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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DIRETORIA GERAL DE ENSINO E INSTRUÇÃO

Manual Básico de
Bombeiro Militar
Vol. 01
CONHECIMENTOS MILITARES
Revisto e Atualizado
Rio de Janeiro - 2017
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Diretoria Geral de Ensino e Instrução

Manual Básico de
Bombeiro Militar
Volume 01

1º Edição Revista e Atualizada


Rio de Janeiro - 2017
4 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Diretoria Geral de Ensino e Instrução

Manual Básico de
Bombeiro Militar

Volume 01

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 5


6 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ
Governador do Estado do Rio de Janeiro
Luiz Fernando Pezão
Secretário de Estado da Defesa Civil e Comandante-geral do CBMERJ
Cel BM Ronaldo Jorge Brito de Alcântara
Subsecretário de Estado da Defesa Civil
Cel BM José Eduardo Saraiva Amorim
Chefe do Estado-Maior Geral e Subcomandante do CBMERJ
Cel BM Roberto Robadey Costa Junior
Subchefe do Estado-Maior Geral Administrativo
Cel BM Flávio Luiz Castro Jesus
Subchefe do Estado-Maior Geral Operacional
Cel BM William Vieira Carvalho
Diretor-Geral de Ensino e Instrução
Cel BM Otto Luiz Ramos da Luz

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Comissão de Elaboração e Revisão do Manual
Coordenador
Maj BM Euler Lucena Tavares Lima
Equipe revisora
Ten-Cel BM Eliane Cristine Bezerra De Lima
Maj BM Euler Lucena Tavares Lima
Maj BM Jeferson Corato Junior
Maj BM Filipe Correia Lima
Cap BM Leonardo Luiz Dos Reis
Cap Thiago Muniz Bucker
Cap BM Glauco Rocha Machado
Cap BM Márcio da Costa Brito
Cap BM Raphael de Almeida Mariano
Cap BM Rodrigo Pacheco de Melo Alcantelado
Cap BM Ruan Gasiglia do Amaral
Cap BM Gabriel Ferreira dos Santos
Cap BM Felipe Bonfim Junqueira
Cap BM Bruno Polycarpo Palmerim Dias
Cap BM Anndrio Luiz do Couto
Cap BM Igor Campos Bacelar
Cap BM Raphael Luiz Ferreira Palmieri
Cap BM Natan Lima Paracampos Barroso
Cap BM Rodolfo Augusto França Campos
1º Ten BM Luiz Felipe Motta Filgueira Gomes
2º Ten BM Allan Yelsin Ramos de Sousa
3º Sgt BM Priscilla Santos Vitório Tavares Lima
Cb BM Rafael Silveira De Oliveira

Equipe de apoio
Subten BM Renilton Dias dos Santos
1º Sgt BM Rodrigo da Silveira Marins
2º Sgt BM Alexandre Barbosa de Oliveira
2º Sgt BM Ricardo Patrocínio de Oliveira

Fotografia de capa do manual


Subten BM/RR Marcelo Ciro Xavier
Sumário

SÍMBOLOS NACIONAIS................................................... 15 Histórico do Ensino no CBMERJ..............................................43


Da Bandeira do Brasil..................................................................15 1.3. Histórico da Defesa Civil....................................................45
Do Hino Nacional...........................................................................16
CONTROLE OPERACIONAL E COMUNICAÇÕES.........49
Das Armas Nacionais...................................................................16
2.1. Definições, Conceitos e Abreviaturas:...........................49
Do Selo Nacional........................................................................... 17
2.2. Meios De Comunicação......................................................50
Símbolos Regionais...................................................................... 17
2.3. Rádio Transceptor ...............................................................50
Da Bandeira do Estado do Rio de Janeiro.............................. 17
2.4. Generalidades....................................................................... 52
Brasão de Armas do Estado do Rio de Janeiro..................... 17
2.5. Linguagem Característica Para Uso Na Rede Bravo. 53
Símbolo do CBMERJ.....................................................................19
2.6. Procedimentos para uso do Rádio Transceptor..........54
Brevês de Cursos..........................................................................19
2.7. Prefixos Rádio das OBM E Grupos de Operação
Insígnias das QBMP.....................................................................19 no Sistema Rádio Digital...........................................................56
Hino Nacional................................................................................ 24 2.8. Telefone..................................................................................58
Hino à Bandeira Nacional........................................................... 25 2.9. A Comunicação nas Fases de Socorro...........................60
Fibra de Herói............................................................................... 28 2.10. DGCCO – Diretoria Geral de Comando
e Controle Operacional...............................................................60
Canção do Expedicionário......................................................... 28
2.11. Resumo das Comunicações nas Operações..................61
Hino do Estado do Rio de Janeiro............................................ 28
2.12. Procedimentos de Atendimento A Imprensa
Hino da ABMDPII.......................................................................... 29
(Bol 086 De 09/05/2012)......................................................... 62
Hino do CFAP................................................................................ 29
EDUCAÇÃO FÍSICA MILITAR.......................................... 65
1. HISTÓRICO DA CORPORAÇÃO.................................... 31
3.1. Conceitos Gerais...................................................................65
1.1. Criação e Evolução Do CBMERJ..........................................31
3.2. A Aptidão Física no Trabalho do Bombeiro-Militar....65
1.2. Marcos Históricos.................................................................39
3.3. Qualidades Físicas X Tarefas de Bombeiro..................65
1.2.1. Explosão no Paiol de Munição do Exército..........39
3.3.1. Capacidade Aeróbica..............................................65
1.2.2. Ilha do Braço Forte.....................................................39
3.3.2. Capacidade Anaeróbica..........................................66
1.2.3. Desastre Ferroviário da Mangueira......................41
3.4. Aclimatação para o Bombeiro-Militar............................66
1.2.4. Tragédia do Edifício Astória....................................41
3.5. Treinamento Físico de Bombeiro-Militar...................... 67
1.2.5. Enchente de 1966 – “Tragédia de Santo Amaro”.41
3.5.1. Programa de Capacitação Física Para BM......... 67
1.2.6. Desabamento do Viaduto Paulo de Frontin........41
3.5.2. Benefícios Proporcionados Pelo Treinamento
1.2.7. Incêndio do Edifício Barão de Mauá..................... 42 Físico........................................................................................ 67
1.2.8. Incêndio do Edifício Andorinhas............................ 42 3.6. Princípios e conceitos básicos a serem observados du-
rante o treinamento....................................................................68
1.2.9. Enchente de 1988....................................................... 42
3.6.1. Princípio da Individualidade Biológica................68
1.2.10. Naufrágio do Bateau Mouche............................... 42
3.6.2. Princípio da Sobrecarga.........................................68
1.2.11. Tragédia do Morro do Bumba.................................43
3.6.3. Princípio da Especificidade...................................68
1.2.12. Tragédia da Região Serrana..................................43

10 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


3.6.4. Princípio da Reversibilidade.................................68
3.6.5. Homeostase...............................................................68
3.6.6. Recuperação metabólica.......................................68
3.6.7. Interdependência Volume X Intensidade...........69

3.7. Condicionamento Aeróbico..............................................69


3.8. Condicionamento Neuromuscular.................................. 70
3.8.1. Exercícios calistênicos utilizados para desenvol-
vimento muscular visando o TAF..................................... 70

3.9. Aclimatação às condições de incêndio.......................... 73


3.9.1. Exemplo de um Programa de Aclimatação........ 73

3.10. Esquema de uma Sessão de Treinamento.................. 73


3.10.1. Aquecimento............................................................. 73
3.10.1.1. Pré-Aquecimento...................................... 73
3.10.1.2. Alongamentos........................................... 73
3.10.1.3. Exercícios Localizados........................... 74
3.10.2. Sessão Principal ou Propriamente Dita............ 74
3.10.3. Volta a Calma ou Resfriamento.......................... 74

3.11. Dicas Importantes Sobre Treinamento Físico............. 75


3.12. Mensagem Final.................................................................. 75

ORDEM UNIDA.................................................................77
4.1. Introdução à Ordem Unida................................................. 77
4.1.1. Elementos Básicos da Ordem Unida..................... 77
4.1.1.1. Continência................................................... 77
4.1.1.2. Apresentação individual.......................... 78
4.1.1.3. Para adentrar em um recinto.................. 78
4.1.1.4. Para retirar-se de um recinto.................. 78
4.1.1.5. Sinais de Respeito..................................... 78

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 11


4.1.1.6. Passagem de Tropa.................................... 78 5.4. Fases do Funcionamento................................................. 101
4.1.2. Termos Militares........................................................ 78 5.5. Cartucho................................................................................102
5.6. Calibre.................................................................................. 106
4.2. Introdução à Ordem Unida................................................ 82
4.2.1. Posições........................................................................ 82 5.7. Ação....................................................................................... 106

4.2.2. Passos..........................................................................84 5.8. Aparelho de Pontaria.........................................................107

4.2.3. Passos..........................................................................84 5.9. Armamentos Usados no CBMERJ................................. 108


5.9.1. Revólver Calibre 38................................................. 108
4.2.4. Posições.......................................................................86
5.9.1.1. Funcionamento e Condições
4.2.4.1. Voltas a pé firme........................................86
de Serviço................................................................. 109
4.2.4.2. Voltas em marcha.....................................86
5.9.1.2. Disparar...................................................... 109
4.3. Instrução individual com arma......................................... 87 5.9.1.3. Engatilhar.................................................. 109
4.3.1. Posições....................................................................... 87
5.9.1.4. Desengatilhar........................................... 109
4.3.2. Movimentos com arma a pé firme....................... 87
5.9.1.5. Fuzil Mauser 1908................................... 109
4.3.3. Deslocamentos e voltas.........................................93
5.9.1.6. Munição...................................................... 109
4.4. Instrução coletiva................................................................93
5.9.1.7. Organização-Geral.................................. 109
4.4.1. Posições.......................................................................93
4.4.2. Deslocamentos e voltas.........................................94 5.9.1.8. Funcionamento e Condições
de Serviço.................................................................. 110
4.4.3. Continência da guarda a autoridade..................95
5.9.1.8.1. Abrir a Culatra........................... 110
4.5. Observações gerais............................................................ 97
5.9.1.8.2. Carregar o Depósito................ 110
ARMAMENTO, MUNIÇÃO E TIRO..................................99 5.9.1.8.3. Carregamento e Fechamento da
5.1. Classificação Geral do Armamento.................................99 Culatra, Engatilhamento:..........................111
5.2. Definição de Arma de Fogo...............................................99 5.9.1.8.4. Disparar a Arma.........................111
5.3. Classificação de Arma de Fogo........................................99
5.9.1.8.5. Ejeção do Estojo.........................111
5.3.1. Classificação Quanto ao Cano...............................99
5.9.1.8.6. Travar a Arma..............................111
5.3.2. Classificação Quanto ao Sistema
de Carregamento................................................................ 100 5.9.1.8.7. Descarregar o Depósito...........111
5.3.3. Classificação Quanto ao Funcionamento....... 100
5.9.1.8.8. Desengatilhar.............................111
5.3.3.1. Conceitos.................................................... 101
5.9.1.9. Metralhadora de Mão 45 – INA..............111
5.3.4. Classificação Quanto ao Emprego..................... 101
5.9.1.10. Funcionamento e Condições
5.3.5. Classificação Quanto ao Transporte................. 101 de Serviço...................................................................112

12 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


5.9.1.11. Recomendações Importantes.............. 113 7.4. Tipo de Documentos Oficiais......................................... 144
7.4.1. Na Administração
5.10. Posições de Tiro................................................................ 113 Pública Estadual................................................................. 144
5.10.1. Atirador em Pé......................................................... 113
7.4.2. No Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio
5.10.2. De Joelho Baixo....................................................... 113 de Janeiro (CBMERJ).......................................................... 144
5.10.3. Atirador Deitado.................................................... 114 7.4.2.1. Classificação dos Documentos Oficiais
no CBMERJ............................................................... 144
5.11. Manutenção......................................................................... 114
7.4.2.2. Formatação dos Documentos Oficiais no
5.12. Incidentes de Tiro.............................................................. 114
CBMERJ..................................................................... 145
5.13. Condições de segurança................................................. 115
7.4.2.2.1. Correspondência Interna (CI).145
5.13.1. A Atitude do Militar................................................ 116
5.13.2. Classificação das Condições de Segurança pelo 7.4.2.2.2. Parte........................................... 145
Método de Cores...................................................................117
7.4.2.2.3. Ofício.......................................... 146
5.13.3. Regras de Segurança............................................ 119

CONDUTA DO BOMBEIRO-MILITAR........................... 149


LEGISLAÇÃO E REGULAMENTOS............................... 123
8.1. O Perfil Do Bombeiro Militar........................................... 149
6. Noções Básicas de Direito e de Legislação.........................123
8.2. Relações Humanas e a Formação
6.1. Introdução.............................................................................123 do Bombeiro Militar.................................................................. 149
6.2. Direito Constitucional.......................................................123 8.2.1. Contexto Histórico.......................................................... 149
6.3. Noções de Direito Administrativo.................................126 8.2.2. Contribuições da Psicologia e Sociologia........ 150
6.4. Legislação Específica de Bombeiros Militares.......... 131 8.2.3. Comportamento Social e Comportamento
Coletivo................................................................................. 150
6.5. Noções de Direito Penal e Disciplinar Militar............ 139
8.2.4. Comportamento das Multidões........................... 151
REDAÇÃO OFICIAL........................................................143 8.2.5. Comportamento das Multidões...........................152
7.1. Introdução............................................................................. 143
8.2.6. O Líder Negativo no Comportamento
7.2. Fundamentos...................................................................... 143 Coletivo..................................................................................152
7.2.1. Ético............................................................................. 143 8.2.7. Manifestações Emocionais
7.2.2. Legal........................................................................... 143 Típicas do Pânico.................................................................152

7.2.3. Linguístico e Estético............................................ 143 8.2.8. A Formação e a Importância do Grupo..............152


8.2.9. Integração do Indivíduo ao Grupo...................... 153
7.3. Classificação dos Documentos Oficiais...................... 143
7.3.1. Quanto à sua Precedência ou Celeridade......... 143 8.2.10. A Importância do Trabalho em Grupo............. 153

7.3.2. Quanto à sua Segurança, Natureza ou Grau de 8.2.11. Atitudes do Participante de um Grupo............ 153
Sigilo...................................................................................... 144 8.2.12. Os Grupos Sociais................................................. 154

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 13


Palavra do Secretário de Estado
de Defesa Civil
e Comandante-Geral do CBMERJ

É com grande satisfação que apresento a nova edição do Manual Básico de Bombeiro Militar
do Estado do Rio de Janeiro. Esse trabalho, que está estruturado em três volumes, traz em si uma
grande relevância para a atualização e aprimoramento do Ensino e Instrução de nossa Corporação.
Às vésperas de completar duas décadas da última revisão oficial de nosso manual, contamos
com uma versão que abarca diversos saberes atinentes às atividades ligadas ao exercício da missão
dos Soldados do Fogo.

14 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Buscou-se a compilação e desenvolvimento de conhecimentos que municiem nossos valorosos
heróis dentro dos desafios apresentados na contemporaneidade, de forma a proporcionar o apri-
moramento das técnicas utilizadas, bem como dos conhecimentos aplicados às atividades de Bom-
beiro-Militar.
Para o desenvolvimento deste trabalho, contamos com uma equipe de 28 militares da Corpora-
ção, dentre oficiais e praças, das diversas especialidades demandadas para a execução de uma obra
desta natureza. No período de 01 ano foram pesquisadas em torno de 400 fontes dentre manuais de
corporações nacionais e internacionais, periódicos, artigos científicos, dissertações de mestrado e
teses de doutorado, que pudessem trazer uma maior densidade às informações apresentadas.
Além disso, contamos com a participação de uma parcela significativa de nossa tropa, de forma
anônima e voluntária, para a produção das centenas de fotos e ilustrações presentes nos três volu-
mes deste Manual, de maneira a tornar o seu conteúdo mais convidativo, inteligível e didático.
O pensamento aristotélico diz que “somos o que repetidamente fazemos” e que “a excelência é,
portanto, um hábito, e não um feito”, desta forma esta obra bibliográfica contribuirá diretamente
para o processo de aprimoramento contínuo que perpassa a vida do Bombeiro-Militar e que, por
conseguinte, trará benefícios diretos àqueles que são nossa razão de existir, a saber, os cidadãos do
Estado do Rio de Janeiro.
Por derradeiro, faço os mais sinceros votos de que todos usufruam da melhor forma deste Ma-
nual e que o mesmo possa contribuir, a cada dia, na formação e aperfeiçoamento dos militares do
Primeiro Corpo de Bombeiros do Brasil.

Ronaldo Jorge Brito de Alcântara – Coronel BM QOC


Secretário de Estado de Defesa Civil e Comandante-Geral do CBMERJ

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 15


Apêndice

16 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


SÍMBOLOS NACIONAIS A Bandeira Nacional pode ser usada em todas as ma-
nifestações do sentimento patriótico dos brasileiros.
De acordo com a Constituição Federal são quatro os A Bandeira Nacional pode ser apresentada:
símbolos nacionais inalteráveis: a Bandeira Nacional, o
Hino Nacional, as Armas Nacionais e o Selo Nacional. • Hasteada em mastro ou adriças, nos edifícios pú-
O Decreto-Lei Nº 4.545, de 31 de julho de 1942, regula- blicos ou particulares, templos, campos de esporte,
mentou o uso dos Símbolos Nacionais, e a Lei Nº 5.700, escritórios, salas de aulas, auditórios, embarcações,
de 01 de setembro de 1971, modificou alguns pontos no ruas e praças, e em qualquer lugar em que lhe seja as-
uso anterior da Bandeira Nacional. segurado o devido respeito;
• Distendida e sem mastro, conduzida por aeronaves
ou balões, aplicada sobre parede ou presa a um cabo
horizontal ligando edifícios, árvores, postes ou mas-
tros;
• Reproduzida sobre paredes, tetos, vidraças, veículos
e aeronaves;
• Compondo, com outras bandeiras, panóplias, escu-
dos ou peças semelhantes;
• Conduzida em formaturas, desfiles, ou mesmo indivi-
dualmente;
• Distendida sobre ataúdes, até a ocasião do sepulta-
mento.

A Bandeira Nacional estará permanentemente no


Da Bandeira do Brasil topo de um mastro especial plantado na Praça dos Três
A Bandeira Nacional é formada por um retângulo ver- Poderes de Brasília, no Distrito Federal, como símbolo
de, tendo no seu interior um losango amarelo que por perene da Pátria e sob a guarda do povo brasileiro.
sua vez possui uma esfera azul celeste ao centro. Esta Hasteia-se diariamente a Bandeira Nacional entre
esfera é cortada em seu interior por uma zona branca, no outros locais, nos edifícios-sede dos poderes Executivo,
sentido oblíquo e descendente da esquerda para a direi- Legislativo e Judiciário dos Estados, Territórios e Distri-
ta, com os dizeres “Ordem e Progresso”. A esfera ainda to Federal; nas Prefeituras e Câmaras Municipais.
possui uma estrela acima e vinte e seis estrelas abaixo
da zona branca, a estrela acima da zona branca é Spica – Hasteia-se, obrigatoriamente, a Bandeira Nacional, nos
Alfa de Virgem, e representa o Estado do Pará. O Distrito dias de festa ou de luto nacionais, em todas as repartições
Federal é representado pela Sigma de Oitante, localiza- públicas, nos estabelecimentos de ensino e sindicato.
da ao sul da bandeira, solitária abaixo do Cruzeiro do Sul. Nas escolas públicas ou particulares, é obrigatório o
As cores nacionais são o verde, que representa nos- hasteamento solene da Bandeira Nacional, durante o ano
sas florestas (riquezas vegetais), o amarelo, que repre- letivo pelo menos uma vez por semana.
senta o ouro (riquezas minerais) e o azul que representa A Bandeira Nacional pode ser hasteada e arriada a
o céu do Brasil. qualquer hora do dia ou da noite. Normalmente faz-se

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 17


o hasteamento às oito horas e o arriamento às dezoito Considera-se direita de um dispositivo de bandeiras a
horas. direita de uma pessoa colocada junto a ela e voltada para
No dia dezenove de novembro, Dia da Bandeira, o has- a rua, para a platéia ou, de modo geral, para o público que
teamento é realizado às doze horas, com solenidades observa o dispositivo.
especiais. A Bandeira Nacional, quando não estiver em uso, deve
Durante a noite a Bandeira deve estar devidamente ser guardada em local digno.
iluminada. Nas repartições públicas e organizações militares,
Quando várias bandeiras são hasteadas ou armadas quando a Bandeira é hasteada em mastro colocado no
simultaneamente, a Bandeira Nacional é a primeira a solo, sua largura não deve ser maior que um quinto nem
atingir o topo e a última a dele descer. menor que um sétimo da altura do respectivo mastro.

Quando em funeral, a Bandeira fica a meio-mastro ou Quando distendida e sem mastro, coloca-se a Bandei-
a meia adriça. Nesse caso, no hasteamento ou arriamen- ra de modo que o lado maior fique na horizontal e a es-
to, deve ser levada inicialmente até o topo. Quando con- trela isolada em cima, não podendo ser ocultada, mesmo
duzida em marcha, indica-se o luto por um laço de crepe parcialmente por pessoas sentadas em suas imediações.
atado junto à lança. A Bandeira Nacional nunca se abate em continência.
Hasteia-se a Bandeira Nacional em funeral nas seguin-
tes situações, desde que não coincidam com os dias de Do Hino Nacional
festa nacional: Será o Hino Nacional executado:
• Em todo o País, quando o Presidente da República de- • Em continência à Bandeira Nacional e ao Presidente
cretar luto oficial; da República, ao Congresso Nacional e ao Supremo
Tribunal Federal, quando incorporados; e nos demais
• Nos edifícios-sede dos poderes legislativos federais, casos expressamente determinados pelos regula-
estaduais ou municipais, quando determinado pelos mentos de continência ou cerimoniais de cortesia
respectivos presidentes, por motivo de falecimento internacional;
de um de seus membros;
• Na ocasião do hasteamento da Bandeira Nacional;
• No Supremo Tribunal Federal, nos Tribunais Federais
de Recursos e nos Tribunais de Justiça Estaduais, • A execução será instrumental ou vocal de acordo com
quando determinado pelos respectivos presidentes, o cerimonial previsto em cada caso;
pelo falecimento de um de seus ministros ou desem- • Será facultativa a execução do Hino Nacional na aber-
bargadores; tura de sessões cívicas, nas cerimônias religiosas a
• Nos edifícios-sede dos Governos dos Estados, Ter- que se associe sentido patriótico, no início ou encer-
ritórios, Distrito Federal e Municípios por motivo do ramento das transmissões diárias das emissoras de
falecimento do Governador ou Presidente, quando de- rádio e televisão, bem assim para exprimir o regozijo
terminado luto oficial pela autoridade que o substituir; público em ocasiões festivas;
• Nas sedes de Missões Diplomáticas, segundo as nor- • Nas cerimônias que se tenha de executar o Hino Na-
mas e usos do país em que estão situadas. cional Estrangeiro, este deve, por cortesia, preceder
o Hino Nacional Brasileiro.
• A Bandeira Nacional, em todas as apresentações no
território nacional, ocupa lugar de honra, compreen-
dido como uma posição: Das Armas Nacionais
• Central ou a mais próxima do centro e à direita deste, É obrigatório o uso das Armas Nacionais entre outros
quando com outras bandeiras, pavilhões ou estandar- locais:
tes, em linha de mastros, panóplias, escudos ou peças • Nos edifícios-sede dos poderes Executivo, Legisla-
semelhantes; tivo e Judiciário dos Estados, Territórios e Distrito
• Destacada à frente de outras bandeiras, quando con- Federal;
duzida em formaturas ou desfiles; • Nas Prefeituras e Câmaras Municipais;
• À direita de tribunas, púlpitos, mesas de reunião ou • Nos quartéis das forças federais de terra, mar e ar e
de trabalho. das Polícias Militares, e seus armamentos, bem assim

18 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


SÍMBOLOS REGIONAIS

Da Bandeira do Estado do Rio de Janeiro


A Bandeira do Estado do Rio de Janeiro consta de um
retângulo dividida em 4 partes iguais, pelos eixos hori-
zontais e verticais. Suas cores são azul celeste e branca
alternadas. O retângulo superior, junto ao mastro, é bran-
co e o inferior azul. Do lado oposto, o retângulo superior
é azul e o inferior branco. Suas dimensões serão de 20
módulos no sentido do comprimento horizontal e 14 mó-
dulos no sentido de largura vertical.
Todas as repartições públicas estaduais e municipais,
bem como os estabelecimentos autárquicos, quando em
funcionamento e nas comemorações cívicas, manterão
hasteada a Bandeira do Estado, à esquerda da Bandeira
Armas Nacionais Nacional, e de acordo com a Legislação Federal.

nas fortalezas e nos navios de guerra;


• Na frontaria ou no salão principal das escolas públi-
cas;
• Nos papéis de expediente, nos convites e nas publica-
ções oficiais de nível federal.

Do Selo Nacional

Bandeira do Estado do RJ

Brasão de Armas do Estado do Rio de Janeiro


Criado pela Lei nº 5.138, de 07 de fevereiro de
1963, que também criou e normatizou a atual Bandeira
do Estado do Rio de Janeiro.
Será de uso obrigatório em todos os documentos ofi-
ciais.

Selo Nacional

O Selo Nacional será usado para autenticar os atos de


governo e bem assim os diplomas e certificados pelos
estabelecimentos de ensino oficiais ou reconhecidos.
Brasão do Estado do RJ

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 19


Símbolos Institucionais

20 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


SÍMBOLO DO CBMERJ BREVÊS DE CURSOS

Símbolo do CBMERJ INSÍGNIAS DAS QBMP

O símbolo do CBMERJ foi padronizado pela Portaria


CBMERJ nº 452, de 05 de abril de 2006.
Possui a seguinte descrição: estrela singela superpos-
ta ao escudo brocado orlado de prata, tendo ao fundo o
tradicional archote com dois machados e enlaçada em
seus cabos uma mangueira, cujas extremidades se vêem
esguichos que se projetam simétrica e obliquamente ao
longo e eqüidistantes das lâminas dos machados.
O símbolo do CBMERJ poderá ser aplicado inserido e
centralizado em duas circunferências concêntricas com
contornos em linhas pretas. A circunferência menor terá
fundo cinza claro e o espaço limitado entre esta e a circun-
ferência maior terá fundo vermelho, onde estará inscrito,
de forma concêntrica, os dizeres “CORPO DE BOMBEI-
ROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – 1856”,
em letra tipo bastão, na fonte arial, na cor branca, acompa-
nhando e ocupando todo o entorno da referida área.
Outros tamanhos poderão ser criados, conforme as
necessidades, resguardando-se as proporções determi-
nadas pelos módulos de reprodução.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 21


PLATINAS E DIVISAS DAS PATENTES

ÂÂEXÉRCITO

ÂÂOFICIAIS GENERAIS

Marechal General de Exército General de Divisão General de Brigada

ÂÂOFICIAIS SUPERIORES

Coronel Tenente-Coronel Major

ÂÂOFICIAIS INTERMEDIARIOS

Capitão

ÂÂOFICIAIS SUBALTERNOS

1º Tenente 2º Tenente Aspirante a Oficial

ÂÂPRAÇAS OU GRADUADOS

Subtenente 1º Sargento 2º Sargento 3º Sargento Cabo Soldado

22 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


PLATINAS E DIVISAS DAS PATENTES

ÂÂMARINHA DO BRASIL

ÂÂOFICIAIS GENERAIS

Almirante Almirante-de-Esquadra Vice-Almirante Contra-Almirante

ÂÂOFICIAIS SUPERIORES

Capitão de Mar e Guerra Capitão de Fragata Capitão de Corveta

ÂÂOFICIAIS INTERMEDIARIOS

Capitão-Tenente

ÂÂOFICIAIS SUBALTERNOS

1º Tenente 2º Tenente Guarda-Marinha

ÂÂPRAÇAS OU GRADUADOS

Suboficial 1º Sargento 2º Sargento 3º Sargento Cabo Marinheiro / Soldado

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 23


PLATINAS E DIVISAS DAS PATENTES

ÂÂFORÇA AÉREA BRASILEIRA

ÂÂOFICIAIS GENERAIS

Marechal-do-Ar Tenente-Brigadeiro Major-Brigadeiro Brigadeiro

ÂÂOFICIAIS SUPERIORES

Coronel Tenente-Coronel Major

ÂÂOFICIAIS INTERMEDIARIOS

Capitão

ÂÂOFICIAIS SUBALTERNOS

1º Tenente 2º Tenente Aspirante

ÂÂPRAÇAS OU GRADUADOS

Suboficial 1º Sargento 2º Sargento 3º Sargento Cabo Soldado

24 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


PLATINAS E DIVISAS DAS PATENTES

ÂÂPOLÍCIA MILITAR E CORPO DE BOMBEIRO

ÂÂ COMANDANTE-GERAL ÂÂ SUBCMT-GERAL E SUBSECRETÁRIO DA SEDEC*

PMERJ CBMERJ PMERJ CBMERJ


* No caso de Oficiais do CBMERJ

ÂÂ OFICIAIS SUPERIORES

Coronel PM Tenente-coronel PM Coronel BM Tenente-coronel BM

ÂÂ OFICIAL INTERMEDIÁRIO

Major PM Major BM

Capitão PM Capitão BM
ÂÂ OFICIAIS SUBALTERNOS

Primeiro-tenente PM Primeiro-tenente BM Segundo-tenente PM Segundo-tenente BM

ÂÂ PRAÇA ESPECIAL

Aspirante PM Aspirante BM Cadete PM Cadete BM

ÂÂ PRAÇA

Subtenente PM Subtenente BM

ÂÂ PRAÇAS GRADUADOS DA PM ÂÂ PRAÇAS GRADUADOS DO CORPO BM

1º Sargento 2º Sargento 3º Sargento Cabo Soldado 1º Sargento 2º Sargento 3º Sargento Cabo Soldado

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 25


Hinos e Canções

Hino Nacional II
Letra: Joaquim Osório Duque estrada Deitado eternamente em berço esplendido
Música: Francisco Manuel da Silva Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, Ó Brasil, florão da América,
Ouviram do Ipiranga às margens plácidas Iluminado ao sol do Novo Mundo!
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Do que a terra mais garrida
Brilhou no céu da Pátria nesse instante. Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
“Nossos bosques têm mais vida”,
Se o penhor dessa igualdade “Nossa vida” no teu seio “mais amores”.
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, Ó Liberdade, Ó Pátria amada,
Desafia o nosso peito a própria morte! Idolatrada,
Salve! Salve!
Ó Pátria amada,
Idolatrada, Brasil, de amor eterno seja símbolo
Salve! Salve! O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro desta flâmula
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido - Paz no futuro e glória no passado
De amor e de esperança à terra desce
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Mas, se ergues da justiça a clava forte,
A imagem do cruzeiro resplandece. Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso, Terra adorada
E o teu futuro espelha essa grandeza! Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Terra adorada, Ó Pátria amada!
Entre outras mil, Dos filhos deste solo és mãe gentil,
És tu, Brasil, Pátria amada,
Ó Pátria amada! Brasil!
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada
Brasil!

26 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Hino à Bandeira Nacional Paira sempre sagrada bandeira,
Letra: Olavo Bilac Pavilhão da Justiça e do Amor!
Música: Francisco Braga
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito varonil,
Salve, lindo pendão da esperança!
Querido símbolo da terra,
Salve, símbolo augusto da paz!
Da amada terra do Brasil!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.
Hino da Independência
Recebe o afeto que se encerra
Letra: Evaristo da Veiga
Em nosso peito varonil
Música: D. Pedro I
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Em teu seio formoso retratas
Já raiou a liberdade
Este céu de puríssimo azul
No horizonte do Brasil.
A verdura sem-par destas matas
E o esplendor do Cruzeiro do Sul...
Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil!
Recebe o afeto que se encerra
- Ou ficar a Pátria livre,
Em nosso peito varonil
- Ou morrer pelo Brasil.
Querido símbolo da terra.
Da amada terra do Brasil!
Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil...
Contemplando o teu vulto sagrado.
Houve mãos mais poderosas...
Compreendemos o nosso dever,
Zombou deles o Brasil...
E o Brasil, por teus filhos amado
Poderoso e feliz há de ser!
Brava gente, etc...

Recebe o afeto que se encerra


O real herdeiro augusto,
Em nosso peito varonil
Conhecendo o engano vil,
Querido símbolo da terra.
Em despeito dos tiranos,
Da amada terra do Brasil!
Quis ficar no seu Brasil.

Sobre a imensa nação brasileira,


Brava gente, etc...
Nos momentos de festa ou de dor,

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 27


Revoavam sombras tristes, Mostra Pedro a vossa frente
Da cruel gerra civil; Alma intrépida e viril,
Mas fugiram apressadas, Tendes nele Digno Chefe
Vendo o anjo do Brasil. Deste Império do Brasil.

Brava gente, etc... Brava gente brasileira!


Longe vá temor servil!
Mal soou na serra, ao longe, - Ou ficar a Pátria livre,
Nosso grito juvenil - Ou morrer pelo Brasil.
Nos imensos ombros logo
A cabeça ergue o Brasil.
Hino da Proclamação da República
Brava gente, etc... Letra: Medeiros de Albuquerque
Música: Leopoldo Miguez
Parabéns, Ó brasileiro,
Já com o garbo juvenil, Seja um pálio de luz desdobrado
Do universo entre os brasões Sob a larga amplidão destes céus,
Resplandece o do Brasil.
Este canto rebel, que o Passado
Vem remir dos mais torpes lábios!
Brava gente, etc...
Seja um hino de glória que fale
Parabéns! Já somos livres! De esperança de um novo porvir!
Já pujante o senhoril Com visões de triunfo embale
Brilha o sol do novo mundo, Quem por ele lutando surgir!
O estandarte do Brasil.
Liberdade! Liberdade!
Brava gente, etc... Abre as asas sobre nós.
Das lutas nas tempestades
Filhos, clama, caros filhos,
Da que ouçamos tua voz!
É depois de afrontas mil
Que a vingar a negra injúria
Nós nem cremos que escravos outrora
Vem chamar-nos o Brasil.
Tenha havido em tão nobre país...
Brava gente, etc... Hoje o rubro lampejo aurora
Acha irmãos, nos tiranos hostis
Não temais ímpias falanges, Somos todos iguais! Ao futuro
Que apresentam face hostil; Saberemos unidos levar
Vossos peitos, Vossos braços Nosso augusto estandarte que, puro,
São muralhas do Brasil. Brilha, avante, da Pátira no altar!

Brava gente, etc...


Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós.

28 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Das lutas nas tempestades É, na paz, a sagrada missão.
Dá ouçamos tua voz! E se um dia houver sangue e batalha.
Desfraldando a auriverde bandeira,
Se é mister que de peitos valentes Nossos peitos são férrea muralha,
Haja sangue no nosso pendão, Contra audaz agressão estrangeira.
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou este audaz pavilhão! Missão dupla o dever nos aponta
Mensageiros da paz, paz queremos, Vida alheia e riquezas salvar
E, na guerra punindo uma afronta
É de amor nossa força e poder, Com valor pela Pátria lutar.
Mas nas guerras nos transes supremos
Heis de ver-nos lutar e vencer. Aurifulvo clarão gigantesco
Labaredas fllamejam no ar
Liberdade! Liberdade! Num incêndio horroroso e dantesco,
Abre as asas sobre nós. A cidade parece queimar
Das lutas nas tempestades Mas não temem da morte os bombeiros
Dá que ouçamos tua voz! Quando ecoa d’alarme o sinal
Ordenando a voarem ligeiros
Do Ipiranga é preciso que o brado A vencer o vulcão infernal
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado Missão dupla o dever nos aponta
Sobre as púrpuras régias de pé! Vida alheia e riquezas salvar
Ela, pois, Brasileiros, avante! E, na guerra punindo uma afronta
Vedes louros colhamos loçãos! Com valor pela Pátria lutar.
Seja o nosso país triunfante
Livres terras de livres irmãos! Rija luta aos heróis aviventa,
Inflamando em seu peito o valor,
Liberdade! Liberdade! Para a frente que importa a tormenta
Abre as asas sobre nós. Dura marcha ou de sóis o rigor?
Das lutas nas tempestades Nem um passo daremos atrás,
Dá que ouçamos tua voz! Repelindo inimigos canhões
Voluntários da morte na paz
São na guerra indomáveis leões.
Hino do Soldado do Fogo
Letra: Ten. Sérgio Luiz de Mattos Missão dupla o dever nos aponta
Música: Cap. Antônio Pinto Júnior Vida alheia e riquezas salvar
E, na guerra punindo uma afronta
Contra as chamas em lutas ingentes Com valor pela Pátria lutar.
Sob o nobre e alvirrubro pendão,
Dos soldados do fogo valente,

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 29


Fibra de Herói Da boa terra do côco, III
Letra: Barros Filho Da chopana onde um é pouco, Você sabe de onde eu venho?
Música: Guerra Peixe Dois é bom, três é demais. É de uma Pátria que eu tenho
Venho das praias sedosas, No bôjo do meu violão;
Se a Pátria querida Das montanhas alterosas, Que de viver em meu peito
For envolvida Do pampa, do seringal, Foi até tomando jeito
Pelo inimigo Das margens crespas dos rios, De um enorme coração.
Na paz ou na guerra, Dos verdes mares bravios Deixei lá atrás meu terreno,
Defende a terra Da minha terra natal. Meu limão, meu limoeiro,
Contra o perigo Meu pé de jacarandá,
Com ânimo forte. Por mais terras que eu percorra. Minha casa pequenina
Se for preciso Não permita Deus que eu morra Lá no alto da colina,
Enfrenta a morte Sem que volte para lá: Onde canta o sabiá.
Afronta se lava Sem que leve por divisa
Com fibra de herói Esse “V” que simboliza Por mais terras... etc.
De gente brava A Vitória que virá:
Nossa Vitória final, IV
Coro Que é a mira do meu fuzil, Venho do além desse monte
A ração do meu bornal, Que ainda azula o horizonte,
Bandeira do Brasil A água do meu cantil, Onde o nosso amor nasceu;
Ninguém te manchará As asas do meu ideal, Do rancho que tinha ao lado
Teu povo varonil A glória do meu Brasil. Um coqueiro que, coitado,
Isso não consentirá, De saudade já morreu.
Bandeira idolatrada II Venho do verde mais belo,
Altiva a tremular Eu venho da minha terra, Do mais dourado amarelo,
Onde a liberdade Da casa branca da serra Do azul mais cheio de luz,
É mais uma estrela E do luar do meu sertão; Cheio de estrelas prateadas
A brilhar. Venho da minha Maria Que se ajoelham deslumbradas,
Cujo nome principia Fazendo o sinal da cruz!
Na palma da minha mão,
Canção do Expedicionário Braços mornos de Moema, Por mais terras... etc.
Letra: Guilherme de Almeida Lábios de mel de Iracema,
Música: Spartaco Rossi Estendidos para mim. Hino do Estado do Rio de Ja-
Ó minha terra querida neiro
I Da Senhora Aparecida Letra: Soares de Souza Júnior
Você sabe de onde eu venho? E do Senhor do Bonfim! Música: João Elias da Cunha
Venho do morro, do engenho, Por mais terras... etc.
Das selvas, dos cafezais, Fluminenses, avante! Marchemos
Às conquistas da paz, povo nobre!

30 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Somos livres, alegres brademos, Hino da ABMDPII Hino do CFAP
Que uma livre bandeira nos cobre. Letra e música: Letra e música:
Cel BM Nilton de Barros Júnior Sd BM Gérson Lopes
CORO
Há um lugar de bondade e amor, Vocês não sabem
Fluminenses eia! Alerta! Onde jovens com justo valor de onde venho, companheiros
Ódio eterno à escravidão! São forjados para nobre missão Venho dos bancos
Que na pátria enfim liberta Servir ao próximo de todo coração. de uma escola sem igual
Brilha a luz da redenção!
É uma escola-quartel que acende Me preparando para a luta e a tor-
De amor um lume menta
Nesta Pátria, do amor áureo tempo,
Mais brilhante que mil sóis Conquistei meu ideal
Cantar hinos a Deus nossas almas
Veja o mundo surpreso este exemplo,
É o lugar onde se aprende E quando um dia a comandar
De vitória, entre flores e palmas.
A comandar heróis (bis) os homens livres
Lembrar-me-ei das instruções
CORO
Irmanados na causa do bem que aprendi

Nunca mais, nunca mais nesta terra Os cadetes e mestres também


Se preparam para o belo dever CFAP é a glória,
Virão cetros mostrar falsos brilhos,
De se arriscar pra bens e vidas defen- A luta, a vitória,
Neste solo que encantos encerra,
der Que as labaredas
Livre pátria terão nossos filhos.
O guerreiro da paz que atende do não conseguem destruir
nosso
CORO Estado os mais distantes arrebóis. A dupla missão a nós espera,
As chamas iremos debelar,
Ao cantar delirante dos hinos Vem de lá onde se aprende Orgulho do Corpo de Bombeiros
Essa noite, dos donos nascida, A comandar heróis (bis) Não podemos jamais recuar
Deste sol aos clarões diamantinos,
Fugirá, sempre, sempre vencida. Academia de Bombeiro Militar Bombeiro é a força mais modelar
Orgulho e glória de toda Corporação Do coração do nosso povo brasileiro
CORO Academia de Bombeiro Militar
Nossos peitos serão baluarte Em ti confia toda uma população CFAP é a luta,
Em defesa da Pátria gigante, Academia de Bombeiro Militar A boa conduta,
Seja o lema do nosso estandarte: Em noite escura o povo busca Na formação de heróis
Paz e amor! Fluminenses avante! Os teus faróis. do Corpo de Bombeiros
É o lugar onde se aprende
A comandar heróis (bis)

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 31


Capítulo 1

32 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


1. HISTÓRICO DA CORPORAÇÃO

1.1. Criação e Evolução Do CBMERJ

D. Pedro II – Imperador do Brasil e Patrono do CBMERJ

Enquanto não fosse definitivamente organizado um


seria, pelo decreto, executado por operários dos Arse-
nais de Guerra e Marinha, das Obras Públicas e da Casa
de Correção, sendo criada e organizada em cada uma
dessas repartições uma seção destinada a esta ativi-
dade. Essas seções formavam o Corpo Provisório de
Fig. – Incêndio do Recolhimento do Parto, 1789
Bombeiros da Corte, sendo o seu primeiro comandante
um oficial superior do Corpo de Engenharia do Exército,
A eclosão de diversos incêndios, alguns de propor- o Major João Batista de Castro Moraes Antas , nomeado
ções consideráveis para a época, levaram o Imperador D. em 26 de julho de 1856.
Pedro II a organizar o serviço de extinção de incêndios.
No dia 13 de março de
Entre os mais importantes eventos que precederam a
1857, o Major Moraes An-
criação da Corporação, podemos citar: o incêndio da Al-
tas informou ao Ministro
fândega do Rio de Janeiro, ocorrido em 1710; o Mosteiro
da Justiça, Conselheiro
de São Bento, em 1732; o do Recolhimento do Parto , em
Dr. José Nabuco de Araú-
1789; os do Teatro São João (atual Teatro João Caetano),
jo, ter organizado o Corpo
em 1824, 1851 e 1856; os da Casa da Moeda, em 1825 e
Provisório de Bombeiros
1836 e o do Pavilhão das Festas do Campo da Aclamação
da Corte. O efetivo com-
(atual Praça da República), ocorrido em 1841.
preendia 130 homens e
O Imperador, através do Decreto Imperial nº 1.775, de todo material de extinção
02 de julho de 1856, organizou o serviço de extinção de constituía-se de 15 bom-
incêndio, sendo significativo o artigo 3º da seção II, cujo bas manuais, 240 palmos
resumo determina que essa corporação seria composta de mangueira de couro, 23
por operários ágeis, robustos, moralizados e, preferen- mangotes, 190 baldes de
cialmente, os mais habilitados e os detentores de ofí- couro, 13 escadas diversas
cios, atributos essenciais ao bombeiro até os dias atuais. Comandante Moraes Antas e 02 sacos de salvação.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 33


O alarme de fogo, segundo o Art. 21 da seção IV do O Dec. nº 7.766, de 19 de julho de 1880 dá ao Corpo de
referido Decreto Imperial, era dado por tiros de peça de Bombeiros uma organização militar e são concedidos
artilharia, disparados no morro do Castelo e pelo toque postos e graduações aos militares, bem como o uso das
de sino da igreja de São Francisco de Paula ou da Matriz respectivas insígnias.
da freguesia, onde ocorria o sinistro.
Em 1881, o efetivo é elevado para 300 homens.
No dia 01 de maio de 1857, foi instalado o Posto Cen-
tral, que ocupava o pavimento térreo da Secretaria de
Polícia situada na Rua do Regente, cujo efetivo era cons-
tituído de um comandante, um instrutor, dois chefes de
turma e vinte e quatro bombeiros que, juntamente com
mais duas seções das obras públicas, ficavam em pronti-
dão permanente, fato que não ocorria nas demais repar-
tições. Nesse mesmo ano, em 1º de outubro, falecia o Ten
Cel João Batista de Castro Moraes Antas.
A Corporação foi definitivamente organizada em 30
de abril de 1860, graças ao Decreto nº 2.587, que aprovou
o seu regulamento. Nele ficava estabelecida a divisão em
cinco seções e tornava o serviço obrigatório pelo espaço
de quatro anos, sob a jurisdição do Ministério da Justiça.
Foi preponderante na criação da Corporação a participa-
ção de um extraordinário brasileiro, possuidor de grande
tino administrativo que se notabilizou no Império como o
Visconde de Inhaúma.
Em 16 de fevereiro de 1861, o Corpo Provisório de
Bombeiros da Corte passou à jurisdição do Ministério da
Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Mal. Floriano Peixoto

A telegrafia foi introduzida na Corporação em 1º de


Em 31 de dezembro de 1887, o Dec. nº 9.829 é aprova-
julho de 1862, efetuando a ligação entre a 3ª seção, insta-
do, estabelecendo o Regulamento que alterava a deno-
lada no Campo de São Cristóvão 105 e a 1ª seção, situada
minação de alguns cargos e criava o Estado-Maior, tor-
na Secretaria de Polícia, na Rua do Regente.
nando a organização da Corporação semelhante às das
No ano de 1864, a Diretoria Geral e a 1ª seção do Corpo corporações de linha no Exército.
foram instaladas no Campo da Aclamação nº 43 e 45, atual-
No ano histórico de 1889, o Corpo de Bombeiros par-
mente, Praça da República, local da sede do Comando Geral.
ticipou ativamente da proclamação da República, ao lado
Voluntários da Corporação, mais de uma centena, jun- das tropas revolucionárias, saindo do Campo da Aclama-
taram-se às tropas do Império e atuaram bravamente na ção e se juntando a estas, próximo à Casa de Deodoro.
Guerra do Paraguai, escrevendo uma página gloriosa no Foi também incumbido da guarda ao Senado Federal.
ano de 1865. Nesse ano o Corpo de Bombeiros recebeu a
Nas eleições de 1890, foi eleito Senador o Major Co-
sua primeira bomba a vapor.
mandante do Corpo, João Soares Neiva e Deputado, o
Foi instalado no Rio de Janeiro o primeiro aparelho tele- seu Capitão ajudante, Felipe Schimidt, ativos participan-
fônico da cidade, ligando a loja “O Grande Mágico”, situada tes da Proclamação da República.
na atual Rua do Ouvidor, ao quartel do Campo da Aclama-
A Corporação retornou à jurisdição do Ministério da
ção. Seu proprietário Antônio Ribeiro Chaves era o fabri-
Justiça e Negócios Interiores, através de uma Lei datada
cante do aparelho, similar aos existentes na Europa.
de 21 de novembro de 1892.

