da condenação, sendo necessário,
todavia, pronunciamento expresso do juiz nesse sentido.
d) De acordo com precedentes do Supremo Tribunal Federal, é
lícito ao juiz criminal denegar a suspensão condicional da pena
em face da existência de outra ação penal em curso contra o
réu, o que caracterizaria maus antecedentes. Nessa hipótese,
caso o réu seja, posteriormente, absolvido na segunda ação pe-
nal, ele poderá requerer o sursis na instância própria, com base
no novo fato.
Exercício
233. (OAB/SP – Concurso 118º) Com relação ao tema do livramento
condicional, é correto afirmar:
a) revoga-se o livramento se o liberado vem a ser condenado à pena
privativa de liberdade em sentença irrecorrível, por crime du-
rante a vigência do benefício.
b) não se revoga o livramento se o liberado vem a ser condenado à
pena privativa de liberdade em sentença irrecorrível, por crime
anterior à vigência do benefício.
c) as penas que correspondem a infrações diversas não devem so-
Direito Penal
40.2 Síntese
Os efeitos da condenação são encontrados nos arts. 91 e 92 do Código
Penal.
No âmbito do Poder Judiciário, há uma distribuição de competências entre
órgãos jurisdicionais.
As varas criminais são responsáveis pela apuração da materialidade e da
autoria. Sendo tudo devidamente comprovado, o Estado-Juiz está autorizado a
sentenciar e condenar o sujeito.
Quando alguém é condenado no Brasil, surgem alguns efeitos que devem
ser observados, denominados efeitos da condenação.
Os efeitos da condenação podem ser principais ou secundários. O principal
efeito da condenação é a aplicação de uma pena criminal, que pode ser priva-
tiva de liberdade, restritiva de direitos ou multa. Pode ser aplicada, ainda, uma
medida de segurança para um semi-imputável.
O totalmente inimputável recebe uma medida de segurança, sendo esta
uma sentença absolutória imprópria. É preciso entender que o semi-imputável
recebe uma condenação criminal.
Além dos efeitos principais, há efeitos secundários, os quais estão positiva-
dos nos arts. 91 e 92 do Código Penal. A natureza jurídica dos efeitos secundá-
rios pode ser de natureza penal ou extrapenal, como a suspensão dos direitos
políticos, por exemplo.
Quando alguém é condenado criminalmente de forma definitiva, ou seja,
havendo trânsito em julgado, este fato induz a reincidência.
Outro efeito é o impedimento de concessão de suspensão condicional da
Direito Penal
41.2 Síntese
Conforme já estudado, além da pena, há efeitos secundários de natureza
penal, como a reincidência, o regime fechado, a revogação obrigatória do sur-
sis, a revogação obrigatória do livramento condicional, a impossibilidade de
concessão de sursis e os maus antecedentes. No entanto, é preciso considerar
também os efeitos extrapenais: efeitos que impactam a vida do sujeito conde-
nado criminalmente, mas que não têm natureza criminal.
Há dois grupos: os efeitos genéricos e os efeitos específicos.
O primeiro efeito genérico é a reparação do dano. O art. 91 do Código
Penal dispõe:
“Art. 91. São efeitos da condenação:
I – tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;” (...)
Ressalta-se que quem pratica um crime contra determinada vítima, causa a
esta uma situação passível de ser indenizada.
A ação civil “ex delicto” é o ajuizamento de ação na esfera cível, que tenha
como origem o sujeito ser vítima de um crime.
Faz-se necessário observar que uma sentença condenatória gera dever de
indenizar no cível, não importando se o juiz especificou na sentença, já que os
efeitos são automáticos.
Caso haja perdão judicial, é preciso lembrar-se do disposto na Súmula n.
18 do STJ, que estabelece:
“A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da
punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.”
Direito Penal
343
42. Confisco
42.1 Apresentação
42.2 Síntese
O art. 91, inciso II, do Código Penal trata do confisco. O confisco penal
significa um efeito da condenação, mas deve ser analisado em três situações
distintas.
Instrumentos do crime são os meios utilizados pelo agente para praticar o
crime. Exemplo: arma de fogo utilizada pelo agente para roubar a vítima. Os
instrumentos do crime sempre serão perdidos em favor da União.
Observa-se que se a arma de fogo estiver registrada em nome de alguém e
acompanhada da posse e do porte, é uma arma regularizada e, portanto, não é
ilícita. Assim, não haverá aqui perda em favor da União.
A Lei de Drogas, em seus arts. 62 e 63, dispõe que veículos, embarcações,
aeronaves e quaisquer outros meios de transporte utilizados para transportar
drogas serão confiscados.
O art. 243 da Constituição Federal estabelece que sejam confiscadas as
glebas de terra utilizadas para cultura ilegal de plantas psicotrópicas, sem au-
torização do Governo.
Além dos instrumentos do crime, existem também o produto da infração
(vantagem direta) e o proveito da infração (vantagem indireta).
Exemplo: relógio roubado é produto da infração. Se o relógio for derretido,
o dinheiro que se conseguirá vendendo o produto será proveito da infração.
44.2 Síntese
Direito Penal
45.2 Síntese
Dispõe o art. 92, inciso II do Código Penal:
“Art. 92. São também efeitos da condenação:
(...)
