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Faculdades João Paulo II

Disciplina: Cálculo I
Aula 2: Limites e continuidade

Inicia-se o estudo de Limites apresentando uma noção intuitiva para que você
possa se familiarizar ao conteúdo. O limite de uma função descreve o valor em
que uma função assume em um determinado ponto quando aproxima-se cada
vez mais deste ponto.

Por exemplo, queremos saber o limite de no ponto x = 2.


Vamos atribuir valores para x de modo que se aproxime cada vez mais de x = 2,
tanto pela direita como pela esquerda.

Ao analisar o limite desta função no ponto f(2) observa-se que o valor da função
aproxima-se cada vez mais de 6 por ambos os lados.
Assim, pode-se dizer que a função f(x) tende a 6 tanto pela direita como pela
esquerda, ou seja, o Limite desta função no ponto indicado é 6.
Matematicamente, o cálculo do limite é representado da seguinte forma:

onde diz-se: limite de f(x) quando x tende a “a”.


De modo geral, calcula-se o limite nos pontos na qual a função possui alguma
particularidade, como: assíntotas, degrau, ou também em e .
Caso os limites laterais no ponto a sejam diferentes, o limite neste ponto não vai
existir.
Limite: Definição Formal

Seja um intervalo qualquer, e uma função definida no intervalo ,


(exceto eventualmente em ). Diz-se que o limite de quando tende a é

, e escreve-se , se para todo existe um , tal que

sempre que , onde e são


constantes tão pequenas quanto se queira.
Em outras palavras, pode-se dizer que uma função possui limite em se os
pontos em x presentes em um pequeno intervalo entorno de produzem valores
de em um pequeno intervalo entorno de .

Propriedades dos Limites

Neste post apresentam-se as principais Propriedades dos Limites, porém sem


fazer sua demonstração. Estas propriedades são muito úteis na resolução de
problemas envolvendo cálculo de limites.

1) Propriedade da unicidade do Limite:

Se e então .

2) Propriedade do Limite de uma função constante:

Se para todo real, então para qualquer real, tem-se:

3) Propriedade da soma ou da subtração dos Limites:

Se e então:

4) Propriedade da multiplicação por escalar do Limite:

Para qualquer constante e :

.
Obs: O sinal, , simboliza simplesmente uma multiplicação entre dois termos e
não o operador rotacional.

5) Propriedade da multiplicação de Limites:

Se e então:

6) Propriedade da divisão de Limites:

Se , e então:

7) Propriedade da potência de Limites:

Se então:

.
8) Propriedade do exponencial do Limite:

Se e então:

.
9) Propriedade do logaritmo do Limite:

Se , , , , e então:

.
10) Propriedade da raiz do Limite:

Se , e quando for par então:

.
11) Propriedade do confronto ( sanduíche ) dos
Limites:

Se tal que então:

.
12) Propriedade dos polinômios:
Esta propriedade é uma combinação das propriedades 3 e 4. Seja
um polinômio qualquer, onde os
são constantes arbitrárias, tem-se:

Logo, .
13) Propriedade da divisão de polinômios:

Nos limites da forma em que e são polinômios em ,


prevalecem os termos de maior grau de ambos os polinômios quando for calcular
o limite, ou seja, se

então

1.1.1.1.Exemplos iniciais:
exercícios resolvidos de Limites

Neste post apresentam-se alguns exercícios resolvidos de limites para facilitar a


sua compreensão. Utilizam-se as Propriedades dos Limites vista no post anterior
e regras que ajudam a desenvolver os mesmos.
Exemplo 1

Obs: toda vez que calcula-se um limite deve-se iniciar aplicando o valor na qual
deseja-se saber o limite. Somente se der alguma indeterminação deve-se
recorrer a outros métodos.
Aplicando as propriedades 2, 3 e 4 tem-se:
.
Exemplo 2

Da mesma forma como no exemplo anterior, deve-se abrir em vários limites


aplicando as propriedades 2, 3, 4 e 6, assim tem-se:
.
Exemplo 3

Resolve-se este exemplo da mesma forma que os anteriores, porém necessita-


se também da propriedade 10 da raiz.

2. Limites Fundamentais
2.1.1.1.Limites Fundamentais

Neste post apresentam-se os Limites Fundamentais e suas demostrações,


visto que eles aparecem com frequência na resolução dos exercícios.
1º Limite Fundamental

.
Para demostrar este limite utiliza-se a figura abaixo, na qual contém um setor
circular de raio 1 e dois triângulos com um dos seus ângulos internos

medindo (em radianos).

Facilmente percebe-se que:

Abstraindo:
1) Considerando o triângulo menor temos:
então:

;
2) Como temos um ângulo de radianos, arco circular de raio 1 e sabendo que
uma volta completa possui radianos com comprimento , então ao fazer
uma regra de três obtemos
;
3) Considerando o triângulo maior temos:

então:

;
Substituindo tem-se:

Dividindo todos os termos por obtém-se:

.
Invertendo todas as frações fica-se com:

e aplicando o limite em todos os termos para

.
Assim, tem-se:

e pela Propriedade dos Limites nº 11 chega-se a

.
2º Limite Fundamental
Seja a expansão binominal dada por:
.
Então, tem-se:
.
Quando aplica-se o limite tem-se:
.
Logo, chega-se ao limite que queríamos mostrar

.
Obs: Deste mesmo limite fundamental apenas fazendo uma troca de variável
chega-se a:
.
3º Limite Fundamental

Inicia-se esta demonstração fazendo uma troca de


variáveis e quando também .
Deve-se também encontrar uma expressão em que seja igual a para
substituir quando faz-se a troca de variáveis. Assim, aplicando o logaritmo
neperiano tem-se:

.
Logo, escreve-se:

aplicando as Propriedade dos Limites obtém-se:

utilizando as propriedades dos logaritmos tem-se:


.
Segundo a Propriedade dos Limites nº9, pode-se inverter a ordem do limite
com a do logaritmo. Assim, fica-se com:
.
Aplicando o 2º Limite Fundamental como vimos acima tem-se:

.
Portanto,

.
3. Exercícios resolvidos sobre limites fundamentais
3.1.1.1.Exercícios resolvidos sobre limites fundamentais

Neste post apresentam-se alguns Exercícios resolvidos sobre limites


fundamentais, caso você ainda não os conhece clique aqui.

