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Linha de Cuidados em Saúde

Mental e o Adolescente em
Conflito com a Lei
Orientações para gestores e profissionais

Editora DEGASE
RJ - 2017
Luiz Fernando de Souza Pezão
Governador do Estado do Rio de Janeiro

Wagner Granja Victer


Secretário de Estado de Educação

Alexandre Azevedo de Jesus


Diretor-Geral do Novo DEGASE
Departamento Geral de Ações Socioeducativas - DEGASE

Coordenação de Saúde Integral e Reinserção Social - CSIRS

Organização
Eliana de Souza e Silva

Revisão
Christiane da Mota Zeitoune
Ethel Almada
Lourdes Trindade

Revisão Ortográfica
Antonino Sousa Fona

Diagramação e Finalização
Fernando Diaz Picamilho
Gabriela de O. G. Costa
1. APRESENTAÇÃO 08

2. HISTÓRICO 13

3. ESTABELECENDO A LINHA DE
CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NO
SISTEMA SOCIOEDUCATIVO 18

3.1. Acolhimento 19

3.2 Organização do atendimento 19

4 FLUXOS E PROTOCOLOS DE CUIDADO 24

4.1 Fluxos dos casos de saúde mental 25

4.2 Encaminhamentos gerais 26

4.3 Quadro da organização da


atenção psicossocial nas unidades 27
4.4 Acolhimento pela equipe de medida
socioeducativa e manejo psicossocial 28

4.5 Encaminhamento pela equipe de


referência em saúde mental 28

4.6 Encaminhamento para a psiquiatra


(Novo DEGASE ou RAPS) 29

4.7 Acionamento do SAMU 29

4.8 Encaminhamento de emergência


psiquiátrica ou leito de crise no hospital geral 30

4.9 Encaminhamento/compartilhamento CAPSI 30

4.10 Encaminhamento CAPS AD 30

4.11 Encaminhamento de egressos 30

4.12 Estudo de caso ou contato entre Unidades e


outros serviços progressão de medida socioeducativa 31
5. TÓPICOS ESPECÍFICOS 32

5.1 Avaliação de incapacidade para


cumprimento de medida socioeducativa ou para
aplicação de medida protetiva de tratamento 33

5.2 Avaliação toxicológica 34

5.3 Parecer clínico X Laudo Pericial 34

5.4 Indicadores em Saúde Mental - PNAISARI 35

6. ARTICULAÇÃO TERRITORIAL E
PLANO OPERATIVO ESTADUAL 36

7. PLANEJAMENTO 2015-2018 38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 40
nh a Id e C u i d a
PARTE

m Saúde Men
o Adolescen
m Conflito co
i APRESENTAÇÃO
O cenário que está posto para gestores, profissionais, judiciário e
sociedade, em relação ao futuro de crianças e adolescentes, é bastante
complexo. Por um lado, vemos a determinação de criminalizar o ato
infracional, o aumento do número de adolescentes apreendidos, bem
como da aplicação da Medida Socioeducativa de Internação e, por outro, a
fragilidade e precariedade das políticas de prevenção, proteção e inclusão
social voltadas para este ciclo de vida. Neste contexto, falar de problemas
de comportamento, conduta e do adoecimento psíquico na adolescência,
sem citar a violação do direito à vida, ao crescimento e desenvolvimento,
à primazia de ser alvo de políticas públicas, como previsto na Constituição
e no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), é reduzir o problema ao
aumento do número de vagas no Sistema Socioeducativo ou Penitenciário.
Esta reflexão é fundamental aos profissionais que estão no atendimento
socioeducativo, para que possam identificar o lugar e função do sintoma,
afim de uma intervenção mais integradora, ética e emancipatória.
Inicia-se uma nova gestão na vigência das últimas portarias da Política
Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em Conflito com a Lei,
em Regime de Internação e Internação Provisória (PNAISARI - Portaria MS
nº 1.082 e 1.083 de Maio e Junho/2014), apresentadas e discutidas com a
comunidade socioeducativa durante o ano de 2014. Em função da incorporação
e movimentação de novos profissionais nas equipes das unidades, torna-se

