Você está na página 1de 353
‘ww’ FGV DIREITO RIO PADD PPPS SSS PARARARRARARARARAAAS PPP PPA LP PAP PAPAS REGULACAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS. Sumario RATE TET aT LLINTRODUGKO, 3 A) Objetivos da discipline. 3 B) Orientagées gerais 4 ©) Crisérios de avaliaséo 5 |, PLANO DE AULAS.... 6 ‘Mercado financeiroe mercado de capita. 6 Conceito de valor mobilidrio 9 Gonceit de oferta piblica de disribuigio de valores mobilidios ssn sonnei 1S Justificaivas para regulagio do mercado de valores mobilidros 20 Estrusura institucional do mercado de valores mobiliarios.. soe 24 sistema de distribuigio de valores mobilidries. so so sone (Os emisores de valores mobilidvios(fundos de investimento) 45 Os emisiores de valores mobiltéros (securitizadoras.. 49 Regime juridico de emissores de valores mobilidries (Compania: Abertas — Instrugies CVM n° 358 e 480). 52 Ofertas pablicas para aquisie de AfBes. nso ssnmnnnnnnnnnnnnnnninssnne 5S itcivos adminisiraivs e penais no mercado de valores mobilidries. 59 I. ANEXOS. A) Proceso CVM n* RJ2007/11593, julgado em 15 de janciro de 2008. . - “ B) Proceso Adminitrative Sancionador CVM nt RJ2007113207, julgado em 2 de setembro de 2008, ...75. ©) Procesto Administrativa Sancionador CVM n* 23108, julgado em 28 de seembro de 2006. 94 D) Proceso Administrativo Sancionador CVM n° 09105, julgado em 3 de outubro de 2006, .snnevme 117 E) Material relativa & emisséo de Cédula de Crédito Bancario pela Centras Elétricas Belém S.A. 139 E) Proceso CVM n* RJ200217547, julgado em 14 de julbo de 2003. 156 ©) Proceso Administrative Sancionador CVM n* 15108, julgado em 28 de fevereiro de 2012. suse VTL H) Processo Administrativa Sancionador CVM n* 200711079, julgads em 10 de jullo de 2007. 191 1) Ata da Reunito Estranrdinéria do Colegindo da CVM de 11 de julho de 2007 (Processo Administration CVM n? RJ200717230). sovnneee 229 ‘J Proceso Administrative CVM n* R[2007111573, ngado em 4 de outubro de 2007. 243 K) Processo Administrativ Sancionador VM n* 200710117, julgado om 26 de feverira de 2008 ou. 275 L) Proceso Administrative Sancionador CVM n* 200710118, julgado em 26 de fevercire de 2008. .u.298 ‘M) Processo Administrative Sancionador CVM n* 02/02, julgado em 17 de janciro de 2007. 315, Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Nice)» et,Ce)} A) OBJETIVOS DA DISCIPLINA © curso de “Regulasio do Mercado de Valores Mobilidrios” tem como ob- jetivo estudar o que se entende por “mercado de valores mobilidrios” e, para tanto, 0 conceito de “valor mobilidrio”, bem como a estrutura, participantes © 05 principais aspectos juridicos e regulat6rios relacionados a esse mercado. Em cursos anteriores, sob a perspectiva do direito societétio, ja foi estu- dada a organizacio juridica de alguns integrantes desse mercado e a discipli- na aplicavel a determinados valores mobilidrios, em especial: as companhias abertas ¢ os valores mobilidrios por clas emitidos (como exemplo, as agées as debéntures). No entanto, é preciso ressaltar que a perspectiva do dircito societétio é bastante diferente daquela a ser estudada no presente cusso. Enquanto o diteito societétio busca primordialmente analisar os mecanis- mos ¢ estruturas capazes de organizar a atividade desenvolvida por agentes econdmicos ¢ as relagées juridicas a cla relacionadas, sobretudo, com base em principios e regras de dircito privado, a regulagio do mercado de valores mobilidtios é pautada pela busca de protegdo aos investidores ¢ preservacdo da higidez desse sistema, aproximando-se de principios ¢ regras de direito piiblico. Com base nessa diferensa de perspectiva, o presente curso retomaré alguns conceitos ¢ institutos j4 estudados em cursos anteriores, bem como apresen- tard ao aluno novos conceitos ¢ regras pertinentes exclusivamente & regulagao do mercado de valores mobilidrios. Assim, a presente disciplina busca fazer com 0 que o aluno consiga: + analisar 0 conceito juridico de valor mobi + estudar as caracteristicas ¢ regras apliciveis as ofertas piiblicas de valo- res mobilitios; + discutir as razées para regular e as caracteristicas da regulagio do mer- cado de valores mobiliarios; * examinar a estrutura institucional do mercado de valores mobilidrios; + discutir © papel da autorregulagio ¢ entidades autorreguladoras no mercado de valores mobiliarios; FOV DIRETORIO| 3 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS + estudar as fungées e principais regras aplicaveis aos participantes deste mercado (participantes do sistema de distribuigéo, entidades adminis- tradoras de mercados regulamentados, analistas, consultores, admi- nistradores de carteira, fundos de investimento, companhias abertas, investidores, entre outros); + examinar as caracteristicas dos principais emissores de valores mobili- Arios (em especial, as companhias abertas, as securitizadoras ¢ os fun- dos de investimento); * estudar o regime juridico aplicavel aos emissores de valores mobilis- tios; € + apresentar os ilicitos administrativos e penais relacionados ao mercado de valores mobilidtios. B) ORIENTAGOES GERAIS Esta disciplina ser conduzida, sobretudo, com base em aulas expositivas dialogadas, nas quais, além da exposigio da matéria ¢ apresentacio de novas informagées pelo professor, serio discutidos os textos doutrindrios, legislati- vos ou outros materiais indicados para leitura prévia. A fim de orientar essa leitura e auxiliar a compreensio da matéria, no item “Avaliagio” da descrigéo de cada aula, foram formuladas perguntas a serem respondidas ¢ debatidas pelos alunos em sala de aula. Por esse motivo, € importante que cada aluno leia os textos, analise as perguntas ¢ traga para as aulas esse material. Como sera visto no item abaixo, a patticipagao nos debates em sala de aula & um dos critérios a ser considerado para a avaliagio e atribuigio de nota aos alunos. Além do debate dos textos, seréo realizadas outras atividades que buscam atingir um dos desafios dessa matéria: permitir que, mesmo no ambiente da sala de aula, 0 aluno possa ter contato com aspectos préticos do mercado de valores mobilidrios. Como exemplo, os alunos analisario documentos perti- nentes a ofertas puiblicas de distribuigio de valores mobilidrios e deverio estar preparados para discutir em sala de aula as suas principais caracteristicas. Com 0 mesmo objetivo, ao invés da discussio de situagées ¢ problemas hipotéticos, serio apresentados e discutidos com os alunos precedentes re- levantes da jurisprudéncia da CVM, buscando familiatizar 0 aluno com 0 principal regulador da matéria. Os precedentes da CVM serio, sempre que possivel, objeto de semindtios, nos quais um grupo de alunos ficaré responsé- OV DIRETORI | 4 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS vel por analisar a situacéo julgada pelo regulador, o resultado do julgamento 05 seus fundamentos juridicos. Por fim, vale notar que, 20 retomar alguns assuntos jé estudados em cursos anteriores (em especial, com relasio as sociedades por ages), pressupée-se que o aluno ja tenha familiaridade com a Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Por outro lado, na presente disciplina, o aluno deverd se familiarizar com a Lei n® 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que dispée especificamente sobre o mercado de valores mobilidrios ¢ orienta todo 0 contetido a ser estu- dado nesse semestre. ©) CRITERIOS DE AVALIAGAO A nota de cada um dos alunos sera composta da seguinte maneira + 20% (vinte por cento): seminério; + 309% (trinta por cento): 1* prova; + 40% (quarenta por cento): 24 prova; * 10% (dez por cento): participacio (incluindo, participacao na discus- sio de textos especificos, discussio da matéria em geral e resolusio de casos priticos em sala de aula) OV DIRETORIO| 5 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Il. PLANO DE AULAS: AULAS 1E2 L Tema Mercado financeiro e mercado de capitais. IL Assunto, [estas aulas, ser feita a introdugio & matéria de “Regulagio do mercado de valores mobilirios”. Com o intuito de familiarizar 0 aluno com o conceito de mercado de valo- res mobilidrios, a ser explorado de forma detalhada nas aulas seguintes, serio abordados os seguintes assuntos: + definigio de mercado financeiro e de mercado de capitais na literatura juridica e nao juridica; + histérico da regulamentasio financeira no Brasil; + abordagem dos conceitos de mercado financeiro e de mercado de ca- pitais na legislagio brasileira; ¢ + conceito de mercado de valores mobilidtios. Il Objetivos Especificos Apés a leitura dos textos indicados no item V abaixo ¢ discusses em sala de aula, espera-se que o aluno consiga: * diferenciar a concepgio econdmica ¢ a concepsio juridica de mercado financeiro e mercado de capitais, bem como compreender a finalidade de cada uma delas; + compreender, em termos gerais, o processo de evolugio dessa matéria na legislasio brasileira; + familiarizar-se com os principais textos legislativos aplicaveis a0 mer cado de valores mobilidrios; ¢ + entender os fundamentos da defini 10 de mercado de valores mobili- dtios a ser utilizada 20 longo do curso FOV DIRETORIO| 6 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS IV. Desenvolvimento Metodolégico Antes de iniciar 0 estudo sobre a “regulagao do mercado de valores mobi- lidrios”, é necessério definir o que se entende propriamente por “mercado de valores mobilidrios”. Com frequéncia, o aluno deve se deparar com a expressio “mercado de va- lores mobilirios” associada As expresses “mercado financeito” ou “mercado de capitais’, as quais, por sua vez, sio muitas vezes apresentadas como sind- nnimos. Por isso, em primeiro lugar, sera estudado o significado de cada uma dessas expressies ¢ a relevincia de cada uma delas para o objeto deste curso Para tanto, foram recomendados dois textos, que abordam perspectivas juridicas € nio-juridicas do mercado financeito ¢ do mercado de capitais. ‘Com base nessa leitura prévia, espera-se que 0 aluno esteja preparado para responder as questées indicadas no item VI abaixo, as quais serio debatidas cm sala de aula Ao estudar os conceitos de mercado financeiro e de mercado de capitais, © aluno acompanhard as discusses existentes sobre 0 assunto. No entanto, como serd discutido em sala de aula, ndo obstante a relevincia conferida no Ambito académico & distingéo entre os conceitos de mercado financeiro ¢ de capitais, 20 utilizé-los, o legislador brasileiro nao se preocupou em defini-los ou distingui-los. Para compreender as opgdes feitas pelo legislador brasileiro ao abordar essa matéria, serd analisada em sala de aula a evolugio histérica da regulagio financeira do Brasil. Caso o aluno tenha interesse em se aprofundas, um texto sobre o assunto foi recomendado para a leitura complementat. A fim de jé estimular a reflexio sobre esse tema, notamos, como exemplo, que o art. 5° da Lei n® 4.595, de 1964" dispés que “[als deliberagées do Conse- tho Monetario Nacional entendem-se de responsabilidade de seu Presidente para os efeitos do art. 104, n° I, letra ‘b, da Constituigdo Federal e obrigario também 0s drgdos oficiais, inclusive autarquias e sociedades de economia mista, nas ativi- dades que afetem 0 mercado financeiro e 0 de capitais’ (grifos nossos) Por outro lado, posteriormente, em 1976, a Lei n° 6.385 estabeleceu em seu art. 8°, inciso III, que compete & Comissio de Valores Mobilidrios “/is- calizar permanentemente as atividades ¢ os servigos do mercado de valores mo- bilidrios, de que trata o Art. 1°, bem como a veiculagéo de informagées relativas 20 mercado, as pessoas que dele participem, e aos valores nele negociados” (grifos nnossos). Por que o legislador foi inicialmente mais abrangente ao abordar de forma conjunta o metcado financeito ¢ o mercado de capitais? Qual sera a razio que, em seguida, levou o legislador a se referir especificamente a0 mercado de valores mobilidrios? Essas questées também deverio ser respondidas pelo aluno nos debates em sala de aula Ue ee dnd aba pia ea ees monies ec © estas out Hostine Nomads pdt FovDIRETORIO. 7 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Como visto acima, com base na legislacio, tem destaque a terceira expres- sio previamente mencionada: “mercado de valores mobilirios”. Se, por um. lado, a discussio do que seja “mercado financeiro” ¢ “mercado de capitais” permitiré um amplo debate sobre o conceito de “mercado”, por outro, sera necessdrio, ainda, o estudo do conceito de valor mobilidrio, o que serd feito nas aulas a seguir. V, Recursos e Materiais Utilizados Bibliografia bisica + ANDREZO, Andrea Fernandes; LIMA, Iran Siqueira. Mercado finan- ceiro: aspectos histéricos e conceituais. Séo Paulo: Pioneira, 2007, pp.1- 18, + MOSQUERA, Roberto Quiroga. “Os prineipios informadores do di- reito do mercado financeiro e de capitais” in MOSQUERA, Roberto Quiroga (coord). Aspectos atuais do direito do mercado financeiro e de capitais. Sao Paulo: Dialética, 1999, pp. 257-271 Bibliografia complementar: + PAULIN, Luiz Alfredo. “Evolugio do Sistema Financeito Nacional” in Revista de Direito Bancério, do Mercado de Capitais e da Arbitragem, n? 17, pp. 76-89. Legislagio: + Lei n® 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Vi. Avaliagao Com base na leitura dos textos indicados na bibliografia bisica, recomen- da-se que o aluno tente responder ¢ refletir sobre as seguintes questées: + O que é poupanca? + O que € 0 mercado financeiro? Quais sio os seus segmentos? + O que é 0 mercado de capitais? * Quais séo os critérios utilizados em cada um dos textos para definir mercado financeiro e mercado de capitais? Quais as diferengas entre as conclusdes apresentadas por cada um dos textos? + O que é intermediagio financeita? Qual o papel desempenhado pela intermediagio para as definiges de mercado financeiro e mercado de capitais apresentadas em cada um dos textos? FOV DIRETORIO| Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS + A qual finalidade se destina cada uma dessas definig6es? Qual a perti- néncia de cada uma delas para o operador do Direito? + Sob uma perspectiva juridica, quais criticas podem ser feitas 4 de- finiggo de mercado de capitais apresentada no texto “Os principios informadores do direito do mercado financeiro ¢ de capitais"? * O que é 0 mercado de valores mobiliérios? Vil. Conclusdo da Aula Conceitos aprendidos * mercado financeiro; + mercado de capitais; ¢ + mercado de valores mobilidrios. AULAS 3, 4E5 1 Tema Conceito de valor mobiliario. W.Assunto Nesta aula, serio abordados os seguintes assuntos: * relevancia ¢ utilidade da definigao de valor mobiliario; + métodos de conceituagio do que seja valor mobilidrios * evolucéo do conceito de valor mobilidrio no direito comparados + evolucéo do conceito de valor mobilidrio na legislagao brasileira; * interpretagio da Comissio de Valores Mobilitios sobre o conceito de valor mobilidrio; * critérios para a definigio de valores mobilidtios nos termos da legisla- do em vigor; + espécies de valores mobilidrios existences no Brasil; ¢ * consequéncias da classificagio de determinado ativo como valor mo- bilidtio. FovDIRETORIO. 