Você está na página 1de 5

DIREITO E MORAL

Essa deve ser, talvez, uma das mais antigas discussões do direito,
segundo Venosa, normas jurídicas e normas morais são “parentes’’
próximos.”
A moral é constituída de uma série de condutas que cumprem
determinadas funções. Levou algum tempo para que a humanidade
fosse criando padrões de cultura, de ação, de ética, de moral, visando
atingir seus objetivos.

- Nunca podemos analisar a moral de um povo sem analisar a história


desse povo.

- A moral varia, portanto, no tempo e no espaço.


Exemplo de fatos que eram morais ou imorais e hoje não o são:
sacrifícios humanos, inquisição, escravidão, separação, segunda
união, mostrar as pernas.
Exemplo de fatos que são morais em um lugar e não o são e outros:
desfile de carnaval com mulheres quase nuas, casamento
homossexual, apedrejamento da mulher adúltera, poligamia.

- A moral não só orienta a vida em sociedade, como suas regras


podem ser utilizadas para julgar os homens.

DIREITO MORAL
É objetivo É subjetiva
É coercitiva Não é coercitiva
É o mesmo em todo o nosso Varia de uma região, de um
território nacional grupo para outro.
É coletivo É individual
Projeta-se externamente Projeta-se internamente
Ambas têm conteúdo ético.
É heterônomo É autônomo (Kant)
Situa-se no âmbito imperativo É um mandamento interno do
categórico (Kant) homem (Kant)
Sua fonte é legislativa, podendo Suas fontes são a religião, a
ter, nos costumes, uma fonte cultura social, a profissão ou a
secundária consciência individual
Preocupa-se, unicamente, com o Mira a conduta intima do homem
homem em sociedade. Nas suas e sua relação com a sociedade.
relações com os demais membros Concentra-se no homem em
relação aos deveres consigo
mesmo e com os que estão
próximos.
Os julgamentos são feitos pelo Os julgamentos são feitos pela
Estado própria consciência
É provocada É espontânea
Tem sanção fixa e determinada A sanção é interna ou, se
pela lei externa, é feita por uma eventual
reprovação social
Regula quando se exterioriza Regula em seu momento interno
É assegurada pela possibilidade Sanção de ordem interna, o
de uma coerção material, remorso, ou uma
praticada pelo Estado desconsideração social;
É um sistema denso e concreto, É um sistema rarefeito e
composto por um indeterminado genérico, inscrevendo-se,
número de leis facilmente, na mente dos
homens. São mandamentos
simples, passados de geração em
geração.
No Direito eu posso punir uma Na moral, a culpa é essencial
conduta sem culpa para a responsabilização do
(responsabilidade objetiva) sujeito
Não existe direito, nem sanção, Na moral, nem as normas, nem
sem prescrição normativa escrita as sanções estão escritas.
É possível a existência de Direito Não se questiona o caráter
distante do senso moral, porém, jurídica das normas morais.
será sempre uma norma de
questionável injustiça
A norma jurídica pode ser A norma moral, se for cumprida
cumprida coercitivamente, nem impositivamente, deixa de ser
por isso deixa de ser lícita moral. A moral é incoercitível.
Possui bilateralidade atributiva* É unilateral
* é uma proporção intersubjetiva, em função da qual os sujeitos de
uma relação ficam autorizados a pretender, exigir, ou a fazer,
garantidamente, algo. (Reale)

SEMELHANÇAS ENTRE DIREITO E MORAL:


a) ambas têm, por objeto os atos humanos;
b) têm a ética por fundamento;
c) são de caráter obrigatório, embora suas sanções sejam diferentes;
d) ambas são caráter prescritivo, vinculam e estabelecem obrigações;
e) ambas são elementos indispensáveis à vida em sociedade;

- Apesar de não se coincidirem sempre, as normas jurídicas possuem,


não sempre, cunho moral. Assim, tanto mais tem a norma de cunho
moral, mais ela será conhecida e aceita pela sociedade.

- A moral, via de regra, serve de base para a criação de uma norma;

- Thomasius distinguiu três esferas de conduta:


a) moral: refere-se à interioridade do homem, buscando sua
perfeição, não sendo coativa;
b) Direito: busca a paz externa e caracteriza-se pela exteriorização e
coatividade;
c) usos sociais: referem-se a meras condutas de cortesia ou
semelhantes, sem reflexo mais profundo nas outras esferas.

- Para Kant, as normas morais eram como se fossem mandamentos,


leis internas individuais e o Direito seria feito de normas externas.
Assim, ambos nada mais seriam do que formas de positivismo, na
visão de Chorão.

- Para o positivismo, direito e moral situam-se em “universos’’


distintos. Ou seja, são totalmente independentes.

- Para Georges Ripert, a moral, mesmo que não tenha a força


coercitiva do Direito, pode se sobrepor ao Direito nos seguintes
casos:
a) Impede contratos quando o objeto é lícito, mas contrário aos bons
costumes;
b) quando, indo contra o princípio da autonomia da vontade, reclama
a proteção do contratante mais fraco;
c) quando se opõe ao exercício ilimitado de direitos, pois pode
provocar injustiças;
d) quando se preocupa com os sentimentos das pessoas para saber
se agiram ou não de boa fé, para punir os que agiram com malícia.

Às vezes, a moral se encarna no próprio Direito:


a) no dever de não prejudicar injustamente alguém;
b) no dever de não acrescer patrimônio próprio à custa alheia.

TEORIAS SOBRE DIREITO E MORAL

TEORIA DO MÍNIMO ÉTICO

- Consiste em definir o Direito como um mínimo de moral


normatizado. Isso seria o mesmo que dizer que uma parte pequena
da moral vira lei para garantir a vida em sociedade;
- A partir do momento em que as sanções morais não conseguem
impedir a violação da norma, cria-se uma norma jurídica, passível de
coerção estatal;
- É representada através de dois círculos concêntricos: nem tudo o
que é moral é Direito, mas tudo o que é Direito é moral.
- Essa teoria não está correta, nem tudo o que pertence ao ramo
direito faz parte do ramo da moral:
a) Regras amorais: as regras de trânsito, os prazos prescricionais
serem 3, 4 ou 5 anos (que fundamento moral existe ai?); e
b) Regras imorais: constituição de uma sociedade onde um trabalha e
ambos recebem; pagamento de pensão ao eis consorte adúltero.

Teoria dos círculos secantes

- Segundo essa teoria, existe uma parte da moral que foi


normatizada e outra que não e uma parte do Direito que não
pertence ao campo da moral: nem tudo o que é Direito é moral,
nem tudo o que é moral é Direito.

Teoria de Kelsen

- Direito e moral são mundo distintos. Somente o Direito contém


regras que devem ser obedecidas.

Alguns traços da moral

Você também pode gostar