34 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Banda de Música

O Marechal Floriano Peixoto, em 1894, mandou recru-


tar homens capazes e valentes para trazerem da França
e Estados Unidos os novos navios que comporiam a es-
quadra da Marinha de Guerra, sendo escolhidos cerca de
150 bombeiros, entre uma centena de voluntários.
O Decreto nº 1.685, de 07 de março de 1894 mudou a
denominação para Corpo de Bombeiros do Distrito Fe-
deral e deu uma nova organização ao Corpo.
Em 29 de janeiro de 1896, o Decreto nº 2.224 aprovou
o Regulamento do Corpo e elevou seu efetivo para 626
homens.
Um ofício ministerial, datado de 30 de outubro de
1896, autorizou o Comandante da Corporação, Coronel
Rodrigues Jardim, a criar a Banda de Música.
Foi seu organizador e ensaiador o maestro Anacleto
Medeiros. Sua primeira exibição foi realizada no dia 15
de novembro do mesmo ano, na inauguração do Posto
Maestro Anacleto de Medeiros
do Humaitá. Dois anos após, tem início a construção do
Quartel Central, marco arquitetônico da Corporação, na
Praça da República. O Decreto nº 6.432, de 27 de março de 1907 aprovou
Em 1900, eram concluídas as seguintes obras: facha- um novo regulamento e aumentou o efetivo da Corpora-
da da Rua do Senado, a torre de exercícios e secagem de ção para 757 militares, sendo 49 oficiais e 708 praças.
mangueiras e os alojamentos da 1ª, 2ª, 3ª e 4ª companhias. A Corporação recebeu a visita do Excelentíssimo
A fachada principal, de arrojado estilo arquitetônico, foi Senhor Presidente da República, Dr. Affonso Augusto
inaugurada em 1908. Nela há o nome do Comandante e Moreira Penna, em 25 de maio de 1907, quando elogiou o
Engenheiro que o projetou Marechal Souza Aguiar. asseio e a correção das instalações e do efetivo.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 35


A Ordem nº 119, de 30 de maio de 1913 determinou a
data de 1º de junho do mesmo ano para o início do serviço
de socorro com veículos motorizados, substituindo-se
assim os de tração animal. A primeira frota estava era
assim constituída: 05 bombas automóveis, 05 carros de
transporte de pessoal e material, 03 auto-escadas me-
cânicas, 07 carros pessoais, 01 carro com guindaste, 01
auto-ambulância e 04 autocaminhões.
Em 1914, ao eclodir a 1ª Grande Guerra Mundial, o Bra-
sil através do seu Presidente, Dr. Venceslau Brás Pereira
Gomes, declarou guerra à Alemanha. Os navios brasilei-
ros partiram rumo à Europa, levando a bordo diversos
bombeiros, que foram cedidos especialmente pela Ad-
ministração da Corporação.
O Decreto nº 12.573, de 11 de junho de 1917 deu nova
denominação aos postos e graduações da Corporação,
Marechal Souza Aguiar equiparando-os aos já existentes no Exército.
Desencadeou-se na Cidade do Rio de Janeiro, no perí-
Nos meses de novembro e dezembro de 1910, a Cor-
odo de 04 a 06 de julho de 1922, o movimento conhecido
poração atendeu às ordens do governo e, durante a re-
como “Os Dezoito do Forte”, no qual a Corporação partici-
volta por parte das Forças Navais, atuou como tropa de
pou ao lado das Tropas Legalistas. Durante o movimento,
primeira linha, nos pontos que lhe foram determinados.
instalaram-se no Quartel Central o Ministro da Guerra e
O Exmo. Sr. Presidente da República, Marechal Her- o seu Estado-Maior, o mesmo ocorrendo no Quartel do
mes Rodrigues da Fonseca, visitou em 03 de março de Humaitá com o Comandante da 1ª Região Militar. Nesses
1911 as instalações do QC, ocasião em que enalteceu a dias acomodou-se no Quartel Central o 1º Batalhão do
ordem, o asseio e a disciplina, que encontrou na Corpo- 10º Regimento de Infantaria. Entre outras atribuições,
ração. a Corporação ficou responsável pelo transporte de tro-

Viatura Operacional com Tração Animal Vista do antigo socorro do QCG

36 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


pas, substituindo a Polícia Militar, em razão de esta estar O Decreto-Lei nº 6.381 de 1944 aumentou o efetivo em
empenhada na repressão ao levante. A Câmara dos De- mais 59 Praças.
putados, em 12 de julho, tornou público um voto de con-
O advento do Decreto-Lei nº 8.569-A garantia ao Cor-
gratulações pela correção e lealdade com que Oficiais
po de Bombeiros a Assistência e a Auditoria Judiciária.
e Praças corresponderam à confiança do Governo, em
Mais tarde, este serviço teve a sua denominação modi-
defesa da ordem legal, da Constituição da República e da
ficada para Auditoria da Polícia Militar e Corpo de Bom-
Honra da Nação Brasileira.
beiros.
Entrou em vigor na Corporação, a partir de 1º de janei-
A Lei nº 427, de 11 de outubro de 1948 equiparou a Cor-
ro de 1924, um novo Regulamento do Corpo de Bombei-
poração às Polícias Militares, passando a gozar, desta
ros do Distrito Federal, baixado pelo Decreto nº 16.274,
forma, das vantagens e predicamentos constantes do
de 20 de dezembro de 1923, o qual regeria os seus desti-
artigo 183 da Constituição. Restabeleceram-se assim as
nos por mais de trinta anos, sofrendo apenas, no decor-
condições em que se encontravam desde 13 de janeiro de
rer desse tempo, ligeiras modificações.
1917 até 1946, ou seja, Força Auxiliar do Exército Brasi-
No dia 09 de julho de 1924, eclodiu em São Paulo um leiro.
novo movimento revolucionário militar, cujo motivo era o
desagrado pela condenação dos militares no episódio dos
“Dezoito do Forte”. A Corporação permaneceu fiel ao go-
verno e participou ativamente da repressão ao movimento.
Desempenhou, entre outras atividades, a guarda dos mais
importantes imóveis públicos, substituindo e auxiliando a
Polícia Militar na guarda e transporte de revoltosos.
No ano de 1927, o efetivo já somava 64 Oficiais e 900
Praças e, em cinco de março deste mesmo ano, foi insti-
tuído o Serviço de Salvamento e Proteção, em cumpri-
mento ao Aviso Ministerial nº 2.180, de 30 de dezembro
do ano anterior.
Em outubro de 1930, em face da revolução para im-
plantação do Estado Novo, a Corporação, por força do
Decreto nº 19.374, de 20 de outubro de 1930, chamou à
atividade, pela primeira vez na sua história, os reservis-
tas que tivessem menos de quarenta anos, os quais fo-
ram desincorporados a 28 de outubro desse mesmo ano. Capelão Avelino

Na revolução comunista de novembro de 1935, a Cor-


poração teve novamente atuação destacada, enfren- Em 1954, o Decreto nº 35.309 instituiu o dia 02 de julho
tando as balas dos revoltosos e combatendo diversos como o “Dia do Bombeiro Brasileiro” e a semana em que o
incêndios, entre os quais o do 3º Regimento de Infantaria dia estivesse compreendido como a “Semana de Preven-
na Praia Vermelha e o do Campo dos Afonsos. Atuou re- ção Contra Incêndio”.
alizando a guarda dos edifícios públicos e a dos presos
rebeldes. Em 17 de fevereiro de 1956, através da Lei nº 2.732, foi
criado o cargo de Capitão Capelão Militar na Corporação.
Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, A 02 de maio do mesmo ano, foi nomeado o Reverendo
em 1942, foi entregue à Corporação a missão de treinar a Cônego Antônio Avelino para chefiar esta Capelania.
população para a defesa passiva, com exercícios diurnos
e noturnos. Em outubro, o efetivo foi aumentado para No dia 02 de julho de 1956, o Corpo de Bombeiros co-
1.373 homens. memorou, com grande gala, o transcurso do seu primeiro

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 37


Pelo Decreto nº 114, de 12 de dezembro de 1963, em
obediência à Lei nº 263, o efetivo foi elevado para 3.300
homens.
O dia 28 de julho de 1963 foi marcado pela “Tragédia
do Edifício Astória”, onde um violento incêndio, ocorrido
dentro da cidade, deixou um saldo negativo de 04 mortos
e trinta feridos. Cerca de quarenta viaturas da Corpora-
ção, além de dezenas de veículos particulares, estiveram
presentes nas operações.
A maior enchente do Estado da Guanabara teve iní-
cio com um violento temporal, em 10 de janeiro de 1966.
As chuvas, incessantes e torrenciais, fizeram com que a
Corporação mobilizasse todo seu material e pessoal. O
volume de solicitações de socorro extrapolava a capa-
cidade de atendimento da Corporação. Esse estado de
Presidente Juscelino Kubitschek calamidade durou uma semana, durante a qual ocorreu
ainda a “Tragédia de Santo Amaro”: o desprendimento de
uma grande quantidade de terra provocou o desabamen-
centenário, comparecendo ao Quartel Central as mais al-
to de um edifício. Centenas de corpos mutilados foram
tas autoridades, entre os quais o Excelentíssimo Senhor
encontrados soterrados entre os escombros. Foi a maior
Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira que, nesta
catástrofe dessa década.
ocasião, condecorou o Pavilhão do Corpo de Bombeiros
com a Ordem Nacional do Mérito. Na manhã do dia 20 de novembro de 1971, sábado,
ocorreu o desabamento do viaduto Paulo de Frontim. Um
Em outubro de 1956, o Ministro da Aeronáutica con-
vão de aproximadamente 50 metros partiu-se e desabou
decorou o Pavilhão com a Ordem do Mérito Aeronáutico.
sobre o cruzamento da Rua Paulo de Frontim com a Rua
O Diário Oficial de 16 de março de 1957 publicou o De- Hadock Lobo. A queda desequilibrou dois outros vãos a
creto nº 41.096, que aprovava o Regulamento Geral do ele ligados totalizando 123 metros de extensão aproxi-
Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. No dia 19 de madamente. Vinte mil toneladas de concreto desaba-
dezembro deste ano, o Ministro da Marinha condecorou ram. Foram colhidos, neste momento, vinte automóveis,
o Pavilhão da Corporação com as insígnias da Ordem do um caminhão e um ônibus. A tragédia apresentou um sal-
Mérito Naval, no grau de Oficial. do de 26 mortos e 22 feridos.
Ocorreu no dia 08 de maio de 1958 um desastre ferro- Em primeiro de julho de 1974, foi sancionada a Lei
viário de grandes proporções. Devido à proximidade da Complementar nº 20, que determinava a fusão dos Esta-
estação, ficou conhecido no noticiário como o “Desastre dos da Guanabara e do antigo Estado do Rio de Janeiro,
de Mangueira”, tendo a Corporação uma participação criando-se assim um único Estado, que passou a chamar-
efetiva no atendimento à catástrofe. se Estado do Rio de Janeiro, a partir de 15 de março de
1975.
Com a transferência da Capital para Brasília, a Lei nº
3.752, de 14 de abril de 1960 criou o Corpo de Bombeiros Por isso, a Corporação passou a denominar-se Corpo
do Estado da Guanabara. de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro.
Em 24 de dezembro de 1962, o Art. 127 da Lei nº 263 A área operacional ampliou-se para 43305 Km2. Fo-
alterou a estrutura da Corporação, que passou a ter três ram também incorporados os quartéis de Bombeiros que
Batalhões de Incêndio (BI), sediados no Quartel Central, pertenciam à Polícia Militar do antigo Estado do Rio de
cinco Batalhões de Incêndio descentralizados e dois Ba- Janeiro.
talhões de Serviços Auxiliares (BSA).

38 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


O Decreto Federal nº 75.838, de 10 de junho de 1975 ficando o Corpo de Bombeiros subordinado à Secretaria
deu ao Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janei- de Governo, através do Decreto nº 6.635, de 12 de abril
ro - CBERJ - a condição de organização militar e, por isso, de 1983.
reserva do Exército.
O Comando da Corporação através do seu Coman-
O Decreto nº 145, de 26 de junho de 1975 dispôs sobre dante-Geral, Coronel BM José Halfed Filho, elaborou um
a Organização Básica do Corpo de Bombeiros, estabele- extenso trabalho, no qual enfocava a necessidade de am-
cendo sua destinação, missões, subordinações e a sua pliar o campo de atuação da Defesa Civil e, conseqüen-
condição de Força Auxiliar, Reserva do Exército Bra- temente, do Corpo de Bombeiros. A receptividade desse
sileiro, de acordo com o § 4º do Art. 13 da Constituição trabalho culminou com a criação da Secretaria de Estado
do Brasil. O CBERJ ficou subordinado em virtude desse de Defesa Civil, através da Lei nº 689, de 29 de novembro
Decreto, ao Secretário de Estado de Segurança Pública, de 1983.
através do Departamento Geral de Defesa Civil - DGDC.
Nesta data, o Coronel BM Halfed tomou posse como
Em dois de julho de 1977, no quartel do Méier (zona Secretário de Estado de Defesa Civil e Comandante-Ge-
norte da cidade do Rio de Janeiro), nascia o Museu do ral do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro,
Corpo de Bombeiros do Estado Rio de Janeiro. Pela ne- tornando-se o primeiro Oficial BM a alcançar o cargo, in-
cessidade de reformas no prédio em que estava instala- tegrando a partir de então o primeiro escalão do governo
do, o museu foi transferido do Méier para o Quartel do estadual.
Comando-Geral, em1995, após 18 anos de existência.
Devido à estrutura da Secretaria de Estado de De-
Infelizmente, o museu continuava como se fosse uma co-
fesa Civil, o Corpo Marítimo de Salvamento foi extinto
leção de coisas velhas, sem história definida, em estado
através do Decreto nº 7.452, de 03 de agosto de 1984. As
letárgico de quase abandono, com as peças espalhadas
suas atribuições passaram a ser exercidas pelo Corpo de
pelo Quartel Central.
Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro.
No início do ano 2000, o Museu já contava com cer-
A Portaria nº 002, de 16 de outubro de 1984, ativou o
ca de 600 peças catalogadas e faz parte da Associação
Grupamento Marítimo (GMar), constante na Lei nº 250,
Brasileira de Museologia, constando do Guia Brasileiro
de 02 de julho de 1979 (LOB), assumindo desta forma os
de Museus, lançado pela USP. O Museu mantém corres-
encargos decorrentes da extinção do Corpo Marítimo de
pondência com cerca de 300 casas culturais e museus
Salvamento e outros atinentes à sua estrutura.
do Brasil e alguns países, além de todos os consulados
instalados no Rio de Janeiro e com várias entidades simi- Foi ativada, no dia 09 de janeiro de 1985, a Seção de
lares também no exterior. Apoio Aéreo, por ato do Comandante-Geral. Esta Seção
iniciou a sua atividade com a utilização de aeronaves sim-
Atualmente, cada peça está registrada com o verda-
ples, denominadas de Ultraleves, com o objetivo de rea-
deiro nome e a origem no Tribunal de Contas do Estado.
lizar missões de observação aérea da orla marítima, em
Em 02 de julho de 1979, pela Lei nº 256 foi alterada a apoio às atividades do Grupamento Marítimo. Os precur-
Organização Básica da Corporação, cuja principal modifi- sores desta atividade foram os Majores BM Luiz Felipe
cação foi estabelecer a subordinação direta ao Secretá- Ferraz Perez e Paulo Roberto Moreira Goulart.
rio de Estado de Segurança Pública. A Lei foi regulamen-
Foi inaugurado no dia 09 de julho de 1986 o serviço de
tada pelo Decreto nº 3.372, de 12 de agosto de 1980.
atendimento médico de emergência, denominado Grupo
Assumiu o Comando, interinamente, o Coronel BM de Socorro de Emergência (GSE). O serviço se destina
José Halfed Filho, em 28 de fevereiro de 1983, tornan- ao atendimento de vítimas em via pública, tendo, inicial-
do-se o primeiro Oficial Bombeiro-Militar a comandar o mente, 19 ambulâncias e cerca de 300 militares, entre
atual Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro. médicos e enfermeiros.
Em 15 de março de 1983, com a mudança do governo No dia 11 de setembro de 1986, a Corporação rece-
estadual, foi extinta a Secretaria de Segurança Pública, beu do Ministério do Exército, a cessão de uma área de

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 39


Neste mesmo ano, o termo Militar foi incorporado
ao nome da Corporação, reforçando a condição de mili-
tar do Corpo de Bombeiros, concedido pelo Decreto nº
75.838, de 10 de junho de 1975 e pelas Constituições Fe-
deral e Estadual. O novo nome da Corporação passou a
ser Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Ja-
neiro - CBMERJ.
O Decreto Estadual nº 21.501, de 19 de junho de 1995,
extingue a Secretaria de Estado de Defesa Civil - SEDEC,
ficando o CBMERJ subordinado à Secretaria de Estado
de Segurança Pública - SESP. Foi criado por este Decre-
to, o Departamento Geral de Defesa Civil, pertencente à
estrutura básica da SESP.
Em 11 de setembro de 1996, através da Portaria CB-
MERJ nº 47 o Comandante-Geral define, provisoriamen-
A Chegada do Ultraleve no CBMERJ te, a nova Estrutura Organizacional do CBMERJ.
Em 28 de novembro de 1996, através da Portaria CB-
65.000m2, em Deodoro, Av. Brasil nº 23.800, para insta- MERJ nº 52 o Comandante-Geral, Coronel BM Rubens
lação do novo CFAP. Logo a seguir, o Comando empreen- Jorge Ferreira Cardoso, aprova e edita o novo Manual do
deu contatos junto a órgãos financeiros para liberação Curso de Formação de Soldados, dando novo impulso à
de recursos e simultaneamente acelerou a elaboração filosofia de ensino e instrução no CBMERJ.
do projeto do novo complexo.
Em 02 de julho de 1998 foi inaugurada a Escola de
Em razão das inundações e deslizamentos, que ocor- Bombeiros Coronel Sarmento (EsBCS), situada na Av.
reram no município do Rio de Janeiro, foi decretado em Brasil nº 23.800 no bairro de Guadalupe, na Cidade do
20 de fevereiro de 1987 o “Estado de Emergência” (De- Rio de Janeiro. A Escola torna-se um complexo de ensi-
creto Municipal nº 7.416). Com o agravamento da situa- no, onde já estão sediados o CFAP (Centro de Formação
ção, foi decretado no dia 22 do mesmo mês o “Estado de e Aperfeiçoamento de Praças), o CEFiD (Centro de Edu-
Calamidade Pública” (Decreto Municipal nº 7.417). cação Física e Desportos) e o CIEB (Centro de Instrução
Especializada de Bombeiros), contando com modernas
Foi criada em 12 de outubro de 1989, pela Portaria nº
instalações, contempladas com 02 torres de exercícios,
46, a Assessoria Editorial, tendo como finalidade prin-
piscina, poço de mergulho, campo de futebol, quadras
cipal implementar a elaboração de Manuais Técnicos,
poliesportivas, pista de atletismo, casa de fumaça, ma-
abrangendo os diversos assuntos relativos às atividades
racanã, heliponto, amplo pátio, biblioteca e arruamentos
da Corporação.”
que, entre outros fatores, possibilita inclusive o treina-
Através do Decreto Estadual nº 16.658, de 21 de junho mento de direção de autos. Esta obra com certeza foi um
de 1991, a atividade de remoção de cadáver passa para dos maiores marcos de nossa Corporação, tendo sido
o Corpo de Bombeiros, visando, segundo estudos do go- realizada no Comando do Sr. Coronel Bombeiro Militar
verno, agilizar a remoção considerando a eficácia e a ex- Rubens Jorge Ferreira Cardoso.
periência operacional adquirida pelo CBERJ.
A partir de 1999, foi reativada a Secretaria de Estado
Em janeiro de 1995, tomam posse o Coronel BM Ru- da Defesa Civil, que fora extinta no início do governo an-
bens Jorge Ferreira Cardoso, como Comandante-Geral e terior, tendo como Secretário Cel BM Paulo Gomes dos
o Coronel BM Edson Leão Inácio de Melo, como Subco- Santos Filho, que também acumulou o Comando-Geral
mandante-Geral do Corpo de Bombeiros do Estado do da Corporação. Em sua gestão, foram criadas Unidades,
Rio de Janeiro. além de ter havido uma sensível melhoria na qualida-

40 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


de das instalações das UBMs. Em 2002, o Cel BM Jorge Coronel Bombeiro Militar Sérgio Simões. Em sua ges-
Alberto Soares de Oliveira foi nomeado Secretário de tão foi dada continuidade à expansão da capacidade de
Estado de Defesa Civil, enquanto assumiu o Comando- resposta do CBMERJ com a inauguração de novas Uni-
-Geral da Corporação o Cel BM Pedro Cipriano da Silva dades. Na Defesa Civil do Estado, foram implantados o
Junior, os quais permaneceram nos cargos até 01 de ja- Sistema de Alerta e Alarme por Sirenes e as Unidades de
neiro de 2003. Proteção Comunitária. Além disso, sob seu comando, o
CBMERJ atuou na XXVIII Jornada Mundial da Juventude,
Posteriormente, o Cel BM Carlos Alberto de Carvalho
que aconteceu de 23 a 28 de julho de 2013 no Rio de Ja-
ocupou o Comando até o ano de 2006, período que foram
neiro, bem como na Copa do Mundo FIFA 2014, ocorrido
criadas novas Unidades. Em sua gestão o Corpo de Bom-
entre o dia 12 de junho e 13 de julho.
beiros Militar do Estado do Rio de Janeiro comemorou
seu sesquicentenário, momento ímpar em sua história, Em 06 de Maio de 2015, assume como Secretário
que foi celebrado com diversos eventos. Além disso, de Estado de Defesa Civil e Comandante-Geral do CB-
foram realizadas reformas estruturais no Quartel do Co- MERJ o Coronel Bombeiro Militar Ronaldo Jorge Brito
mando Geral e no Museu Histórico do CBMERJ. Na área de Alcântara. Em seu comando o CBMERJ, além da ex-
de Defesa Civil foram implementados diversos projetos pansão de sua capacidade operacional e capilaridade
sociais. através da inauguração de novas Unidades, participou
ativamente da realização das Olimpíadas e Paralim-
Com a transição do governo em 2007, a Defesa Civil
píadas Rio 2016, quando a cidade recebeu cerca de
estadual passa à condição de Subsecretaria, subordina-
1,2 milhões de pessoas, reafirmando a posição de re-
da à Secretaria Estadual de Saúde, tendo como Secretá-
ferência do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do
rio Dr. Sérgio Cortes, e como Subsecretário de Estado de
Rio de Janeiro. Toda preparação e planejamento foram
Defesa Civil e Comandante-Geral do CBMERJ o Cel BM
coroados com o sucesso da operação, respondendo
Pedro Marco Cruz Machado. Tal mudança importou em
prontamente às diversas emergências e fazendo com
novas missões à Corporação, que assumiu o Serviço de
que o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de
Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no município do
Janeiro tivesse, mais uma vez, um papel fundamental
Rio de Janeiro. Fato marcante também foi a expressiva
no sucesso da realização de um evento desta magni-
renovação da frota do CBMERJ, bem como dos materiais
tude.
operacionais da Corporação.
Finalmente, cabe ressaltar que as linhas acima não
Através do DECRETO Nº 43.017 DE 09 DE JUNHO DE
fazem justiça à sesquicentenária história de glórias do
2011, a Subsecretaria de Estado de Defesa Civil foi no-
nosso CBMERJ, onde cada dia representou uma vitória
vamente elevada à condição de Secretaria, deixando de
de nossos valorosos Bombeiros-Militares em defesa da
estar vinculada à Secretaria Estadual de Saúde, sendo
sociedade, sempre fiéis ao seu lema de “VIDA ALHEIA E
nomeado como Secretário de Estado de Defesa Civil,
RIQUEZAS SALVAR”.
cumulativamente com o Comando-Geral do CBMERJ, o

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 41


GALERIA
DE EX-COMANDANTES

Maj. João B. de Castro Maj. Antônio Pedro M. Ten. Cel. Joaquim José
Cap. João Ignácio da Cunha Maj. Juvênio Manuel C. Menezes
Moraes Antas de Drumond de Carvalho
01 out 1857 à 20 set 1859 20 set 1859 à 20 jun 1865
26 jul 1856 à 01 out 1857 20 jun 1865 à 01 set 1866 01 set 1866 à 12 jan 1876

Cap. Benevenuto
Ten. Cel. Conrado Jacob Niemeyer Maj. João Soares Neiva Maj. Antônio G. de Souza Aguiar Ten. Cel. Antônio E. G. Carneiro
de S. Nascimento
12 jan 1876 à 10 mar 1877 10 mar 1877 à 09 dez 1891 09 dez 1891 à 01 jan 1892 08 jan 1892 à 28 out 1893
01 jan 1892 à 08 jan 1892

Cel. Francisco Marcelino


Cap. Eugenio Rodrigues Jardim Cel. Francisco de Abreu Lima Cel. Feliciano B. de Souza Aguiar Maj. Marciano de Oliveira e Ávila
de Souza Aguiar
28 out 1893 à 04 abr 1894 04 abr 1894 à 27 jan 1897 28 jul 1903 à 28 jun 1912 28 jun 1912 à 28 jul 1912
27 jan 1897 à 28 jul 1903

42 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Cel. Alberto Cardoso de Aguiar Cel. João Borges Fortes Cel. Cassiano Ferreira de Assis Ten. Cel. Vicente de Paula Vieira Cel. Américo de Andrade Almada
 28 jul 1912 à 04 nov 1914 04 nov 1914 à 21 nov 1914 21 nov 1914 à 16 mar 1915 16 mar 1915 à 13 abr 1915 13 abr 1915 à 26 dez 1916

Cel. João Batista Neiva


Ten. Cel. Carlos Bueno Ormerod Cel. Afonso Fernandes Monteiro Cel. Alfredo Ribeiro da Costa Ten. Cel. Alfredo Carneiro
de Figueiredo
26 dez 1916 à 12 jan 1917 12 jan 1917 à 07 out 1918 07 out 1918 à 10 set 1920 10 set 1920 à 11 set 1920
11 set 1920 à 07 jul 1921

Cel. Marciano de Oliveira e Ávila Cel. João L. de Oliveira Lírio Maj. Manoel Tenreiro Correia Ten. Cel. Ernesto de Andrade Cel. Maximino Barreto
07 jul 1921 à 27 jul 1923 27 jul 1923 à 15 nov 1926 15 nov 1926 à 16 nov 1926 16 nov 1926 à 08 jan 1927 08 jan 1927 à 08 fev 1930

Ten. Cel. José A. do Patrocínio Cel. José Pessoa C.


Cel. Gustavo Lebon Regis  Ten. Cel. Manoel G. dos Santos Cel. José Osório
Pinheiro de Albuquerque
11 mar 1930 à 09 jun 1930 09 jun 1930 à 11 jun 1930 11 jun 1930 à 27 out 1930
08 fev 1930 à 11 mar 1930 27 out 1930 à 15 dez 1930

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 43


Cel. Aristarcho Pessoa C. Cel. Adalberto Pompílio
Ten. Cel. João Martins Vieira Cel. Augusto Imbassahy Ten. Cel. Diniz Luiz Nunes Filho
de Albuquerque da R. Moreira
31 out 1945 à 08 fev 1946 05 fev 1947 à 07 fev 1951 07 fev 1951 à 06 abr 1951
15 dez 1930 à 31 out 1945 08 fev 1946 à 05 fev 1947

Cel. Henrique Delphino Gen. Bda. Raphael de Souza


Cel. Pedro Pereira Rosa Cel. Fritz de Azevedo Manso Ten. Cel. Pedro Pereira Rosa
Sadok de Sá Aguiar
06 dez 1960 à 19 dez 1960 19 dez 1960 à 04 out 1961 04 out 1961 à 03 nov 1961
06 abr 1951 à 24 nov 1955 24 nov 1955 à 06 dez 1960

Maj. Herculano da Costa No-


Cel. Osmar Alves Pinheiro  Cel. Abel Fernandes de Paula Cel. Hugo de Freitas Cel. Sylvio Conti Filho
gueira
09 jul 1961 à 06 dez 1963  06 dez 1963 à 18 jul 1967 18 jul 1967 à 01 ago 1967 01 ago 1967 à 17 mar 1975
03 nov 1961 à 09 jul 1961

44 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Cel. Evaristo Antônio Brandão
Cel. Luiz Vieira de Abreu Cel. Renato Ribeiro da Silva Cel. BM José Halfeld Filho Cel. BM Edson Assumpção Freitas
Siqueira
20 abr 1979 à 12 fev 1981 12 fev 1981 à 28 fev 1983 28 fev 1983 à 18 mar 1987 18 mar 1987 à 18 mar 1988
17 mar 1975 à 20 abr 1979

Cel. BM José Albucacys Manso Cel. BM Rubens Jorge Cel. BM Paulo Gomes
Cel. BM Edier de Souza Soares  Cel. BM José Halfeld Filho
de Castro Ferreira Cardoso dos Santos Filho
18 mar 1988 à 08 abr 1988 15 mar 1991 à 01 jan 1995
08 abr 1988 à 15 mar 1991 01 jan 1995 à 01 jan 1999 01 jan 1999 à 06 abr 2002

Cel. BM Pedro Cipriano Cel. BM Carlos Alberto Cel. BM Pedro Marco


Cel. BM Sérgio Simões
da Silva Júnior de Carvalho Cruz Machado
04 jun 2011 à 07 mai 2015
06 abr 2002 à 01 jan 2003 01 jan 2003 à 31 dez 2006 31 dez 2006 à 04 jun 2011

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 45


1.2. Marcos Históricos ventos e trovoadas, havia se abatido sobre a cidade. Na-
quela noite uma chuva tênue continuava a cair e o mar
1.2.1. Explosão no Paiol de Munição do estava revolto, redobrando a atenção de toda a tripula-
Exército ção. Após duas horas de viagem a lancha chegou à ilha
sinistrada.
Somente após se aproximar da Ilha, foi possível ob-
servar a estranha luminosidade. A lancha do Corpo en-
controu ao largo uma embarcação da Polícia Marítima,
que informou serem os armazéns de “inflamáveis”. Um
terço dos armazéns estavam em chamas e o restante en-
volvido por fumaça escura.
Do ponto de atracagem até o armazém sinistrado a
distância era de 10 a 15 metros. Não sendo possível uti-
lizar a torre do esguicho canhão, a embarcação atracou
e toda a guarnição saltou. Rapidamente se iniciou o esta-
belecimento do material. O Tenente-Coronel Rufino Coe-
lho Barbosa, fiscal do Corpo, que participava também do
evento, deixou a tarefa de combate às chamas a cargo do
Maj Gabriel da Silva Teles Ten BM Washington Major Gabriel.
de Souza Lima
Decorridos poucos minutos desde a chegada da
guarnição, uma grande explosão, transformou a ilha
num vulcão dantesco. Após a explosão somente os
A violenta explosão, que ocorreu no paiol de munição
que se encontravam junto ao cais de atracagem, es-
da Diretoria Central do Material Bélico do Exército, em
tavam ainda vivos. Os que tinham ferimentos de me-
1948, deslocou quase todo o efetivo disponível para as nor gravidade arrastavam os demais sobreviventes
ações de combate ao incêndio e remoção de materiais para um dos extremos da Ilha, tentando se abrigar. A
explosivos. Foi uma das maiores catástrofes já assinala- explosão, no limiar da madrugada, consumindo tonela-
das na história do Estado. das de explosivos, foi ouvida em todos os bairros, que
circundavam a Baía de Guanabara e ainda em algumas
1.2.2. Ilha do Braço Forte localidades do antigo Estado do Rio de Janeiro, como
No dia 06 de maio daquele mesmo ano, por volta das Teresópolis.
21:00 horas, entrou um pedido de socorro na Sede da 1ª No dia seguinte, a Ilha ainda ardia em chamas. A
Zona Marítima. A solicitação era para um incêndio em um guarnição da lancha “Moraes Antas”, que se deslocara
depósito de inflamáveis na Ilha do Braço Forte. O Oficial para o evento, iniciou a busca de sobreviventes, en-
de Dia, Tenente Washington de Souza Lima, preparou-se quanto os feridos eram transportados em outras em-
junto à guarnição de serviço para o atendimento. O Co- barcações.
mandante da sede, Major Gabriel da Silva Teles, que resi-
Após o levantamento do pessoal, tivemos um trágico
dia ao lado, foi alertado pelo toque de fogo e, interado do
saldo: 17 bravos bombeiros sucumbiram no evento. Digni-
aviso, preparou-se para participar do evento.
ficaram a profissão os seguintes heróis:
Ao se encontrar em condições de partida, após prepa-
Sobreviveram milagrosamente, também dignifican-
rativos de praxe, saiu às 22:00 horas do Cais Pharoux, a
do nossa Corporação com o seu heroísmo, os seguintes
lancha “General Cunha Pires”. A Ilha em chamas era próxi-
Bombeiros: Ten Cel Rufino Coelho Barbosa, 1º Ten Méd
mo à Ilha de Paquetá.
Jueguerps da Assumpção Barbosa, 1º Sgt Mot 696 Djal-
Durante à tarde, um forte aguaceiro, com rajadas de ma Mendes Pereira, Cb Mot 30 Enéas João de Souza, Cb

46 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Heróis do Braço Forte

Cap BM Gabriel à frente de sua tropa - Imagem da Ilha do Braço Forte nos dias atuais

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 47


449 Joppe da Silva e Cb 574 José Edílio de Assumpção.
O Comandante Geral da Corporação, Cel EB Henrique
Sadok de Sá, decretou luto por sete dias. Na Ilha foi eri-
gido um marco, onde consta uma placa com o nome de
todos os heróis. Atualmente, foi reverenciada a memória
destes abnegados companheiros, fazendo, naquela ilha,
uma missa campal.

1.2.3. Desastre Ferroviário da Mangueira


Ocorreu no dia 08 de maio de 1958 um desastre fer-
roviário de grandes proporções. Devido à proximidade
da estação, ficou conhecido no noticiário como o “De-
sastre de Mangueira”, tendo a Corporação uma partici-
pação efetiva no atendimento à catástrofe.
Viaduto Paulo de Frontin
1.2.4. Tragédia do Edifício Astória
O dia 28 de julho de 1963 foi marcado pela “Tragédia tim com a Rua Hadock Lobo. A queda desequilibrou
do Edifício Astória”, onde um violento incêndio, ocorrido dois outros vãos a ele ligados totalizando 123 metros
no centro da cidade, deixou um saldo negativo de 04 mor- de extensão aproximadamente. Vinte mil toneladas
tos e 30 feridos. Cerca de quarenta viaturas da Corpora- de concreto desabaram. Foram colhidos, neste mo-
ção, além de dezenas de veículos particulares, estiveram mento, vinte automóveis, um caminhão e um ônibus.
presentes nas operações. A tragédia apresentou um saldo de 26 mortos e 22
feridos.
1.2.5. Enchente de 1966 – “Tragédia de
Santo Amaro” 1.2.7. Incêndio do Edifício Barão de Mauá
A maior enchente do Estado da Guanabara teve Violento incêndio no dia 12 de dezembro de1981 des-
início com um violento temporal, em 10 de janeiro de truiu completamente os 21 andares do Edifício Barão de
1966. As chuvas, incessantes e torrenciais, fizeram Mauá, localizado no centro da cidade.
com que a Corporação mobilizasse todo seu material
e pessoal. O volume de solicitações de socorro ex- 1.2.8. Incêndio do Edifício Andorinhas
trapolava a capacidade de atendimento da Corpora-
Na tarde do dia 17 de fevereiro de 1986, irrompeu, no
ção. Esse estado de calamidade durou uma semana,
Edifício Andorinhas, um incêndio, que teve repercussão
durante a qual ocorreu ainda a “Tragédia de Santo
internacional. O prédio, localizado no centro comercial
Amaro”: o desprendimento de uma grande quantida-
e financeiro da cidade, na confluência da Rua Almirante
de de terra provocou o desabamento de um edifício.
Barroso com Av. Graça Aranha. Este evento deixou um
Centenas de corpos mutilados foram encontrados
saldo de 20 mortos e cerca de 50 feridos.
soterrados entre os escombros. Foi a maior catás-
trofe dessa década.
1.2.9. Enchente de 1988
1.2.6. Desabamento do Viaduto Paulo de Logo no início do mês de fevereiro de 1988, diversos
Frontin municípios do Estado foram duramente atingidos por
fortes tempestades. Algumas tiveram duração até de
Na manhã do dia 20 de novembro de 1971, sábado,
semanas, o que acarretou enchentes em proporções
ocorreu o desabamento do viaduto Paulo de Frontim.
alarmantes. Diversos municípios decretaram “Estado de
Um vão de aproximadamente 50 metros partiu-se e
Emergência” e, logo após, “Estado de Calamidade Pública”.
desabou sobre o cruzamento da Rua Paulo de Fron-

48 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


O Corpo de Bombeiros e o Departamento Geral de Defesa
Civil desdobraram-se para atender a inúmeras frentes.

Edifício Andorinhas
“Tragédia do Bateau Mouche”
1.2.10. Naufrágio do Bateau Mouche
Durante as comemorações da passagem do ano, uma fato, o qual chocou profundamente a opinião pública. Fi-
embarcação de turismo naufragou aproximadamente cou registrada, entretanto, a correção com que atuou o
às 23h e 45min, do dia 31 de dezembro de 1988. Imedia- Grupamento Marítimo na “Tragédia do Bateau Mouche”,
tamente acorreram ao local todas as embarcações do nome da embarcação. Durante os dez dias subseqüen-
GMar, que juntamente com outras embarcações particu- tes, os mergulhadores do GMar e do GBS, juntamente
lares, que por ali passavam, salvaram das águas revoltas com os da Marinha, continuaram a procura de corpos no
dezenas de vítimas. A embarcação naufragou com cer- interior da embarcação, que foi rebocada posteriormen-
ca de 140 passageiros, deixando um saldo trágico de 53 te para os estaleiros da Marinha, onde tiveram seqüência
mortos. Houve ampla repercussão na imprensa sobre o os procedimentos de praxe.

1.2.11. Tragédia do Morro do Bumba


No dia 7 de abril de 2010, por conta de uma chuva tor-
rencial na região, aconteceu uma tragédia hoje esquecida
pelos governantes e pela grande mídia. O Morro do Bum-
ba, localizado na cidade Niterói (RJ) veio abaixo por conta
de uma chuva torrencial na região. Nós não esquecemos
esta tragédia, fruto do descaso dos governos com a po-
pulação pobre do país.
O Morro do Bumba estava localizado na área de um
antigo lixão de Niterói, sobre a montanha de lixo criada
por décadas de despejo no lugar. Quando desabou o mor-
ro, não se via pedras nem terra descendo. O que se via era
lixo. Apesar dos governos estadual e municipal saberem
disso, nenhuma medida foi tomada, e a tragédia aconte-
ceu. Foram mais de 47 mortos na ocasião.
“Tragédia do Bateau Mouche”

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 49


1.2.12. Tragédia da Região Serrana e sua camaradagem valeram-lhe justa consagração ao
mérito, a estima e a admiração dos amigos e camaradas,
Logo no início do mês de fevereiro de 1988, diversos
mais tarde seus discípulos, exemplo a ser seguido pelos
municípios do Estado foram duramente atingidos por
bombeiros de hoje.
fortes tempestades. Algumas tiveram duração até de
semanas, o que acarretou enchentes em proporções Foi na velha estação de Vila Isabel que o Alferes (hoje
alarmantes. Diversos municípios decretaram “Estado de subtenente), Tenreiro, que a comandava, conseguiu ini-
Emergência” e, logo após, “Estado de Calamidade Pública”. ciar, em 1910, suas aulas na sala do rancho, improvisada
O Corpo de Bombeiros e o Departamento Geral de Defesa em escola, a primeira criada na Corporação; foi a semen-
Civil desdobraram-se para atender a inúmeras frentes. teira generosa que continua a dar frutos. Tempos depois,
os bombeiros desse arremedo de escola, passaram a
obter as melhores classificações nos concursos para
Histórico do Ensino no CBMERJ promoção. O fato não passou despercebido da Admi-
nistração e em 1913, o já Tenente Tenreiro foi convidado
Manoel Tenreiro Corrêa, mestre glorioso e admirável, para organizar, no QCG, sob a sua direção, uma Escola
foi um paradigma ímpar em nossa Corporação no que Regimental. Resultados cada vez mais proveitosos leva-
tange a condição intelectual numa época em que, exage- ram o Ministro da Justiça, atendendo a exposição do Co-
rando um pouco, era crime manusear-se um livro didático mandante-Geral do Corpo, a convidá-lo, em 1914, para um
na caserna. estágio de estudos nos principais centros bomberísticos
da Europa. Durante seis meses, Tenreiro dedicou-se aos
Manoel Tenreiro, ingressando no Corpo de Bombeiros
estudos das obras dos mestres mais notáveis. Tão im-
aos 17 anos de idade, como aprendiz, ignorado e despro-
portante fonte de estudos, para quem possuía vocação
tegido, veio a ser o expoente, o mestre inexcedível da
e boa base de conhecimentos, facultou-lhe uma série
profissão de bombeiro no Brasil. Autodidata e dotado de
de análises, confrontos e valiosas conclusões, bases de
inteligência invulgar e rara capacidade de trabalho, qua-
suas teorias próprias, de grande alcance para a preserva-
lidades que, notadas no começo da carreira pelos invejo-
ção da vida humana contra riscos de incêndios.
sos e nulos, serviram para amargurar-lhe a vida. Mas sua
tolerância para com os pobres de espírito, sua distinção O programa da Escola Regimental tornava-se cada vez
menos atualizado em face do desenvolvimento imprimi-
do pelo mestre Tenreiro, e este, aproveitando o ensejo de
ser o comandante do Corpo, um ilustre professor, fez-lhe
uma exposição do fato. O Coronel Oliveira Lírio, um dos
mais ilustres comandantes, não teve dúvida em aceitar
suas sugestões e designar o proponente para elaborar
um programa, que atendesse às necessidades da Corpo-
ração. Tenreiro, horas depois, surpreendia o comandante
com um vasto programa de estudos que, aprovado pelo
Governo, é posto em prática e resiste cerca de trinta
anos sem ser alterado.
Para o ensino, nas escolas de formação de oficiais e de
Aperfeiçoamento Técnico de Oficiais, foram convidados
distintos professores e oficiais do Exército. A EAO (Es-
cola de Aperfeiçoamento de Oficiais) mais tarde trans-
formada em EATO (Escola de Aperfeiçoamento Técnico
de Oficias) facultava aos capitães freqüentá-la como
ouvintes. Tenreiro prescinde da vantagem para matricu-
Cel BM Manoel Tenreiro Correia lar-se; foi o primeiro aluno laureado. Não havia professor

50 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


para a cadeira de Tática de Incêndio, matéria criada e a SEDEC nº 216, de 23 de maio de 2001, o Curso Superior de
mais importante pela espécie de exigência para o ensino Comando (CSC) e o Curso Superior de Aperfeiçoamento
técnico e também a mais difícil pelo complexo conheci- (CSA) para aquele Quadro.
mento, que a envolvia. Coube ao ilustre e já Major Tenrei-
Digna de nota foi a criação do Curso de Capacitação ao
ro ser o criador e autor da parte didática, que ele próprio
Oficialato Superior (CCOS). O CCOS foi criado pela Por-
datilografava, quase sempre, horas antes das aulas, após
taria CBMERJ nº 265, de 01 de julho de 2003, com o desi-
ter despachado o pesado expediente da repartição em
derato de atender às necessidades fixadas no efetivo do
que era diretor.
Quadro de Oficiais Administrativos, Especialistas e Cape-
Em 1955, quando assumiu o comando da Corporação, lães, existentes na Lei nº 3.804, de 04 de abril de 2002, ob-
o Coronel EB Raphael de Souza Aguiar observou que pra- jetivando a excelência nos cursos da ESCBM e agregando
ticamente todos os ex-comandantes do Corpo eram do valor ao serviço prestado pela Corporação, possibilitando
Exército. Souza Aguiar entendia que bombeiros tinham a ascensão profissional dos nossos militares.
que ser comandados por bombeiros e, pensando assim,
Atualmente, a ESCBM vem cumprindo com a sua
criou, no ano seguinte, a EFO (Escola de Formação de
missão de capacitar militares e civis, através do aprimo-
Oficiais), destinada a formar os oficiais que iriam co-
ramento técnico profissional e cultural, e do desenvol-
mandar o Corpo de Bombeiros. Tal escola, pelo altíssimo
vimento de aptidão em trabalhos de comando, chefia e
nível, forma também, desde a criação, oficias de outros
direção, em nível de aperfeiçoamento e/ou extensão,
estados da Federação. Mais tarde, essa escola passou a
acrescendo conhecimentos de gestão estratégica e ge-
denominar-se EsFAO (Escola de Formação e Aperfeiçoa-
renciamento, para habilitá-los ao desempenho das fun-
mento de Oficiais).
ções mais elevadas de uma Organização.
Entretanto, a necessidade de transformar a denomi-
nação do estabelecimento de ensino – Curso Superior 1.3. Histórico da Defesa Civil
de Bombeiro Militar (CSBM), que se confundia com o
No mundo, as primeiras ações dirigidas para a defesa
CSBM, curso que habilitava Oficiais Superiores (Coro-
da população foram realizadas nos países em beligerân-
néis, Tenentes-Coronéis ou Majores) ao desempenho
cia durante a 2ª Guerra Mundial.
das funções mais elevadas da Corporação, bem como a
de atualizar também a subordinação do Curso de Aper- No Brasil, o Serviço de Defesa Passiva Antiaérea foi
feiçoamento de Oficiais (EsFAO) para o CSBM, através criado em fevereiro de 1942, em decorrência da 2ª Guer-
da Portaria nº 065/91, fez com que o CSBM fosse trans- ra Mundial. O Decreto-Lei que o criou sujeitava a este
formado em Escola Superior de Comando de Bombeiro serviço todos os brasileiros maiores de 16 anos, além de
Militar (ESCBM). definir outros encargos.
Através do Decreto nº 31.074, de 23 de março de 2002, Após a entrada do Brasil na 2ª Guerra, em agosto de
com efeitos retroativos a 12 de dezembro de 2000, publi- 1942, foram expedidos outros decretos que ampliaram o
cado no DOERJ n° 058, de 27 de março de 2002, o Curso esquema de defesa da população. Foram criadas a Dire-
Superior de Bombeiro Militar (CSBM), órgão de apoio ao toria Nacional e as Diretorias Regionais de Defesa Passi-
Sistema de Ensino, teve a denominação transformada va para os Estados, Distrito Federal e Território do Acre,
para Escola Superior de Comando de Bombeiro Militar além da coordenação entre a defesa ativa e passiva pe-
(ESCBM). los militares responsáveis pela defesa passiva a alunos e
professoras, sendo determinada, também, a construção
Atendendo ao previsto na Lei de Ensino de Bombeiro
de abrigos públicos. Neste ano, houve mudança de deno-
Militar e considerando a necessidade de preparar os ofi-
minação, passando de Defesa Passiva para Serviço de
ciais superiores e intermediários do Quadro de Oficiais
Defesa Civil.
de Saúde (QOS) para a gestão e o gerenciamento dos
serviços de saúde do Corpo de Bombeiros Militar do Es- O serviço foi extinto em 1946, após o término da 2ª
tado do Rio de Janeiro, foi criado através da Resolução Guerra, sendo apresentado como motivo dessa extinção

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 51


a incompreensão pelo povo da importância desse ser- O Decreto nº. 4.691 de 14 de outubro de 1981 al-
viço e porque fora afastada a possibilidade iminente de terou a estrutura e a organização da Secretaria de
novo conflito. Segurança Pública, criando a Defesa Civil do Estado
do Rio de Janeiro, até então Departamento Geral
No Estado do Rio de Janeiro, após as enchentes de
de Defesa Civil. Passaram a ser da sua competên-
1966, que transtornaram o antigo Estado da Guanabara e
cia o planejamento, a supervisão, a coordenação e
os Municípios vizinhos, causando inúmeros desabamen-
tos e deixando uma quantidade expressiva de mortos e a orientação da defesa civil da população contra as
de desabrigados, foi enfatizada a necessidade da exis- calamidades públicas, a realização da proteção e do
tência de um órgão destinado a coordenar a defesa civil salvamento de vidas nas praias e balneários na orla
da população. marítima, baías, lagos e rios, o controle e a fiscaliza-
ção das piscinas de uso coletivo, instaladas em enti-
O Governo do antigo Estado da Guanabara, pelos De- dades públicas e privadas.
cretos nº. 13.002, de 28 de setembro de 1967 e 13.084, de
27 de novembro de 1967, criou a “Comissão Permanente O Decreto nº 6.635, de 12 de abril de 1983 vinculou a
de Defesa Civil” (CPDC). Posteriormente, o Decreto nº. Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro (DCERJ) à Se-
3.435, de 24 de novembro de 1969 instituiu a Coordena- cretaria de Estado de Governo, assim permanecendo até
ção Estadual de Defesa Civil (CEDEC). Esta coordenação, 29 de novembro de 1983, quando foi criada a Secretaria
formada por engenheiros do Estado e representantes de Estado da Defesa Civil.
das regiões administrativas, permaneceu até a fusão do A partir desse momento, com ampla autonomia, a Se-
Estado da Guanabara com o antigo Estado do Rio de Ja- cretaria de Estado da Defesa Civil estabeleceu o Siste-
neiro. ma Estadual de Defesa Civil, com a finalidade de prestar
Com a constituição do atual Estado do Rio de Janeiro, socorro, através do conjunto de medidas tomadas em
em 15 de março de 1975, foi criado o Departamento Ge- conseqüência do desencadeamento de fatores adversos.
ral de Defesa Civil (DGDC), pelo Decreto nº. 11, de 15 de Era necessário para maior operacionalidade e para
março de 1975. Sua estrutura compreendia dois órgãos: também manter um contato constante com os municí-
o Departamento Comunitário de Defesa Civil (DCDC), pios um organismo de Defesa Civil mais próximo do local
formado pela junção dos dois órgãos de Defesa Civil dos do evento. Assim, o Estado do Rio de Janeiro foi dividido
antigos Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara e o em Coordenadorias Regionais de Defesa Civil (REDECs).
Corpo Marítimo de Salvamento (CMS). O cargo de dire- As REDECs junto aos municípios aproveitavam igual-
tor do DGDC era exercido pelo Comandante do Corpo de mente a estrutura já existente do CBMERJ, com inúme-
Bombeiros, cumulativamente. ras razões para justificar esta medida: (chefia única, cam-
O Decreto nº 529, de 23 de dezembro de 1975 deu ao po de ação cobrindo todo o Estado, as ações do CBMERJ
DGDC a responsabilidade pela integração, coordenação eram nitidamente comunitárias, a fase inicial no desdo-
e controle dos meios disponíveis, na ocorrência de um bramento de qualquer anormalidade, que é o socorro, é
fato adverso. realizada, graças ao trabalho dos bombeiros).

A Resolução nº 210, de 26 de setembro de 1977 regula- Posteriormente, em 2007, o órgão máximo de Defesa
mentou a estrutura do DGDC. Civil estadual passou à condição de Subsecretaria da
Secretaria de Saúde, dando continuidade assim ao seu
A estrutura do Corpo de Bombeiros foi aproveitada
histórico de serviços prestados à população fluminense.
pelo DGDC para a criação das coordenadorias regionais
de Defesa Civil (REDEC), sendo ativadas através da Por- Através do DECRETO Nº 43.017 DE 09 DE JUNHO DE
taria CBERJ nº 1, de 5 de fevereiro de 1981. A finalidade 2011, o Governador do Estado do Rio de Janeiro elevou a
era manter um contato permanente com todos os muni- Defesa Civil do Estado novamente à condição de Secre-
cípios, ficando o Comandante da Unidade de Bombeiros taria, deixando de estar vinculada à Secretaria de Saúde
da região, com o cargo de coordenador da REDEC. do Estado.