9 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Il Objetivos Especificos Apés a leicura dos textos indicados no item V abaixo ¢ discusses em sala de aula, espera-se que o aluno consiga: * compreender a relevancia ¢ a utilidade de se conceituar valor mobilid- rio; + compreender os diferentes métodos de definigio de valor mobilirio utilizados no Brasil ¢ no direito comparado, incluindo suas vantagens ¢ desvantagens; + compreender o proceso ¢ respectivos motivos da evolucéo do concei- to de valor mobilidtio na legislagio brasileira ¢, em especial, a altera- ao da Lei n° 6.385 promovida em 2001; + compreender a interpretagio da Comissio de Valores Mobilidrios so bre a definisio de valores mobilidrios prevista na legislasio; + comparar as diferensas ¢ semelhangas entre titulos de crédito e valores mobilidrios; + compreender as consequéncias da classificagéo de determinado ativo como valor mobilidrio; + compreender a definicio juridica e a fungio econémica de cada um dos valores mobilidtios expressamente mencionados no art. 2° da Lei n? 6.385, de 7 de dezembro de 1976; ¢ + identificar, com base no art. 2° da Lei n® 6.385, de 7 de dezembro de 1976, se determinado ativo pode ou nio ser classificado como valor mobilidrio. IV. Desenvolvimento Metodolégico Conforme discutido na aula anterior, 0 conceito de “valor mobilidrio” € essencial para a compreensio do que seja 0 “mercado de valores mobilirios” mencionado pelo legislador brasileiro na Lei n® 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Para a andlise desse conceito, observa-se que a definigio de valor mobili- rio adotada atualmente no Brasil difere daquela prevista pelo legislador em 1976. Originalmente, a redacio do art. 2° da Lei n° 6.385 correspondia & seguinte: Art, 2° Sio valores mobilidtios sujeitos ao regime desta Lei 1 — as ages, partes beneficiétias ¢ debéntures, os cupées desses titulos ¢ os bénus de subscrigio; 1 —os certificados de depésito de valores mobilidtios; FOVDIRETORIO. 10 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS III — outros titulos criados ou emitidos pelas sociedades andnimas, 4 ctitério do Conselho Monetério Nacional. Pardgrafo tinico — Excluem-se no regime desta Lei: Ios titulos da divida publica federal, estadual ou municipal; 1—os titulos cambiais de responsabilidade de instituigio financei- ra, exceto as debéntures. Com as alteragées promovidas em 2001 ¢ com a incluso do §4° em 2011, referido artigo passou a vigorar com a seguinte nova redacio: Art. 2° So valores mobilidrios sujeitos ao regime desta Lei: I—as ages, debéntures e bénus de subscrigo; Ios cupons, direitos, recibos de subscrigao e certificados de des- dobramento relativos aos valores mobilidrios referidos no inciso IP; II] — 0s certificados de depésito de valores mobilidtios; IV—as cédulas de debentures; V —as cotas de fundos de investimento em valores mobilidrios ou de clubes de investimento em quaisquer ativos; VI — as notas comerciais; ‘VIL — os contratos futuros, de opgées ¢ outros derivativos, cujos ativos subjacentes sejam valores mobilidrios; VIII — outros contratos derivatives, independentemente dos ativos subjacentes; ¢ IX — quando ofertados publicamente, quaisquer outros titulos ou contratos de investimento coletivo, que gerem direito de participasio, de parceria ou de remuneragio, inclusive resultante de prestagio de servigos, cujos rendimentos advém do esforgo do empreendedor ou de terceiros. § 12 Excluem-se do regime desta Lei I —os titulos da divida publica federal, estadual ou municipal; 1 —os titulos cambiais de responsabilidade de instituigio financei- ra, exceto as debéntures. § 28 Os emissores dos valores mobilirios referidos neste artigo, bem como seus administradores ¢ controladores, sujeitam-se 4 disciplina prevista nesta Lei, para as companhias abertas. § 3 Compete & Comissio de Valores Mobilidrios expedir normas Tparannajedaiman , teste rit nag para a execucio do disposto neste artigo, podendo: sea tet forage trong eee ets FovoReTORIO. 11 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS I—exigir que os emissores se constituam sob a forma de sociedade anénima; UI —exigir que as demonstragées financeiras dos emissores, ot que as informagées sobre 0 empreendimento ou projeto, sejam auditadas por auditor independente nela registrado; Ill — dispensas, na distribuigio piblica dos valores mobilidrios re- feridos neste artigo, a participagio de sociedade integrante do sistema previsto no art, 15 desta Leis IV — estabelecer padroes de cléusulas ¢ condigies que devam ser adotadas nos titulos ou contratos de investimento, destinados & nego- ciagio em bolsa ou baledo, organizado ou nao, ¢ recusar a admissio a0 mercado da emissdo que nio satisfaga a esses padroes. Ss 9s incisos VIT ¢ VIIT do caput, celebrados a partir da entrada em vigor da Medida Proviséria n? 539, de 26 de julho de 2011, o registro em cimaras ou prestadores de servigo de compensagio, de liquidagio e de i condicéo de validade dos contratos derivativos, de que tratam registro autorizados pelo Banco Central do Brasil ou pela Comissio de Valores Mobilidtios. A anilise da redacéo atual do dispositive acima transcrito perpassa, ne- cessariamente, o estudo dos fatores que motivaram a alteracio legislativa de 2001 ¢ dos fatores que a influenciaram, em especial, papel exercido pela jurisprudéncia norte americana. Adicionalmente, é necessétio debrugat-se sobre a redacio atual, refletindo sobre cada um dos incisos previstos no caput do art, 2° da Lei n° 6.385. Para embasar essa anilise, foram recomendados dois textos para leitura prévia, com base nos quais se espera que o aluno esteja preparado para res- ponder as questées indicadas no item VI abaixo em debate em sala de aula. Uma vez concluida a discussio teérica, serio discutidos em sala de aula dois casos priticos: os Processos CVM n® RJ2007/11593 ¢ RJ2007/13207, julgados em 15 de janeiro de 2008 e 2 de setembro de 2008, respectivamente. Ambos os processos encontram-se na parte final da apostila (Anexos A e B) © conhecimento da jurisprudéncia da Comissio de Valores Mobilidrios —CVM ¢ fundamental para qualquer profissional que atue com direito so- cietétio e mercado de valores mobilidrios. Além disso, por meio da discussio dos dois casos, 0 aluno devera compreender a interpretagio dessa autarquia sobre o conceito de valor mobilirio ¢ estar apto para, na prética, identificar se um determinado ativo pode ou no ser considerado como valor mobilidrio. FOVDIRETORIO. 12 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS V, Recursos e Materiais Utilizados Bibliografia bisica: * EIZIRIK, Nelson; GAAL, Ariddna; PARENTE, Flavia; e HENRI- QUES, Marcus. Mercado de Capitais — Regime Juridico. 24 Edigio. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, pp. 50-79 e 108-133; € + MATTOS FILHO, Ary Oswaldo. “Conceito de valor mobilidtio” in Revista de Direito Mercantil, Econémico ¢ Financeiro, n° 59, set. 1986, pp. 30-55, Legislagio: + Lei n® 6.385, de 7 de dezembro de 1976 (em especial, 0 art. 2°). Casos priticos: + Processo CVM n° RJ2007/11593, julgado em 15 de janeiro de 2008; * Processo Administeativo Sancionador CVM n° RJ2007/13207, julga- do em 2 de setembro de 2008. VI. Avaliagao Com base na leitura dos textos indicados na bibliografia bisica, recomen- da-se que o aluno tente responder ¢ refletir sobre as seguintes questées: + Por que é relevante saber qual o conceito de valor mobilidrio? * Quais sio as diferentes formas de se conceituar valor mobilirio? Quais as vantagens e desvantagens de cada uma delas? + No artigo elaborado por Ary Oswaldo Mattos Filho, por que é abor- dada a relagio entre os titulos de crédito ¢ os valores mobilidrios? Qual €a definigio de titulos de massa elaborada por Tullio Ascarelli e apre~ sentada no texto? * Qual a definigio de valor mobilidrio prevista na legislagio em vigor na época em que Ary Oswaldo Mattos Filho escreveu o artigo? Qual a opiniao do autor acerca dessa definigio? * Qual o efeito da alteragéo da Lei n° 6.385 em 2001 para o conceito de valor mobilidrio? * A definicio de valor mobilidrio existente atualmente na legislagio bra- sileira é taxativa ou exemplificativa? * Quais sao os valores mobilidrios previstos atualmente na Lei n® 6.385, de7 de dezembro de 1976? * O que os valores mobilidrios previstos nos incisos I ¢ II do art. 2° da Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976 tém em comum? OV DIRETORIO| B Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS * O que sio ages? Quais sio suas espécies e classes? Quais as vantagens de uma agio preferencial? + O que sio debéntures? Quais os seus tipos de garantia ¢ de remune- ragio? Qual é 0 papel do agente fiducidrio dos debenturistas? Qual a diferenga entre debéntures conversiveis néo conversiveis? + O que é uma nota comercial? Quem pode emiti-la? Qual a diferenga entre uma nota comercial e uma debénture? + O que é um bénus de subscrigio? * Por que uma companhia emite agdes, debéntures ou bénus de subscrigio? * O que sio certificados de depésito de valores mobilidrios? Qual é 0 tipo mais comum? * O que sio cotas de fundos de investimento ¢ cotas de clubes de inves- timento? Qual a natureza juridica desses instrumentos? Qual a dife- renga entre fundos ¢ clubes de investimento? + O que é um derivative? Qual a sua funsio econdmiica? Quais séo os tipos de derivativos? * Por que o pardgrafo 1° no art. 2° da Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976 existe? Quais as consequéncias do comando do parégrafo 2° do mesmo artigo? * Qual a principal consequéncia da classificasio de um ativo como va- lor mobilidrio? * Oqueé necessdrio para que um titulo ou contrato de investimento se torne um valor mobilidtio? Para orientar a leitura prévia dos precedentes da CVM e auxiliar a prepa- ragio para o debate em sala de aula, recomenda-se que o aluno reflita sobre as seguintes questées: * Como a Comissio de Valores Mobilidrios interpreta a definigio atual de valor mobilidrio? * Quais sio os critérios utilizados pela CVM para interpretar o inciso IX do art. 2° da Lei n® 6.385, de 7 de dezembro de 1976? * Qual o interesse da CVM em classificar um determinado ative como valor mobiliario? + Uma Cédula de Crédito Bancétio — CCB deve ser considerada um valor mobiliério? Por que? Vil. Conclusao da Aula Conceitos aprendidos + valor mobilidrio, tal como definido pelo direito comparado; ¢ + valor mobilidtio, tal como definido pelo legislador brasileiro ¢ pela CVM. FovoIRETORIO. 14 Nd AULAS 6, 7E8 L Tema Conceito de oferta publica de distribuigao de valores mobilidrios. M.Assunto Nesta aula, sero abordados os seguintes assuntos: conceito de oferta piblicas relevancia do conceito de oferta publica para a definigio de valor mo- bilidtio; e regras aplicveis As ofertas piblicas de distribuicao de valores mobilis- rios. Il, Objetivos Especificos Apés a leitura dos textos normativos e outros materiais indicados no item V abaixo, bem como apés as discussées em sala de aula, espera-se que o aluno consiga: compreender qual é 0 conceito ¢ quais séo as caracteristicas de uma oferta puiblica de distribuigio de valores mobilidrios; compreender qual o regime juridico aplicével a uma oferta piblica de distribuigio de valores mobilidtios e qual o seu fundamento; familiarizar-se com os principais agentes envolvidos em uma oferta publica; familiarizar-se com os principais documentos pertinentes a uma ofer- ta publica; © diante de um caso pritico, identficar se determinada oferta de valores mobilidrios deve ser classificada como piiblica. IV. Desenvolvimento Metodolégico Como visto nas aulas anteriores, um dos critérios utilizados pelo legislador ¢ pela CVM para definir se determinado ativo deve ou nao ser considerado como valor mobilidrio ¢, portanto, estar sujeito ao regime previsto na Lei n® 6.385, de 7 de dezembro de 1976, é a sua distribuigao publica. O conceito de oferta ptiblica de distribuicao encontra-se no art. 19 da Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976 e no art. 3° da Instrugio CVM n° 400, REGULACAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS OV DIRETORIO| 5 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS de 29 de dezembro de 2003, abaixo transcritos e cuja leitura ¢ indispensivel para essas aulas Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976 Art. 19. Nenhuma emissio ptiblica de valores mobilidrios sera dis- tribuida no mercado sem prévio registro na Comissio. § 1° — Sao atos de distribuigao, sujeitos 4 norma deste artigo, a venda, promessa de venda, oferta a venda ou subscrigio, assim como a aceitacio de pedido de venda ou subscrigio de valores mobilidrios, quando os pratiquem a companhia emissora, seus fundadores ou as pessoas a ela equiparadas. § 2° tigo: I—o seu acionista controlador e as pessoas por ela controladas; 1 — 0 coobrigado nos titulos; II — as instituigées financeiras e demais sociedades a que se refere © Art. 15, inciso I; IV — quem quer que tenha subscrito valores da emissio, ou os Equiparam-se & companhia emissora pata os fins deste ar tenha adquirido 4 companhia emissora, com o fim de os colocar no mercado, § 3° — Caracterizam a emissio publica: I —a utilizagio de listas ou boletins de venda ou subscris 0, folhe- tos, prospectos ou antincios destinados ao puiblico; I —a procura de subscritores ou adquirentes para os titulos por meio de empregados, agentes ou corretores; Il —a negociagio feita em loja, escritério ou estabelecimento aber- to 20 piiblico, ou com a utilizasio dos servigos piblicos de comunica- sto. § 4° —A emissio publica sé poder ser colocada no mercado atra- vés do sistema previsto no Art. 15, podendo a Comissio exigir a parti- cipagdo de instituigao financeira. § 5° — Compete & Comissio expedir normas para a exccusio do disposto neste artigo, podendo: I — definir outras situagdes que configurem emissio ptiblica, para fins de registro, assim como os casos em que este poderi ser dispensado, tendo em vista o interesse do piiblico investidor; FOVDIRETORIO 16 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS II —fixar 0 procedimento do registro ¢ especificar as informagées que devam instruir o seu pedido, inclusive sobre: 2) a companhia emissora, os empreendimentos ow atividades que explora ou pretende explorar, sua situasio econémica e financeira, ad- ministragao ¢ principais acionistas; b) as caracteristicas da emissio ¢ a aplicagio a ser dada aos recursos dela provenientes; ) 0 vendedor dos valores mobilidtios, se for 0 caso: ) os participantes na distribuigso, sua remuneracio e seu relaciona- mento com a companhia emissora ou com o vendedor, § 6° — A Comissio podera subordinar o registro a capital minimo da companhia emissora e a valor minimo da emissio, bem como a que sejam divulgadas as informagées que julgar necessérias para proteger os interesses do piblico investidor. § 7° —O pedido de registro seré acompanhado dos prospectos ¢ outros documentos quaisquer a serem publicados ou distribuidos, para oferta, amincio ou promosio do lancamento. Instrugio CVM n° 400, de 29 de dezembro de 2003 Art. 3° Sio atos de distribuigio piiblica a venda, promessa de ven- da, oferta a venda ou subscrigio, assim como a aceitagio de pedido de venda ou subscrigéo de valores mobilidrios, de que conste qualquer um dos seguintes elementos: 1 —a utilizacio de listas ou boletins de venda ou subscrigio, folhe- tos, prospectos ott aniincios, destinados ao puiblico, por qualquer m ou formas I —a procura, no todo ou em parte, de subscritores ou adqui- rentes indeterminados para os valores mobilidrios, mesmo que realiza- da através de comunicagées padronizadas enderesadas a destinatérios individualmente identificados, por meio de empregados, representan- tes, agentes ou quaisquer pessoas naturais ou jurfdicas, integrantes ou nio do sistema de distribuigio de valores mobilirios, ou, ainda, se em desconformidade com 0 previsto nesta Instrusio, a consulta sobre a viabilidade da oferta ow a coleta de intengées de investimento junto a subscritores ou adquirentes indeterminados; II] —a negociagio feita em loja, eseritério ou estabelecimento aber- to a0 ptiblico destinada, no todo ou em parte, a subscritores ou adqui- rentes indeterminados; ou FOVDIRETORIO. 