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necessária uma atualização dos princípios e diretrizes desta política, dando
sequência à reestruturação e à consolidação da atenção psicossocial nas
unidades de Socioeducação do estado do Rio de Janeiro na perspectiva de
integrar a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do SUS nos municípios.
Este documento destina-se a orientar as ações de saúde mental
nas unidades socioeducativas (USE) na interface com a Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS), o Sistema de Garantia de Direitos (SGD) e as demais
políticas públicas, na perspectiva da linha de cuidado.
A linha de cuidado é uma estratégia em atenção primária que
define as quatro dimensões do cuidado: o acolhimento, o atendimento, a
notificação e o seguimento na rede de saúde.
É rota imaginada para expressar os fluxos assistenciais necessários
para atender as necessidades de saúde. Aponta o percurso que o usuário faz
pela rede de saúde, incluindo segmentos não necessariamente inseridos no
sistema de saúde, mas que participam de alguma forma da rede, tal como
entidades comunitárias, de assistência social e o Sistema Socioeducativo.
A linha do cuidado difere dos processos de referência e
contrarreferência, mas o inclui. Não funciona apenas por protocolos
estabelecidos, mas pela articulação e pactuação de fluxos, reorganizando
o processo de trabalho, a fim de facilitar o acesso do usuário às unidades
e serviços aos quais necessita.

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A Linha do Cuidado Integral incorpora a ideia da integralidade na
assistência à saúde, o que significa unificar ações preventivas educativas,
curativas e de reabilitação, bem como proporcionar o acesso a todos os
recursos tecnológicos que o usuário necessita, ação que requer a definição
de uma opção de política de saúde e boas práticas dos profissionais. O
cuidado integral é pleno, feito com base no acolhimento do profissional
de saúde, no estabelecimento de vínculo e na responsabilização diante do
seu problema de saúde. Acolhimento, vínculo e responsabilização pelos
encaminhamentos são diretrizes da Linha do Cuidado. É necessário que
os trabalhadores estabeleçam vínculo com os usuários, no sentido de
acompanhar seus processos pela rede e responsabilizem-se, procurando
facilitar o seu percurso na rede para atendimento às suas necessidades.
A Linha de Cuidado em Saúde Mental é estruturada com base
na avaliação inicial de cada usuário, desde o primeiro contato até a
continuidade do cuidado em outros níveis de assistência.
A avaliação inicial deve ser abrangente, contemplando o histórico
pessoal e de saúde, os aspectos referentes a situação de vulnerabilidade
social do adolescente e o contexto familiar, dentre outros. Com base
na avaliação inicial é pontuado no Plano Individual de Atendimento a
necessidade de atenção em saúde mental e a estratégia para garantir
a atenção de atendimento – eixo Saúde Mental - e, a partir dele, o

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profissional de saúde vai orientar o usuário no acesso à rede de serviços,
aos recursos necessários ao atendimento à sua necessidade.

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PARTE

m Saúde Men
o Adolescen
m Conflito co
i HISTÓRICO

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O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA- Lei Federal
nº8.069/1990) prevê medidas de proteção em meio aberto que incluem
tratamento psicológico ou psiquiátrico e inclusão em programa de orientação
e tratamento a alcoólatras e toxicômanos (art.101, inciso V e VI).
No caso das Medidas Socioeducativas, assegura que a medida
levará em conta sua capacidade de cumpri-la (art.112, § 1º), bem como
determina que os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental
recebam tratamento individual e especializado, em local adequado as suas
condições (art.112, §3º).
O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE – Lei
Federal nº 12.594/2012) inclui na Atenção Integral à Saúde do Adolescente
no Sistema de Atendimento Socioeducativo cuidados especiais em saúde
mental, incluindo os relacionados ao uso de álcool e outras substância
psicoativas, assim como atenção aos adolescentes com deficiências.
A Política Nacional de Humanização (PNH - Humaniza SUS/ 2013) foi
instituída pelo Ministério da Saúde visando efetivar os princípios do SUS no
cotidiano das práticas de gestão e fomentar trocas solidárias entre gestores
trabalhadores e usuários para a produção de saúde e a produção de sujeitos.
Inaugura novos conceitos como acolhimento, ambiência humanizada,
solidariedade dos vínculos e educação permanente, valorizando os saberes
construídos ao longo do fazer diário das equipes de trabalho.