52 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 53
Capítulo 2

54 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


CONTROLE OPERACIONAL E CO- melhor, o nível do sinal recebido; é graduada segundo
os índices de 1 (apenas perceptível) a 5 (ótima).
MUNICAÇÕES
Valor Clareza Modulação Exemplo
Operador
2.1. Definições, Conceitos e Abreviatu- de rádio Tx:
ras: “Bravo Vila
Isabel em
Comunicação: É a transmissão e recepção dequalquer Apenas
1 Má teste de
tipo de informação por qualquer via ou processo, eletro- perceptível
equipamen-
magnético ou não; to”.
Telecomunicação: É a transmissão, emissão e recep-
ção de informações de qualquer natureza (símbolos,
2 Ruim Ruim
caracteres, sinais, escrita, imagens, sons, etc) por fio,
Operador
rádio, eletricidade ou qualquer outro processo eletro-
de rádio
magnético; Rx: “5.5 em
• DMO (Ponto a ponto) – São as ligações de comuni- interior
3 Razoável Razoável
cações entre duas estações de rádio sem o auxílio de deste Bravo
uma ERB (Estação Rádio Base). Nestas ligações são Vila Isabel,
limitadas pela distância entre os rádios e/ou por obs- operando
táculos. DMO significa Modo Direto de Operações ou Sgt Silva”.
ligação de um Rádio a outro Rádio diretamente; 4 Boa Boa
• TMO (Troncalizado) – São as ligações de comunica- 5 Excelente Excelente
ções entre duas estações de rádio com o auxílio de
uma ERB. Este modo de operação é mais eficaz para Fonte: CBMERJ
transmissões mais distantes. Entretanto, em caso de
pane na ERB, as comunicações rádios ficam prejudi- • D.G. – Distribuidor Geral: É a parte da “Caixa de Dis-
cadas. Neste caso utilizar como alternativo o DMO; tribuição Telefônica”, existente dentro da edificação
(quartel), que recebe as linhas telefônicas fixas (con-
• Canal – É o meio, físico ou não, que viabiliza a propa-
vencionais e de emergência) e as distribui interna-
gação das ondas de rádio entre o transmissor (Tx) e o
mente pela OBM;
receptor (Rx). Ex: Atmosfera;
• PTR – Ponto de Terminação da Rede Telefônica Pú-
• Ruído – É todo e qualquer elemento prejudicial à co-
blica: É a parte da “Caixa de Distribuição Telefônica”
municação; e,
que recebe o cabo telefônico externo com o sinal das
• PTT – Push to talk – Tecla aperte para falar, tecla do linhas telefônicas fixas (convencionais e de emergên-
rádio que deve ser mantida apertada, durante a trans- cia). O PTR é o final do cabo externo da concessioná-
missão da mensagem; ria de telefonia fixa, que interliga a estação telefônica
pública ao quartel;
Teste Rádio:
• ERB – Estação Rádio Base: equipamento responsá-
• Clareza – É a inteligibilidade com que a mensagem vel pela recepção e retransmissão do sinal do rádio
(MSG) é recebida pelo receptor; é graduada segundo transmitido. Tem a principal função de retransmitir
os índices de 1 (má) a 5 (excelente); e, o sinal rádio com qualidade e levá-lo a pontos mais
• Modulação – É a intensidade dos sinais (volume), ou distantes;

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 55


• ANATEL – Agência Nacional das Telecomunicações; i. Componentes Básicos – De forma genérica os
• CICC – Centro Integrado de Comando e Controle; componentes dos transceptores são:

• CCCRIT – Coordenadoria de Comunicações Críticas; Componentes básicos


• DETEL – Departamento Estadual de Telecomunica- 1 - Bloco do 5 - Alto Falante
ções; 9 – Fusível
Transceptor - AF
• CSM/M Tel – Centro de Suprimento e Manutenção de 2 - Antena - 6 - Conector de 10 - Cabo
Material de Telecomunicações; Ant antena coaxial ou L.T.
• COPOM – Centro de Operações da Polícia Militar; 3 - Microfone 7 - Conector do 11 - Cabo espi-
• IECOM – Instrução para Exploração das COM; - Mic MIC ralado do MIC
• MDT – Terminal Móvel de Dados; 12 - Conecto-
4 - Fonte de 8 - Cabo de ali-
• MHz – Megahertz; res de alimen-
alimentação mentação
• RF – Rádio Frequência; tação
• RTPC – Rede de Telefonia Privada Comutada;
• TMC – Telefonia Móvel Celular; ii. Antena – Responsável por Tx e Rx o sinal de RF. Na
• Frequência – É o número de ciclos que a onda rádio Tx funciona como carga e na Rx funciona como fon-
(senoidal) completa por segundo; te de energia. É o elo mais importante em toda ca-
deia de Tx e Rx por ondas radioelétricas. Sem uma
• Head-set – Acessório telefônico que dispensa o uso
boa antena torna-se impossível à telecomunicação
das mãos para operação; e,
de longa distância.
• Link – Conexão rádio (em UHF ou micro-ondas) entre uma
central de comunicações e uma ERB ou entre as (ERB). ~~ Propriedades das antenas:

¾¾ Reciprocidade – É a propriedade da antena que


2.2. Meios De Comunicação viabiliza através de um acoplador a Tx e a Rx por
A história das comunicações na Corporação inicia um mesmo sistema irradiante.
junto com a sua criação em 1856. As comunicações e os ¾¾ Diretividade – É a propriedade de uma antena
avisos de incêndio, na época, eram realizados através de Tx os sinais em uma direção determinada. Se-
salvas de tiros de peças de artilharia, disparadas do alto gundo este parâmetro as antenas classificam-
do morro do Castelo e pelo badalar dos sinos das igrejas se em: omnidirecional (transmite em todas as
da freguesia em que ocorria o evento. direções) , bidirecional e unidirecional;
Atualmente o CBMERJ, em suas comunicações diversas,
faz uso de telefone (fixo/celular/via satélite), rádio trans- iii. Microfone – Capta a energia sonora e a envia ao Tx
ceptores, internet, computador, GPS e as tecnologias dis- para sua irradiação a outras estações. Possui a te-
poníveis. A eficiência operacional de nossa atividade-fim cla denominada “PTT” que se acionada possibilita a
está diretamente ligada às comunicações. É extremamen- transmissão da mensagem e simultaneamente ini-
be o receptor do rádio;
te necessário que toda essa tecnologia fique acessível às
operações de socorro e, principalmente, nas Subseções de iv. Fonte (de alimentação) – fornece energia para o
Controle Operacional das Unidades (SsCO). funcionamento do rádio. Nos equipamentos fixos
utiliza a energia comercial de 110/220 VAC que é
convertida para 12 VCC. Os rádios móveis utilizam
2.3. Rádio Transceptor a bateria da viatura, os portáteis possuem bateria
É o equipamento de radiocomunicação que possui um própria do fabricante;
módulo de transmissão (Tx) e outro de Recepção. Desta v. Alto Falante – Transforma os impulsos elétricos
forma, transmite e recebe mensagens utilizando o es- que chegam ao receptor em sinais sonoros para que
o operador possa ouvir as mensagens transmitidas
pectro eletromagnético ( ondas de rádio).
por outras estações;

56 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


vi. Acessórios: Carregadores de Baterias – Em geral ¾¾ Fabricantes: Teltronic e Sepura, Kenwood, Al-
um “Led” verde aceso indica que a bateria encon- catel e Motorola.
tra-se carregada e em condições de uso e um “led”
vermelho aceso indica que a bateria está sendo car-
regada. “Para qualquer equipamento, leia o manual
do fabricante”; e,
vii. Tipos de Rádios:

• Portátil (SRH 3500)

¾¾ São utilizados a tiracolo durante as operações


de socorro e em prevenção de eventos espe-
ciais;

¾¾ Utilizam antenas omnidirecionais (mais ade-


quadas);
• Fixo (DT 410)
¾¾ Possui baixa potência e alcance operacional re-
¾¾ São os instalados nas SsCO das OBM e usam duzido.
a energia da concessionária pública. São dota- viii. Manutenção do Rádio Transceptor
dos de fonte de conversão e devem possuir “No-
-break” para suportar as ausências temporárias a. Rádio todo Apagado
de energia; • Verifique as conexões do cabo de alimentação do rá-
¾¾ Utilizam antenas (uni) direcionais; dio que vai para a bateria (no rádio e na bateria);
• Verifique se o fusível (na parte traseira do rádio ou no
¾¾ Fabricantes: Teltronic e Sepura, Kenwood, Al- meio do cabo que vai para a bateria) está queimado
catel e Motorola. ou com mau contato;
• Faça uma inspeção na instalação elétrica do rádio (os
cabos do rádio, inclusive e o que vai até a bateria);
• Se persistir o defeito realize um teste, retirando o
equipamento da viatura “A” e instale-o em outra viatu-
ra que tenha rádio e que esteja funcionando correta-
mente. Se o rádio continuar apagado o problema é do
equipamento. O teste pode ser confirmado instalando
o rádio da outra viatura na viatura “A”. (inverter o rádio);
• Se o rádio funcionar em outra viatura o problema
deve ser na parte elétrica (da viatura). Faça contato
com o CSM/MTel narrando o fato;
• Móvel (MDT 400)
• Se ficar apagado em outra instalação o defeito é do
¾¾ São os instalados nas viaturas, embarcações ou rádio. Faça contato com o CSM/MTel; e,
aeronaves; • Se os testes executados resolverem o problema, faça
¾¾ São alimentados pela energia fornecida pela contato com o CSM/MTel dando ciência dos fatos.
bateria do próprio veículo;
b. Rádio aceso Não Recebe e Não Transmite
¾¾ Utilizam antenas omnidirecionais (mais ade- • Verifique a conexão da instalação da antena do plug
quadas); atrás do rádio;

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 57


• Verifique a instalação da antena geral; Problema Procedimento
• Caso não haja problema na antena, faça chamada 1º - Verifique se há energia
para bravo 00, para confirmar que realmente não está no local (bateria ou toma-
transmitindo(Tx); da da energia) e o fusível.
• Teste outro rádio nas instalações e o rádio com defei- Experimente outro ponto
to em outra instalação; e, de alimentação/bateria; e,
Rádio não liga (apagado).
• Após os testes com o rádio faça contato com o CSM/ 2º - Verifique as conexões
MTel relatando os fatos. do cabo de alimentação
que por vezes ficam oxi-
c. Rádio aceso Recebe e não Transmite dadas e impedem a passa-
• Teste o Microfone de outro rádio igual e verifique se gem da corrente elétrica.
este é o defeito; e, 1º - Verifique as conexões
• Faça contato com o CSM/MTel relatando os fatos. do microfone e da antena;
e
Rádio liga. Só Rx e não Tx.
d. Rádio aceso Não Recebe e só Transmite 2º - Utilize outro micro-
• Teste outro alto-falante e verifique se este é o defeito; e, fone do mesmo modelo.
Exemplo: da viatura.
• Faça contato com o CSM/MTel relatando os fatos.
1º - Verifique o volume do
e. Quando o PTT é pressionado o rádio desliga áudio; e,
(apaga) Rádio liga. Não Rx e só Tx. 2º - Verifique as conexões
• Quando acontecer este defeito, verificar se está che- do alto falante remoto,
gando energia e se o plug da tomada de AC está co- quando existir.
nectada, se estiver, verificar se a lâmpada verde está 1º - Proceda a uma inspe-
acesa. Caso esteja, o rádio está com defeito na fonte, ção visual no cabo da an-
solicitar o CSM/MTel; e, tena; e,
• Se estiver apagada, verificar os fusíveis, fazer a subs- Rádio liga. Não Rx e só Tx. 2º - Não identificando
tituição dos mesmos, tendo em vista que há 02 fusí- anormalidades, execute
veis um de AC 110/220V e outro de DC – fonte caso teste de rádio em outro
venha queimar o fusível na hora, a fonte está com de- canal da rede.
feito – solicitar o CSM/MTel.
Fonte: CBMERJ
f. Defeito intermitente
• Quando o defeito aparece e volta a funcionar depois 2.4. – Generalidades
normalmente.
A radiotelefonia no CBMERJ tem como principal fina-
• Ex: Volume baixo (modulação baixa), depois normal;
lidade transmitir mensagens operacionais de socorro.
não transmite, depois volta a transmitir normal, etc.
Estes defeitos são nos aparelhos. Isso não impede a possibilidade de tráfego de mensa-
gens administrativas. Pense antes de transmitir e fale
ix. Orientações rápidas para manutenção nos equi- pausadamente, esta prática evita interrupções durante
pamentos a transmissão e facilita o entendimento da mensagem.
NÃO transmita em um canal que está em uso, exceto se
Procedimentos antes de acionar o CSM/M Tel
for para pedir prioridade de emergência.
1 Ocorrendo o defeito no equipamento, faça uma
inspeção visual no aparelho Os canais de radiocomunicações durante as opera-
2 Verifique conectores, bateria (rádio/viatura), ções de socorro podem ficar sobrecarregados. O uso do
contatos, controle e fios aparentes; e canal com racionalidade evita um perda de tempo valio-
sa. Evite transmissão de mensagens supérfluas, seja bre-
3 Consulte o manual do equipamento e/ou peça
apoio ao CSM/MTel ve, pois uma outra mensagem muito importante poderá
estar em espera.
Fonte: CBMERJ

58 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


2.5. Linguagem Característica Para Uso c. Código “ Q ”
Na Rede Bravo. Objetivo: Padronizar as mensagens via rádio, tornan-
do-as, mais objetivas, claras, rápidas e profissionais.
a. Alfabeto Fonético Internacional de Letras.
Código Forma interrogativa Forma afirmativa
Letra Palavra Pronúncia
QAP Está na escuta? Estou na escuta.
A Alfa Alfa Qual o prefixo da sua O prefixo da minha
B Bravo Bravo QRA estação? estação é...
C Charlie Tchárlie Quem está operando? Meu nome é...
D Delta Délta Qual a hora de chega- A hora de chegada
QRE
da em...? em... é...
E Echo Éco Estou regressando
QRF Está regressando a...?
F Fox-Trot Foxtrót a...
G Golf Golfi Qual o canal de ope-
QRG O canal é...
ração?
H Hotel Rótel
Qual a clareza e a in- A clareza e a intensi-
I India Índia QRK tensidade dos sinais dade dos sinais rece-
J Juliete Dgiuliét recebidos? bidos são...
K Kilo Quilo QRL Está ocupado? Estou ocupado.
Está sofrendo interfe- Estou sofrendo inter-
L Lima Lima QRM
rência? ferência.
M Mike Maique Desligue equipamen-
Desligo equipamento?
N November Novémber QRT to (cesse transmis-
(cesso transmissão)
O Oscar Óscar são).
Alguma mensagem Tenho mensagem
P Papa Papá QRU
para mim? para você.
Q Quebec Quebeque Preparado para rece- Estou preparado para
QRV
R Romeu Rômeo ber mensagem? receber mensagem.
S Sierra Siérra Qual é o próximo horá- Horário para comuni-
QRX
rio para comunicação? cação será...
T Tango Tango
Quem chama (prefi- Quem chama é ...(pre-
U Uniform Iúniform QRZ
xo)? fixo).
V Victor Victor QSJ
Qual o valor em dinhei- O valor em dinheiro
W Whiskey Uiski ro do pagamento? é...
QSL Ciente da mensagem? Ciente, entendido.
X X-Ray Éxrai
Posso comunicar-me Comunique-se dire-
Y Yankee Ianki QSO diretamente com... tamente com... (pre-
Z Zulu Zulu (prefixo)? fixo).
Retransmita minha
Posso retransmitir sua
b. Números mensagem para...
QSP mensagem p/ prefixo?
(prefixo). Ponte auto-
Números Posso fazer ponte?
rizada.
1 - Uno 6 - Meia 100 - Uno duplo zero QSQ Há médico a bordo? Há médico a bordo.
2 - Dois 7 - Sete 166 - Uno duplo meia Devo fazer uma conta- Faça contagem até...
3 - Três 8 - Oito 2001 - Dois duplo zero uno QSV
gem até... para teste? para teste.
4 - Quatro 9 - Nove 33348 - Triplo três quatro oito Devo transmitir no
22.777 - Duplo dois ponto triplo QRF Transmita no canal.
5 - Cinco 0 - Zero canal?
sete

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 59


Devo transmitir a
Transmita a mensa-
2.6. Procedimentos Para Uso Do Rádio
QSZ mensagem em trechos
gem em trechos. Transceptor
(transmissão pausada)?
Devo anular mensa- a. Orientações e recomendações:
QTA Anule mensagem.
gem? a) Prioritariamente para uso em transmissão de mensa-
QTB Qual a sua localização? Minha localização é... gens operacionais de socorro;
Qual o seu itinerário ou Meu itinerário ou ro- b) Para trafegar mensagens administrativas deve-se
QTI
roteiro? teiro é... observar as normas operacionais;
Qual o horário de saída
QTN O horário de saída é... c) Utilize o rádio com racionalidade para se evitar uma
de...?
perda de tempo valiosa. Seja breve e evite transmis-
QTR Qual a hora certa? A hora certa é... são de mensagens supérfluas, uso de plebeísmos
Recebeu mensagem Recebi mensagem de (ÉÉÉ...., irmão, É correto hein!, Positivo, positivo...).
QUF de emergência de... emergência de... (pre- Outras mensagens muito importantes podem estar
(prefixo)? fixo). em espera;
Os sobreviventes fo- Os sobreviventes fo-
QUR d) Pense antes de transmitir, fale o mínimo possível, de
ram encontrados? ram encontrados.
forma clara e pausadamente, para facilitar o entendi-
Avistou sobreviventes Avistei sobreviventes mento da mensagem e evitar interrupções durante a
QUS
e/ou destroços? e/ou destroços. transmissão;
d. Palavras e expressões convencionais e) Seja cortês na utilização e espere a sua vez de falar,
exceto se for para pedir prioridade de emergência.
Palavra Significado Não interrompa as comunicações entre outros prefi-
Diga-me se entendeu ou recebeu a men- xos sem justo motivo;
Acuse
sagem. f) Atenda a chamada e transmita imediatamente em
Aguarde Espere, mantenha-se na escuta. velocidade que permita as anotações do outro co-
Câmbio Terminei. Convite a resposta. municante, quando necessário. Fale diretamente ao
Ciente Recebi sua mensagem. microfone, cerca de 3 cm da boca durante a transmis-
Confirme Repita a mensagem. são, dando a mesma entonação as palavras. Não seja
Consignar Registre, anote para controle. irônico ou agressivo;
Correto Está certo. g) Mantenha-se calmo e não se apresente com ansieda-
Correção Houve erro nesta transmissão. de. Pronuncie todas as sílabas, sem deixar cair o volu-
Repita a mensagem como recebida (solici- me da voz nas sílabas finais;
Coteje
te a quem está transmitindo a mensagem). h) Realize teste no rádio todos os dias e conheça as nor-
Negativo Não, não está autorizado. mas;
Positivo Sim, autorizado (afirmativo). i) Conheça as normas, use fraseologia padrão e evite o
Emergência! Preciso transmitir com ur- uso de gírias;
Prioridade
gência. j) Selecione o grupo rádio (canal) adequado e conheça
Proceda Autorizo, pode prosseguir. os prefixos (ID) do usuário do SIRCE/RJ. Ex: Bravo Hu-
Prossiga Adiante com sua mensagem. maitá, ABS-04 e Bravo 00.
Repetindo Vou repetir toda a mensagem. k) Use o Código “Q”, o Alfabeto Fonético Internacional e
Dê espaço para receber o que for transmi- as expressões convencionais;
Separa
tido logo após. l) Registre todas as mensagens transmitidas e recebi-
Vou soletrar a palavra seguinte com o al- das, assim como de qualquer ocorrência julgada ne-
Soletrando
fabeto fonético. cessária durante o seu quarto de serviço;
Separa Dê espaço (soletração – Alfabeto Fonético).
m) Evite o uso de excessiva potência de transmissão (as
Acabado; fim (usado para indicar que ter- ondas rádios alcançam um ponto mais longe em com-
Terminado
minou de soletrar pelo alfabeto fonético). pensação aumenta o consumo de bateria/energia),
Sua mensagem não está clara, verifique portanto utilize a potência adequada á situação;
Verifique
se está correta.

60 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


n) É proibida a conversação não oficial entre operadores; Ao terminar a mensagem, operador: “Fim de priorida-
o) Observe as orientações do COCBMERJ. de para”. (citar unidade ou viatura que solicitou prioridade).

b. Procedimento para recepção O operador deve conhecer o rádio transceptor e suas


a) Mantenha-se na escuta do canal prioritário; principais funções. Principalmente os canais (analógi-
b) Observe as orientações do item anterior. cos) e os grupos (digitais) dos rádios do SIRCE/RJ para
melhor aproveitamento dos recursos.
c. Práticas Proibidas – As seguintes práticas são
especificamente proibidas: g. Operação dos Rádios Digitais PORTÁTEIS - Sepu-
a) Conversação não oficial entre operadores; ra SRH 3500.
b) Entonação irônica ou agressiva na voz; 1º) ligar: Pressione o botão MODE; Para DESLIGAR:
c) Interromper comunicações entre outros prefixos, Pressione MODE por 3 segundos;
sem justo motivo. 2º) Volume de áudio: Gire o botão localizado na parte su-
perior esquerda respectivamente (sentidos horário e
d. Práticas que devem ser evitadas – As seguintes anti-horário) para aumentar/baixar o volume;
práticas devem ser evitadas:
3º) Seleção de grupo de operação: Pressione MODE e
a) Uso de excessiva potência de transmissão; através das teclas de navegação (seta para cima e
b) Transmissão em velocidade maior do que a capacida- seta para baixo), selecione a pasta em que está inse-
de de recepção dos operadores. rido o grupo desejado. Localizada a pasta, selecione o
grupo através do botão volume. Confirme apertando
e. Práticas Recomendáveis – Para melhor rendi- o PTT ou espere alguns instantes para confirmação;
mento do equipamento: 4º) De TMO para o DMO (ponto a ponto): Acione seta
a) Falar diretamente ao microfone, com este a cerca de para baixo, depois selecione a pasta “configuração”
3 cm da boca. Manter esta posição durante a trans- com seta para a direita ou para a esquerda. Em segui-
missão de toda a mensagem; da acione mais uma vez seta para baixo. Até apare-
b) Falar claro e pausadamente, dando a mesma entona- cer no display a inscrição “modo direto ativo”. Então
ção a todas as palavras; acione tecla verde para habilitar ou vermelha para
desabilitar. Para retornar à tela principal pressione a
c) Manter-se calmo, não falar de maneira monótona, ir-
tecla seta pra cima duas vezes; Obs: Os grupos DMO
ritante tampouco mostrar ansiedade;
não estão vinculados aos grupos TMO (troncalizado).
d) Ser cuidadoso na dicção, pronunciar todas as sílabas Assim, em DMO devemos atentar para o número ou
das palavras, sem deixar cair o volume da voz nas síla- nome do grupo selecionado, mostrado no display;
bas finais;
5º) Aumento de fonte do display: aperte por 1” a tecla “8”;
e) Efetuar o registro de todas as mensagens transmiti- repita para voltar ao normal;
das e recebidas, assim como de qualquer ocorrência,
6º) Inversão do display: Pressione por 1” a tecla “5”; repita
julgada necessária durante o seu quarto de serviço.
para voltar ao normal;
f. Solicitação de prioridade 7º) Carga de bateria: Verifique a carga no lado inferior
Para mensagens de urgência máxima o operador deve- esquerdo do display;
rá solicitar “prioridade” ou apertar a tecla de emergência 8º) Nível de sinal: Verifique sempre no lado inferior direi-
(tecla alaranjada nos rádios digitais). Os demais prefixos to do display a informação de nível de recepção, pois é
muito importante para se obter uma boa comunicação;
ficarão obrigados a interromperem suas comunicações
até que a mensagem prioritária se conclua. A solicitação 9º) Modo engenharia: * 477 para acessar outras funções
é feita empregando a seguinte terminologia: do rádio como nr de série, GPS, etc... .

Operador: “Atenção a rede bravo, prioridade para Bra- h. Operação dos Rádios transceptores Digitais MÓ-
vo Angra”. (Citar o prefixo rádio do solicitante da priorida- VEIS E FIXOS (MDT 400 e DT 400) Teltronic:
de) e imediatamente a mensagem prioritária. 1º) Ligar: Pressione por 2 seg. o botão 06; para DESLI-
GAR: mesmo procedimento;

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 61


2º) Volume: Gire o botão 02 no sentido horário/anti-ho- Grupo Zona Norte Pronúncia
rário para aumentar/baixar o volume;
COCB Bravo Zero Zero
3º)
Seleção de grupo de operação: aperte o botão CBA 1 Capital CBA Uno
12(PASTA), em seguida, através da tecla 7 (SETA PARA 2º GBM Méier Bravo Méier
CIMA E SETA PARA BAIXO), selecione a pasta em que
DBM 1/2 Ramos Bravo Ramos
está inserido o grupo desejado pressionando botão
12 (ACEITAR). Uma vez localizada a pasta, selecione 19º GBM I. do Govern. Bravo Ilha
o grupo através da tecla 7 (SETA PARA CIMA E SETA DBM 1/19 Fundão Bravo Fundão
PARA BAIXO); 24º GBM Irajá Bravo Irajá
4º) Do modo troncalizado para o modo DMO: Pressione por DBM 1/24 R. Albuquer. Bravo Ricardo
2 seg. a tecla “F” para acessar o modo DMO. Para retor- DBM 2/24 P de Lucas Bravo Lucas
nar ao TMO pressione novamente por 02 seg. a tecla “F”. 28 GBM Bravo Penha
No modo DMO aparecerá na parte superior do display a DBM Escola Bravo Guadalupe
letra “D” maiúscula; no modo troncalizado aparecerá no CSRC Penha CSRC
lado superior esquerdo nível de intensidade de sinal e
GPrevE Méier G PrevE
indicação de antena. OBS: Os grupos DMO (modo ponto-
-a-ponto) não estão vinculados aos grupos TMO (modo
troncalizado). Assim, ao selecionarmos o modo DMO Grupo Zona Oeste Prefixo rádio
através da tecla “F”, devemos estar atentos ao número 8º GBM Campinho Bravo Campinho
ou nome do grupo selecionado, mostrado no display, DBM 1/8 Realengo Bravo Realengo
para que a comunicação seja estabelecida. 12º GBM Jacarepaguá Bravo Jacarepaguá
5º) Modo engenharia: “F1” para acessar outras funções 13º GBM C Grande Bravo Cpo Grande
do rádio como GPS, etc... . DBM 1/13 Santa Cruz Bravo Santa Cruz
6º) Configurar modo de trabalho: Através da Tecla 11 DBM 3/13 Guaratiba Bravo Guaratiba
(MENU) e teclas do cursor (7), selecione Modo de tra- DBM 1/10 Itaguaí Bravo Itaguaí
balho e confirme com a tecla 12 (ACEITAR), em segui- DBM 2/10 I Grande Bravo Ilha Grande
da escolha V+D (Troncalizado) ou DMO (Modo Direto) CBA VIII Especializadas CBA Oito
e confirme com tecla 12 (ACEITAR). GBS Barra da Tijuca Bravo GBS
7º) GPS INFO: Através da Tecla 11 (MENU) e teclas do cur- PABM 01 Recreio Bravo Recreio
sor (7), selecione GPS INFO e confirme com a tecla 12 2º GMar B Tijuca G Mar Barra
(ACEITAR) DBM 4/M Guaratiba G Mar Guaratiba
DBM 5/M Sepetiba G Mar Sepetiba
2.7. Prefixos Rádio Das OBM E Grupos De 1º GSFMA Bravo Boa Vista
Operação No Sistema Rádio Digital DBM 4/10 Mangaratiba Bravo Mangaratiba
Grupo Centro Prefixo rádio
Grupo Zona Sul Pronúncia
COCB Bravo Zero Zero
COCB Bravo Zero Zero
GOGC Centro Bravo Central
CBA X CAPITAL CBA Dez
DBM 1/GOCG Bravo Sta Tereza
1º GBM Humaitá Bravo Humaitá
11º GBM Vila Isabel Bravo Vila
DBM 1/1 Catete Bravo Catete
DBM 1/11 Benfica Bravo Benfica
25º GBM Gávea Bravo Gávea
DBM 2/11 Grajaú Bravo Grajaú
17º GBM Copa Bravo Copa
DBM 3/11 Tijuca Bravo Tijuca
1º G Mar Botafogo G Mar Botafogo
GTSAI Caju Bravo Caju
DBM 1/M Paquetá G Mar Paquetá
PABM GTSAI/1 Bravo São Cristóvão
DBM 2/M Piscinão G Mar Ramos
HCAP Bravo HCB
3º GMar Copa G Mar Copa
DBM MOT DBM Mot
GOA Sede Bravo GOA
CSM / M Tel Manutenção
DBM 1/ GOA GOA Lagoa
- -
DBM 2/ GOA GOA Jacarepaguá
GSE Catete Bravo GSE

62 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Grupo Baixada Prefixo rádio Grupo Norte fluminense Prefixo rádio
CBA VI Baixada Flu CBA Baixada CBA IV Norte CBA Quatro
5º GBM Campos Bravo Campos
4º GBM N Iguaçu Bravo Nova Iguaçu
DBM 1/5 Guarus Bravo Guarus
DBM 1/4 Nilópolis Bravo Nilópolis DBM 2/5 São Fidélis Bravo S Fidélis
DBM 2/4 B Roxo Bravo Belford Roxo DBM 3/5 S J da Barra Bravo S J Barra
DBM 3/4 Paracambi Bravo Paracambi DBM 4/5 Cambuci Bravo Cambuci
DBM 4/4 Seropédica Bravo Seropédica 21º GBM Itaperuna Bravo Itaperuna
DBM 1/21 Itaocara Bravo Itaocara
PABM 1/4 Queimados Bravo Queimados
DBM 2/21 S A Pádua Bravo Pádua
DBM 3/21 Italva Bravo Italva
Grupo Baixada Pronúncia
DBM 4/21 Natividade Bravo Natividade
14º GBM D Caxias Bravo Caxias DBM 5/21 Bom Jesus Bravo Bom Jesus de
DBM 1/14 S J Meriti Bravo Meriti de Itabapoana Itabapoana
2º GSFMA Magé Bravo Magé
GOPPCampos Elíseos Bravo GOPP Grupo Sul Fluminense Pronúncia
CBA III Sul CBA Três
Grupo Costa Verde Prefixo rádio 7º GBM Barra Mansa Bravo B Mansa
CBA VII Costa Verde Costa Verde 22º GBM V Redonda Bravo V Redonda
10º GBM Angra dos Reis Bravo Angra DBM 1/22 B do Piraí Bravo B do Piraí
DBM 3/10 Frade Bravo Frade DBM 2/22 Valença Bravo Valença
26º GBM Parati Bravo Parati DBM 3/22 M. Pereira Bravo M Pereira
DBM 1/26 Mambucaba Bravo Mambucaba DBM 4/22 Piraí Bravo Piraí
- - DBM 5/22 Vassouras Bravo Vassouras
- - DBM 6/22 Mendes Bravo Mendes
- - 23º GBM Resende Bravo Resende
DBM 1/23 Itatiaia Bravo Itatiaia
Grupo Metropolitana Pronúncia
CBA IX Metropol. CBA Nove Grupo Serrana Prefixo rádio
4º GMar Itaipu Bravo Itaipu CBA II Serrana CBA Serrana
3º GBM Niterói Bravo Niterói 6º GBM N Friburgo Bravo Friburgo
DBM 1/3 Charitas Bravo Charitas DBM 1/6 Cordeiro Bravo Cordeiro
PABM 2/3 Maricá Bravo Maricá DBM 2/6 C de Macacu Bravo Macacu
20º GBM S Gonçalo Bravo São Gonçalo DBM 3/6 B Jardim Bravo Bom Jardim
DBM 1/20 Itaboraí Bravo Itaboraí DBM 4/6 Cantagalo Bravo Cantagalo
DBM 2/20 Rio Bonito Bravo Rio Bonito 15º GBM Petrópolis Bravo Petrópolis
DBM 1/15 Três Rios Bravo Três Rios
DBM 2/15 Itaipava Bravo Itaipava
16º GBM Teresópolis Bravo Teresópolis
DBM 1/16 Carmo Bravo Carmo
DBM 2/16 Bonsucesso Bravo Bonsucesso

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 63


Grupo Litorânea Pronúncia Viatura Prefixo
CBA V Baix. Litorânea CBA Litorânea Auto Rápido AR
9º GBM Macaé Bravo Macaé Auto Bomba Tanque ABT
DBM 1/9 C de Abreu Bravo Casemiro Auto Escada Mecânica AEM
DBM 2/9 R. das Ostras Bravo R das Ostras Auto Tanque AT
DBM 3/9 Cabiúnas Bravo Cabiúnas Auto Remoção de Cadáver ARC
PABM 1/9 C. Macabú Bravo Macabú Auto Pó Químico APQ
18º GBM Cabo Frio Bravo C Frio Viatura Administrativa V1
DBM 1/18 S P Aldeia Bravo S Pedro Vtr de Transporte de Apoio V2
DBM 2/18 Búzios Bravo Búzios Vtr de Transporte Coletivo V4
PABM 1/18 Arraial Bravo Arraial Auto Transporte de Tropa ATT
27º GBM Araruama Bravo Araruama Auto Moto AM
DBM 1/27 Saquar. Bravo Saquarema Lanchas sem UTI LIMA
Moto Aquática AMA
i. Prefixos rádio das viaturas no sistema rádio di-
gital (SIRCE/RJ) Lancha dotada de UTI LEME 01
- -
Viatura Prefixo
Auto Comando Operacional ACO 2.8. Telefone
Auto Posto de Comando APC O telefone é o meio de comunicação de maior empre-
Auto Bomba para Inflamável ABI go na Corporação. A sua expansão e a popularização do
seu uso tornaram-se imprescindível no sistema de co-
Auto Bomba e Salvamento ABS municação. A Corporação possui em uso telefonia móvel
Auto Busca e Salvamento Leve ABSL (celular), telefonia via satélite e a telefonia fixa que pode
ser a convencional e a de emergência.
Auto Bomba e Salv c/ Guincho ABSG
É um aparelho de comunicações com fio e/ou ondas
Auto Plataforma Mecânica APM eletromagnéticas, dotado de um sistema de transmissão
Auto Bomba Plataforma ABP e recepção de mensagens, que codifica as mensagens
faladas em ondas (aparelho de transmissão) e que as
Auto Socorro de Emergência ASE
decodifica, novamente, em mensagem falada (aparelho
Auto Reboque Mecânico ARM receptor).
Auto Produtos Perigosos APP Os telefones de emergência são aqueles utilizados,
Auto Serv. Tát.Abastecimento ASTA exclusivamente, para a atividade-fim da Corporação.
Através dos telefones de emergência são recebidos os
Auto Tático de Emergência ATE pedidos de socorro. A introdução do prefixo 193 para
Auto Quadricículo AQ atender, principalmente, às chamadas realizadas através
dos telefones públicos agilizou ainda mais o sistema.
Bombeiro 01
Helicóptero As Subseções de Controle Operacional (SsCO) – pos-
Bombeiro 02... suem também linhas privativas (L.P.), conhecidas como
telefone ponto-a-ponto. Estas linhas fazem a ligação
direta entre o quartel de bombeiros e uma instalação co-
mercial ou industrial na sua área de atuação. As L.P. são

64 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


instaladas a pedido do interessado. As ligações, através 9º) Evitar uso de gírias e não usar palavras de baixo calão;
das L.P., são realizadas de forma imediata, bastando ape- 10º) Manter o solicitante informado, mesmo que a in-
nas retirar o fone do gancho para que a outra ponta (apa- formação não o agrade, e somente prometa o que
relho) seja acionada. puder cumprir;
11º) Identificar-se sempre que for requisitado pelo soli-
a. Procedimentos para Manutenção de Telefones citante e fornecer a sua função e graduação, nome
1º) Ocorrendo defeito telefônico faça uma inspeção vi- de guerra e qual UBM pertence. O Chefe da SsCO da
sual no aparelho e fios aparentes (tomadas e outras UBM poderá definir regras de identificação do co-
conexões); municante, desde que autorizadas pelo Comandan-
2º) Persistindo o defeito, acione o CSM/MTel que possui te da Unidade. Ex: SD BM César Nicolau atendente
ferramentas adequadas para reparo na rede interna 39;
ou para identificar se o defeito é interno ou externo; 12º) Ao verificar que a chamada telefônica não se trata
3º) Caso o defeito seja interno, acione o CSM/MTel para de uma urgência ou emergência, direcione-a para o
realizar o serviço; órgão ou setor competente; oriente o solicitante e
procure liberar a linha telefônica rapidamente;
4º) Caso o defeito seja externo acione o DETEL e a con-
cessionária, quantas vezes se fizerem necessárias; 13º) Se for uma chamada de emergência, mesmo que não
seja de competência do CBMERJ, o “comunicante”
5º) O reparo não deve ultrapassar 72h horas. Ultrapas- deverá apoiar totalmente o solicitante, procedendo
sando esse prazo deverá ser comunicado por escrito com as anotações das informações básicas e dando
ao CSM/MTel para que outras medidas administrati- um destino adequado à solicitação de acordo com a
vas sejam tomadas. emergência apresentada. Ex: Uma comunicação de
assalto à padaria. O comunicante anota o local da
b. Normas a serem utilizadas
ocorrência, o nome do solicitante, o número do te-
1º) Atender ao solicitante com agilidade e paciência. No lefone e, em seguida, repassa a informação obtida
máximo ao 3º toque telefônico e dizer: “Corpo de para a PMERJ ou para o COCBMERJ, que se encar-
Bombeiros do (localidade da OBM), bom dia/boa tar- regará de fazer o repasse;
de/boa noite. Qual a sua emergência?”;
14º) Ao verificar que a chamada telefônica é de compe-
2º) Zelar pela qualidade do atendimento telefônico ao tência do CBMERJ (urgência ou emergência), o Co-
público externo e pela excelência dos serviços pres- municante acionará o carrilhão e dará o breve pique
tados pelo CBMERJ; de alerta para a respectiva guarnição de socorro
3º) Estabelecer uma relação harmônica com o cidadão e e para a convocação do Comandante do Socorro,
estar preparado para situações adversas; enquanto realiza as anotações necessárias para a
confirmação e despacho das viaturas. (Ver Nota Ga-
4º) Agir tranquilamente, procurando causar boa impres-
bCmdo 285/2012 publicada no Boletim 109, de 13 de
são ao solicitante, demonstrando interesse pela fala
junho de 2012;
dele (saber ouvi-lo), que deseja ajudá-lo e que será o
responsável pelo atendimento da solicitação; 15º) Se a chamada for um aviso de uma emergência
com prioridade máxima (fogo em veículo, tentati-
5º) Proporcionar um clima de confiança, de segurança, de
va de suicídio, solicitações repetidas e recebidas
respeito e permitir que o solicitante fique à vontade
por telefone, socorros oriundos de fontes idôneas
para suas colocações. Assim, ele fornecerá informa-
e avisos feitos pessoalmente e diretamente pelo
ções precisas para o apoio às demais fases do socorro;
solicitante) acione o carrilhão e o brado de alerta
6º) Instruir o solicitante do socorro, sempre que possível, contínuo (de 3s a 5s segundos) de imediato, mesmo
e acalmá-lo, visando obter mais informações do local antes da conclusão das anotações dos detalhes do
do evento, e repassá-las ao Comandante de Socorro; evento de socorro. Nestes casos é necessário anun-
7º) Usar tom de voz agradável, tratar o solicitante com ciar, imediatamente para a guarnição que: o socorro
educação e pelo nome. Afinal, nós sabemos exata- vai “correr”, não haverá a confirmação de socorro
mente como gostamos de ser tratados; e para agilizar a vinda do comandante do socorro
até à SsCO para receber o “memento”. Na sequên-
8º) Evitar ruídos de rádio e que o solicitante escute baru- cia, conclua as anotações, entregue o memento ao
lho da SsCO; Comandante do Socorro e anuncie pelo sistema de

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 65


som da UBM os detalhes do socorro e as viaturas • Pontos de referência
que irão “correr”; Ex: Próximo ao DETRAN.
16º) Durante a ocorrência o comunicante deverá man- • Nome do solicitante
ter-se atento ao rádio e ao telefone para apoiar o Ex: Arthur Silva.
socorro durante toda a operação; • Telefone do solicitante para confirmação
17º) Ao entrar um aviso de socorro e percebendo que Ex: 998599-969006.
não é um “falso aviso” e que se trata de uma emer- • Número de vítimas se houver
gência ou urgência de competência do CBMERJ, Ex: Há 02 vítimas.
acione, IMEDIATAMENTE, o carrilhão e o pique de
alerta (pique curto de campainha) como sinal de b. Confirmação do Socorro
alerta para qualquer tipo de evento (Nota GabCmdo
285/2012 publicada no Boletim 109, de 13/Jun/2012); A confirmação do socorro, quando necessária, é feita
pelo Comandante de Socorro após o toque de carrilhão,
18º) O memento do socorro deve ser preenchido com
neste momento ele comparecerá a SsCO para estabe-
caligrafia inteligível, em 02 (duas) vias e conter, no
mínimo, as seguintes informações: detalhe do socor- lecer um contato, pelo telefone fornecido pelo próprio
ro, endereço da ocorrência e telefone do solicitante. solicitante, e obter maiores informações sobre o local de
Quando necessário, deve ser pedido uma referência Evento, visando a indicação do material que julgue ade-
do endereço (posto, poste, escola,...) e o nome do so- quado à solução do Sinistro. O comunicante então despa-
licitante. Após essas anotações, e em todos os casos, cha as viaturas de acordo com a designação e comunica
proceder como citado no item anterior; às guarnições de socorro que o aviso está confirmado. É
19º) O comunicante deve se orientar para a coleta de da- desejável que não se ultrapasse o tempo de 01 (um) minu-
dos conforme previsto no item anterior e observar to para o socorro determinado sair da unidade, consoli-
os critérios abaixo: dando a confirmação do socorro.
• Em caso de incêndio: procure obter o número • ALARME
de pavimentos, a área atingida, a proporção do
evento; o que está pegando fogo, onde está pe- 1º) Toque de carrilhão;
gando fogo e se há vítimas. 2º) 01 (um) pique curto de alerta;
• Em caso de salvamento: pergunte sobre os ti- 3º) Informar à guarnição, pelo sistema de som, o detalhe
pos de bens envolvidos, número de pavimentos, do evento, o endereço da ocorrência e as viaturas que
área atingida, proporção do evento e vítimas. vão “correr”;
• Em caso de APH: questione sobre o que aconte- 4º) Toque longo de “brado” (após a confirmação do co-
ceu e a situação da vítima. mandante do socorro).

2.9. A Comunicação nas Fases Obs 1 : As ações 1, 2 e 3 são imediatas à percepção de


de Socorro que o aviso não é falso e a ação 4 segue a confirmação
do socorro;
a. Aviso de Socorro Obs 2: Caso o socorro não se confirme o item 4 é su-
Recepção – É o ponto de partida e o início da relação primido e o comunicante anuncia no sistema de som
CBMERJ x Cidadão, é o momento que começa os proce- “última forma quanto a saída do socorro”;
dimentos de anotações com as perguntas: Obs 3: Nos casos em que não seja necessária a confir-
mação (colisão, suicídio, fogo em veículo,...) as ações
O que? Onde? Qual o seu telefone? de 1 a 4 são sequenciais e imediatas.
Para obter as seguintes respostas:
• Detalhe do socorro
2.10. DGCCO – Diretoria Geral de Coman-
Ex: Princípio de incêndio. do e Controle Operacional
• Endereço do local a. Centro de Operações GSE/SAMU – COGS
Ex: Rua Uruguaiana, 91 Centro.
• Definições:

66 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


- Urgência: ocorrência imprevista de agravo à saúde - Superior de Dia - Manter-se informado quanto às
com ou sem risco potencial de vida, cujo portador neces- ocorrências do CBMERJ (incêndio, salvamento, catástro-
sita de assistência médica. fe, etc...) e mobilizar recursos disponíveis na Corporação
ou de outros órgãos, de acordo com as necessidades
- Emergência: Constatação médica de condições de
operacionais das guarnições empenhadas.
agravo à saúde que implica em risco iminente de vida ou
sofrimento intenso. Exige tratamento médico imediato. - Coordenador de Operações - Responsável pelo con-
trole e coordenação das ocorrências no COCB. Deslo-
- Coordenador Médico: Deve estar em contato perma-
ca-se para locais de eventos de vulto para administrar o
nente com o Superior de Dia do COCBMERJ, informando-
local de socorro, assumir o comando das operações até a
-o e mantendo-se informado das ocorrências relevantes.
chegada do comando da área operacional e permanecer
É o responsável pelas operações da área de emergência
em contato com o Superior de Dia, preferencialmente,
médica no âmbito do Atendimento Pré Hospitalar (APH)
utilizando a Rede Bravo;
e Transporte Inter Hospitalar (TIH).
• Estrutura Operacional - Auxiliar do Coordenador de Operações – Asses-
sor imediato do Coordenador de Operações no local do
Estrutura socorro. É o responsável por distribuir os rádios, anotar
TARM Supervisão de Frota viaturas, materiais, equipamentos, autoridades e órgãos
Despacho de Urgência e estabelecimento da ligação com o COCBMERJ;
Despacho de Frota
(DESPURG) - Chefe de Equipe – Assessor imediato do Superior de
Supervisão de Enferma- Dia e responsável pela supervisão do serviço operacio-
Médico Regulador (MR)
gem (COGS) nal no COCBMERJ;
Transporte Inter
Coordenador Médico - Controlador de Evento – Responsável pela admi-
Hospitalar (TIH)
nistração do sistema de atendimento e despacho au-
• Observações e motivos para as prioridades tomatizado e pelas fiscalização das informações das
ocorrências, após término das mesmas. Fazem também
a) O COGS atende às unidades do Corpo de Bombeiros
via telefone, Rede Bravo e o tri digito 192. Nesta or- o cadastramento, no sistema, de dados fornecidos pelas
dem de preferência. OBM do CBMERJ;
b) As ligações telefônicas internas são gravadas automa- - Supervisor do Atendimento – Responsável pelos
ticamente o que garante a integridade do militar solici- atendentes 193;
tante e do despachador das viaturas. Por este canal o
evento é aberto normalmente. Este meio é dedicado e - Despachantes – Acionam as viaturas para o local de
só atende às SsCO dos quartéis cadastrados no COGS. ocorrências;

b. COCBMERJ – O CENTRO DE OPERAÇÕES - Suporte de Informática – Administração e suporte de


DO CBMERJ primeiro escalão aos sistemas existentes - CECOCO, Call
taker / I dispatch (atendimento e despacho) e telefonia;
O COCB é responsável por coordenar e controlar as ati-
vidades operacionais da Corporação em todo o estado do - Atendentes – Atendem às solicitações dos serviços
Rio de Janeiro. Além de apoiar todas as Unidades Opera- 193 fazendo a triagem das ligações, encaminhado-as
cionais. Desta forma, possui ligações e comunicações com para o despacho e lançando as dados no Sistema de Des-
outros órgãos responsáveis pela defesa social no Estado pacho Automatizado.
(PCERJ, PMERJ, COMDEC, CORio, DPRF, GM/Rio, CCRIT,
SSP, etc) e com diversas concessionárias de serviços pú- 2.11. Resumo das Comunicações nas
blicos (CEG, LIGHT, CEDAE, METRO, CERJ, etc).
Operações
• Funções (efetivo): No serviço diário do COCB,
Quando a OBM estiver em atendimento a uma ocor-
constam as seguintes funções:
rência, além das normas de utilização das comunicações,

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 67


os militares de serviço, especialmente o Comandante de às OBMs. Em contato com a mídia o militar deverá infor-
Socorro e os “Comunicantes” devem fazer contato com o mar que não possui autorização para falar e direcionará
COCB nos seguintes momentos: o profissional de imprensa para a Assessoria de Comuni-
• Quando o socorro entrar em deslocamento in- cação Social do CBMERJ.
formando o detalhe e o endereço; A Assessoria de Comunicação Social poderá autorizar
• Quando o socorro chegar no local do evento; de acordo com a pertinência da demanda e atuará como
• Imediatamente após o reconhecimento da situ- interface entre a imprensa e o militar. Assim, os BM so-
ação; mente poderão falar com a mídia quando houver deter-
• A cada 10min informando o andamento da ope- minação superior.
ração; Os comunicantes também não estão autorizados a
• Imediatamente após o controle da situação; passar nenhum tipo de informações para jornalistas, por
• Quando o socorro entrar em deslocamento para mais banais que sejam. Sempre oriente o repórter a en-
regressar à OBM; trar em contato com a Assessoria de Imprensa da Cor-
• Em qualquer situação extraordinária (aciden- poração.
tes, retenção do trânsito, etc). Caso os Comandantes de Socorro, durante suas ope-
O operador das SsCO deve comunicar imediatamen- rações, sejam abordados por jornalistas deverão adotar
te ao COCB os seguintes fatos: o mesmo procedimento. Informando que não possuem
• Saída do socorro para ocorrência; autorização para falar sem que antes seja feito contato
com a Assessoria de Imprensa.
• Regresso do socorro à OBM;
• Qualquer alteração no socorro (inclusive nos Os Comunicantes e Comandantes de Socorro deve-
deslocamentos); rão informar ao COCBMERJ e à Assessoria de Impren-
sa quando da ocorrência de acionamentos de interesse
• Quando uma viatura ficar inoperante ou quando
uma viatura voltar a operar. em suas áreas operacionais como eventos com vítimas
fatais, colisões com fechamento de fluxo de vias impor-
tantes, incêndios, ocorrências com presença de mídia no
2.12. Procedimentos de
local, bem como quaisquer outros eventos julgados rele-
Atendimento A Imprensa vantes por parte dos referidos militares.
(Bol 086 De 09/05/2012)
Quando o contato for feito por parte dos militares da
São padronizados no CBMERJ. Especialmente os as- Assessoria de Imprensa do CBMERJ, os comunicantes ou
suntos relacionados à confirmação de ocorrências, con- Comandantes de Operação deverão fornecer todas as in-
cessão de entrevistas e veiculação de conteúdo relativo formações com o máximo de brevidade possível.

