O Racionalismo, é uma corrente filosófica que surgiu entre os séculos XVI e
XIX como reação ao pensamento medieval da exaltação da fé e acreditava na existência de uma causa inteligível para tudo. Essa causa só poderia ser alcançada pelo pensamento e pela razão, que seriam fundamento e fonte do conhecimento verdadeiro.
Principais Ideias
O racionalismo é uma corrente de pensamento que buscava entender o
mundo e investigar a verdade através do uso exclusivo da razão. Acreditava-se, no racionalismo, que a razão fosse capaz de explicar todas as coisas deste mundo, e as coisas além deste mundo (como Deus e a alma). Ou seja, ela não se prendia aos fatos ou ao mundo sensível, mas afirmava que a razão humana poderia transcender e chegar ao conhecimento de realidades transcendentes. (1) o mundo sensível, dos fenômenos e acessível aos sentidos; e 2) o mundo das idéias gerais (inteligível), "das essências imutáveis, que o homem atinge pela contemplação e pela depuração dos enganos dos sentidos") Com isso o racionalismo deu à razão poderes absolutos, desprezando inclusive a experiência, as evidências físicas e os sentidos. Se algo podia ser explicado racionalmente, de forma lógica, então haveria de ser verdade, mesmo sem comprovação da experiência. Vai se dividir em várias vertentes: transcendente, epistemológico, metafísico. O Racionalismo afirma que a realidade possui uma estrutura racional e que o conhecimento pode ser adquirido diretamente por meio do intelecto e do raciocínio dedutivo(princípios lógicos e matemáticos), em vez de por meio de experiências sensoriais ou ensinamentos religiosos. Os racionalistas acreditam que, em vez de ser uma “tabula raza” em que são gravadas informações sensoriais, a mente é estruturada por e reage aos métodos matematicos de raciocínio. Acreditavam ainda que parte do conhecimento ou dos conceitos que empregamos fazem parte de nossa natureza racional inata: as experiências podem ativar um processo por meio do qual esse conhecimento é levado à consciência, mas as próprias experiências não nos fornecem o próprio conhecimento. O racionalismo aparece como um contraste ao empirismo que ensina que a origem de todo conhecimento é a experiência. Os principais filósofos racionalistas são Descartes, Leibniz e Espinoza.
Pensadores
René Descartes, filósofo e matemático francês, foi o pensador que
inaugurou o Racionalismo. Descartes era um ferrenho defensor da existência de Deus, que acreditava ser a substância primeira e criadora do homem e da realidade. Além disso, ele dividiu as ideias em três tipos: adventícias (vindas dos sentidos), factícias (que provinham da imaginação) e inatas (que nasciam conosco). Para ele, a noção da existência de Deus e os conceitos matemáticos fazem parte do último tipo. Apesar de acreditar em Deus, defendia o livre arbítrio e a responsabilidade humana por suas ações. Sobre a filosofia, costumava fazer uma metáfora com as árvores, dizendo que a metafísica formava a raiz; a física, o tronco; e as diversas ciências, os galhos. Assim, o mais alto grau de sabedoria era a moral, que pressupunha o conhecimento das diversas ciências, e a virtude, que consistia no raciocínio guiando nossas ações. Era dualista, pois acreditava na separação entre corpo e alma. Para ele, a mente comanda o corpo, mas ele é capaz de influir sobre a mente, o que caracteriza os momentos em que agimos pelas paixões. Sua obra mais famosa é "Discurso Sobre o Método", onde ele escreve sua famosa frase "penso, logo existo" ( apud CHAUI, Marilena, 2015 , p.109). Isso significa que só podemos conhecer algo por meio da razão e também que o único pressuposto inquestionável é "eu sou um ser pensante".