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A Politica Nacional de Atenção Básica (PNAB - Portaria MS nº
2488/2011) consolida o modelo de saúde focado na descentralização,
capilaridade, efetivada próxima da vida das pessoas. A Atenção Básica (AB)
deve ser o contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada
e o centro de comunicação com toda a rede de atenção à saúde. Por isso,
é fundamental que ela se oriente pelos princípios da universalidade, da
acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade
da atenção, da responsabilização, da humanização, da equidade e
da participação social. Assim, as Unidades Básicas de Saúde (UBS)
instaladas perto de onde as pessoas moram, trabalham, estudam e vivem
desempenham um papel central na garantia à população de acesso a uma
atenção de qualidade.
A nova PNAB introduziu elementos ligados ao papel desejado da AB
na ordenação das Redes de Atenção. Avançou no reconhecimento de um
leque maior de modelagens de equipes para as diferentes populações e
realidades. Além dos diversos formatos de Equipes de Saúde da Família
(ESF), houve a inclusão de equipes de atenção básica para a população de
rua (Consultórios de rua), ampliação do número de municípios que podem
ter Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) e outras estratégias para
atender populações pluviais, articulando importantes iniciativas do SUS,
como a universalização do Programa Saúde na Escola (PSE).

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As ações de saúde mental na atenção básica devem obedecer ao
modelo de redes de cuidado, de base territorial e atuação transversal
com outras políticas específicas e que busquem o estabelecimento de
vínculos e acolhimento. Essas ações devem estar fundamentadas nos
princípios do SUS e nos princípios da Reforma Psiquiátrica. Podemos
sintetizar como princípios fundamentais desta articulação entre saúde
mental e atenção básica: a noção de território; a organização da atenção
à saúde mental em rede; a intersetorialidade; a reabilitação psicossocial;
a multiprofissionalidade; a interdisciplinaridade; a desinstitucionalização; a
promoção da cidadania dos usuários; a construção da autonomia possível
dos usuários e familiares.
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Adolescente
em Conflito com a Lei (PNAISARI- Portaria MS nº 1.082/ 2014)
reitera a necessidade de garantir ao adolescente em conflito com a lei
atenção integral em saúde mental (promoção, prevenção, assistência e
reabilitação), preferencialmente nas unidades de atenção básica e rede de
atenção psicossocial, reforçando a figura do articulador do cuidado, técnico
do município responsável pela inclusão dos adolescentes.
Apesar dos avanços normativos, convivemos com uma realidade
distante do modelo ideal. De um lado, unidades superlotadas com número
de adolescentes acima do previsto no SINASE e, de outro, a realidade da

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RAPS nos municípios em que muitos não têm CAPSI, as equipes estão
desfalcadas com carência de recursos humanos, há alta rotatividade, bem
como precariedade dos vínculos de trabalho.
Com este panorama, a Coordenação de Saúde Integral e Reinserção
Social (CSIRS) cogestora do Plano Operativo Estadual (POE), ciente de
suas responsabilidades institucionais e da importância do trabalho das
equipes técnicas das unidades, organizou este documento para orientar os
profissionais das unidades no desenvolvimento e articulação de ações em
saúde mental no âmbito do Novo DEGASE, na sua interface com os demais
atores envolvidos na atenção integral à saúde do adolescente.

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PARTE

m Saúde Men
o Adolescen
m Conflito co
i linha de Cuidado em
Estabelecendo a

Saúde Mental no
Sistema Socioeducativo
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3.1. Acolhimento

O acolhimento da demanda é realizado por qualquer profissional
da equipe. O profissional identifica as queixas, levanta a história de vida,
as situações de risco na vida do adolescente, o relato de atendimentos
anteriores e define um tempo de observação e espera ou conclui ser um caso
de saúde mental. Em seguida, insere o adolescente no acompanhamento
pela equipe de referência em saúde mental, que inicia a linha de cuidado,
podendo encaminhar para atendimento externo.