17 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS IV —a utilizacio de publicidade, oral ou escrita, cartas, amtincios, avisos, especialmente através de meios de comunicagio de massa ou eletrénicos (péginas ou documentos na rede mundial ou ourras redes abertas de computadores corteio cletrénico), entendendo-se como tal qualquer forma de comunicasio dirigida ao piblico em geral com o fim de promover, diretamente ou através de terceitos que atuem por conta do ofertante ou da emissora, a subscrigao ou alienagio de valores mobilidrios. §1° Para efeito desta Instruséo, considera-se como ptiblico em geral uma classe, categoria ou grupo de pessoas, ainda que individualizadas nesta qualidade, ressalvados aqueles que tenham prévia relagio comer- cial, crediticia, socieraria ou trabalhista, estreita e habicual, com a emis- sora. § 2° A distribuicéo publica de valores mobilidrios somente pode ser cfetuada com intermediagao das instituigdes integrantes do sistema de distribuigdo de valores mobilidrios (“Instituigées Intermediétias"), res- salvadas as hipdteses de dispensa especifica deste requisito, concedidas nos termos do art. 4°, O regime aplicavel as ofertas piiblicas de distribuigéo € abordado, pri- mordialmente, na mesma lei ¢ instrugéo da CVM acima mencionadas, cuja leicura também ¢ essencial para o debate em sala de aula ‘Tomando como base o conceito de oferta piiblica e o regime juridico a ela aplicavel, sero discutidos em sala de aula dois precedentes da Comissio de Valores Mobilidrios — CVM: os Processos Administrativos Sancionadores CVM n° 23/04 09/05, julgados em 28 de setembro de 2006 ¢ em 3 de outubro de 2006, respectivamente. Para essa discussio, 0 aluno deve ler aten- camente 0s dois processos (disponiveis nos Anexos C e D) ¢ estar preparado para responder as questdes indicadas no item VI abaixo. Em seguida, com o intuito de familiarizar 0 aluno com os principais docu- mentos pertinentes a uma oferta ptiblica de distribuigio, serd realizada uma atividade em sala de aula com 0 prospecto de distribuigio de debéntures da Lojas Renner S.A. Para essa atividade, nao sera necesséria a leitura prévia in- tegral do documento, mas é importante que o aluno folheie o prospecto antes da aula e preste atengio no tipo de informagao ali contida. ‘Ao longo da aula, serio indicadas determinadas informagées para que o aluno localize no prospecto ¢ compreenda as caracteristicas gerais dessa oferta publica ¢ dos valores mobilidrios emitidos por meio dela. Por esse motivo, € muito importante que o aluno esteja com o prospecto em mios (em via impressa ou digital) OV DIRETORIO| 18 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Por fim, ser realizada mais uma atividade com o objetivo de fixar os con- ceitos de valor mobilidtio e de oferta ptiblica de distribuicio. Para se preparar para essa atividade, o aluno deverd ler 0 material disponivel no Anexo E, relativo & emisséo de Cédula de Crédito Bancétio — C B pela Centrais Elétricas Belém S.A. e estar preparado para discutir as questées indicadas no item VI abaixo. V, Recursos e Materiais Utilizados Legislagio: + Lei n® 6.385, de 7 de dezembro de 1976 (em especial, 0 art. 19); € * Instrugao CVM ne 400, de 29 de dezembro de 2003. Casos priticos: * Processo Administrative Sancionador CVM n° 23/04, julgado em 28 de setembro de 2006; * Processo Administrative Sancionador CVM n° 09/05, julgado em 3 de outubro de 2006; * Material relativo & emissio de Cédula de Crédito Bancétio pela Cen- trais Elétricas Belém S.A + Prospecto Definitive da Oferta Piblica de Distribuigio de Debén- tures da Lojas Renner S.A. (disponivel em www.cvm.gov.br > Parti- cipantes do Mercado > Companhias abertas > Ofertas Registradas > 2012 > Debéntures / Ofertas Primérias > Lojas Renner Vi. Avaliagao Com base na leitura das normas indicadas no item V acima, recomenda-se que o aluno tente responder ¢ refletir sobre as seguintes questoes: * O que € uma oferta publica de distribuigo de valores mobilidrios? * Quais sio 0s requisitos previstos em lei para a tealizagio de uma oferta publica? + Quem pode distribuir publicamente valores mobilidtios? + O que é um prospecto? Qual a sua relevncia? Com base na leitura dos Processos Administrativos Sancionadores CVM ne 23/04 e 09/05, recomenda-se que o aluno tente responder e refletir sobre as seguintes questé * O que é uma Cédula de Produto Rural — CPR? + Como 0s casos foram levados a julgamento pela CVM? OV DIRETORI | Nd Quais exam as operagées realizadas pelos acusados em cada um dos processos? Quais as diferensas entre os dois processos? No que consistia a garantia de rentabilidade da CPR? Por que r2z40 essa garantia de rentabilidade deve ser considerada legitima ou néo? Qual foi o resultado do julgamento? Quais os motives para absolvigio ou condenagao de cada um dos acusados? Com base no material relative 4 Cédula de Crédito Bancirio — CCB cemitida pela Centrais Elécricas Belém S.A. — © Le considerando que (i) esse material foi encontrado no site da companhia e de uma corretora; ¢ que (ii) nio houve registro da CCB perante a CVM, recomenda-se que aluno tente responder ¢ refletir sobre as seguintes questées: No que consiste o material analisado? Qual a data de emissio da CCB? Quem séo os participantes da operagio? Qual a fungio de cada um deles? Nessa operagio, é possivel caracterizar uma oferta piiblica de distri buigio de valores mobilirios? Se sim, essa oferta publica pode ser considerada regular? Por qué? De acordo com a interpretagio atual da CVM, a CCB emitida pela CEBEL deve ser considerada um valor mobilidrio? Por qué? Vil. Conclusao da Aula Conceitos aprendidos valor mobilidrio; ¢ oferta publica de distribuigio de valores mobilisrios. AULAS 9, 10E 11 I Tema Justficativas para regulacéo do mercado de valores mobilidtios REGULACAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS FOV DIRETORIO| » Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS I. Assunto Nesta aula, serio abordados os seguintes assuntos: * perspectiva histérica da intervengao do Estado na economia; + diferentes justificativas para a regulacdo da economia: estudo das di- ferentes correntes de pensamento ¢ seus respectivos fundamentos ¢ objetivos; + justificativas para a regulacéo do mercado de valores mobilidrios; ¢ + previséo legal para a regulagio do mercado de valores mobilidtios no Brasil. IIL Objetivos Especificos Apés a leitura dos textos indicados no item V abaixo e discusses em sala de aula, espera-se que 0 aluno consiga: + compreender as diferentes razées pelas quais se defende a maior ou menor intervengio do Estado na economia, compreendendo inclusive quais as principais escolas de pensamento associadas a cada uma das teorias apresentadas; * compreender as diferentes formas de intervengio do Estado na economia; + compreender as raz6es politicas, histéricas ¢ estruturais que motivam a regulasio do mercado de valores mobilidrios; * compreender 0 que se entende por “regulacio”; ¢ * compreender a posigio adotada pelo legislador brasileiro sobre a regu- lacio do mercado de valores mobilidrios IV. Desenvolvimento Metodolégico Nas tiltimas aulas, foram estudados os conceitos de “valor mobilidrio” ¢ “oferta piiblica” com o objetivo de delimitar as premissas do que se entende por “mercado de valores mobilidrios’, objeto deste curso. Feita esta primeira andlise, cabe discutir por que referido mercado deve ou nio ser objeto de atensio pelo Estado, por que deve ou nio ser regulado. Para conduzir essa discussio ¢ entender o fundamento da opsio adotada pelo legislador brasileiro no sentido de regular este mercado, foram indicados dois textos para a leitura prévia. Com base em ambos, espeta-se que 0 aluno tenha condigses de responder as questées apresentadas no item VI abaixo, bem como outras mais especificas propostas em sala de aula, FOV DIRETORI | a Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS ‘Apés a discussio das ideias e dos conceitos apresentados em referidos tex- «os, seré discutida a opcio do legislador brasileiro, expressa no art. 4° da Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976, abaixo transcrito Art. 4° O Conselho Monetétio Nacional ¢ a Comissio de Valores Mobilidrios exercerdo as atribuigées previstas na lei para o fim de I —estimular a formagio de poupangas e a sua aplicagéo em valores mobilidtios: I — promover a expansio ¢ o funcionamento eficiente e regular do mercado de ages, ¢ estimular as aplicagées permanentes em ages do capital social de companhias abertas sob controle de capitais privados nacionais; III — assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados da bolsa e de balcio; IV — proteger os titulares de valores mobilidrios ¢ os investidores do mercado contra a) emissées irregulares de valores mobilidrios; b) atos ilegais de administradores ¢ acionistas controladores das companhias abertas, ou de administradores de carteira de valores mobilidrios. ©) 0 uso de informagio relevante nao divulgada no mercado de va- lores mobilidrios. V —evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulagio des- tinadas a criat condigées artificiais de demanda, oferta ou preso dos valores mobilirios negociados no mercado VI — assegurar 0 acesso do piblico a informasées sobre os valores mobilidrios negociados ¢ as companhias que os tenham emitido; VII —assegurar a observancia de priticas comerciais equitativas no mercado de valores mobilidrios; VIII — assegurar a observincia no mercado, das condigées de utili- zacio de crédito fixadas pelo Conselho Monerétio Nacional. V. Recursos e Materiais Utilizados Bibliografia bisica * YAZBEK, Otavio. Regulasio do Mercado Financeivo ¢ de Capitais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, pp. 175-198; ¢ + SALOMAO FILHO, Calixto, Regulagdo da atividade econdmica, 2° Edigéo. Sao Paulo: Malheiros Editores Ltda., 2008, pp. 19-63. FOVDIRETORIO. 22 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Bibliografia complementar: + AKERLOE George A. “The Market for ‘Lemons’: Quality Uncertain- ty and the Market Mechanism”. The Quarterly Journal of Economies, Vol. 84, No. 3. (Aug., 1970), pp. 488-500; ¢ + JENSEN, Michael, MECKLING, William, Annotated Excerpt from Theory of the Firm: Managerial Behavior, Agency Costs, and Ownership Structure, Journal of Financial Economics, Vol. 3, 1976, pp. 304-360. Legislagao: * Lei n® 6.385, de 7 de dezembro de 1976 (cm especial, o art. 4°) Vi Avaliagao Com base na leitura dos textos indicados na bibliografia bisica, recomen- da-se que o aluno tente responder e refletir sobre as seguintes quest6es: * Por que o Estado intervém na economia? * Qual é a posigéo defendida pelas teorias cléssicas, liberais ¢ ncolibe- rais? De acordo com essas teorias, o que sdo os “agentes atomizados”? Qual a fungio do Direito para essas teorias? Qual area do Direito tem mais relevancia de acordo com 0 modelo defendido? Quais as desvan- tagens do modelo proposto por essas teorias? * Qual é a posigio defendida pela Escola do Interesse Pablico? Quando essa Escola se desenvolve? Qual a fungio do Direito para cla? Qual Area do Direito tem mais relevancia de acordo com o modelo defendi- do? Quais as desvantagens do modelo proposto? * Quais as caracteristicas estruturais do mercado de valores mobilirios que justificariam a sua regulagao? * Quais sio os conceitos de deregulation, autorregulagio ¢ regulagéo apresentados por Calixto Salomao Filho? Qual a relevancia da distin- do entre esses conceitos? * Qual é 0 objetivo apresentado pelo texto de Calixto Salomio Filho? + Para este mesmo autor, quais os setores da economia que nio podem ser regulados? E qual é a solusio proposta para esses setores? + O que éa regulagio como due process? * No que consiste a “solidez” do mercado de valores mobilidsios? O que ela visa evitar? * Quais sao as regras tipicamente utilizadas para promover a higidez do mercado de valores mobiliérios? * Quais sio os riscos apontados por Otavio Yarbek em relagéo a0 mer- cado financeiro? O que é uma crise sistémica? Como ela surge? FOVDIRETORIO. 