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A EXTENSÃO COMO AÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

UNIVERSITÁRIA: O CASO DO PROJETO SAÚDE EM


MOVIMENTO.

Giselle Cavalcante Queiroz (1), Virna Fernandes Távora Rocha (2), Ana Clara
Aparecida Alves de Souza (3).

(1) Faculdade Ateneu, Rua São Vicente de Paula, 300, Antônio Bezerra, Fortaleza,
Ceará – Brasil.
e-mail: gisellecqueiroz@gmail.com
(2) Instituto UFC Virtual, Campus do Pici - Bloco 901 - 1º andar - CEP 60455-760 -
Fortaleza – CE, (85) 3366 9457.
e-mail: virnaftr@gmail.com
(3) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rua Washington Luís, 855 - Centro
Histórico, Porto Alegre – Rio Grande do Sul - Brasil, 51 3308-3536.
e-mail: clara.ufc@gmail.com

Autor correspondente: Giselle Cavalcante Queiroz (gisellecqueiroz@gmail.com)

Tema 4: Universidade e Comunidade

RESUMO
A Responsabilidade Social Universitária (RSU) deve estar na essência das instituições
de ensino superior, por serem considerados lócus para a busca de soluções, para a
superação dos desafios sociais e para responder às demandas da comunidade em seu
entorno (RIBEIRO, 2013). Segundo esse autor, isso significa que a RSU implica ensino
de qualidade, pesquisa científica ética, gestão responsável e extensão comprometida
com a superação dos problemas sociais. Neste trabalho, entende-se a extensão
universitária como um dos espaços importantes para a universidade exercer sua
responsabilidade com a comunidade em que está inserida. O presente estudo visa avaliar
como um projeto de extensão universitária contribui para atender necessidades que o
Estado não consegue suprir quanto à medicina preventiva. O projeto de extensão Saúde
em Movimento do Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Ceará
atua nesse contexto, atendendo residentes das comunidades situadas no entorno do
Campus do Pici. O projeto oferece serviço de acompanhamento de exercícios físicos a
moradores do bairro, contribuindo com a saúde destes. A medicina preventiva objetiva,
em princípio, melhorar a qualidade de vida das pessoas, por meio de ações de promoção
da saúde e prevenção de doenças e suas complicações (BANCHER, 2004). Para a
realização deste estudo, utilizou-se metodologia qualitativa, por meio de entrevistas com
os stakeholders do Projeto: estudantes, professores e moradores da comunidade
atendida. Os resultados destacam que o Projeto Saúde em Movimento apresenta-se
eficaz no atendimento à saúde, atenuando as dificuldades da comunidade beneficiada no
que diz respeito à medicina preventiva. Quanto aos estudantes atuantes no Projeto,
destaca-se a possibilidade de aprendizado prático dos saberes adquiridos na
Universidade. Verificou-se que houve um estreitamento da relação universidade-
comunidade no contexto destacado. O estudo contribui para fortalecer o reconhecimento
da extensão como segmento essencial para o exercício da responsabilidade social
universitária.

Palavras-chave: Responsabilidade social universitária, extensão universitária, medicina


preventiva, comunidade, stakeholders.

ABSTRACT
The University Social Responsibility (USR) must be at the core of higher education
institutions, because they are considered locus in the search for solutions to overcome
social challenges and to respond to community demands in their surroundings
(RIBEIRO, 2013). According to him, it means that the USR implies in quality education,
scientific research ethics, responsible management and extension committed to
overcoming social problems. In this paper, university extension is understood as one of
the important areas for the university to exercise its responsibility to the community in
which operates. This study aims to evaluate how a university extension project
contributes to meet needs that the State can not supply such as preventive medicine. The
extension project Saúde em Movimento from the Physical Education Department of the
Federal University of Ceará acts in this context, assisting residents of communities
located around the Pici campus. The project offers monitoring exercise service to the
neighbourhood residents, contributing to their health. The objective of preventive
medicine is, in principle, to improve life quality through promoting health, preventing
diseases and their complications (BANCHER, 2004). For this study, we used qualitative
methodology, through interviews with Project stakeholders: students, teachers and
residents of the community served. The results highlight that Saúde em Movimentois
effective in health caring, reducing the community's difficulties regarding preventive
medicine. As for the students working in the project, there is the possibility for them of
learning practically the knowledge acquired at the University. It was found that there
was a narrowing of university-community relationship in the context. The study
contributes to strengthen the recognition of extension as a key segment in the exercise
of university social responsibility.

