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Curso de Psicanálise da Sociedade Brasileira de São Paulo

Módulo Lacan
Professor: Ronis Magdaleno Júnior

Caros alunos,

Segue a bibliografia e o percurso que pretendo seguir com vocês com o objetivo de
enfrentar o desafio de uma leitura de trechos da obra lacaniana visando, sempre, uma
expansão da compreensão de Freud. Trata-se de um desafio a tarefa de introduzi-los num
pensamento tão complexo em apenas três encontros, mas o que nos conforta é que se
tivéssemos seis, dez, cinquenta ou cem, o desafio seria o mesmo, talvez até maior, pois
estamos frente a frente com dois autores inapreensíveis no seu todo: Freud e Lacan. É um
trabalho para toda a vida e que deve ser enfrentado sabendo que não terá fim.

De todo modo, vamos ao desafio.

Minha proposta didática está fundamentada na discussão em classe de três textos


lacanianos, dois Seminários, que são comunicações verbais, e um dos “Escritos”, que é um
ensaio. Portanto, é essencial a leitura e desenvolvimentos pessoais prévios do material
para que possamos estabelecer uma conversa durante a aula. Além deste caráter mais
objetivo, insisto que a leitura e o contato com a escrita/fala lacaniana - que já é um desafio
em si - é um modo de apreender o modo de construção do pensamento deste autor. O estilo
barroco de Lacan, além de sua erudição, tornam-se um desafio para o leitor, sobretudo,
para aqueles que não tem alguma familiaridade com a obra, dando um sentimento de
incompreensão, por vezes mesmo de confusão, convidando à dispersão e mesmo à
desistência. Portanto, persistência e abrir mão do desejo de uma compreensão literal ou
completa são os recursos necessários para a aproximação e apropriação das ideias
lacanianas.

Os textos que selecionei são de um Lacan ainda membro da IPA, um Lacan ainda bastante
fundamentado na obra freudiana, um Lacan que se propõe a uma expansão de conceitos
freudianos, mas já com uma visão própria e criativa do campo psicanalítico, além de um
crítico perspicaz de uma psicologia do eu e de alguns caminhos tomados pela psicanálise
inglesa da época, que sobrevalorizavam o papel do eu no processo analítico e a importância
dos afetos/emoções, em detrimento da fala e da linguagem, como elementos centrais da
análise. Vocês vão poder encontrar, dispersas no meio dos textos, críticas pungentes à
psicanálise que se desenvolvia nos Estados Unidos e na Inglaterra, após a morte de Freud
e a dispersão dos psicanalistas em decorrência da ascensão do nazismo e do evento da
Segunda Grande Guerra.

Vou deixar com vocês alguns pontos de balizamento para a leitura dos textos, que imagino
possam auxiliá-los na leitura e no seguimento de alguns percursos que podem ser
apreendidos nos textos e desenvolvidos durante as aulas.

Aula 1: A função da palavra e o lugar do Outro.

Texto: A função criativa da palavra


Este Seminário começa introduzindo a questão da linguagem, tão importante na teorização
lacaniana, e a consequente questão da significação. Tentem pensar na proposta dinâmica
que afirma que “um significante apresenta o sujeito para outro significante” e que implica a
existência de um algo que “eu não acreditava ter dito” na fala do sujeito.

Para Lacan o símbolo, elemento da linguagem, cria uma nova ordem de ser nas relações
entre os homens, da qual não se sai, e mesmo a emoção só podendo estar engajada numa
dialética por estar presa na ordem simbólica.

O lugar do outro, que será melhor discutido na aula 3, é ressaltado quando Lacan afirma
que ‘uma palavra não é palavra a não ser na medida exata em que alguém acredita nela”.
Remete à situação dos companheiros de Ulisses transformados em porcos e sua
comunicação. Ulisses pode ser tido como o Grande Outro (A) que faz com que o grunhido
dos porcos seja linguagem? É a ele que a comunicação é remetida, tornando-se palavra?
Onde aparece a emoção nesta comunicação?

A palavra, ao existir, torna-se o meio do sujeito ser reconhecido, mas “está aí antes de
qualquer coisa que haja atrás”, sendo absolutamente ambivalente e insondável. O que ela
diz é sempre uma miragem. Seria aqui que poderíamos situar o constitucional para Freud?
Lacan, ao sustentar o inconsciente como uma linguagem, afasta-se de um biologismo
freudiano, que propõe o constitucional como algo herdado geneticamente?

