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INTRODUGAO: A NOSSA VIRTUDE Ha uma coisa de que um professor pode ter a cérteaa absoluta: quase todos os estudantes que entram para a universidade acreditam, ou dizem que acreditam, que a verdade 6 relativa. Se este facto & posto & prova, uma pessoa pode contar com a reacgao dos estudantes: eles nfo ‘entenderZo. Ficam admirados que qualquer pessoa considere a afirmagio come, no evideate em si etna, como eo alguém pusete om queiio terem uma profissio ou serem homens de ne; ‘outros ricos. Fazem parte do mesmo todo apenas sua fidelidade & igualdade. E 0 relativismo e a fidelidade estdo relacio- nados numa intengio moral. A relatividade da verdade nio é um conhe- indignagio, pois algugm que acredite em br ‘uma pessoa que ande A caca 4s broxas ou js de cinquenta gee 2 torna 8 tinea posigdo plausivel em face dos varios a verdade e das varias, mmenclas So vier ds vivian epee de sues humante 6 o grande combecimento dos nossos tempos. 0 verdadeiro crente 6 que representa © perigo real. O estudo da histéria ¢ da cultura ensina-nos que todo 0 ‘mundo era loueo no passado: os homens pensavam sempre que tinkam 25 A CULTURA, INCULTA lealdade reflectida, racional, ealma, até interessada em si mesina — no tanto ao pats, mas & forma de governo e aos i ‘exigida nos Estados Unidos. Isto era uma ex slucagio. Eta ed cop tm evluide ilo iio lg, ms signe sabe iné-los a novos prin- cipios. Hlavia uma tendéneia, se nao uma necessidade, de homogeneizar 1 propria naturesa. <0. Muito pelo contrério, a esfera dos direitos devia ser a arena da la ff piso moral numa democracia. 27 ALLAN BLOOM Eza possivel alargar 0 espaco isento de legitima regulamentagio = « poltice apenas sedurindo a, eiindiagies « conbocimento vo de desarmar os opressores & eee fo ignorantes ‘A. sensibilidade inflam: luzida pela teoria democritica su lige eciual dos direitos para a abertara Oliver Wendell Holmes remmeiou A CULTURA INCULTA cismo de Carl Becker passou a ser rotina. Estamos habitusdos a ouvir que parecia levar esse ponto de vista mais além ¢ darihe um peso intelectual maior. ‘A histéria e as ciéncias sociais usam-se de virias maneiras para ‘Nio deviamos ser etnocéntricos, um termo tirado omo nacio, a pensar que sio superiores a quaisquer outros. Joka “Rawls ¢ quase uma [parédia desta tendéncia, escrevendo centenas de Teoria de Justica), ele escreve que 0 fisieo ou © poeta nio devia other de cima para o homom que pasa a vida a conta as folbas de de todos os homens. Assim-a indiseriminagio é um imperativo moral 29 ALLAN aL00M A CULTORA IneuLTA porque o seu contrério 6 a discriminagio, Esta tolice significa que nto & permitido aos homens procurar o bem humano natural e admiré-lo qua i é mais antigo, clos nfo aearinhavam a esperance de suprimis as fagées e de educar tma cidadania unida ou homogénea. Fim rer disse contra yam uma maquinaria elaborada para “raiz desta mudanga na moral estava a presenga nos Estados de homens © mulheres de uma grande variedade de nagies, nome cujo sucesso most 20 reinterpretar a conseiéneia nacional). Essa maioria vu ao pais uma cultura Preocupam com o bem comum. Ao contrario de pensadores politicos 30 a ALLAN BLOOM 4 CULTURA INcULTA luos egoistas ¢ a concomitante destruigéo da comuni- ral para as fazor contra a demon muito Por estudantes interessados em problemas politiens Terosiro Mundo © ei ajudilos a modernizarae eos ; ree ors amen cultures, evidentomente, Ato nde conviogio da verdade dos principies do dieito Shama aprender com os otros, mas ter eondecenleaca ig 33 32 ALLAN BLOOM ‘que se tentava um resgate dos reféns. i explicando que uma mie tem o direito de tentar salvar o filho e também de aprender uma nova cultura. Trata-se de dois direitos bisicos, e 3 ‘sua Viagem dew-the a possibilidade de matar dois coelhos com uma sé cajadada. 