Keywords: university social responsibility, university extension, preventive medicine,


community, stakeholders.
1 INTRODUÇÃO

A Responsabilidade Social Universitária (RSU) destacada em Ribeiro (2013) surge


como um conceito que integra a relação entre a universidade e as necessidades sociais
com as quais ela pode contribuir ao direcionar os seus saberes à comunidade. Além da
responsabilidade com ensino de qualidade, ética e gestão responsável, a RSU acolhe o
pilar extensão como a alternativa de integração que a universidade pode proporcionar ao
abrir-se para contribuir com o público externo, direcionando sua expertise e estrutura às
necessidades identificadas.

No contexto explorado no presente estudo, a Medicina Preventiva surge como uma


alternativa essencial para comunidades vizinhas ao Campus do Pici, da Universidade
Federal do Ceará (UFC). Através do Projeto Saúde em Movimento (PSM), homens e
mulheres encontraram uma alternativa para praticarem exercícios com acompanhamento
profissional em um espaço de confraternização e amizade, que possui como objetivo
primeiro a melhoria da qualidade de vida dos beneficiados.

A integração entre responsabilidade social universitária e medicina preventiva através


de um projeto de extensão possibilita o preenchimento de lacunas deixadas pela gestão
pública no atendimento às necessidades sociais e contribui para a diminuição da
demanda por atendimento médico devido a problemas como hipertensão e diabetes,
combinados ao sedentarismo e à falta de orientações sobre hábitos mais saudáveis.

Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, no qual foi realizado um estudo de caso


do projeto de extensão Saúde em Movimento, realizado desde o ano de 2011 na
Universidade Federal do Ceará. Foram ouvidos coordenadores do projeto, estudantes
envolvidos e beneficiados. Além de entrevistas semiestruturadas, foram analisados
documentos disponibilizados pela coordenação do projeto.

O objetivo da presente pesquisa foi identificar os benefícios gerados pelo Projeto Saúde
em Movimento para stakeholders envolvidos na sua execução.

O estudo está dividido em sete seções a começar por essa introdução, seguida pelo
referencial teórico no qual as categorias Responsabilidade Social Universitária e
Medicina Preventiva são abordadas de maneira mais detalhada. A seção três apresenta
os caminhos metodológicos definidos para a condução do estudo, seguida pela seção
quatro que apresenta o projeto de extensão estudado. A seção cinco detalha a análise
realizada e os resultados alcançados. Conclui-se com as considerações finais do estudo.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Responsabilidade Social Universitária (RSU)

Desde a década de 1990 o conceito de Responsabilidade Social tem se tornado um


elemento diferenciador, competitivo, rentável e atrativo (GASCA-PLIEGO; OLVERA-
GARCÍA, 2011). Com isso, diversas organizações engajarem-se em iniciativas de
responsabilidade social com o intuito de obter vantagem competitiva, e em contrapartida,
gerar uma mudança social. As universidades, como organizações, estão inseridas nesse
contexto. Assim, surgiu a denominação Responsabilidade Social Universitária (RSU),
corrente que ganhou força nos últimos anos como uma definição relacionada ao
compromisso social das universidades (BACIGALUPO, 2008).

Para Gasca-Pliego e Olvera-García (2011) toda organização, incluindo as universidades,


devem assumir sua responsabilidade social pelo bem de sua sobrevivência. Entretanto, a
RSU não está ligada apenas à difusão de conhecimento, mas também ao
estabelecimento de uma relação que permita a comunicação (e produção) de saberes
entre a universidade e a população, um confronto com a realidade do entorno, que torne
possível a produção de conhecimentos que visem à transformação, o enfrentamento e a
problematização das demandas sociais (MENDES; BICALHO, 2009).