68 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 69
Capítulo 3

70 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


TREINAMENTO FÍSICO MILITAR Exemplificando: um bombeiro que tenha uma “alta ca-
pacidade física” e que consiga realizar uma tarefa árdua
por 60 minutos, quando submetido a uma situação real
3.1. Conceitos Gerais de combate (fogo, calor etc.) teria uma redução peque-
Esta matéria do manual visa difundir os conhecimen- na na sua “alta capacidade” de trabalho. Já um bombeiro
tos básicos sobre a prática da Educação Física. Com ela com uma “pequena capacidade física” que consiga re-
pretendemos dar noções de tipos de exercícios, intensi- alizar uma tarefa árdua por apenas 15 minutos, quando
dade e outros conceitos importantes. Não pretendemos submetido às mesmas condições anteriores, teria uma
em momento algum substituir o instrutor ou monitor de alta redução na sua “baixa capacidade” de trabalho, o que
treinamento físico, haja vista, a enorme gama de aspec- o torna mais uma vítima em potencial do que um socor-
tos a considerar-se no planejamento e execução de um rista.
treinamento físico.
3.3. Qualidades Físicas X Tarefas de
3.2. A Aptidão Física no Trabalho do Bombeiro
Bombeiro-Militar Existem inúmeras qualidades físicas, citaremos aqui
A qualidade num trabalho de extinção de incêndio ou as mais importantes e a sua relação com as tarefas de
operações de salvamento dependerá de inúmeros fato- bombeiro. Várias outras qualidades poderiam ser exem-
res, tais como: preparo técnico, recursos materiais, mo- plificadas, porém o mais importante é que um programa
tivação etc. Porém se a capacidade física do bombeiro de condicionamento físico contemple o indivíduo como
na hora do evento for um fator limitante, todo o preparo um ser integral e desenvolva os aspectos necessários
anterior terá sido em vão. para execução das tarefas pertinentes a sua atividade
fim e a manutenção de sua saúde.
A interferência do condicionamento físico na quali-
dade de serviço prestado pelo bombeiro é um fator de
3.3.1. Capacidade Aeróbica
difícil análise, já que no local do evento existem diversos
aspectos mais importantes a serem observados, entre- Para que seja realizado a maioria dos trabalhos
tanto, pesquisas revelam que qualquer que seja o nível musculares (locomoção, tarefas braçais, etc.) será
de condicionamento físico de uma pessoa, quando ela for necessário que o oxigênio captado pelo aparelho
submetida a condições estressantes (calor, alta umidade respiratório chegue ao nível celular.
etc.) a sua capacidade de atuação será inferior a normal Este transporte de oxigênio ocorre da seguinte
e muito significativa será esta redução quanto pior for o maneira:
condicionamento físico em condições normais.
1º) O ar inspirado chega até os pulmões (rico em
Além disso, a elevada transpiração, decorrente da O2);
atuação do bombeiro em diversos tipos de evento, pode 2º) O sangue venoso (rico em CO2) chega aos pul-
instaurar um quadro de desidratação moderada a grave mões;
(i.e., perda ≥ 6% do peso corporal), a partir do qual ocorre 3º) Nos pulmões o oxigênio passa para o sangue,
uma deterioração do desempenho aeróbico. A desidra- transformando-o em sangue arterial (rico em
tação aguda degrada o desempenho, independente da O2) e o gás Carbônico passa para o ar contido
hipertermia corporal total ou da temperatura ambiental, dentro dos pulmões que será expirado (expulso
prejudicando ainda mais o preparo físico do militar. para a atmosfera);

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 71


4º) O sangue arterial voltará do pulmão ao coração anaeróbica alática (i.e., sistema ATP-PCr) ou ainda
que o bombeará para todas as células do corpo, sistemas de produção de energia em curto prazo
possibilitando que elas realizem a ressíntese de produção anaeróbica lática (i.e., degradação do
energética com a utilização do oxigênio captado carboidrato até o lactato), devido à grande quanti-
e liberação de gás carbônico.
dade de energia requisitada em um curto período
Chamamos a capacidade de captação de oxi- de tempo. Tem como fator limitante o acúmulo de
gênio pelos pulmões, para a ressíntese aeróbi- lactato sanguíneo.
ca de energia, de capacidade aeróbica. Quando
Predominante nas atividades que requeiram ve-
a quantidade de oxigênio que chega a nível ce-
locidade, impulsão, força e agilidade, por período
lular consegue “suprir” a produção de energia
curto de tempo, não mais que 3 minutos, numa in-
necessária ao trabalho que está sendo realiza-
tensidade media para forte que se caracteriza pelo
do, este trabalho está sendo realizado de uma
déficit de oxigênio, produção e acumulo de acido
forma aeróbica e o corpo consegue mantê-lo
lático que poderá produzir a fadiga muscular. Te-
por longo período sem que haja fadiga muscu-
mos como exemplo: saltar um obstáculo, subir uma
lar.
corda, atender o toque de perigo iminente etc. Exis-
Quando a quantidade de oxigênio não é suficien- tem algumas qualidades físicas às quais podemos
te para “suprir” a energia necessária ao trabalho relacionar estes sistemas energéticos.
muscular, esta energia será fornecida por outras
Por exemplo:
vias metabólicas, entretanto, com uma conseqüên-
cia importante, a produção e o acúmulo de lactato • Resistência Muscular: Qualidade física predo-
pelo organismo que é o grande causador de fadiga minante nas atividades que requeiram um tra-
muscular, e tornará impossível a continuidade pro- balho continuado sobre um determinado grupo
muscular, como por exemplo: subir corda, subir
longada do trabalho.
vários lances de escadas, tracionar um tirfor
Um bombeiro que trabalha num combate a in- etc.
cêndio, por tempo prolongado, subindo e descen- • Força Muscular: Qualidade física predominan-
do escadas, transportando material, guarnecendo te nas atividades que requeiram, mesmo que
mangueiras e outras tarefas, precisará ter boa em um único movimento, uma grande capacida-
capacidade aeróbica a fim de que se mantenha em de de realizar trabalho, ou seja, deslocar umas
boas condições de trabalho. grande quantidade de massa por determinada
distância ou altura, como por exemplo: retirar
Cabe ressaltar que o oxigênio que permite o uma vítima com 80 kg do solo.
trabalho muscular, será o mesmo que as células do • Potência Muscular: Qualidade física predo-
cérebro precisam para realizar as suas tarefas de minante nas atividades físicas que requeiram
pensar, racionalizar, decidir etc. Se o bombeiro não grande quantidade de trabalho em um curto pe-
possui um bom condicionamento aeróbico isto irá ríodo de tempo, ou seja, atividades que requei-
refletir-se tanto nas suas tarefas motoras quanto ram utilização considerável de força muscular
em um curto espaço de tempo, como por exem-
nas atividades lógicas, por este motivo a capaci-
plo: “sprint” de um guarda-vidas em direção à
dade aeróbica é o maior pilar do condicionamento água quando o mesmo localiza uma vítima.
físico do bombeiro.

3.3.2. Capacidade Anaeróbica 3.4. Aclimatação para


Representa a capacidade de fornecer imedia-
o Bombeiro-Militar
tamente ou ainda restabelecer, de forma rápida, Imagine-se jogando uma partida de futebol às 8:00h
a energia necessária para que haja a sustentação de uma manhã de primavera, serão duas horas de jogo.
de determinado esforço físico, com a utilização Agora transporte este mesmo jogo para as 12:00h de
de sistemas energéticos imediatos de produção um dia de verão; daqueles de enfumaçar o asfalto, você

72 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


acha que o seu rendimento físico seria o mesmo nos dois 50% dependendo do calor e da umidade do local sinis-
jogos? Claro que não. Vamos adiante, coloquemos agora trado.
como uniforme do time: gandola, calça, botina, capace-
te e roupa de proteção. Qual você acha que seria o seu 3.5. Treinamento Físico de
rendimento nesta partida, às 12:00h de um dia de verão e
com todo este uniforme?
Bombeiro-Militar
Esta partida é uma boa maneira de representar o 3.5.1. Programa de Capacitação Física
esforço despendido numa situação real de combate a Para BM
incêndio, sabendo ainda, que fatores emocionais muito O programa deverá desenvolver todas as qualidades
mais fortes estão envolvidos no combate a incêndio. físicas inerentes ao trabalho de bombeiro e prepará-lo
Só teremos um perfil do verdadeiro estado físico do para atuar sob condições adversas, passamos adiante
bombeiro quando o observarmos atuando em condições regras básicas para que seja desenvolvido este progra-
parecidas as de um local sinistrado. Para que possamos ma.
desenvolver a capacidade de trabalho do bombeiro para
um incêndio real será necessário que ele tenha um bom 3.5.2. Benefícios Proporcionados Pelo
condicionamento físico em condições normais, e seja Treinamento Físico
também treinado em situações que o adapte às condi- • Bem-estar físico, melhora da auto-estima e redução
ções que irá encontrar em um incêndio, pois este tipo de de níveis de ansiedade e depressão, auxiliando no re-
treinamento ocasionará diversas adaptações fisiológi- laxamento e no sono;
cas que tornam o organismo mais apto a trabalhar nestas • Maior disposição para as atividades diárias e melhor
condições. produtividade no trabalho;
São várias as adaptações fisiológicas propiciadas • Atuação no controle sobre vários fatores de risco
pela aclimatação através do aprimoramento das res- coronariano, tais como: cansaço emocional, obesida-
de (redução do peso gordo), hiperlipidemias (níveis
postas circulatórias e da sudorese, aumentando signifi-
elevados de colesterol e triglicerídeos no sangue),
cativamente a capacidade e a tolerância de trabalho em sedentarismo, hipertensão arterial, diabete e outros;
condições de calor.
• O coração fica com a capacidade de bombear mais
É importante saber que só se pode fazer um trabalho sangue, com um menor número de batimentos, fazen-
de aclimatação com quem já possui um bom condiciona- do com que a freqüência cardíaca e a pressão sangüí-
mento físico, caso contrário, o risco de se ter um aciden- nea se torne mais baixa, melhorando assim a circula-
ção do sangue, aumentando a capacidade aeróbica e
te grave é muito alto, porém não levar em conta que as
anaeróbica;
condições do local ocasionam uma enorme sobrecarga
sobre o desempenho orgânico é achar que você teria o • Melhora da aptidão física, com aumento da força, fle-
xibilidade e controle de peso;
mesmo rendimento nos dois jogos exemplificados aci-
ma, um num dia de primavera com uniforme apropriado e • Aumento da capilarização dos tecidos pelo sistema
outro num dia de verão com uniforme de proteção. Achar circulatório;
que pela motivação, pelo espírito de cumprir a missão, • Aumento da capacidade de absorver e utilizar oxigê-
poderá ser superada qualquer adversidade é desprezar nio, (melhora da capacidade aeróbica);
os limites, a importância do treinamento e expor-se a um • Fortalecimento da equipe esquelética, articulações e
risco considerável durante a operação de combate a in- músculos;
cêndio. Como exemplo: uma simples tarefa de subir um • Aumento da capacidade pulmonar, possibilitando um
lance de escada transportando uma mangueira que em melhor aproveitamento do oxigênio, com menos es-
condições normais faria a freqüência cardíaca (FC) ir a forço;
média de 90 BPM, para uma pessoa de 30 anos com um • Melhora na capacidade de retirada do acido lático,
bom condicionamento físico, poderá aumentar em até aumentando a capacidade anaeróbica.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 73


3.6. Princípios e conceitos básicos cada modalidade, gera disparidades quando avaliados
em uma mesma modalidade. O treinamento necessita
a serem observados durante o ser específico para gerar adaptações satisfatórias em
treinamento determinado exercício.
3.6.1. Princípio da Individualidade 3.6.4. Princípio da Reversibilidade
Biológica
O princípio da reversibilidade propõe que ao reduzir-
Cada ser tem as suas peculiaridades que se traduzem mos ou interrompermos os estímulos de um programa
em performances e capacidades diferentes no treina- de treinamento, as adaptações geradas serão parcial-
mento físico, entretanto no treinamento de grandes mente ou completamente perdidas. A velocidade de
contingentes fica impossível trabalhar um a um, porém perda das adaptações dependerá de diversos fatores,
é importante a divisão em grupos os mais homogêneos como intensidade dos treinos, volume, etc. porém é ra-
possíveis, a fim de que o treinamento físico seja bom a zoável admitir que perdas moderadas começam a ocor-
todos, gerando adaptação às cargas impostas. rer entre 1 ou 2 semanas de redução ou diminuição de
treinamento.
3.6.2. Princípio da Sobrecarga
A carga de treinamento deve ser coerentemente e 3.6.5. Homeostase
gradativamente aumentada, de forma que o próximo É o equilíbrio instável mantido pelo organismo entre
treinamento seja mais forte que o anterior para que haja seus sistemas componentes e entre este e o meio am-
uma adaptação do corpo às cargas impostas, entretan- biente.
to sem ser um sacrifício cumpri-lo, tomando por base,
inicialmente, aumentar a carga através do acréscimo no Um estímulo produzirá uma imediata reação das cé-
tempo de treinamento, deixando o aumento de intensi- lulas, órgãos e tecidos do organismo que procurarão o
dade para fases mais avançadas do treinamento. Uma restabelecimento do equilíbrio do meio interno, advindo
sobrecarga muito intensa poderá levar o militar a apre- conseqüentemente, uma resposta a esse estimulo.
sentar um quadro de supertreinamento. A homeostase pode ser rompida por fatores internos
As intensidades dos estímulos e seus efeitos no orga- (oriundos do cortex cerebral) e externos (calor, frio, alti-
nismo estão relacionadas no quadro abaixo: tude, dor, exercício físico).

Carga Efeitos 3.6.6. Recuperação metabólica


Débeis Não produzem consequências É o intervalo de tempo que deverá ser respeitado en-
Média intensidade Causam excitação tre o fim de uma atividade e o inicio de qualquer outra,
com a finalidade de propiciar ao organismo uma recu-
Intensidade média para
Ocasionam adaptações peração energética e um equilíbrio do sistema neuro-
forte
muscular e cardiorrespiratório através da alimentação
Muito intensas Provocam danos
e do repouso. O tempo necessário para recuperação
não é precisamente conhecido, pois depende de diver-
3.6.3. Princípio da Especificidade sos fatores como capacidade física do militar, a carga
As modificações orgânicas do treinamento são espe- imposta em determinado treino, o volume de treino se-
cificas do grupo muscular, sistema energético e gesto manal, entre outros fatores. Porém, um bom parâmetro
motor treinado, isso significa que um atleta de ponta para que possamos estabelecer o tempo ótimo de des-
praticante de ciclismo, jamais terá o mesmo desempe- canso, bem como o tempo ideal para a execução de novo
nho que um maratonista de ponta quando avaliados em treino é:
um teste de corrida, apesar de ambos utilizarem o mes-
mo sistema energético e treinarem membros inferiores, a. Lei das 02 horas – Intervalo mínimo de tempo en-
o gesto motor e recrutamento muscular especifico de tre uma refeição copiosa e o início do treinamento.

74 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


b. Lei das 12 horas – Espaço de tempo mínimo que treinamento, maior será a necessidade de aumentar a
deverá ser aguardado entre o término do treina- intensidade.
mento anterior e o inicio do seguinte.
Não se pode esquecer que o limite da carga aplicada
c. Lei das 48 horas – Período de tempo necessário deve ser estabelecido de acordo com as possibilidades
para recuperação total das reservas do organismo do organismo (vide individualidade biológica).
após um treino forte.

O descumprimento das leis da recuperação metabó- 3.7. Condicionamento Aeróbico


lica associado à aplicação de treinamento prolongado Para o desenvolvimento do condicionamento aeró-
pode levar o militar a um quadro de supertreinamento. bico, deverão ser realizadas atividades cíclicas (correr,
Alguns sintomas apresentados nessa situação são: caminhar, nadar, pedalar), ao menos 3 dias por semana,
• Aumento da freqüência cardíaca basal duração não inferior a 20 minutos em cada sessão e in-
tensidade de pelo menos 60% da FCmáx (freqüência
• Diarréia
cardíaca máxima) a medida que os indivíduos melhoram
• Irritabilidade
• Perda de peso
• Insônia
• Lesões musculares constantes
• Diminuição da capacidade de concentração e apren-
dizagem

3.6.7. Interdependência Volume X


Intensidade
Segundo este princípio a carga de treinamento deve
ser avaliada em função de seus parâmetros volume e in-
tensidade.
i) Volume:
Também chamada de quantidade, é o numero de es-
forços, repetições, quilometragem e exercícios que se
realizam em uma sessão de treinamento que pode ainda
ser calculado com base no volume de treinamento diário,
semanal, mensal ou anual.
ii) Intensidade:
É a carga imprimida em determinada sessão de treino.
Pode ser a velocidade em que se corre em um treino de
corrida ou que se nada em um treino de natação, a massa
erguida em um treino de musculação, a freqüência cardí-
aca alvo em um determinado treino, etc.
O volume deverá ser o principal foco no início do
programa treinamento, visto que o mesmo gera adap-
tações similares ao de um programa que tem como
foco a intensidade, quando analisados indivíduos des- pulso carotídeo / pulso radial
treinados. Quanto mais avançamos no programa de

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 75


sua capacidade, é interessante um incremento de inten- ser entre 50 e 80% do peso estipulado no teste máximo
sidade (permanecer em torno de 70% da FCmáx) com e o volume entre 2 a 4 séries para cada grupo muscular,
um incremento mais significativo no volume. variando de 8 a 25 repetições por série com um intervalo
de repouso variando de 2 a 3 minutos entre cada série,
Para determinar a FCmáx de um indivíduo, basta
dependendo da qualidade física a que for dada ênfase no
subtrair a idade do indivíduo de 220. Desta forma
treinamento. Esta é uma forma geral e pode necessitar de
uma pessoa com 20 anos de idade, tem como FCmáx
ajustes. A participação do instrutor ou monitor de educa-
o valor de 200 (220 - 20), cabe ressaltar que o valor
ção física é importante nestes ajustes.
da FCmáx expressa o número máximo de batimen-
tos cardíacos que essa pessoa poderia atingir em 1 Quando sobrecarregar o treinamento?
minuto. Existem formas mais exatas de determinar a
A cada período de treinamento de no mínimo 1 mês e
FCmáx, porém menos práticas. A freqüência cardíaca
no máximo 3 meses, um novo teste deverá ser aplicado
pode ser medida em vários pontos, pressionando su-
permitindo o reajustamento do treinamento ao padrão
avemente a artéria.
adquirido pelo bombeiro-militar, seguindo os mesmos
É importante que seja uma leve pressão para não in- princípios anteriores.
terromper o fluxo de sangue pela artéria.
3.8.1. Exercícios calistênicos utilizados
Sabendo o valor de sua FCmáx, basta aferir o número
de batimentos em 15 segundos e multiplicar este valor
para desenvolvimento muscular
por 4 para descobrir em que faixa de intensidade está visando o TAF
sendo realizada a sessão de treino. Flexão de Braço (Ênfase peitoral): Quanto mais afas-
tados do corpo estiverem os braços, mais o exercício irá
A freqüência cardíaca deverá, de preferência, ser me-
priorizar a musculatura peitoral.
dida durante a atividade, caso não seja possível, mede-se
imediatamente ao término da atividade. Nas primeiras
tentativas por falta de costume haverá dificuldade, mas
com o treinamento será conseguido facilmente.
Quando no treinamento, a sua FC (freqüência cardía-
ca) estiver fora dos limites de sua zona alvo, você deverá
aumentar a intensidade dos exercícios se estiver abaixo,
e diminuir a intensidade, caso esteja acima. Para maior
precisão a FC deverá ser tirada várias vezes durante a
atividade física e não só ao final.

3.8. Condicionamento
Neuromuscular
Os mesmos princípios básicos devem ser respeitados
quando queremos desenvolver o sistema neuromuscu-
lar, dando ênfase aos importantes grupos musculares:
membros superiores, membros inferiores, abdominais,
peitoral e dorsais.
Podem ser usados exercícios como a barra, flexões,
abdominais, agachamento, subida de corda, trabalho com
peso livre ou em aparelhos. Quando trabalhando com peso
livre ou em aparelhos, a freqüência semanal deve ser de
no mínimo 2 dias/semana, o peso inicial de trabalho deve

76 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Barra fixa pegada supinada (Ênfase Bíceps): A pegada
supinada, bem como a proximidade dos braços, favorece
o trabalho do bíceps.

Flexão de Braço (Ênfase tríceps): Os braços ficam


mais próximos ao corpo priorizando desta forma o traba-
lho do tríceps.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 77


Barra fixa pegada pronada (Ênfase costas): A pegada Abdominal Supra com pernas elevadas:
pronada favorece o trabalho do dorso. Importante salien-
tar que uma maior proximidade dos braços em relação ao
corpo, transfere a carga para o bíceps. Geralmente uma
pegada onde as mãos estão posicionadas alinhadas ao
ombro, favorecem a realização deste exercício.

Abdominal Infra (pernada): Com as pernas estendidas,


realiza-se flexões alternadas de quadril para trabalhar a
região inferior do abdômen.

78 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


3.9. Aclimatação às condições de c) Coloca-se a farda de prontidão completa (gandola,
calça e tênis), reduz o tempo a metade (± 15 minutos)
incêndio e começa-se sobrecarregar novamente até atingir
Como visto anteriormente, a aclimatação permi- o tempo de 30 minutos, esta sobrecarga deverá ser
te adaptações fisiológicas que irão adequar o homem feita em pequenos acréscimos de tempo durante as
às condições do meio, isto explica porque um africano sucessivas sessões de treinamento.
consegue adaptar-se e render melhor sob calor intenso, d) Podemos continuar o programa aumentando a so-
porque um esquimó consegue sobreviver em condições brecarga térmica pelo aumento progressivo da vesti-
menta (roupa de proteção) e for alterando os horários
que seriam insuportáveis para nós, porque jogar contra
do treinamento para horários mais quentes, e/ou ge-
a Bolívia em La Paz sempre foi um pesadelo para as equi- rando fonte externa de calor, por exemplo: realizando
pes brasileiras devido a altitude. O corpo humano é uma um treinamento físico em um campo de treinamento
máquina que tem uma alta capacidade de adaptação e de com alguns tambores de combustível acesos em vol-
desenvolver mecanismos que melhorem o seu desempe- ta do campo, entretanto de forma que não gere ne-
nho em qualquer situação e isto ocorrerá também quan- nhum risco de queimadura e sim apenas o aumento
do prepararmos o homem para atuar em condições como local de temperatura.
a dos incêndios. Sendo realizado este programa de forma coerente,
O primeiro princípio é de que só pode ser aclimatado progressiva e continuada, o bombeiro irá desenvolvendo
àquele que estiver bem preparado fisicamente, não se mecanismos fisiológicos que melhoram o seu desempe-
pode aclimatar um bombeiro sobre o qual se tem dúvida nho nestas condições, porém é bom saber que um bom
se em condições ambientais normais suportaria o esfor- condicionamento físico, sem aclimatação, já é uma segu-
ço físico, devido aos riscos que essa atividade poderia rança para atuar em tais circunstâncias.
proporcionar a ele.
O segundo princípio é o de progressividade na so-
3.10. Esquema de uma Sessão de
brecarga térmica, a qual tem que ser bem administrada, Treinamento
a fim de que o bombeiro-militar tenha benefícios e não Uma sessão de treinamento deve constar de 3 partes
prejuízo a saúde. Como em todo treinamento a continui- distintas: aquecimento, sessão propriamente dita e volta
dade será fundamental para atingir-se os objetivos esta- a calma.
belecidos.
3.10.1. Aquecimento
3.9.1. Exemplo de um Programa de
No aquecimento temos três momentos: pré-aqueci-
Aclimatação mento, alongamentos e exercícios localizados.
1ª fase - Três meses de condicionamento básico (las-
Dentro da sessão de treinamento de 50 minutos, o
tro) sem qualquer sobrecarga térmica, levando a tropa a
aquecimento deve ter entre 10 e 15 minutos.
um padrão aeróbico no mínimo BOM, sendo já capaz de
realizar um treinamento contínuo aeróbico de 30 minu-
3.10.1.1. Pré-Aquecimento
tos de média intensidade.
Consiste em uma corrida leve ou caminhada rápida de
2ª fase - Início de sobrecarga térmica: modo que comece a “avisar” ao corpo que ele será sub-
a) Troca-se o calção pela calça de prontidão e reduz-se metido a um esforço físico. A frequência cardíaca será
o tempo de treinamento à metade do que já haviam elevada e outros mecanismos fisiológicos começam a
alcançado sem a sobrecarga da vestimenta. Lem- adaptar-se.
bre-se, todos os exercícios devem ser feitos de tênis
apropriado para a atividade de corrida.
3.10.1.2. Alongamentos
b) Começa-se a sobrecarregar (aumentar) o tempo até
atingir novamente o tempo máximo anterior (± 30 mi- Consiste em esticamento suave dos músculos a fim
nutos) de alongar as fibras musculares e melhorar a fluidez

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 79


intramuscular. Não devem ser feitos de forma a atingir • Musculação
amplitudes máximas, nem por intermédio de balanceios, • Trabalho de flexibilidade
lembre-se, você está começando a aquecer e estes pro-
• Natação
cedimentos podem causar lesões aos músculos.
• Desportos
3.10.1.3. Exercícios Localizados • Treinamento de aclimatação
É a última fase do aquecimento, deve-se dar ênfase • Outros
aos grupos musculares e articulações que serão mais
exigidos na sessão de treinamento principal. Corrida 3.10.3. Volta a Calma ou Resfriamento
curta, exercícios de rotação, extensão, flexão, elevação e É uma fase de extrema importância, pois dela de-
polichinelos, compõem esta fase do aquecimento. penderá a recuperação do instruendo e o menor risco
de lesões nas próximas sessões de treino. Consiste em
3.10.2. Sessão Principal ou Propriamente realizar atividade aeróbica e contínua (caminhar, trotar,
Dita etc). Com uma intensidade em que a FC vá voltando aos
A sessão principal será definida pelo instrutor, base- níveis do repouso durante uns três minutos, quando a
ado nos objetivos a serem alcançados, podendo visar: o FC recuperar-se, começa-se então uma nova série de
desenvolvimento aeróbico, neuromuscular ou a aclima- alongamentos (sem balanços) dando ênfase aos grupos
tação. musculares mais sobrecarregados durante o treina-
mento.
Seguem diversas atividades que podem compor esta
fase do treinamento, sabendo que numa mesma sessão Deve-se reservar pelo menos 15 min para esta fase.
podem ser utilizadas mais de uma atividade para o mes- O retorno gradativo ao estado de equilíbrio orgânico
mo objetivo ou para objetivos distintos: é um dos fatores mais importantes na LONGEVIDADE
• Corrida contínua E INTEGRIDADE do organismo e por desconhecimento,
muito pouca atenção é dada a esta fase.
• Treinamento em circuito
• Treinamento em aparelhos

80 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


3.11. Dicas Importantes Sobre • Deve-se beber água em pequenas quantidades antes,
durante e depois da atividade física, o organismo ne-
Treinamento Físico cessita estar hidratado.
• Todo Programa de Treinamento deve ser precedido • Aprenda a “ouvir” o seu corpo, a dor é um sinal de aler-
de uma avaliação física a fim de que se ajuste o pla- ta e não um sinônimo de desenvolvimento físico.
nejamento aos objetivos estabelecidos. Atenção es-
pecial deverá ser dada aos portadores de problemas • Aqueça-se corretamente, o seu rendimento será me-
cardíacos, obesos, diabéticos, usuários de medica- lhor e o risco de lesões bem menor.
mentos de uso continuo e hipertensos. • Alongue-se bem ao final de qualquer atividade física,
• Em poucos dias, não se pode recuperar a forma perdi- será importante para a integridade dos seus múscu-
da durante anos, sem que ocorra o risco de lesões. O los e facilitará a recuperação para o próximo treina-
trabalho deve ser progressivo e duradouro. mento.
• Para se reduzir o peso corporal são necessárias ati- • A atividade física deve propiciar a melhora orgânica e
vidades aeróbicas de média ou longa duração com o bem-estar mental, pratique-a sabendo que o maior
intensidade entre 60 a 80% da freqüência cardía- beneficiário é você e que a saúde é o seu maior patri-
ca máxima (FCMax) e de preferência que envolvam mônio.
grandes grupos musculares (caminhada, corrida, na-
tação, etc). 3.12. Mensagem Final
• Não existe atividade física que retire gordura locali- A atividade física é uma segurança para a saúde do in-
zada, por exemplo: abdominais fortalecem o músculo
divíduo, para a integridade física no desempenho de suas
do abdômen, entretanto não acabam por sí só com as
gorduras desta região. funções e para a melhor qualidade do serviço prestado.

• A utilização de vestimentas ou apetrechos (plástico, Quando o corpo chegar ao seu limite não será a raça, a
cinta, etc) visando aumentar a sudorese, buscando adrenalina, o sentimento de dever a cumprir que resgata-
o emagrecimento é um erro grave, pois, a perda de rá uma dívida deixada durante os treinamentos, o que se
água reduzirá o peso corporal sem retirar a gordura, tem a fazer é aumentar os seus limites, preparar-se, pois,
podendo ainda causar desidratação e em casos ex- do seu treinamento dependerão vidas.
tremos até a morte.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 81


Capítulo 4

82 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


ORDEM UNIDA • Espírito de corpo – pela boa apresentação coletiva e
uniformidade;
• Proficiência – manutenção da exatidão na execução.
4.1. Introdução à Ordem Unida
4.1.1. Elementos Básicos da Ordem
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Ja-
neiro é uma força auxiliar do Exército Brasileiro e como
Unida
tal, sujeito aos seus regulamentos e normas no que tange São os fundamentos básicos empregados na vida
a instrução militar. Em função disto este manual é uma militar, com o propósito de estabelecer as condutas do
transcrição de regulamentos e normas daquela Força militar de forma disciplinada, sendo os fundamentos de
utilizados em nossa Corporação. maior relevância no início da vida militar os apresenta-
dos a seguir.
A Ordem Unida não tem somente por finalidade fazer
com que a tropa se apresente em público com aspecto 4.1.1.1. Continência
marcial e enérgico, despertando entusiasmo e civismo
nos espectadores, mas principalmente, a de constituir É a saudação do militar, podendo ser individual ou da
uma verdadeira escola de disciplina e coesão. A expe- tropa, visando, exclusivamente, a AUTORIDADE e não
riência tem revelado que em circunstâncias críticas, as a PESSOA, partindo sempre do de menor precedência
tropas que melhor se portaram foram as que sempre se hierárquica. No mesmo posto ou na mesma graduação,
destacaram na Ordem Unida. Essa disciplina concorre havendo dúvida, deverá ser simultânea.
em resumo para a formação moral do soldado. Assim, Todo militar deve obrigatoriamente retribuir a con-
deve ser ministrada com esmero e dedicação, sendo tinência que lhe é prestada. Estando em traje civil res-
justo que se lhe atribua alta prioridade entre os demais ponderá com um movimento de cabeça, não devendo se
assuntos de instrução. curvar ao cumprimentar ou ao responder o cumprimento.
É uma atividade prática da Chefia e Liderança cujo Os elementos necessários para se prestar a continên-
objetivo é a criação de reflexos da disciplina. É a forma cia são:
mais elementar de iniciação do militar na prática do
• Atitude – Postura marcial e comportamento respei-
comando proporcionando aos homens os meios de se toso e adequado às circunstâncias e ao ambiente.
apresentarem e se deslocarem em perfeita ordem, har-
• Gesto – Conjunto de movimentos do corpo, braço e
monia e de desenvolvimento do sentimento de coesão e
mãos, com ou sem arma.
dos reflexos da obediência, construindo uma escola de
disciplina a qual possibilitará que a tropa se apresente • Duração – Tempo no qual se assume a ATITUDE e se
executa o GESTO.
em deslocamento com aspecto enérgico e marcial, ser-
vindo ainda como treinamento de graduados no coman- Para executar a continência individual o militar deve,
do da tropa. em movimento enérgico, levar a mão direita ao lado di-
reito da cobertura, tocando com a falangeta do indicador
Através da Ordem Unida, a tropa evidencia claramen-
a borda da pala, tendo a mão no prolongamento do ante-
te os índices de eficiência, que são:
braço, com a palma voltada para o rosto e com os dedos
• Moral – pela superação das dificuldades; unidos e distendidos, o braço sensivelmente na horizon-
• Disciplina – pela presteza e atenção com que obede- tal, formando um ângulo de 45o com a linha dos ombros,
ce aos comandos; olhar franco e naturalmente voltado para o superior. Para

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 83


desfazer a continência, abaixar a mão em movimento comandante da tropa, se esse for hierarquicamente su-
enérgico. perior ou, permanecendo em posição de “SENTIDO”, res-
ponde a continência que lhe é prestada se for hierarqui-
4.1.1.2. Apresentação individual camente superior ao comandante da tropa.
Para fazê-la, o militar, à distância do aperto de mão,
toma posição de “SENTIDO”, faz a Continência Individual; 4.1.2. Termos Militares
pronuncia: Grau Hierárquico (SD BM RG Nº 30.000), Nome Os termos militares são palavras que expressam, de
de Guerra (FREIRE), Função (Aluno de dia) e OBM ou fun- forma precisa e exclusiva, elementos da ordem unida, ne-
ção que exerce, se estiver no interior de sua OBM; desfaz a cessitando então defini-los, o que é feito como a seguir:
continência individual, permanecendo na posição de “SEN-
TIDO”, até que se comande “DESCANSAR” ou “À VONTADE”.

4.1.1.3. Para adentrar em um recinto


Retira-se a cobertura com a mão direita, colocando-a
debaixo do braço esquerdo, o interior da cobertura vol-
tada para o corpo. Procede-se à apresentação individual,
solicitando PERMISSÃO para adentrar-se no recinto.

4.1.1.4. Para retirar-se de um recinto


• Coluna
Com a cobertura colocada debaixo do braço esquerdo,
procede-se à apresentação individual, solicitando licen- É o dispositivo de
ça para retirar-se; faz “MEIA-VOLTA”, rompendo MAR- uma tropa, cujos
CHA com o pé esquerdo. elementos estão uns
atrás dos outros.
4.1.1.5. Sinais de Respeito
O militar manifesta respeito a seus subordinados, pa-
res e superiores pela: Continência, dirigindo-se de modo
disciplinado e observando a procedência hierárquica.
A seguir os sinais de respeito mais comum: Quando
se deslocam dois militares juntos, o de menor antigüi-
dade dá a direita ao mais antigo; quando em grupo, o
de maior antigüidade fica no centro, distribuindo se-
gundo as precedências, alternando direita e esquerda;
para falar a um superior, o militar emprega o trata-
mento “SENHOR” ou “SENHORA”; estando no mesmo
Posto ou Graduação, o tratamento é “VOCÊ”; no rancho • Distância
ou alojamento das praças, ao entrar no recinto o Co-
mandante, Diretor, ou Chefe, o mais antigo dá voz de É o espaço entre dois
elementos, coloca-
“ATENÇÃO”, todos param de conversar, até que seja dos um atrás do ou-
dada a voz de “À VONTADE”. tro e voltados para a
mesma frente.
4.1.1.6. Passagem de Tropa
Na passagem de qualquer tropa, toma-se a posição
de “SENTIDO” e presta-se a continência individual ao

84 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


• Coluna por um

É a formação de uma • Linha


tropa, cujos elemen-
tos são colocados É o dispositivo de
uns atrás dos outros, uma tropa, cujos
seguidamente, elementos estão um
guardando entre si ao lado do outro. É
uma distância regu- caracterizada pela
lamentar. frente maior que a
profundidade.

• Alinhamento
• Fileira
É a disposição de
É a formação de uma uma tropa, cujos
tropa cujos elemen- elementos ficam
tos estão colocados em linha reta, volta-
na mesma linha, um dos para a mesma
ao lado do outro, vol- frente, de modo que
tados para a mesma um elemento fique
frente. exatamente ao lado
do outro.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 85


• Cobertura

É a disposição de
uma tropa, cujos
elementos ficam vol-
tados para a mesma
frente, de modo que
• Intervalo um elemento fique
exatamente atrás do
É o espaço outro.
entre dois ele-
mentos coloca-
dos na mesma
fileira.

• Formação

É a disposição regu-
lar dos elementos
de uma tropa em
linha ou em coluna. A
formação pode ser
• Homem-base normal ou emassa-
da. Normal, quando
É o militar pelo a tropa estiver for-
qual a tropa regula mada, conservando
sua MARCHA, sua as distâncias e os
COBERTURA e seu intervalos normais
ALINHAMENTO. Em entre os homens.
coluna, o homem-ba- Emassada, quando
se é o da testa da independer das
coluna base, que é distâncias, sendo
designada confor- essas menores que
me a necessidade. as normais.
Quando não houver
especificação, a
coluna base será a
da direita.

86 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


• Frente

É o espaço, em largu-
• Testa ra, ocupado por uma
tropa em linha.
É o primeiro elemen-
to de uma coluna.

• Escola

É um grupo de ho-
mens constituído
para melhor apro-
veitamento da ins-
trução. Seu efetivo,
extremamente va-
riável, não depende
• Profundidade do que está previsto
nos regulamentos.
É o espaço com-
preendido entre a
testa e a cauda de
qualquer formação.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 87


4.2. Introdução à Ordem Unida
4.2.1. Posições
i) Sentido – Nesta posição, o homem ficará imóvel e
com a frente voltada para o ponto indicado. Os calca-
nhares unidos, pontas dos pés voltadas para fora, de
modo que formem um ângulo de aproximadamente
60 graus. O corpo levemente inclinado para frente
com o peso distribuído igualmente sobre os calca-
nhares e as plantas dos pés, e os joelhos naturalmen-
te distendidos. O busto aprumado, com o peito salien-
te, ombros na mesma altura. As mãos espalmadas,
coladas na parte exterior das coxas, dedos unidos e
distendidos, sendo que, o médio deverá coincidir com
a costura lateral da calça. Cabeça erguida e o olhar
fixo à frente.
Posição de Descansar

iii) À vontade – O comando de “À VONTADE” deverá ser


dado quando os homens estiverem na posição de
“DESCANSAR”. Estando os homens na posição de
“Sentido”, deverá ser dado primeiro o comando de
“DESCANSAR!” e, em seguida, o de “À VONTADE!”. A
este comando, o homem manterá o seu lugar em for-
ma, de modo a conservar o alinhamento e a cobertura.
Poderá mover o corpo e falar. Para cessar a situação
de “À VONTADE!”, o comandante ou instrutor dará
uma voz ou sinal de advertência: “ATENÇÃO!”. Os ho-
mens, então, individualmente, tomarão a posição de
“DESCANSAR”. O Comandante ou instrutor poderá,
de acordo com a situação, introduzir restrições que
julgue necessárias ou convenientes, antes de coman-
dar “À VONTADE!”. Tais restrições, porém, não devem
fazer parte da voz de comando.
Posição de Sentido iv) Em forma – Ao comando de “PELOTÃO (ESCOLA,
COMPANHIA), BASE TAL HOMEM, FRENTE PARA
TAL PONTO, COLUNA(S) POR UM (DOIS ETC.) OU LI-
NHA EM UMA (DUAS OU MAIS) FILEIRA(S)”, seguido
ii ) Descansar – Estando na posição de “SENTIDO”, ao
de “EM FORMA!”, cada homem desloca-se rapidamen-
comando de “DESCANSAR!”, o homem deslocará o pé
te para o seu lugar com o braço esquerdo distendido
esquerdo, a uma distância aproximadamente igual à
para frente, tomará a distância regulamentar. Se po-
largura de seus ombros, para a esquerda, elevando li-
sicionado na testa da fração, tomará o intervalo regu-
geiramente o corpo sobre a ponta do pé direito, para
lamentar e após verificar se está corretamente co-
não arrastar o pé esquerdo. Simultaneamente, a mão
berto e alinhado, tomará a posição de “DESCANSAR”.
esquerda segurará o braço direito pelo punho, a mão
direita fechada colocada às costas, pouco abaixo da v) Fora de forma – Ao comando de “FORA DE FORMA,
cintura. Nesta posição, as pernas ficarão naturalmen- MARCHE!”, os homens romperão a marcha com o pé
te distendidas e o peso do corpo igualmente distri- esquerdo e sairão de forma com rapidez.
buído sobre os pés, que permanecerão num mesmo vi) Apresentar Arma – Deverá ser dado quando os ho-
alinhamento. Esta é a posição do militar ao entrar em mens estiverem na posição de “SENTIDO”. Movimen-
forma, onde permanecerá em silencio e imóvel. to enérgico, mão direita ao lado da cobertura, tocan-

88 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


do com a falange do indicador a borda da pala; mão no coincidir com a batida do pé esquerdo no solo; quan-
prolongamento do antebraço; palma da mão voltada do o pé esquerdo voltar a tocar o solo, com uma bati-
para o rosto, com os dedos unidos e distendidos; bra- da mais forte, deverá ser executado o giro de cabeça
ço sensivelmente na horizontal, formando ângulo de para o lado indicado, de forma energética e sem des-
45º com a linha dos ombros; olhar franco naturalmen- viar a linha dos ombros. Para voltar a cabeça à posi-
te voltado para o superior. ção normal, será dado o comando de “OLHAR, FREN-
TE!”, nas mesmas condições do “OLHAR À DIREITA
(ESQUERDA)”.
iv) Olhar à direita (esquerda) – tropa em desfile – Na
altura da primeira baliza vermelha, será dado o co-
mando de “SENTIDO! OLHAR À DIREITA!”, que de-
verá coincidir com a batida do pé esquerdo no solo;
quando o pé esquerdo voltar a tocar o solo, com uma
batida mais forte, deverá ser executado o giro de ca-
beça para o lado indicado, de forma energética e sem
desviar a linha dos ombros. Ao comando de “OLHAR,
FRENTE!”, que será dado quando a retaguarda do
grupamento ultrapassar a segunda baliza vermelha,
a tropa girará a cabeça no pé esquerdo seguinte ao
comando.
x) Sentado (ao solo) – Partindo da posição de descan-
Apresentar Arma sar, ao comando de “SENTADO UM-DOIS!”, o militar
dará um salto, em seguida, sentará com as pernas cru-
zadas (perna direita à frente da esquerda), envolven-
vii) Olhar à direita (esquerda) – tropa a pé firme – Após do os joelhos com os braços, e com a mão esquerda
o comando de “APRESENTAR-ARMA”, gira a cabeça deverá segurar o braço direito pelo pulso mantendo
para o lado indicado (DIREITA ou ESQUERDA), olha a mão direita fechada (Fig. 7.19). Para retornar a posi-
francamente para a autoridade, à medida que se des- ção de descansar, partindo da posição sentado, deve-
loca, acompanha com a vista, voltando naturalmente se comandar “DE PÉ UM-DOIS!”.
à cabeça, até que seja atingido o último homem da
(esquerda/direita). Após o comando “OLHAR, FREN-
TE!”, volta a cabeça para frente energicamente.

Olhar à direita/esquerda

viii) Olhar à direita/esquerda – tropa em deslocamen-


to – Quando no passo ordinário, a última sílaba do
Sentado
comando de “SENTIDO! OLHAR À DIREITA!”, deverá

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 89


4.2.2. Passos
Os deslocamentos poderão ser feitos nos passos or-
dinários, sem cadência e acelerado. O número de passos
executados, em marcha ordinária e acelerado, por minu-
to, é chamado de cadência.
i) Passo ordinário – É o passo com aproximadamen-
te 75 cm de extensão. O homem conservará a ati-
tude marcial e numa cadência de 116 passos por
minuto.
ii) Passo sem cadência – É o passo executado na am-
plitude que convém ao homem, de acordo com a sua
conformação física e com o terreno. O homem é obri-
gado a conservar a atitude correta, a distância e o ali-
nhamento. Passo ordinário
iii) Passo acelerado – É o passo executado com a exten-
são de 75 a 80 cm, conforme o terreno e numa cadên- b. Deslocamento – o homem prossegue, avançando
cia de 180 passos por minuto. em linha reta, perpendicularmente à linha dos om-
bros. A cabeça permanece levantada e imóvel: os
4.2.3. Passos braços oscilam, conforme descrito anteriormente,
transversalmente ao sentido do deslocamento. A
O rompimento da marcha é feito sempre com o
amplitude dos passos é aproximadamente 40cm
pé esquerdo partindo da posição de “SENTIDO” e ao para o primeiro e de 75cm para os demais. A ca-
comando de “ORDINÁRIO (SEM CADÊNCIA OU ACE- dência é de 116 passos por minuto, marcada pela
LERADO), MARCHE!”. Estando a tropa na posição de batida do calcanhar no solo.
“DESCANSAR”, ao comando de “ORDINÁRIO (SEM CA-
c. Alto – o comando “ALTO!” deve ser dado, quan-
DÊNCIA OU ACELERADO), MARCHE!”, os homens to- do o homem assentar o pé esquerdo no solo. Ele
marão a posição de “SENTIDO” e romperão a marcha, dará, então, mais dois passos, um com o pé direito
à voz de “MARCHE!” e outro com o pé esquerdo, unindo, com energia,
o pé direito ao esquerdo, batendo fortemente os
i) Marcha em “passo ordinário” calcanhares, ao mesmo tempo em que, cessando o
movimento dos braços, irá colar as mãos às coxas,
a. Rompimento – ao comando de “ORDINARIO
com uma batida, conforme prescrito para a toma-
MARCHE!”, o homem levará o pé esquerdo à
da da posição de “Sentido”.
frente, com a perna naturalmente distendida,
batendo no solo com o calcanhar esquerdo, d. Marcar Passo – o comando de “MARCAR PAS-
de modo natural e sem exageros ou excessos; SO!” deverá ser dado nas mesmas condições que
levará também à frente o braço direito, flexio- o comando “ALTO!”. O homem executará o “ALTO!”
nando-o para cima, até a altura da fivela do cin- e, em seguida, continuará marchando no mesmo
to, com a mão espalmada (dedos unidos) e no lugar, elevando os joelhos até que os pés fiquem
prolongamento do antebraço. Simultaneamen- na altura de 20cm do solo, mantendo a cadência
te, elevará o calcanhar direito, fazendo o peso do passo ordinário. Os braços não deverão oscilar.
do corpo recair sobre o pé esquerdo e projeta- As mãos ficam espalmadas (dedos unidos), como
rá para trás o braço esquerdo distendido, com durante o deslocamento. O movimento de “MAR-
a mão espalmada e no prolongamento do ante- CAR PASSO!” deve ser de curta duração. Será em-
braço até 30cm do corpo. Levará, em seguida, pregado com finalidades variadas tais como: man-
o pé direito à frente com a perna distendida ter distância regulamentar entre duas unidades
naturalmente, batendo com o calcanhar no solo (frações) consecutivas de uma coluna; retificar o
ao mesmo tempo em que inverterá a posição alinhamento e a cobertura de uma fração, antes de
dos braços. se lhe dar o comando de “ALTO!”, entre outras.

90 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


e. Em frente – o comando de “EM FRENTE!” deverá do sobre o indicador. À voz de “MARCHE!”, levará o
ser dado quando o pé esquerdo assentar no solo; pé esquerdo com a perna ligeiramente curva para
o homem dará, ainda, um passo com o pé direito, frente, o corpo no prolongamento da perna direita
rompendo, em seguida, com o pé esquerdo, a mar- e correrá cadenciadamente, movendo os braços
cha no passo ordinário. naturalmente para frente e para trás, sem afas-
tá-los do corpo. A cadência é de 180 passos por
f. Trocar Passo – ao comando de “TROCAR PASSO!”, minuto. Em “ACELERADO!”, as pernas se dobram,
o homem levará o pé, que está atrás, para a reta- como na corrida curta.
guarda do que acabar de tocar o solo e, dando, logo
em seguida, um pequeno passo com o que estava
à frente, prosseguirá naturalmente a marcha. Este
movimento deverá ser feito com vivacidade e exe-
cutado independentemente de ordem e sempre
que for necessário acertar o passo com os demais
homens. Este comando será dado somente a título
de aprendizagem.

ii) Marcha em “passo sem cadência”


a. Rompimento de marcha – ao comando de “SEM
CADÊNCIA, MARCHE!”, o homem romperá a mar-
cha em passo sem cadência, devendo conservar-
se em silêncio, durante o deslocamento.

b. Passagem do “PASSO ORDINÁRIO!”, para o “PAS-


SO SEM CADÊNCIA!” – Estando o homem em Passo acelerado
marcha em passo ordinário, ao comando de “SEM
CADÊNCIA, MARCHE!”, iniciará a marcha em passo
sem cadência. A voz de execução deverá ser dada b. Passagem do “PASSO ORDINÁRIO” para o “PAS-
quando o pé esquerdo tocar o solo, de tal forma SO ACELERADO” – estando a tropa marchando
que a batida seguinte do calcanhar esquerdo no no passo ordinário, ao comando de “ACELERADO!”,
solo seja mais acentuada, quando então, o homem levantará os antebraços, conforme descrito o item
iniciará o passo sem cadência. Para voltar ao passo (1) acima, no momento em que o pé esquerdo tocar
ordinário bastará comandar “ORDINÁRIO, MAR- o solo; a voz de “MARCHE!” deverá ser dada ao as-
CHE!”. Ao comandar “ORDINÁRIO!”, o homem-base sentar o pé esquerdo ao solo; o homem dará mais
iniciará a marcha no passo ordinário e os demais três passos, iniciando, então, o acelerado com o
homens irão acertando o passo por este. Após um pé esquerdo de acordo como está escrito para o
pequeno intervalo de tempo, será dada a voz de início do “ACELERADO!”, partindo da posição de
“MARCHE!”, quando o pé esquerdo tocar o solo. “SENTIDO!”.
c. Alto – estando em passo sem cadência, ao coman- c. Passagem do “PASSO SEM CADÊNCIA” para o
do de “ALTO!” (com a voz alongada), o homem dará “PASSO ACELERADO” – se a tropa estiver mar-
mais dois passos e unirá o pé que está atrás ao da chando no passo sem cadência, antes do comando
frente, voltando à posição de “SENTIDO!”. de “ACELERADO, MARCHE!”, comandar-se-á “OR-
DINÁRIO, MARCHE!”.
iii) Marcha em “passo acelerado”
a. No rompimento da marcha, partindo da posição d. Alto – o comando deverá ser dado quando o ho-
de “SENTIDO!” – ao comando de “ACELERADO!”, mem assentar o pé esquerdo no solo; ele dará mais
o homem levantará os antebraços, encostando os 4 passos em acelerado e fará “ALTO!”, unindo o pé
cotovelos com energia ao corpo e formando com direito ao esquerdo e, abaixando os antebraços,
os braços ângulos aproximadamente retos; as colocará as mãos na coxa, com uma batida. A união
mãos fechadas, sem esforço e naturalmente vol- dos pés e a batida das mãos nas coxas deverão ser
tadas para dentro, com o polegar para cima apoia- executadas simultaneamente.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 91


e. Passagem do “PASSO ACELERADO” para o “PAS- iii) Oitavo à direita (esquerda), volver! – Será executa-
SO ORDINÁRIO” – estando em acelerado, a voz de da do mesmo modo que “DIREITA (ESQUERDA), VOL-
execução deverá ser dada quando o pé esquerdo VER!”, mas a volta é de apenas 45 graus.
assentar no solo; o homem dará mais três passos
iv) Frente para a direita (esquerda ou retaguarda) – Em
em “ACELERADO!”, iniciando, então, o passo ordi-
situações em que a execução de voltas a pé firme seja
nário com a perna esquerda.
impraticável devido a qualquer limitação, deverá ser
iv) Deslocamentos curtos comandado “FRENTE PARA A DIREITA (ESQUERDA
OU RETAGUARDA)!”, para que seja mudada a frente
Poderão ser executados ao comando de “TANTOS da tropa. A este comando, a tropa volverá, por meio
PASSOS EM FRENTE! MARCHE!”. O número de passos de um salto, para o lado indicado com energia e viva-
será sempre ímpar. À voz de “MARCHE!”, o homem rom- cidade. Tal comando será dado na posição de “DES-
perá a marcha no passo ordinário, dando tantos passos CANSAR”.
quantos tenham sido determinados e fará alto, sem que
para isso seja necessário novo comando.
4.2.4.2. Voltas em marcha
4.2.4. Posições As voltas em marchas só serão executadas nos deslo-
camentos em passos ordinários, mediante os comandos
4.2.4.1. Voltas a pé firme de:
A pé firme, todos os movimentos serão executados na i) Direita, volver! – A voz de execução “VOLVER!” deve-
posição de “SENTIDO”, mediante os comandos de: rá ser dada no momento em que o pé direito assentar
no solo; com o pé esquerdo, ele dará um passo mais
i) Direita (esquerda), volver! – À voz de execução
curto e volverá à direita; marcará um passo no mesmo
“VOLVER”, o homem voltar-se-á para o lado indicado,
lugar com o pé direito e romperá a marcha com o pé
um quarto de círculo, sobre o calcanhar do pé DIREI-
esquerdo.
TO (esquerdo) e a planta do pé ESQUERDO (direito).
Terminada a volta, assentará a planta do pé DIREITO ii) Esquerda, volver! – A voz de execução “VOLVER!”
(esquerdo) no solo; unirá depois o pé ESQUERDO (di- deverá ser dada no momento em que o pé esquerdo
reito) ao DIREITO (esquerdo), batendo energicamen- assentar no solo; com o pé direito, ele dará um passo
te os calcanhares. mais curto e volverá à esquerda; marcará um passo no
mesmo lugar com o pé esquerdo e romperá a marcha
com o pé direito.
iii) Oitavo à direita (esquerda), volver! – Será executa-
do do mesmo modo que “DIREITA (ESQUERDA), VOL-
VER!”, porém a rotação será apenas de 45 graus.
vi) Meia volta, volver! – A voz de execução “VOLVER!”
deverá ser dada no momento em que o pé esquerdo
assentar no solo; o pé direito irá um pouco à frente do
esquerdo, girando o homem vivamente pela esquerda
sobre as plantas dos pés, até mudar a frente para a
retaguarda, rompendo a marcha com o pé direito e
prosseguindo na nova direção.
v) Frente para a direita (esquerda ou retaguarda)
– Estando a tropa em passo sem cadência e sendo
necessário mudar a frente, o comandante da fra-
1º TEMPO 2º TEMPO 3º TEMPO ção poderá comandar “FRENTE PARA A DIREITA!
(ESQUERDA!, RETAGUARDA!)”. Ao comando, os ho-
Direita (esquerda), volver! mens voltar-se-ão rapidamente para a frente indi-
cada por meio de um salto, prosseguindo no passo
ii) Meia volta, volver! – Será executado como o “ES- sem cadência.
QUERDA, VOLVER!”, sendo a volta de 180 graus.