23 Nd Qual é a classificagio utilizada por Otavio Yazbek para tratar das re- gras que visam minimizar 0s riscos acima mencionados? Qual a dife- renga entre tais conjuntos de regras? © que significa “assimetria informacional”? Quais séo suas consequén- cias no mercado em geral? Quais seus efeitos sobre o mercado de va- lores mobilidtios? Qual é a técnica legislativa utilizada pata cuidar da assimettia infor- macional? Como ela é aplicada a0 mercado de valores mobilidrios? O que se entende por separagio entre controle e propriedade do capi- tal? Quais sio os seus principais efeitos? Quais sio os custos de agéncia atrelados a essa questio? E quais sio os mecanismos utilizados para lidar com estes custos? Vil. Concluséo da Aula Conceitos aprendidos regulacao; solidez do mercado de valores mobilidrios; assimettia informacional; separacio entre controle e propriedade do capital; e custos de agéncia AULAS 12 E 13 I Tema Estrutura institucional do mercado de valores mobilidrios. IL Assunto Nesta aula, sero abordados os seguintes assuntos: evolugio da estrutura institucional do mercado de valores mobilidrios no Brasil: composicéo e competéncias: Conselho Monetirio Nacional, Comis- sao de Valores Mobilidrios, Banco Central do Brasil ¢ Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional; modelos integrados ¢ independentes de regulagio: comparagio entre a estrutura institucional existente no Brasil ¢ a estrutura relativa & REGULACAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS FOV DIRETORIO| m4 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS regulacéo do mercado de valores mobilidrios nos Estados Unidos, na Inglaterra ¢ na Alemanha; + entidades administradoras de mercados organizados; re ades representativas de participantes do mercado de valores mo- bilidrios; ¢ + autorregulagio do mercado de valores mobilidtios. Ill Objetivos Especificos Apés a leitura dos textos indicados no item V abaixo ¢ discusses em sala de aula, espera-se que o aluno consiga: * identificar os principais érgios reguladores do mercado de valores mo- bilidtios no Brasil; + compreender a distribuigio de competéncias entre os principais 6r- gios reguladores no Brasil; * identificar quais séo as principais entidades autorreguladoras do mer- cado de valores mobilidrios no Brasil; ¢ * compreender as vantagens ¢ as desvantagens da autorregulago. IV. Desenvolvimento Metodolégico Na iilsima aula, foram estudados os motivos pelos quais o Estado se pre- ‘ocupa em regular 0 mercado de valores mobilidrios. Em seguida, passaremos ao estudo sobre como o préprio Estado se organiza pata desempenhar essa atividade regulatéria, Nesse sentido, partindo do texto legal e daquele indicado na bibliografia bisica da aula, serio estudados os principais érgios reguladores do mercado brasileiro ¢ suas respectivas competéncias. Nesse estudo, além de buscar res- ponder as questées indicadas no item VI abaixo, é importante que o aluno reflita sobre a época da criagéo desses drgios, sobre os objetivos almejados pelo legislador quando da atribuigio de competéncias ¢ sobre a adequagio cficiéncia desse aparato organizativo nos dias atuais. Dentre os érgios reguladores, serio estudados 0 Conselho Monetirio Na- cional — CMN, 0 Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional —CRSEN, o Banco Central do Brasil — BACEN e, finalmente, a Comissio de Valores Mobilidtios — CVM. A fim de embasar as discussdes sobre o CMN ¢ BACEN, o aluuno devers ler previamente & aula os seguintes dispositivos legais: FOV DIRETORIO| w Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Lei ne 4.595, de 31 de dezembro de 1964 Art, 2° Fica extinto 0 Conselho da atual Superintendéncia da Moe- da e do Crédito, ¢ criado em substituicao, o Conselho Monetério Na- cional, com a finalidade de formular a politica da moeda e do crédito como previsto nesta lei, objetivando o progresso econémico ¢ social do Pais. Are, 4° Compete a0 Conselho Monetitio Nacional, segundo diretri- zes estabelecidas pelo Presidente da Repiblica: I— Autorizar as emissdes de papel-moeda as quais ficario na prévia dependéncia de autorizagio legislativa quando se destinarem ao finan- ciamento direto pelo Banco Central da Repiiblica do Brasil, das opera- ses de crédito com 0 Tesouro Nacional, nos termos do artigo 49 desta Lei, (Vide Lei n® 8.392, de 30.12.91) © Conselho Monetétio Nacional pode, ainda autorizar 0 Banco Central da Repiiblica do Brasil a emitir, anualmente, até o limite de 10% (dez por cento) dos meios de pagamentos existentes a 31 de de- zembro do ano anterior, para atender as exigéncias das atividades pro- dutivas ¢ da circulagio da riqueza do Pais, devendo, porém, solicitar autorizacio do Poder Legislativo, mediante Mensagem do Presidente da Reptiblica, para as emissdes que, justificadamente, se tornarem ne- cessdtias além daquele limite. Quando necessidades urgentes e imprevistas para o financiamento dessas atividades © determinarem, pode 0 Conselho Monetirio Na- cional autorizar as emissdes que se fizerem indispenséveis, solicitando imediatamente, através de Mensagem do Presidente da Repiiblica, ho- mologagio do Poder Legislativo para as emissdes assim realizadas: 1 — Estabelecer condigées para que o Banco Central da Reptiblica do Brasil emita moeda-papel de curso forcado, nos termos ¢ limites decorrentes desta Lei, bem como as normas reguladoras do meio cit- culante; Il — Aprovar os orgamentos monetarios, preparados pelo Banco Central da Repiiblica do Brasil, por meio dos quais se estimario as necessidades globais de moeda e crédito; IV — Determinar as caracteristicas gerais das cédulas ¢ das moedas; V — Fixar as diretrizes ¢ normas da politica cambial, inclusive quanto a compra ¢ yenda de ouro ¢ quaisquer operacées em Dircitos Especiais de Saque ¢ em moeda estrangeira; VI —Disciplinar o erédito em todas as suas modalidades e as opera~ ges crediticias em todas as suas formas, inclusive aceites, avais e presta- goes de quaisquer garantias por parte das instituigées financeiras; FOVDIRETORIO. 26 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS VII — Coordenar a politica de que trata o art. 3° desta Lei com ade investimentos do Governo Federal; VIII — Regular a constituisio, funcionamento ¢ fiscalizasio dos que exercerem atividades subordinadas a esta lei, bem como a aplicagéo das penalidades previstas; IX — Limitas, sempre que necessitio, as taxas de juros, descontos comiss6es ¢ qualquer outta forma de remuneragio de operagées ¢ servi- g0s bancérios ou financeitos, inclusive os prestados pelo Banco Central da Reptiblica do Brasil, assegurando taxas favorecidas aos financiamen- tos que se destinem a promover: — recuperagao ¢ fertilizagao do solo; — teflorestamento; — combate a epizootias e pragas, nas atividades rurais; — cletrificaséo rural; — mecanizacao; — itrigagio; — investimento indispensaveis as atividades agropecudtias; X — Determinar a percentagem maxima dos recursos que as insti- tuigées financeiras poderio emprestar a um mesmo cliente ou grupo de empresas; XI — Estipular indices ¢ outras condigées técnicas sobre encaixes, mobilizagées ¢ outras relagées patrimoniais a serem observadas pelas instituigdes financeitas; XII — Expedir normas gerais de contabilidade e escatistica a serem observadas pelas instituigées financeiras; XIII — Delimitas, com periodicidade nio inferior a dois anos 0 capital minimo das instituigdes financciras privadas, levando em conta sua natureza, bem como a localizagao de suas sedes ¢ agéncias ou filiais; XIV — Determinar recolhimento de até 60% (sessenta por cento) do toral dos depésitos e/ou outros titulos contabeis das instituiées financeiras, seja na forma de subscricéo de letras ou obrigagées do Te- souro Nacional ou compra de titulos da Divida Piiblica Federal, seja através de recolhimento em espécie, em ambos os casos entregues a0 Banco Central do Brasil, na forma ¢ condigées que o Conselho Mone- tirio Nacional determinar, podendo este a) adotar percentagens diferentes em funsio: — das regides geo-econdmicas; — das prioridades que atribuir &s aplicagées; — da natureza das instieuigées financeiras; b) determinar percentuais que nio serio recolhidos, desde que te- nham sido reaplicados em financiamentos & agricultura, sob juros favo- recidos e outras condigées fixadas pelo Conselho Monetario Nacional. FOVDIRETORIO. 27 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS XV _— Estabelecer para as instituig6es financeiras puiblicas, a dedu- gio dos depésitos de pessoas juridicas de dieito piiblico que lhes dete- nham o controle acionario, bem como dos das respectivas autarquias ¢ sociedades de economia mista, no céleulo a que se refere o inciso anterior XVI— Enviar obrigatoriamente ao Congresso Nacional, até o tlti- mo dia do més subsequente, relatério e mapas demonstrativos da apli- cagio dos recolhimentos compuls6rios. XVII — Regulamentar, fixando limites, prazos ¢ outras condigées, as operagdes de redesconto ¢ de empréstimo, efetuadas com quaisquer instituigdes financeitas ptiblicas ¢ privadas de natureza bancéria; XVIII — Outorgar ao Banco Central da Repiiblica do Brasil 0 mo- nopélio das operagées de cambio quando ocorrer grave desequilibrio no balanso de pagamentos ow houver sérias razdes para prever a imi- néncia de tal situasio; XIX — Estabelecer normas a serem observadas pelo Banco Central da Reptiblica do Brasil em suas transagées com titulos ptblicos ¢ de entidades de que participe o Estado; XX — Autoriza 0 Banco Central da Repiiblica do Brasil e as ins- tituigées financeiras pitblicas federais a efetuar a subscrigio, compra c venda de aces ¢ outros papéis emitidos ou de responsabilidade das sociedades de economia mista ¢ empresas do Estados XXI — Disciplinar as atividades das Bolsas de Valores ¢ dos corte- tores de fundos piblicos; XXII — Estatuir normas para as operac6es das instituigées financei- ras piblicas, para preservar sua solidez. ¢ adequar seu funcionamento aos objetivos desta leis XXIII — Fixar, até quinze (15) vezes a soma do capital realizado € reservas livres, o limite além do qual os excedentes dos depésitos das instituigées financeiras serdo recolhidos ao Banco Central da Republica do Brasil ou aplicados de acordo com as normas que 0 Conselho esta- belecer; XXIV — Decidir de sua prépria organizagao; elaborando seu regi- mento interno no prazo maximo de trinta (30) dias; XXV — Decidir da estrutura téenica e administrativa do Banco Central da Reptiblica do Brasil e fixar seu quadro de pessoal, bem como estabelecer os vencimentos ¢ vantagens de seus funcionétios, servidores ¢ dirctores, cabendo ao Presidente deste apresentar as respectivas pro- postas; (Vide Lei n° 9.650, 27.5.1998) XXVI — Conhecer dos recursos de decisées do Banco Central da Republica do Brasil; (Vide Lei n° 9.069, de 29.6.1995) FOVDIRETORIO. 28 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS XXVII —aprovar o regimento interno e as contas do Banco Central do Brasil e decidir sobre seu orcamento ¢ sobre seus sistemas de con- tabilidade, bem como sobre a forma ¢ prazo de transferéncia de seus resultados para 0 Tesouro Nacional, sem prejuizo da comperéncia do “Tribunal de Contas da Unio. XXVIII — Aplicar aos bancos estrangeitos que funcionem no Pais as mesmas vedagées ou restrigdes equivalentes, que vigorem nas pracas de suas mattizes, em relagio a bancos brasileitos ali instalados ou que nelas desejem estabelecer — se; XXIX — Colaborar com 0 Senado Federal, na instrugio dos pro- cessos de empréstimos externos dos Estados, do Distrito Federal e dos ‘Municipios, para cumprimento do disposto no art, 63, n° I, da Cons- tituigéo Federal; XXX — Expedir normas ¢ regulamentacao para as designagées ¢ demais efeitos do art. 7°, desta lei. (Vide Lei n° 9.069, de 29.6.1995) XXXI— Baixar normas que regulem as operagées de cimbio, inclu- sive swaps, fixando limites, taxas, prazos e outras condigées. XXXII — regular os depésitos a prazo de instituigées financeiras © demais sociedades autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, inclusive entre aquelas sujeitas a0 mesmo controle acionério ou coligadas § 1° O Conselho Monetdrio Nacional, no exercicio das atribuigées previstas no inciso VIII deste artigo, poder determinar que 0 Banco Central da Repiiblica do Brasil recuse autorizagio para o funciona- mento de novas instituig6es financeiras, em funsio de conveniéncias de ordem geral § 2° Competiré ao Banco Central da Reptiblica do Brasil acompa- har a execugio dos orsamentos monetatios ¢ relatar a matéria ao Con- selho Monetatio Nacional, apresentando as sugestes que considerar convenientes. § 3° As emissdes de moeda metilica serio feitas sempre contra reco- Ihimento de igual montante em cédulas § 4° O Conselho Monetério nacional podera convidar autoridades, pessoas ou entidades para prestar esclarecimentos considerados neces- sirios § 5° Nas hipdteses do art. 4°, inciso I, e do § 6, do art. 49, desta Ici, se 0 Congreso Nacional negar homologasio 4 emissio extraordi- nitia efetuada, as autoridades responsaveis seréo responsabilizadas nos n® 1059, de 10/04/1950. § 6° © Conselho Monetério Nacional encaminharé ao Congres- so Nacional, até 31 de margo de cada ano, relatério da evolugio da situasio monetiria ¢ crediticia do Pais no ano anterior, no qual des- termos da Lei FOVDIRETORIO. 29 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS creverd, minudentemente as providéncias adotadas para cumprimento dos objetivos estabelecidos nesta lei, justificando destacadamente os montantes das emiss6es de papel-moeda que tenham sido feitas para atendimento das atividades produtivas. § 7¢ O Banco Nacional da Habitagao é o principal instrumento de execugéo da politica habitacional do Governo Federal ¢ integra 0 sistema financeito nacional, juntamente com as sociedades de crédito imobilidrio, sob orientagéo, autorizagio, coordenagio e fiscalizagio do Conselho Monetirio Nacional ¢ do Banco Central da Reptiblica do Brasil, quanto a execucio, nos termos desta lei, revogadas as disposigées especiais em contrario. (Vide Lei n° 9.069, de 29.6.1995) Lei n° 9.069, de 29 de junho de 1995 Are, 8° © Conselho Monetétio Nacional, criado pela Lei n? 4.595, de31 de dezembro de 1964, passa a ser integrado pelos seguintes mem- bros: I—Ministro de Estado da Fazenda, na qualidade de Presidente; I — Ministro de Estado do Planejamento, Orgamento e Gesti Il — Presidente do Banco Central do Brasil § 1° © Conselho deliberaré mediante resolugses, por maioria de votos, cabendo ao Presidente a prerrogativa de deliberar, nos casos de urgéncia e relevante interesse, ad referendum dos demais membros. § 2° Quando deliberar ad referendum do Conselho, 0 Presidente submeterd a decisio a0 colegiado na primeira reunigo que se seguir aquela deliberasio. § 3° O Presidente do Conselho podera convidar Ministros de Esta- do, bem como representantes de entidades publicas ou privadas, para participar das reunides, nao Ihes sendo permitido o diteito de voto. § 4° O Conselho reunir-se-4, ordinariamente, uma vez por més, ¢, extraordinariamente, sempre que for convocado por seu Presidente. § 5° © Banco Central do Brasil funcionaré como secretaria-execu- tiva do Conselho. § 6° O regimento interno do Conselho Monetario Nacional sera aprovado por decreto do Presidente da Repiblica, no prazo maximo de zinta dias, contados da publicagio desta Lei § 7° A partir de 30 de junho de 1994, ficam extintos os mandatos de membros do Conselho Monetario Nacional nomeados até aquela data. FOVDIRETORIO. 