3.2. Organização do Atendimento

a) Elenco dos procedimentos e atividades a serem


desenvolvidas pelos profissionais das equipes de
referência em saúde mental:

▪ Projeto ou proposta de trabalho: as equipes de referência em


saúde mental deverão elaborar proposta anual de trabalho,
que será se encaminhada à Coordenação de Saúde e às
direções das unidades, devendo incluir o material necessário.

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▪ Atendimento individual e em grupo aos socioeducandos;
▪ Atendimento às famílias, individualmente e em grupos
de familiares;
▪ Oficinas terapêuticas;
▪ Elaboração do Plano Individual de Atendimento (PIA):
com a participação ativa do adolescente e de familiares;
▪ Desenvolvimento de atividades voltadas para a prevenção
e promoção da saúde;
▪ Reuniões de equipe entre os profissionais que
compõem a equipe de saúde mental; participação nas
reuniões ampliadas em conjunto com as equipes de
acompanhamento de Medida Socioeducativa;
▪ Realização de estudos de caso.

b) Atribuições das equipes de referência em saúde mental:


▪ Realizar atendimentos individuais e de grupo;
▪ Construir oferta de dispositivos de cuidado como: grupos
temáticos, oficinas terapêuticas, grupos de prevenção,
grupos de familiares ou responsáveis e atividades externas
com os adolescentes, conforme quadro de atividades a
ser elaborado coletivamente pela equipe técnica, pelos
oficineiros e agentes socioeducativos;

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▪ Promover reuniões de equipe, preferencialmente
semanais, para discussão dos casos atendidos;
▪ Participar de reuniões conjuntas com as equipes de
acompanhamento da Medida Socioeducativa, para
consolidar ou reestruturar estratégias de acompanhamento
dos casos;
▪ Operacionalizar ações pactuadas, incluindo as proposições
derivadas das reuniões de equipe, bem como as decisões
pactuadas nos estudos de caso realizados;
▪ Participar de reuniões com as Divisões para discussão
sobre o cotidiano da unidade, rotinas, dificuldades e sugestões;
▪ Participar dos Fóruns de Saúde Mental/álcool e drogas dos
territórios, bem como outros eventos de interesse para o
aprimoramento do trabalho;
▪ Promover a interlocução com recursos do território,
baseada na lógica da inclusão;
▪ Pactuar individualmente e de forma clara com cada
adolescente a construção do seu plano individual de
atendimento que deverá ser devidamente registrado em
instrumento próprio;

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▪ Estabelecer corresponsabilidade com as famílias, visando o
seu engajamento no acompanhamento dos adolescentes;
▪ Estabelecer fluxo para o desligamento do adolescente,
através de estudo de caso em equipe, para discussão
sobre os encaminhamentos a serem realizados, com
pactuação com o adolescente, familiares ou responsáveis
e encaminhamento à rede de atenção básica, após contato
com a equipe de saúde que irá receber o usuário para dar
continuidade ao acompanhamento.

c) Constituição das equipes:


▪ assistente social, psicólogo, psiquiatra, terapeuta
ocupacional, musicoterapeuta e oficineiro, dentre outros.

d) Espaço físico e ambiência


▪ Espaço físico apropriado, sempre que possível, para
atendimentos individuais e atividades em grupo,
resguardando o sigilo dos atendimentos.

e) Descrição das atividades e fluxos:


1) Mapeamento da RAPS e outros pontos de atenção e cuidados;