92 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


4.3. Instrução individual com arma dos seus ombros, a mão direita segura a arma, como
na posição de SENTIDO, a mão esquerda cai natural-
4.3.1. Posições mente ao lado do corpo, junto à costura da calça, dor-
so da mão voltado para frente e polegar por trás dos
i) Sentido – Nesta posição, o Mosquetão ficará na demais dedos.
vertical, encostado no lado do corpo, à perna direi-
ta, bandoleira para frente, chapa da soleira junto ao
pé direito, bico na altura da ponta do pé. Os braços
deverão estar ligeiramente curvos, de modo que os
cotovelos fiquem na mesma altura. A mão direita se-
gurará a arma com o polegar por trás do cano ou da
telha, os demais dedos unidos e distendidos à fren-
te, ficando o indicador e o médio sobre a bandoleira.
A mão esquerda e os calcanhares ficarão como na
posição de “SENTIDO!”, sem arma. Para tomar a po-
sição de “SENTIDO!”, o homem unirá os calcanhares
com energia, ao mesmo tempo em que afastando a
mão esquerda do corpo no máximo 20cm, colará à
coxa, com uma batida.

Posição de descansar

4.3.2. Movimentos com arma a pé firme


i) “Ombro-Arma”, partindo da posição de “SENTIDO”
• 1º tempo – O homem, com a mão direita, erguerá a arma
na vertical, empunhando-a com esta mão, cotovelo junto
ao corpo e para baixo; a arma ficará colada ao corpo com
a bandoleira voltada para frente. A mão esquerda, abai-
xo da direita, segurará a arma por cima da bandoleira, de
modo que o dedo polegar, estendido ao longo do fuste,
toque a bandoleira inferior. O antebraço esquerdo deve-
rá ficar na horizontal e colado ao corpo.
• 2º tempo – Ao mesmo tempo em que a mão esquerda
traz a arma inclinada à frente do corpo, com a bando-
leira para baixo, a mão direita abandonará a posição
inicial, indo empunhar a arma pelo delgado (o dedo
polegar por trás e os demais unidos pela frente da
Sentido arma). Nesta posição, a mão esquerda deverá estar
na altura do ombro esquerdo, a arma unida ao corpo
ii) Descansar – Ao comando de “DESCANSAR!”, o ho- e formando um ângulo de 45 graus com a linha dos
mem desloca o pé esquerdo cerca de 30 cm para a ombros. O cotovelo direito se projeta para frente, en-
esquerda; o calcanhar direito deve levantar para o pé quanto o esquerdo fica colado ao corpo.
esquerdo não arrastar ao solo. O deslocamento do pé • 3º tempo – A mão direita erguerá a arma, girando-a
é feito a uma distância aproximada da largura igual a até que venha se colocar num plano vertical perpen-

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 93


dicular à linha dos ombros e fique apoiada no ombro
esquerdo, com a bandoleira voltada para a esquerda.
Simultaneamente, a mão esquerda soltará o fuste e
virá empunhar a arma por baixo da soleira, de modo
que esta fique apoiada na planta da mão, os dedos
unidos e distendidos ao longo da coronha e voltados
para frente, dedo polegar sobre o bico da soleira. O
braço esquerdo ficará colado, com o antebraço na
horizontal e de forma que a coronha da arma fique
afastada do corpo.
• 4º tempo – O homem retirará a mão direita da arma,
fazendo-a descer vivamente, rente ao corpo, até se
juntar à coxa, com uma batida.

Apresentar-arma

iii) “Descansar-Arma”, partindo da posição de “OM-


BRO-ARMA”
• 1º tempo – A mão direita subirá vivamente e irá em-
punhar a arma pelo delgado, retornando, deste modo,
ao 3º Tempo de “Ombro-Arma”, partindo da posição
de “Sentido”. Este movimento deve ser marcado por
uma batida da mão na arma.
• 2º tempo – A mão direita trará a arma para frente do
Movimento com armamento corpo, enquanto a mão esquerda soltará a coronha,
indo empunhar o fuste, retornando, assim, ao 2º Tem-
po de “Ombro-Arma”, partindo da posição de “Sentido”.
ii) “Apresentar-Arma”, partindo da posição de “SENTI- • 3º tempo – A mão esquerda trará a arma para a ver-
DO” tical, enquanto a direita soltará o delgado e irá, com
• 1º tempo – Idêntico ao 1º tempo de “Ombro-Arma”, uma batida forte na arma, empunhá-la na altura da
partindo da posição de sentido. braçadeira superior (1º Tempo de “Ombro-Arma”, par-
• 2º tempo – O homem trará a arma, energicamente, tindo da posição de “Sentido”).
com a mão esquerda para a posição vertical à frente • 4º tempo – Ao mesmo tempo em que a mão esquerda
do corpo, cobrindo a linha de botões do blusão (cami- solta a arma e desce rente ao corpo, até se juntar à
sa), bandoleira voltada para frente. Ao mesmo tempo, coxa com uma batida, a mão direita levará a arma para
a mão direita colocar-se-á abaixo do guarda-mato, baixo na vertical, até que esta forme um ângulo, apro-
costa da mão para frente, polegar por trás do delga- ximadamente, de 45º com a linha dos ombros, braço
do e os demais dedos unidos e distendidos, com o direito colado ao corpo, antebraço ligeiramente afas-
indicador tocando no guarda-mato. Nesta posição, a tado, arma sem tocar o solo.
braçadeira superior deverá ficar na altura da boca, o • 5º tempo – A mão direita trará a arma junto do corpo
antebraço esquerdo na horizontal e os cotovelos pro- sem bater com a coronha no chão, retornando, assim,
jetados para frente. à posição de “Sentido”.

94 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


v) “Apresentar-Arma”, partindo da posição de “OM-
BRO-ARMA”
• 1º tempo – Idêntico ao 1º Tempo do “Descansar-Ar-
ma”, partindo da posição de “Ombro-Arma”.
• 2º tempo – Idêntico ao 2º Tempo do “Descansar-Ar-
ma”, partindo da posição de “Ombro-Arma”.
• 3º tempo – Idêntico ao 3º Tempo do “Descansar-Ar-
ma”, partindo da posição de “Ombro-Arma”.
• 4º tempo – Idêntico ao 2º Tempo do “Apresentar-Ar-
ma”, partindo da posição de “Sentido”.

1º TEMPO 2º TEMPO 3º TEMPO 4º TEMPO 5º TEMPO

Descansar arma

1º TEMPO 2º TEMPO 3º TEMPO 4º TEMPO


iv) “Descansar-Arma”, partindo da posição de “APRE-
SENTAR-ARMA”
Apresentar-arma
• 1º tempo – Enquanto a mão esquerda leva a arma para
o lado direito do corpo, a mão direita sairá de sua po- vi) “Ombro-Arma”, partindo da posição de “APRESEN-
sição no guarda mato, e, dando uma forte batida na TAR-ARMA”
arma, irá empunhar o cano ou a telha, colocando-se
acima da mão esquerda. • 1º tempo – Idêntico ao 1º Tempo do “Descansar-Ar-
ma”, partindo da posição de “Apresentar-Arma”.
• 2º tempo – Idêntico ao 4º Tempo do “Descansar-Ar-
ma”, partindo da posição de “Ombro-Arma”. • 2º tempo – Idêntico ao 2º Tempo do “Ombro-Arma”,
partindo da posição de “Sentido”.
• 3º tempo – Idêntico ao 5º Tempo do “Descansar-Ar-
ma”, partindo da posição de “Ombro-Arma”. • 3º tempo – Idêntico ao 3º Tempo do “Ombro-Arma”,
partindo da posição de “Sentido”.
• 4º tempo – Idêntico ao 4º Tempo do “Ombro-Arma”,
partindo da posição de “Sentido”.

1º TEMPO 2º TEMPO 3º TEMPO 4º TEMPO


1º TEMPO 2º TEMPO 3º TEMPO
Ombro-arma
Descansar arma

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 95


vii) “Cruzar-arma”, partindo da posição de “SENTIDO” • 1º tempo – Idêntico ao 3º Tempo do “Descansar-Ar-
• 1º tempo – Idêntico ao 1º Tempo do “Ombro-Arma”, ma”, partindo da posição de “Ombro-Arma”.
partindo da posição de “Sentido”. • 2º tempo – Idêntico ao 4º Tempo do “Descansar-Ar-
• 2º tempo – Idêntico ao 2º Tempo do “Ombro-Arma”, ma”, partindo da posição de “Ombro-Arma”.
partindo da posição de “Sentido”.

Descansar-arma
Cruzar-arma
x) “Ombro-arma”, partindo da posição de “CRUZAR-
viii) “Cruzar-arma”, partindo da posição de “OMBRO- -ARMA”
-ARMA” • 1º tempo – Idêntico ao 3º Tempo do “Ombro-Arma”,
• 1º tempo – Idêntico ao 1º Tempo do “Descansar-Ar- partindo da posição de “Sentido”.
ma”, partindo da posição de “Ombro-Arma”. • 2º tempo – Idêntico ao 4º Tempo do “Ombro-Arma”,
• 2º tempo – Idêntico ao 2º Tempo do “Descansar-Ar- partindo da posição de “Sentido”.
ma”, partindo da posição de “Ombro-Arma”.

Ombro-arma
Cruzar-arma

xi) Arma suspensa


ix) “Descansar-arma”, partindo da posição de “CRU-
O homem suspende a arma na vertical, apoiando a
ZAR-ARMA”
parte média do antebraço direito no quadril, conservan-

96 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


do o pulso flexionado para cima, a fim de manter a arma • 1º tempo – a mão direita levantará a arma, de modo
na vertical. Além disso, nesta posição, a arma deve ficar que esta fique na posição vertical ao lado do cor-
ligeiramente afastada do corpo e vista de frente, no po. Simultaneamente, a mão esquerda segurará de
mesmo plano do antebraço e braço. A arma deve ficar modo que o dedo polegar fique tocando a braçadeira
perpendicularmente ao solo, o braço e antebraço for- inferior.
mam um ângulo reto e a pressão deve ser exercida pelos • 2º tempo – a mão direita largará a arma e a empunha-
dedos médio e indicador rá como no primeiro tempo do “OMBRO-ARMA”, par-
tindo da posição de “SENTIDO”.
• 3º e 4º tempos – idênticos aos 4º e 5º tempos do
“DESCANSAR-ARMA”, partindo da posição de “OM-
BRO-ARMA”, respectivamente.

xiii) Ao solo-arma
Quando se deseja que uma tropa saia de forma, dei-
xando as armas no local em que se encontrava formada,
o comando de “Fora de Forma, Marche!” será precedido
pelo de “Ao Solo-Arma!”. Este comando será dado com a
tropa na posição de “Sentido” e executado em dois tem-
pos.
• 1º tempo – O homem dará um passo em frente com
o pé esquerdo e se abaixará, colocando a arma sobre
o solo, ao lado direito do corpo, com o cano voltado
para frente, alavanca de manejo para baixo e chapa da
soleira na altura da ponta do pé direito. A mão esquer-
da, espalmada, colocar-se-á sobre a coxa, imediata-
mente acima do joelho esquerdo. O homem, durante
Arma suspensa todo este movimento, olhará para a arma. O joelho
direito não toca o solo.
xii) Arma na mão • 2º tempo – O homem larga a arma e volta à posição
a) Partindo da posição de “SENTIDO”, ao comando de de “Sentido”.
“ARMA NA MÃO, SEM CADÊNCIA!”, o homem fará o De preferência, depois do comando de “Ao Solo-Ar-
movimento de “ARMA NA MÃO” em três tempos:
ma!”, a tropa deverá realizar um pequeno deslocamen-
• 1º tempo – Idêntico ao 1º Tempo do “Ombro-Arma”, to no passo sem cadência, a fim de que o comando de
partindo da posição de “Sentido”.
“FORA DE FORMA, MARCHE!” possa ser dado fora do
• 2º tempo – A mão direita larga a arma, segurando-a local em que foram deixadas as armas.
pelo centro de gravidade;
• 3º tempo – A mão direita dará um giro na arma para fi- Para apanhar as armas, será dado o comando de “Apa-
car na horizontal, com o cano ligeiramente elevado, ao nhar-Arma!”, na posição de “Sentido”. A este comando, o
mesmo tempo, a mão esquerda largará a arma e virá, homem executa o movimento em dois tempos, na ordem
rente ao corpo, colando-se à coxa, com uma batida. inversa da acima descrita.
b) À voz de “MARCHE!”, o homem romperá a marcha no A tropa entrará em forma, de preferência, em local
passo sem cadência. próximo daquele em que as armas foram deixadas. Exe-
c) Ao comando de “ALTO!”, o homem fará alto e, em se- cutará, a seguir, um deslocamento no passo sem cadên-
guida, voltará à posição de “SENTIDO”, realizando cia. Cada homem fará “ALTO!” ao atingir o local em que se
os movimentos de “DESCANSAR-ARMA” em quatro encontra sua arma. E, na posição de “SENTIDO!”, aguarda-
tempos: rá o comando de “APANHAR-ARMA!”.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 97


mas, acompanhando este movimento com o olhar, ao
mesmo tempo que girará a cabeça para a esquerda.
• 3º tempo – Ao comando de “TEMPO TRÊS!”, a mão es-
querda abandonará a baioneta e segurará a arma pelo
guarda-mão, enquanto a mão direita voltará a segurá-
-la pela coronha. O homem ficará, então, na posição
de “CRUZAR-ARMA!”.

Ao solo-arma
Armar baioneta
xiv) “Armar baioneta” na posição de “CRUZAR-ARMA” xv) ”Desarmar baioneta”
a) Os comandos “ARMAR (DESARMAR) – BAIONETA!”
• 1º tempo – ao comando de “DESARMAR-BAIONETA-
deverão ser dados com a tropa na posição de “CRU-
ZAR-ARMA”. Sua execução processar-se-á às vozes TEMPO UM!”, o homem levará a mão direita ao guar-
de “TEMPO UM!”, “TEMPO DOIS!” e “TEMPO TRÊS!”, da-mão, imediatamente abaixo da mão esquerda,
ou mediante três toques breves de corneta nos três enquanto esta, com as costas da mão voltada para
tempos a seguir descritos. Estando com a baioneta a esquerda, pressionará com o polegar e o indicador
armada, uma tropa não deve usar o intervalo reduzido o retém da baioneta, soltando-a com uma pequena
(“SEM INTERVALO”). torção. O homem olhará para a baioneta.
• 1º tempo – Idêntico ao 1º Tempo do “Ombro-Arma”, • 2º tempo – ao comando de “TEMPO DOIS!”, o homem
partindo da posição de “Sentido”. com um movimento natural, retirará a baioneta do que-
• 2º tempo – A mão direita larga a arma, segurando-a bra-chamas e irá introduzir a sua ponta na bainha, acom-
pelo centro de gravidade; panhando este movimento com olhar e a inclinação da
• 3º tempo – A mão direita dará um giro na arma para fi- cabeça. O homem permanecerá olhando a baioneta.
car na horizontal, com o cano ligeiramente elevado, ao • 3º tempo – ao comando de “TEMPO TRÊS!”, o homem
mesmo tempo, a mão esquerda largará a arma e virá,
introduzirá completamente a baioneta na bainha e re-
rente ao corpo, colando-se à coxa, com uma batida.
tornará à posição de “CRUZAR-ARMA”.
b) “ARMAR-BAIONETA”
• 1º tempo – Ao comando de “ARMA-BAIONETA, TEM-
PO UM!”, o homem levará a mão direita ao guarda-
mão, imediatamente abaixo da mão esquerda, en-
quanto esta irá segurar o punho da baioneta, com as
costas da mão voltada para frente, permanecendo a
arma cruzada à frente do corpo. O homem permane-
cerá olhando para frente.
• 2º tempo – Ao comando de “Tempo Dois!”, o homem,
com a mão esquerda, retirará a baioneta da bainha
num movimento natural, colocando-a no quebra-cha-
Armar baioneta

98 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


4.3.3. Deslocamentos e voltas 4.4. Instrução coletiva
i) Deslocamentos curtos 4.4.1. Posições
Nos pequenos deslocamentos, o instrutor poderá uti- i) Cobrir – Ao comando de “COBRIR!”, a tropa está na
lizar a posição de “ARMA SUSPENSA”, em vez da de “OM-
posição de “SENTIDO”. O homem estenderá o braço
BRO-ARMA”.
esquerdo para frente, a palma da mão para baixo,
ii) Deslocamentos longos dedos unidos, tocar levemente com a ponta do dedo
médio a retaguarda do ombro do homem da frente,
Em deslocamentos de maior extensão, quando estiver
marchando no passo ordinário, a tropa, normalmente, mão direita permanece colada à coxa. Os homens da
conduzirá o fuzil na posição de “OMBRO-ARMA”. Poderá testa, com exceção do elemento da esquerda que
fazê-lo, também, na posição de “CRUZAR-ARMA”. permanecerá na posição de “SENTIDO”, estenderão
os braços esquerdos para o lado. Se a tropa estiver
iii) Deslocamentos no passo acelerado armada, ao comando de “COBRIR!”, os homens farão
Ao comando de “ACELERADO!”, o homem executará o “ARMA SUSPENSA”.
“CRUZAR-ARMA”, partindo das posições de “SENTIDO”
ou de “OMBRO-ARMA”. À voz de “MARCHE!”, o homem
iniciará o deslocamento no passo acelerado.

iv) Deslocamentos no passo sem cadência

a. Nos deslocamentos no passo sem cadência, a


arma, normalmente, será conduzida nas posições
de “ARMA NA MÃO” ou de “EM BANDOLEIRA-AR-
MA”.

b. Quando uma tropa, deslocando-se em passo or-


dinário, em “OMBRO-ARMA”, “CRUZAR-ARMA” ou
“ARMA SUSPENSA”, tiver de atravessar trechos
em que haja restrição de espaço ou de outra na-
tureza que impeça a manutenção da cadência, po-
derá ser comandado “SEM CADÊNCIA, MARCHE!”,
seguindo-se os comandos necessários às mudan-
ças de formação, se for o caso. Nesta situação, o
homem fará o deslocamento no passo sem cadên-
cia, sem alterar a posição em que vinha conduzin-
do a arma até que a restrição seja ultrapassada,
quando, então, será comandado “ORDINÁRIO,
MARCHE!”. Cobrir
c. Caso a tropa esteja em passo sem cadência, na
posição de “EM BANDOLEIRA-ARMA”, ao coman-
do de “ALTO!”, o homem fará “ALTO!” e permanecerá
com a arma na posição em que a estava conduzin- ii) Perfilar – Para este comando, a tropa tem que está
do. Então, será dado o comando de “DESCANSAR!” em linha. O comando é o seguinte: “BASE TAL HO-
e, logo a seguir, “DESCANSAR-ARMA!”. MEM (FRAÇÃO)”, “PELA DIREITA (ESQUERDA OU
v) Voltas em marcha CENTRO), PERFILAR”. Após anunciar “BASE TAL

Nas voltas em marcha, o homem procederá conforme


em “PASSO-ORDINÁRIO”.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 99


HOMEM”, PELA DIREITA (ESQUERDA OU CENTRO),
a tropa toma a posição de “SENTIDO!”, então coman-
da “PERFILAR!”. Os homens da testa e da coluna do
“HOMEM-BASE” procederão como no movimento
de “COBRIR!”, o restante da tropa voltará o rosto
com energia para a coluna do “HOMEM-BASE” e to-
marão os intervalos e distâncias sem erguer o braço
esquerdo.

Sem intervalo cobrir

4.4.2. Deslocamentos e voltas


i) Tropa armada com mosquetão
A execução das descargas de fuzil será realizada no
máximo por uma subunidade. Para a realização dessas
Perfilar descargas, proceder-se-á do seguinte modo:

a. A tropa deverá ser colocada em “Linha em Uma


Fileira”, se for do efetivo correspondente a uma
fração elementar (Gc. Pç. Etc.) e, em “Linha Três
iii) Firme – Ao comando de “FIRME!”, estando a tropa Fileiras” se o seu efetivo for maior, de modo que
na posição de “COBRIR”, ou “PERFILAR”, descerão ela fique com a direita para a direção de onde virá
o cortejo fúnebre. Quando este estiver a cerca de
energicamente o braço esquerdo, colando a mão à
20 passos da tropa, será dado o comando de “EM
coxa com uma batida e, ao mesmo tempo, quando FUNERAL! PREPARAR!”;
for o caso, abaixarão a arma em dois tempos, per-
Ao comando de “EM FUNERAL!”, os homens da segun-
manecendo na posição de “SENTIDO”. da fileira (se for o caso) farão “DESCANSAR-ARMA”.
iv) Sem intervalo cobrir – Ao comando de “SEM IN-
Ao comando de “PREPARAR!”, todos os homens da fra-
TERVALO, COBRIR”, os homens da testa colocarão ção executarão o movimento em dois tempos:
a mão esquerda fechada na cintura, punho no pro-
• 1º tempo – os homens executarão o primeiro tempo
longamento do antebraço, costas das mãos para
do “APRESENTAR-ARMA”, partindo da posição de
frente, cotovelo para a esquerda tocando levemen- “SENTIDO”;
te o braço direito do companheiro a sua esquerda, • 2º tempo – em seguida, farão um giro de 45 graus à di-
o restante da tropa procederá como no comando reita sobre a planta do pé esquerdo, ao mesmo tempo
de COBRIR. em que levarão o pé direito cerca de meio passo para

100 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


direita e para trás. Na nova posição, farão girar a arma • Presidente do Senado Federal, da Câmara dos Depu-
sobre a mão esquerda, de modo que o cano fique in- tados e do Supremo Tribunal Federal;
clinado para o solo, a coronha mantida entre o braço • Ministros de Estado;
e o corpo, a mão direita segurando arma pelo delgado.
• Governadores de Estado e do Distrito Federal, nos
b. Em seguida, será comandado “CARREGAR!”. A este respectivos territórios, ou em qualquer parte do País
comando, os homens carregarão as armas; em visita de caráter oficial;
• Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáu-
c. Quando as armas estiverem carregadas, o coman-
tica;
dante da tropa comandará “APONTAR!”. A este co-
mando, os homens distenderão os braços oblíquos • Ministros do Superior Tribunal Militar, inclusive os
à esquerda e, em seguida, apoiarão a chapa da so- civis;
leira no cavado do ombro, mas sem a preocupação • Oficiais-Generais e Oficiais-Superiores da ativa;
de fazer a visada, mantendo o cano apontado para
• Comandante, Chefe ou Diretor da OM, qualquer que
o solo;
seja o seu posto;
d. A seguir, será dado o comando de “FOGO!”. A este • Oficiais-Generais e Oficiais Superiores das Forças
comando, os homens puxarão o gatilho. Após o Armadas das Nações Estrangeiras, quando uniformi-
disparo, retirarão o dedo do gatilho e distenderão zados.
os braços para frente, de modo que a boca da arma • As autoridades civis estrangeiras, correspondentes
continue voltada para o solo; às nacionais supramencionadas, quando em visita
e. Para nova descarga, o comandante da tropa co- de caráter oficial, apesar de não ser previsto no R 2,
mandará sucessivamente: “CARREGAR!”, “APON- no entanto, por terem direito às honras militares e à
TAR!”, “FOGO!”. A cada um desses comandos, os continência da tropa, deverá, também, a guarda do
homens carregarão suas armas e procederão, res- quartel prestar-lhes continência.
pectivamente, conforme o exposto nos números
2) O procedimento a adotar para a recepção à autoridade
“2, 3 e 4”, deste parágrafo.
é o abaixo descrito:
f. Terminada as três descargas regulamentares, o
a. A guarda do quartel formará em uma fileira, no
comandante da tropa comandará “DESCANSAR,
interior do quartel, logo após o portão das armas,
ARMA!”. Este movimento será executado em dois
dando a direita para a direção de onde vem a auto-
tempos:
ridade; poderá, ainda, formar antes do portão das
• 1º tempo – ao comando de “DESCANSAR!”, os homens armas, quando a instalação do aquartelamento as-
retomarão a posição de “PREPARAR!”; sim o exigir: O clarim ou corneteiro precedendo o
• 2º tempo – à voz de “ARMA!”, todos os homens reali- Cmt da guarda do quartel. A Banda de Música po-
zarão o movimento inverso ao prescrito no número “1”. derá, eventualmente, participar, a critério do Cmt
Em seguida, os homens da segunda fileira realizarão da OM, posicionando-se no local mais adequado.
o movimento inverso ao prescrito do nº “1”. Ao final os
b. O Cmt (Ch ou Dir) da OM e o oficial de dia se po-
homens deverão estar cobertos e alinhados.
sicionarão com a frente voltada para a direção de
onde vem a autoridade. O Cmt (Ch ou Dir) a 3 pas-
4.4.3. Continência da guarda a autoridade sos após o último soldado da guarda do quartel e o
A recepção pela guarda do quartel a autoridade visi- oficial de dia a um passo à esquerda e a um passo
tante ou inspecionadora é, normalmente, a primeira ati- à retaguarda do Cmt (Ch ou Dir).
vidade realizada, exceto quando precedida por escolta, c. Quando em um aquartelamento existir mais de
guarda de honra e salva, se houver . uma sede de OM, seus Comandantes deverão
1) Terão direito à continência da guarda formada as au- comparecer à recepção da autoridade. O Cmt (Ch
toridades enumeradas a seguir: ou Dir) mais antigo deverá receber a autoridade,
devendo, os demais comandantes, formar à reta-
• Presidente da República; guarda e à direita do Cmt mais antigo, no mesmo
• Vice-Presidente da República; alinhamento do oficial de dia. Em alguns casos a

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 101


autoridade poderá dispensar a presença dos Cmt e. Ao término do exórdio, a autoridade desfará a con-
das OM que não serão visitadas. tinência (se militar), e, no momento que precede a
revista à guarda do quartel, poderá fazer, se dese-
d. Se presentes, também, oficiais-generais da jar, breve saudação à guarda, ou proferir o grito de
cadeia de comando da OM visitada, estes de- guerra previsto nas NGA da OM (ou do escalão su-
verão posicionar-se à retaguarda e à direita do perior), ou outro pré-estabelecido pela autorida-
Cmt da OM, ou, quando for o caso, à direita dos de visitante e a ser respondido em conjunto pela
Cmt de outras OM sediadas no mesmo aquar- guarda.
telamento.
f. A fim de não deixar a autoridade, ou a própria
3) Serão assinalados no solo, de forma discreta: guarda do quartel, em situação de constrangimen-
• O local onde deverá parar a viatura que conduz a au- to sem saber como proceder, é desejável que haja
toridade; uma coordenação entre a assessoria da autorida-
de visitante e o Cmt da OM com vistas à definição
• O local onde esta mesma autoridade permanecerá, da saudação (ou não) e a resposta a ser dada pela
enquanto lhe for prestada a continência da guarda do guarda. A iniciativa da saudação deve ser sempre
quartel; da autoridade visitante.
• Os locais onde se postarão o Cmt (Ch ou Dir) da OM e
g. Durante a revista a autoridade deve passar pela
o oficial de dia; guarda silenciosamente e, se militar, sem prestar
• Os locais dos Of Gen da cadeia de Cmdo e dos Cmt a continência.
outras OM, sediadas no mesmo aquartelamento, se
for o caso; h. Após a autoridade passar em revista a guarda, se-
guir-se-ão as apresentações do Cmt da OM e do
• O local onde se posicionará a guarda do quartel. oficial de dia, oportunidade em que o Cmt da guar-
da do quartel comandará, à voz: “OLHAR FRENTE!,
A continência da guarda do quartel, normalmente, OMBRO-ARMA!, DESCANSAR-ARMA! DESCAN-
SAR!” (apenas os dois últimos no caso de oficial
obedecerá à seqüência a seguir:
superior).
a. Tão logo a autoridade desembarque da viatura Após a revista, o Cmt (Ch ou Dir) da OBM e o oficial de
que a conduz, ou no momento em que chegue ao dia apresentar-se-ão, sucessivamente, à autoridade visi-
quartel e ocupe o local assinalado para o recebi-
tante ou inspecionadora, nos seguintes termos: (exem-
mento da continência da guarda, o seu comandan-
te comandará, à voz: “GUARDA, SENTIDO!, OM- plo) “TEN CEL BM RODRIGUES, CMT DO 105º GRUPA-
BRO-ARMA!”. MENTO DE BOMBEIRO MILITAR”; “2º TEN BM JONIR,
OFICIAL DE DIA AO 105º GRUPAMENTO DE BOMBEIRO
b. O corneteiro ou clarim tocará o indicativo do pos- MILITAR “. O oficial de dia não deve informar se o serviço
to e função daquela autoridade, sem qualquer co- está ou não com alteração.
mando à voz do comandante da guarda.
A autoridade cumprimentará, inicialmente, o Cmt an-
c. Caso a autoridade seja oficial-general, após o to- fitrião e o oficial de dia. Posteriormente, cumprimentará
que indicativo do posto e função, o comandante os Cmt de outras OBM sediadas no mesmo aquartela-
da guarda comandará, à voz: “APRESENTAR-AR- mento.
MA!, OLHAR À DIREITA!”, sendo então executado
o exórdio, pela banda, fanfarra, ou a marcha bati- Quando uma autoridade chegar a uma OBM, já acom-
da pelo corneteiro ou clarim, sem necessidade de panhada do seu comandante, cabe ao oficial de dia recep-
qualquer comando à voz. cioná-la no interior do aquartelamento, permanecendo o
comandante da OBM a um passo à esquerda e um passo
d. A autoridade, ocupando o local demarcado, res-
ponde à continência da guarda no início do exórdio à retaguarda da autoridade.
(ou marcha batida); os acompanhantes se posicio- Terminadas estas apresentações, o Cmt (Ch ou Dir) da
nam à retaguarda da autoridade e fazem a conti- OBM conduzirá a autoridade visitante ou inspecionado-
nência individual, voltados para ela.

102 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


ra e sua comitiva ao gabinete do comando (ou PC), ou ao Com a finalidade de facilitar as honras regulamenta-
local de onde aquela autoridade assistirá à execução do res a serem prestadas às várias autoridades que chegam
evento inicial programado. à OBM, por ocasião de solenidade, poderão ser previs-
tos, de acordo com a ordem de precedência dessas au-
4.5. Observações gerais toridades, horários diferenciados para suas chegadas ao
aquartelamento.
Ao chegarem à OM, sucessivamente, várias autorida-
des que fazem jus às honras regulamentares prestadas As autoridades, normalmente, são conduzidas para o
pela guarda do quartel, e caso não haja autoridade su- gabinete do comando ou para um local de destaque pre-
perior presente, essas serão anunciadas pelos toques e viamente designado, onde aguardarão o momento de di-
exórdios correspondentes. Quando presente autoridade rigirem-se ao palanque para o início da solenidade.
superior, a guarda do quartel executará apenas a conti-
nência às demais autoridades, com os comandos a voz, As visitas ou inspeções, sem aviso prévio da autori-
sem a execução de toques e exórdios. dade, à OBM, não implicam a alteração da sua rotina de
trabalho. Ao ser informado da presença da autoridade
No período compreendido entre o arriar da Bandeira
na Organização, o Cmt (Ch ou Dir) vai ao seu encontro,
Nacional e o toque de alvorada do dia seguinte, a guarda
apresenta-se e a acompanha durante a sua permanên-
não formará, exceto para prestar continência à Bandeira
cia.
Nacional, ao Hino Nacional, ao Presidente da República,
às bandeiras e hinos de outras nações e à tropa forma- A insígnia da autoridade é hasteada quando da sua
da, quando comandada por oficial. Enquanto a Bandeira chegada à OBM e arriada logo após a sua retirada. Quan-
Nacional permanecer hasteada à noite, estando devida- do presentes várias autoridades com direito à insígnia,
mente iluminada, a guarda do quartel prestará a conti- apenas a da maior autoridade e a do Cmt da OBM serão
nência normalmente, como se de dia estivesse. hasteadas.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 103


Capítulo 5

104 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


ARMAMENTO, MUNIÇÃO E TIRO e por definição é qualquer engenho capaz de projetar um
objeto (projétil), através de um cano, acelerado pela for-
ça resultante da expansão dos gases gerados pela quei-
5.1. Classificação Geral do Arma- ma de um agente propelente.
mento Existem outras definições que encerram o mesmo
Segundo a classificação das Instruções-Gerais de Tiro pensamento, como por exemplo, a dada pela Polícia Fe-
com Armamento do Exército (IGTAEx), o armamentos deral na Cartilha de Armamento e Tiro: “Dispositivo que
são classificados da seguinte maneira: impele um ou vários projéteis através de um cano pela
pressão de gases em expansão produzidos por uma car-
• Armamento Leve;
ga propelente em combustão”.
• Engenhos de Lançamento;
Ainda segundo Lei 3665, citada no subitem 5.1, arma
• Armamento Anticarro;
de fogo é a “arma que arremessa projéteis empregando
• Armamento em Viaturas Operacionais; a força expansiva dos gases gerados pela combustão
• Morteiros; de um propelente confinado em uma câmara que, nor-
• Artilharia de Campanha; malmente, está solidária a um cano que tem a função
de propiciar continuidade à combustão do propelente,
• Artilharia Antiaérea;
além de direção e estabilidade ao projétil”.
• Artilharia de Costa;
• Armamento em Aeronaves.
5.3. Classificação de Arma de Fogo
Neste manual abordaremos apenas parte dos ar- As armas de fogo são classificadas:
mamentos leves, que são os porventura usados no CB-
• Quanto à alma do cano;
MERJ ou por seus integrantes para defesa pessoal e de-
fesa das instalações e para garantia da lei e da ordem. • Quanto ao sistema de carregamento;
A lei 3665, de 20 de novembro de 2000, utiliza ainda o • Quanto ao funcionamento;
termo Arma Pesada e o define como sendo “arma em- • Quanto ao emprego;
pregada em operações militares em proveito da ação
• Quanto ao transporte.
de um grupo de homens, devido ao seu poderoso efeito
destrutivo sobre o alvo e geralmente ao uso de pode- Existem outras classificações, porém menos interes-
rosos meios de lançamento ou de cargas de projeção santes para o serviço a que se propõe o presente manual.
arma empregada em operações militares em proveito São classificações que levam em conta, além de outros
da ação de um grupo de homens, devido ao seu pode- fatores, circunstâncias como: refrigeração, sentido da
roso efeito destrutivo sobre o alvo e geralmente ao uso alimentação, alimentação. Para fins de conhecimento
de poderosos meios de lançamento ou de cargas de básico seguimos com as descrições das classificações
projeção”. acima mencionadas.

5.2. Definição de Arma de Fogo 5.3.1. Classificação Quanto ao Cano


As armas de fogo objeto deste manual são enquadra- Quanto ao cano, a arma de fogo pode ser classificada
das em “armamento leve” na classificação do subitem 5.1 como arma de alma raiada ou de alma lisa.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 105


Nas armas de alma raiada o cano é dotado de raias in- das armas de antecarga, e alimentado pela culatra, cha-
teriores que dão melhor direção ao projétil que passa por madas armas de retrocarga.
ele. As raias funcionam de forma análoga ao de uma ros-
ca em uma porca, imprimindo ao projétil um movimento 5.3.3. Classificação Quanto ao Funciona-
de rotação; porém o projétil não possui rosca como um mento
parafuso, sendo forçado contra as raias conforme vere- Quanto ao funcionamento as armas de fogo são clas-
mos na definição de calibre da arma. sificadas em:
• Automáticas;
• Semi-automáticas;
• De repetição;
• De tiro único.

Segundo a Lei 3665, arma automática é “a arma


em que o carregamento, o disparo e todas as ope-
rações de funcionamento ocorrem continuamente
enquanto o gatilho estiver sendo acionado (é aque-
la que dá rajadas)”. Como exemplo podemos citar
as metralhadoras e as pistolas automáticas. Estas
Raias do cano últimas têm sua circulação permitida somente nas
Forças Armadas.
Ao contrário das armas de alma raiada, as de alma lisa
Ainda segunda as definições deste mesmo diploma
possuem um cano sem quaisquer ranhuras. Normalmen-
legal, arma semi-automática é a “arma que realiza, au-
te são utilizados em armas de caça como, por exemplo,
tomaticamente, todas as operações de funcionamento
as espingardas. Normalmente associamos este tipo de
com exceção do disparo, o qual, para ocorrer, requer, a
cano a armas longas, porém existem revólveres com
cada disparo, um novo acionamento do gatilho”. Dora-
alma lisa a exemplo do revólver calibre 36.
vante, quando tratarmos especificamente dos arma-
mentos utilizados no CBMERJ, será pormenorizado o
5.3.2. Classificação Quanto ao Sistema
funcionamento de cada arma, sendo compreensível o
de Carregamento termo “carregamento”.
Inicialmente as armas de fogo eram carregadas pela
Arma de repetição é a “arma em que o atirador, após a
boca do cano. Houve então dois grandes avanços na his-
realização de cada disparo, decorrente da sua ação so-
tória dos armamentos, um foi o uso do estojo unindo to-
bre o gatilho, necessita empregar sua força física sobre
das as peças do cartucho e o segundo foi o carregamento
um componente do mecanismo desta para concretizar
pela culatra em lugar do carregamento pela boca.
as operações prévias e necessárias ao disparo seguinte,
A Guerra de Secessão é considerada por muitos espe- tornando-a pronta para realizá-lo”.
cialistas como a primeira guerra moderna da história, po-
As armas de tiro único são as armas dotadas de uma
rém foi somente na I Guerra Mundial que foi introduzido
única câmara para acondicionamento do cartucho. Uma
o armamento alimentado pela culatra, o que permitiu que
vez que tenha sido efetuado o disparo ela deve ser nova-
fosse conhecida como A Guerra de Trincheiras, já que o
mente carregada. Existem armas, como as espingardas
soldado em sua posição poderia municiar seu armamen-
de dois canos, que possuem duas câmaras, dois gatilhos
to sem precisar estar em pé.
e dois cães. Efetuados os dois disparos a arma deve ser
Daí surge a classificação das armas de fogo quanto ao novamente carregada para novos disparos e assim su-
sistema de carregamento: alimentado pela boca, chama- cessivamente.

106 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


5.3.3.1. Conceitos 5.3.5. Classificação Quanto ao Transporte
a. Tiro Contínuo – Espécie de tiro em rajada (metra- Quanto ao transporte as armas podem ser classifica-
lhadora). das como:
• Portátil;
b. Tiro Intermitente – Espécie de tiro um a um (re-
volver e fuzil). • Não Portátil;
• De Porte.
c. Velocidade de Tiro – Números de tiro por minuto
que um atirador puder desenvolver com um deter- Arma portátil é a “arma cujo peso e cujas dimensões per-
minado armamento. mitem que seja transportada por um único homem, mas não
conduzida em um coldre, exigindo, em situações normais,
d. Alcance Máximo – É a maior distância que o projé-
til pode alcançar, após o disparo com o armamen- ambas as mãos para a realização eficiente do disparo”.
to. Como exemplo temos os fuzis, carabinas e outras armas que
não permitem ser carregadas no coldre como um revólver.
e. Alcance de Utilização – É a maior distância que se
pode atingir o alvo com 100% de eficácia, ou seja, Arma não portátil é a “arma que, devido às suas dimen-
é aquele que nos permite extrair o maior aprovei- sões ou ao seu peso, não pode ser transportada por um
tamento do armamento. único homem”. Aqui classificam as armas transportadas
por m ais de um homem. Temos como exemplo o canhão
f. Alcance de Alça – É o estimado pelo fabricante,
dentro do qual a pontaria é referida pelo aparelho Bofors de 40mm.
de pontaria (aparelho de pontaria: subitem 5.8).

5.3.4. Classificação Quanto ao Emprego


Quanto ao emprego as armas são classificadas como:
• Individual;
• Coletiva.
As armas de emprego individual são aquelas cujo efei-
to esperado de sua utilização eficiente destina-se ao
proveito da ação de um indivíduo a exemplo das armas
utilizadas para defesa pessoal como revólveres, pistolas Canhão Bofor 40mm
e carabinas. Esta classificação tem como objeto aquilo
que ela defende.
As armas de porte, via de regra, são as que podem ser
As armas de emprego coletivo são aquelas cujo efeito transportadas no coldre ou ter seu porte velado como
esperado de sua utilização eficiente destina-se ao pro- veremos mais adiante. Pela definição da lei 3665 é a
veito da ação de um grupo. Como exemplo podemos citar “arma de fogo de dimensões e peso reduzidos, que pode
a utilização da metralhadora MAG .30 que tem como ob- ser portada por um indivíduo em um coldre e disparada,
jetivo proteger a tropa no campo. comodamente, com somente uma das mãos pelo atira-
dor; enquadram-se, nesta definição, pistolas, revólveres
e garruchas”.

5.4. Fases do Funcionamento


De maneira genérica podemos dividir o funcionamen-
to de uma arma de fogo nas seguintes fases:
Alimentação: Ato de colocar a munição no tambor ou
Metralhadora MAG. Fonte: defesa Brasil carregador;

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 107


a. Carregamento: É a retirada do cartucho do carre- Os cartuchos podem ser de fogo central ou fogo cir-
gador realizada pelo ferrolho; cular. Quando a percussão ocorre em uma espoleta que
b. Introdução: Momento em que o cartucho sobe a está colocada no centro da cabeça do estojo, dizemos
rampa de acesso e começa a entrar na câmara; que o cartucho é de fogo central. Existem três tipos de
c. Fechamento: É quando o ferrolho entra em conta- cartuchos de fogo central, identificados pelo tipo de es-
to com a câmara; poleta que utilizam: Boxer, Berdan e Bateria. Veja na figu-
d. Trancamento: Ligação rígida realizada entre o fer- ra abaixo:
rolho e a câmara;
e. Desengatilhamento: Perda do contato entre a
massa percutente e o gatilho ou sua extensão;
f. Percussão: Momento em que o percussor fere a
cápsula do cartucho;
g. Disparo: Avanço da massa percutente oferecida
pela distensão de sua mola;
h. Destrancamento: Operação que permite que o Boxer Berdan Bateria
ferrolho possa se separar da câmara;
Fonte: CBC
i. Extração: O extrator retira o estojo da câmara;
j. Abertura: Perda do contato entre o ferrolho e a
câmara;
No sistema Boxer, a bigorna faz parte da espoleta e o
k. Ejeção: Retirada do estojo do sistema armamento;
bolso possui um único furo (evento) central para a passa-
l. Engatilhamento: Massa percutente presa somen- gem da chama iniciadora.
te pelo gatilho ou sua extensão;
m. Apresentação: É o ato realizado pelo carregador No Berdan, a bigorna faz parte do bolso da espoleta, o
de colocar um cartucho no caminho do ferrolho; qual possui dois ou mais furos para a passagem da chama
n. Armar: Ato de fazer com que a massa percutente da mistura iniciadora.
venha à retaguarda, sem que seja presa pelo gati- No sistema Bateria, a espoleta é totalmente indepen-
lho ou sua extensão;
dente do estojo, possuindo até o próprio bolso. Estas es-
o. Desarmar: Perda do contato entre o responsável poletas são utilizadas exclusivamente nos cartuchos de
pela retratação da massa percutente e esta. plástico destinados às armas de alma lisa (espingardas).
Normalmente são constituídas de uma mistura de sais
5.5. Cartucho que iniciam a combustão da mistura de pólvora (CHE-
Esta é talvez a segunda parte mais interessante de ser MELLO, 2007)
estudada quando se fala de armas. Não tão interessante Na figura abaixo temos um esquema simples de um
e minuciosa quanto o estudo dos calibres. Como falamos cartucho com seus componentes:
anteriormente, nas armas mais primitivas o carregamen-
to era feito pela boca do cano, mas também tivemos ar-
mas que uma vez carregadas eram disparadas por meio
de um pavio no acesso na culatra.
Componentes
O desenvolvimento do estojo, depois do uso do cobre 1 - Estojo
2 - Espoleta
e do latão repuxado conferiu ao mundo das armas de 3 - Propelente
fogo considerável avanço. O estojo permitiu unir numa 4 - Projétil ou Projetil
única peça todos os elementos necessários para impri-
mir ao projétil, que é o que sai da arma em direção ao
alvo, aceleração necessária para alcançar seu objetivo
em linha reta, dissipando energia no alvo.

108 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


O estojo é o componente de união mecânica do car- facilitando o manejo da arma e acelera o intervalo em
tucho, apesar de não ser essencial ao disparo, já que cada disparo.
algumas armas de fogo mais antigas dispensavam seu Segundo seu perfil os estojos se classificam em
uso, trata-se de um componente indispensável às armas
• Cilíndrico;
modernas. O estojo possibilita que todos os componen-
tes necessários ao disparo fiquem unidos em uma peça, • Tronco-Cônico;
• Tronco-Cônico com Gargalo Cilíndrico.

PERFIL

TRONCO-CÔNICO COM
CILÍNDRICO TRONCO-CÔNICO GARGALO CILÍNDRICO

Fonte: CBC

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 109


A espoleta é um recipiente que contém a mistura de- dobramos a massa do projétil dobramos a energia, mas
tonante e uma bigorna, utilizado em cartuchos de fogo quando dobramos a velocidade do projétil quadruplica-
central. mos esta energia.
A mistura detonante é um composto que queima com Para obter o máximo efeito, a energia cinética
facilidade, bastando o atrito gerado pelo amassamento deve ser aplicada à menor área possível do alvo, ou
da espoleta contra a bigorna, provocado pelo percursor. seja, o projétil deve ter massa elevada e diâmetro
A queima dessa mistura gera calor, que passa para o pro- pequeno – deve ser o mais fino e o mais pesado pos-
pelente, através de pequenos furos no estojo, chamados sível com a maior velocidade possível. Estas três
eventos. Na figura abaixo indicado pela seta, podemos características juntas representam um desafio para
observar o evento de um cartucho. os engenheiros porque um projétil comprido, fino e
pesado não é adequado para receber grande impulso
no cano da arma, já que no cano as condições se inver-
tem devendo o projétil ter o maior diâmetro possível
para que os gases da explosão possam impeli-lo com
maior facilidade.
Adiante veremos algumas tecnologias empregadas
na construção de projéteis, porém não significa que es-
tabeleceremos parâmetros ou verdades que deverão
ser aceitas para sempre. A indústria bélica constan-
temente projeta novos tipos de projéteis, cria novas
tecnologias que superam problemas do passado e não
Propelente ou carga de projeção é a fonte de energia
significa que estejam patentes a qualquer interessado
química capaz de arremessar o projétil à frente, impri-
no assunto.
mindo-lhe grande velocidade. A energia é produzida pe-
los gases resultantes da queima do propelente, que pos- O alcance, a trajetória e a precisão do tiro são depen-
suem volume muito maior que o sólido original. O dentes não só da organização balística da arma, mas
rápido aumento de volume de matéria no interior do es- também da organização do projétil e da carga emprega-
tojo gera grande pressão para impulsionar o projétil. da variando com a natureza, e a quantidade de carga e o
impulso do projétil, que são denominados qualidades di-
A queima do propelente no interior do estojo, apesar
nâmicas do projétil e estudados na balística. A qualidade
de mais lenta que a velocidade dos explosivos, gera pres-
estática do projétil depende da munição.
são suficiente para causar danos na arma, porém isso
não ocorre porque o projétil se destaca e avança pelo Veja a figura abaixo:
cano, consumindo grande parte da energia produzida.
Projétil é qualquer sólido que pode ser ou foi arremes-
sado, lançado. No universo das armas de fogo, o projétil
é a parte do cartucho que será lançada através do cano.
Um dos primeiros projéteis anti-blindagem foi o do
fuzil mauser. Este projétil é capaz de penetrar 28mm de
blindagem, sendo disparado a 45m. Como a maioria dos
projéteis pioneiros na perfuração de blindagens o do
fuzil mauser valia-se somente da energia cinética para Fonte: Balística Forense (2006)
cumprir sua missão. Uma peculiaridade da energia cinéti-
ca do projétil é que ela é proporcional à massa do projétil
A figura mostra a imagem de um projétil viajando a
e ao quadrado da velocidade. Em outras palavras, quando
uma velocidade superior a do som. As distorções são de-

110 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


vido às ondas de choque produzidas entre o projétil e o i) Composição:
ar. 1 representa a onda caudal, 2 é a onda cefálica, 3 é um O projétil deve ser suficientemente denso para que
redemoinho causado pela recomposição da atmosfera adquira grande energia, de material que se funda a uma
logo após a passagem do projétil, 4 mostra uma das es- temperatura tão alta a ponto de não entrar em fusão du-
trias na onda, como uma espiral. rante o disparo e ser de deformação de acordo com sua
Os projéteis possuem quatro qualidades ditas estáti- finalidade. Segundo Chemello, 2007; a temperatura no
cas: interior do cano pode chegar a 2500°C.