II – a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos
crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou
curatelado;” (...)
Nota-se aqui a necessidade de três requisitos: somente crimes dolosos; cri-
mes punidos com pena de reclusão; e a vítima deste crime deve ser o filho, o
tutelado ou o curatelado.
Direito Penal
É preciso entender que o juiz não é obrigado a reconhecer este efeito espe-
cífico da condenação, já que os efeitos específicos não são automáticos e nem
obrigatórios, ainda que estejam preenchidos os requisitos.
346
Quanto à extensão dos efeitos aos demais filhos, cumpre observar que os
efeitos da decisão podem ser estendidos aos demais.
A curatela trabalha com pessoas portadoras de deficiência mental ou de
necessidades especiais no plano mental. O curador é a pessoa indicada para
cuidar do curatelado e, assim como o pai, a mãe e o tutor, se praticar um crime
doloso, punido com reclusão contra o curatelado, poderá vir a sofrer a perda, a
incapacidade para o exercício de sua curatela.
46.2 Síntese
O inciso III, do art. 92, do Código Penal traz a seguinte redação:
“Art. 92. São também efeitos da condenação:
(...)
III – a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a
prática de crime doloso.”
É preciso observar que o homicídio trazido no Código de Trânsito Brasilei-
ro é o homicídio culposo.
Há previsões legais que retiram do sujeito a autorização para dirigir, a habi-
litação para dirigir. O art. 47, III, do CP trata de uma pena restritiva de direitos
e uma das penas é a suspensão da habilitação. Ainda, os arts. 292 e 293 do CTB
trazem a suspensão ou proibição de se obter autorização ou habilitação para
dirigir (pena alternativa ou autônoma).
Existem crimes dolosos no CTB em que há utilização veículo como meio.
Neste sentido, há dois exemplos em que o veículo é um meio para prática de
Direito Penal
47.2 Síntese
Reabilitação é a declaração judicial de que estão cumpridas ou extintas
as penas impostas ao sentenciado, que assegura o sigilo dos registros sobre o
processo e atinge outros efeitos da condenação.
Trata-se um direito do condenado, decorrente da presunção de aptidão so-
cial, erigida em seu favor, no momento em que o Estado, por intermédio do
juiz, admite o seu contato com a sociedade; é benefício que tem por finalidade
restituir o condenado à situação anterior à condenação, retirando as anotações
da sua ficha de antecedentes.
A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva,
assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e conde-
nação. (art. 93 e parágrafo único do Código Penal).
A reabilitação possui, assim, duas funções: 1 – assegurar ao condenado o
sigilo dos registros sobre seu processo e condenação (art. 93, caput); 2 – sus-
pender condicionalmente os efeitos da condenação previstos pelo art. 92 do
Código Penal (art. 93, parágrafo único).
A reabilitação possui natureza jurídica de causa suspensiva de alguns efei-
tos secundários da condenação (art. 92 do Código Penal) e dos registros cri-
Direito Penal
Exercícios
235. (82º Concurso para Promotor de Justiça — MP/SP) Assinale a alter-
nativa incorreta.
a) As leis temporárias e excepcionais não se aplicam a fatos ocor-
ridos antes de sua vigência, não se derrogando o princípio da
reserva legal.
b) Nos crimes instantâneos de efeitos permanentes, consumada a
infração em dado momento, seus efeitos permanecem indepen-
dentemente da vontade do sujeito ativo.
c) Excluído, pela reabilitação, o efeito da condenação consistente
em perda do cargo, o funcionário público deverá ser reconduzi-
do ao mesmo cargo de que fora demitido.
d) Ocorre tentativa branca quando o objeto material não sofre lesão.
Direito Penal
48.2 Síntese
Os efeitos secundários de natureza extrapenal e específicos da condenação
estão elencados no art. 92 do Código Penal.
O primeiro efeito é a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo
(art. 92, I, do Código Penal), quando aplicada pena privativa de liberdade
por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de
poder, ou violação de dever para com a administração pública, ou quando
aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos, nos
demais crimes.
Neste caso, o agente reabilitado não é reintegrado, automaticamente, à si-
tuação anterior (art. 93, parágrafo único, do Código Penal). Ele poderá voltar
a exercer novo cargo, emprego ou função pública, desde que proveniente de
nova investidura.
O segundo efeito é a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela
ou curatela. Ressalte-se que o termo “pátrio poder” foi alterado pelo Código
Civil de 2002, passando a ser usado em seu lugar “poder familiar”. Este efeito
também é efeito secundário de natureza extrapenal e específico da condena-
ção, com relação aos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos
contra filho, tutelado ou curatelado.
Com a reabilitação, o condenado pode voltar a exercer o poder familiar, a
tutela ou a curatela em relação àqueles que não foram vítimas do delito doloso
punido com reclusão, já que em relação ao ofendido a incapacidade é perma-
nente (art. 93, parágrafo único, e art. 92, II, do Código Penal).