Baruch ou Benedictus de Spinoza ou Espinosa nasceu em Amsterdã,
na Holanda, no seio de uma família judia de origem portuguesa que fugia da Inquisição, Quando cresceu, tornou -se pesquisador de textos bíblicos, do Talmude (livro fundamental dos rabinos), da cultura hebraica e também da cultura grega. Por conta disso, sua filosofia é quase totalmente voltada para Deus. Para ele, Deus é a engrenagem que move o universo; causa de tudo; substância eterna, infinita, onipotente e onisciente. Recusava o Deus católico, pois acreditava que os textos bíblicos não traduziam com veracidade a realidade do ato da criação e nem a existência do Criador. Além disso, ele considerava um erro os dogmas rígidos, os rituais sem sentido, o luxo e a ostentação. Por pressão da Igreja Católica, foi excomungado d a Sinagoga Portuguesa de Amsterdã por essa heresia. É encaixado como racionalista porque via o homem como um complexo de fenômenos psicofísicos e o pensamento como um atributo divino. Não bastasse isso, ainda acreditava que o conhecimento sensível era totalmente subjetivo, pois mesclava qualidades do objeto com as do sujeito. E sua principal obra, Ética, é muito similar a um tratado de geometria. Mas até o Racionalismo tinha influência divina: toda a realidade é deduzida de Deus racionalmente, logicamente e geometricamente. “Tudo o que existe , existe em Deus e nada pode existir ou ser concebido sem Deus”. Foi muito influenciado pelo estoicismo, pois não acreditava que podíamos mudar a realidade o u o futuro (não devíamos nem rezar por isso, pois o que importa é o que Deus quer).
Gotfried Wilhelm Leibniz, nasceu na Alemanha em Leipzig, em 1646 foi um
filósofo, cientista, matemático, diplomata e bibliotecário. Sua filosofia pode ser vista como um conjunto de princípios da organização que estabelece relação de liberdade entre vários elementos do mundo. Para este filósofo racionalista, a razão é possibilidade de estabelecer relações entre esses elementos, uma relação lógica que é organizada através da matemática. Leibniz escreveu diversos ensaios, mas não expôs de modo organizado e sistemático seu pensamento filosófico, mesmo assim podemos dizer que ele acreditava na existência no mundo de uma ordem necessária, livre e que se organizava de forma espontânea. Essa ordem se desenvolvia segundo o melhor modo possível dentro das várias possibilidades. A criação do mundo tal como o encontramos seguiu uma ordem geral e uma regularidade. Entre as diversas possibilidades de organização do mundo, Deus escolheu a melhor de todas, a que mais se assemelhava à Sua perfeição e a mais simples de todas. Em outras palavras, o mundo que temos e no qual vivemos é o melhor mundo possível. O mundo existente era uma possibilidade e se realizou seguindo uma regra que não é necessária mas que foi aceita de forma livre pelos elementos que configuraram o mundo tal como ele é. As possibilidades de organização do mundo são infinitas, mas Deus escolheu, de forma livre, entre elas a melhor possibilidade, e fez isso usando a razão. Leibniz também diferencia a verdade de razão da verdade de fato, as primeiras são imprescindíveis, não obedecem a realidade, se repetem indefinidamente, não trazem nada de novo e são inatas.
Na visão do Racionalismo devido ao contexto histórico no qual ocorre, procura olhar o mundo com a razão, já não mais dependente da Fé como no período medieval, mas confiando mais no ser humano e em suas potencialidades, ou seja, o enfoque do racionalismo é antropológico. O que se busca não é negar Deus, e sim afirmar o homem, enquanto ser diferente e superior aos demais, porque é um ser racional. Na perspectiva da reflexão epistemológica, o racionalismo atribui o conhecimento à razão, aos pensamentos, e para esta linha teórica, toda a realidade é construída através do pensamento lógico. Claramente na visão racionalista há uma valorização do sujeito pelo objeto sendo a razão, a fonte principal do conhecimento humano, ou seja o sujeito que conhece o mundo é a melhor expressão do sujeito na visão racionalista. Nosso intelecto, através do uso da razão, alinha logicamente os fatos levando-nos a uma conclusão sobre determinado assunto, e nos fazem chegar assim, à validação do conhecimento. Se nossa razão julga um conhecimento como verdadeiro, é porque deve ser exclusivamente assim e não pode ser de nenhuma outra maneira, sendo esse conhecimento autêntico e cuja validade é universal. A educação na visão do racionalismo, já não mais era vista como um direito dos nobres. Esta deveria ajudar a desenvolver o pensar ou um saber que estivesse voltado para transformar o ser humano e o mundo ao seu redor, contribuindo sempre na construção de cidadãos pensantes, atuantes, conscientes e críticos. Portanto caberia a educação formar esse homem “esclarecido” e “autônomo”.