Diversos autores discutem o papel das universidades frente às exigências perante a


sociedade. Gasca-Pliego e Olvera-García (2011) e Bacigalupo (2008) descrevem que as
universidades devem assumir um compromisso com seus alunos, docentes,
colaboradores, demais instituições com as quais se envolve e com a sociedade de forma
geral; agindo junto às comunidades do seu entorno, preocupando-se em como suas
ações impactam direta ou indiretamente a sociedade, exigindo das universidades uma
consciência global sobre seus impactos sociais. Para essas relações interagirem
adequadamente, as universidades devem promover valores como solidariedade,
cooperação, igualdade e respeito mútuo entre os envolvidos. Entretanto, Gasca-Pliego e
Olvera-García (2011) deixam claro que o conceito de Responsabilidade Social não pode
ser confundido com filantropia, boas intenções ou caridade.

Bacigalupo (2008) propõe que as universidades devem instituir a RSU em dois níveis de
impacto: institucional e social. Para a autora, a gestão da RSU deve relacionar-se com as
decisões administrativas que têm impacto no ambiente interno (impacto institucional) e
no ambiente externo, referente ao impacto social do ensino e da pesquisa na sociedade
de forma geral.

Mendes e Bicalho (2009) defendem que a extensão universitária assume o importante


papel de atender à Responsabilidade Social Universitária, influenciando e sendo
influenciada pela comunidade, havendo, então, uma troca de conhecimentos e valores
entre os dois sujeitos envolvidos. Assim, torna-se “possível fazer a interface entre o
saber acadêmico e o saber popular, construindo assim uma relação de criticidade e de
intercâmbio de experiências (CRUZ et al., 2006, p. 3)”.

A Responsabilidade Social Universitária deve perpassar três níveis: interno, envolvendo


seus estudantes, docentes, pesquisadores, gestores e colaboradores; externo, com seus
empregadores, alunos egressos, fornecedores e parceiros estratégicos; extra, por meio
das relações com o Estado, a sociedade e o meio ambiente de forma geral (GASCA-
PLIEGO; OLVERA-GARCÍA, 2011).

A ligação entre uma universidade e a sociedade pode ser implementada, como indicado
por Bacigalupo (2008), por meio da análise e aplicação de projetos inovadores, da
prática de pesquisas aplicadas, e do envolvimento entre professores e alunos para
solucionar problemas reais da sociedade. Assim, a RSU promove o trabalho
interdisciplinar entre professores e alunos por meio da articulação entre ensino, pesquisa
e demandas sociais reais.

2.2 Medicina preventiva

O desenvolvimento tecnológico decorrente da industrialização, a formação e a


urbanização das grandes metrópoles trouxeram consequências ligadas diretamente à
saúde da população. As pessoas que tinham uma rotina naturalmente dinâmica e sujeita
a poucos fatores estressantes, passaram a conviver com problemas como a obesidade, a
ansiedade e a hipertensão arterial (SILVEIRA JÚNIOR; MARTINS; DANTAS, 1999).

Diante disso, o poder público preocupa-se com os custos assistenciais devidos essas
doenças crônicas e degenerativas, cujos tratamentos são caros e longos (ARAÚJO;
ARAÚJO, 2000). Santos e Westphal (1999) afirmam que há alguns anos a visão da
saúde passou da mera ausência da doença para a noção de bem-estar físico e mental.
Têm-se modificado a prática sanitária, passando-se da antiga – curativista – para a atual
– a vigilância da saúde (SANTOS; WESTPHAL, 1999). Tal vigilância requerida pela
medicina preventiva é sinônimo de promoção da saúde (HESPANHOL; COUTO;
MARTINS, 2008). Programas de promoção à saúde servem como catalisadores de
comportamentos saudáveis, estimulando outras mudanças (ARAÚJO; ARAÚJO, 2000).

Considera-se a prática das atividades físicas como uma das maiores conquistas da saúde
pública, entendendo-se a saúde pública como a ciência e a arte de evitar doenças,
prolongar a vida e desenvolver a boa disposição física e mental dos seres humanos
(FERREIRA et al., 2012).

As políticas públicas devem promover na população o estímulo à adoção da


recomendação atual da atividade física, encorajando os indivíduos de todas as idades,
mas em especial os maiores de 50 anos, a realizar pelo menos 30 minutos de atividade
física moderada por dia, na maior parte dos dias, de forma contínua ou acumulada
(MATSUDO; MATSUDO; BARROS NETO, 2001).

