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PLANO DE MANEJO SUSTENTÁVEL DE PLANTAÇÕES FLORESTAIS

Documento elaborado como parte integrante do Plano Diretor de


ordenamento territorial do Município de Joanópolis-SP

I - INTRODUÇÃO.
Maria José Brito Zakia
João Dagoberto dos Santos
Walter de Paula Lima

O conceito chave para o estabelecimento de um plano de manejo sustentável


de plantações florestais deve necessariamente estar baseado no ecossistema. O
manejo florestal sustentável de plantações florestais, dentro do princípio da
manutenção da integridade do ecossistema, como sendo aquele baseado, ou
planejado, em termos da manutenção dos valores da microbacia hidrográfica.

Algumas premissas básicas para a busca da sustentabilidade que devem ser


estabelecidas envolvem principalmente o seguinte:

a) como em qualquer outra atividade de produção, a obtenção de madeira


como matéria-prima industrial a partir de reflorestamento homogêneo com espécies de
rápido crescimento, causa impacto ambiental;
b) a adoção de práticas de manejo florestal que possibilitem a minimização
destes impactos ambientais constitui o objetivo do manejo florestal sustentável;
c) estas práticas de manejo sustentável são estabelecidas em cada caso, a
partir de resultados experimentais, em condições onde seja possível quantificar os
impactos causados pelas atividades florestais, assim como quantificar os efeitos de
medidas mitigadoras;

A microbacia, como estrutura primária da paisagem, ou seja, como unidade


geomorfológica natural, ou ainda, como a menor manifestação física que permite
quantificar, de forma integrada, o funcionamento da natureza, possibilita o
estabelecimento de um enfoque sistêmico para as atividades florestais.

Desta forma, manejo sustentável seria aquele que possibilita a utilização dos
recursos naturais (produção florestal, por exemplo) de maneira tal que não seja
destruída a saúde do ecossistema.

Esta saúde é quantificada em termos da manutenção de seu funcionamento


ecológico, que engloba basicamente pelo menos os seguintes aspectos chave do
ecossistema: a) a perpetuação de seus processos hidrológicos; b) a perpetuação de
sua capacidade natural de suporte, ou seja, sua sustentabilidade; c) a perpetuação de
sua diversidade biológica; d) sua resiliência, ou seja, capacidade de resistir a
mudanças ambientais; e) sua estabilidade.

As medidas práticas de manejo florestal que possibilitam o alcance destes


componentes da integridade do ecossistema classificam-se em várias categorias, mas
não devem ser consideradas isoladamente. Por exemplo, apenas deixar os 30 metros
de mata ciliar protegendo os cursos d’água, sem levar em conta outras práticas de
manejo ambiental, não é condição suficiente para a manutenção da saúde da
microbacia.

Na realidade, esta visão integrada deve evoluir desde uma escala micro, que
inclui, por exemplo, a preocupação para com a própria superfície do solo, cujas
condições são fundamentais para o processo hidrológico. Gradativamente, a escala de
preocupação aumenta de nível, passando pelo sistema de preparo do solo, de plantio,
de adoção de medidas de conservação do solo, do desenho e da manutenção de
estradas e carreadores, de proteção de encostas e de outras áreas críticas, até chegar
ao nível mesmo da microbacia, que constitui a escala meso, de manutenção de matas
ciliares protegendo não apenas as margens, mas também as cabeceiras e outras
áreas ripárias da microbacia. E ainda , há que se avaliar o desenho e manutenção das
estradas e carreadores florestais , visto que os mesmos têm alto potencial de imapcto
nas microbacias.

Finalmente com relação a um enfoque global do manejo sustentável de


plantações florestais, a análise ambiental deve, também, considerar uma escala
macro, que diz respeito justamente à inserção do projeto florestal no contexto do meio
biogeográfico, ou seja, em termos de uma análise mais aprofundada do meio físico, de
suas características geomorfológicas, climáticas, de disponibilidades hídricas, de sua
flora e fauna, de sua vocação natural, e da interação destas características todas com
o homem.