Fonte: Manual Técnico de Armamento e Tiro - GNR (Lisboa, 2003)

ii) Forma:
Pode ser ogival, pontiagudo ou bi-ogival.

ogival bi-ogival pontiagudo

Fonte: Manual Técnico de Armamento e Tiro - GNR (Lisboa, 2003)

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 111


iii) Peso: a seu projétil tem um calibre de 7,57 mm e o seu invólucro,
Normalmente varia entre 9 e 13 gramas, porém o pro- um comprimento de 51 mm.
jétil, muito leve sofre mais os efeitos do arrasto em con- iv) Calibre Real
tato com o ar, alcançando menores distâncias. O que foi elucidado nos parágrafos anteriores dizia
iv) Calibre: respeito somente à nomenclatura dos calibres dados por
O diâmetro dos projéteis deve ter de 0,2 a 0,3mm a seus fabricantes. Se um dado calibre é determinado por
mais que o diâmetro da alma do cano medido no fundo um fabricante, dizemos que se trata do calibre nominal
das estrias para que se dê o forçamento inicial como citamos no subitem 5.6. No entanto quando alia-
mos esta informação ao que foi descrito na classificação
das armas, entendemos que se um cano é raiado, coexis-
5.6. Calibre tem em seu interior duas medidas diferentes. A primeira
Se algo na história das armas de fogo é confuso, é a é a medida do diâmetro tomada no fundo das raias – de-
nomenclatura dos calibres. E o motivo desta confusão é nominada diâmetro entre fundos – e a segunda é a medi-
que utilizamos uma nomenclatura comercial, criada em da tomada na parte acima das raias, na parte onde o cano
regiões diferentes, por fabricantes diferentes e com sis- não recebeu o sulco da raia – denominada diâmetro entre
temas métricos diferentes. cheios.
Os Estados Unidos, maior produtor e maior mercado
de armas, têm seu sistema próprio com nomenclaturas
diversificadas como veremos adiante. Há também ou-
tros dois sistemas: inglês, e o europeu. Estes sistemas
compreendem a nomenclatura dada à arma pelo fabri-
cante é entendido como o Calibre Nominal da arma, va- Diâmentro
mos a algumas considerações: entre fundos
Calibre do
i) Sistema Americano Projétil
Nos EUA a designação do calibre vem expressa em
centésimos de polegadas, porém outros itens foram in-
corporados à nomenclatura, como letras que designam o
fabricante, nome comercial da munição, uso da munição
e outros nomes e siglas criados pelos fabricantes. Como Fonte: CFAP
exemplo podemos citar o calibre .380 ACP (Automatic
Colt Pistol), .22 Remington Jet. O calibre real, ou diâmetro entre cheios é menor que o
ii) Sistema Inglês calibre nominal, desta forma quando o projétil, empurra-
do pelos gases da queima da pólvora, é arrastado contra
No sistema Inglês o calibre é expresso em milésimos
um cano com diâmetro menor que o seu, se deforma ao
de polegada – um sistema bem parecido com o norte
passar pelas raias e lhe é impelido um movimento de ro-
americano. Tem a diferença de trazer o nome do fabrican-
tação, que lhe confere maior precisão e ranhuras capazes
te junto ao calibre. Por exemplo: .280 Jeffery.
de associar o projétil à arma que o disparou.
iii) Sistema Europeu
Neste sistema as dimensões do projétil são dadas em 5.7. Ação
milímetros, o que facilita a identificação. É uma nomen-
A maioria das armas possui um mecanismo de disparo
clatura surgida após o Pacto de Varsóvia, a partir do que
que é acionado pela ação do cão como veremos adiante.
muitas armas no mundo passaram a usar calibres com-
No entanto a ação do cão sobre o mecanismo pode ser
patíveis ou iguais. Ex.: 7.62 x 51mm, o fuzil “mauser 908”,
dividido em duas etapas como ocorre na maior parte das
utilizado pelo CBMERJ, é de calibre 7,57×51 significa que
armas. Na maior parte porque existem armas como, por

112 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


exemplo, as pistolas Glock que ignoram esta nomencla- malmente nas armas curtas constitui-se de alça e massa
tura e são projetadas num sistema de acionamento dife- de mira. O aparelho de pontaria pode ser fixo, como na
rente do que tratamos neste subitem. É importante lem- maioria das armas curtas ou regulável, como ocorre no
brar que o sistema de acionamento não é o mesmo que fuzil mauser.
sistema de funcionamento como vimos no subitem 5.3.3.
i) Ação Simples
As armas de ação simples, como o caso da Pistola
Taurus PT 638, são armas em que o gatilho tem a única
função de liberar o cão, que é armado manualmente pelo
atirador. Podemos citar também como exemplo de ar-
mas de ação simples os primeiros revólveres, em que o
atirador precisava levar o cão à retaguarda para depois
liberá-lo através do gatilho.
Existem no mercado as pistolas fabricadas pela Imbel
que também funcionam com ação simples. Estas pistolas
normalmente são preferidas entre atiradores esportivos
pois proporcionam um acionamento do gatilho mais sua-
ve diminuindo a incidência de erro. Um exemplo claro dis-
to pode citado no revólver Taurus modelo 1958, que em
ação dupla se faz necessária força em torno de 5Kgf so-
bre o gatilho, e em ação simples basta aplicação de 2Kgf.
ii) Ação Dupla
As armas de ação dupla são armas que a cada vez que
o atirador pressiona o gatilho, o cão é armado e liberado.
Não existe desta forma ação simples, pois todos os dis-
paros são efetuados com as duas ações do sobre o cão:
armar e libera. Funcionam com este sistema os revólve-
res modernos e as pistolas Taurus da série Millenium.
iii) Dupla Ação
As armas de dupla ação são armas em que os dispa-
ros ocorrem tanto em ação simples como em ação du- Aparelho de pontaria ajustável
pla. Como exemplo temos as pistolas PT 58 e PT 938,
ambas fabricadas pelas forjas Taurus. Nestas armas o
primeiro disparo ocorre em ação dupla. Após o primeiro
disparo todos os outros disparos se dão em ação sim-
ples, pois o cão irá parar armado à retaguarda após o
primeiro disparo.

5.8. Aparelho de Pontaria


Aparelho de pontaria, genericamente é o recurso de
uma arma destinado a buscar não somente precisão no
tiro, mas também velocidade. Pode ser constituído de
uma ou mais peças, numa mesma arma ou fora dela. Nor-
Aparelho de pontaria fixo de um revólver

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 113


Diferentemente dos aparelhos de pontaria comple- mente uma saliência no cano para ser alinhada com a alça
xos, utilizados em armamentos pesados e grande alcan- de mira.
ce, temos contato com aparelhos de pontaria bastante
simples que equipam armas de porte que utilizamos no
dia-a-dia de nossas OBM. Estes aparelhos simples em
geral são constituídos de duas partes: alça de mira e
massa de mira.
i) Alça de Mira
Alça de mira é a parte do aparelho de pontaria situada
na parte anterior da arma.

Massa de mira de uma carabina de pressão adaptada

5.9. Armamentos Usados no CBMERJ


5.9.1. Revólver Calibre 38
É uma arma individual, de repetição (funciona pela
ação muscular do operador), alimentada por tambor com
capacidade para 6 cartuchos, alcance máximo de 1800m,
alcance de utilização de 25m, velocidade de tiro de 8 a10
tiros por minuto, calibre 38.

Alça de mira da carabina CBC


Fonte: CBC

Alça de mira Taurus


Fonte: Taurus Armas

ii) Massa de Mira


Massa de mira é a parte do aparelho de pontaria situ-
ada na parte posterior da arma. Em muitas armas é so- Fonte: manual CFSd - CBMERJ

114 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


5.9.1.1. Funcionamento e Condições Adaptando nele o sabre baioneta, permite o comba-
de Serviço te corpo a corpo. Seu alcance de utilização para homem
isolado é de 400 m; para grupo de homens será de 600
Empunhar a arma com a mão direita utilizando a es-
metros. O alcance de alça é de 2.000 metros; sua velo-
querda como apoio na altura da parte externa dianteira
cidade de tiro é de 8 a 10 disparos por minuto no tiro
do guarda-mato, mantendo-a voltada para o chão. Com o
ajustado.
polegar direito empurrar o botão serrilhado para frente,
enquanto o indicador direito empurra o tambor para a es-
5.9.1.6. Munição
querda. Caso tenha realizado disparos com a arma, volte
o cano para cima, empurrando com o indicador esquerdo Utiliza cartucho de guerra (bi-ogival), de manejo de
a vareta do extrator de encontro ao tambor. Os estojos festim ou de carga reduzida. Os cartuchos são reunidos
deflagrados cairão. Municie o tambor com a arma volta- por grupos de cinco em carregadores tipo laminar.
da para baixo. Feche o tambor com o polegar esquerdo.
Gire o tambor até que o mesmo fique travado. 5.9.1.7. Organização-Geral
É compreendido por sete partes principais e acessó-
5.9.1.2. Disparar rios:
Para disparar a arma basta acionar a tecla do gatilho.
a. Cano com aparelho de pontaria ajustável
O cão vai à retaguarda (ação dupla), enquanto o tambor
gira para a esquerda, colocando um novo cartucho na câ- b. Caixa da culatra - Nela fica situado o mecanismo
mara. O cão vai violentamente à frente, fazendo com que da culatra; localiza-se entre o cano e a coronha.
o percussor atinja a espoleta do cartucho, deflagrando a
c. Mecanismo da Culatra - Consta de ferrolho, o
munição. retém do ferrolho com ejetor e gatilho. O ferro-
lho realiza o fechamento da arma encerrando os
5.9.1.3. Engatilhar dispositivos de percussão, extração e segurança.
Para um tiro mais preciso pode-se engatilhar a arma, Consta o ferrolho das seguintes partes: cilindro
levando o cão para trás com o polegar direito, até ouvir- com alavanca de manejo; extrator, percursor e
mola correspondente; cão (corpo e noz); receptor-
se o som característico de encaixe. Solta-se ligeiramente
guia do cão e retém; registro de segurança (haste,
o polegar para certificar-se de que realmente o cão está disco e asa). O retém do ferrolho serve para man-
travado, bastando agora um leve toque na tecla do gati- ter ou retirar o ferrolho do seu alojamento. O ga-
lho para que a arma dispare. tilho é a peça de disparo da arma, constituído de
corpo, tecla e mola.
5.9.1.4. Desengatilhar
Com a arma voltada para lugar seguro, segurá-la com
ambas as mãos, levando o polegar direito ao cão, segu-
rando-o fortemente. Simultaneamente acione a tecla do
gatilho com o indicador direito, levando o cão à frente
com o polegar de forma lenta, até o seu descanso.

5.9.1.5. Fuzil Mauser 1908


Também chamado fuzil ordinário (FO); é uma arma
individual de fácil manejo, de repetição (usando como Fonte: Manual Básico do CFSd - CBMERJ, 1996
princípio motor a força muscular do atirador), tendo um
depósito na caixa da culatra com capacidade para cinco d. Mecanismo de Repetição: Serve para permitir
cartuchos. Seu calibre é de 7 milímetros possuindo cano o carregamento da arma por grupo de cinco car-
com alma raiada e alcance máximo de cerca de 4.000 me- tuchos. Consta de depósito, fundo do depósito,
tros. transportador e mola respectiva.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 115


e. Coronha e Telha: recua, por conseguinte arrastando consigo o percursor,
• Coronha: é uma peça de madeira destinada a reunir ficando este armado.
as diferentes partes da arma e permitir o seu manejo.
Compreende: fuste, delgado e couce. 5.9.1.8.2. Carregar o Depósito
• Telha: serve para proteger a mão do atirador contra o Achando-se livre a abertura de carregamento, intro-
aquecimento produzido durante os tiros. duz-se com a mão direita, um carregador, guarnecido de
cinco cartuchos, em seu receptor, na passagem do ferro-
f. Guarnições: São peças de metal destinadas a
reunir, reforçar e preservar as diversas partes da lho. A lâmina ocupa aí uma posição quase vertical, sufi-
arma de qualquer acidente, além de outras fun- cientemente estável para permitir a pressão do polegar
ções. Compreendem: escudete do fuste, braçadei- sobre o cartucho superior. A pressão deve ser exercida
ra superior, braçadeira inferior, batente da vareta, em sentido oblíquo. Os cartuchos desprendem-se, dis-
pára-choque da coronha, parafuso do depósito, pondo- se ao lado uns dos outros 3 à direita e 2 à esquer-
chapa da soleira, placa da inscrição e anilho do da, no depósito, de modo que o cartucho mais elevado
grampo da bandoleira. fica saliente, um pouco adiante da cabeça do cilindro.
g. Sabre-baioneta com bainha: É a arma branca que,
adaptada no fuzil, transforma-o em arma de cho-
que para o combate corpo a corpo.

h. Acessórios: Cada fuzil dispõe dos seguintes aces-


sórios: Uma bandoleira (serve para o transporte da
arma), uma vareta (destinada à limpeza do cano da
arma), um cobre-mira (quando colocado na boca
do cano serve para impedir a entrada de corpos
estranhos no cano e para protegê-lo, contra a umi-
dade do ar ao mesmo tempo que protege a massa
de mira contra choques) e um guarda-fecho (capa
de couro com correias destinada a abrigar da poei-
ra e da chuva a caixa da culatra e seu mecanismo).

Fonte: Manual do CFSd - CBMERJ, 1996

5.9.1.8. Funcionamento e Condições


de Serviço
5.9.1.8.1. Abrir a Culatra
Para abrir a culatra, firma-se a arma com a mão es-
querda, na altura do seu centro de gravidade e, com a
mão direita, imprimindo à alavanca uma rotação de 90
graus para a esquerda, puxa-se o ferrolho à retaguarda
até senti-lo chocar no dente do respectivo retém. cão
Fonte: Manual do CFSd - CBMERJ, 1996

116 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


5.9.1.8.3. Carregamento e Fechamento da vezes quantos são os cartuchos existentes, amparan-
Culatra, Engatilhamento: do-se os cartuchos, com o polegar esquerdo acima da
A mão direita empunha de novo a alavanca, empurra abertura de carregamento, para evitar que caiam por
o ferrolho para a frente, girando-o para a direita, reba- terra.
tendo a alavanca no mesmo sentido. Logo no início do
5.9.1.8.8. Desengatilhar
movimento o carregador vazio cai para o lado e o cartu-
cho, galgando a rampa de acesso, é encaminhado para a Estando a alavanca de manejo rebatida para a esquer-
câmara. da, empunhando a arma com a mão esquerda, pelo delga-
do e trazendo-a à frente do corpo: o indicador esquerdo
Caso não se queira que o cartucho vá para a câmara
aciona o gatilho enquanto a mão direita gira a alavanca
por motivo de segurança, basta pressionar para baixo
para a direita.
com o polegar esquerdo o cartucho que está na rampa
de acesso e simultaneamente empurrar o ferrolho para
5.9.1.9. Metralhadora de Mão
frente, verificando visualmente durante toda a operação
se realmente o cartucho não foi arrastado para a câmara.
45 – INA
Em seguida, desengatilhar a arma. A metralhadora de mão INA 953 é uma arma automáti-
ca, (funciona pelo aproveitamento da energia dos gases),
5.9.1.8.4. Disparar a Arma alimentada por carregador de duas colunas. É apropriada
Apontada a arma, o atirador desfecha o tiro puxando a para uso do atirador em qualquer posição.
si, com o indicador direito a cauda da tecla do gatilho. O O tiro intermitente, quando desejado, consegue-se
percussor, formando massa com o cão e sua mola, que se pelo afrouxamento rápido do gatilho. O tiro de rajadas
distende de súbito, precipita-se para frente para ferir a curtas é, entretanto, o mais usado com esse tipo de
cápsula e inflamar o cartucho. arma. Oferece a arma condições de grande segurança
contra disparos acidentais, devido à alavanca de segu-
5.9.1.8.5. Ejeção do Estojo
rança, peça que o atirador é obrigado a empunhar junta-
Trazida a arma ao lado do corpo, reproduz-se o movi- mente com o alojamento do carregador, na posição de
mento de abrir a culatra. A ponta do percussor recolhe-se tiro.
ao interior do cilindro e o estojo arrastado pelo extrator,
abandona a câmara. Graças à alavanca de segurança ficou inteiramen-
te destituído de perigo o porte da arma carregada e
Aberta a culatra, outro cartucho que estava no depó- armada, pois que, no caso de choque ou queda, que
sito é elevado, e o atirador nada mais faz que repetir os viesse a frustrar a garantia oferecida pelo mecanismo
movimentos indicados a partir do ítem 5.9.1.8.7 até que o de segurança habitual, aquela peça detém instantane-
depósito esteja vazio.
amente o avanço da culatra móvel, o que torna impos-
sível o tiro.
5.9.1.8.6. Travar a Arma
Armado o percussor, rebate-se à direita a asa do re- Arma de organização bastante simples, cuja inspe-
gistro de segurança. A tecla pode ser manejada livremen- ção e limpeza são bem fáceis; ao mesmo tempo leve e
te, sem perigo de disparo. robusta, podendo ser tida sempre à mão; é de grande
efeito destrutivo contra alvos situados dentro da sua
Destravar a Arma distância eficaz de tiro, que pode ser estimada em 250
Rebate-se o registro de segurança à esquerda. metros, embora seu emprego normal não vá além de
100 metros. Calibre 45, carregador de 30 cartuchos,
5.9.1.8.7. Descarregar o Depósito o tempo médio para trocar o carregador é de 2,50 se-
Imprime-se ao ferrolho, sem fechar a câmara um gundos; a cadência de tiro automático (teórico) é de
movimento alternado de avanço e de recuo, tantas 600 a 700 tiros por minuto; o alcance de alça é de 250
metros.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 117


Fonte: Manual do CFSd - CBMERJ, 1996

Fonte: Manual do CFSd - CBMERJ, 1996

5.9.1.10. Funcionamento e Condições


de Serviço
a. Municiar o Carregador – Colocar a munição no e. Destravar a Arma – Colocar o botão de segurança
carregador (máximo 30 cartuchos). em “F”.

b. Engatilhar – Trazer a alavanca de manejo à reta- f. Disparar a Arma – Empunhar o alojamento do


guarda. carregador e o carregador com a mão esquerda,
de modo que o polegar leve para frente o braço
c. Travar a Arma – Colocar o botão de segurança em “S”. inferior da alavanca de segurança, que deve ser
mantido nessa posição durante o tiro. Empolgar
d. Alimentar a Arma – Introduzir o carregador no seu com a mão direita o punho da arma deixando livre
receptor o indicador para este poder acionar o gatilho.

118 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


5.9.1.11. Recomendações 5.10.1. Atirador em Pé
Importantes Esta posição é bastante adotada em razão do seu pron-
Não obstante tratar-se de uma arma rústica é merece- to-emprego. O atirador mantém o corpo de frente para a
dora de certos cuidados, pois, sendo uma arma automáti- direção do tiro, mantendo os pés afastados aproximada-
ca, o seu funcionamento normal e duração dependem de mente à largura dos ombros. Realiza a empunhadura com
muito cuidado, limpeza e lubrificação. as duas mãos com os braços distendidos sem flexionar os
cotovelos, mantendo o aparelho de pontaria na altura dos
É fato verificado que a maior parte dos incidentes de
olhos ficando a arma na direção central do corpo.
tiro quer em armas de repetição, quer em automáticas e
principalmente nestas será eliminada por um treinamen-
to, no estande ou em campanha.
Quando armazenadas, as armas devem ter as suas
diferentes partes protegidas por um preservativo apro-
priado, que deve ser convenientemente removido antes
delas serem usadas no estande ou em campanha.
Antes de atirar, o atirador deve certificar-se que a
alma e a câmara estão livres de corpos estranhos (bu-
chas de limpeza, lama, areia e semelhantes). O tiro com
obstruções na alma pode acarretar até o arrebentamen-
to do cano.
A munição também deve estar limpa; limpar, antes de
usar, a munição que estiver eventualmente suja de óleo,
graxa, areia, etc. Não atirar com munição sensivelmente
aquecida, em virtude de exposição direta ao sol ou outra
fonte de calor.
Durante tempestades de areia ou pó, é necessário
proteger a boca do cano e as aberturas da arma.
Após cada período de tiro deve-se limpar a arma o
mais cedo que for possível.

5.10. Posições de Tiro Fonte: C 23-1 - Tiro das Armas Portáteis, 2010
Para definir as posições de tiro é importante conceber
a ideia de posição estável. Posição estável é aquela posi-
ção que dá ao conjunto atirador-arma a menor oscilação 5.10.2. De Joelho Baixo
possível. Neste conceito engloba a empunhadura, a posi- Esta posição é cômoda, porém não oferece boas con-
ção de tiro, o equilíbrio do atirador e a respiração. dições de pronto-emprego. Nela o atirador irá sentar so-
A posição estável é determinante para a precisão do bre o calcanhar do lado da mão que atira. Sua vantagem
tiro. E dentre as possíveis existentes abordaremos neste se apresenta no tiro de combate, pois reduz a exposição
manual somente três posições: em pé frontal, de joelho ao fogo inimigo. O tronco se inclina ligeiramente para
baixo e deitado. Existem variações destas posições, po- frente, mantendo a cabeça ereta e com visada sobre o
rém não é objeto deste manual o tiro de combate, mas o aparelho de pontaria. É uma variação da posição do su-
tiro de precisão. bitem 5.10.1 com a diferença da posição das pernas, que
estarão flexionadas.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 119


5.11. Manutenção
A única manutenção prevista para ser realizada pelo
Soldado BM é a de 1º Escalão, que se resume na conser-
vação e manutenção preventiva do armamento. Os 4
demais escalões só poderão ser realizados por pessoal
especializado.
Nos períodos em que o armamento não é utilizado no
tiro, ele deve ser inspecionado diariamente, semanalmente,
ou quando se julgar necessário, deve-se fazer o seguinte:
• Limpar a arma com um pano seco;
• Passar no interior do cano um pedaço de pano auxilia-
do pela vareta de limpeza ou por um porta-pano (para
as armas que o possuem), até que o pano saia comple-
tamente limpo;
Fonte: C 23-1 - Tiro das Armas Portáteis, 2010 • Usar escova de pelo para retirar a poeira das corredi-
ças e escavados;
• Lubrificar a arma com O N Armt (Óleo Neutro de Ar-
mamento), inclusive o interior do cano;
5.10.3. Atirador Deitado • Nas partes de madeira passar uma leve camada de
É a posição com grande estabilidade e que proporcio- óleo de linhaça cru com um pano e nas partes de cou-
na maior precisão em tiros de longa distância além de ro passar líquido para correame;
expor minimante o atirador ao fogo inimigo. Nesta posi- • Depois dessa limpeza e lubrificação, colocar as armas
ção o atirador deita de frente com o corpo voltado para em cabines e sempre que possível usar tampa na boca
a posição de tiro. Faz empunhadura com ambas as mãos dos canos, quando estes não forem deixados secos.
mantendo a arma na altura dos olhos. Apóia os cotovelos • O óleo em excesso é nocivo, pois favorece o acúmulo
sobre o solo sendo facultado ainda apóia as mãos, bus- de sujeira que passará a agir como abrasivo, além de
cando melhor estabilidade na posição. prejudicar o funcionamento da arma.
• A câmara e a alma do cano deverão estar perfeita-
mente limpas e secas.
• Não usar escova de aço para limpar ou polir a alma.
• Não usar nenhum abrasivo (Palha de aço, saponáceo
detergente, etc).
• Sempre que aparecerem vestígios de ferrugem, es-
fregar o local com uma bucha de pano embebida em
querosene ou utilizar uma escova.
• Nunca usar na aplicação de lubrificante, panos ou es-
topas que tenham sido empregados na limpeza.
• Não descuide das bandoleiras de lona, elas esticam e
apodrecem quando molham.

5.12. Incidentes de Tiro


Na tabela a seguir podemos identificar os incidentes
de tiro mais comuns com o armamento do CBMERJ e
Fonte: C 23-1 - Tiro das Armas Portáteis, 2010 suas possíveis causas e soluções.

120 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Incidentes de tiro Causas Correção
Arma suja e mal lubrificada Limpar e lubrificar
Carregador danificado Substituir o carregador

Falha no carregamento Ruptura no estojo Remover o estojo rompido


Cartucho não entra bem na câmara im- Puxar o ferrolho a retaguarda, retirar
pedindo o fechamento o cartucho e se necessário substituir
o carregador
Ferrolho não fecha perfeitamente Puxar o ferrolho a retaguarda, retirar
o cartucho, por em segurança e tirar
Falha na percussão eventual sujeira ou excesso de óleo
Munição defeituosa Retirar o cartucho defeituoso
Câmara suja Limpar câmara
Falha na extração Munição suja Substituir ou limpar cartuchos
Extrator rompido ou mola defeituosa Substituir a parte defeituosa
Falha na segurança Peças defeituosas Substituir
Inspecionar o mecanismo, para verificar Limpar ou substituir peças defeituo-
Ferrolho não vai à frente ao acio- se existem peças gastas, molas quebra- sas
nar o gatilho das ou fora de alinhamento ou corpos
estranhos.

Fonte: Manual Básico de Bombeiro Militar - CBMERJ 2008

5.13. Condições de segurança Se os primeiros estão expressos nos diplomas legais


e normas internas em vigor, os segundos apenas podem
A utilização de uma arma de fogo constitui, talvez,
ser controlados se o militar manusear a sua arma com a
um dos fatores de maior relevância quando tratamos da
necessária auto-confiança, a qual, por sua vez, só pode
atividade militar, seja o profissional um bombeiro, um
advir de uma prática regular, não tendo esta de, neces-
militar das forças armadas ou um policial. A referência
sariamente, implicar a realização de tiro mas antes uma
ao termo “utilização” contempla quer o conhecimento
prática de “tiro em seco” que permita mecanizar proce-
e habilidade do manuseio do armamento que o militar
dimentos, aperfeiçoar destrezas e educar reflexos, os
tem - ou pode vir a ter - distribuído, quer a sua própria
quais conduzirão, naturalmente, aos desejados automa-
utilização para efetuar tiro. Se a primeira interpretação
tismos. Desta forma, o militar conseguirá obter um im-
se pode considerar pacífica, a segunda já assim não o é.
portante acréscimo no que à autoconfiança diz respeito,
Apesar de, como se poderá constatar mais adiante, es-
fazendo com que, em caso de necessidade, possa fazer
tarmos sempre considerando o referido conceito nas
uso da sua arma tirando dela o máximo rendimento, des-
suas duas vertentes, interessa, sobretudo realçar que
viando a sua concentração para a análise do desenrolar
existem dois domínios (constituídos por um conjunto de
da situação, por forma a fazê-la com clarividência, mini-
fatores) condicionantes da utilização de uma arma de
mizando o risco de utilização de uma arma de fogo numa
fogo; legais e psicológicos.
situação em que tal não seja permitido por lei, de acordo,

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 121


sobretudo, com o consignado na Lei n.º 10826, maximi- meios mortíferos, o militar deve ainda observar o se-
zando a sua utilização em caso de uso, e preservando a guinte:
sua integridade física e a de terceiros. • Ser conhecedor das condições em que pode “abrir
A própria atividade do militar e as situações que por fogo”, procurando, quando tal for absolutamente ne-
vezes se deparam nem sempre proporcionam as condi- cessário, e sempre que possível, ferir e não matar;
ções “ideais” para o emprego das armas de fogo, razão • Antes de “abrir fogo”, e sempre que possível, avisar o
pela qual, mais uma vez se realça, quanto melhor o co- Adversário (ADV) de que se vai recorrer a esse meio.
nhecimento e o à vontade com a arma, melhor será o de- Para tal, é preciso ter a percepção que o próprio ato
de introduzir munição na câmara pode ter um efeito
sempenho.
psicológico sobre o presumível infrator;
O risco de disparar sobre outra pessoa é muito sério, • Procurar avaliar o local onde se vai “abrir fogo”, visto
pois, para além do trauma emocional subseqüente, a pos- que nos centro urbanos, há possibilidade de atingir
sibilidade de poder vir a ser punido criminalmente pela inocentes, dentro ou fora do local da atuação;
utilização, fora do respectivo enquadramento legal, de • Não abandonar nunca a arma, a qual deve estar sem-
uma arma de fogo e, concomitantemente, ver por qual- pre em contato físico com o atirador nem mudá-la
quer forma prejudicada a sua carreira profissional, con- de mão para efetuar qualquer operação. Por regra, a
diciona especialmente o militar. mão que empunha a arma nunca a deve largar, ser-
vindo a outra para a execução das operações que fo-
A necessidade da intervenção do militar e a sua deter- rem necessárias;
minação variam em função da situação concreta e da de- • Se for necessário disparar contra uma viatura em
cisão dele mesmo. Quando tal acontece e algo corre mal, fuga, tomar uma posição o mais baixa possível - de
o militar nela interveniente é especialmente apontado de joelhos ou deitado - e apontar para os pneus da mes-
forma negativa, pois como agente ao serviço da lei, deve- ma, nunca diretamente para o habitáculo dos passa-
ria ser conhecedor da mesma e ter o devido treino na utili- geiros;
zação do armamento e equipamento que tem distribuídos, • É inapropriado, neste caso, o fogo de “rajada”;
já que em caso de utilização de arma de fogo, em especial • Ao ser alvejado de local incerto, não abra fogo imedia-
contra pessoas, é sempre exigido um especial conheci- tamente, pois o procedimento correto será procurar
mento, preparação e sangue frio. Ora se o militar descura abrigo (foto abaixo) e tentar localizar a ameaça para
a sua formação e atualização, os seus deveres e responsa- posterior neutralização;
bilidades, não pode atuar adequadamente numa qualquer
operação que requeira o uso da arma de fogo.
É preciso realçar que o militar, como elemento de uma
Força de Segurança, tem como objetivo primordial ga-
rantir este valor essencial da sociedade que é o da segu-
rança, zelando pelos direitos, garantias e liberdades da
população.

5.13.1. A Atitude do Militar


A natureza específica da missão do militar faz com
que sua atitude, no que diz respeito às armas de fogo e
sua posse, seja desenvolvida no sentido de ir de encontro
a algumas considerações que iremos estudar. A prática e
adoção de uma atitude correta contribuirão para minimi-
zar as possibilidades de ocorrência de acidentes.
Para além das limitações legais já referidas, sempre
que se trate do emprego de armas de fogo ou outros Fonte: PMERJ

122 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


• Depois de abrir fogo, devem ser tomadas as seguin- O essencial é que não se deixe surpreender por qualquer
tes medidas: evolução inesperada.
- Identificar os feridos e prestar os primeiros so- O militar deve assim procurar desenvolver um estado
corros; de espírito em que o surgimento de uma possível ameaça
- Solicitar assistência médica; não constitua uma surpresa para si. Ao invés de pergun-
tar o que está acontecendo, ou tentar perceber isso, o
- Caso tenham ocorrido mortes, não permitir que
militar deve ter a consciência de que o que eventualmen-
os corpos sejam removidos por parentes ou
te possa estar acontecendo é algo que por si já era espe-
amigos;
rado. Em vez de enfrentar a situação com perplexidade,
- Identificar testemunhas neutras, que possam deve-a enfrentar com coragem e tenacidade.
ter presenciado a situação;
A maior parte dos seres humanos tem alguma relutân-
- Preservar os meios de prova (localizando e refe- cia em produzir violência contra os seus semelhantes.
renciando vestígios dos disparos); Efetivamente, mesmo ao ler estas linhas, o sargento não
- Deter os suspeitos; estará emocional e psicologicamente preparado para
- Comunicar a ocorrência (de forma verbal e es- exercer violência contra alguém. Mesmo se fosse ata-
crita). cado repentinamente, demorariam alguns (preciosos)
segundos até que se apercebesse aquilo que estava de
As potenciais situações de conflito que atualmente fato a acontecer.
ocorrem a todo o momento na nossa sociedade, con-
A reação que muitas pessoas revelam à súbita violên-
duzem à necessidade dos agentes das Forças de Se-
cia é de descrença. A realidade é algo que, momentanea-
gurança, para salvaguarda da sua integridade física e
mente, lhes escapa. Tal é facilmente perceptível, porque
da de terceiros, adotarem uma atitude de prontidão, a
a violência não é algo com que tenham de lidar diariamen-
qual se torna mais perceptível e real quando o agente
te, sendo esta falta de “estímulo” que acaba por conduzir
se apercebe que a munição que, entretanto introdu-
a alguma acomodação.
ziu na câmara pode ser aquela que lhe poderá salvar
a vida. 5.13.2. Classificação das Condições de
Enquanto agente de uma Força de Segurança, o Bom- Segurança pelo Método de Cores
beiro Militar pode, com efeito, ver-se envolvido numa si- O método de cores, ou método de Cooper foi criado
tuação conflituosa que pode ocorrer a qualquer momen- pelo ex-fuzileiro estadudinense Jeff Cooper, que para
to em qualquer lugar, razão pela qual é preciso que esteja alguns autores é considerado o maior especialista em
preparado para tal. É este estado de permanente pron- armas de fogo da história da humanidade.
tidão que pode muitas das vezes superar a intromissão
Segundo a classificação da Guarda Nacional Repu-
de um fator surpresa que claramente possa jogar contra
blicana de Portugal, transcrita a seguir, que utiliza o al-
o militar.
goritmo de Cooper, elencamos a seguir as condições de
É preciso estar sempre preparado para lidar com si- segurança e alerta para o profissional de segurança, que
tuações difíceis, as quais podem mesmo envolver a uti- intimamente se relaciona com seu estado de espírito –
lização de uma arma de fogo. Também é evidente que é este é o comportamento esperado do indivíduo que por-
impensável estar num estado de permanente alerta. A ta uma arma de fogo:
análise constante do evoluir da situação deverá dizer
Condição branca - O primeiro estado mental cor-
ao militar se aquela é ou pode vir a ser uma situação de
responde a um estado de vigilância normal, de alguma
potencial perigo, obrigando-o a reagir em conformidade.
despreocupação relativamente ao ambiente circundan-

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 123


te, correspondendo à situação que experimentamos nossa ação. É preciso focar toda a atenção no desenrolar
quando estamos dormindo ou envolvidos numa tarefa da situação. Não devemos pensar sequer na possibilida-
qualquer, como por exemplo, ler um livro. Este estado é de de falhar um tiro. Se por acaso falharmos tal não deve
caracterizado pela cor branca, devendo evitar sempre ser motivo de preocupação, outras oportunidades surgi-
que estamos no desempenho do serviço e, em especial, rão, tal como também não devemos pensar de que pode-
quando estamos armados. remos ser atingidos, contudo devemos sempre minorar o
risco disto vir a acontecer.
a. Condição amarela - Se a condição branca corres-
ponde de certa forma, a um relaxamento prati- Mentalmente falando, existe uma linha muito tênue
camente total, a uma desatenção, esta condição entre aquilo que experimentamos e aquilo que ima-
amarela corresponde a algum relaxamento, mas ginamos, sendo este o segredo. Temos tendência a
de forma atenta. Quando nos encontramos neste reagir antes, durante e depois de uma situação confli-
estado, percebemos aquilo que se vai desenro- tuosa da forma como programamos a nossa ação. Trei-
lando à nossa volta. Digamos que, 99% das vezes namos e programamos as reações adequadas a ter em
o ambiente circundante pode não ser hostil, mas determinadas situações, as quais devem ser as mais
encontramo-nos prontos para a eventualidade da variadas possível, sendo dessa forma que esperamos
situação se inverter. Estamos atentos e em alerta. vir a reagir.

Podemos também programar a forma como pen-


b. Condição laranja - Nesta condição percebemos
a possibilidade de um problema específico rela- samos, através de treinos mentais baseados nas pro-
tivamente ao qual começamos a desenvolver um babilidades com que nos podemos defrontar. Estes
plano tático. Agora percebemos que não só pode problemas tácticos serão resolvidos mentalmente,
haver a possibilidade de usar uma arma como o imaginando-nos ter o controle completo do nosso cor-
alvo específico contra o qual a usar. Mentalmente, po, não vacilar perante a situação e a disparar como
é fácil transitar da condição amarela para a laran- deve ser, não nos preocupando tanto com o resultado.
ja, mas não tanto da branca para a laranja. Visualizamos o adversário como alguém que está con-
denado pelos seus próprios atos, não sentindo quais-
c. Condição vermelha - A transição da condição an- quer remorsos, quando não será a nossa própria integri-
terior para esta depende das ações do possível dade física, e a de eventuais terceiros, que poderá estar
infrator. Atingimos a condição vermelha quando seriamente afetada.
percebemos que é muito provável desenrolar-se
É preciso aprender a controlar a nossa mente da mes-
uma situação com alguma violência, pelo que o
ma forma que é preciso aprender a disparar corretamente.
nosso sistema está em alerta total e pronto para
uma resposta imediata. Muito provavelmente a Todos estes processos que têm a ver com a concen-
pistola poderá já estar empunhada e pronta para tração nas tarefas, a visualização mental e o controle
efetuar o primeiro disparo num curto espaço de corporal são aspectos bastante desenvolvidos ao nível
tempo, aguardando apenas o momento ideal para da prática de quase todas as modalidades desportivas.
iniciar a ação, o qual corresponde a uma ação sufi- Se tiver curiosidade existe vasta bibliografia especiali-
cientemente agressiva que, à luz da legislação vi- zada sobre a matéria que lhe dará uma visão mais porme-
gente, justifique a nossa resposta. Esta será assim norizada sobre o assunto.
uma resposta condicionada, instantânea.
Antes de atirar pense! Se você utilizar a arma com res-
Quando a luta começar não podemos nos prender a ponsabilidade, ela vai servir para salvar vidas. Se você
pormenores irrelevantes que nos possam condicionar a usar a arma sem pensar, você pode acabar na cadeia.

124 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Segundo dados do Departamento de Defesa Norte Para segurança do utilizador e de terceiros, é sempre
Americano, no Vietnã, a quantidade média de munições conveniente proceder de acordo com as seguintes ins-
do fuzil M-16 necessárias para causar morte inimiga por truções de segurança:
tropas de infantaria era de 50000 cartuchos. Estes mes-
mos dados indicam que a média necessária para uma • Nunca esquecer que uma arma de fogo é um instru-
morte inimiga por disparo de um atirador é de 1,3. Esta mento de defesa, pelo que só deve ser utilizado para
diferença da quantidade necessária se dá pela prepara- repelir uma agressão atual ou iminente, em legítima
ção para o tiro. Em outras palavras, quem atira bem atira defesa ou de terceiros, esgotados que tenham sido
menos. É por estes motivos que você deve estar sempre quaisquer outros meios para o conseguir;
preparado para o bom emprego de sua arma.
• O utilizador de qualquer arma de fogo deve estar per-
feitamente apto a manuseá-la, conhecer o seu funcio-
5.13.3. Regras de Segurança
namento, montagem e desmontagem e a efetuar as
A preocupação com a segurança começa logo que se operações de segurança;
toma contato com uma arma. Mas antes de manuseá-la
deve-se ler atentamente o manual de instruções, com • Todo o militar deve estar seguro de que conhece e
particular atenção às medidas de segurança preconi- sabe pôr em prática os princípios da técnica de tiro;
zadas, o que permite ao utilizador conhecer tudo aquilo
• Quando pegar na arma manuseá-la sempre como se
que o fabricante considera essencial para uma correta
estivesse carregada;
utilização da sua arma. A razão para tal é, fundamental-
mente, evitar que um manuseio impróprio ou descuido da • Não confie na memória nem na palavra de alguém.
arma possa resultar no tiro inesperado (não intencional) Uma arma deve sempre considerar-se como estando
podendo, em conseqüência, causar ferimentos, danos carregada e pronta a fazer fogo, até ao momento em
patrimoniais ou mesmo a morte do atirador ou de outra que o utilizador se assegure pessoalmente do contrá-
qualquer pessoa. As mesmas conseqüências podem tam- rio, executando as operações de segurança;
bém advir de modificações não autorizadas, corrosão, ou
utilização de munições danificadas ou não aconselhadas. • Exceto em situações de serviço que assim o exijam,
uma arma de fogo deve ser sempre transportada em
Apesar das armas serem testadas, inspecionadas e segurança e sem munição introduzida na câmara;
empacotadas antes de saírem da fábrica, o fabricante
aconselha sempre ao potencial utilizador de a inspecio- • Introduza apenas a munição na câmara quando esti-
nar cuidadosamente, a fim de se assegurar de que não ver pronto para atirar a um alvo conhecido e seguro;
está carregada ou avariada, reforçando assim a preocu-
• Sempre que empunhar uma arma, qualquer que seja o
pação relativamente à segurança.
propósito, aponte-a numa direção segura, desarme o
Conforme se pode constatar, o próprio fabricante cha- cão e verifique se está descarregada;
ma desde logo a atenção do utilizador para que confirme
se a arma está ou não descarregada, uma vez que, sem • Nunca apontar a arma a alguém ou algo - exceto em
a menor dúvida, uma arma descarregada e em seguran- situações imperiosas de serviço - se não pretende
ça é a arma mais segura. Neste aspecto particular, mais atirar, mesmo sabendo que está descarregada;
que em qualquer outro, todo o cuidado é pouco. O militar • Nunca aceite, devolva ou pouse uma arma sem que
deve ter extremo cuidado ao manusear a arma. Como é esteja descarregada, com o cão desarmado e com o
sabido, e de acordo com o artigo transcrito, os aciden-
tambor aberto (no caso dos revólveres);
tes ocorrem muito rapidamente e ferir ou matar alguém
pode ter conseqüências muito graves. • Verifique com freqüência o estado de conservação e

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 125


limpeza da sua arma, pois só assim poderá prevenir • Tenha sempre absoluta certeza quanto ao seu alvo e
futuras avarias, que teriam conseqüências graves à zona por detrás dele, antes de premir o gatilho. Um
em situação de crise. Tenha especial atenção ao bom projétil pode percorrer uma distância de várias deze-
funcionamento e desobstrução do carregador, corre- nas/centenas de metros, para além do alvo
diça/culatra, câmara e cano;
• Nunca dispare perto de um animal, a não ser que este-
• Ao terminar o serviço, se possível, guarde a arma na ja treinado para aceitar o som produzido;
arrecadação de material de guerra;
• Nunca incorra em “brincadeiras” quando tiver a sua
• Não leve a arma para a caserna, nem a deixe guardada arma empunhada;
no armário;
• Em caso de falha de disparo, mantenha sempre a
• Não se iniba de chamar à atenção ou repreender um arma apontada ao alvo, ou para uma área segura, e
subordinado, sempre que verificar que estão a ser des- espere 10 seg. Se por acaso ocorreu uma falha na igni-
respeitadas as normas elementares de segurança; ção da munição, retardando a mesma, o disparo pode
ocorrer passados 10 seg. Se, após transcorrido este
• Ao guardar a sua arma em casa, descarregue-a e efe-
tempo a situação se mantiver, acione novamente o
tue as operações de segurança, coloque-a num local
gatilho. (Retirar a munição e examiná-la, a fim de de-
onde seja inacessível a qualquer outra pessoa, em es-
terminar se houve ou não percussão. Se não houve, a
pecial a crianças, de preferência num compartimento
causa pode ficar a dever-se ao percussor estar parti-
fechado à chave. A arma e as munições devem ser
do, pelo que é aconselhável fazer com que a arma seja
guardadas em locais separados;
observada pelo mecânico de armamento. Se houve, a
• Não abandone nunca a sua arma, pois pode ser usada causa é a munição)
contra si;
• Assegure-se sempre que a sua arma não está carre-
• Nunca deixe a arma em local onde possa ser facilmen- gada antes de a limpar ou guardar;
te furtada, como por exemplo no porta-luvas do carro;
• Não efetue modificações na arma, pois o mecanismo
• Quando transportar a arma na mão, nunca deixe que de segurança e o seu próprio funcionamento podem
qualquer parte da mão ou outro objeto toquem no ser afetados;
gatilho;
• Tenha sempre particular atenção a sinais de corro-
• Nunca deixar a pistola pronta a atirar se essa não for são, utilização de munições danificadas, deixar cair a
a sua intenção; arma no chão, ou outro qualquer tipo de tratamento
inapropriado, pois tal pode causar estragos imper-
• Utilize sempre munições de qualidade e do calibre ceptíveis. Se tal acontecer entregá-la ao mecânico de
apropriado para a sua arma; armamento da Unidade para que seja vista;

• Nunca consuma bebidas alcoólicas ou drogas antes • Nunca abusar da utilização da arma, para fins distin-
ou durante a realização do tiro; tos da realização de tiro (real/“em seco”);

• Utilize sempre óculos de proteção e protetores de • NÃO LEIA apenas estas regras básicas!, PRATIQUE-
ouvidos durante o tiro; -AS e obrigue quem estiver junto a si a fazê-lo.

• Nunca premir o gatilho ou colocar o dedo no guar- • Pense sempre que o primeiro e mais importante aspec-
da-mato, se não tiver em condições de apontar a um to da segurança de qualquer arma é o atirador. Todos
alvo e fazer fogo;

126 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


os dispositivos de segurança são mecânicos e o atira- Pelo fato das armas se distinguirem pelo seu manu-
dor é o único que põe a arma em fogo/segurança. Não seio, o atirador nunca deve disparar com a arma antes de
confie naqueles dispositivos, pense de forma prevista com ela se ter familiarizado. É necessário estudar o seu
e evite situações que possam provocar acidentes. funcionamento e praticar o seu manejo, sem a carregar -
exercícios “em seco” -, para se familiarizar com ela. (NAS-
CIMENTO, 2002).

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Capítulo 6

128 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


LEGISLAÇÃO E REGULAMENTOS 6.2. Direito Constitucional

6. NOÇÕES BÁSICAS DE Prezado,

DIREITO E DE LEGISLAÇÃO Esse capítulo trata de noções de Direito Constitucio-


nal, que tem o objetivo de abrir as portas do conhecimento
jurídico, com a compreensão da principal norma do Estado
6.1. Introdução que é a Constituição Federal, conhecida como a lei das leis,
ou Carta Magna. A partir dos preceitos constitucionais
Prezados Militares, são moldadas todas as demais normas jurídicas de uma
sociedade, ou seja, as leis somente têm validade quando
Nesta parte do Manual você encontrará algumas in-
estão em conformidade com a Constituição Federal.
formações sobre o ordenamento jurídico brasileiro rela-
cionadas às missões dos Bombeiros Militares. Você perceberá que a Constituição Federal é a repre-
sentação do contrato social, no qual cedemos parte de
Inicialmente, alguns conceitos serão necessários para nossas liberdades para possibilitar a convivência na so-
compreender o Direito Constitucional, base dos demais ciedade com o outro, eis que ninguém conseguiria viver
ramos direitos (como o Penal, o Administrativo e as le- em comunidade na mais absoluta liberdade.
gislações específicas do CBMERJ) e de onde se ditam as
regras básicas de convivência em sociedade. Entendendo isso, você ingressará em uma breve ca-
minhada no conhecimento dos direitos e deveres funda-
Assim, você irá compreender no Direito Constitu- mentais dos seres humanos.
cional a missão institucional dos Corpos de Bombeiros,
bem como os direitos e as restrições que estão sujeitos E você, conhece a Constituição do Brasil? Sabe de sua im-
os militares para bem cumpri-la. Além disso, irá estudar portância? Vamos estudá-la, então? Afinal, é com uma Cons-
alguns direitos e garantias fundamentais dos indivíduos, tituição que nasce o Estado da forma como o conhecemos!
que devem ser resguardados por todos os agentes públi- Bem, primeiramente, a Constituição é a concretização do
cos, especialmente os incumbidos da segurança pública. contrato social que as pessoas fazem, em comum acordo,
Após e para entender a administração pública e seus para possibilitar a convivência em sociedade. Ora, ninguém
deveres como agente público, no Direito Administrativo conseguiria viver em sociedade na mais absoluta liberda-
de. Você concorda não é? Assim, a vida em comum obriga
você irá se deparar com alguns conceitos importantes.
o respeito ao direito de outrem, sendo tal direito e obriga-
Em seguida, você se deparará, nas legislações especí- ção fundamentados na Constituição Federal. Se não fosse
ficas, com informações cruciais sobre a organização do assim, todos iriam querer descansar, só haveria domingos,
CBMERJ, suas atribuições, bem como sobre o regime ju- não precisariam trabalhar, o furto seria rotineiro, as mortes
rídico dos Bombeiros Militares. seriam comuns, etc. Enfim, um verdadeiro caos.
Por fim, você terá oportunidade de estudar uma teoria Mas como assim? Não assinei nenhum contrato com
básica do Direito Penal e do Direito Disciplinar, peculia- ninguém? Por que tenho que respeitar então? Não é bem
res pela nossa situação de militares. assim. Não houve um momento em que todos os mem-
bros da sociedade se reunissem e assinassem um docu-
Bom estudo! mento. Não foi assim diretamente, mas indiretamente. A

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 129


aceitação desse contrato aconteceu por meio de nossos Direitos e garantias fundamentais sãos, então, aque-
representantes eleitos em uma Assembleia Nacional les básicos para que as pessoas possam ter uma vida
Constituinte. Ocorrida nos anos de 1980 no Brasil, re- em paz e harmonia. Estão listados no artigo 5º de nossa
sultou na nossa Constituição, promulgada em 1988. Nós Constituição e devem ser compreendidos pelo aluno.
escolhemos nossos representantes e eles redigiram as A Constituição Federal de 1988 classifica os direitos e
cláusulas desse nosso contrato social. Abrimos mãos de as garantias como sendo os referentes à vida, à liberda-
certas liberdades em troca de organização e segurança. de, à igualdade, à segurança e à propriedade:
Um momento! O Estado nasceu com a Constituição? Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
Isso mesmo. Nosso Estado atual, com as instituições que qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos es-
hoje existem, foi moldado com a Constituição em 1988. trangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à
Quando falamos em Estado, queremos indicar a socie- vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
dade organizada política e juridicamente e destinada a Veja que a Constituição buscou garantir uma igual-
alcançar o bem comum. O Estado é uma criação humana. dade jurídica. Dessa forma, clama-se pela igualdade
E é a Constituição que tem a importante tarefa de criar e substancial (iguais oportunidades para todos, a serem
explicar como será esse Estado. propiciadas pelo Estado), a qual significa, em síntese,
A nossa Constituição, então, é um sistema de normas tratar de maneira igual os iguais e de maneira desigual
jurídicas, escritas em um documento formal, que regula a os desiguais, na medida de sua desigualdade. A aparente
forma de Estado, a forma de nosso Governo, o modo de quebra do princípio da isonomia (igualdade das partes),
aquisição e de exercício do poder, estabelece os seus ór- no ordenamento jurídico (por exemplo: vagas reservadas
gãos e os limites de sua atuação. para deficientes físicos nos estacionamentos de veícu-
Nossa forma de Estado é uma Federação, pois há um los), obedece exatamente ao princípio da igualdade real
poder central, a União, e diversos Estados Membros, e proporcional, que impõe tratamento desigual aos de-
como o Estado do Rio de Janeiro. Não há hierarquia entre siguais, justamente para que, supridas as diferenças, se
os Estados e a União. Cada um possui seu feixe de com- atinja a igualdade substancial. O artigo 5º possui vários
petências, também regulado na Constituição. incisos, os quais podemos destacar:

Nossa forma de Governo é a República, o governo II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
do povo e para o povo. Nossos representantes, tanto o
chefe do Poder Executivo como os integrantes do Legis- Esse inciso é muito importante. O agente público não
lativo têm investidura temporária, por meio de eleições. pode impor sua vontade ao particular se essa vontade
É, então, diferente da Monarquia, que é outra forma de não estiver respaldada em lei. Exigir uma postura do par-
governo e que se caracteriza pela vitaliciedade do rei, rai- ticular que não esteja prevista na lei pode configurar-se
nha, imperador ou príncipe no poder. como abuso de poder, como será visto na unidade do Di-
reito Administrativo.
Agora que você entendeu a importância e o papel da
Constituição, vamos avançar para uma de suas partes III - ninguém será submetido à tortura nem a tra-
mais importantes, os direitos e garantias fundamentais tamento desumano ou degradante;
dos indivíduos. O dispositivo tem endereço certo: as autoridades pú-
Esses direitos e garantias são tão importantes, que são blicas e seus agentes. A Lei Federal nº 9.455/1997 define
considerados como cláusulas pétreas. Mas o que é isso? os crimes de tortura. Qualquer prática de tortura é crime
e deve ser punida.
Bem, as cláusulas pétreas, previstas na Constituição
Federal em seu artigo 60, parágrafo quarto, são aqueles IV - é livre a manifestação do pensamento, sen-
do vedado o anonimato;
artigos da Constituição Federal que não podem ser mo-
dificados. Ou seja, nossos atuais representantes eleitos, Exteriorizar o pensamento por meio de palavras, ima-
nem por unanimidade, não podem eliminar um desses di- gens, símbolos, gestos, fotografias e desenhos é garanti-
reitos ou garantias. do pela Constituição Federal.