30 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976 Are, 3° Compete a0 Conselho Monetirio Nacional: I — definir a politica a ser observada na organizagio ¢ no funciona- mento do mercado de valores mobilidrios; 1 — regular a utilizagio do crédito nesse mercado; TI — fixar, a orientagio geral a ser observada pela Comissio de Va- ores Mobilidtios no exercicio de suas atribuicées; IV — definir as atividades da Comissio de Valores Mobilidrios que devem ser exercidas em coordenagéo com o Banco Central do Brasil V —aprovar 0 quadro ¢ o regulamento de pessoal da Comisséo de Valores Mobilidtios, bem como fixar a retribuicéo do presidente, dite- tores, ocupantes de funges de confianga e demais servidores. VI — cstabelecer, para fins da politica monetéria e cambial, condi- s6es especificas para negociacéo de contratos derivativos, independen: temente da natureza do investidor, podende, inclusive: a) determinar depésitos sobre os valores nocionais dos contratos; € b) fixar limites, prazos ¢ outras condigées sobre as negociagdes dos contratos derivativos. § 12 Ressalvado 0 disposto nesta Lei, a fiscalizagao do mercado f- nanceiro ¢ de capitais continuard a ser exercida, nos termos da legisla- Gao em vigor, pelo Banco Central do Brasil § 22 As condigdes especificas de que trata o inciso VI do eaput deste artigo nio poderio ser exigidas para as operagées em aberto na data de publicagao do ato que as estabelecer. M. no Ambito do mercado de valores mobilidtios, o aluno deverd ler os seguintes Em seguida, para tratar da natureza ¢ das competéncias atribuidas & artigos: Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976 Art, 5° autérquica, vinculada ao Ministério da Fazenda. (Redagdo anterior & Lei ne 10.411, de 26.2.2002) E instituida a Comisséo de Valores Mobilidrios, entidade Art, 5¢ E instituida a Comissio de Valores Mobilidrios, entidade autérquica em regime especial, vinculada a0 Ministétio da Fazenda, com personalidade juridica ¢ patriménio préprios, dotada de autorida- de administrativa independent, auséncia de subordinagio hierdrquica, mandato fixo ¢ estabilidade de seus ditigentes, e autonomia financeira € orgamentéria, (Redagéo dada pela Lei n° 10.411, de 26.2.2002) FovbRETORIO 31 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Art, 8° Compete & Comissio de Valores Mobilidtios: I —regulamentar, com observancia da politica definida pelo Conse- Iho Monetério Nacional, as matérias expressamente previstas nesta Lei ena lei de sociedades por ages; 1 — administrar os registros instituidos por esta Leis II — fiscalizar permanentemente as atividades ¢ os servigos do mercado de valores mobilidrios, de que trata o Art. 1°, bem como a veiculagéo de informagées relativas a0 mercado, as pessoas que dele participem, ¢ aos valores nele negociados; IV — propor ao Conselho Monetitio Nacional a eventual fixagéo de limites maximos de prego, comiss6es, emolumentos ¢ quaisquer ou- tras vantagens cobradas pelos intermedidrios do mercado; V — fiscalizar e inspecionar as companhias abertas dada prioridade As que nfo apresentem lucro em balango ou as que deixem de pagar 0 dividendo minimo obrigat6rio. § 18 O disposto neste artigo nao exclui a comperéncia das Bolsas de Valores, das Bolsas de Mercadorias ¢ Futuros, ¢ das entidades de compensagio e liquidacio com relacio aos seus membros e aos valores mobilirios nelas negociados. § 22 Serdo de accesso priblico todos os documentos ¢ autos de proces- sos administrativos, ressalvados aqueles cujo sigilo seja imprescindivel para a defesa da intimidade ou do interesse social, ou cujo sigilo esteja assegurado por expressa disposicio legal. § 3° Em conformidade com o que dispuser seu regimento, a Comis- sio de Valores Mobiliérios poderd: 1 — publicar projeto de ato normativo para receber sugestées de interessados; 1 — convocas, a seu juizo, qualquer pessoa que possa contribuir com informagées ou opiniées para o aperfeigoamento das normas a serem promulgadas. Art 9° A Comisséo de Valores Mobilidrios, observado o disposto no § 28 do att. 15, poderd I— examinar e extrair cépias de registros contabeis, livros ou docu- mentos, inclusive programas eletrénicos e arquivos magnéticos, dpticos ou de qualquer outra natureza, bem como papéis de trabalho de audi- tores independentes, devendo tais documentos ser mantidos em per- feita ordem c estado de conservagio pelo prazo minimo de cinco anos: a) as pessoas naturais e juridicas que integram o sistema de distribui- gio de valores mobilidsios (Art. 15); FOVDIRETORIO. 32 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS b) das companhias abertas e demais emissoras de valores mobilidrios ¢, quando houver suspeita fundada de atos ilegais, das respectivas socie- dades controladoras, controladas, coligadas ¢ sociedades sob controle comum; 6) dos fundos e sociedades de investimento; d) das carteiras ¢ depdsitos de valores mobilidrios (Arts. 23 ¢ 24); ¢) dos auditores independentes: £) dos consultores ¢ analistas de valores mobilidtios; g) de outras pessoas quaisquer, naturais ou juridicas, quando da ocorréncia de qualquer irregularidade a ser apurada nos termos do inci- so V deste artigo, para efeito de verificagao de ocorréncia de atos ilegais ou praticas nao eqilitativas; II — intimar as pessoas referidas no inciso I a prestar informacées, ou esclarecimentos, sob cominasio de multa, sem prejuizo da aplicacéo das penalidades previstas no art. I Il] — requisitar informagées de qualquer érgao piiblico, autarquia ou empresa publica; IV — determinar is companhias abertas que republiquem, com corregdes ou aditamentos, demonstragées financeitas, relatérios ou in- formagées divulgadas; V — apurar, mediante processo administrativo, atos ilegais © pri- ticas nao eqititativas de administradores, membros do conselho fiscal ¢ acionistas de companhias abertas, dos intermedidtios ¢ dos demais participantes do mercado; VI —aplicar aos autores das infragées indicadas no inciso anterior as penalidades previstas no Art. 11, sem prejuizo da responsabilidade civil ou penal. § 1* Com 0 fim de prevenir ou corrigir situagées anormais do mer- cado, a Comissio poders: I — suspender a negociagio de determinado valor mobilidrio ou decretar 0 recesso de bolsa de valores: Il— suspender ou cancelar os registros de que trata esta Leis III — divulgar informagées ou recomendagées com o fim de escla- recer ott ofientar os participantes do mercado; IV — proibir aos participantes do mercado, sob cominagio de mul- ta, a pritica de atos que especificar, prejudiciais a0 seu funcionamento regular. § 280 processo, nos casos do inciso V deste artigo, poders ser prece- dido de etapa investigativa, em que serd assegurado 0 sigilo necessério 4 clucidagio dos fatos ou exigido pelo interesse puiblico, e observaré 0 procedimento fixado pela Comissio FOVDIRETORIO. 3 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS § 3* Quando o interesse piblico exigit, a Comissio podera divulgar a instauracéo do procedimento investigativo a que se refere o S § 4# Na apurasio de infragées da legislacéo do mercado de valores mobilidtios, a Comissio deverd dar priotidade 4s infragdes de natureza grave, cuja apenacao proporcione maior efeito educativo ¢ preventivo para os participantes do mercado. § 5# As sessées de julgamento do Colegiado, no processo adminis- trativo de que trata o inciso V deste artigo, serio puiblicas, podendo ser restringido 0 acesso de terceiros em fungio do interesse priblico envolvido. § 6 A Comissao serd competente para apurar e punir condutas frau- dulentas no mercado de valores mobilidrios sempre que: I — seus efeitos ocasionem danos a pessoas residentes no terri nacional, independentemente do local em que tenham ocorrido; ¢ TI — 08 atos ou omissdes relevantes tenham sido praticados em ter- ritério nacional. Art. 10. A Comissio de Valores Mobilidtios poderd celebrar con- vénios com érgios similares de outros paises, ou com entidades inter nacionais, para assisténcia ¢ cooperagéo na condugao de investigagées para apurar transgressdes as normas atinentes ao mercado de valores mobilidrios ocorridas no Pais ¢ no exterior. § 1 A Comissio de Valores Mobilidrios poderd se recusar a prestar a assisténcia referida no caput deste artigo quando houver interesse pt blico a ser resguardado. § 28 disposto neste artigo aplica-se, inclusive, as informagées que, por disposigio legal, estejam submetidas a sigilo. Art. 11. A Comissio de Valores Mobilidtios podera impor aos in- fratores das normas desta Lei, da lei de sociedades por ages, das suas resolugées, bem como de outras normas legais cujo cumprimento lhe incumba fiscalizar, as seguintes penalidades: I — adverténcia; U—amulea; II — suspensio do exercicio do cargo de administrador ou de con- selheiro fiscal de companhia aberta, de entidade do sistema de distri- buigio ou de outras entidades que dependam de autorizagio ou regis- tro na Comissio de Valores Mobilidtios: IV — inabilitagio cemporiria, até o maximo de vinte anos, para 0 exercicio dos cargos referidos no inciso anterior; V—suspensio da autorizagio ou registro para o exercicio das ativi- dades de que trata esta Lei; FOVDIRETORIO. 34 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS VI— cassagéo de autorizacéo ou registro, pata o exercicio das ativi- dades de que trata esta Lei; ‘VII — proibigéo tempor: até o maximo de vinte anos, de prati- car determinadas atividades ou operagées, para os integrantes do siste- ma de distribuigio ou de outras entidades que dependam de autoriza- gio ou registro na Comissio de Valores Mobilidtios; VIII — proibicéo temporaria, até o maximo de dez anos, de acuat, direta ou indiretamente, em uma ou mais modalidades de operasio no mercado de valores mobilirios. § 1° —A mutta nio excederé o maior destes valores: I— R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais); 1 —cingiienta por cento do valor da emissio ou operagio irregular; ou II] — teés veres 0 montante da vantagem econdmica obtida ou da perda evitada em decorréncia do icito. § 2° Nos casos de reincidéncia serio aplicadas, alternativamente, multa nos termos do parigrafo anterior, até o triplo dos valores fixados, ou penalidade prevista nos incisos III a VIII do capue deste artigo. § 3° Ressalvado © disposto no pardgrafo anterior, as penalidades previstas nos incisos II] a VIII do caput deste artigo somente serio aplicadas nos casos de infragéo grave, assim definidas em normas da Comisséo de Valores Mobilidrios § 4° As penalidades somente serio impostas com observancia do procedimento previsto no § 2° do art. 9° desta Lei, cabendo recurso para o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional. § 52 A Comissio de Valores Mobilirios poderd, a seu exclusivo cri- tério, se o interesse puiblico permitir, suspender, em qualquer fase, 0 procedimento administrativo instaurado para a apuragio de infragdes da legislagio do mercado de valores mobilidrios, se 0 investigado ou acusado assinar termo de compromisso, obrigando-se a: (vide Art, 3° da Lei n° 9,873, de 23.11.1999) I —cessar a pratica de atividades ou atos considerados ilicitos pela Comissio de Valores Mobilidtios; ¢ 1 —corrigir as irregularidades apontadas, inclusive indenizando os prejuizos. § 6° O compromisso a que se refere o parigrafo anterior néo im- portard confissio quanto & matéria de fato, nem reconhecimento de ilicitude da conduta analisada. § 7# O termo de compromisso deverd ser publicado no Didrio Of- cial da Unido, discriminando o prazo para cumprimento das obrigagdes eventualmente assumidas, e constituird titulo executivo extrajudicial. FOVDIRETORIO. 35 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS § 8° Nio cumpridas as obrigagées no prazo, a Comissio de Valores Mobilidrios dara continuidade ao procedimento administrativo ante- riormente suspenso, para a aplicaséo das penalidades cabiveis. § 9° Seréo considerados, na aplicagio de penalidades previstas na lei, o arrependimento eficaz ¢ 0 arrependimento posterior out a cir- cunstancia de qualquer pessoa, espontaneamente, confessar ilicito ou prestar informagées relativas & sua materialidade § 10. A Comissio de Valores Mobilirios regulamencaré a aplicagéo do disposto nos §§ leste artigo aos procedimentos conduzidos pelas Bolsas de Valores, Bolsas de Mercadorias ¢ Futuros, entidades do mercado de balcdo organizado ¢ entidades de compensacio ¢ liquida- cao de operagées com valores mobilidrios. § 11. A multa cominada pela inexecusio de ordem da Comissio de Valores Mobilidrios, nos termos do inciso II do caput do art. 9* e do inciso IV de seu § 1 nao excederd a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por dia de atraso no seu cumprimento ¢ sua aplicacao independe do pro- cesso administrativo previsto no inciso V do caput do mesmo artigo. § 12. Da decisdo que aplicar a multa prevista no pardgrafo anterior caberé recurso voluntério, no prazo de dez dias, a0 Colegiado da Co- missio de Valores Mobilidrios, sem efeito suspensivo.” Art. 18. Compete 4 Comissao de Valores Mobilidrios: I —editar normas gerais sobre: a) condigdes para obter autorizagao ou registro necessdrio ao exer- cicio das atividades indicadas no art. 16, ¢ respectivos procedimentos administrativos; b) requisitos de idoncidade, habilitagéo técnica e capacidade finan- ceira a que deverio satisfazer os administradores de sociedades e demais pessoas que atuem no mercado de valores mobilidrios; <) condigées de constituigio e extingio das Bolsas de Valores, enti- dades do mercado de balcéo organizado ¢ das entidades de compensa- sao e liquidacéo de operagées com valores mobilirios, forma juridica, érgios de administragio ¢ seu preenchimento; d) exercicio do poder disciplinar pelas Bolsas ¢ pelas entidades do mercado de balcio organizado, no que se refere as negociages com valores mobilidtios, e pelas entidades de compensasio e liquidacio de operagées com valores mobilidrios, sobre os seus membros, imposicéo de penas ¢ casos de exclusio; «) niimero de sociedades corretoras, membros da bolsa; requisitos ou condigées de admissio quanto i idoneidade, capacidade financeira ¢ habilitagio técnica dos seus administradores; e representacio no re- cinco da bolsa; FOVDIRETORIO. 36 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS £) administracéo das Bolsas, das entidades do mercado de balcéo organizado e das entidades de compensasio ¢ liquidasio de operacées com valores mobiliérios; emoluments, comiss6es ¢ quaisquer outros custos cobrados pelas Bolsas ¢ pelas entidades de compensacio e liqui- dacéo de operagées com valores mobilidrios ou seus membros, quando for 0 caso; g) condigées de realizasio das operagées a termo; h) condigées de constituigio ¢ extincéo das Bolsas de Mercadorias ¢ Fururos, forma juridica, érgios de administragio e seu preenchimento, I — definir: a) as espécies de operagéo autorizadas na bolsa e no mercado de baledo; métodos ¢ praticas que devem ser observados no mercado; ¢ responsabilidade dos intermediarios nas operagées; b) a configuragio de condigées artificiais de demanda, oferta ou pre- 50 de valores mobilirios, ou de manipulaséo de preso; operasées Frau dulentas priticas néo equitativas na distribuigo ou intermediagao de valores; ) normas apliciveis ao registro de operagées a ser mantido pelas entidades do sistema de distribuigéo (Art. 15) Para completar 0 quadro institucional do mercado de valores mobilidrios, o aluno deverd analisar o disposto sobre o CRSEN nos seguintes artigos: Decreto n° 91.152, de 15 de margo de 1985 Art, 1°, Fica criado, no Ministério da Fazenda, 0 Conselho de Re- cursos do Sistema Financeiro Nacional, com a finalidade de julgar, em segunda ¢ tiltima instincia, os recursos interpostos das decisées relati- vas & aplicagio de penalidades administrativas previstas I—no inciso XXVI do art. 4° e no § 5° do art. 44, da Lei n° 4.595, de 31 de dezembro de 1964; no art. 3° do Decreto-lei n® 448, de 3 de fevereiro de 1969; ¢ no pardgrafo tinico do art. 25 da Lei n® 4.131, de 3 de setembro de 1962, com a redagio que lhe deu a Lei n° 4.390, de 29 de agosto de 1964; I — no § 4° do art. 11 da Lei n® 6.385, de 07 de dezembro de 1976; TI — no § 2 do art. 43 da Lei n? 4,380, de 21 de agosto de 1964, combinado com 0.