A longevidade com qualidade de vida parece estar também relacionada com a prática
regular de atividade física durante a vida. Poucas são as pessoas que praticam algum
tipo de atividade física regular, apesar das campanhas. Por esse motivo, o risco
populacional atribuído à inatividade é elevado e apresenta-se como um sério problema
de saúde pública (AMARAL; POMATTI; FORTES, 2007).

Para Coelho e Burini (2009), a atividade física está relacionada à prevenção e ao


tratamento de doenças e incapacidade funcional, permitindo a redução da adiposidade
corporal, a queda da pressão arterial, a melhora do perfil lipídico e da sensibilidade à
insulina, o aumento do gasto energético, da massa e força muscular, da capacidade
cardiorrespiratória, da flexibilidade e do equilíbrio. Outro importante benefício da
atividade física se dá sobre pessoas hipertensas. No Brasil, a doença hipertensiva é um
dos problemas de saúde pública de maior prevalência na população e representa o maior
e mais perigoso fator de risco para a progressão e/ou desenvolvimento de doenças
cardiovasculares (SILVEIRA JÚNIOR; MARTINS; DANTAS, 1999).

Considera-se que a prática de qualquer atividade e não apenas a física constitui um meio
de manter e/ou melhorar a capacidade funcional. Além disso, é capaz de possibilitar
uma maior inserção na comunidade, através do fortalecimento de vínculos familiares, de
amizade, de lazer e sociais, promovendo mudanças na vida cotidiana, como busca de
melhoria da qualidade de vida (FERREIRA et al., 2012).

3 METODOLOGIA

O presente estudo, quanto à natureza, caracteriza-se como descritiva e exploratória, pois


buscou descrever o comportamento de um fenômeno (COLLIS; HUSSEY, 2005), a
contribuição de um projeto de extensão universitária para atender necessidades que o
Estado não consegue suprir quanto à medicina preventiva. Através do estudo de caso
foram analisadas as características da iniciativa. Para a investigação de fenômenos
contemporâneos inseridos na vida real, Yin (2010) afirma que a estratégia preferível é o
estudo de caso.

O trabalho foi conduzido a partir de pesquisa qualitativa e analisado seguindo as


orientações disponíveis em Creswell (2010). Realizou-se a organização e preparo dos
dados coletados e sua leitura; houve um processo de análise das informações
disponíveis sobre os sujeitos; e por fim, buscou-se a extração de um significado a partir
dos dados trabalhados.

A coleta de dados foi realizada a partir de entrevistas semiestruturadas junto à


coordenação do Projeto Saúde em Movimento, 5 estudantes envolvidos nas atividades e
10 beneficiados da comunidade, de um total de 40 beneficiados por turma. Durante a
realização das entrevistas, foi realizada também uma observação direta, através da qual,
duas das autoras interagiram com a equipe e beneficiados. Segundo Cooper e Schindler
(2011) a observação direta ocorre quando o observador está fisicamente presente e
permite o registro dos fatos de forma sutil e à medida que eles ocorrem.

A apresentação das falas dos entrevistados é feita sem revelar os seus nomes. Através
dos relatos, buscou-se ilustrar os benefícios e desafios vivenciados pelos envolvidos.

4 PROJETO SAÚDE EM MOVIMENTO (PSM)

Iniciado no ano de 2011, o Projeto Saúde em Movimento surgiu da necessidade de


atender às demandas de medicina preventiva de comunidades próximas ao Campus do
Pici, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

A maioria dos beneficiados possui mais de 40 anos. Ao realizar um estudo, o Programa


identificou que 33% das pessoas acima de 40 anos sofrem de problemas
cardiovasculares. Alguns fatores de risco também foram identificados, tais como
sedentarismo, fumo, hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade.

Destaca-se que alguns hospitais que possuem equipes do Programa do Governo Federal
“Saúde da Família”, encaminham novas pessoas para as atividades desenvolvidas no
PSM. Há ainda uma parceria com os postos de saúde de Fortaleza, assim, são
encaminhados protocolos e fichas de cadastramento através dos quais qualquer paciente,
de qualquer posto da Capital, pode ser encaminhado por médicos para ter o
acompanhamento de medicina preventiva e atividade física do PSM.