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2) Atendimento individual (acolhimento, abordagem,
consulta médica, atendimento terapêutico, orientação);.
▪ Atendimento em grupos (terapêutico, operativo,
oficinas terapêuticas, oficinas expressivas, oficinas
profissionalizantes, oficinas socioculturais e esportivas,
grupos de família, entre outros);
▪ Distribuição de medicamentos e/ou assessoria
aos usuários e familiares quanto à sua aquisição e
administração, observando o diagnóstico de cada um;
▪ Desenvolvimento de ações intersetoriais com
organizações, entidades e serviços existentes;
▪ Reuniões com os usuários, familiares, técnicos e
outros convidados;
▪ Reunião técnica semanal para discussão de questões
administrativas, elaboração do plano individual de
atendimento, questões técnicas e organização das atividades;
▪ Acompanhamento, através da interlocução entre as
equipes das unidades, quando da movimentação do
adolescente entre unidades e com a rede de atenção;
▪ Encaminhamento à RAPS para avaliação, consulta,
tratamento e atendimento de emergência.
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PARTE

m Saúde Men
o Adolescen
m Conflito co
Fluxos e Protocolos
i de Cuidado
4.1. Fluxo dos casos de Saúde Mental

Avaliação psicossocial: realizado pelo profissional de saúde mental, que


sinaliza o comprometimento funcional.
Avaliação Funcional: condições mais freqüentes de acordo CID – 10

F00-F99 - Transtornos Mentais e do Comportamento mais


Comuns entre os Adolescentes

Transtornos Mentais e do Condições


Fluxo
Comportamento mais comuns

Emergência;
F10-F19 Transtornos mentais e Intoxicação aguda; dependên-
Técnico de referência da me-
comportamentais devidos ao uso cia; abstinência;
dida; Equipe de saúde mental;
de substância psicoativa. uso nocivo para saúde.
Psiquiatria Caps AD.
F20-F29 Esquizofrenia, transtor-
Esquizofrenia; transtorno psi- Emergência; Equipe de saúde
nos esquizotípicos e transtornos
cótico agudo. mental.
delirantes.

F40-F48 Transtornos do humor Transtorno bipolar; Equipe de saúde


[afetivos]. Episódio depressivo. mental; Psiquiatria.

F50-F59 Transtornos neuróti-


Técnico de referência da me-
cos, transtornos relacionados Transtorno ansioso; Dissociati-
dida; Equipe de saúde mental;
com o estresse e transtornos vo (conversivo); Estresse.
Psiquiatria.
somatoformes.

F70-F79 Retardo Mental Leve; Moderado. Pedagogia.

F80-F89 Transtornos do
desenvolvimento psicológico,
Psiquiatria; Equipe de
Síndromes comportamentais Anorexia nervosa; T. sono.
saúde mental.
associadas a disfunções
fisiológicas e a fatores físicos
F80-89 Transtorno do desen-
volvimento T. aprendizagem. Pedagogia.
psicológico.
F90-F98 Transtornos do
comportamento e transtornos
emocionais que aparecem TDAH; Transtorno de conduta. Equipe de saúde mental
habitualmente durante a
infância ou a adolescência

4.2. Encaminhamentos Gerais


▪ Encaminhamento para psiquiatria interno e externo;
▪ Encaminhamento para emergência;
▪ Encaminhamento para CAPSi;
▪ Encaminhamento para CAPS-ad;
▪ Encaminhamento para orientação pedagógica e
abordagem educativa;
* No caso das adolescentes, pensar sempre que podem
estar grávidas. Averiguar nas entrevistas e, se necessário,
encaminhar para a unidade básica de referência.
4.3. Quadro da organização da Atenção Psicossocial nas unidades

PROCEDIMENTOS ACOLHIMENTO
SEMILIBERDADE PROVISÓRIA INTERNAÇÃO
ASSISTENCIAIS (GCA/PACGC)
Acolhimento
individual e X X X X
familiar
Orientação
individual e X X X X
familiar
Avaliação
X X X X
psicossocial

Atendimento
X X X X
social
Atendimento
Psicológico X X X X
individual
Atendimento
musicoterapia X X
individual/grupo
Atendimento
T.Ocupacional X X
individual/grupo
Consulta
X X X
psiquiatria
Oficinas
ocupacionais/ X X
terapêuticas
Reunião de
X X X X
equipe