2. Fundamentos Teóricos

2.1- As funções da APPs e as atividades florestais

Atualmente, surgem no setor florestal mundial técnicas que utilizam conceitos


de planejamento da paisagem e que incorporam em suas operações, a preocupação
em manter ou melhorar a qualidade visual em suas áreas. A utilização dessas técnicas
se reflete diretamente num melhor balanço entre as necessidades de praticar a
silvicultura e manter a qualidade ambiental (Magro, 1996).

A paisagem é determinada por atributos naturais da geomorfologia, clima, uso


da terra e também pela própria percepção do que vemos. Toda paisagem tem suas
próprias características e padrões; a característica da paisagem é a impressão
causada pela combinação única de fatores visuais como terras, vegetação, água e
outras estruturas (Magro, 1996; USDA, 1973).

A sustentabilidade da diversidade e a dinâmica funcional dos padrões que


criamos numa paisagem irão determinar a capacidade de florestas e da paisagem
como um todo de se adaptar às mais diversas mudanças ou alterações nas condições
ambientais. A sustentabilidade a longo prazo da floresta é, então, ligada à capacidade
de adaptação (também a longo prazo) da paisagem da qual ela é componente (Maser,
1993).

A manutenção de todos os elementos no âmbito da paisagem compreende


uma base consistente nas operações silviculturais e na utilização e produção de
produtos florestais (Oliver, 1992).

As paisagens são vistas, classificadas e manejadas em termos ecológicos, a


fim de que o manejo sustentável seja possível. O manejo de paisagens florestais
significa que o planejamento e o manejo ocorrem numa escala regional maior, não se
manejando sítios pontuais, mas uma área de floresta que inclui uma grande
diversidade de estruturas, habitats, espécies e diferentes usos. O manejo de
paisagens considera ainda os processos hidrológicos, de formação do solo, e de
controle climático, entre outros (Booth et al, 1993).

O principal objetivo desse manejo é promover o bem-estar humano e


ambiental. Objetivos específicos incluem a manutenção da biodiversidade, a
conservação ambiental global e a promoção de produtividade econômica. Assim, os
tratamentos silviculturais devem ser planejados para contribuir com a manutenção dos
ecossistemas florestais naturais, assim como aumentar as taxas de crescimento
(Oliver, 1992; Booth et al, 1993).

O manejo florestal deve refletir as necessidades sociais, ambientais e


econômicas; e permite o desenvolvimento de atividades em termos ecológicos; mas
não deve ser interpretado como uma sugestão de que práticas silviculturais intensivas
não devam ser realizadas (Booth et al, 1993).

Uma maneira eficaz de se manter a diversidade de sítios e de estruturas é


utilizar as operações silviculturais para manter uma distribuição dessas estruturas
através da paisagem de forma equilibrada (Oliver, 1992).

Assim, o manejo do ecossistema não é um fim em si mesmo, mas um


processo, que deve se utilizar de maiores conhecimentos ecológicos para ser
realizado. Uma atividade florestal sustentável pode ser definida pela harmonização de
objetivos ecológicos, sociais e econômicos (Lucier, 1994).

Deve-se considerar também, que sítios ou locais diferentes necessitam


técnicas diferenciadas de manejo. Muitas vezes, grandes áreas precisam ser
manejadas como estruturas simples. Paisagens manejadas objetivando-se florestas
sustentáveis, por exemplo, podem ser coetâneas, um mosaico de retalhos coetâneos
ou uma paisagem multietânea. No planejamento do manejo de um elemento da
paisagem, devemos avaliar as interações entre esse elemento e a paisagem (“patch-
matrix relations”), a unicidade e tempo de substituição do sítio considerado (Oliver,
1992 ; Forman & Godron, 1986).