§ 7° do art. 4° da Lei n® 4.595, de 31 de dezembro de 1964; € IV— no § 2° do art. 2° do Decreto-lei n° 1.248, de 29 de novem- bro de 1972, e no art. 74 da Lei n? 5.025, de 10 de junho de 1966. FOVDIRETORIO. 37 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Paragrafo tinico. Fica o Conselho de Recursos do Sistema Financei- 10 Nacional classificado como drgio de deliberasio coletiva de segundo grau (letra “b” do art. 1° do Decreto n° 69.382, de 19 de outubro de 1971). Art. 22. © Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional sera integrado por oito Conselheitos, de reconhecida competéncia € possuidores de conhecimentos especializados em assuntos relativos aos mercados financeiro e de capitais, observada a seguinte composisio: I—um representante do Ministério da Fazenda; I — um representante do Banco Central do Brasil; Ill — representante do Banco Nacional da Habitagio; IV— um representante da Comisséo de Valores Mobilidtios; ¢ V — quatro representantes das entidades de classe dos mercados financeiro e de capitais, por estas indicados em lista triplice, por soici taco do Ministro da Fazenda. § 1° Os membros do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro ‘Nacional e seus respectivos suplentes sero designados pelo Ministro da Fazenda, com mandato de dois anos, podendo ser reconduzidos uma Ainica vez. § 2 Junto ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacio- nal, funcionara um Procurador da Fazenda Nacional, designado pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional, com a atribuicio de zelar pela ficl observancia das leis, decretos, regulamentos e demais atos norma- tivos § 3° O Conselho tera como Presidente o representante do Ministé- rio da Fazenda e como Vice-Presidente a pessoa assim designada pelo Ministro da Fazenda entre os representantes referidos no item V do caput deste artigo Uma vez compreendida a opsio do Estado brasileiro a respeito da or- ganizacio ¢ distribuigio de competéncias no mercado de valores mobilié- Tios, serio discutidos os diferentes modelos de regulacio existentes no dircito comparado, com foco sobre o modelo integrado, o modelo independente ¢ 0 modelo de twin peaks. O estudo das regras brasileiras ¢ dos modelos estatais de regulagio levari um terceiro t6pico nesta aula: a autorregulacio no mercado de valores mo- bilidrios. Com relasao a esse novo assunto, serio abordados os motivos pelos quais os agentes econémicos se submetem a regras nao estatais, quais sio as organizagdes que exercem atividades de autorregulagio, bem como a forma como o Estado lida com essa imposigao de regras. OV DIRETORIO| 38 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Especificamente quanto a esse tiltimo ponto, podem servir como subsi- dios para a discussio as seguintes disposicées constantes do Cdigo de Co- mercial de 1850: Art. 32 — Praga do comércio é nao s6 0 local, mas também a reu- nido dos comerciantes, capitées ¢ mestres de navios, corretores ¢ mais pessoas empregadas no comércio, Este local e reuniso estio sujeitos & policia ¢ inspegao das autorida- des competentes. © regulamento das pragas do comércio marcaré tudo quanto res- peita a policia interna das mesmas pracas, ¢ mais objetos a elas concer- nentes Are, 36 — Para ser corretor, requer-se ter mais de 25 (vinte ¢ cinco) anos de idade, e ser domiciliado no lugar por mais de 1 (um) ano. Art. 38 — Todo o corretor é obrigado a matricular-se no Tribunal do Comércio do seu domicilio; ¢ antes de entrar no exercicio do seu oficio prestard juramento de bem cumprir os seus deveres perante 0 presidente, podendo ser admitidos a jurar por procurador os corretores das pragas distantes do lugar onde o tribunal residir; pena de uma mul- ta correspondente a 10% (dez por cento) da fianga que houver presta- do, e de que a sua gestio s6 produzitd o efeito do mandato. Além disso, para uma anilise do tema nos dias de hoje, sugere-se que 0 aluno releia o disposto no art. 8°, $19 da Lei n° 6.385, 7 de dezembro de 1976, acima transcrito. V. Recursos e Materiais Utilizados Bibliografia bisica * YAZBEK, Otavio. Regulagio do Mercado Financeiro e de Capitais, Rio de Janciro: Elsevier, 2007, pp. 198-212. Bibliografia complementar: + MOREIRA, Vital. Auto-regulasio profisional e administrasdo piiblica. Coimbra: Grafica de Coimbra, 1997, pp. 52-99: ¢ + PIRRONG, Stephen Craig. “Self-Regulation of Private Organized Markets” in The new Palgrave Dictionary of Economics and the Law, v. 3. London: Macmillan Reference Limited, 1998. OV DIRETORIO| 38 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Legislacao: * Lei ne 4.595, de 31 de dezembro de 1964 (em especial, os arts. 2°, 4° eGe)se * Lei n® 6.385, de 7 de dezembro de 1976 (em especial, os arts. 3°, 5°, 8°, 9°, 10, 11 e 18); + Decteto n® 91.152, de 15 de margo de 1985 (em especial, os arts. 1° €2%). VI. Avaliagao Com base na leitura do texto indicado na bibliografia basica e da legisla- io, recomenda-se que o aluno tente responder ¢ refletir sobre as seguintes questées: + O que €0 CMN? Quem o integra? Quais sio as suas competéncias? + O que éa CVM? Quais foram as principais alteragdes promovidas em 2001 na lei que a instituiu? Por qué elas foram realizadas? * Quais si as competéncias da CVM? * Quais sio os registros a que o art. 8°, II da Lei n? 6.385, de 7 de de- zembro de 1976, faz referéncia? + © que signfica o disposto no art. 8°, §1° da Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976? * Qual a relevancia do BACEN para o mercado de valores mobilirios? HA sobreposigéo de competéncias em relacdo 8 CVM? Como sao re- solvidos eventuais conflitos? + O que € 0 CRSFN? Quem sio os seus membros? Qual a sua fungio? * Quando foram criados 0 CMN, CRSFN, BACEN e CVM? Havia mercado de valores mobilidtios no Brasil antes da criagao desses ér- gios? Quais eram as regras desse mercado ¢ quem as estabelecia? * Quais as razdes para a interagio ¢ complementariedade entre regula- Gio estatal ¢ privada no mercado de valores mobilidrios? Por que os agentes econdmicos se submetem voluntariamente a regras que ndo foram impostas pelo Estado? * Quais sao as vantagens da autorregulacio? E as desvantagens? Vil. Conclusao da Aula Conceitos aprendidos: * Conselho Monetatio Nacional; *+ Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional; + Comissio de Valores Mobilidrios; OV DIRETORIO| 0 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS + Modelos integrados e independentes de regulagio do mercado de va- lores mobilidtios ¢ twin peaks; © + Autorregulagio. AULA 14 Lema Revisio para a primeira prova. AULA 15 PL AULAS 16, 17E 18 LTema O sistema de distribuigio de valores mobilidrios. M.Assunto Nesta aula, sero abordados os seguintes assuntos: * Sistema de distribuigio de valores mobilirios; ¢ + Principais integrantes do sistema de distribuigio e suas atividades. IIL Objetivos Especificos ‘Apés a leitura dos textos indicados no item V abaixo e discussoes em sala de aula, espera-se que o aluno consiga: * Compreender no que consiste ¢ como funciona o sistema de distribui- gio de valores mobilidrios no Brasil; ¢ + Identificar quais sio os principais integrances desse sistema ¢ quais si0 suas principais fangées ¢ responsabilidades FovoRETORIO. 41 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS IV. Desenvolvimento Metodolégico A partir desta aula, ter4 inicio 0 estudo sobre o funcionamento do merca- do de valores mobilidtios no Brasil. Assim, depois de estudar os fndamentos da regulagio desse mercado, ¢ a forma com que o Estado se organiza para regulilo, setio estudados os seus principais atores e as atividades por eles desempenhadas © primeiro passo para tanto corresponderd & andlise do sistema de dis- tribuicéo de valores mobilidrios ¢ de seus integrantes, também conhecidos simplesmente como “intcrmediérios”. Esses agentes j4 foram mencionados de forma genérica nas aulas cm que diferenciamos o mercado financeiro do mercado de capitais, bem como nas aulas em que tratamos das ofertas puibli- cas de distribuigio de valores mobilidrios. Naquele momento, bastou indicar que os intermedirios corresponderiam aos profissionais que intermediam as nnegociagées entre investidores ¢ as relagées entre os investidores ¢ os cmisso- res de valores mol set estudados de maneira aprofundada, fornecendo subsidios para a compre- ensio da dinamica de funcionamento do mercado de valores mobilidrios Especial atengio sera dedicada a discussio de trés intermedidrios espe- ificos: 0 coordenador das distribuigées puiblicas (underwriter), as correto- 1s. No entanto, nesta aula, tais intermediarios deverio ras de valores mobilidrios ¢ as bolsas de valores. Em relagio a0 primeito, a aula simplesmente retomard a discussio sobre o papel e responsabilidade dos coordenadores de distribuigées piblicas de valores mobilitios, os quais ja foram explorados na aula de oferta piiblica, Em relagio as cortetoras, a aula apresentaré informagées sobre a fungao ¢ 0 regime juridico a que elas estio submeridas. Jé em relagio & bolsa de valores, seréo explorados sua funcio eco- némica como local de encontro de oferta e demanda dos ativos ld admitidos a negociacio, os reflexos dessa fungéo na formagio do prego e na liquidez dos ativos e seu papel de autorregulador Para as discusses em sala de aula, é recomendavel que o aluno leia pre- viamente os textos indicados no item V abaixo ¢ reflita sobre as questées indicadas no item VI subsequente. Adicionalmente, a fim de ja introduzir os debates a serem travados em sala de aula, sugere-se que o aluno leia os seguintes artigos da Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976: Art. 15. O sistema de distribuigio de valores mobilidrios compre ende: I —as instituigées financeiras e demais sociedades que tenham por objeto distribuir emissdo de valores mobilidtios: 2) como agentes da companhia emissora; OV DIRETORIO| a Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS b) por conta propria, subscrevendo ou comprando a emissio para a colocar no mercado; 1] —as sociedades que tenham por objeto a compra de valores mo- bilidtios em circulagao no mercado, para os revender por conta propria; II] — as sociedades ¢ os agentes autonomos que exersam atividades de mediagio na negociagio de valores mobilirios, em bolsas de valores ou no mercado de baleio; IV —as bolsas de valores V —cntidades de mercado de balcao organizado. VI —as corretoras de mercadorias, os operadores especiais ¢ as Bol- sas de Mercadorias e Futuros; ¢ VII —as entidades de compensagio e liquidagio de operagées com valores mobilidrios. § 18 Compete & Comissio de Valores Mobiliatios definir: 1 — os tipos de instituigéo financeira que poderio exercer atividades no mercado de valores mobilidrios, bem como as espécies de operacéo que poderio realizar e de servigos que poderio prestar nesse mercado; 1 —a especializacio de operagies ou servigos a ser observada pelas sociedades do mercado, e as condigées em que poderso cumular espé- cies de operacao ou servigos. § 2° — Em relagio as instituigées financeiras ¢ demais sociedades autorizadas a explorar simultaneamente operagées ou servigos no mer- cado de valores mobilidrios e nos mercados sujeitos & fiscalizagio do Banco Central do Brasil, as atribuiges da Comissio de Valores Mobi- lidrios serdo limitadas &s atividades submetidas a0 regime da presente Lei, ¢ serio exercidas sem prejuizo das atribuigées daquele. § 3° — Compete ao Conselho Monetirio Nacional regulamentar 0 disposto no pardgrafo anterior, assegurando a coordenagio de servigos entre o Banco Central do Brasil e a comissio de Valores Mobilidtios. Art. 16. Depende de prévia autorizagio da Comissio de Valores Mobilidrios 0 exercicio das seguintes atividades: I —distribuigio de emissio no mercado (Art. 15, 1); 1 — compra de valores mobilidrios para revendé-los por conta pré- pria (Art. 15, ID; II — mediagio ou corretagem de operagdes com valores mobilié- rios; ¢ IV — compensagio ¢ liquidagao de operagées com valores mobili- arios. Pardgrafo Gnico. Sé os agentes auténomos e as sociedades com re- gistro na Comisséo poderdo exercer a atividade de mediagao ou corre- tagem de valores mobilidrios fora da bolsa. FoVDIRETORIO. 43 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS As regras de funcionamento do sistema de distribuigio também serio dis- cutidas por meio de um caso pritico: © Processo CVM n° RJ2002/7547, juulgado em 14 de julho de 2003 (Anexo F). Dessa forma, complementando a doutrina sugerida como bibliografia basica, deverd ser lido previamente para a aula o material desse caso. V. Recursos e Materiais Utilizados Bibliografia bisica * EIZIRIK, Nelson; GAAL, Ariddna; PARENTE, Flavia; e HENRI- QUES, Marcus. Mercado de Capitais — Regime Juridico. 2* Edigio. Rio de Janeiro: Renovat, 2008, pp. 163-191; € + YAZBEK, Otavio. Regulasiio do Mercado Financeivo e de Capitais, Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, pp. 145-152 ¢ 166-173. Legislagao: + Lei n® 6.385, de 7 de dezembro de 1976 (em especial, os arts. 15 € 16). Casos priticos: * Processo CVM n° RJ2002/7547, julgado em 14 de julho de 2003. Vi Avaliagao Com base na leitura dos textos indicados na bibliografia bisica, recomen- da-se que o aluno tente responder e refletir sobre as seguintes questées: + Qual é fungio dos integrantes do sistema de distribuigao? * No que consiste a intermediacao? + Como sio regulados os integrantes do sistema de distribuigéo de valo- res mobilidrios? + O que é um underwriter? Quais sio os seus deveres ¢ responsabilida- des? + Hé responsabilidade objetiva do snderwriter? A cle se aplica 0 dispos- to no art. 927 do Cédigo Civil? + O que é uma bolsa de valores? + © que € uma corretora? Ela ¢ um intermediério? Quais sio as suas fungées? Quais séo os riscos que ela assume? + Uma mesma entidade pode ser corretora e underwriter? OV DIRETORIO| “4 Nd Quem sao os analistas de valores mobilidrios? Como eles desenvolvem suas atividades? © que €0 mercado primério? Quem recebe os recursos nas operagées nele realizadas? Quem far a intermediacio das operagées entre 0 in- vestidor ¢ o emissor de valores mobilidrios? O que é 0 mercado secundatio? Qual a sua relevancia para o emissor? E para os investidores? Quem faz a intermediacao das operagies entre 0 investidor ¢ 0 emissor de valores mobilidrios? ‘Todo mercado secundario é em bolsa de valores? Qual a diferenga entre a bolsa ¢ o balcio organizado? Qual a diferenga entre o balcio organizado eo balcio néo organizado? O que sio as negociagées privadas? Qual a fungio dos mercados organizados? Qual a sua relevancia? O queé uma entidade de compensagio c liquidagio? Quais sao as suas fungées? Vil. Conclusao da Aula Conceitos aprendidos: AULA LTema Incermediagio e distribuicio de valores mobilidrios; Corretoras de valores mobilidrios; Underwriter; Mercados primario ¢ secundario; Bolsa de valores; Mercado de balcio organizado; Mercado de balcio nao organizado; e Entidades de compensasio ¢ liquidasio. 