Estudo de caso X X X X

Articulação
X X X X
interinstitucional
4.4. Acolhimento pela equipe de medida
socioeducativa e manejo psicossocial
▪ Levantar histórico de uso abusivo de substância psicoativa
(início, tipo de uso, implicações sociais, familiares,
educacionais e com justiça);
▪ Verificar crise de abstinência (definir o grau de gravidade);
▪ Verificar história familiar de doença mental;
▪ Levantar tratamentos prévios;
▪ Investigar ideação suicida;
▪ Avaliar desorganização do pensamento;
▪ Levantar história de convulsões;
▪ Realizar atendimento familiar;
▪ Preferir a abordagem psicossocial e evitar abordagem
medicamentosa, principalmente na internação provisória,
exceto nos casos de emergência (desorganização psicótica;
síndrome de abstinência; convulsões; ideações suicidas).

4.5. Encaminhamento para equipe de


referência em Saúde Mental
▪ Uso abusivo de drogas;
▪ Desorganização psicótica;
▪ Problemas comportamentais graves;
▪ Síndrome de abstinência moderada ou grave;
▪ Ideações suicidas.

4.6. Encaminhamento para psiquiatria


(Novo DEGASE ou RAPS)
▪ Agitação psicomotora ou convulsões;
▪ Resposta insatisfatória ao manejo psicossocial;
▪ Desorganização psicótica;
▪ Síndrome de abstinência moderada ou grave;
▪ Ideações suicidas;
▪ Necessidade de diagnóstico.

4.7. Acionamento do SAMU


▪ Crises convulsivas;
▪ Crises destrutivas;
▪ Agitação psicomotora;
▪ Crises de ansiedade graves.
4.8. Encaminhamento Emergência Psiquiátrica ou Leito de
Crise no Hospital Geral
▪ Crises convulsivas;
▪ Crises destrutivas;
▪ Agitação psicomotora;
▪ Crises de ansiedade graves;
▪ Anorexia grave ou catatonia.

4.9. Encaminhamento /compartilhamento CAPSi


▪ Casos de psicose;
▪ Outros transtornos graves;
▪ Necessidade de tratamento intensivo.

4.10. Encaminhamento CAPS-ad


▪ Necessidade de tratamento intensivo.

4.11. Monitoramento de Egressos


▪ Manter cadastro de adolescentes;
▪ Registrar encaminhamentos dos dados.
4.12. Estudo de Caso ou contato entre unidades e outros
serviços progressão de medida socioeducativa
▪ Realizar o estudo de caso sempre que houver
transferência, progressão de medida socioeducativa
ou reinternação;
▪ Fazer contato com os CRIAADs, quando da progressão de
medida para estes equipamentos.
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PARTE

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o Adolescen
m Conflito co
i Tópicos Específicos
5.1. Avaliação de Incapacidade para cumprimento de
medida socioeducativa ou para Aplicação de Medida
Protetiva de Tratamento
▪ Indicações: comprometimento mental e/ou
cognitivo importante;
▪ Necessidade de apoio AVD
(comprometimento da autonomia);
▪ Incapacidade de convívio coletivo ou
de realizar atividades;
▪ Atos infracionais leves decorrentes
da compulsão a adicção;
▪ Piora do quadro mental com a privação de liberdade;
▪ Necessidade de vigilância e cuidado contínuo;
▪ Deverá ser elaborado parecer técnico (social e psicológico)
pela equipe de medida e parecer psiquiátrico a ser
encaminhado ao judiciário.
5.2. Avaliação Toxicológica
▪ Avaliação toxicológica: compreende a dosagem dos níveis de drogas no
sangue, urina, cabelo, realizada por laboratórios particulares, institutos
de pesquisa e pela polícia técnica, portanto foge à competência do Novo
DEGASE.
No caso da solicitação de pesquisa toxicológica com fins judiciais
(verificação do uso de drogas à época do ato infracional), o fato deve ser
encaminhado à direção da unidade que providenciará a ida do adolescente ao
IML junto com a determinação judicial.
No caso de avaliação com fins clínicos terapêuticos (indicação de
tratamento), deverá ser feito parecer psicossocial (psicológico e social)
e, quando houver indicação para tratamento em nível de internação, é
imprescindível o parecer psiquiátrico.