Há uma diferença entre a palavra e a linguagem, sendo que a palavra existe quando o ato
“quer fazer crer e exige o reconhecimento”, mas só há linguagem quando há alguém para
reconhecê-la a partir de um outro lugar que não é acessível ao sujeito (retomaremos isto
na aula 3). É neste sentido que Lacan afirma que toda palavra tem sempre um mais-além,
sustentando muitas funções e envolvendo muitos sentidos (um significante que remete
sempre a um outro significante, com o sujeito no vazio entre eles). Num discurso, há o que
ele quer dizer, mas há ainda um outro querer dizer, que nunca será esgotado. Neste sentido,
a palavra tem função criadora e faz surgir, em sua interminável articulação, a coisa mesma
(o das Ding freudiano), terminando no conceito - como tempo da coisa (Hegel) –, que é
aquilo que contorna a coisa sem nunca esgotá-la.

O conceito não é a coisa, é um tempo que está onde a coisa não está. “O conceito é o que
faz com que a coisa esteja ai, não estando.” (identidade na diferença). Freud coloca aqui,
teoricamente, a questão da atemporalidade do inconsciente, que está fora do tempo porque
é o tempo de si mesmo, o tempo puro da coisa, e remete à questão clínica da transferência
como tempo da coisa. É neste sentido que Lacan diz que a palavra do analista, em
transferência, tem valor de palavra antiga, que está fora e, ao mesmo tempo, no tempo.

Assim, se o conceito é o tempo, a palavra deve ser analisada “por andares”, sendo o último
sentido da palavra do sujeito diante do analista, em transferência, sua relação existencial
diante do objeto de seu desejo. Trata-se, a relação analítica, de uma miragem narcísica que
sustenta a relação do homem com o seu desejo, especular, e coloca a palavra em
suspensão, numa situação imaginária. O mais-além é sempre uma outra palavra, mais
profunda, interminável.

O que é a transferência (Ubertragung) para Freud, pergunta-se Lacan? É um fenômeno


decorrente do fato de que, para certo desejo recalcado, não há tradução direta possível,
está interditado ao seu discurso e não pode se fazer reconhecer. Contudo, algo que não é
dizível, por ser interditado, pode, não obstante, revelar-se ao falar frente ao Outro. É a
palavra plena que carrega este sentido de revelação. É a talking cure de Breuer.

Lacan, seguindo Freud, considera a transferência um fenômeno de linguagem sendo,


portanto, necessário que o outro esteja lá para tornar a fala em análise fenômeno de
linguagem, que remete a algo que está além, que não se extingue e carrega todo seu
potencial criativo. O fundamento da cura analítica é o de encontrar num ato o seu sentido
de palavra. Para o sujeito, ao se fazer reconhecer, um ato é uma palavra. É isto que Lacan
entende como análise de transferência.

Aula 2: O estádio do espelho e a constituição do eu. A solução lacaniana do problema


do narcisismo

Texto: O estádio do espelho como formador da função do eu, tal como nos é revelada na
experiência psicanalítica.

Lacan faz uma distinção fundamental entre o “je” e o “moi”, expandindo, deste modo, a
compreensão daquilo que Freud chamou de “Ich”, traduzido por “Ego” na Standard Edition,
com todos os problemas que esta tradução carrega consigo.

Je [eu] é o sujeito do inconsciente, e se trata de uma experiência que se opõe a qualquer


filosofia oriunda do cogito, da razão. É o que afasta, de vez, Freud de qualquer outra ciência,
seja ela humana ou natural.

Para Lacan, aos 6 meses o bebê reconhece sua própria imagem no espelho, brinca com
seus movimentos, interage com seu duplo especular e com o seu meio, ou seja, os objetos
que estejam por perto. Neste reconhecimento, ocorre um momento de júbilo e a fixação de
um instantâneo de sua imagem. É o que Lacan vai definir como “estádio do espelho”, que
é uma identificação, ou seja, uma transformação produzida no sujeito quando assume uma
imagem.

Essa assunção jubilatória da imagem especular constrói a matriz simbólica em que o [eu]
se precipita numa forma primordial, antes da identificação com o outro e antes que a
linguagem lhe restitua a função de sujeito. Podemos entender este momento como aquele
de formação do [eu]-ideal, que é acompanhado por uma discórdia primordial determinada
pela prematuração do filhote de humano e, portanto, traída pelos sinais de mal-estar e falta
de coordenação motora.

Para Lacan o estádio do espelho é um drama cujo impulso interno precipita-se da


insuficiência para a antecipação, e dá origem tanto às imagens do corpo despedaçado até
a formas de totalidade ortopédica (identidade alienante), que estão na base das
desestruturações patológicas que irão se expressar nas estruturas psicopatológicos:
psicoses, neuroses e perversões

Assim, a formação do [eu] poderia ser representada simbolicamente por um campo


fortificado que se distribui da arena interna até sua muralha (defesas) e até seu cinturão de
escombros e pântanos (isso), que o sujeito tenta atravessar na busca pelo castelo interior.
A conclusão da fase do espelho, que transcorre dos 6 aos 18 meses, inaugura, pela
identificação com a imago do semelhante e pelo drama do ciúme primordial, a dialética que
une o [eu] a situações socialmente elaboradas. Esse momento faz todo o saber humano
bascular para a mediatização pelo desejo do outro, construir seus objetos pela concorrência
de outrem. Na base de todas estas relações sociais está esta tensão entre a libido narcísica
como função alienante do [eu], e a agressividade que decorre dela em qualquer relação
com o outro, ou com o semelhante, como veremos na próxima aula.