Direito Penal
Exercício
237. (Juiz de Direito – TJ/TO – 2007) Assinale a opção correta no que se
refere à reabilitação.
a) Considere que Marcelo tenha sido condenado por crime de
furto qualificado e que tenha sido reabilitado após regular cum-
primento da pena e decurso do prazo legal. Considere, ainda,
que, após a reabilitação, ele tenha cometido novo crime, nessa
de estupro. Nessa situação, o juiz, ao proferir sentença conde-
natória contra Marcelo pela prática do crime de estupro, não
poderá considerá-lo reincidente por causa do furto qualificado
anteriormente praticado.
b) Para fins de reabilitação, é desnecessária, em caso de crime con-
tra o patrimônio, a análise de ressarcimento do dano causado
pelo crime.
c) A prescrição da pretensão punitiva do Estado não impede o pe-
dido de reabilitação.
d) Sendo o reabilitado condenado exclusivamente a pena de mul-
ta, a reabilitação não será revogada.
Exercício
238. (Magistratura TJ/GO – 2006) De ofício ou a requerimento do Minis-
tério Público, a reabilitação poderá ser revogada, se o reabilitado for
condenado como reincidente, por decisão irrecorrível, à pena que
não a de multa.
50.2 Síntese
As medidas de segurança possuem previsão nos arts. 96 a 99 do Código
Penal. Trata-se de espécie de sanção penal imposta pelo Estado, na execução
de uma sentença, cuja finalidade é exclusivamente preventiva, no sentido de
evitar que o autor de uma infração penal que tenha demonstrado periculosida-
de volte a delinquir.
A doutrina majoritariamente entende que mesmo apresentando um caráter
Direito Penal
51.2 Síntese
A aplicação de medida de segurança depende de três requisitos: 1 – prática
de fato definido em lei como crime ou contravenção penal; 2 – periculosidade
do agente; e 3 – não tenha ocorrido a extinção da punibilidade.
O primeiro requisito é a prática da infração penal; exige-se certeza da au-
toria e prova da materialidade do fato delituoso. Também ao inimputável são
garantidos os devido processo legal e o exercício da ampla defesa. Poderá restar
inclusive provada a sua atuação em uma causa de exclusão de ilicitude, hi-
pótese em que, por não haver crime, não se fala em aplicação de medida de
segurança.
Também não se aplica medida de segurança: 1 – se não houver prova da au-
toria; 2 – se não houver prova do fato; 3 – se estiver presente causa de exclusão
da ilicitude; 4 – se o crime for impossível. Se não ficar demonstrada a prática
de infração penal não se impõe medida de segurança, não é por se tratar de
doente mental que recebe essa sanção penal, apenas quando tiver realizado
Direito Penal
Exercícios
240. (Tribunal de Justiça de Minas Gerais – 2008 – Questão 40) No que
tange à medida de segurança, é incorreto afirmar:
a) A medida de segurança difere da pena, dentre outros motivos,
por ter prazo indeterminado.
b) Mesmo que esteja caracterizada uma excludente de ilicitude é
aplicável a medida de segurança.
c) Aos semi-imputáveis pode ser aplicada a medida de segurança.
d) A periculosidade do agente é presumida no caso dos inimpu-
táveis.
241. (MPU/DF) João foi denunciado pela prática de seguidos estupros
e atentado violento ao pudor, tendo sido verificada nos autos sua
inimputabilidade, bem como a veracidade da acusação formulada
em juízo. João, como sanção penal,
Direito Penal
52.2 Síntese
O art. 96 do Código Penal estabelece as duas espécies de medida de segu-
rança: detentiva (internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico
ou, à falta, em outro estabelecimento adequado) e restritiva (sujeição a trata-
mento ambulatorial).
A medida de segurança detentiva importa em privação da liberdade do
agente e possui as quatro características:
1 – é obrigatória quando a pena imposta for a de reclusão; 2 – será por tem-
po indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia
médica, a cessação da periculosidade; 3 – a cessação da periculosidade será
averiguada após um prazo mínimo, variável entre um e três anos; e 4 – a averi-
guação pode ocorrer a qualquer tempo, mesmo antes do término do prazo mí-
nimo, se o juiz da execução determinar (art. 176 da Lei de Execuções Penais).
Já na medida de segurança restritiva, o agente permanece livre, mas sub-
metido a tratamento médico adequado. São características desta sanção: 1 – se
o fato é punido com detenção, o juiz pode submeter o agente a tratamento
Direito Penal
Exercício
242. (Magistratura Federal – TRF3 – 3º Concurso) São medidas de segu-
rança:
a) a internação e a proibição do exercício de profissão;
b) a proibição do exercício de profissão e a limitação de fim de
semana;
c) a internação e a sujeição a tratamento ambulatorial;
d) a sujeição a tratamento ambulatorial e a limitação de fim de
semana.
53.2 Síntese
Estabelece o art. 171 da Lei de Execuções Penais que após o trânsito em
julgado da sentença que aplicar a medida de segurança será ordenada a expe-
dição de guia para a execução.
O art. 172 da Lei de Execuções Penais ressalta que ninguém poderá ser
submetido à medida de segurança sem a respectiva guia mencionada no art.
171. Já o art. 173, do mesmo dispositivo legal, prevê o modo de expedição
bem como os requisitos que deverão ser respeitados para a emissão da guia de
Direito Penal
54.2 Síntese
O art. 3º da Lei de Execuções Penais assegura ao condenado e ao internado
todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei, sendo que o art. 99 do
Código Penal estabelece os direitos do internado, dizendo que o mesmo será
recolhido a estabelecimento dotado de características hospitalares e submetido
a tratamento. O agente a quem se aplica medida de segurança, reconhecendo-
-se a sua inimputabilidade ou semi-imputabilidade, não poderá ser recolhido a
uma cela de delegacia, ou mesmo a uma penitenciária em razão de não haver
vaga em estabelecimento hospitalar próprio, impossibilitando-lhe, portanto, o
início do seu tratamento (Informativo Superior Tribunal de Justiça nº 153).