5.3. Parecer Clínico x Laudo Pericial


O laudo pericial é o relato do técnico ou especialista designado para
avaliar determinada situação que está dentro de seus conhecimentos. É um
dos meios de prova utilizados pelo juiz para proferir a sentença/medida,
embora, no Direito brasileiro, o juiz não esteja adstrito ao laudo, podendo
aceitá-lo ou rejeitá-lo integral ou parcialmente.
A atividade socioeducativa é de cunho pedagógico e assistencial,
envolvendo vínculo, não cabendo pareces sociojurídicos de caráter pericial,
afastados do Plano Individual de Atendimento.

5.4. Indicadores em saúde mental - PNAISARI


▪ Número de casos de suicídio;
▪ Número de casos encaminhados à RAPS;
▪ Número de adolescentes em uso psicofármacos.
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PARTE

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m Conflito co
i Articulação
Territorial e Pano
Operativo Estadual
▪ Plano Operativo: documento que tem por objetivo
estabelecer diretrizes para a implantação e implementação
de ações de saúde que incorporem os componentes da
Atenção Básica, Média e Alta Complexidade com vistas
a promover, proteger e recuperar a saúde da população
adolescente em regime de internação, internação
provisória e semiliberdade, descrevendo-se as atribuições
e compromissos entre as esferas estadual e municipal de
saúde e da gestão do sistema socioeducativo estadual
na provisão dos cuidados em saúde dos adolescentes
(PNAISARI, art. 2º., inciso IV);
▪ Estamos avançando com o elaboração do Plano Operativo
em vários municípios. Em algumas unidades, já temos o
profissional de saúde mental do município acompanhando
os casos.
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PARTE

m Saúde Men
o Adolescen
m Conflito co
i Planejamento
2015-2018
1- Reestruturar as equipes das Unidades Socioeducativas:
CENSE Professora Marlene Henrique Alves - Campos dos
Goytacazes, CENSE Irmã Asunción de La Gándara Ustara
- Volta Redonda e CENSE Dom Bosco;
2- Lotação de profissionais de saúde mental
nas Unidades Socioeducativas;
3- Designar um profissional de saúde mental para fazer o
matriciamento dos casos e acompanhamento da inclusão
na rede psicossocial dos municípios;
4- Atualizar os documentos técnicos,
referentes à saúde mental;
5- Promover o curso de atualização em
saúde mental na adolescência;
6- Promover o minicurso sobre acolhimento e cuidado para
profissionais de nível médio;
7- Realizar encontros anuais;
8- Organizar os programas de trabalho da terapia
ocupacional e musicoterapia.
Referências Bibliográficas

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, Senado Federal,


Brasília, 1988.

_______. Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069/90, Ministério


da Justiça, Brasília, 1990.

_______. Secretaria Especial de Direitos Humanos. Sistema Nacional de


Atendimento Socioeducativo (SINASE). Brasília: CONANDA, 2006.

_______. Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de


Crianças e Adolescentes a Convivência Familiar e Comunitária. Brasília/
DF, dezembro de 2006.

_______. Ministério da Saúde. Portaria GAB/SAS 647. Brasilia:2008.

_______. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Lei


Federal nº 12.594, de 18/01/2012.
_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento
de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica – PNAB. Portaria
GM/MS no. 2.488/2011. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

_______. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização - PNH.


Humaniza SUS: Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

_______. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à


Saúde de Adolescentes em Conflito com a Lei – PNAISARI. Portarias
GM/MS 1.082 e 1.083. Brasília: 2014.

FRANCO, C. M. e FRANCO, T. B. Linha de Cuidado Integral: Uma proposta


de Organização da Rede de Saúde. Universidade Federal Fluminense, 2010.
Disponível em www.saude.sp.gov.br/resources/.../acesso.../passo_a_passo_
linha_de_cuidado.pdf

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