19£20 Os emissores de valores mobilidrios (fundos de investimento). IL Assunto Nesta aula, seréo abordados os seguintes assuntos Fundos de Investimento. REGULACAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS FovDIRETORIO. 45 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Il Objetivos Especificos Apés a leitura dos textos indicados no item V abaixo ¢ discusses em sala de aula, espera-se que o aluno consiga: * Compreender qual a finalidade ¢ a natureza dos fundos de investi- mento; + Compreender quais sio as principais categorias de fundos de investi- mento; + Compreender o que sio fundos de investimento fechados ¢ abertos; ¢ * Compreender qual a fungio do administrador, suas responsabilidades € quais os principais prestadores de servigo relacionados aos fundos de investimento. IV. Desenvolvimento Metodolégico Além dos integrantes do sistema de distribuisio, estudados nas tiltimas aulas, serao abordados neste curso outros atores importantes do mercado de valores mobilidrios: os emissores de valores mobilidrios. Hi trés principais emissores de valores mobilidrios: (i) as companhias abertas, cuja natureza ¢ regime juridico ja foi detalhadamente explorado em curso especifico; (ii) 0s fundos de investimento, que serio tratados nessa pri- meira aula sobre emissores de valores mobilidrios; ¢ (iii) as securitizadoras, que sero estudadas na segunda aula sobre emissores de valores mobilidrios. A Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976, sujeita os emissores de valores mobilidrios a um regime especial, tornando obrigatério o seu registro perante a Comissio de Valores Mobilidrios e submetendo-os & fiscalizacio e as regras impostas por essa autarquia: Art. 21. A Comissio de Valores Mobilidrios manterd, além do regis- to de que trata 0 Art. 19: I—o registro para negociacéo na bolsa; U1 — 0 registro para negociasio no mercado de balcio, organizado ou nto. § 1° — Somente os valores mobilirios emitidos por companhia registrada nos termos deste artigo podem ser negociados na bolsa e no mercado de balcio. § 2° O registro do art. 19 importa registro para o mercado de balcio, mas nio para a bolsa ou entidade de mercado de balcio organizado. () § 6° — Compete & Comissio expedir normas para a execugio do disposto neste artigo, especificando: OV DIRETORIO| 6 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS I — casos em que os registros podem ser dispensados, recusados, suspensos ou cancelados; TI — informagées ¢ documentos que devam ser apresentados pela companhia para a obtengio do registro, ¢ seu procedimento. TIT —casos em que os valores mobilidrios poderao ser negociados si- multaneamente nos mercados de bolsa e de balcéo, organizado ou nao. Dentre os emissores de valores mobilidrios, tém destaque os fundos de investimento, cujas cotas foram expressamente indicadas como valores mo- bilidrios no art. 2°, V da Lei n® 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Para a compreensio da matéria, € recomendével a leitura prévia dos tex- tos doutrindrios ¢ regulamentares indicados no item V abaixo, bem como a reflexio sobre as perguntas indicadas no item VI subsequente, que serdo respondidas em sala de aula, Para a discussao da natureza dos fundos de investimento, tem especial re- levancia disposto no caput do art. 2° da Instrugio CVM n° 409, de 18 de agosto de 2004, abaixo transcrito. Art, 22, © fundo de investimento é uma comunhio de recursos, constituida sob a forma de condominio, destinado & aplicasio em ati- vos financeiros, observadas as disposicées desta Instrugio. O fundo de investimento é definido pela regulamentagio em vigor como um condominio. Por essa razio, é imprescindivel que 0 aluno relembre as regras j4 estudadas com relagSo ao instituto do condominio. Os condominios sao regulados pelo Cédigo Civil, por isso, é recomendé- vel que o aluno revise os arts. 1.314 e seguintes desse documento. A aula também abordard os principais agentes ligados & inddistria de fun- dos no Brasil, explorando a fungio econémica ¢ as principais obrigagées le- gais dos administradores e gestores de fundos de investimento, Para tanto, sera conduzida uma leitura assistida dos principais comandos sobre a condu- ta de administradores ¢ gestores da Instrugio CVM n° 409, de 18 de agosto de 2004, em especial 0 art, 65-A ¢ 0 65-B. Por fim, os conceitos ¢ regras relacionados aos fundos de investimento serio abordados em um caso pritico: o Processo Administrative Sancionador CVM ne 15/08, julgado em 28 de fevereiro de 2012 (Anexo G), o qual deve- 14 ser lido previamente & aula, A fim de orientar essa leitura, sugere-se que 0 aluno leia atentamente as questécs indicadas no item VI abaixo ¢ concentre~ -se sobre os pontos estritamente relacionados & matéria dessa aula. OV DIRETORIO| a Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS V. Recursos e Materiais Utilizados Bibliografia bisica * EIZIRIK, Nelson; GAAL, Ariddna; PARENTE, Flavia; e HENRI- QUES, Marcus. Mercado de Capitais — Regime Juridico. 24 Edigio. Rio de Janeiro: Renovat, 2008, pp. 76-107; € + FREITAS, Ricardo dos Santos. Natureza Juridica dos Fundos de Inves- timento, Sio Paulo: Quartier Latin, 2006, pp. 45-56 ¢ 93-101 Regulamentagio: * Lei n® 6.385, de 7 de dezembro de 1976 (em especial, 0 art. 2°); * Instrugéo CVM ne 409, de 18 de agosto de 2004; € * Cédigo Civil (em especial, os arts. 1.314 a 1.326). Casos priticos: * Processo Administrative Sancionador CVM n° 15/08, julgado em 28 de fevereiro de 2012. Vi. Avaliagao Com base na leitura dos textos indicados na bibliografia bisica, recomen- da-se que o aluno tente responder ¢ refletir sobre as seguintes quest6es: + Qual a finalidade de um undo de investimento? * Qual a natureza de um fundo de investimento? Ele possui personali- dade juridica? Qual o limite de responsabilidade dos cotistas? + O que sio os fundos fechados? Para que servem? + O que sio os fundos abertos? Para que servem? + Existe mercado primario e secundério para cotas de fundos de inves- timento? * Quais sios os principais agentes relacionados a um fundo de investi- mento? + Como um fundo é criado? Quais sio os registros a ele relacionados? + Quais sio as obrigagées de um administrador de fundo de investi- mento? + O que faz o gestor de um fundos de investimento? FOVDIRETORIO. 48 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Vil. Conclusao da Aula Conceitos aprendidos: ‘undos de investimento; * Fundos de investimento abertos ¢ fechados; ¢ + Administradores ¢ gestores de fundos de investimento, AULA 21 I Tema Os emissores de valores mobilidrios (securitizadoras) I. Assunto Nesta aula, serio abordados os seguintes assuntos: * Sccuritizagao (conceito); ¢ + Securitizadoras (regime juridico) IL Objetivos Especificos Apés a leitura dos textos indicados no item V abaixo ¢ discusses em sala de aula, espera-se que o aluno consiga: + Compreender 0 conceito de securitizagio; * Compreender como ocorre a securitizacao ¢ quais séo os principais veiculos disponiveis no Brasil para tanto; ¢ + Compreender em que medida as operagbes de securitizago contribu- iram para a crise financeira de 2008. IV. Desenvolvimento Metodolégico Nesta aula, serd dada sequéncia as discussées sobre os emissores de valores mobilidrios, dando especial atengéo as companhias securitizadoras de créditos. Para compreender a atividade dessas companhias, quais sio 0s valores mo- bilidrios por elas emitidos e qual o regime juridico a elas aplicével, é impor- ante discutir primeiramente o conceito de securitizasio. Para isso, recomen- da-se que a leitura prévia dos textos indicados na bibliografia, bem como a reflexio sobre as perguntas indicadas no item V1 abaixo. FovoIRETORIO 49 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS ‘Alem disso, nota-se que as operagbes de securitizagio podem ser realizadas tanto por companhias securitizadoras, cujo regime juridico é aquele estabe- Iecido para uma companhia aberta registrada na categoria B, como por meio de Fundos de Investimento em Direitos Creditérios, os quais esto sujei as regras estudadas na aula sobre fundos de investimento, Adicionalmente, serio explorados os conceitos de cessio de crédito (para tanto, serd rememorado o institute e sua disciplina no Cédigo Civil) e regime fiducidrio insticuido pela Lei n® 9.514, de 1997, cujos principais comandos estéo transcritos abaixo: Art. 9° A companhia securitizadora poderd instituir regime fiduci- tio sobre créditos imobilidtios, a fim de lastrear a emissio de Certifi- cados de Recebiveis Imobilidrios, sendo agente fiduciério uma institui- sao financeira ou companhia autorizada para esse fim pelo BACEN ¢ beneficiérios os adquirentes dos titulos lastreados nos recebiveis objeto desse regime Art. 10, O regime fiducidrio sera instituido mediante declaragio unilateral da companhia securitizadora no contexto do Termo de Secu- ritizagio de Créditos, que, além de conter os elementos de que trata 0 art. 8°, submeter-se-d as seguintes condigées: I —a constituigéo do regime fiducidrio sobre os créditos que las- treiem a emissio; Tl — a constituigio de patriménio separado, integrado pela tota- lidade dos créditos submetidos ao regime fiducidrio que lastreiem a emissio; Il —a afetagio dos eréditos como lastro da emissio da respectiva série de titulos; IV — a nomeagio do agente fiducidrio, com a definigio de seus deveres, responsabilidades e remuneracio, bem como as hipéteses, con- digdes e forma de sua destituigao ou substituigao e as demais condigées de sua atuasio; V —a forma de liquidacio do patriménio separado. Parigrafo tinico. O Termo de Secutitizagio de Créditos, em que seja instituido o regime fiducidtio, serd averbado nos Registros de Iméveis em que estejam matriculados os respectivos iméveis, Art. 11, Os créditos objeto do regime fiduciétio: I — constituem patriménio separado, que nao se confunde com o da companhia securitizadora; OV DIRETORIO| 50 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS II — manter-se-do apartados do patriménio da companhia securi- tizadora até que se complete o resgate de todos os titulos da série a que estejam afetados; UI — destinam-se exclusivamente liquidasio dos titulos a que cstiverem afetados, bem como ao pagamento dos respectivos custos de administragao ¢ de obrigagées fiscais; IV —estio isentos de qualquer ago ou execuséo pelos credores da companhia securitizadora; V —nio sio passiveis de constituiso de garantias ou de excussio por quaisquer dos credores da companhia secutitizadora, por mais pri- vilegiados que sejam; VI — s6 responderio pelas obrigagées inerentes aos titulos a ele afetados. § 1° No Termo de Securitizagio de Créditos, podera ser conferido aos beneficidrios ¢ demais credores do patriménio separado, se este se tornar insuficiente, o ditcito de haverem seus créditos contra o patti- ménio da companhia securitizadora, § 2 Uma vez assegurado o direito de que trata o pardgrafo anterior, 4 companhia securitizadora, sempre que se verificar insuficiéncia do patriménio separado, promoverd a respectiva recomposigio, mediante aditivo a0 Termo de Securitizagio de Créditos, nele incluindo outros créditos imobilidtios, com observincia dos requisitos previstos nesta secio. § 3° A realizagio dos direitos dos beneficidtios limitat-se-a aos cré- ditos imobilidrios integrantes do patriménio separado, salvo se tiverem sido consticuidas garantias adicionais por tercciros. Art, 12. Institufdo o regime fiduciétio, incumbiré 4 companhia se- curitizadora administrar cada pattiménio separado, manter registros contdbeis independentes em relagio a cada um deles e elaborar e publi- car as respectivas demonstragées financeiras Parégrafo tinico. A totalidade do patriménio da companhia securiti- zadora responderd pelos prejuizos que esta causar por descumprimento de disposigio legal ou regulamentar, por negligéncia ou administracéo temerdia ou, ainda, por desvio da finalidade do patriménio separado. V. Recursos e Materiais Utilizados Bibliografia bsica + GAGGINI, Fernando Schwarz. Securitizagdo de Recebiveis, Sao Paulo: Livratia e Editora Universitaria de Direito, 2003, pp. 16-39. FovoRETORIO 51 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Vi. Avaliagao Com base na leitura dos textos indicados na bibliografia basica, recomen- da-se que o aluno tente responder refletir sobre as seguintes questées: * O que éa securitizacao? Qual a sua principal fungio? * Como funciona a securitizacao? * Quais sio os principais veiculos utilizados no Brasil para a securitiza- 40? Qual a sua natureza juridica? + O que é cessio de crédito? O que é diferente na cessio de crédito da securitizagéo ¢ na cessio de crédito convencional? * O que € um regime fiducidrio? Qual a sua utilidade? + Em que medida a securitizagio esta relacionada & crise financeira de 2008? VIL Conclusdo da Aula Conccitos aprendidos: * Securitizacio; e + Regime fiduciario. AULAS 22 E 23 LTema Regime juridico de emissores de valores mobilidrios (Companhias Abertas — Instrugées CVM n° 358 e 480) I. Assunto Nesta aula, sero abordados os seguintes assuntos: * Companhias abertas; + Divulgacdo de informages; ¢ * Politica de negociagio de agées. Ill, Objetivos Especificos Apés a leitura dos textos indicados no item V abaixo ¢ discusses em sala de aula, espera-se que o aluno consiga: FOVDIRETORIO. 