A possibilidade de aplicação provisória ou preventiva de medida de segu-
rança era tratada pelo art. 378 do Código de Processo Penal, que falava expres-
samente em “aplicação provisória de medidas de segurança”.
Direito Penal
Exercícios
244. A internação ou a medida de segurança será por tempo determinado,
e o seu prazo será fixado entre o mínimo e o máximo da pena restri-
tiva de liberdade prevista para o crime.
245. Se o agente for inimputável, mesmo que o crime seja punível com
detenção, o juiz aplicará a medida de segurança consistente em in-
ternação.
246. (Defensor Público – DPE/SP – 2006) Nos termos do Código Penal,
em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz deter-
minar a internação do agente, se essa providência for necessária para
fins curativos.
Direito Penal
Capítulo 6
Extinção da Punibilidade
1.2 Síntese
Praticado um fato típico, ilícito e culpável, caberá ao Estado exercer seu
jus puniendi, abrindo-se, então, a possibilidade de aplicação da pena. Acontece
que, mesmo diante da ocorrência do crime, podem surgir, antes ou após o
trânsito em julgado da sentença, causas de extinção do direito de punir. Essas
causas não afetam o crime, pois a punibilidade não é requisito deste. Crime é
fato típico, ilícito e culpável.
363
No que tange à extinção da punibilidade, existem as chamadas condições
objetivas de punibilidade.
Em alguns casos, para ocorrer à punibilidade, não basta a prática de um
crime e a ausência de alguma causa de extinção da punibilidade, pois é preciso
verificar certas condições objetivas exteriores à conduta, chamadas de condi-
ções objetivas de punibilidade.
Por exemplo: para que possa ser aplicada a lei penal brasileira a um crime
praticado por brasileiro no exterior é necessário que o fato seja punível também
no país em que foi praticado (art. 7º, § 2º, ”b”, do Código Penal).
Nos crimes contra a ordem tributária descritos no art. 1º, I a IV, da Lei nº
8.137/1990, exige-se o lançamento definitivo do crédito tributário para iniciar
a persecução penal. Entretanto, existe divergência acerca da natureza jurídica
desse lançamento. Há duas orientações: a primeira constitui elemento norma-
tivo do tipo. Com efeito, somente se consumará o crime com o lançamento
definitivo; já a segunda trata-se de condição objetiva de punibilidade. A con-
sumação do crime dispensa o lançamento definitivo, mas a pretensão punitiva
fica a depender desta condição.
Precedente jurisprudencial pode ser encontrado na Súmula Vinculante nº
24 do Supremo Tribunal Federal: “Não se tipifica crime material contra a or-
dem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/1990, antes do
lançamento definitivo do tributo.”
Existem ainda as condições negativas de punibilidade (também chamadas
de escusas absolutórias). São causas vinculadas à especial condição do agente
que excluem a punibilidade. O fato não deixa de ser típico, ilícito e culpável,
mas exclui-se a pena. Por, serem causas pessoais, não se aplicam ao terceiro que
concorre para o crime.
Exemplos: pai que furta o filho (art. 181 do Código Penal); pai que auxilia
o filho que cometeu crime a subtrair-se à ação de autoridade pública (art. 348,
§ 2º, do Código Penal).
O art. 107 do Código Penal prevê várias causas de extinção da punibilidade.
Entretanto, além destas, existem outras, como: no peculato culposo, a reparação
do dano, se precede à sentença irrecorrível (art. 312, § 3º, do Código Penal);
se o agente declara ou confessa sonegação de contribuição previdenciária (art.
337-A do Código Penal); término do período de suspensão condicional do pro-
cesso (art. 89, § 5º, da Lei nº 9.099/1995); pagamento do tributo (art. 9º, § 2º,
da Lei nº 10.684/2003, art. 69 da Lei nº 11.941/2009 e art. 83, § 4º, da Lei nº
9.430/1996, com redação dada pela Lei nº 12.382/2011).
Direito Penal
E, por fim, uma questão processual importante: a morte do agente não de-
sautoriza os familiares dele a ajuizarem a revisão criminal (art. 623 do Código
de Processo Penal).
365
Adentrando no conceito de anistia, pode-se dizer que consiste no esqueci-
mento jurídico da infração. A anistia atinge fatos e não pessoas. A competência
é do Congresso Nacional (Constituição Federal, arts. 48, VIII, e 21, XVII).
Trata-se de ato do Poder Legislativo de renúncia ao poder-dever de punir em
virtude de razões de necessidade ou conveniência política.
Exemplo: art. 11 da Lei nº 9.639/1998. São anistiados os agentes políticos
que tenham sido responsabilizados, sem que fosse atribuição legal sua, pela
prática dos crimes previstos nas alíneas “d” do art. 95 da Lei nº 8.212/1991.