As atividades físicas realizadas pelo Programa, bem como a verificação frequente de


pressão para garantir um melhor desempenho dos beneficiados, são acompanhadas por
estudantes de Educação Física da UFC, ligados ao PSM. As informações relativas a
cada beneficiado são catalogadas em fichas para que seja possível um acompanhamento
individual.

Os diversos exercícios praticados, o acompanhamento dos profissionais e a alegria


compartilhada entre os membros são motivos de satisfação para os beneficiados pelo
Programa.

As inscrições para novos alunos estão sempre abertas, são gratuitas e podem ser
realizadas no Centro Esportivo do Campus do Pici da UFC. Pede-se que os interessados
consultem um médico antes e façam um check-up.

5 ANÁLISE E RESULTADOS

A partir dos dados coletados através de entrevistas e estudos realizados pelo Projeto
Saúde e Movimento, é possível destacar de que forma os atores envolvidos são
beneficiados pelas atividades desenvolvidas. A análise buscou identificar elementos que
evidenciassem os benefícios das parcerias estabelecidas para os stakeholders do Projeto.

5.1 Sobre o Projeto Saúde em Movimento

O Coordenador do Projeto destaca as etapas percorridas pelos beneficiados para integrar


o PSM: apresentação de um encaminhamento médico que os libera para as atividades;
preenchimento de uma ficha de cadastro.

O projeto acontece três vezes por semana e cumpre uma rotina: realização do cálculo de
frequência cardíaca; início da sessão de atividades, que tem uma duração média de 50
minutos; posteriormente fazem um aquecimento de dez minutos na pista de atletismo ou
no campo de futebol; então começam a caminhar e buscam atingir o seu ritmo nos 10
primeiros minutos, tendo que mantê-lo por mais 20 minutos, caminhando ou correndo;
eles medem a frequência cardíaca três vezes ao longo da prática; os beneficiados
seguem para a sala de ginástica localizada para fazer alongamento e relaxamento; e,
finalmente, medem a pressão pela última vez e anotam na carteirinha que possui o
registro diário dessas mensurações.

A carteira pode ser levada ao médico que acompanha o beneficiado.

O coordenador destaca que, entre as principais doenças dos pacientes que frequentam o
PSM estão: Acidente Vascular Cerebral (AVC), doença cardiovascular, hipertensão,
diabetes e obesidade. Os casos mais graves recebem acompanhamento especial. Se a
dependência física for muito grande, os profissionais ligados ao Programa fazem uma
avaliação e encaminham para um projeto existente no curso de Fisioterapia, para que a
pessoa se recupere e só então possa integrar o PSM com os demais.

Os alunos da Universidade evolvidos com o Projeto Saúde em Movimento, além de


beneficiarem-se com a aprendizagem a partir da prática, desenvolvem pesquisas
apresentadas nos Encontros Universitários, promovidos anualmente pela UFC.

Os estudantes de educação física participam do projeto como bolsistas da Universidade.


O “Estudante A”, ao saber da oferta de vagas no Programa, candidatou-se a voluntário
por duas semanas para observar e compreender a dinâmica do projeto, para analisar o
seu formato e aprender a sua aplicação. A oportunidade o possibilitou vivenciar o PSM
como Estágio Supervisionado, disciplina obrigatória no curso de Educação Física.
Sobre o projeto, a “Estudante B” ressalta que este tem uma metodologia simples, mas
exige orientação e uma inovação diária para estimular os participantes.

O projeto é conhecido por várias pessoas residentes na comunidade no entorno do


campus. Todos os beneficiados entrevistados afirmam que conheceram o Projeto através
de familiares e vizinhos que já participavam.

5.2 Conceito de Responsabilidade Social Universitária na perspectiva dos


stakeholders do Projeto

No relato do coordenador responsável pelo PSM, destaca-se como o Programa funciona


e quais os objetivos alcançados e desafios enfrentados.

Sobre a Responsabilidade Social Universitária, na visão do coordenador, foi destacado o


reconhecimento da Universidade como um ator importante na mudança social, que deve
trabalhar de forma a responder às demandas da comunidade. O trabalho dos estudantes
para atender tais demandas é visto como essencial nesse processo de troca, através do
qual a comunidade e esses futuros profissionais são beneficiados.