Função prevista para a APP Atividades promotoras

Considerar a microbacia hidrográfica no planejamento


Desenho e densidade de estradas e carreadores
1)Preservar os recursos hídricos, adequados
2) Proteger o solo
Cultivo mínimo no preparo de solo
3)Preservar a estabilidade Deixar restos de cultura após a colheita
geológica Não queimar
É imprescindível a proteção dos cursos d água e das
nascentes com a vegetação natural da área.
Utilização adequada de defensivos agrícolas.
Manter mosaico da própria plantação , ou seja não pode
haver corte raso continuo em áreas, cuja dimensão deve
variar dependendo dos locais.
Dentro do empreendimento faz-se necessário a
existência de cobertura florestal nativa de pelo menos
4)Preservar a 30% da área da propriedade , incluindo , portanto ,
paisagem 5)Preservar a reserva legal e APPS em nascentes e cursos d'água.
biodiversidade 6) Preservar o Utilização adequada de defensivos agrícolas.
fluxo gênico de fauna e flora
Considerar os aspectos estruturais (ou espacial) refere-se
‘a fisionomia da paisagem em termos de:
i)complexidade do arranjo espacial dos fragmentos de
habitat (considerando- a distribuição de tamanho dos
fragmentos ou o isolamento de fragmentos de um mesmo
tipo) ii) densidade e complexidade dos corredores
de habitat (que depende,entre outros,da freqüência e do
tipo de interações na rede de corredores ou do tamanho
da malha formada por esta rede) iii)
permeabilidade da matriz.
● Monitoramento de aspectos funcionais da
conectividade, que se referem ‘a resposta biológica
especifica de cada espécie ‘a estrutura da paisagem local
(avaliação, para espécies ou grupos funcionais,.

2.2 – Zona ripária : implicações práticas no manejo de florestas plantadas (extraído


parcialmente do livro manejo ambiental de florestas plantadas – 2004 )

Embora o conceito de manejo sustentável dos recursos naturais nunca vai


poder ser implementado através de fórmulas universais, não restam dúvidas de que se
torna necessário desenvolver modelos alternativos de manejo, visando frear o
processo de degradação ambiental.

Uma alternativa consensual que ganhou ímpeto em anos recentes consiste no


manejo sistêmico, ou integrado, que permita a produção de bens e serviços
demandados pela sociedade, mas ao mesmo tempo garanta a manutenção dos
processos ecológicos no contexto da paisagem, em termos de biodiversidade, saúde
da microbacia e recursos hídricos. Neste sentido, o manejo das zonas ripárias das
microbacias, que deve incluir tanto a sua manifestação geomorfológica, ou seja, sua
dinâmica espacial e temporal, quanto a vegetação característica que nela ocorre, vem
sendo cada vez mais reconhecido como uma medida sistêmica importante de manejo
ambiental (Naiman et al, 1992). Assim, deve-se considerar como avanço importante,
no nosso país, as propostas de reformulação do Código Florestal, as quais, quando
referindo-se às margens dos cursos d’água e as cabeceiras de drenagem, definem
Área de Preservação Permanente como sendo “a área”, ou seja, a zona ripária,
coberta ou não por vegetação nativa, que tem função ambiental de preservar recursos
hídricos, paisagem, estabilidade geomorfológica, biodiversidade, fluxo gênico de flora
e fauna, etc. Trata-se realmente de um avanço, não no sentido de que o rigor da lei
possa um dia vir a ser implementado dentro da dinâmica espacial e temporal da zona
ripária para as diferentes condições ecológicas e geomorfológicas das microbacias,
mas sim no sentido do reconhecimednto de que o que se procura preservar são os
serviços ambientais desempenhados pelo ecossistema ripário, ao longo da paisagem.
Estes serviços ambientais, por sua vez, que no conjunto desempenham a função de
tamponamento entre os terrenos mais elevados da microbacia, normalmente
impactados pelo uso intensivo dos recursos naturais, e o ecossistema aquático,
dependem da manutenção da integridade do ecossistema ripário (Lee et al, 1992;
Fisher et al, 1998).

O poder tampão do ecossistema ripário ocorre pela interceptação dos


processos hidrológicos predominantes no escoamento direto da microbacia. Estes
dependem do solo, principalmente de sua permeabilidade, das práticas de manejo, da
declividade, da existência de áreas geradoras de escoamento superficial hortoniano,
etc. A predominância de um ou outro processo, por sua vez, varia espacial e
temporalmente. Desta forma, fica evidente que a permanência deste poder tampão, e
consequentemente dos serviços ambientais proporcionados pelo ecossistema ripário,
depende fundamentalmente de práticas sustentáveis de manejo na escala da
microbacia. Em outras palavras, em termos de manejo da zona ripária, a primeira
preocupação reside na manutenção de sua integridade, mas esta depende
mortalmente de práticas sadias de uso da terra. Por outro lado, desde que é muito
difícil e muito cara a recuperação ambiental de um rio poluído, esta estratégia de
manejo das microbacias, onde o processo de tamponamento pelo ecossistema ripário
é muito mais eficaz, é, sem dúvida, a mais racional para manter os recursos hídricos e
a qualidade ambiental dos nossos rios (Nakamura, 1995; Naiman & Décamps, 1997).