A anistia possui efeito ex tunc. Isso significa que cessam os efeitos penais
da sentença condenatória. No entanto, não cessam os efeitos civis da sen-
tença, como a obrigação de reparação de dano, permitindo a execução da
sentença.
E, finalmente, vale mencionar que o benefício da anistia não é cabível aos
condenados por crimes hediondos, de tortura, de tráfico ilícito de entorpecen-
tes e drogas afins e de terrorismo (art. 5º, XLIII, da Constituição Federal e art.
2º, I, da Lei nº 8.072/1990).
Exercício
247. (Cespe – 2008 – PC/TO – Delegado de Polícia) Márcio, funcionário
público, concorreu culposamente para o crime de peculato pratica-
do por outrem. Processado criminalmente foi condenado a cumprir
pena de seis meses de detenção. Todavia, após a sentença condenató-
ria de primeiro grau, no curso da apelação, reparou o dano causado.
Nessa situação, não se opera a extinção da punibilidade, pois a re-
paração do dano por Márcio ocorreu após a sentença condenatória.
Certo ou errado?
bilidade previstas no art. 107 do Código Penal. São vistas: graça, indulto,
abolitio criminis e decadência.
366
2.2 Síntese
Indulto ou indulto coletivo: consiste em uma forma de clemência; não diz
respeito a fatos, como a anistia, mas sim a pessoas.
A graça é um benefício concedido a uma pessoa determinada, tratando-se
de indulto individual. A competência é do Presidente da República, mediante
decreto legislativo, sendo permitida a delegação (art. 84, XII e parágrafo único).
Quanto às formas, a graça e o indulto podem ser: i) totais, quando abran-
gem todas as sanções impostas; ou ii) parciais, quando há redução ou substitui-
ção da sanção penal.
Momento da concessão da graça e do indulto: em regra, após o trânsito em
julgado da sentença, já que se referem à pena imposta. Contudo, há orientação
de que o benefício pode ser aplicado mesmo sem o trânsito em julgado defi-
nitivo, desde que o processo já tenha transitado em julgado para a acusação.
Inaplicabilidade: crimes hediondos, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins e terrorismo (art. 5º, XLIII, da Constituição Federal; art. 2º, I, da
Lei nº 8.072/1990).
Abolitio criminis (art. 2º do Código Penal): ninguém pode ser punido por
fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a exe-
cução e os efeitos penais da sentença condenatória. Ex.: Lei nº 11.106/2005,
que revogou o crime de adultério. Com a abolitio criminis, a extinção da puni-
bilidade pode ocorrer mesmo após o trânsito em julgado da sentença, cessando
a execução e os efeitos PENAIS da sentença condenatória.
A decadência consiste na perda do direito de propor, mediante queixa, ação
penal privada ou ação privada subsidiária, ou de oferecer representação nos
crimes de ação penal pública condicionada em virtude do decurso do prazo le-
gal. Conforme o art. 103 do Código Penal, o prazo será de seis meses, contado
do dia em que o ofendido veio a saber quem é o autor do crime. Há discussão
nos crimes de menor potencial ofensivo: se o prazo deve ser contado segundo
a regra do art. 38 do Código de Processo Penal (quando a vítima toma conhe-
cimento da autoria) ou a partir da audiência de conciliação (art. 75 da Lei nº
9.099/1995). Já decidiu o Superior Tribunal de Justiça que o prazo é o comum,
previsto no art. 38 do Código de Processo Penal (Sindicância nº 156/RS, Corte
Especial, j. 30/06/2008).
Exercício
Direito Penal
3.2 Síntese
Perempção: consiste em uma sanção processual imposta ao querelante
omisso na ação penal exclusivamente privada, impedindo o seu prosseguimen-
to. Cabe referir que não possui aplicação na ação penal pública subsidiária,
haja vista que o Ministério Público pode assumir a titularidade. As causas de
perempção estão no art. 60 do Código de Processo Penal.
A renúncia é um ato voluntário do ofendido desistindo do direito de propor
ação penal privada (art. 104 do Código Penal). Pode ser expressa (art. 50 do
Código de Processo Penal) ou tácita (que é a prática de ato incompatível com
a vontade de exercer o direito de queixa). Se houver concurso de pessoas, a
renúncia em relação a um dos autores do crime a todos se estenderá (art. 49 do
Direito Penal
Exercício
249. (FCC – 2011 – TRE/AP – Analista Judiciário – Área Judiciária) O
perdão do ofendido:
a) não é admissível fora do processo.
b) não aproveita aos demais querelados, se concedido.
c) é admissível mesmo depois de passar em julgado a sentença
condenatória.
d) não produz efeito, se o querelado o recusa.
e) prejudica o direito dos outros, se concedido apenas por um dos
ofendidos.
4. Prescrição: Introdução
4.1 Apresentação
4.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
5.2 Síntese
Antes da sentença condenatória transitada em julgado não se tem a pena
definitiva, de sorte que a prescrição, nos termos do art. 109 do Código Penal,
deve ser regulada pela pena máxima cominada ao delito, uma vez que, ao me-
nos em tese, essa pena poderá ser aplicada na sentença.
O inciso VI do art. 109 recebeu nova redação pela Lei nº 12.234, de 5
de maio de 2010. Antes da alteração, a prescrição ocorria em 2 anos se o
máximo da pena fosse inferior a 1 ano. Agora, a prescrição ocorre em 3 anos.