130 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Mas atenção! Como militares, esse valor fundamental Esses incisos são muito interessantes para os Bom-
de expressar opiniões deve ser harmonizado com outro beiros Militares. Em situação de emergência, o agente
valor também constitucional, o princípio da hierarquia e público poderá utilizar de bens particulares, quaisquer
disciplina militares, como será visto mais à frente. Diferen- que sejam, que serão devolvidos após a operação.
te de um servidor civil, o militar deve, primeiro, expressar
Quanto utilizar de um bem particular para o serviço de
suas opiniões seguindo a cadeia hierárquica, levando suas
Bombeiro, é muito importante que a descrição detalhada do
demandas ao conhecimento das autoridades a que estiver
bem, antes e depois de seu uso, sejam anotadas no registro
subordinado. Não é compatível com a hierarquia e a dis-
da ocorrência. Da mesma forma, ao término de uso, os bens
ciplina (prevista no art. 42 da Constituição Federal) que o
devem ser devolvidos ao proprietário. Caso isso não seja
militar use redes sociais ou outros meios para demonstrar
possível logo após a operação, os bens devem ficar à dispo-
insatisfações com a Corporação Militar. Primeiro, deve
sição do proprietário no quartel de bombeiros mais próximo.
procurar as autoridades militares responsáveis.
Além disso, é importante lembrar que, contra o abuso Caso um desses bens sejam danificados, o proprie-
nesse direito de expressão, é assegurado ao ofendido o di- tário poderá depois requerer indenização do Estado. Do
reito de resposta, proporcional ao agravo, além da indeni- Estado, não do agente que usou legitimamente.
zação por dano material, moral ou à imagem (art. 5º, V, CF). XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Po-
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a der Judiciário lesão ou ameaça a direito;
honra e a imagem das pessoas, assegurado O agente público é também responsável pelos atos que
o direito a indenização pelo dano material causem danos ou ameacem a causar danos. Basta qual-
ou moral decorrente de sua violação; quer indivíduo invocar uma lesão ou ameaça para contar
As pessoas possuem intimidade, honra e vida privada com o pronunciamento do Judiciário, o qual, por sua vez,
que são invioláveis e asseguradas pela Constituição Fe- garante sempre o acesso à justiça. Nenhuma norma jurídi-
deral. Constituem crimes a divulgação de segredo (artigo ca pode impedir a pessoa de ter acesso ao Poder Judiciá-
153, do Código Penal) e a violação da honra (calúnia, difa- rio para resolver seus conflitos, isto é, seus litígios.
mação e injúria).
Por outro lado, o militar também pode, a qualquer mo-
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém mento, demandar o Judiciário na defesa de seus direitos.
nela podendo penetrar sem consentimento Não é necessário esgotar as vias administrativas, apesar
do morador, salvo em caso de flagrante de- de ser aconselhável solicitar um pronunciamento admi-
lito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, nistrativo prévio, até para não peticionar ao Judiciário
durante o dia, por determinação judicial; sem necessidade.
Conforme a Constituição Federal dispõe, a casa é asi-
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o de-
lo inviolável do indivíduo e ninguém pode penetrar sem
fina, nem pena sem prévia cominação legal;
consentimento do morador, salvo em caso de prisão de
flagrante delito ou desastre, para prestar socorro, ou O princípio da legalidade na esfera penal quer dizer
durante o dia por determinação judicial. Portanto, há que somente existe crime se houver previsão legal ante-
uma situação para violação da casa de interesse para os rior à conduta criminosa. Por exemplo, só existe crime de
Bombeiros Militares: a qualquer hora do dia, em caso de furto porque já existe lei anterior fazendo a previsão. E,
desastre e para prestar socorro. Inclusive nas casas ao ainda, somente existe cominação de pena porque já tem
lado, caso seja necessário para o socorro. previsão legal. Em vista disso, não podemos acusar nin-
XXII - é garantido o direito de propriedade; guém de cometer um crime, se a conduta não estiver pre-
vista em lei como crime. Caso façamos isso, seremos nós
XXV - no caso de iminente perigo público, a au-
que estaremos cometendo crime, no caso a difamação.
toridade competente poderá usar de pro-
priedade particular, assegurada ao proprie- XLI - a lei punirá qualquer discriminação atenta-
tário indenização ulterior, se houver dano; tória dos direitos e liberdades fundamentais;

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 131


A lei nº 8.081/90 estabeleceu os crimes e as penas disciplinar ou crime propriamente militar, é possível o militar
aplicáveis aos atos discriminatórios ou de preconceito ser preso mesmo não estando em flagrante ou mesmo sem
de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional prati- ordem judicial. A lei tratará desses casos. Veremos essa par-
cados pelos meios de comunicação ou por publicação de te melhor quando estudarmos o Direito Disciplinar Militar.
qualquer natureza. LXIII - o preso será informado de seus direitos,
XLII - a prática do racismo constitui crime ina- entre os quais o de permanecer calado, sen-
fiançável e imprescritível, sujeito à pena de do-lhe assegurada a assistência da família e
reclusão, nos termos da lei; de advogado;
A lei nº 7.716/89, alterada pela lei nº 9.459/97, estabe- LXIV - o preso tem direito à identificação dos
lece os crimes resultantes de raça ou cor, constituindo responsáveis por sua prisão ou por seu in-
tal crime inafiançável e imprescritível. Inafiançável quer terrogatório policial;
dizer que se a pessoa for presa em flagrante não pode- Os incisos acima tratam dos direitos dos presos no
rá pagar fiança para responder pelo crime em liberdade. momento da prisão.
Imprescritível quer dizer que o crime jamais será prescri-
to. Podem passar 20, 30 ou 40 anos da prática delituosa Todos esses direitos estão no artigo 5º. Além desses,
que o criminoso estará sujeito a responder a processo de há direitos espalhados por toda a Constituição.
crime de racismo e à cominação das penas. Por exemplo, Viu só! O Estado e você, agente público, devem se esfor-
supondo que alguém pratique crime de racismo e resol- çar para garantir os direitos dos membros de sua sociedade.
va passar 20 anos (escondido) no país vizinho para fugir Assim, eles terão cada vez mais orgulho do contrato social
do processo criminal. Ora, mesmo passado tanto tempo que seus representantes eleitos redigiram, tendo confiança
quando pisar no Brasil estará sujeito às penas de crime na instituição que teve a destinação constitucional de salva-
de racismo, pois tal crime é imprescritível. guardar suas vidas e patrimônios, os Corpos de Bombeiros.
LVII - ninguém será considerado culpado até o Aqui, concluímos nossa Unidade. O que você achou?
trânsito em julgado de sentença penal con- Percebeu que é necessário consultar a Constituição, não é?
denatória; Também é necessário que se faça relações com a prática.
Até o trânsito em julgado de um processo penal, o acu- São muitas questões e cabe a você ser um militar proativo,
sado é considerado inocente. Isto é, o acusado de um cri- buscando se aprofundar com leituras complementares.
me deve ser considerado inocente até que a sentença con-
denatória transite em julgado (ou seja, até que não caiba 6.3. Noções de Direito
mais discussão da causa por meio recurso). Em vista disso, Administrativo
mesmo que presenciemos um crime em flagrante, devere-
Caro Bombeiro Militar,
mos tratar o preso como inocente, respeitando seus direi-
tos, pois não sabemos todas as circunstâncias envolvidas, Você está iniciando um novo tópico, que irá tratar so-
o que apenas será esclarecido no processo penal. bre as Noções de Direito Administrativo, imprescindíveis
LXI - ninguém será preso senão em flagrante para entender a natureza dos órgãos públicos em todas
delito ou por ordem escrita e fundamentada as suas esferas, inclusive os Corpos de Bombeiros, além
de autoridade judiciária competente, salvo dos instrumentos utilizados pelo Estado para manter
nos casos de transgressão militar ou crime uma sociedade em paz e em harmonia.
propriamente militar, definidos em lei; Nesta unidade você será informado sobre a adminis-
Esse inciso é muito importante para entender como as tração pública, suas formas e estruturas, responsável
restrições aos direitos fundamentais são mais severos para pela efetivação da segurança pública. Você verá como a
os militares, em virtude da missão constitucional pela qual Constituição Federal concebe a administração pública e
estão incumbidos. Ninguém pode ser preso, senão em fla- como se busca efetivar as suas funções junto à socieda-
grante ou por ordem judicial. Essa garantia, no entanto, não de que para tanto, utiliza-se dos atos administrativos e
se aplica plenamente aos militares. Em caso de transgressão dos poderes públicos.

132 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Para iniciar os seus estudos, analise o que se segue. de satisfazer o bem comum da sociedade”, isto
é, estabelecer a organização e o funcionamento
O Estado Democrático de Direito é a característica
das estruturas estatais e não estatais encarre-
principal da organização administrativa do Brasil, art. 1º
gadas pelo desempenho das ações governamen-
da Constituição Federal.
tais em prol da sociedade com a finalidade de
Interessante notar que o Estado Democrático de Direi- satisfazer o bem comum.
to tem como premissa o poder do povo, pois: “Todo o poder
emana do povo, que o exerce por meio de representantes Para que esse objetivo de atender a sociedade se
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição” concretize, há uma premissa que define o Direito Admi-
(Parágrafo único do art. 1º, da Constituição Federal). nistrativo: a supremacia do interesse público sobre o in-
teresse privado, ou seja, o interesse público deve sempre
Mas o que isso significa? Que importância tem no âm-
preponderar sobre o interesse privado.
bito da administração pública?
Interesse público é aquele interesse que ultrapassa o
No contexto dessa indagação, é importante salientar
que é meu, que não pode ser individualizado. O interesse
que o Direito Administrativo regula justamente a função
público se consubstancia, por exemplo, na desapropriação
administrativa, que é o conjunto de atividades que devem
de um terreno para construção de uma escola, ou na desa-
ser desenvolvidas pelo Estado visando atender a socieda-
propriação de terreno para construção de um hospital.
de. Como o Estado é instrumento da sociedade, o Estado ja-
mais poderá ser senhor do cidadão, pelo contrário, é o cida- Como exemplo, a abertura de uma boate deverá respei-
dão o senhor do Estado. Afinal, todo poder emana do povo. tar a supremacia do interesse público, ou seja, o interesse
público (coletivo) deverá preponderar sobre o individual,
Mas qual é o objeto de estudo do Direito Administrativo?
muito embora a boate gere impostos e empregos. Assim,
O objeto de estudo do Direito Administrativo é a fun- antes da abertura de qualquer boate, deve ser observada a
ção instrumental do Estado, sempre com foco voltado Lei de Zoneamento Urbano, em prol do interesse público,
para o contexto social, pois a administração pública visa uma vez que em área residencial não poderá surgir indús-
a sociedade e o cidadão. trias ou atividades incompatíveis com a tranqüilidade de
uma área destinada somente a residências. Enfim, o inte-
Do objeto de estudo do Direito Administrativo encon-
resse público sempre deverá preponderar sob o privado.
tramos seu conceito: “É o conjunto de normas jurídicas de
direito público que regula as atividades administrativas, Além dessa supremacia, há outros princípios que nor-
necessárias à satisfação dos direitos fundamentais pre- teiam a Administração Pública. Vejamos.
vistos na Constituição Federal e à organização e o fun-
Princípios são orientações, diretrizes, preceitos que
cionamento das estruturas estatais e não estatais com a
qualquer gestor da administração pública, como, por
finalidade de satisfazer o bem comum da sociedade.” exemplo, prefeitos municipais, secretários, funcionários
Vamos entender melhor esse conceito? Veja como ele públicos em geral e a população, deve observar quando
se estrutura, dividindo-o em frases. lidar com o interesse público.
a) “É o conjunto de normas jurídicas (...)”, ou seja, prin- Princípio da legalidade. Pelo princípio da legalidade a
cípios, lei, decretos, portarias, atos normativos. administração pública, em toda a sua atividade, está pre-
sa aos mandamentos da lei, deles não se podendo afas-
b) “(...) que regula as atividades administrativas (...)”
tar, sob pena de invalidade do ato e responsabilidade de
isto é, as atividades de cunho administrativo,
seu autor.
executadas pela administração pública.
Isso quer dizer, que o administrador público está, em
c) “(...) necessárias à satisfação dos direitos funda-
toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos
mentais previstos na Constituição Federal (...)”.
da lei, não se podendo afastar ou desviar, sob pena de
d) “(...) e à organização e o funcionamento das es- praticar ato inválido e expor-se à responsabilidade admi-
truturas estatais e não estatais com a finalidade nistrativa, civil e criminal.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 133


Assim, qualquer ação estatal sem o correspondente éticos, trabalhando pautado no bem comum. Os atos ad-
calço legal, ou que exceda ao âmbito demarcado pela lei, ministrativos passam por um controle ético para averi-
é injurídica e expõe-se à anulação. guar a manifestação do Estado (impessoalidade).
A administração pública só pode fazer o que a lei auto- A Constituição Federal de 1988 estabelece, quanto à
riza. Se a lei nada dispuser, não pode a administração pú- moralidade do gestor da coisa pública, o seguinte:
blica agir. Para o agente público, a legalidade é mais rigo- “Os atos de improbidade administrativa im-
rosa do que para o particular. Enquanto o agente público portarão a suspensão dos direitos políticos,
só pode fazer o que lei determina, uma pessoa particular a perda da função pública, a indisponibilida-
pode fazer tudo o que a lei permite e tudo o que a lei não de dos bens e o ressarcimento ao erário, na
proíbe. Por exemplo, uma placa de proibido estacionar, forma e gradação previstas em lei, sem pre-
pois onde houver tal placa será proibido estacionar, to- juízo da ação penal cabível” (artigo 37, § 4º,
davia, onde não houver será possível estacionar, pois da Constituição Federal).
tudo o que não é proibido é permitido. A regra do parti- A lei nº 8.429/82 regula a improbidade administrativa,
cular é aquela vista no art. 5º, II, da Constituição Federal, tratando de determinadas condutas que presumidamen-
em que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer te são em desfavor do erário público. Por exemplo: venda
alguma coisa senão em virtude de lei. do bem público abaixo do preço do mercado.
Para nós, bombeiros militares, a legalidade é mais ri- Por isso, não basta que os atos administrativos
gorosa. Se não tiver previsto em lei, não podemos fazer. sejam pautados na lei, têm que ser tratados de ma-
Todos as nossas ações como militares devem ter uma lei neira ética, com moralidade, em prol do bem comum.
que regulamente. Por isso, a importância de conhecer O princípio da moralidade traz a idéia de proteção da
nossas legislações específicas. boa administração pública, voltada para o bem, para a
Princípio da impessoalidade ou princípio da fina- questão ética.
lidade (pública). Todo ato (atividade) administrativo é Princípio da publicidade. Trabalhar com o princípio da
voltado para um fim que é público, o bem comum e a ga- publicidade é trabalhar em duas frentes:
rantia dos direitos fundamentais do cidadão.
1) o princípio da publicidade é o direito do cidadão de
A melhoria da convivência, não de forma individuali- conhecer a atividade administrativa. Todo cidadão
zada, é a finalidade da administração pública, pois é por tem direito de peticionar a administração pública
meio do bem comum, do trabalho com a coletividade e da para conhecer os atos públicos. Todavia, há neces-
exclusão da finalidade privada que se constrói a ativida- sidade de limitação da publicidade, em alguns ca-
de administrativa. sos, para preservação da atividade administrativa.
O princípio da publicidade sempre comportará li-
Logo, a finalidade da administração é garantir o bem
mitação para preservação dos direitos individuais;
comum (propiciar a melhoria da vida da sociedade).
2) a publicidade como instrumento de controle da
Não se pode tornar pessoal a atividade administrati- administração pública e como requisito de vali-
va, porque há uma finalidade que é pública. Não se pode dade (eficácia) do ato administrativo, pois esse
dirigir a atividade voltada a interesse particular, pois o só é eficaz após sua publicidade. A publicidade é
princípio da impessoalidade é a garantia de que a ativi- condição de eficácia do ato administrativo.
dade administrativa atinge – alcança – o fim público.
Princípio da eficiência. A administração pública deve
Princípio da moralidade. Esse deriva do princípio da nas suas funções agir com eficiência em prol do bem-es-
legalidade e da impessoalidade. Afastando-se da lega- tar social. Por isso, tem o dever de atender o administra-
lidade e da impessoalidade tem-se uma conduta imoral do da melhor maneira e suprir as necessidades da socie-
por parte do gestor da coisa pública. A conduta do ad- dade nas mais diversas áreas como saúde, segurança,
ministrador público tem que ser proba, pautada na fé educação, saneamento básico, entre outras. Trabalhar
pública. Ele tem que agir dentro dos princípios e valores com eficiência é trabalhar em três planos:

134 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


1) eficiência propriamente dita – internamente, de- Já vimos que função administrativa é o conjunto de
ver de eficiência do servidor público; atividades que o Estado exerce.
2) eficácia – busca por uma política de resultado. Segue três atividades que a administração pública
Pega o princípio que era interno e passa a ser ex- pode desenvolver.
terno. Eficácia é aquilo que dá resultado. A partir
1) Do poder de regular a vida em sociedade, o Esta-
de 1998, começa-se a trabalhar com a política de do utiliza-se do PODER DE POLÍCIA que consis-
metas (implantada pela lei de responsabilidade te na limitação de direitos que a administração
fiscal). A administração pública precisa dar re- pública estabelece para melhor convivência en-
sultados Trabalhar com política de metas para tre os cidadãos. O poder de polícia de natureza
todos os campos da administração pública; administrativa tem por fim limitar atividades
3) efetividade – A presença do Estado na socieda- lícitas. O poder de polícia é realizado pelo Esta-
de. É a comprovação do resultado da administra- do (por sua administração pública), não podendo
ção pública, o cumprimento da função social. delegar, outorgar tal poder a terceiros. Assim, só
o Estado, por si, pode realizar o poder de polícia.
Em suma, os cinco princípios estão, expressamente,
contidos na Constituição Federal de 1988, em seu art. 2) Do dever de prestar atividades (comodidades
37, sendo que esses cinco princípios são a base do Direi- materiais), o Estado utiliza-se dos SERVIÇOS
to Administrativo. Todavia, há outros princípios que não PÚBLICOS que consiste na entrega de comodi-
estão na Constituição Federal, porém estão ligados ao dades materiais à população que por ela serão
Direito Administrativo. fruídas diretamente, como exemplos: trans-
portes coletivos, serviços de telecomunicação,
Princípio da autotutela. Princípio que está baseado energia elétrica, etc. Tem-se o aproveitamento
em duas premissas: supremacia do interesse público e de uma comodidade material. A comunidade
legalidade. usufrui algo que é fornecido pelo Estado. Esse
Perceba que o interesse público deve ser tutelado pode ser delegado a terceiros.
constantemente, pois a administração pública tem o 3) Da promoção do bem comum, o Estado utiliza-se
poder e o dever de manter o controle sobre os seus pró- do FOMENTO PÚBLICO que consiste no incenti-
prios atos, pois os interesses públicos são supremos e vo, na participação do Estado na iniciativa pri-
indisponíveis. vada. Ocorre quando o Estado não exerce ativi-
A administração pública não precisa de intervenção dades por si, e, a empresa privada o faz, então, o
do Poder Judiciário para corrigir as condutas da adminis- Estado tem o dever de incentivar. São atividades
tração pública. Os atos da administração pública pode- desenvolvidas na área econômica, assistencial
rão ser convalidados de acordo com o interesse público, e cultural. É a parceria do Estado com o poder
como o bem comum. privado. Como exemplos: fomento econômico,
assistencial e cultural para a realização de um
A administração pública está obrigada a policiar, em Grande Evento esportivo.
relação ao mérito e à legalidade, os atos administrati-
vos que pratica. Cabe a administração pública retirar os Para que o Estado desenvolva essas atividades, ele,
efeitos desses atos administrativos por meio da REVO- naturalmente, precisa de poderes, pois se não tiver po-
GAÇÃO, quando são inconvenientes e inoportunos para a der, ninguém respeitará as suas imposições.
administração pública; e, pela ANULAÇÃO, quando atos O que é poder e quais são os poderes do Estado?
administrativos são ilegais.
Poder é a capacidade de agir. E nas relações pesso-
Entendidos os princípios, passaremos a estudar agora ais, o poder será predomínio de vontades. Para a admi-
as funções administrativas e os poderes que as garan- nistração o poder decorre de uma finalidade pública.
tem. Todo poder administrativo deve ser legítimo (vontade

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 135


do povo). Legitimação democrática – deve nascer do Mas não é só!
povo e voltar ao povo. O poder é decorrente da supre-
Para que a Administração seja eficaz em sua atuação,
macia do interesse público, para tanto, o poder tem que
os atos que ela emana, ou seja, as vontades que mani-
ser legal (legítimo), e, por meio dos meios empregados,
festa, como uma interdição, a requisição de um bem, o
os resultados obtidos deverão atingir a uma finalidade
ingresso na residência de alguém para prestar socorro,
pública, e, em decorrência, conterá o interesse público:
a determinação para que um cidadão seja revistado, en-
vontade do povo.
tre outras, precisam de características que garantam sua
Na administração pública o poder não é faculdade, é credibilidade.
competência, é dever de agir ou de se abster de agir. Na ad-
Essas características são os atributos dos atos admi-
ministração privada o poder é faculdade de agir. Dentro do
nistrativos.
princípio da legalidade sempre se entendeu o poder como
uma faculdade de agir. Hodiernamente, no Estado Demo- O que significa isso?
crático de Direito, não se pode mais entender o poder como Atributos dos atos administrativos são as caracterís-
faculdade de agir, mas como uma obrigação de agir. ticas dos atos administrativos realizados pela adminis-
Dentre os poderes, o que mais nos interessa é o poder tração pública e que decorrem do princípio da legalidade,
de polícia, por estar estritamente relacionada à regula- pois todos atos administrativos devem ter por fundamen-
ção da atividade dos particulares. to uma lei. Assim, a presunção de legitimidade, a imperati-
vidade, exigibilidade e a auto-executoriedade são caracte-
Poder de polícia é a limitação de direitos das pesso-
rísticas próprias de todos atos administrativos, veja!
as que a administração pública estabelece para melhor
convivência entre os cidadãos. Ou seja, é a faculdade de a) Presunção de legitimidade. Todo ato adminis-
que dispõe a administração pública para condicionar e trativo tem presunção de legitimidade, decor-
restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos in- rente do princípio da legalidade. Até que se pro-
dividuais, em benefício da coletividade ou do próprio Es- ve em contrário, presumem-se legítimos os atos
tado. O poder de polícia de natureza administrativa tem administrativos e verdadeiros os fatos neles
por fim limitar atividades lícitas e se difunde por toda a registrados. Exemplo, a notifi cação de trânsito
administração pública. realizada pelo agente de trânsito, pois, até que se
prove ao contrário, a notifi cação realizada pelo
Por exemplo, quando o Estado exige alguns requisitos
agente de trânsito presume-se verdadeira.
para um particular poder realizar um grande evento, ele
está atuando com o poder de polícia, pois está restrin- b) Imperatividade. O ato administrativo impõe
gindo o livre direito do cidadão com o objetivo de prote- coercibilidade para seu cumprimento e sua exe-
ger o fim público. Da mesma forma, quando o Corpo de cução. Os atos administrativos impõem-se a
Bombeiros Militar interdita um estabelecimento por não terceiros, independente da concordância deles,
cumprir as regras de segurança contra incêndio e pânico. desde que estejam de acordo com a legalidade.
Esse poder é muito importante, mas por atacar dire- c) Exigibilidade. O poder público exige o cumpri-
tamente o livre gozo de direitos pelo cidadão, deve ser mento das obrigações induzindo à obediência.
exercido com cautela, sempre em vista do interesse pú- Por isso, o ato administrativo manifesta uma
blico, sob risco de recair em abuso de poder. O abuso de exigência da administração pública. Por exem-
poder tem sanção prevista na Lei nº. 4.898, de 9 de de- plo, o fechamento de um rua pela Guarda Muni-
zembro de 1965. cipal para a passagem de uma procissão.
Vimos que a Administração tem muitas prerrogativas. d) Auto-executoriedade. Consiste na possibilidade
Ao seu lado está a supremacia do interesse público e ain- que certos atos administrativos ensejam de ime-
da tem poderes para fazer valer esse mesmo interesse, diato a direta execução pela própria administra-
podendo até restringir direitos dos cidadãos. ção, independentemente de ordem judicial.

136 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Mas, a Administração e seus agentes só possuem van- Neste sentido, confira-se o artigo 91 e 92 do Código
tagens? Não possui responsabilidades? Penal, em que se estabelece como uma das conseqüên-
Sim. Claro! cias da condenação a perda do cargo.
No âmbito da Administração Pública, é comum falar Responsabilidade por Improbidade Administrati-
em responsabilidade civil, penal e administrativa. va. Por fim, há a responsabilidade decorrente da Lei n.º
8.429/92, conhecida com Lei de Improbidade Adminis-
No desempenho de suas funções, os servidores pú-
trativa, cujo artigo 12 estabelece, que independentemen-
blicos podem cometer infrações que costumam ser de
te das sanções penais, civis e administrativas, o respon-
três ordens: administrativa, civil e criminal. Sem falar na
sável por ato de improbidade administrativa fica sujeito
responsabilidade por atos de improbidade administrati-
às punições específicas dos incisos I, II e III.
va, uma quarta esfera de responsabilização. Por serem
São três espécies de atos de improbidade estabeleci-
infrações de natureza diversa, suas consequências tam-
dos pela lei, ou seja:
bém são variadas, e podem se dar tanto no âmbito inter-
no quanto no externo à Administração. 1) os que importam em enriquecimento ilícito;
Responsabilidade Administrativa. Este tipo de res- 2) os que causam prejuízo ao erário, e
ponsabilidade resulta da violação de normas internas da 3) os que atentam contra os princípios da Ad-
Administração, quando o servidor está sujeito ao estatu- ministração Pública.
to e a disposições complementares estabelecidas em lei, Conforme o caso, as cominações podem ser: perda de
decreto ou qualquer outro provimento regulamentar da bens ou valores acrescidos ilicitamente, ressarcimento
função pública. integral do dano, perda da função pública, suspensão
A penalidade administrativa imposta ao servidor, dos direitos políticos, multa civil e proibição de contratar
depois de apurada a falta funcional mediante processo com o Poder Público.
administrativo ou sindicância, independe de eventual Facilmente, percebe-se que o agente público deve sem-
processo civil ou criminal, ou seja, desde logo é aplicável. pre atuar com base nas leis e regulamentos que o regem,
Responsabilidade Civil. Consiste na obrigação que se buscando sempre garantir os direitos dos cidadãos, obje-
impõe ao servidor de reparar o dano causado à Adminis- tivando o fim público. Por isso, deve sempre estar bem ins-
tração por culpa ou dolo no desempenho de suas funções. truído de qual sua função e qual seus poderes, deveres e
A responsabilidade do servidor, nesse caso, decorre de limites. O desvio ou o abuso em sua atuação pode resultar
ato culposo e lesivo, e se exaure com a indenização. Res- em diversas responsabilizações concomitantes.
salte-se também que a responsabilidade civil independe Parabéns, ao final desta unidade você concluiu mais
da responsabilidade administrativa e criminal, e se apura uma etapa importante.
mediante processo na Justiça comum. A atuação estatal envolve uma gama de atividades, en-
Apesar de termos dito que os tipos de responsabi- tre elas a execução da lei, a cargo da administração públi-
lidade atribuída aos servidores independam entre si, ca, que por meio dos seus órgãos torna efetiva a lei criada
deve-se ressaltar que a condenação criminal implica o pelo legislador. Por isso, você viu que não basta apenas
reconhecimento automático da responsabilidade funcio- criar leis, pois são necessárias a execução e a certeza do
nal e civil, pela comprovação da culpa. Por outro lado, a bem-estar de todos, finalidade precípua do Estado.
absolvição criminal nem sempre isenta o servidor destas Você conheceu ainda, nesta unidade, a responsabilida-
outras responsabilidades, uma vez que pode não haver de dos agentes públicos, importantes para se familiari-
ilícito penal e ainda assim persistir o ilícito administrati- zar com a administração pública.
vo e funcional.
Responsabilidade Penal. A responsabilidade criminal é
6.4. Legislação Específica de
a que resulta do cometimento de crimes funcionais. Tal ma- Bombeiros Militares
téria é de Direito Penal, e o servidor sujeito nesta situação Voltemos um pouto nas noções que já aprendemos, a
se submete ao processo crime e aos efeitos da condenação. fim de compreendermos melhor sobre nossas legislações.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 137


Vimos que, para que as pessoas pudessem viver em União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, to-
sociedade com segurança, o exercício de um direito por dos autônomos, nos termos desta Constituição.
um indivíduo não poderia atentar contra o direito de
A Federação é a primeira forma de divisão do poder, uma
outro. Assim, era necessária uma forma de organização
divisão espacial. Os assuntos de interesse nacional são de
social, em que uma parcela de direitos individuais fos-
responsabilidade da União, os de interesse regional são de
se restringida a fim de tornar possível a convivência e o
responsabilidade dos Estados e os de interesse local são de
desenvolvimento social. Essa organização social deu ori-
responsabilidade dos Municípios. Quem diz qual assunto é
gem ao Estado, que é um governo gerindo um determina-
de cada um é também a Constituição Federal.
do povo em um determinado território.
Ocorre que, ao longo dos anos, muitas formas de Esta- Além dessa distribuição espacial de poder, há uma dis-
do permitiam abusos contra os direitos individuais, dis- tribuição funcional do poder. Cada um desses entes da Fe-
tanciando-se da finalidade do próprio Estado. deração precisa tratar dos assuntos de sua competência.
Esse tratamento se dá primeiro com a edição de leis e, de-
Essas formas de Estado foram evoluindo gradativa-
pois, com a execução dessas leis e com o julgamento des-
mente na tentativa de limitar o poder do governante, im-
sas leis. Para evitar concentração de poder, essas funções
pedindo que atentasse contra os direitos fundamentais
são destinadas a órgãos distintos, os Poderes. O Poder
dos governados.
Legislativo reúne os representantes do povo e fazem as
Assim como o Estado limitava os direitos de seus ci- leis, disciplinado todos os assuntos de interesse. O Execu-
dadãos, também o Estado deveria ser limitado. Deveria tivo executa as leis, ou seja, implementa a vontade do povo
ter algo que limitasse os poderes do Estado frente ao transparecida nas leis. O Judiciário, de forma técnica e não
indivíduo. Esse algo era a Constituição. política, julga as leis e defende a Constituição, para que os
Atualmente, então, temos um Estado Constitucional, ou outros poderes não atentem contra seus valores.
seja, um Estado criado mediante um documento escrito pela
Toda essa divisão, primeiro espacial e depois funcio-
própria sociedade, superior a todas as leis e superior a todos
nal, visa a não acumular o poder nas mãos de uma única
os órgãos, que cria e organiza as instituições, limita os pode-
pessoa ou grupo.
res dos governantes e garante os direitos fundamentais da
sociedade. Por estar acima de todos os órgãos, não é possí- Assim como a Constituição Federal organiza todo o
vel atentar contra seus valores, como a igualdade de todos, Estado Brasileiro, cada ente, União, Estados e Municí-
homens e mulheres, e a liberdade de pensamento. Para evi- pios, precisa ser organizado de forma mais detalhada.
tar essas possíveis violações, há um órgão criado também Em vista disso, o Estado do Rio de Janeiro também
pela Constituição, que não é político, com a incumbência de tem sua Constituição (CERJ), que regulamenta seus ór-
zelar pela própria Constituição, o Poder Judiciário. gãos e suas competências, mas sempre respeitando as
Como visto, também, nosso Estado atual, com as ins- orientações da Constituição Federal.
tituições que hoje existem, inclusive o Corpo de Bombei-
Art. 7º CERJ - São Poderes do Estado, independentes
ros Militar, foi moldado com a Constituição em 1988.
e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Ju-
A forma de Estado escolhida para o Brasil por nossa diciário.
Constituição é a Federação, com a presença da União,
Estados e Municípios. A Federação é uma das formas de O Corpo de Bombeiros Militar está dentro do Poder
limitar o poder do governo, distribuindo esse poder es- Executivo do Estado do Rio de Janeiro. Observe.
pacialmente. Art. 135 CERJ - O Poder Executivo é exercido pelo Gover-
Importante frisar que não há hierarquia entre os Es- nador do Estado, auxiliado pelos Secretários de Estado.
tados e a União. Cada um possui seu feixe de competên-
Art. 144 CRFB/88. A segurança pública, dever do Esta-
cias, também regulado na Constituição.
do, direito e responsabilidade de todos, é exercida para
Art. 18 CRFB/88. A organização político-administra- a preservação da ordem pública e da incolumidade das
tiva da República Federativa do Brasil compreende a pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

138 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


... Art. 189 CERJ - Cabem à Polícia Militar a polícia os-
tensiva e a preservação da ordem pública; ao Corpo de
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
Bombeiros Militar, além das atribuições definidas em lei,
... incumbe a execução de atividades de defesa civil.
§ 6º As polícias militares e corpos de bom- Entendido onde se situa o Corpo de Bombeiros Militar
beiros militares, forças auxiliares e reserva no Estado Brasileiro, agora é importante entender suas
do Exército, subordinam-se, juntamente com atribuições.
as polícias civis, aos Governadores dos Esta- A primeira são as atividades de defesa civil. Mas o que
dos, do Distrito Federal e dos Territórios. é defesa civil. Quem regulamenta o que é defesa civil é
a União, em vista do interesse nacional em uniformizar o
Art. 184 CERJ - A Polícia Militar e o Corpo de Bombei- assunto.
ros Militar, forças auxiliares e reserva do Exército, subor- Art. 22 CRFB/88. Compete privativamente à União le-
dinam-se, com a Polícia Civil, ao Governador do Estado. gislar sobre:
Então, por ser um órgão do Estado do Rio de Janeiro, é ...
regulamentado primeiro pela Constituição Federal, mas XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defe-
também pela Constituição do Estado do Rio de Janeiro e sa marítima, defesa civil e mobilização nacional;
pelas diversas Leis do Estado do Rio de Janeiro.
A União regulamentou o assunto através da Lei Fede-
Importante observar que há uma hierarquia entre es- ral (da União) nº 12.608, de 10 de abril de 2012, que institui
sas normas. É como se fosse uma pirâmide. A Constitui- a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil.
ção do Estado do Rio de Janeiro deve respeitar a Cons- E as outras atribuições definidas em lei? Que lei é
tituição Federal, e as leis estaduais devem respeitar essa? Como o Corpo de Bombeiros Militar é Estadual,
a Constituição do Estado e a Federal. Ou seja, todas as são as leis do Estado do Rio de Janeiro que vão definir
leis só são válidas se estiverem de acordo com a Consti- essas outras atribuições, além de organizar o próprio
tuição Federal, que materializa a vontade da sociedade Corpo de Bombeiros Militar.
quando criou o Estado Brasileiro. O Estado do Rio de Janeiro é autônomo e ele regula-
A Constituição Federal é a primeira a indicar a existência menta seus próprios serviços. A Constituição Federal já
do Corpo de Bombeiros Militar e também suas atribuições. deixou isso expresso.
Art. 25 CRFB/88. Os Estados organizam-se e regem-
Art. 144 CRFB/88. A segurança pública, dever do Esta-
se pelas Constituições e leis que adotarem, observados
do, direito e responsabilidade de todos, é exercida para
os princípios desta Constituição.
a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: A regra é sempre a regulamentação dos assuntos de
responsabilidade dos entes por lei, porque a lei é o resul-
... tado do consenso dos nossos representantes. Veja.
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. Art. 98 CERJ - Cabe à Assembleia Legislativa com a
sanção do Governador do Estado, não exigida esta para o
...
especificado nos artigos 99 e 100, legislar sobre todas as
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia matérias de competência do Estado, entre as quais:
ostensiva e a preservação da ordem públi- ...
ca; aos corpos de bombeiros militares, além VIII - organização e fixação dos efetivos da Polícia
das atribuições definidas em lei, incumbe a Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, observadas as
execução de atividades de defesa civil. diretrizes fixadas na legislação federal;
A Constituição do Estado do Rio acaba repetindo essa Importante deixar claro que toda lei que se refira ao
atribuição. Corpo de Bombeiros Militar, bem como a seus militares,

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 139


deve ser iniciada pelo Governador de Estado. A ALERJ ...
delibera livremente, mas só após a iniciativa do Governa-
VI - dispor, mediante decreto, sobre:
dor, já que é um assunto do Poder Executivo.
a) organização e funcionamento da administração
Art. 112 CERJ - A iniciativa das leis complementares
estadual, que não implicar aumento de despesa
e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da
nem criação ou extinção de órgãos públicos;
Assembléia Legislativa, ao Governador do Estado, ao Tri-
bunal de Justiça, ao Ministério Público e aos cidadãos, na Importante que a fixação de efetivo é somente por lei,
forma e nos casos previstos nesta Constituição. de iniciativa do Governador. Por Decreto somente a alte-
ração da organização de órgãos já criados.
§ 1º - São de iniciativa privativa do Governa-
dor do Estado as leis que: Com isso, a atual estrutura do Corpo de Bombeiros Mi-
litar não obedece mais à Lei Estadual 250/79. Essa lei tem
I - fixem ou alterem os efetivos da Polícia Militar e do apenas os parâmetros básicos. Como exemplo, não somos
Corpo de Bombeiros Militar; mais ligados à Secretaria de Estado de Segurança Pública.
II - disponham sobre: A atual estrutura pode ser vista no Decreto Estadual
a) criação de cargos, funções ou empregos públi- RJ nº. 43.200, de 15 de setembro de 2011, com diversas al-
cos na administração direta e autárquica do Po- terações posteriores, que tratou da estrutura organiza-
der Executivo ou aumento de sua remuneração; cional da Secretaria de Estado de Defesa Civil – SEDEC.

b) servidores públicos do Estado, seu regime jurí- Quanto ao nosso efetivo, a Lei Estadual RJ nº. 250, de
dico, provimento de cargos, estabilidade e apo- 02 de julho de 1979, disciplinou que o Pessoal do Corpo
sentadoria de civis, reforma e transferência de de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro encon-
militares para a inatividade; tra-se em uma das seguintes situações:
... I – Pessoal da ativa;
d) criação e extinção de Secretarias de Estado e a) Oficiais BM constituindo os seguintes Quadros:
órgãos da administração pública, observado o
disposto o art. 145, caput, VI, da Constituição; 1 – Quadro de Oficiais BM Combatentes (QOC);

Então, a Lei Estadual que regulamentou o Corpo de 2 – Quadro de Oficiais BM de Saúde (QOS);
Bombeiros Militar é a Lei Estadual RJ nº. 250, de 02 de 3 – Quadro de Oficiais BM Especialistas (QOE);
julho de 1979, que dispõe sobre a organização básica do
4 – Quadro de Oficiais BM de Administração (QOA);
Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro.
5 – Capelães (Cpl).
Por outro lado, a Lei que fixou o efetivo do Corpo de
Bombeiros Militar é a Lei Estadual RJ nº. 5175, de 28 de b) Praças Especiais BM;
dezembro de 2007, alterada pela Lei Estadual RJ nº. 6170,
c) Praças BM;
de 05 de março de 2012.
d) Pessoal civil.
Mas há situações em que a Constituição Federal ou Es-
tadual ou a própria lei permite ao Governador tratar de as- II – Pessoal Inativo:
suntos por Decreto, meio mais fácil e ágil, para acompanhar a) Na Reserva Remunerada;
a dinâmica das mudanças sociais. Essa permissão é apenas
para a alteração da organização de órgãos já criados, des- b) Reformados;
de que não aumente despesa, desde que não necessite de c) Aposentados.
novos fontes de custeio. Ou seja, se der para resolver com
nossa arrecadação da Taxa de Incêndio, não precisa de lei. Observar que as especialidades dos Oficiais já estão
Art. 145 CERJ - Compete privativamente ao Governa- na Lei Estadual nº. 250/79, com cinco quadros distin-
dor do Estado: tos de Oficiais. Já as especialidades das Praças não foi

140 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


tratada por lei. O legislador delegou essa atribuição ao com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Es-
Governador, como se vê no art. 54, §2,º da Lei nº 250/79. tados, do Distrito Federal e dos Territórios.
Esse regulamentação por ato do Governador é o Decreto
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados,
Estadual nº. 716, de 20 de maio de 1976.
do Distrito Federal e dos Territórios, além do
Para o Decreto Estadual nº. 716, de 20 de maio de 1976, que vier a ser fixado em lei (Lei Estadual nº.
as Praças do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do 880/85), as disposições do art. 14, § 8º; do
Rio de Janeiro serão grupadas nas seguintes Qualifica- art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, caben-
ções de Bombeiros-Militares Particulares (QBMP): do a lei estadual específica (Lei Estadual nº.
880/85) dispor sobre as matérias do art. 142,
I - QBMP 0 - Combatente;
§ 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais
II - QBMP 1 - Busca e Salvamento; conferidas pelos respectivos governadores.
III - QBMP 2 - Condutor e Operador de Viaturas; § 2º Aos pensionistas dos militares dos Es-
IV - QBMP 3 - Manutenção de Motomecanização e tados, do Distrito Federal e dos Territórios
Equipamentos Especializado; aplica-se o que for fixado em lei específica
do respectivo ente estatal.
V - QBMP 4 - Músico;
Importante ficar claro que a Constituição Federal é a
VI - QBMP 5 - Operador e Manutenção e Equipa- norma superior entre todos no país. Ela pode ser modifica-
mentos Especializado; da por Emenda à Constituição, mas esse processo é muito
VII - QBMP 6 - Auxiliar de Saúde; mais difícil do que mudar uma lei comum. Isso faz com que
as normas da Constituição tenham mais estabilidade.
VIII - QBMP 7 - Corneteiro
O que estiver disciplinado na Constituição, lei nenhu-
IX - QBMP 8 - Marítimo;
ma pode tratar de forma diferente. No entanto, naquilo
X - QBMP 9 - Hidrante; que a Constituição não trata, a lei pode tratar como qui-
ser. Como exemplo, a Constituição não proíbe nem disci-
XI - QBMP - 1O - Guardas-Vidas;
plina o tempo fictício para militares (diferentemente dos
XII - QBMP 11 - Técnico em Emergências Médicas. servidores públicos, que proíbe). Sendo assim, a lei pode
As Praças poderão ser transferidas de uma QBMP tratar desse assunto livremente. Nossa Lei estadual, a
para outra, mediante autorização do Comandante-Geral nº. 880/85, trata dessa matéria, o que torna legal o tem-
da Corporação, e concorrerão às promoções dentro das po fictício para bombeiros militares.
vagas de sua QBMP. Agora, vamos ver o que está disposto nos artigos da
Interessante notar que as Praças podem trocar de qua- própria constituição federal que o art. 42 CRFB/88 faz
lificações, enquanto para os Oficiais isso não é possível. referência.

Agora você já é capaz de entender a organização, a Art. 14 CRFB/88 ...


missão e os quadros de pessoal do Corpo de Bombeiros ...
Militar. Já sabe quais as legislações que contém essas § 8º O militar alistável é elegível, atendidas
importantes informações. as seguintes condições:
A partir desse momento, então, passaremos a ver as I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá
disposições que se referem diretamente aos Militares, afastar-se da atividade;
aos Bombeiros Militares. Seus direitos e deveres.
(Ou seja, se se candidatar, já é demitido ou licenciado).
Voltemos à Constituição Federal.
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agrega-
Art. 42 CRFB/88. Os membros das Polícias Militares e do pela autoridade superior e, se eleito, passará automa-
Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas ticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 141


Art. 40 CRFB/88.... do depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não,
§ 9º - O tempo de contribuição federal, esta- transferido para a reserva, nos termos da lei;
dual ou municipal será contado para efeito IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
de aposentadoria e o tempo de serviço cor-
respondente para efeito de disponibilidade. V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar
filiado a partidos políticos;
Art. 142 CRFB ...
... VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julga-
do indigno do oficialato ou com ele incompatível, por deci-
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a
são de tribunal militar de caráter permanente, em tempo
punições disciplinares militares.
de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra;
Observação: Não cabe apenas sobre o mérito da pu-
nição, quanto ao tipo e quantidade da punição. Quanto à VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar
legalidade, se foram cumpridos os prazos, se teve direito a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por
de defesa, cabe habeas corpus. sentença transitada em julgado, será submetido ao jul-
gamento previsto no inciso anterior;
§ 3º Os membros das Forças Armadas são
denominados militares, aplicando-se-lhes, VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, in-
além das que vierem a ser fixadas em lei, as cisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos
seguintes disposições: XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com preva-
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a lência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea “c”;
elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da Repú-
“Art. 7º CRFB/88 ...
blica e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da
reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e ...
postos militares e, juntamente com os demais membros,
VIII - décimo terceiro salário com base na remunera-
o uso dos uniformes das Forças Armadas;
ção integral ou no valor da aposentadoria;
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou
XII - salário-família pago em razão do dependente do
emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese
trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
prevista no art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será transferido
para a reserva, nos termos da lei; XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
“Art. 37 CRFB/88 ... menos, um terço a mais do que o salário normal;
... XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos do salário, com a duração de cento e vinte dias;
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horá- XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
rios, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
(obs. Licença paternidade e maternidade estão na
...
Constituição do Estado, no art. 83, que prevê 180 dias de
c) a de dois cargos ou empregos privativos de maternidade e 30 dias de paternidade)
profissionais de saúde, com profissões re-
gulamentadas;” XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em cre-
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar
ches e pré-escolas;
posse em cargo, emprego ou função pública civil tempo-
rária, não eletiva, ainda que da administração indireta, res- ...
salvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea “c”, Art. 37 CRFB/88 ...
ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá,
enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas cargos, funções e empregos públicos da administração
para aquela promoção e transferência para a reserva, sen-

142 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


direta, autárquica e fundacional, dos membros de qual- tivo a responsabilidade por disciplinar determinada maté-
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito ria. Mas atenção: Lei é o instrumento correto para tratar
Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato de qualquer assunto, pois é resultado do consenso das
eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, forças políticas eleitas. Por isso, a Lei pode tratar de tudo
pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos que não for contrário à Constituição. Já as autoridades não
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pesso- podem tratar de tudo que não contrariar Lei e Constitui-
ais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder ção. Como é uma delegação, só podem tratar daquilo que
o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supre- foi expressamente autorizado. Isso é para evitar que o Po-
mo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Muni- der Executivo usurpe competências do Poder Legislativo.
cípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
Então, qual instrumento materializa essa disciplina
Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do
feita diretamente por autoridades do Executivo? De-
Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e
pende da autoridade. A diferenciação está no art. 3º do
Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio
Decreto Estadual nº 31.896, de 20 de setembro de 2002,
dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a
que dispõe sobre a uniformização dos atos oficiais no Es-
noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do
tado do Rio de Janeiro.
subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicá- Art. 3°- São atos oficiais da competência privativa:
vel este limite aos membros do Ministério Público, aos I - do Governador do Estado, as proposições de natureza
Procuradores e aos Defensores Públicos; legislativa reservadas à sua iniciativa e o decreto;
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quais- II - dos Secretários de Estado, as instruções expedidas
quer espécies remuneratórias para o efeito de remune- para a execução das leis, decretos e regulamentos, e
ração de pessoal do serviço público; em comum com os demais dirigentes dos órgãos di-
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por ser- retamente subordinados ao Governador do Estado, a
vidor público não serão computados nem acumulados resolução;
para fins de concessão de acréscimos ulteriores; III - dos órgãos colegiados, de natureza não consultiva, a
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de deliberação;
cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado IV - das demais autoridades e agentes da administração,
o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. a portaria. (aqui entra o Comandante-Geral do CB-
39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;” MERJ)
IX - (Revogado) § 1º - Os atos de comunicação ordinária são de
uso comum das autoridades e agentes da
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas,
administração.
os limites de idade, a estabilidade e outras condições de
transferência do militar para a inatividade, os direitos, os § 2º - A resolução denominar-se-á conjunta
deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situ- quando tratar de assunto pertinente à área
ações especiais dos militares, consideradas as peculia- de competência de mais de uma Secretaria
ridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas de Estado ou de órgão diretamente subordi-
por força de compromissos internacionais e de guerra. nado ao Governador do Estado.
(Lei Estadual nº. 880/85)
Agora, passaremos ao estudo do Estatuto dos Bom-
Essas são as disposições da Constituição Federal. As beiros Militares e das demais normas que tratam sobre
demais regras foram entregues à Leis Estaduais, como a nossos Direitos e Deveres.
Lei 880/85, nosso Estatuto. Mas é importante perceber Lei Estadual nº 880, de 25 de julho de 1985 - dispõe
que nem tudo é tratado na Lei. Tanto Lei como Constitui- sobre o Estatuto dos Bombeiros-Militares do Estado do
ção podem atribuir a alguma autoridade do Poder Execu- Rio de Janeiro.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 143


Os militares, anteriormente denominados servidores As praças especiais têm tratamento diferenciado; são
públicos militares, são assim tratados no Título III, Capí- os militares que terminam com aproveitamento ou cur-
tulo VII, Seção III, e no Título V, Cap. II, da Constituição da sam os diversos estabelecimentos de formação militar,
República Federativa do Brasil - CF. São os integrantes das distinguindo-se os que se preparam para o Oficialato e
corporações armadas, submetidos a regimes estatutários os que se preparam para serem Praças.
próprios, de definição legal, subdividindo-se em duas su- Nas organizações militares existem também cargos e
bespécies: integrantes das Forças Armadas e militares funções, art. 17 do EBM, com a peculiaridade de só pode-
estaduais. rem ser exercidos por militares em serviço ativo.
Então, são militares os membros das Forças Armadas, Patentes militares. Patente é o conjunto de título,
constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáu- de prerrogativas, de direitos e de deveres dos postos
tica no plano da União (CF, art. 142, caput) e os membros hierárquicos do oficialato das corporações militares. A
das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, Constituição assegura-a, em plenitude, aos Oficiais da
no plano dos Estados, do Distrito Federal e dos Territó- ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos
rios (CF, art. 42, caput). os títulos e postos militares e, juntamente com os de-
A todos os militares estaduais aplicam-se, além do mais membros, o uso dos uniformes (CF, art. 142, § 3º, I).
que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § A perda da patente só poderá ocorrer se seu titular for
8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3, da CF. julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por
Organização Militar – hierarquia e disciplina. As or- decisão de tribunal (CF, art. 142, § 3.º, VI). As patentes dos
ganizações militares estão estruturadas sobre sólidos Oficiais das corporações militares estaduais serão confe-
fundamentos hierárquicos e disciplinares, conforme o ridas pelos respectivos Governadores (CF, art. 42, § 1.º).
princípio constitucional do art. 142 da CF. Deveres e direitos militares. O regime estatutário
A hierarquia militar é, segundo o art. 10 do Estatuto militar especifica as obrigações, deveres, direitos e prer-
dos Bombeiros Militares - EBM, a ordenação da autori- rogativas castrenses.
dade em níveis diferentes, dentro da estrutura do CB- As obrigações são: (1) o valor militar, manifestado pelo
MERJ. A ordenação se faz por postos ou graduações e patriotismo, pelo civismo, pela fé na missão do CBMERJ,
pela antiguidade no posto ou na graduação. pelo espírito de corpo, pelo amor à profissão e pelo em-
Por sua vez, disciplina é a rigorosa observância e o penho em aprimorar-se, e (2) a ética militar, expressa
acatamento integral das leis, regulamentos, normas e numa série de recomendações de conduta pessoal, enu-
disposições que fundamentam o organismo de bom- meradas no art. 25 do EBM.
beiro-militar e coordenam seu funcionamento regular e Além disso, conforme art. 26 do EBM, ao bombeiro mili-
harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do tar da ativa é vedado participar da administração ou gerên-
dever por parte de todos e de cada um dos componentes cia de sociedade civil ou empresarial ou participar, direta ou
desse organismo. indiretamente, seja de que forma for, de sociedade civil ou
Os postos e graduações, acima referidos, são graus empresarial cujo objeto se relacione com as atividades do
hierárquicos; os primeiros, de Oficiais, e os segundos, de Corpo de Bombeiros Militar, bem como prestar quaisquer
Praças. serviços, ainda que eventuais, a estas sociedades.