Como bem colocado recentemente por Gunderson (2000), em uma ampla


revisão sobre o conceito de resiliência ecológica, a resiliência do ecossistema ripário,
definida como a quantidade de alteração que o mesmo pode absorver sem mudar seu
estado, depende, em primeiro lugar, da diversidade dos grupos funcionais que definem
a composição e a estrutura da vegetação ripária. Quando este ecossistema perde
resiliência, ele se torna mais vulnerável a perturbações, que de outro modo seriam
normalmente absorvidas. Neste sentido, a gradativa perda de resiliência dos
ecossistemas ripários e toda a degradação hidrológica decorrente dela, foi, sem
dúvida, um dos impactos ambientais mais evidentes do sistema tecnocrata de uso dos
recursos naturais, que procurou maximizar a produtividade através do controle de toda
fonte externa de variabilidade. Ou seja, as incertezas características dos sistemas
naturais foram substituídas pela certeza do controle.

O resgate de uma estratégia mais sistêmica de manejo passa, antes de tudo, pela
agregação de resiliência aos ecossistemas ripários, que pode ser conseguido através
dos seguintes mecanismos, os quais não operam isoladamente (Gunderson, 2000):
a) aumento de sua capacidade tampão: neste sentido é fundamental levar em
conta as relações hidrológicas da zona ripária, de acordo com o discutido no
presente trabalho;
b) sistemas de manejo que levam em conta os processos ecológicos em múltiplas
escalas: ou seja, não basta apenas manter a mata ciliar;
c) existência de fontes de renovação (núcleos de vida): isto é, manejo que leva
em conta a permanência da biodiversidade na escala da paisagem.

Portanto é fundamental , em um plano de manejo , que se integre ao aspectos


hidrológicos e os de vegetação. A partir do trabalho desenvolvido na INPACEL (
Zakia, 1998) ,pôde-se construir um esquema onde buscou-se juntar a a função
hidrológica da mata ripária (a mata protegendo o curso d’água) e a sua função
ecológica (a mata protegendo a si mesma e à biodiversidade), ou seja, um esquema
conceitual sobre o papel da mata ripária na manutenção da saúde da microbacia.Este
esquema (figura 1) é apenas conceitual e não pode ser considerado como definitivo
devendo ser aprimorado à medida que mais estudos forem sendo realizados.
FIGURA 1 - Esquema comparativo entre os processos que influenciam no deflúvio e
conseqüências sobre a presença de matas ciliares mais diferenciadas ou não da mata
de terra firme (preparado a partir de CHORLEY, 1978).

Parece oportuno comparar o resultado encontrado para a delimitação da


zona ripária com a exigência da legislação , ou seja do artigo 2° do Código Florestal.
Esta comparação é apresentada na forma gráfica na figura 2.

FIGURA 2 – Comparação entre a modelagem da zona ripária (verde) e a delimitação


da mata ciliar (vermelho) exigida pelo código florestal, delimitada em vermelho.(
microbacia da Onça _ INPACEL , Arapoti , Pr)
É importante salientar que os canais intermitentes são importantes na geração
do escoamento direto em uma microbacia e a proteção destes canais é imprescindível
para a manutenção da saúde da microbacia. No entanto, não se sugere modificação
na lei, que é bastante adequada para a proteção dos cursos d’água, mas vale a pena
iniciar uma discussão sobre as bases técnicas das normas florestais vigentes. O que
se sugere que estes conhecimentos devem ser incorporados ao manejo de bacias
hidrográficas e ao monitoramento ambiental de microbacias. Uma microbacia pode ter
sua zona ripária identificada e, portanto, sob uso especial.