Por se tratar de lei penal mais severa, não se aplica aos fatos praticados antes
da sua vigência.
No caso de prescrição punitiva propriamente dita, devem ser observadas
as seguintes regras para verificação da pena máxima abstrata: i) causas de au-
mento ou de diminuição da pena: são consideradas, ressalvados os aumentos
decorrentes do concurso de crimes (art. 119 do Código Penal); ii) tentativa é
considerada a sua redução mínima (1/3, de acordo com o parágrafo único do
art. 14 do Código Penal); iii) concurso de crime: a prescrição atinge a preten-
são punitiva em relação a cada delito isoladamente, de sorte que a soma ou o
aumento das penas não são consideradas para o cálculo (Súmula nº 497 do
Supremo Tribunal Federal e art. 119 do Código Penal); iv) qualificadoras: são
consideradas para o cálculo do prazo prescricional; v) agravantes e atenuantes:
não interferem no prazo prescricional da prescrição propriamente dita, uma
vez que não alteram o limite da pena abstrata; vi) reincidência: não influi no
prazo da prescrição da pretensão punitiva (Súmula nº 220 do Superior Tribu-
nal de Justiça).
A prescrição da pretensão punitiva ocorre entre um termo inicial e antes
Direito Penal
Exercício
251. (FCC – 2009 – TJ/GO – Juiz) No que concerne ao cálculo da pres-
crição da pretensão punitiva é correto afirmar que:
a) serão consideradas as agravantes referidas na denúncia ou queixa.
b) se a sentença ou o acórdão reconhecer a existência de infração
penal diversa da denunciada, a pena do novo delito identificado
é que regulará o prazo prescricional, salvo se houver recurso
acusatório contra a desclassificação.
c) a reincidência levará ao aumento do prazo prescricional em um
terço.
d) o fator etário não interferirá no prazo prescricional.
e) não se deve computar a diminuição da pena pela tentativa.
6.2 Síntese
Na última unidade de estudo, foi abordado o art. 111 do Código Penal.
Agora partiremos para o inciso do referido dispositivo legal, que expressa: “A
prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: ...
inciso II – no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa.”
Direito Penal
Ainda, no estudo do art. 111 do Código Penal seu inciso IV expressa: “nos
de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro ci-
vil, da data em que o fato se tornou conhecido.” Se o fato ainda não e tornou
373
conhecido pelo Estado, não há que se falar em inércia de sua parte. O conhe-
cimento se refere às autoridades públicas que possuam atribuição para agir,
como o membro do Ministério Público, o Juiz de Direito, ou a autoridade
policial.
Por fim, apresenta-se o inciso V, “nos crimes contra a dignidade sexual de
crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da
data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já
houver sido proposta a ação penal”. Este inciso é a novidade do art. 111 e foi
introduzido pela Lei nº 12.650, de 17 de maio de 2012, acrescentando esta
quinta hipótese relativa à prescrição dos crimes.
O Código Penal apresenta também causas interruptivas da prescrição da
pretensão punitiva e o faz por meio do art. 117. Apenas relembrando que nos
casos de interrupção da prescrição o prazo recomeça a correr integralmente do
dia da data da interrupção.
Prescreve o art. 117 do Código Penal – “O curso da prescrição interrompe-
-se: I – pelo recebimento da denúncia ou da queixa”. O recebimento é contado
da data em que o escrivão recebe os autos de processo com o despacho de
recebimento da denúncia ou queixa. Caso o processo seja eletrônico, da data
em que o despacho consta como lançado no sistema.
O recebimento da denúncia pode ser implícito (ou tácito). Ocorre quando
o juiz pratica ato que demonstre o impulso oficial. Nesse sentido, recomenda-
-se a leitura do Habeas Corpus nº 184.161, j. de 31/05/2011 do Superior Tri-
bunal de Justiça.
Na hipótese de o recebimento da denúncia ocorrer por decisão de Tribu-
nal, o termo inicial da prescrição será a data da sessão de julgamento que a re-
cebeu e não da publicação do acórdão. Um exemplo é o julgamento de recurso
que não recebeu a denúncia.
O recebimento da denúncia está regido pelo Código de Processo Penal,
Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, e alterado pela Lei nº 11.719,
de 20 de junho de 2008, em seus arts. 396 e 399, conforme abaixo:
Art. 396 do Código de Processo Penal: “Nos procedimentos ordinário e su-
mário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente,
recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por
escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008)
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará
a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor consti-
tuído.” (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008)
Direito Penal
Exercício
252. (TJ-DF/2008/Juiz) Assinale a alternativa correta:
O curso da prescrição interrompe-se:
a) Pela confissão do acusado em juízo.
b) Em decorrência de sentença absolutória.
c) Pelo oferecimento da denúncia ou da queixa.
d) Em virtude da reincidência.
7.2 Síntese
Direito Penal
Exercício
253. (FCC – 2010 – TCE-RO – Procurador) A prescrição é interrompida:
a) pelo oferecimento da denúncia.
b) pela sentença absolutória imprópria.
c) pela reincidência, se corresponder à prescrição da pretensão pu-
Direito Penal
nitiva.
d) pela sentença concessiva de perdão judicial.
e) pelo acórdão condenatório recorrível.