A escala hierárquica se subdivide em círculos, ou âm- Os deveres, especificados em lei, emanam de um con-
junto de vínculos racionais e morais, que ligam o bombei-
bitos de convivência. São dois os principais círculos: de
ro-militar à Pátria, à comunidade e à segurança, enume-
Oficiais e de Praças. Em escala descendente, o círculo de
rados no art. 27 do EBM. Já os direitos estão elencados
oficiais abrange o círculo de Oficiais superiores, o círculo
no art. 45 do EBM.
de Oficiais intermediários e o círculo de oficiais subalter-
nos; o círculo de Praças se subdivide em círculo de subo- Em razão do rígido sistema de hierarquia e disciplina,
ficiais, subtenentes e sargentos e o círculo de cabos. às obrigações e deveres correspondem severos regimes

144 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


disciplinar e penal, com um estatuto penal próprio para A demissão se aplica exclusivamente aos Oficiais; será a
os militares, inclusive, o Código Penal Militar. A respon- pedido, tratando-se, no caso, de uma exoneração, ou ex offí-
sabilização interna poderá levar até a aplicação de penas cio, se o militar for empossado em cargo público permanen-
disciplinares de detenção ou prisão, com o privilégio de te. A perda do posto e da patente ocorre quando o Oficial
executoriedade direta pela Administração, até 30 dias for declarado indigno do oficialato ou com ele incompatível.
(EBM, art. 42, § 2º), sem controle judicial pela via do ha-
O licenciamento, aplicável às praças, também poderá
beas corpus (CF, art. 142, § 2.º).
se dar a pedido e ex officio.
Estatuto das corporações militares. Lei estaudal dis-
A exclusão a bem da disciplina é penalidade aplicável
porá, em estatuto próprio, sobre o ingresso, os limites de
aos Alunos, ao Aspirante a Oficial ou às praças com esta-
idade, a estabilidade e outras condições de transferên-
bilidade assegurada, em hipóteses disciplinares.
cia do militar para a inatividade, os direitos, os deveres,
a remuneração, as prerrogativas e outras situações es- A deserção não é propriamente uma figura autônoma
peciais dos militares, consideradas as peculiaridades de de desligamento ou exclusão do serviço ativo, mas um
suas atividades (CF, art. 42, § 1º, e 142, § 3º, X). tipo qualificado de demissão, para o Oficial, e de exclu-
são do serviço ativo, para a praça.
O regime estatutário do bombeiro militar é definido
basicamente pelos dispositivos constitucionais examina-
dos, pela constituição estadual e pelo EBM (Lei Estadual
6.5. Noções de Direito Penal e
n.º 880/1985). Além desses, as regrais gerais do regime
Disciplinar Militar
estatutário militar estadual é definido pela União, no De- Caro aluno, você está iniciando mais uma Unidade, que
creto-lei n.º 667, de 2 de julho de 1969, tendo em vista a trata de Noções de Direito Penal, que possibilitará a aná-
competência fixada no art. 22, XXI, da Carta Magna. lise e reconhecimento dos principais crimes.
Aos Corpos de Bombeiros Militares, compete as ativi- Como agentes públicos especiais, titulares de atri-
dades defesa civil, pelo salvamento de vidas humanas e buições constitucionais muito importantes, os militares
de bens, e outras atividades na forma da lei, sob a autori- estão sujeito, além do Código Penal Comum, a um Código
dade dos Governos dos Estados (CF, art. 144, § 5.º). Penal Militar e a regulamentos disciplinares bem rigoro-
sos, tudo com a intenção de manter íntegra a hierarquia e
Atividade e inatividade. A primeira distinção a fazer disciplina militar, valores constitucionais.
diz respeito à situação. Os militares se classificam em
Falar em Direito Penal é falar de lei, de regra, de mo-
ativos e inativos. Estão na ativa, os bombeiros militares
delo, de paradigma, de convenção que determina um pa-
de carreira, os reservistas quando convocados ou mobili-
drão de comportamento.
zados e os alunos de órgãos de formação.
Por isso que se diz que o Direito Penal é normativo,
Estão na inatividade os militares da reserva remune- pois se limita a descrever as condutas proibidas e suas
rada ainda convocáveis e mobilizáveis, e os militares re- respectivas penas.
formados, dispensados definitivamente da prestação de
É, o Direito Penal, um segmento do ordenamento jurídi-
serviço na ativa.
co que detém a função de selecionar os comportamentos
Ingresso e egresso. O ingresso nos Corpos de Bom- humanos mais graves e perniciosos à coletividade, capa-
beiros se dá mediante nomeação e posse no cargo de zes de colocar em risco valores fundamentais para a con-
bombeiro militar, após aprovação em concurso público, vivência social, e descrevê- los como infrações penais, co-
art. 37, I e II, CF. minando-lhes, em conseqüência, as respectivas sanções,
O desligamento ou exclusão do serviço ativo se dá pe- além de estabelecer todas as regras complementares e
las seguintes formas: transferência para a reserva remu- gerais necessárias à sua correta justa aplicação.
nerada, reforma, demissão, perda do posto e da patente, Por isso, o direito penal tem por missão manter a vida
licenciamento, exclusão a bem da disciplina, deserção e harmônica em sociedade. Para tanto, utiliza-se da puni-
falecimento e extravio, art. 94 EBM. ção para realizar o controle social.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 145


Mas o que é infração penal? como na intervenção cirúrgica (lesões corporais), ou na
violência esportiva, desde que respeitadas as regras da
Infração penal é aquela conduta humana prevista na
atividade ou profissão.
lei como crime ou como contravenção penal. A diferença
básica entre ambas é que no crime a pena prevista é mais Além do Crime Militar, o militar pode ser punido admi-
grave do que na contravenção penal. Essa é considerada nistrativamente por infringir alguma norma disciplinar.
como um pequeno crime. A relação de transgressões disciplinares, bem como as
circunstâncias atenuantes e agravantes estão no Regu-
Assim como é importante para o agente público conhe-
lamento Disciplinar do Corpo de Bombeiros Militar.
cer as condutas consideradas infrações, é importante saber
que, apesar da previsão legal das condutas criminosas na No âmbito do CBMERJ, está positivado inicialmente
lei, existem situações em que o fato criminoso realizado por na Lei nº 880, de 20 de julho de 1985, Estatuto dos Bom-
uma pessoa deixa de ser considerado como crime. Essas beiros-Militares, quando assim prevê:
situações fáticas são chamadas de excludente de ilicitude. Art.38 - A inobservância dos deveres especificados
• legítima defesa; nas leis e regulamentos, ou a falta de exação no cumpri-
mento dos mesmos, acarreta para o bombeiro-militar
• estado de necessidade;
responsabilidade funcional pecuniária, disciplinar ou pe-
• estrito cumprimento do dever legal; nal, consoante a legislação específica ou própria.
• exercício regular do direito. Parágrafo único - A apuração de responsabilidade
funcional pecuniária, disciplinar ou penal poderá con-
Estado de necessidade. Considera-se em estado de ne-
cluir pela incompatibilidade do bombeiro-militar com
cessidade aquele que pratica o fato previsto como crime
o cargo ou pela incapacidade para o exercício das fun-
para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vonta-
ções de bombeiro-militar a ele inerentes.
de, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio,
cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. Sua regulamentação se deu através do Decreto Esta-
Ou seja, estado de necessidade é a situação fática em que a dual nº 3.767, de 04 de dezembro de 1980, Regulamento
pessoa realiza uma conduta descrita na lei como crime, mas Disciplinar do CBMERJ- RDCBMERJ.
diante das circunstâncias não é considerada ilícita.
De qualquer forma, para que uma punição seja aplica-
São requisitos do estado de necessidade: perigo a di- da, necessário a instauração de um processo administra-
reito próprio ou alheio; perigo atual ou iminente; perigo tivo disciplinar, que garantirá ao militar acusado o direito
não-evitável de outro modo; perigo não causado dolosa- à ampla defesa e ao contraditório. Isso nos casos mais
mente pelo agente; intenção de salvar o bem em perigo; simples. Em casos mais graves, em que se suspeite da ca-
inexistência de dever legal de enfrentar o perigo; bem pacidade ou não de o militar permanecer nas fileiras da
sacrifi cado inferior ou igual ao bem preservado. Corporação, ou seja, em que a gravidade da transgressão
possa acarretar na exclusão do militar a bem da discipli-
Legítima defesa. Não há crime quando o agente prati-
na, o processo administrativo disciplinar ganha nome e
ca o fato em legítima defesa, cujos requisitos são: reação
normas específicas, podendo ser um Conselho de Disci-
a uma agressão humana; agressão injusta, atual ou imi-
plina, um Conselho de Justificação ou uma Comissão de
nente; defesa de direito próprio ou alheio; uso moderado
Avaliação de Praças.
dos meios necessários; intenção de defender.
Processo Administrativo Disciplinar. O Processo Admi-
Estrito cumprimento do dever legal. Não há crime
nistrativo Disciplinar Militar é um conjunto de ações coorde-
quando o agente pratica o fato em estrito cumprimento
nadas e atos administrativos, da autoridade com atribuição
do dever legal, como no caso do policial que efetua prisão
legal para o exercício da atividade de Polícia Judiciária Militar,
em flagrante de um criminoso.
visando a aplicação de reprimendas legais previstas nos re-
Exercício regular de direito. Não há crime quando gulamentos disciplinares, em estrita consonância aos princí-
o agente pratica o fato no exercício regular de direito, pios e garantias contidos na Constituição da República.

146 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Todo processo administrativo disciplinar militar deve- tível por decisão de tribunal, no que pese a decisão do
rá estar sujeito a princípios constitucionais como o devi- conselho de justificação, assim como sua aceitação ou
do processo legal, ampla defesa e ao contraditório. não por parte do Exmo. Sr. Secretário de Estado, a perda
Consiste basicamente em citação/chamamento ao do posto e da patente será definida por homologação do
processo com publicação em boletim da Unidade de Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio
Bombeiro Militar, entrega de peça acusatória consubs- de Janeiro.
tanciada de cópias de provas material/pericial/testemu- Por fim, oportuno ressaltar um dispositivo constitu-
nhal dos fatos, fornecimento de prazo para confecção de cional, visto acima, o inciso LXI, do art. 5º, da CRFB/88.
defesa técnica e solução do processo por parte da auto-
ridade instauradora, juntamente com sua publicidade em LXI - ninguém será preso senão em flagrante
boletim ostensivo. delito ou por ordem escrita e fundamentada
de autoridade judiciária competente, salvo
Caso haja punição disciplinar, os critérios para a clas- nos casos de transgressão militar ou crime
sificação da transgressão, a gradação e a dosimetria da propriamente militar, definidos em lei;
sanção também estão presentes no RDCBMERJ, caben-
do a autoridade responsável realizar o adequado enqua- Como visto, esse inciso é muito importante para en-
dramento. tender como as restrições aos direitos fundamentais
são mais severos para os militares, em virtude da mis-
Comissão de Avaliação de Praças. A Comissão de
são constitucional pela qual estão incumbidos. Ninguém
Avaliação de Praças – CAvP, é a espécie de Processo Ad- pode ser preso, senão em flagrante ou por ordem judicial.
ministrativo Disciplinar que possui atribuição legal para Essa garantia, no entanto, não se aplica plenamente aos
julgar a incapacidade das Praças bombeiros militares, militares. Em caso de transgressão disciplinar ou crime
sem estabilidade, de permanecerem no serviço ativo. propriamente militar, é possível o militar ser preso mes-
A estabilidade da Praça é adquirida aos 10 (dez) anos mo não estando em flagrante ou mesmo sem ordem ju-
de efetivo serviço na Corporação, na forma do item 1, in- dicial.
ciso IV, do Art. 45, Lei 880/85 – Estatuto dos Bombeiros As normas jurídicas a que estamos submetidos permi-
Militares. tem que o militar seja preso, fora dos casos de flagrante
Conselho de Disciplina. O Conselho de Disciplina é delito e de ordem judicial, tanto em caso de crime pro-
a espécie de processo administrativo disciplinar, que priamente militar, como no caso de transgressão disci-
visa verificar a incapacidade de praças militares está- plinar.
veis em permanecerem na atividade ou na situação de
O Código de Processo Penal Militar – CPPM permite
inatividade.
que o encarregado do Inquérito Policial Militar, que este-
No Estado do Rio de Janeiro a matéria é atualmente ja apurando um crime militar, determine a prisão cautelar
disciplinada pelo Decreto n.º 2.155, de 13 de outubro de do indiciado por até 30 (trinta) dias enquanto prossegue
1978. com as investigações, conforme art. 18 CPPM.
Conselho de Justificação. Os conselhos de justifi- Além disso, em caso de cometimento de transgres-
cação são tribunais administrativos que, através de um são disciplinar grave que exija uma rápida intervenção,
processo especial, possuem a finalidade de processar e poderá o militar ser preso por ordem da autoridade com-
julgar a incapacidade do Oficial para permanecer na ati- petente, nos termos do art. 11 §2º RDCBMERJ, a fim de
vidade ou na situação de reserva remunerada. preservar a disciplina e o decoro da Corporação.
No Estado do Rio de Janeiro a matéria é disciplinada Além disso, após apuração da prática de uma trans-
pela Lei nº 427, de 10 de junho de 1981.
gressão mediante os procedimentos acima listados, uma
Lembrando que o oficial só perderá o posto e a paten- das sanções previstas no RDCBMERJ é a prisão discipli-
te se for julgado indigno do oficialato ou com ele compa- nar, com duração máxima de 30 (trinta) dias.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 147


Capítulo 7

148 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


REDAÇÃO OFICIAL clareza, objetividade, concisão e coesão, impessoalida-
de, formalidade e padronização.

7.1. Introdução a. Correção – O texto deve respeitar o padrão culto


da língua portuguesa, ou seja, seguir as normas
O ser humano tem como necessidade básica à comuni- gramaticais. Para isso, é muito importante re-
cação, que constitui o canal pelo qual os padrões de sua lembrar os conhecimentos “adquiridos no ensino
cultura lhe são transmitidos. fundamental”, tais como: ortografia, acentuação
gráfica, concordância nominal e verbal, pronomes
Os textos constituem a forma materializada da co- de tratamento e pontuação.
municação humana, pois, com eles os seres humanos se
tornam participativos da sociedade. Adquirem conheci- b. Clareza – O texto deve permitir a percepção rápida
das idéias, evitando-se períodos longos e redun-
mentos passados e transmitem conhecimentos e expe-
dâncias que venham a desviar a atenção de quem lê.
riências para o futuro.
c. Objetividade – O texto deve ser escrito com uma
Os funcionários públicos usam os textos para trocar
linguagem direta, sem rodeios, atendo-se somen-
informações, reconhecer direitos, estabelecer normas, te ao assunto que trata o documento.
comunicar intenções, registrar acordos, solicitar a con-
cessão de direitos, realizar negócios e etc. Esses textos d. Concisão – O texto deve conter poucas palavras,
que dependem de fundamentos de ordem: ética, legal, mas dizer tudo que se pretende, evitando palavras
linguística e estética são chamados de documentos ofi- supérfluas e de difícil entendimento.
ciais. e. Coerência – O texto deve ser escrito com harmo-
nia para que nada seja ilógico, desconexo ou con-
7.2. Fundamentos traditório. Cada parte do texto deve solidarizar-se
com as demais, para isso, é importante respeitar a
temporalidade, descrever os elementos mais pró-
7.2.1. Ético
ximos e depois os mais distantes e manter uma
A ética é a parte da filosofia que sugere discutir o bem relação das idéias apresentadas no texto.
comum, o interesse da sociedade.
f. Coesão – O texto deve ser escrito com elemen-
Os documentos oficiais expedidos pelos funcionários tos (conectivos) que estabeleçam uma relação
públicos devem obrigatoriamente representar a verdade semântica entre as partes. Neste caso é muito
sem nada acrescentar ou subtrair. importante a escolha do conectivo adequado (pre-
posições, conjunções, pronomes e advérbios).
7.2.2. Legal
O servidor público está submetido a leis, estatutos,
7.3. Classificação dos Documentos
regulamentos, portarias e outros dispositivos legais que Oficiais
exigem dele, honestidade, correção e lisura em todos os
seus atos.
7.3.1. Quanto à sua Precedência ou Cele-
ridade
7.2.3. Linguístico e Estético Os documentos oficiais, inclusive em meio eletrônico,
Um documento oficial bem escrito, sob o ponto de serão classificados em: Rotineiros, Urgentes e Urgen-
vista lingüístico, deve atender a requisitos de correção, tíssimos.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 149


a. Rotineiros – São documentos internos ou exter- d. Ultrassecretos – Documentos que requeiram
nos, cujo estudo, solução e tramitação são feitos excepcionais medidas de segurança, cujo teor
rotineiramente, devendo ser observado o prazo só deve ser de conhecimento de pessoas intima-
máximo de oito dias úteis para despacho ou solu- mente ligadas ao manuseio ou ao seu estudo. Têm
ção. competência para atribuir o grau de sigilo Ultras-
secreto: os chefes dos poderes Executivo, Legis-
b. Urgentes – São os documentos que requeiram, na lativo e Judiciário Federal.
sua tramitação ou para seu trato ou solução, ra-
pidez maior que os rotineiros, tendo precedência
sobre estes, devendo ser observado o prazo má- 7.4. Tipo de Documentos Oficiais
ximo de quarenta e oito horas para despacho ou
solução, utilizam a Sigla U. 7.4.1. Na Administração
Pública Estadual
c. Urgentíssimos – São os documentos devem ser
examinados ou decididos com prioridade imedia- Os documentos oficiais expedidos por órgãos e entida-
ta em relação aos demais em tramitação, utilizam des da administração Pública Estadual são os seguintes:
a Sigla UU. • Leis e demais atos normativos;
• Decretos e demais atos de regulamentação;
A classificação dos documentos oficiais nas catego- • Resoluções, instruções, circulares, avisos, ordens de
rias urgentes e urgentíssimos será feita mediante carim- serviços, portarias, ofícios, despachos e demais atos
bo padronizado, facultado o uso de etiqueta ou de outro ordinatórios;
meio similar.
• Admissões, licenças, autorizações, concessões, per-
missões, registros, contratos, convênios e demais
atos negociais;
7.3.2. Quanto à sua Segurança, Natureza
• Certidões, atestados, pareceres e demais atos enun-
ou Grau de Sigilo ciativos; e
Os documentos oficiais produzidos e recebidos no • Autos de infrações, multas, interdições, cassação,
âmbito da Administração Pública, inclusive em meio confisco e demais atos sancionadores.
eletrônico, que pela natureza do assunto, devam ser de
conhecimento restrito e requeiram medidas especiais 7.4.2. No Corpo de Bombeiros Militar do
de registro, de proteção para guarda, de manuseio e de Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ)
divulgação, serão classificados como: reservados, confi- Os documentos oficiais expedidos com maior frequ-
denciais, secretos e ultrassecretos. ência pelo CBMERJ são: resoluções, portarias, ordem de
serviço, ofícios, partes, notas para boletim, relatórios, cer-
a. Reservados – São os documentos oficiais que não
devam imediatamente, quando ainda em trâmite, tidões, correspondência interna, boletins, cópia autêntica,
ser do conhecimento do público em geral. requerimentos, autos de infração, multas e interdições.

b. Confidenciais – São os documentos oficiais cujo Os documentos oficiais expedidos pelo CBMERJ
conhecimento e divulgação possa ser prejudicada seguem basicamente a mesma padronização dos docu-
aos interesses da autoridade ou ponham em risco
mentos oficiais da Administração Pública Estadual.
a segurança da sociedade.

c. Secretos – São os documentos oficiais que reque-


rem rigorosas medidas de segurança e cujo teor e 7.4.2.1. Classificação dos
características possam ser de conhecimento de Documentos Oficiais no
agentes públicos que, embora sem ligação íntima CBMERJ
com seu estudo ou manuseio, sejam autorizados i) Quanto ao âmbito:
a deles tomarem conhecimento em razão de sua
responsabilidade funcional. a) Interno: é o que tramita exclusivamente entre
os integrantes da Corporação.

150 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


b) Externo: é o que tramita entre as autoridades A Correspondência Interna (CI) deve conter:
do CBMERJ e outras autoridades civis ou milita-
1) Título em letras maiúsculas, onde constará a abre-
res, partindo das primeiras.
viatura CI juntamente com a sigla da OBM emitente
ii) Quanto à publicidade: e o número do documento, tudo isto do lado superior
a) Ostensiva: é aquele cujo conhecimento é facul- esquerdo da página.
tado aos integrantes da Corporação não sendo, 2) Cidade de origem do documento e a data por extenso,
porém, permitida a sua distribuição à imprensa, tudo isto do lado superior direito da página e na mes-
salvo quando autorizado por autoridade compe- ma linha do título.
tente.
3) Destinatário, precedido da preposição PARA seguida
b) Sigilosa: é aquele cujo conhecimento do conte- de dois pontos (:), onde deverá ser escrito para quem
údo é restrito, portanto, requer medidas espe- vai o documento, tudo isto do lado superior esquerdo
ciais para a sua segurança. A indicação do grau da página, logo abaixo da linha do título.
de sigilo será feita de acordo com o que prescre-
ve o Regulamento para Salvaguarda de Assun- 4) Remetente, precedido da preposição DE seguida de
tos Sigilosos (R.S.A.S.). dois pontos (:), onde deverá ser escrito quem está
enviando o documento, tudo isto do lado superior
c) Quanto à precedência: Os documentos oficiais esquerdo da página, logo abaixo da linha do destina-
do CBMERJ seguem a mesma classificação dos tário.
documentos oficiais da Administração Pública
Estadual, ou seja, Rotineiros, Urgentes e Urgen- 5) Assunto, seguido de dois pontos (:), onde será escri-
tíssimos. to, em poucas palavras que chame a atenção do leitor,
o assunto que se deseja escrever no texto.
7.4.2.2. Formatação dos 6) Texto paragrafado, onde será explanado o assunto
Documentos Oficiais no que se deseja.
CBMERJ 7) Fecho de cortesia, escrito com o advérbio Atenciosa-
mente no canto inferior esquerdo do texto.
Praticamente todos os documentos oficiais expedi-
dos pelo CBMERJ deverão conter: 8) Assinatura de quem escreve o documento, sendo que
abaixo da assinatura deverá constar o nome comple-
i) Cabeçalho – onde constarão símbolos, logotipos e di- to sem abreviatura, posto ou graduação, seguida do
zeres do Estado, da Corporação e da OBM de origem quadro ou QBMP, seguida de uma barra, seguida do
do documento, previamente definidos. ano de inclusão (dois últimos dígitos) e abaixo dessa
ii) Rodapé – onde constarão símbolos, emblemas e lo- linha o cargo ou função de quem escreve. Todos esses
gotipos previstos pela Corporação e dados da OBM itens deverão ficar do lado inferior esquerdo da pági-
(endereço e telefones). na.
Neste manual abordaremos apenas a formatação dos 7.4.2.2.2. Parte
seguintes documentos oficiais expedidos pelo CBMERJ:
Correspondência Interna (CI), Parte e Ofício. É o documento que tramita no âmbito da Corporação,
por meio do qual um militar mantém um intercâmbio de
7.4.2.2.1. Correspondência Interna (CI) informações com outro militar a respeito de assunto de
serviço. A natureza da parte será sempre uma determi-
É o documento de comunicação para assuntos inter- nação, solicitação, participação ou remessa. Escrever-se-
nos, em uma mesma OBM. É um veículo rotineiro, obje- -á, após o assunto em letras maiúsculas, à indicação de
tivo e simples, que não venham criar, alterar ou suprimir tal qualidade.
direitos e obrigações, nem tratar de assuntos de ordem
pessoal. ÂÂ A Parte deve conter:
1) Título abreviado com a sigla do documento (Part), ór-
A Correspondência Interna (CI) substitui o “memoran- gão emitente e as inicias maiúsculas do remetente,
do” cuja nomenclatura não deve mais ser utilizada com o acompanhadas da numeração correspondente ou da
sentido de declarar informações ou justificações de atos abreviação s/nº, em letras minúsculas, tudo isto do
errados cometidos pelo militar. lado superior esquerdo da página.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 151


2) Cidade de origem do documento e a data por extenso, cional . São objetos de ofícios as comunicações realiza-
tudo isto do lado superior direito da página e na mes- das entre dirigentes de entidades públicas, podendo ser
ma linha do título. também dirigidos a entidades particulares.
3) Destinatário, precedido da preposição PARA seguida
de dois pontos (:), onde deverá ser escrito para quem ÂÂ O Ofício deve conter:
vai o documento, tudo isto do lado superior esquerdo 1) Título abreviado com a sigla do documento (Of.), se-
da página, logo abaixo da linha do título. guida do órgão expedidor, seguido da esfera adminis-
4) Remetente, precedido da preposição DE seguida de trativa, acompanhada da numeração corresponden-
dois pontos (:), onde deverá ser escrito quem está te, em letras minúsculas, tudo isto do lado superior
enviando o documento, tudo isto do lado superior esquerdo da página.
esquerdo da página, logo abaixo da linha do destina- 2) Cidade de origem do documento e a data por extenso,
tário. tudo isto do lado superior direito da página e na mes-
5) Assunto, seguido de dois pontos (:), onde será escrito, ma linha do título.
em poucas palavras que chame a atenção do leitor, o 3) Destinatário, precedido da preposição PARA seguida
assunto que se deseja escrever no texto. Escrever- de dois pontos (:), onde deverá ser escrito para quem
se-á, após o assunto em letras maiúsculas à natureza vai o documento, tudo isto do lado superior esquerdo
da parte, determinação, solicitação, participação ou da página, logo abaixo da linha do título.
remessa. 4) Vocativo: a palavra Senhor (a), seguida do cargo do
6) Texto paragrafado, onde será explanado o assunto destinatário e de vírgula.
que se deseja. 5) Texto paragrafado, onde será explanado o assunto(s)
7) Assinatura de quem escreve o documento, sendo que e o objetivo do Ofício.
abaixo da assinatura deverá constar o nome comple- 6) Fecho de cortesia, escrito com o advérbio “Atenciosa-
to sem abreviatura, posto ou graduação, seguida do mente” no canto inferior esquerdo do texto.
quadro ou QBMP, seguida de uma barra, seguida do
ano de inclusão (dois últimos dígitos) e abaixo dessa 7) Assinatura de quem escreve o documento, sendo
linha o cargo ou função de quem escreve. Todos esses que abaixo da assinatura deverá constar o nome
itens deverão ficar do lado inferior direito da página. completo sem abreviatura, posto ou graduação,
seguida do quadro ou QBMP, seguida de uma barra,
7.4.2.2.3. Ofício seguida do ano de inclusão (dois últimos dígitos) e
abaixo dessa linha o cargo ou função de quem escre-
É o documento pelo qual se mantém intercâmbio de ve. Todos esses itens deverão ficar do lado inferior
informações a respeito de assunto técnico ou adminis- direito da página.
trativo, cujo teor tenha caráter exclusivamente institu-

152 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 153
Capítulo 8

154 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


CONDUTA DO
BOMBEIRO-MILITAR
8.1. O Perfil Do Bombeiro Militar
A profissão militar caracteriza-se por exigir do indiví-
duo inúmeros sacrifícios, inclusive o da própria vida em
benefício da Pátria.
Esta peculiaridade dos militares os conduz a valorizar
certos princípios que lhes são imprescindíveis.
Fonte: http://estudos. gospelmais.com.br /bombeiros-de-deus.html
Valores, Deveres e Ética Militar são conceitos in-
dissociáveis, convergentes e que se complementam “A carreira militar não é uma atividade
para a obtenção de objetivos individuais e institucio- inespecífica e descartável, um simples em-
nais. prego, uma ocupação, mas um ofício absor-
Ao se pesquisar sobre a palavra bombeiro, verifi- vente e exclusivista, que nos condiciona e
ca-se que seus primórdios são bastante antigos. De autolimita até o fim. Ela não nos exige as ho-
acordo com Campos (1999), a palavra bombeiro tem ras de trabalho da lei, m as todas as horas da
origem no latim, significando bomba (bombus), visto vida, nos impondo também nossos destinos.
que, na Antiguidade, os incêndios eram controlados A farda não é uma veste, que se despe com
através de bombas de água. Em relação ao combate
facilidade e até com indiferença, mas uma
aos incêndios, os registros remontam à Grécia antiga
outra pele, que adere à própria alma, irrever-
sivelmente para sempre”.
(300 a.C.), quando a atividade era realizada por escra-
vos.
8.2. Relações Humanas e a Formação
O termo “soldado” deriva do italiano: “soldato” (particí-
pio do verbo soldare) – alguém a quem se pagou o “soldo”
Do Bombeiro Militar
para servir. “Soldo” deriva do latim “solidum nummum” e 8.2.1. Contexto Histórico
designava uma moeda de ouro da Roma imperial.
As tentativas de explicar o comportamento social do
O profissional Bombeiro Militar, no exercício da sua homem devem ser anteriores a Platão e Aristóteles. As
atividade profissional, coloca sua vida em risco para sal- idéias desses dois grandes filósofos gregos, porém, são
var a vida de terceiros e/ou para defender bens públicos das mais antigas entre as que lograram sobreviver.
e privados da sociedade. Essa é nossa Missão! O risco é
Segundo Platão, o meio social determinaria a conduta
inerente a essa atividade e de acordo com o Perfil Pro-
do ser humano. Por isso atribuía valor excepcional à Edu-
fissiográfico do Bombeiro Militar, alguns atributos são
cação, julgando que o futuro da sociedade dependeria do
essenciais para o exercício da função, como o equilíbrio
tipo de orientação recebida pelos jovens.
emocional, honestidade, responsabilidade, comunica-
bilidade, espírito de corpo, coragem, disciplina, dentre Aristóteles, ao contrário, defendia a idéia de que to-
tantos outros. dos os homens têm certas tendências inatas, contra as

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 155


quais a educação pouco ou nada pode fazer. Tendo obser- tâncias. Para tanto, necessita também saber inibir certas
vado que os gregos reagiam de maneira similar, embora reações quando necessário. Esta aprendizagem inicia-se
habitassem cidades bem diferentes, nas quais os usos nos primeiros dias de vida e estende-se por toda nossa
e costumes apresentavam grande variedade, concluiu existência, constituindo o processo de socialização. Pro-
que há certos caracteres psicológicos comuns a todos os cesso este que torna humano o indivíduo.
homens. Esse conjunto de traços idênticos constituiria o
As idéias de Sigmund Freud, (1856-1939 / Médico fun-
cerne, o âmago da natureza humana, bem mais fixa e imu-
dador da corrente psicanalista) sobre a conduta do indi-
tável do que supunha Platão.
víduo, não podem ser classificadas como estritamente
No período da decadência grega surge uma nova ex- inatistas. A par de desejos, impulsos ou instintos inatos,
plicação para o comportamento humano: o homem ten- de grande importância na determinação da conduta, há
deria sempre a procurar o prazer e a evitar a dor. Esta referências à atuação do meio social. A personalidade
concepção, conhecida como teoria hedonista, refletir- apresentaria segundo Freud, três planos: o id que abran-
se-á no pensamento dos romanos, justificando talvez a geria o inconsciente e o pré-consciente (ou subcons-
importância que atribuíam à Lei e à Justiça. Se a socieda- ciente); o ego (eu consciente) e o superego (espécie de
de, através de suas leis e de seus tribunais, castiga o vício consciência moral, desenvolvida em cada um de nós pe-
e recompensa a virtude, as relações humanas tendem a las forças sociais, que nos obrigam a reprimir impulsos
melhorar, pois o amor ao bem-estar e o medo das penali- eróticos e agressivos, condenados pela sociedade em
dades são molas propulsoras da boa conduta. que vivemos. De acordo com Freud, o passado é muito
importante para a compreensão da conduta.
O Cristianismo defenderá a doutrina do livre arbítrio,
que marcará indelevelmente as idéias medievais atinen-
tes ao comportamento humano. Portanto, as normas “Somos feitos de carne, mas temos de vi-
e os preceitos cristãos, se respeitados, garantirão um ver como se fôssemos de ferro”.
convívio humano satisfatório. “Ama a Deus sobre todas
as coisas e ao próximo como a ti mesmo” é o lema bási- Freud
co, que permitirá aos homens viver em paz e conquistar
a Vida Eterna. 8.2.3. Comportamento Social e Compor-
tamento Coletivo
No século XVI assinala-se novo ponto de vista. Ma-
quiavel sustentará que a natureza humana é antes má do
que boa. O homem, entregue a si mesmo, acabará fatal-
mente por agir mal. Para evitá-lo é necessário que o Prín-
cipe, o dirigente iluda o povo, levando-o inconsciente-
mente a praticar o bem, fazendo-o pensar, ao contrário,
que está atingindo seus fins egoístas.

8.2.2. Contribuições da Psicologia e So-


ciologia
O comportamento humano, em sua acepção mais am-
pla, abrange todas as reações do indivíduo, quer estas
se exteriorizem em gestos, palavras ou atos, quer ocor- Fonte: Revista Época - (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)
ram apenas no interior do próprio ser, constituindo suas
tendências, desejos, interesses, emoções, sentimentos, Poucos comportamentos humanos são independen-
paixões, idéias. tes da vida social. A maioria de nossas reações aparece
como resposta a estímulos provocados pelas pessoas
Para viver em sociedade, o homem precisa aprender a com as quais convivemos, ou é aprendida através de par-
reagir desta ou daquela forma, de acordo com as circuns- ticipação na vida social.

156 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


Existem os comportamentos individuais e compor- • Descarga de inibições;
tamentos sociais. Assinalam-se ainda, alguns compor- • Remoção dos sentimentos de responsabilidade e das
tamentos que, além de sociais, são coletivos, isto é, faculdades críticas;
ocorrem quando vários homens reagem, em conjunto, ao • Contágio; e
mesmo estímulo, geralmente em situações de intensa
• Sensação de poder.
interação.
Observam-se tais comportamentos coletivos, sobre- Estes itens podem ser explicados pela perda de iden-
tudo nas multidões. tidade física, ficando mais fácil colocar seus instintos em
ação.
8.2.4. Comportamento das Multidões
Estas observações levaram os estudiosos do assunto,
A multidão é um grupo temporário, constituído de como Gustave Le Bon autor do livro Psicologia das Mul-
numerosas pessoas, próximas uma das outras, e que tidões (1841-1931 / Psicólogo, Sociólogo e Físico) a julgar
apresentam grau elevado de tensão emocional, em face que a multidão tivesse um espírito ou alma própria.
de uma situação de interesse comum. O comportamento
coletivo envolve primordialmente um grande número de Gustave Le Bon foi o primeiro a empregar um enfoque
pessoas interatuantes. Ao contrário dos grupos, elas não social na análise da multidão. Seguindo Durkheim, Le Bon
estão reunidas de acordo com algum princípio de filia- considera que na multidão forma-se temporariamente
ção; as multidões parecem simplesmente surgir. uma mentalidade coletiva, diversa das mentalidades
individuais de seus componentes. É por causa da influ-
A simples reunião de pessoas, seja qual for seu nú- ência dessa mentalidade coletiva, com características
mero, não constitui, só por si, uma multidão. Além da próprias e leis peculiares, que a multidão passa a agir de
quantidade e da proximidade física é necessário que maneira diversa da dos indivíduos isolados.
exista tensão emocional e interesse comum. Por exem-
plo, cem indivíduos em uma praça pública, que passeiam A Lei da massa difere das leis comportamentais
cada um num canto, despreocupadamente, podem nada tradicionais. Imerso na multidão, o indivíduo perde seu
representar se não estiverem estimulados por algo. A in- auto controle e atua de modo impulsivo. Forma-se uma
teração de idéias, sentimentos e atos em uma multidão mente coletiva (poder absoluto. Le Bon indicou, como
apresenta-se de forma intensa e com grande rapidez de característica da multidão: o objetivo comum, compor-
propagação. Daí a maioria das pessoas se comportarem tamento que leva um grupo de pessoas, sob a influên-
de maneira diferente da habitual quando se encontram cia de certas forças psicológicas, a se comportar como
participando de uma multidão. uma unidade; o sentimento de poder de que o indivíduo
geralmente carece e que adquire pelo fato de perten-
No poder da “Lei da unidade mental das multidões”, o
cer ao grupo; o anonimato, por pertencer a um grupo
indivíduo sofre uma importante transformação. Surge
“desorganizado”, que conduz à irresponsabilidade; o
um comportamento primitivo, irracional, ele perde o seu
componente de uma multidão fica liberto de restrições
autocontrole e atua de um modo impulsivo, irracional,
e controles comuns e isso pode levá-lo a agir sem consi-
possivelmente, bestial, fazendo coisas que o escanda-
derar as conseqüências de seus atos; o grupo, dominado
lizariam se estivesse sozinho. Há ausência de discerni-
por um objetivo comum, possui um alto grau de suges-
mento e de espírito crítico.
tionabilidade, o que resulta no fenômeno do contágio,
Outros fatores importantes são as atitudes espon- dando origem a um comportamento semelhante ao do
tâneas, dinâmicas, de grande mobilidade, que variam de sonâmbulo ou do hipnotizado. Poder do líder sobre as
ânimo, finalidade e composição, como por exemplo: lin- massas é um poder hipnótico.
chamento, tumultos, pânicos de fuga e etc.
As teorias de Gustave Le Bon são consideradas clás-
Na multidão, os processos psicológicos são: sicas e até hoje constituem o ponto de partida da análise
• Emoções intensificadas; psicológica da multidão.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 157


8.2.5. Comportamento das Multidões O líder negativo é então o precipitador do pânico, ele é
o que oferece a primeira pista, ou seja, é quem deflagra o
É bom lembrar que todas mantêm as mesmas carac-
pânico, já que o momento é propício para uma manifesta-
terísticas, diferenciando-se através da intensidade do
comportamento. ção. Então, através de imitação, generaliza tensão emo-
cional para todos os participantes, chegando a ser incon-
i) Multidão casual: O comportamento tem pequena trolável. Se desejarmos controlar as multidões, devemos
carga afetiva; resulta do aparecimento de algo, que
evitar o surgimento do “líder do pânico”.
chame, momentaneamente, a atenção, sem provocar
fortes reações.
8.2.7. Manifestações Emocionais Típicas
ii) Multidão convencional: Formada pelos espectado-
res, que assistem a uma parada militar, a jogos e etc. do Pânico
iii) Multidão expressiva: As tensões emocionais se ma- i) Medo/Fuga - O medo, de modo geral, intensifica os
nifestam em atos inofensivos. Por exemplo, discurso movimentos de fuga, que se destinam a conduzir o
político, passeatas públicas e etc. indivíduo para longe do estímulo amedrontador.
iv) Turba: Multidões agressivas. ii) Cólera/Agressão - Os atos de coibição (repressão)
agem como estímulo para provocar a fúria, levando o
ÂÂ Efeito Turba: indivíduo à agressão.
É um fenômeno causado por uma situação anormal iii) Ansiedade - Quando temos medo sabemos o que nos
qualquer, na qual surge um líder negativo, excitando a ameaça, somos dinamizados pela situação, nossa
multidão, tornando-a agressiva. É geralmente precedido percepção é aguçada e tomamos medidas para fugir
por: ou evitar, de outras maneiras, o perigo.

1º) Crise: Uma situação anormal provocada por Quando estamos ansiosos, porém, sentimo-nos ame-
uma ocorrência específica. açados sem saber o que fazer para enfrentar o perigo. A
2º) Reação Circular: Fase de intensa excitação, em ansiedade é a sensação de estar “agarrado”, “oprimido” e,
que o comportamento de cada indivíduo se re- em vez de tornar mais aguda a percepção, em geral, tor-
flete na conduta dos que lhe são próximos, re- na-a mais enfraquecida.
tornando com efeito ampliado.
A ansiedade desorienta, afastando temporariamente o
3º) Ação de Um ou Vários Líderes: Costumam sur-
conhecimento nítido do que e de quem ele é obscurecen-
gir durante a fase de reação circular, arrastando
a multidão e levando-a a agir de forma violenta e do a realidade que o rodeia. Causa reações físicas como:
descontrolada. transpiração excessiva, palpitações, opressões na região
do estômago, alterações respiratórias, etc. Por isso, em sua
8.2.6. O Líder Negativo no Comporta- atividade fim, o Bombeiro-Militar deve evitar a ansiedade.
mento Coletivo
No comportamento coletivo a comunicação é de im- 8.2.8. A Formação e a Importância Do
portância primordial. Foi comprovado que há um “marca Grupo
passo” durante um considerável período de tempo, antes A formação em grupo ocorre, a princípio, pela própria
de começar a agir. O “marca passo” é a ação dos membros tendência natural do homem a se agrupar, é o que cha-
individuais, tentando apurar primeiro o que os demais mamos de instinto gregário ou afiliativo, que advém da
pretendem fazer. própria razão de suprir as necessidades fisiológicas e as
Nestas condições há uma hipersensibilidade às pistas. psicológicas (proteção e afeto).
Qualquer ação realizada por um indivíduo pode fornecer
Na adolescência este instinto afiliativo se transforma
uma pista orientadora, que precipitará o comportamento
num centro de interesse social (interesse econômico,
dos demais. A primeira pessoa a fazer estas coisas deve
amizade, etc.).
ter um aspecto independente, um tanto imune à influên-
cia social e indiferente ao comportamento ou opiniões A importância da convivência em grupo está na ajuda
dos outros. e apoio, sem os quais, na realidade, não poderíamos so-

158 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ


breviver. Isto é sentido especialmente em condições de tando-se mutuamente, pela própria necessidade de
tensão ou em situações de mudanças. Outro fator impor- autopreservação.
tante é o aumento da “auto-estima”, quando nos senti-
mos correspondendo às expectativas do grupo. 8.2.11. Atitudes do Participante de um
Grupo
De forma geral, adquirimos em grande parte as cren-
1º) Regra Fundamental, considerar-se responsável pelo
ças, sentimentos e atitudes dos grupos dos quais par-
fracasso do grupo. Considerar a liderança como sim-
ticipamos. Eles nos influenciam sempre, quer direta ou ples delegação, que pode, a qualquer momento, ser
indiretamente, consciente ou inconscientemente. substituída. Estar disposto a assumir também a lide-
rança sempre que solicitado. Não considerar ninguém
“Grupo é a reunião de indivíduos que pos- mais ou menos importante. Não admitir relações de
sui unidade interna e não simplesmente um dominação ou de submissão.
aglomerado de gente”. 2º) Procurar se colocar disponível para contribuir, a fim
de que o mesmo aconteça com os companheiros. Ve-
Durkheim lar pela coesão do grupo, evitando atitudes que pro-
voquem sua desagregação. Velar pelos companhei-
ros sem preconceito ou simpatias. Relaxar o espírito.
8.2.9. Integração do Indivíduo ao Grupo Permitir que o grupo produza como grupo.
Viver em comum exige, de modo geral, uma constan- 3º) Procurar conhecer cada companheiro e travar rela-
te revisão de nosso comportamento. Isto pode ser feito ções com todos. Desfazer, nos intervalos, a má im-
através de uma “auto-análise”, pois só assim corrigire- pressão que sua atitude possa ter causado durante
mos algumas certas atitudes e evitaremos certas rea- a discussão. Avaliar sempre a repercussão que sua
ções. Para o indivíduo viver em sociedade precisa de um participação causa nos demais membros do grupo.
aprendizado, de um treinamento e, naturalmente, conhe- 4º) Ser pontual e obedecer às regras estabelecidas pelo
cer seu grupo e todos os fatos de ordem psicológica, que grupo, como se fossem de seu próprio interesse
possam garantir sua permanência nele. pessoal. Cada membro é tão responsável pelo grupo
quanto à liderança. Propor regras para resolver os im-
O processo de integração de um indivíduo em grupo é passes. Considerar os impasses como problema seu.
facilitado ou dificultado pelo ambiente, em que ele se de- 5º) Não esquecer, “Seu Direito” termina quando começa
senvolve. O fator que favorecerá essa integração será o o direito dos outros. Não monopolizar a discussão.
de corresponder às expectativas do grupo. É importante Ser cordato e acessível. Não personalizar as opiniões.
observar, sobretudo, que devemos ser coerentes primei- Ser objetivo. Não colocar no grupo suas emoções. Di-
ro conosco. rigir-se sempre pelos fatos.
6º) Participar ao máximo dentro do grupo. Um elemento
8.2.10. A Importância do Trabalho em apático ou não participante constrange o grupo todo
Grupo e contribui para desfazer a coesão grupal. Ser gene-
roso, dando o máximo de contribuição. Ser condes-
A importância do trabalho em grupo está na: cendente com os mais humildes.
• Realização de obras e tarefas, que têm sua realização 7º) Não competir em grupo, mas colaborar. Não procu-
impossível por apenas um indivíduo. rar dividir ou obstruir. Tentar solucionar os impasses,
• Troca de idéias, esclarecimento de dúvidas e até re- descobrir soluções para o grupo progredir.
formulações de conceitos. 8º) Atender à liderança como desejaria ser atendido,
• Autoafirmação, disciplina e educação do indivíduo. quando estiver em seu lugar. A liderança encarna no
momento o interesse do grupo.
• Proteção moral e física do homem. É de grande valia
para o indivíduo se sentir seguro com relação ao seu 9º) Não contribuir para o aparecimento de subgrupos,
grupo. nem tentar assumir a posição de liderança, quando
para isso não tiver sido convidado. Pelo contrário,
• Humanização do homem, onde o grupo força cada
ajudar a liderança, quando ela falhar. Fazer isso é con-
elemento a refrear seus impulsos naturais, respei-
tribuir para a sobrevivência do grupo e mostrar ma-

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 1 | CBMERJ 159


turidade para a vida comunitária. Considerar, como 8.2.12. Os Grupos Sociais
seu, o fracasso da liderança e de cada membro. Ficar
atento às contribuições de cada um. Elogiar os com- Ao longo de nossas vidas, fazemos parte dos mais
panheiros. diferentes grupos de pessoas, seja por escolha própria,
seja por circunstâncias que independem de nossa vonta-
10º)Trazer sua colaboração ao trabalho de grupo. Va-
lorizar a contribuição dos companheiros. Estudar o de. Assim, entramos e saímos de vários grupos sociais,
assunto que vai ser discutido. Não deixar a discussão os quais certamente são importantes na conformação
entrar em “ponto morto”. Ouvir com atenção os com- de nossa educação, de nossos valores e visões de mundo.
panheiros. Ajudá-los com perguntas e esclarecimen-
Na Sociologia, considera-se que os grupos sociais
tos. Discordar com elegância e bom humor.
existem quando em determinado conjunto de pessoas
há relações estáveis, em razão de objetivos e interesses
“Unir-se é um bom começo, manter a união
comuns, assim como sentimentos de identidade grupal
é um progresso, e trabalhar em conjunto é a
desenvolvidos através do contato contínuo. Estabilidade
vitória.”
nas relações interpessoais e sentimentos partilhados de
Henry Ford

Fonte: http://universidicas.blogspot.com /2010/07/redes-sociais.html

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pertença a uma mesma unidade social são as condições Ampliando essa classificação, podemos pensar tan-
suficientes. to nos grupos informais como nos formais. É possível
dizer que os grupos informais são aqueles do qual que
Além disso, é importante observar que o grupo existe
fazemos parte sem uma regra ou norma, necessaria-
mesmo que não se esteja próximo dos componentes. Pro-
mente, controlando o pertencimento. Somos perten-
va disso está no fato de que, ao sairmos da última aula da
centes por vários fatores do ponto de vista subjetivo,
semana, embora fiquemos longe daqueles que compõem
por motivos outros que podem não ser racionais ou
nossa sala, a classe por si só não se desfaz, ainda existin-
por uma escolha aleatória. Um bom exemplo são nos-
do enquanto grupo. Da mesma forma, podemos pensar
sos grupos de amigos, como na escola, no trabalho, no
isso para nossas famílias, o que corrobora o fato de que
clube, no bairro em que moramos. Vejamos que, se por
o grupo é uma realidade intermental, ou seja, mesmo que
um lado podemos fazer parte de um mesmo grupo que
os indivíduos estejam longe, permanece o sentimento de
outro indivíduo apenas pelo fato de estudarmos na
pertença dentro da consciência de cada um.
mesma escola, por outro isso não significa que de fato
Podemos ter grupos sociais como os de participa- todos os alunos sejam amigos. Os grupos informais
ção e de não participação, isto é, aqueles que temos também podem ser entendidos como grupos primá-
vínculo ou não. A pertença ou não a determinado gru- rios, isto é, são pequenos e dizem respeito a relações
po será fundamental para determinar nosso compor- entre as pessoas dadas por semelhança e afinidade,
tamento em relação aos outros (tomados como pares sendo que o objetivo último da relação é ela em si, e
ou como diferentes), embora saibamos que se por um não um meio para se alcançar algo.
lado temos o direito de nos identificar ou não com al-
Já os grupos formais são pautados pela alta racio-
gum grupo, por outro devemos fugir do preconceito e
nalidade, e o indivíduo que a ele pertence está pautado
discriminação (em todos os aspectos possíveis) dos
por leis, por regras, por uma burocracia racional-legal,
que estão em outros grupos. Além desses, podemos
quando as relações sociais são mediadas por dispositi-
ter outros grupos como os de referência (positiva ou
vos contratuais, como em uma empresa, por exemplo. Os
negativa), normativos e comparativos, todos servindo
grupos formais também podem ser tomados por grupos
de norte ou parâmetro para nossas relações sociais.
secundários, pois são grandes e dizem respeito a rela-
Nossos grupos de referência positiva na maioria das ções entre pessoas por interesses em comum, sendo o
vezes são os grupos dos quais participamos. No entan- objetivo último da relação a interdependência. As re-
to, podemos ter indivíduos que buscam aceitação em lações não têm o mesmo grau de permanência que nos
grupos que não pertencem, como adolescentes que têm grupos informais, já que as relações são apenas um meio
amizades com jovens de mais idade e passam a imitar o para atingir um objetivo em comum.
comportamento em um período de crise de identidade e
questionamentos tão comuns à adolescência. No caso “Um floco de neve é uma das mais frágeis
da referência negativa, o mesmo é válido. A família que criações, mas veja o que eles conseguem fa-
deveria ser positiva se torna negativa para o adolescente zer quando se juntam!”
que deseja transgredir um conjunto de valores defendi- Autor desconhecido
dos por sua família.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

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