A não coincidência entre a zona ripária e a mata ciliar prevista em lei, não deve
(e não pode) ser encarada como uma necessidade de se mudar a lei, mas sim de
começar a discutir as bases técnicas da legislação florestal em vigor. A identificação
da zona ripária deve ser encarada com um requisito básico, para o manejo
sustentável, ou seja, para a manutenção da saúde da microbacia. É, portanto, um
instrumento de manejo.

Outras estratégias de manejo das zonas ripárias incluem, por exemplo (Blin &
Kilgore, 2001):

a) identificar os limites da zona ripária, inclusive sua dinâmica temporal;


b) minimizar as travessias dos cursos d’água por estradas e carreadores;
c) locar o ponto de travessia de curso d’água de sorte a minimizar os impactos
ambientais;
d) locar o traçado de estradas e carreadores fora das zonas ripárias;
e) locar áreas específicas de manutenção e armazenamento de máquinas e
equipamentos fora da zona ripária;
f) na fase de preparação da colheita, não empurrar os resíduos acumulados nos
carreadores para dentro da zona ripária.

Outras estratégias que podem ser citadas são :

a) Locar as estradas preferencialmente nos divisores das microbacias hidrográficas ,


ou em nível ;
b) Deve-se proteger os fragmentos de vegetação natural contra o efeito de borda ;
c) Deve-se buscar uma densidade de estrada entre 30 a 40 m /ha , admitindo-se um
Maximo de 60 m/ha.
d) Analisar a forma dos fragmentos florestais remanescentes identificando os riscos e
a potencialidade para a conservação da água , solo e biodiversidade na área do
empreendimento florestal e , se for o caso , na região.

3. MONITORARAMENTO HIDROLÓGICO.

3.1- Conceito

A necessidade de monitoramento abrange pelo menos quatro aspectos


importantes:

1.Conduz a uma das grandes preocupações hoje existentes no mundo todo, que é
a de se saber se as condições do meio vão permanecer sempre adequadas para
sustentar as atividades de produção florestal no futuro e, se vão, por quanto tempo.
Esta preocupação, viga mestre da sustentabilidade, deve fazer parte do manejo
florestal sustentável. Mas a adoção rotineira de práticas de manejo florestal
sustentável só será justificada, levando-se em conta a conjuntura atual de
sobrevivência econômica, se ficar comprovado que elas são garantia da atividade
econômica da empresa no futuro. Portanto, além de metodologicamente seguro, é
imprescindível que o monitoramento deva avaliar tanto as condições, quanto as
tendências desta capacidade natural de suporte do meio ao longo do tempo.
2.Leva em conta que o monitoramento também se justifica economicamente pelo
fato de que pode indicar onde melhor aplicar esforços e investir no aumento da
produtividade florestal, evitando a degradação do solo e da água.
3. O monitoramento deve sempre ter como objetivo a melhoria contínua das
práticas de manejo, visando a busca da sustentabilidade.
4. E, finalmente, dentro do paradigma atual de manejo sustentável, o
monitoramento deve ser voltado para a identificação e o teste de indicadores
ambientais, ou seja, de parâmetros que, similarmente aos já conhecidos indicadores
econômicos, possam sinalizar, de forma rápida e competitiva, as condições e as
tendências do ambiente causadas pelas atividades de manejo florestal.

3.2. Objetivo

O monitoramento ambiental em microbacias tem como objetivo a identificação e a


verificação de indicadores da saúde da microbacia, tanto em termos de indicadores de
condição (ou seja, do estado atual do sistema microbacia, relativamente a uma condição
ideal), como de indicadores de tendência (ou seja, de medida das mudanças que ocorrem
no sistema).

FSC - PRINCÍPIO # 8 - MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO


O monitoramento deve ser conduzido - apropriado à escala e à intensidade do manejo
florestal - para que sejam avaliados a condição da floresta, o rendimento dos produtos
florestais, a cadeia de custódia as atividades do manejo e seus impactos sociais e
ambientais.