Exemplo 1)
Neste primeiro exercício inicia-se utilizando as propriedades trigonométricas
transformando a função tangente na divisão de seno por cosseno da seguinte
forma:

.
Em seguida, deve-se multiplicar numerador e denominador por 4 e aplicar a
propriedade da multiplicação de limites, acompanhe:
.
Agora pode-se trabalhar com os dois limites separadamente e, no fim, multiplicar
as suas respostas. No primeiro vê-se facilmente que quando o
denominador tenderá a 1, pois :

.
N segundo limite deve-se fazer uma mudança de variável, onde ,
sabendo que quando temos também . Assim:

.
Aplicando o limite fundamental visto no post anterior tem-se:

.
Por fim, deve-se multiplicar o resultado dos dois limites, onde obtém-se:

Exemplo 2)
Ao olharmos para este segundo exemplo já podemos perceber que ao manipular
este limite chega-se em uma expressão semelhante ao segundo limite
fundamental.
Utilizando as propriedades das potências tem-se:
.
Como no exemplo anterior separa-se o limite na multiplicação de dois limites e
depois de resolve-los, separadamente, multiplicam-se os resultados:
.
Manipulando o primeiro limite percebe-se facilmente que tem-se um limite
fundamental:
.
O segundo, manipulando e usando as propriedades dos limites tem-se:
.
Por fim, basta multiplicar os resultados:
.

Exemplo 3)
Neste exemplo inicia-se fazendo um truque matemático de somar e subtrair 1 do
numerador e, em seguida, separar este limite na soma de outros dois:
.
O primeiro é aplicação direta do 3º limite fundamental:

.
O segundo deve-se manipular ele, onde chega-se a:

.
Agora fazendo uma troca de variável, e sabendo que quando
também , substituindo tem-se:

.
Nota-se novamente o 3º limite fundamental:

.
Somando os dois limites tem-se:

4. Limites Infinitos e Limites no Infinito


4.1.1.1.Limites Infinitos e Limites no Infinito
Neste post apresenta-se a temática dos Limites Infinitos e Limites no Infinito,
que consiste nos casos em que o limite em um determinado ponto resulta em
e nos casos em que queremos saber o limite quando .
Antes de começarmos a explicar estes dois conteúdos apresentam-se as
operações que envolvem e que possuem valores reais, ao contrário das
operações que geram indeterminação.
Considerando e com sendo uma constante tem-se:

se par então se ímpar então

se então se então
se então se então

Dito isto, prosseguimos as explicações trazendo dois cálculos de limites a partir


da mesma função:

Exemplo 1:
Este primeiro exemplo trabalha com a ideia de dividir uma constante qualquer
por um número muito grande (positivo ou negativo).
Assim, quanto maior for este número, mais próximo de 0 estará o resultado desta
divisão. Por isto, ao aplicar o limite que tende ao infinito (positivo ou negativo)
obtém-se:

.
Outros exemplos onde aplica-se a mesma ideia são:
.

Exemplo 2:
O segundo exemplo é oposto ao primeiro, pois o denominador está tendendo a
zero, ou seja, um número muito pequeno.
Obs: Deve-se tomar cuidado quando trabalha-se com limites em que o
denominador tende a 0, pois pode ocorrer que os valores muito próximos ao
ponto desejado (pela direita e pela esquerda) possuam sinais contrários.
No nosso exemplo não há este problema, pois a função possui expoente par
tornando os valores sempre positivos. Assim quando dividimos uma constante
positiva por um número que tende a 0, resulta em um número que tende à
:

.
Outros exemplos onde aplica-se a mesma ideia são:

4.1.1.1.Continuidade de uma função

O estudo da Continuidade de uma função está fortemente vinculado com o


estudo de limites, pois quando quer-se saber se uma função é continua deve-se
analisar também a existência do limite.
Grosseiramente, pode-se afirmar que uma função é continua quando
conseguimos desenhar seu gráfico completo sem tirar o lápis do papel, ou
seja, de maneira interrupta.
Ou ainda, quando o gráfico da função não possui quebras ou saltos em todo seu
domínio.
Definição formal:

Uma função é continua em se as seguintes condições forem


satisfeitas:

a) está definida;

b) existir;

c) .
Caso falhar qualquer uma destas condições, a função é dita descontínua
em = .
Exemplos:

1) Determine se é continua em , onde

Note que a função está definida . Analisando o limite tem-se:

.
Abrindo o numerador como o produto da diferença chega-se a:
.

O último passo é conferir .


Nota-se que:

Logo, é descontinua em , conforme vemos no gráfico a seguir.

2) Determine se é continua em , onde

A função está definida em , pois .


Calculando o limite, como são funções diferentes vamos usar os limites laterais:

1) Pela direita: .

2) Pela esquerda: .
Como os limites laterais são iguais então o limite existe e é igual aos limites
laterais, ou seja:

.
Por fim, deve-se analisar se a função em é igual ao limite neste mesmo

ponto, , na qual nota-se que:

Logo, é continua em , como observa-se no gráfico a seguir.

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