Já que a universidade é uma instituição de formação profissional e pública e


quem mantém a universidade pública é o Estado e o povo, esse momento é
quase como um estágio profissional. Nesse momento de estágio,
ofereceremos gratuitamente um serviço para essa população, que deveria ser
atendida pelo Estado. Nossa concepção seria ensinar aos alunos a utilizar o
que eles aprendem em sala de aula de uma maneira que essa prática viesse a
ser útil para as camadas mais necessitadas da sociedade. Isso contribui
bastante para a formação profissional desses estudantes (Coordenador do
PSM, 2015).

Conforme o Coordenador, a prática através do Projeto supre a necessidade desses


alunos também quanto à aplicação dos conhecimentos adquiridos na sala de aula em
oportunidades efetivamente práticas. O Projeto os envolve em práticas de ensino,
pesquisa e extensão e relaciona-se com outros departamentos da Universidade:
Medicina, Farmácia, Fisioterapia e Enfermagem. Muitos dos beneficiados buscam o
PSM por indicação médica, pois há uma parceria com postos de saúde e hospitais.
Questionada sobre a sua compreensão sobre Responsabilidade Social Universitária e a
sua relação com o Projeto Saúde em Movimento, a “Estudante A” destaca que “a
Universidade é pública, logo deve dar algum retorno para a sociedade. Devolver o que
os brasileiros investem com os impostos. A Universidade tem um papel perante a
comunidade. E o projeto atende um público externo, de forma gratuita”.

Para o “Estudante B”, dentro da UFC, o conceito de Responsabilidade Social


Universitária é um pouco esquecido, pois são poucos projetos voltados para a
comunidade e muitos alunos procuram o projeto para benefício próprio.

Um grupo de estudantes também foi ouvido enquanto executava suas atividades. À


medida que as perguntas foram feitas, eles respondiam conforme conveniência.
Questionados sobre a compreensão de RSU, uma das alunas integrantes do grupo
destacou:
RSU é se apropriar do conhecimento que a gente tem aqui na universidade e,
de alguma forma, através da extensão, ou não necessariamente, ajudar a
comunidade. É uma via de mão dupla, a gente ajuda a comunidade, porque a
gente tá prestando um serviço bem mais barato e com muita qualidade, e a
gente está aprendendo constantemente por estar vivenciando a prática. Então
há consciência social, mas tem um pouco de interesse ali.

Os beneficiários têm visões diferentes sobre o principal papel do projeto, enquanto


projeto de extensão. O “Beneficiado A”, bem como a “Beneficiada C e I”, entendem
que a oferta do projeto é uma responsabilidade da UFC com a comunidade e não apenas
uma “boa ação”. Enquanto que o “Beneficiado B” entende o projeto como uma “boa
ação” da Universidade e não como uma responsabilidade.

Os “Beneficiados B, C e D” acreditam que o projeto é oferecido pela Universidade para


formar os professores de Educação Física e/ou para a formação dos alunos da
Universidade que atuam como bolsistas. As “Beneficiadas G e H” também acreditam
que o projeto é oferecido para o benefício dos alunos de educação física, para que eles
apliquem na prática o que aprendem no curso.

O “Beneficiado D” ainda considera que o projeto é oferecido pela Universidade para


benefício das pessoas dos bairros vizinhos. A “Beneficiada I” também acredita que a
Universidade oferece o projeto com a finalidade de melhorar a saúde da comunidade.

5.3 Benefícios do Projeto

Um ponto relevante destacado pelo Coordenador do PSM trata das questões éticas. Os
alunos bolsistas envolvidos nas atividades são cobrados em relação à “responsabilidade
ética”, em relação ao cumprimento dos horários e ao atendimento aos beneficiados. Essa
relação próxima e atenta dos alunos cria vínculos importantes com os beneficiados, fato
que facilita os trabalhos realizados e promove uma maior integração.
Os pacientes ficam muitos vinculados ao programa. A ideia inicial era que
eles fossem para o projeto aprender a se controlar, aprender a medir a pressão
arterial, aprender sobre o aquecimento antes da corrida, aprender o quanto
deve se fazer de corrida, receber orientações sobre nutrição e dieta. O
Programa não conta apenas com exercícios, uma vez por mês eles frequentam
palestras sobre saúde e qualidade de vida. A ideia é que eles frequentassem
seis meses e depois passassem a fazer os exercícios perto de casa, nas praças,
mas eles ficam muito dependentes do projeto (Coordenador do PSM, 2015).