8.1 A freqüência e a intensidade do monitoramento devem ser determinadas


pela a escala e intensidade das operações de manejo florestal, como
também pela relativa complexidade e fragilidade do ambiente afetado. Os
procedimentos de monitoramento ser consistentes e reaplicáveis ao longo
do tempo para permitirem a comparação de resultados e a avaliação das
mudanças.

8.2 As atividades de manejo florestal devem incluir a pesquisa e a coleta de


dados necessários para monitorar, no mínimo possível, os seguintes
indicadores:
a) o rendimento de todos os produtos florestais explorados;
b) as taxas de crescimento, regeneração e condição da floresta;
c) a composição e as mudanças observadas na flora e na fauna;
d) os impactos ambientais e sociais da exploração e outras operações;
e) os custos, a produtividade e a eficiência do manejo florestal.

8.3 O responsável pelo manejo florestal deve produzir a documentação


necessária para que as organizações de monitoramento e certificação
possam rastrear cada produto da floresta desde sua origem. Este processo é
conhecido com a “cadeia de custódia”.

8.4 Os resultados do monitoramento ser incorporados na implementação e na


revisão do plano de manejo.

8.5 Mesmo que respeitando a confidencialidade de informação, os responsáveis


pelo manejo florestal devem tornar público os resultados dos indicadores do
monitoramento, incluindo aqueles listados no Critério 8.2.

3.3- Escalas para o monitoramento

É muito importante a questão da escala para o entendimento do significado prático


dos indicadores, em termos da inserção da noção da microbacia na rotina de manejo de
um empreendimento florestal. Ou seja, deve-se ter em conta a necessidade da avaliação
tanto numa escala micro, ao nível da unidade de manejo florestal (ex. um horto, uma
fazenda florestal, etc), quanto numa escala meso, na microbacia, que diz respeito à
condição integrada do ecossistema.
IMPACTOS ONDE O QUE
ESCALA INDICADOR
POSSÍVEIS MONITORAR MONITORAR
USO REGIÃO e na P – T e ETP Disponibilidade
MACRO CONFLITIVO DA UGRHi Outorga de uso hídrica natural
ÁGUA (plano de água Demanda
bacia) hídrica
antrópica
DESFIGURAÇÃO Nas Sub- Estrutura Forma ,
DA PAISAGEM bacias vegetação perímetro
MESO Comprometimento Sub-bacias e Vegetação Presença de
da saúde da microbacias nativa e APPs ,
microbacia Estradas Reserva Legal
( em mapas Erosão ,
1:10.000) traçado de
estradas
MICRO Ver REMAM

4.1- Escala Macro.

Nesta escala deve-se inserir o empreendimento na Unidade de Gestão de


Recursos Hídricos (UGRHi), ou seja todas as fazendas da empresa deverão ser
localizadas nas bacias hidrográficas já delimitadas em todos os Estados brasileiros, e que
terão (ou já tem) comitês e agências.

Devem ser identificados os pontos de captação para abastecimento público,


salientando que esta informação está disponível nos comitês de Bacias Hidrográficas,
identificando se há potencial uso conflitivo da água , o que mostraria a necessidade de um
manejo florestal diferenciado nestas sub-bacias. Nesta mesma escala deve-se observar a
cobertura florestal nativa no entorno do empreendimento .

Nesta escala também deve-se lançar mão dos balanços hídricos (Thornthwaite &
Matter) já disponíveis na internet , e verificar qual a relação ETP / P ( Evapotranspiração /
Precipitação). Caso esta relação seja maior ou próxima de 1, há a necessidade de manejo
especial das florestas plantadas, para maximizar a produção de água.

4.2- Escala Meso

Na escala Meso ocorre a divisão das fazendas florestais em sub-bacias de no


mínimo 500 ha até um máximo de 3000 ha, (ou em termos hidrológicos bacias de até
4a ordem) . Feita a divisão em sub-bacias, as mesmas são categorizadas em
totalmente inseridas na propriedade e em parcialmente inseridas. Também nesta
escala faz-se a análise da presença ou não de vegetação nativa nas Áreas de
preservação permanente

Ainda nesta escala é feita a análise sobre a análise sobre a densidade de estrada e
sobre o traçado das estradas, sempre levando em consideração as sub-bacias

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