376
8. Prescrição da Pretensão Punitiva: Demais
Causas de Interrupção II
8.1 Apresentação
8.2 Síntese
No que tange ao acórdão que confirma a sentença condenatória: antes da
alteração do inciso IV do art. 117 do Código Penal, predominava na jurispru-
dência que o acórdão que confirmava a condenação, mas não alterava a senten-
ça, não interrompia a prescrição. Com a nova redação, surgiram duas posições:
para a primeira, a nova redação do art. 117 não alcança essa hipótese (acórdão
que apenas confirma a sentença condenatória), pois se assim desejasse, o le-
gislador teria sido expresso, como fez em relação ao acórdão confirmatório da
pronúncia. O Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido de que o
acórdão que confirma ou diminui a pena imposta na sentença condenatória não
interrompe a prescrição (Supremo Tribunal Federal, Habeas Corpus nº 96.009,
j. 28/04/2009). Entretanto, é preciso ficar atento, porque interromperá a pres-
crição o acórdão que confirma a condenação e aumenta a pena ou que altera
o título da condenação com modificação substancial da pena. Vide preceden-
te jurisprudencial: Superior Tribunal de Justiça, Habeas Corpus nº 155.290, j.
11/5/2010; a segunda posição entende que o acórdão que confirma a sentença
condenatória (mesmo sem nada alterar) interrompe a prescrição. Nesse sentido,
argumenta-se que a razão da alteração da lei foi acrescentar mais uma causa de
interrupção, conforme consta na justificação do Projeto nº 401/2003. Assim já
se manifestou, isoladamente, o Ministro Marco Aurélio conforme dispõe habeas
corpus do Supremo Tribunal Federal, Habeas Corpus nº 92.340, j. 10/03/2008.
Outra hipótese importante a ser discutida diz respeito à nulidade da senten-
ça condenatória. Isso porque, uma vez anulada a sentença condenatória, não
pode ser considerada como causa interruptiva da prescrição. Nesse sentido:
Superior Tribunal de Justiça, REsp 929.692, j. 28/06/2007.
Direito Penal
Exemplo: Tribunal reconhece que a sentença foi prolatada por juiz abso-
lutamente incompetente. Enquanto outra não for proferida, a prescrição será
regulada pela pena máxima cominada.
377
Atenção: é preciso ter cuidado ao afirmar que a nulidade da sentença afasta
a causa interruptiva. Isso nem sempre pode ocorrer, pois em certos casos de-
creta-se apenas a nulidade tópica da sentença, como na hipótese de o Tribunal
manter a condenação, mas anular somente a aplicação da pena, devolvendo o
processo para que o juiz realize nova dosimetria.
Vejamos agora a comunicabilidade das causas interruptivas. Observe o teor
do art. 117, § 1º, do Código Penal: “Excetuados os casos dos incisos V e VI
deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os
autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo,
estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.”
A primeira observação é que a interrupção da prescrição produz efeitos
relativamente a todos os autores do crime (é o que consta da primeira parte do
dispositivo). Apesar de constar autores do crime, deve ser interpretado o dispo-
sitivo no sentido amplo, ou seja, concorrentes (coautores e partícipes).
Exemplo: na mesma sentença, um coautor é absolvido e outro é condena-
do. A condenação possui o condão de interromper o lapso prescricional em
relação ao réu absolvido. Portanto, possui a finalidade de evitar que o absolvi-
do venha se beneficiar com a demora do julgamento de eventual recurso da
acusação.
A segunda observação é que nos crimes conexos, que sejam objeto do mes-
mo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles (é o
que consta da segunda parte do dispositivo).
Exemplo: réu processado pelo crime de estelionato em concurso material
com furto vem a ser absolvido pelo estelionato e condenado pelo furto. A sen-
tença condenatória recorrível no tocante ao furto interrompe o prazo prescri-
cional em relação à absolvição do estelionato.
Finalmente, observa-se que a comunicabilidade de causa interruptiva se
aplica em relação às demais causas de interrupção (incisos I a IV do art. 117).
Tratemos agora das causas suspensivas da prescrição da pretensão punitiva.
As chamadas causas suspensivas da prescrição suspendem o curso do prazo
prescricional. Cessado o motivo da suspensão, o prazo prescricional retoma o
seu curso, computando-se o período anterior, conforme o art. 116 do Código
Penal.
O primeiro caso trata de questão prejudicial, na forma dos arts. 92 e 93
do Código de Processo Penal. Exemplo: o processo penal que apura o crime
de bigamia ficará suspenso enquanto houver discussão no juízo cível sobre a
Direito Penal
Exercício
254. (FCC – 2005 – PGE-SE – Procurador de Estado) A prescrição:
a) admite a interrupção, mas não a suspensão do respectivo prazo.
b) exclui o dia de início na contagem do prazo.
c) é calculada pelo total da pena no caso de concurso de crimes.
d) é calculada pelo máximo da pena cominada no caso de prescri-
ção da pretensão executória.
e) não é interrompida pela sentença absolutória recorrível.