O eu nunca consegue se desligar de uma ilusão de autonomia e de auto-conhecimento,


que encobre a realidade do [eu] como função de desconhecimento em todas as suas
estruturas, posto que baseado na Verneinung (negação).

Conclui que o ponto de junção natureza/cultura é um nó de servidão imaginária que o amor


tem sempre de redesfazer, o que implica agressividade.

A psicanálise pode acompanhar o sujeito até “Tu és isso”, que em francês se diz Tu es ça ,
que tem o mesmo som de “Tues ça” (mate isso), que é a cifra de um destino mortal, mas é
também, quando possível de ser alcançado, o começo da verdadeira viagem

Aula 3: A constituição do sujeito. O esquema L

Texto: Introdução do Grande Outro.

Em que momento eu sou realmente eu? Esta questão introduz o foco principal deste
Seminário que é a dialética eu/outro. Lacan se pergunta: Eu estou contente quando estou
contente ou estou contente quando o outro está contente comigo? Ressalta que este outro
não é o outro especular, o semelhante, o eu especular, pois não há, neste caso, imagem
de identidade, mas sim relação de alteridade fundamental. Portanto, a quê outro se refere?

Introduz o problema fundamental para a compreensão de seu raciocínio, que é o fato de


haver dois outros: um outro com A maiúsculo (que é do que se trata na função da fala) e
um outro com a minúsculo, e que remete ao eu especular, ao outro especular.

Para desenvolver esta dialética propõe a excêntrica metáfora em forma da pergunta: Por
que os planetas não falam? Os planetas não falam por que não têm boca (falta-lhes o todo
e que remete ao vazio do desejo), portanto, os planetas são o que não somos. O humano
é marcado pela linguagem, como vimos na aula 1 e pelo vazio da boca, que remete ao
vazio do desejo.

Se não há o vazio, ou seja, quando há uma identificação do ser com a pura imagem, não
há lugar para a mudança, para a morte, sendo o campo da psicose. No momento em estão
mortas, não podem mais morrer, e isto remete ao impasse do desejo. Não seria a morte o
único caminho para a realização do desejo? Na medida em que o sujeito se identifica com
o imaginário, realiza o desejo, mas está preso na psicose.

O homem, em sua capacidade simbólica, que remete ao vazio do desejo, faz os planetas
falarem. É por isso que nunca se sabe o que pode acontecer com uma realidade, até o
momento em que se a reduziu definitivamente a inscrever-se numa linguagem. O símbolo,
com sua infinitude, não vem do real, mas se agarra ao real e o submete à linguagem. Uma
linguagem benfeita, fechada, como uma sintaxe, remete para Lacan ao conceito de campo
unificado de Newton e, ressalta ele, que tudo que entrar no campo unificado nunca mais
falará, por se tratar de realidades completamente reduzidas a linguagem. Há uma oposição
entre aquilo que Lacan chama de fala, que remete ao vazio e, portanto, ao desejo, e a
linguagem, um sistema dado, no qual estamos mergulhados e que remete a um mais-além,
o pavoroso silêncio dos astros ao qual se refere Pascal. Seguindo este percurso podemos
entender que os elementos não respondem nunca ali onde os interrogamos, há sempre um
mais-além, o muro da linguagem, de modo que se os interrogamos de algum lugar, é
impossível apreendê-los no conjunto, no todo. É por aqui que a questão da castração vai
se colocar na obra lacaniana.

É por isso que a mentira marca o lugar da fala e o Todo-poderoso fica reduzido ao silêncio.
A linguagem não fala.

Lacan passa para o campo da clínica psicanalítica ao colocar a questão provocativa e que
remete à sua crítica a uma psicanálise do eu, que tem como fundamento um reforço do eu,
tornando-o coeso e integrado. Será que a meta da psicanálise é tornar os homens, luas,
planetas?

Critica a ideia, corrente em sua época, do fim da análise como um momento de tornar as
capacidades de observação do eu intactas, baseada numa pretensa integração do eu, o
que, para ele, criaria sim uma perversão, que consistiria em situar o progresso da análise
na relação imaginária do sujeito com seu mais primitivo diverso, aproximando-a do campo
da paranoia.

Por ser o eu uma construção imaginária, ele porta sempre o abismo e a decomposição
decorrentes da não coincidência, da discórdia, entre imagem e realidade, como vimos na
aula 2. O louco é, portanto, aquele que adere ao imaginário, pura e simplesmente.