1 Tim Crow —legilgso que institu EU. Aver ilo que insituconalizoy » ‘i ©: Ae cide uma ‘pcie de capetiide ange ATEN "lw Sul doe mmembro, Foi o educado, Explicoume a a4 35 A CULTURA BNCULTA a favor da f6. ‘A razio para a estreiteza de vistas néo-ocidental, ou etnocentrismo, 6 clara. Os homens tém de amar ¢ ser leais para com as suas familias 36 A CULTURA INCUETA ppelo menos tanta eonsciéneia como née da riea ‘Mag ele tomava essa observagéo como um importante realgar que a ligdo que os estudantes estio ati dos seus cotudos é simplesmente contréria & verdade. A seus preconceitos ¢ ilusées de earicter anticientifieo, mas foram, ou 39 ALLAN BLOOM comecasse a sua divide a experiéneia de acreditar 4l 40 ALLAN BLOOM realmente antes de poder ter a emogio da libertagio. Deste modo pro- pus una divisto de tarefas — ew ajudaria a erguer as flores no campo fe ele podi Os ‘que possamos par as noseas questies e conseguir filosofar. Parece-me ser este 0 nosso desatio educacional. PRIMEIRA PARTE ESTUDANTES A ARDOSIA LIMPA 45 ALLAN BLOOM F A encantadora perspectiva proporcionada pelo estudante americana Mee rm prtiolarmente poderom quando comeet ‘ensiner pela priain IE ves hons universitérios neste pais nos anos logo a seguir ao Sputnik. ein Em 1965 eserevi eu: 46 a ALLAN BLOOM is Senet gre Sangeet toes ee ‘Thar edo prop eel tnd steer ues totes Saerin pe or al ile Se Havia, nesse momento, um anscio espiritual, uma tensio poderosa da alma que tornava eléctrica a atmosfera da universidade. O facto de iti ie a nagéo ©, iva proporcionada pelo estudante americano era parti ‘poderosa quando comecei a ensinar pola primeira (im ‘ex bone universiticee neste paib nm nam lago a seguir ae Spam, Em 1965 eserevi eu: 7 47 ALLAN BLOOM ‘A CULTURA INCULTA ssores parecer prodigios de cultura. is fimo, ¢ eu duvide que ele consiga sustentar 48 ALLAN BLOOM 4 CULTURA IncuLTA 50 4 CULTURA incuLTA contribui para ser uma cot significedo moral superior ta do estudo, in de si proprio © proporciona um vidas enfadonhas como a algo digno que promoveram matou a iiniea eontribuicéo continua da cultura popular que celebrava a histéria natural—o fe Western». gerou tama raga de herdis — Franklin i, Jeff RE forneceria a base para umua reflexdo adulta sobre regimes ou eapacidade ‘son, Lincoln, ete. —, todos clos contribuin _ pulitea. Os estudantes chegam agora a universidade ignorantes¢ cinicos io nio se volta para uma : 53 52 4 CULTURA INcULTA Possuem mais a autoridade legal 0 ou moral que fundo. Falta-lhes confianca em si proprios como flucadores dos. seus filho, seeitnada gonerosamente que cles serio familia seredita, que falam e tepeito do cor © do errado, do boa su 55 melhores que seus pais, no sé mo que respeita ao bemestar, mas também na virtude A CULTURA INCULTA 1 respeito do mundo do que o estudante rural dos velhos tempos com 0 seu livro de MeGuffoy. Quando um jovem como Lincoln procurava educar-se, o que se Ihe deparava como coisas imediatamente disponiveis i fF © dbvias para ele aprender eram a Biblia, Shakespeare e Euclides. Ele era realmente menos rico do que os que tentam trilhar o seu caminho através da grande variedade de iguarias técnicas do corrente sistema |. ff colar, com a sua extrema inabilidade para distinguir entre o impor- através da uma variedade de fontes tradicionais. Nao ¢ i ém cuja leitura regular seja constitui 2 chs or rps pti profunda tanto eo néoimportante de qualquer outra mancira que nfo sejam as exigéncias do mercado? que & a grande responsabili- se ela néo puder apresentar a imagi- 87 A CULTORA INGULTA de um cosmos moral e das recompensas € ‘mal, palavras sublimes que acompanham © ra tura de excelente qualidade, 58

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