Conforme o Coordenador, o projeto oferece um bom retorno, pois afirma que em torno
de 95% dos beneficiados não fariam exercícios sozinhos, não teriam condições de pagar
uma academia ou de pagar uma clínica de reabilitação. Destaca que os pacientes levam
para os médicos informações sobre melhoria da saúde por conta da participação no
Projeto.

Sobre as vantagens de atuar no Projeto, o “Estudante A” destaca que a experiência


permite vivenciar a prática e alcançar novos aprendizados; possibilita a inovação, pois
buscam aplicar atividades lúdicas para manter as atividades com mudanças que
motivem os beneficiados a darem continuidade. Para ele, o interessante é que o projeto
envolve atividade física, melhoria da qualidade de vida e interação social.

Sobre os trabalhos com os beneficiados, os alunos do grupo ressaltaram:

Como a gente está lidando com um público específico, tem todo um cuidado
na hora de falar, de tratar. A gente aprende a dar bom dia, a ser solícito cedo
da manhã. Fora o conhecimento adquirido ao por em prática o conhecimento
adquirido em sala de aula. Atividades adequadas para cada pessoa, que
articulação a gente está priorizando, cuidados com saúde, além do social, o
projeto tem o lado social também.

O grupo de estudantes destaca, em especial, o vínculo de amizade criado com os


beneficiados, além dos benefícios para a aprendizagem em termos profissionais.
Destacam a importância da bolsa, mas reconhecem que a vivência e o compartilhamento
de experiências e afeto com os beneficiados, são os maiores incentivos para colaborar
com o Programa Saúde em Movimento.

Na opinião dos beneficiados, o projeto traz muitos benefícios. O “Beneficiado A”


afirma “antes de participar do Projeto, eu que não fazia nenhuma atividade física, não
fazia nada em relação à saúde”. Como melhorias após iniciar a participação no PSM,
destaca a perda de peso, o controle da pressão arterial. Reforça que alcançou bons
resultados para a qualidade de vida e saúde. Enquanto que a “Beneficiada I” indica que
teve melhorias nas articulações. O “Beneficiado B” destaca que está sempre sabendo
como está a pressão arterial, sempre sendo acompanhada e orientada. O “Beneficiado C”
também destaca que houve melhorias gerais na saúde após fazer parte do Projeto e o
“Beneficiado F” explica que a pressão arterial ficou controlada depois dos exercícios
físicos.

Os beneficiados reforçam a afirmação do coordenador do projeto sobre o benefício


deste para a prática de exercícios físicos. O “Beneficiado A” avalia que se não existisse
o PSM ele possivelmente faria uma caminhada em busca de perda de peso, mas não
teria nenhum acompanhamento. Enquanto que os “Beneficiados D, E e F” afirmam que
sem o projeto eles não fariam os exercícios físicos. As “Beneficiadas G, H e I” expõem
que o projeto é fundamental para a prática de exercícios delas, sem o projeto também
não fariam nenhum exercício.

Sobre a relação com os alunos de educação física, a “Beneficiada G” afirma que “eles
estão de parabéns pelo carinho, pela educação que eles têm com a gente, a boa vontade.
Eles não são mal humorados. Eles são pessoas que ensinam a gente”. Os “Beneficiados
D, E e F” indicam que a relação entre professores, alunos e beneficiados é muito boa.
Essas percepções corroboram com as análises dos estudantes do projeto.

O “Beneficiário J” opina que o programa é muito importante, pois atinge um número


muito grande de pessoas carentes das proximidades, dá um acompanhamento à prática
de exercícios físicos que essas pessoas não teriam de outra forma e isso contribui para a
saúde das pessoas idosas. Ele afirma que faria exercício físico independente do projeto,
mas não seria próxima a sua residência.