Para desenvolver estes campos Lacan vai propor o esquema L, que reúne os elementos
que discutimos nas duas aulas anteriores: estádio do espelho, o Outro, o semelhante, a
Linguagem, o sujeito do inconsciente (je).

S é o sujeito psicanalítico, portanto, não é o sujeito em sua totalidade, mas o sujeito em sua
abertura. S não sabe o que diz, e se vê em a. Está aqui a problemática introduzida pelo
estádio do espelho expandida pela introdução de A, sendo este essencial para a
constituição dos objetos, já que atravessa a relação especular a-a’, que é a forma que a vê
o semelhante (a’). Assim, fora deste eixo do “ego-ais” (ego-eux, iguais, em francês) existe
o muro da linguagem. É atravessado pelo muro da linguagem que o imaginário toma sua
falsa realidade. Neste sentido, o eu e o semelhante (a e a’) são objetos, que não são
planetas por serem organizados a partir do muro da linguagem. Quando o sujeito fala com
seus semelhantes considera os eus imaginários como coisas ex-sistentes e reais, mas não
pode vê-los como reais.

Os analistas supõem que haja outros sujeitos que não o eu, ou seja, que hajam relações
intersubjetivas, mas não teriam razões para acreditar nisto se não houvesse o testemunho
da intersubjetividade, que é o fato do outro poder mentir. Na verdade, endereçamo-nos a A,
que é aquilo que não conhecemos e que está do outro lado do muro da linguagem, jamais
alcançado. É ao Outro que lanço a fala verdadeira, mas esta fala só alcança a, por reflexão:
“viso sempre aos sujeitos verdadeiros, mas tenho de me contentar com sombras”. Isto
ocorre pois o sujeito está separado do Outro pelo muro da linguagem.

A fala se fundamenta na existência do Outro e a linguagem remete ao Outro, mas trata-se


de uma relação que funciona o tempo todo numa ambiguidade, já que a linguagem serve
tanto para nos fundamentar no Outro como para nos impedir radicalmente de entendê-lo.
É o que fundamenta a experiência analítica, e o que constrói e sustenta o campo da
transferência.

Em análise, ou na vida, o sujeito não sabe o que diz, pois já não sabe o que é, mas ele se
vê, ainda que de forma imperfeita, do outro lado, em a’. Lacan considera uma perversão da
análise tentar tornar o eu integrado, agregar as partes despedaças de si, já que esta meta
só poderia se dar pela consumição (imaginária) dos objetos parciais por intermédio da
imagem do outro diante, ou atrás, de si (consumição imaginária da imago do analista).
Neste caso, o sujeito reconcentra o seu próprio eu imaginário na forma do eu de seu analista.
Imaginem os problemas que isto pode causar na formação das identidades dos futuros
analistas, com tendências paranoicizantes e alienantes, com o estabelecimento de
fundamentalismos teóricos e seitas de seguidores de determinados mestres.

O que Freud ensinou é o oposto disso: seu ideal era o de formar analistas para que
houvessem sujeitos em que o eu esteja ausente. Análise não tem nada a ver com eus
íntegros e fortes.

A análise deve visar à passagem a uma fala verdadeira, que junte o sujeito a um outro
sujeito do outro lado do muro da linguagem (Pensem aqui na questão do significante que
apresenta o sujeito para um outro significante). É a relação derradeira de um sujeito com
um Outro verdadeiro, um Outro que dá a resposta que não se espera, que define o ponto
final da análise.

O analista assume, portanto, na situação transferencial o lugar de espelho vazio, e que será
causa do desejo, portador de um suposto saber. O progresso da análise consiste no
deslocamento progressivo desta relação que o sujeito, a todo momento, pode apreender
para além do muro da linguagem, a transferência, que é dele e onde ele não se reconhece.
A análise consiste em fazê-lo tomar consciência de suas relações não para com o eu do
analista, mas para com todos estes Outros, que respondem por ele e que ele não
reconheceu. Trata-se de descobrir progressivamente a que Outro ele verdadeiramente se
adereça, apesar de não sabê-lo, assumindo as relações de transferência no lugar onde
está.

A análise permite que ali onde o S estava, lá tem de estar o Ich, e isto muito mais no sentido
de um Ich tocado pelo S, do que um Ich que coloniza o S. Teríamos um Ich diluído, ou
mitigado, pela presença de múltiplos A, aos quais se remete o S. É neste sentido que
podemos pensar em algo como uma integração, não do eu, mas de S.

Pode, no decurso de uma análise, se formar algo como um eu integrado, mas é uma forma
fundamentalmente alienada do eu. O eu imaginário lhe fornece o centro, sendo
perfeitamente identificável a uma forma de alienação próxima da paranoia. Que o sujeito
acabe acreditando no eu é, como tal, uma loucura.

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