Exercício
255. (Cespe – 2011 – PC-ES – Delegado de Polícia) Lúcio, cidadão não
reincidente em crime doloso, foi condenado a nove meses de prisão
pela prática do crime de ameaça, em razão de conduta ocorrida em
1º de janeiro de 2010, durante as festividades de ano-novo, na cidade
do Rio de Janeiro. Nessa situação, considerando as normas penais
aplicáveis, a prescrição da pretensão executória será de dois anos e
não poderá, sob hipótese alguma, ter por termo inicial data anterior
à da denúncia. Certo ou errado?
tória (PPE), prevista no art. 110, caput, do Código Penal, bem como os
respectivos termos iniciais (art. 112 do Código Penal).
380
10.2 Síntese
A prescrição da pretensão executória ocorre depois de transitar em julgado
a sentença condenatória para a acusação e defesa. Regula-se pela pena aplicada
e de acordo com os prazos fixados no art. 109, os quais serão aumentados de um
terço se o condenado for reincidente.
Súmula nº 220 do Superior Tribunal de Justiça: “A reincidência não influi
no prazo da Prescrição da Pretensão Punitiva.”
A Prescrição da Pretensão Executória não afeta o título executivo formado
com o trânsito em julgado, de modo que exclui apenas o efeito principal da
sentença condenatória (a sanção penal) permanecendo, assim, inalterados os
efeitos secundários de natureza penal e extrapenal.
O termo inicial se dá no dia em que transita em julgado a sentença con-
denatória para a acusação (art. 112, I, do Código Penal). A causa interruptiva
ocorrerá com o cumprimento da pena (art. 117, V, do Código Penal).
Como o Supremo Tribunal Federal não vem mais admitindo a execução
provisória da condenação, somente poderia haver a inércia estatal após o trânsi-
to em julgado para ambas as partes e, assim, o início do prazo prescricional. Há
entendimento do Superior Tribunal de Justiça nesse sentido: Habeas Corpus
nº 163.261, j. 01/03/2011. Para concursos públicos, no entanto, deve-se adotar
a regra do art. 112 do Código Penal.
Exercício
256. (Cespe – 2010 – TCE-BA – Procurador) Segundo disposição sumu-
lada do Superior Tribunal de Justiça, no âmbito criminal, o perío-
do de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da
pena cominada. Certo ou errado?
Exercício
257. (TJ-SC – 2009 – Analista Jurídico) A prescrição é uma das causas de
extinção de punibilidade previstas no Direito Penal. Sobre ela, são
dadas as seguintes proposições:
I – A prescrição pode ser punitiva, intercorrente ou executória.
II – A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, re-
Direito Penal
12.2 Síntese
Conforme preceitua o art. 117, VI, do Código Penal, a reincidência é causa
de interrupção da prescrição. Apesar de não constar expressamente, tal regra
somente se aplica à prescrição da pretensão executória.
Existe divergência em relação ao momento em que se dará a interrupção:
i) na data da prática do novo crime, independentemente de sentença conde-
natória com trânsito em julgado (nesse sentido: Superior Tribunal de Justiça,
Habeas Corpus nº 80.456, j. 06/09/2007); ii) na data da prática do novo crime,
mas para se reconhecer a causa interruptiva deve-se aguardar o trânsito em jul-
gado da sentença condenatória; iii) na data do trânsito em julgado da sentença
condenatória do novo crime.
Causa suspensiva da prescrição da pretensão executória: depois de passada
em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em
que o condenado está preso por outro motivo (art. 116, parágrafo único, do
Código Penal).
Direito Penal
Redução dos prazos prescricionais (art. 115 do Código Penal): este disposi-
tivo se aplica a todas as espécies de prescrição (prescrição da pretensão punitiva
e prescrição da pretensão executória).
383
A primeira hipótese se refere ao maior de 18 anos e menor de 21 anos ao
tempo do crime. Sobre o tempo do crime, aplica-se a teoria da atividade (art.
4º do Código Penal). Embora o Código Civil tenha alterado a maioridade civil,
a regra do Código Penal permanece intocada.
No tocante ao maior de 70 anos, há discussões sobre o marco para redu-
ção da prescrição: i) deve ser o pronunciamento de 1º grau (Supremo Tribu-
nal Federal, Habeas Corpus nº 107.398, j. 10/05/2011); ii) deve ser o último
provimento judicial (Supremo Tribunal Federal, Habeas Corpus nº 89.969, j.
26/06/2007 – Informativo nº 473).
O Estatuto do Idoso não alterou a idade referida no art. 115 do Código
Penal para igual ou superior a 60 anos (Superior Tribunal de Justiça, Habeas
Corpus nº 155.437, DJe 14/02/2011).
Exercício
258. (EJEF – 2008 – TJ-MG – Juiz) Quanto à prescrição, é CORRETO
afirmar:
a) Na prescrição intercorrente o prazo começa a correr a partir da
sentença condenatória até o trânsito em julgado para a acusação
e defesa.
b) A prescrição retroativa regula-se pelo máximo da pena privativa
de liberdade cominada abstratamente ao delito.
c) Ainda que pendente recurso da acusação para aumentar a pena
é possível o decreto da extinção da punibilidade do agente pela
prescrição retroativa da pretensão punitiva do Estado.
d) O prazo prescricional começa a correr nos crimes permanentes
no dia em que se iniciou o delito.
Exercício
259. (Cespe – 2011 – TRE-ES – Analista Judiciário – Área Administrativa)
A prescrição da pena de multa ocorrerá em dois anos quando a multa
Direito Penal