5.4 Desafios encontrados na condução do Projeto

Quanto aos desafios enfrentados, o Coordenador destaca que, embora a Universidade


não tenha gastos extras com o Programa, pois os alunos são contemplados com bolsas
do Ministério da Educação (MEC) para o desenvolvimento de atividades internas, essas
bolsas precisam ser renovadas periodicamente para que o projeto não pare nos meses de
janeiro e fevereiro de 2015. Entretanto, essa renovação não foi possível, tendo que o
professor responsável pelo programa assumir o pagamento de tais bolsas com recursos
próprios. O professor utiliza a sua carga horária da Universidade para coordenar o
projeto.

Pontuou que alguns aparelhos de pressão foram comprados pelo próprio professor
coordenador, pois é difícil fazer essa compra pela Universidade. Sem esses aparelhos o
projeto não poderia iniciar. Ainda há bastante dependência dos recursos disponíveis nas
áreas parceiras do Programa, como Medicina e Farmácia. A pouca estrutura disponível
nas instalações do PSM não permite realizar procedimentos básicos, como coleta de
sangue e testes de força. Mesmo diante de tais desafios, o Coordenador do PSM acredita
que há boas perspectivas para dar seguimento ao Programa no futuro.

Na visão dos beneficiados, as dificuldades enfrentadas se concentram na dificuldade da


Universidade em finalizar a obra de revitalização da pista de atletismo, local adequado
para a prática das atividades. O “Beneficiado A” expõe que as atividades foram
deslocadas para um capo de futebol e são prejudicadas nos dias de chuva.

Por outro lado, a “Beneficiada I” indica que a sala onde fazem alongamento deveria ser
maior. O “Beneficiado B” destaca que aguarda a instalação de uma sala de musculação
para os beneficiados, pois a que existe é apenas para os alunos da UFC. Acredita que a
sala de musculação ajudaria a melhorar as atividades. O “Beneficiado A” destaca a
necessidade de melhoria na infraestrutura e uma possível ampliação nos horários
oferecidos.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo buscou evidenciar os benefícios alcançados por um projeto de


extensão que busca suprir carências relacionadas à medicina preventiva na vida de
pessoas residentes em comunidades vizinhas a um dos campi da Universidade Federal
do Ceará. O Projeto Saúde em Movimento atua desde 2011 em Fortaleza e tem
alcançado resultados importantes a partir das atividades desenvolvidas.

Por suprir uma carência relacionada à saúde, as atividades oferecidas no PSM atenuam
os efeitos do sedentarismo, da obesidade e de muitos dos beneficiados, que em sua
maioria estão na terceira idade. Através das orientações, os beneficiados passam a
conhecer melhor o funcionamento de seus corpos e aprendem a controlar o peso, a
medir a pressão arterial e reconhecer a importância da atividade física frequente para
manutenção da saúde, contribuindo para viver a terceira idade com mais qualidade de
vida.

Para os públicos envolvidos nesse processo: coordenação, alunos e beneficiados, a


interação e a troca de saberes e experiências proporcionam um ambiente dinâmico e
fortalecem o vínculo entre a comunidade e a Universidade. Tal interação reforça a
relevância do pilar extensão das universidades, pois através dela é possível alcançar
maior proximidade com a população e buscar responder a determinadas demandas
sociais, através das capacidades e expertises desenvolvidas na universidade.

Como limitações do presente estudo, pode-se apontar o estudo de caso único, fato que
limita a análise e impede generalizações; e o tempo reduzido de cada entrevista
realizada, devido à pouca disponibilidade dos respondentes. Para pesquisas futuras,
aconselha-se a exploração de dados quantitativos que possam evidenciar melhor o
alcance do Programa e o seu impacto nas comunidades atendidas.

O artigo busca contribuir para a difusão de iniciativas de extensão universitária que têm
um impacto significativo na comunidade e revelam o real papel da universidade
enquanto ator também responsável pelo bem estar social.

REFERÊNCIAS

AMARAL, Pâmela Nunes; POMATTI, Dalva Maria; FORTES, Vera Lúcia Fortunato.
Atividades físicas no envelhecimento humano: uma leitura sensível criativa. Revista
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