52 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS + Compreender quais sio as principais obrigagées das companhias aber- tas perante a Comissio de Valores Mobilidrios; + Compreender no que consistem as informagées periédicas ¢ eventuais ¢ identificar quais sio as principais; + Compreender o que é um fato relevante, qual a sua importancia para 0 mercado de valores mobilitios e quais as tegras sio a ele aplicaveis; + Compreender qual a fungio do— Diretor de Relagées com Investido- res ¢ suas responsabilidades; ¢ + Compreender qual a finalidade de uma politica de negociagio de ages. IV. Desenvolvimento Metodolégico As companhias abertas sio os iiltimos emissores de valores mobilidrios que serio estudados neste curso. No entanto, cabe lembrar que as principais regras pertinentes ao seu funcionamento, sobretudo, com relacio & sua admit nistragdo ¢ aos direitos conferidos aos seus acionistas, jé foram estudadas em cursos anteriores. [Neste semestre, o foco incidiré sobre as principais obriga panhias justamente enquanto emissoras de valores mobilidrios, tendo em vista, sobrerudo, as informagées a serem divulgadas & Comissio de Valores yes dessas com- Mobilidrios ¢ a0 mercado. Vale notar que, no caso das companhias, a prépria Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976, complementa a Lei n? 6,385 do mesmo ano ¢ indica que: Art, 4 Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobilistios de sua emissio estejam ou nio admiti- dos 4 negociagéo no mercado de valores mobilidrios, § 12 Somente os valores mobilidrios de emissio de companhia re- gistrada na Comisséo de Valores Mobilidtios podem ser negociados no mercado de valores mobilirios. § 2 Nenhuma distribuigio piblica de valores mobilidrios sera efe- tivada no mercado sem prévio registro na Comissio de Valores Mobi- lidrios. § 3* A Comissdo de Valores Mobilidrios poder classificar as com- panhias abertas em categorias, segundo as espécies ¢ classes dos valores mobilidtios por ela emitidos negociados no mercado, e especificaré as normas sobre companhias abertas aplicéveis a cada categoria. © regime a que as companhias abertas estéo submetidas também é deli- neado pelas Instrugdes CVM n° 358 (art. 2° a 8°), de 3 de janeiro de 2002, OV DIRETORIO| 3B Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS © 480 (art. 1° a 3° e 13 a 31), de 7 de dezembro de 2009, cuja leitura prévia & imprescindivel para as discussées em sala de aula, A fim de orientar essa leitura, foram formuladas as questées indicadas no item VI abaixo. Para auxiliar a compreensio ¢ destacar a relevancia da matéria, também haverd a discussio de um caso pritico: o Processo Administrative Sanciona- dor CVM n° 2007/1079, julgado em 10 de julho de 2007 (Anexo H), que também deverd ser objeto de andlise prévia pelo aluno. V. Recursos e Materiais Utilizados Regulamentasio: * Instrugéo CVM ne 358, de 3 de janeiro de 2002 (em especial, os arts. 22a 89); ¢ * Instrugio CVM ne 480, de 7 de dezembro de 2009 (em especial, os arts. 1° a 3° e 13.231). Casos priticos: * Proceso Administrative Sancionador CVM n° 2007/1079, julgado em 10 de julho de 2007. VI. Avaliagao Com base na leitura da regulamentagio indicada para leitura prévia, reco- menda-se que o altuno tente responder ¢ refletir sobre as seguintes questées: + ACVM distingue as companhias abertas em categorias distintas? Por qué? Qual o critério? * Quais sio as principais obrigagées de uma companhia aberta perante aCVM? * O que sio informagées periddicas? Quais as principais? * O que sao informagées eventuais? Quais as principais? * O que é um fato relevante? Com ocorte a sua divulgacdo? Quem é responsivel por ela? Qual a sua importincia? * Quem é 0 Diretor de Relagées com Investidores? Quais sio as suas atribuigdes? Quais sao as obrigagbes dos demais administradores em rclagio a cle? * Quando uma companhia pode negociar com ages de sua propria emissio? E seus administradores? * Qual a finalidade de uma politica de negociagio de agbes? OV DIRETORIO| st Nd Vil. Conclusao da Aula Conceitos aprendidos: + Informagées periddicas; * Informagées eventuais; * Fatos relevantes; € * Politica de negociacio de ages AULAS 24E25 LTema Ofertas piiblicas para aquisigo de agées. M.Assunto Nesta aula, sero abordados os seguintes assuntos: * Oferta publica de aquisigio de agées; + Ofertas voluntirias e obrigatérias; REGULACAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS + Ofertas submetidas a registto perante a Comissio de Valores Mobilis tios. Il. Objetivos Especificos Apés a leitura dos textos indicados no item V abaixo e discusses em sala de aula, espera-se que o aluno consiga: + Compreender no que consistem as ofertas piblicas de aquisigio de agées e a sua finalidade; + Distinguir as ofertas piblicas obrigatérias daquelas voluntérias; + Compreender por quais razées o legislador obriga a realizacio de ofer- tas de aquisicao em determinadas situagdes; € + Compreender o regime imposto pela Comissio de Valores Mobilid- rios a essas ofertas. IV. Desenvolvimento Metodolégico No ambito das discussdes sobre as companhias abertas enquanto emisso- ras de valores mobilidrios, serio estudadas também as ofertas piiblicas para a aquisigao de agdes. FOVDIRETORIO. 55 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Essas ofertas sio reguladas pela Instrugéo CVM ne 361, de 5 de marco de 2002 (arts. 19a 9-A, 15 a 19, 29 e 30), cuja leitura ¢ indispensivel para as discuss6es em sala de aula, Além disso, é relevante mencionar que parte dessas ofertas é prevista diretamente na Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976, conforme abaixo demonstrado. Art. 49, § 42 O registro de companhia aberta para negociagéo de ages no mercado somente poder ser cancelado se a companhia emis- sora de asées, 0 acionista controlador ou a sociedade que a controle, direta ou indiretamente, formular oferta ptiblica para adquirir a tota- lidade das ages em circulacéo no mercado, por preco justo, ao menos igual a0 valor de avaliacéo da companhia, apurado com base nos crité- rios, adotados de forma isolada ou combinada, de patriménio liquide contabil, de patriménio liquido avaliado a prego de mercado, de fu- xo de caixa descontado, de comparasio por multiplos, de cotaséo das aces no mercado de valores mobilidrios, ou com base em outro critério accito pela Comissio de Valores Mobilidrios, assegurada a revisio do valor da oferta, em conformidade com o disposto no art. 4A. Art. 4°, § 6 O acionista controlador ou a sociedade controladora que adquirir ages da companhia aberta sob seu controle que clevem sua participagio, direta ou indireta, em determinada espécie ¢ classe de agbes & porcentagem que, segundo normas gerais expedidas pela Comissio de Valores Mobilirios, impega a liquidez de mercado das agdes remanescentes, seri obrigado a fazer oferta piblica, por preso determinado nos termos do § 4, para aquisisio da totalidade das agées remanescentes no mercado. Art. 254-A. A alienagio, direta ou indireta, do controle de compa- hia aberta somente poderd ser contratada sob a condigio, suspensiva ou resolutiva, de que o adquirente se obrigue a fazer oferta puiblica de aquisigio das agées com dircito a voto de propriedade dos demais acionistas da companhia, de modo a lhes assegurar o prego no minimo igual a 80% (oitenta por cento) do valor pago por acio com dircito a voto, integrante do bloco de controle. § 1 Entende-se como alienagio de controle a transferéncia, de for- ma direta on indireta, de agées integrantes do bloco de controle, de asées vinculadas a acordos de acionistas ¢ de valores mobilidrios con- versiveis em ages com dircito a voto, cessio de direitos de subscrigio de ages ¢ de ourzos titulos ou direitos telativos a valores mobilidrios conversiveis em ages que venham a resultar na alienacéo de controle acionario da sociedade. OV DIRETORIO| 56 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS § 22 A Comissio de Valores Mobilidrios autorizar4 a alienacéo de controle de que trata o caput, desde que verificado que as condigées da oferta ptiblica atendem aos requisitos legais § 32 Compete 4 Comissao de Valores Mobilidrios estabelecer nor- mas a serem observadas na oferta publica de que trata 0 caput. § 4 O adquirente do controle acionério de companhia aberta pode- 14 oferecer aos acionistas minoritirios a opgio de permanecer na com- panhia, mediante o pagamento de um prémio equivalente & diferensa entre o valor de mercado das agées ¢ o valor pago por acio integrante do bloco de controle. © regime aplicdvel a essas ofertas, a sua finalidade ¢ relevancia também serio estudados por meio de dois casos priticos: os Processos Administrativos CVM ne RJ2007/7230 ¢ RJ2007/11573, julgados em 11 de julho e 4 de outubro, respectivamente (Anexos I ¢ J) Cabe observar que a leitura prévia desses processos deve ter como base: (i) a identificagio dos fatos analisados pela CVM; ¢ (ii) as principais questées juridicas envolvidas, tendo em vista, sobretudo, as respostas As perguntas in- dicadas no item VI abaixo. Quest6es que nao estejam estritamente relaciona- das & matéria ora estudada (como, por exemplo, os detalhes sobre os laudos de avaliagio apresentados nos casos) nao sero objeto de discussio em sala de aula, V, Recursos e Materiais Utilizados Bibliografia bisica: * EIZIRIK, Nelson; GAAL, Ariddna; PARENTE, Flavia; e HENRI- QUES, Marcus. Mercado de Capitais — Regime Jurtdico. 2 Edigao. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, pp. 551-610. Legislacio: * Instrugio CVM ne 361, de 5 de marco de 2002 (em especial, os arts. 1°a9-A, 15.a 19, 29 ¢ 30). Casos priticos * Ata da Reuniéo Extraordinaria do Colegiado da CVM de 11 de julho de 2007 (Processo Administrativo CVM n° RJ2007/7230); € * Processo Administrativo CVM n° RJ2007/11573, julgado em 4 de outubro de 2007. OV DIRETORIO| 7 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Vi. Avaliagao Com base na leitura dos textos indicados na bibliografia basica, recomen- da-se que o aluno tente responder ¢ refletir sobre as seguintes questées: * O que é uma oferta publica de aquisigéo de ages? Qual o seu objeti- vo? * Quais sio as modalidades de oferta reguladas pela Instrugio CVM n° 361, de 5 de marco de 2002? Quais delas sio obrigatérias? E quais sio voluntérias? * Por que o legislador obriga a realizagio de OPA em certas circunstan- cias? Qual o sentido disso? * Quem é responsavel por realizar a oferta? + Acquem a oferta é dirigida? * Qual o regime a que estio submetidas as ofertas obrigatdrias ¢ as vo- luntérias? E o mesmo? Quando uma oferta esta sujeita a registro? * Qual seria a justificativa para que uma OPA que envolva permuta seja submetida a registro? + Uma OPA pode ser alterada? Pode ser revogada? Pode ser condiciona- dat * Quais sao os principais requisitos para a realizagio da OPA? + Em relagao 4 OPA para cancelamento de registro de companhia aber- ta: por que ela é necesséria? Por que ela deve ser registrada? Quem decide pelo cancelamento de registro? Como o prego da oferta é deter minado? Ele pode ser questionado? Se sim, por quem? Ha condigées para que a aquisicao das acées se efetive? + Em relagéo 4 OPA por aumento de participagao: por que ela é neces- séria? Como o prego da oferta é determinado? + Em relagio a OPA por alienagio de controle: por que ela é necessaria? Como o prego da oferta é determinado? Vil. Concluséo da Aula Conccitos aprendidos: * Oferta publica de aquisigio de agées; * Ofertas voluntirias e obrigatérias; + OPA para cancelamento de registro; + OPA por aumento de participagio; ¢ + OPA por alienasio de controle. FoVDIRETORIO. 58 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS AULAS 26, 27 E28 Lema llicitos administrativos e penais no mercado de valores mobilidtios. M.Assunto Nesta aula, sero abordados os seguintes assuntos: * Ilicitos administrativos no mercado de valores mobilidrios; ¢ * Ilicitos penais no mercado de valores mobilidrios. Il Objetivos Especificos ‘Apés a leitura dos textos indicados no item V abaixo ¢ discussées em sala de aula, espera-se que o aluno consiga: * Identificar os principais ilicitos administrativos ¢ penais existentes no mercado de valores mobiliarios; ¢ + Compreender as razées pelas quais taisilicitos sio regulados e coibi- dos pela regulamentagio em vigor. IV. Desenvolvimento Metodolégico ‘Ao longo deste semestre, foram estudadas as principais caracteristicas ¢ a estrutura do mercado de valores mobiliétios no Brasil. Nesta aula, dando ntinuidade ao estudo da regulamentagio e dos mecanismos que asseguram © bom funcionamento desse mercado, serio estudadas as préticas que o legis- lador ¢ o regulador brasileiro buscaram coibir. Para os debates em sala de aula, é importante que o aluno leia previamente © Capitulo VII-B da Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976, ¢ os textos indicados no item V abaixo, buscando refletir sobre as questées indicadas no item VI subsequente. Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976 Manipulacéo do Mercado Art. 27-C. Realizar operagées simuladas ou executar outras mano- bras fraudulentas, com a finalidade de alterar artificialmente o regular funcionamento dos mercados de valores mobilidrios em bolsa de valo- OV DIRETORIO| 8 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS res, de mercadorias e de futuros, no mercado de balcio ou no mercado de balcio organizado, com o fim de obter vantagem indevida ou lucro, para si ou para outrem, ou causar dano a terceiros: Pena — reclusio, de I (um) a 8 (oito) anos, ¢ multa de até 3 (¢rés) vezes o montante da vantagem ilicita obtida em decorréncia do crime. Uso Indevido de Informagio Privilegiada Ar. 27-D, Usilizar informasio relevante ainda nio divulgada 20 mercado, de que tenha conhecimento e da qual deva manter sigilo, ca- paz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem indevida, mediante negociagéo, em nome préprio ou de terceiro, com valores mobilidrios: Pena — reclusio, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de até 3 (és) vezes o montance da vantagem ilicita obtida em decorréncia do crime. Exercfcio Irregular de Cargo, Profisséo, Arividade ou Fungio Art, 27-E. Atuat, ainda que a titulo gratuito, no mercado de valo- res mobilidrios, como instituigio integrante do sistema de distribuigio, administrador de carteira coletiva ou individual, agente auténomo de investimento, auditor independente, analista de valores mobiliarios, agente fiduciério ou exercer qualquer cargo, profissio, atividade ou funcio, sem estar, para esse fim, autorizado ou registrado junto a au- toridade administrativa competente, quando exigido por lei ou regu- lamento: Pena — detengio de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e mula Art, 27-F, As multas cominadas para os crimes previstos nos arts. 27-C ¢ 27-D deverio ser aplicadas em razio do dano provocado ou da vantagem ilicita auferida pelo agente Parigrafo nico, Nos casos de reincidéncia, a multa pode ser de até © triplo dos valores fixados neste artigo. Adicionalmente, para aprofundar as discusses sobre os ilicitos adminis- trativos, serao discutidos trés precedentes da CVM: os Processos Administra tivos Sancionadores CVM n? 2007/0117, 2007/0118 e 02/02, sendo os dois ptimeiros julgados em 26 de fevereiro de 2008 ¢ o illtimo em 17 de janeiro de 2007 (Anexos K, L e M). Recomenda-se que os trés sejam objeto de lei- ‘ura prévia para as aulas. OV DIRETORIO| 0 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS V, Recursos e Materiais Utilizados Bibliografia bisica + EIZIRIK, Nelson; GAAL, Ariddna; PARENTE, Flavia; e HENRI- QUES, Marcus. Mercado de Capitais — Regime Juridico. 24 Edigio. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, pp. 519-550. Legislacio: + Lei n® 6.385, de 7 de dezembro de 1976 (em especial, o Capitulo VII —B) Casos priticos: * Processo Administrative Sancionador CVM n° 2007/0117, julgado em 26 de fevereiro de 2008; + Processo Administrative Sancionador CVM n° 2007/0118, julgado em 26 de fevereiro de 2008; ¢ * Processo Administrative Sancionador CVM n? 02/02, julgado em 17 de janeiro de 2007, VI. Avaliagao Com base na leitura dos textos indicados na bibliografia bisica, recomen- da-se que o aluno tente responder ¢ refletir sobre as seguintes questées: * O que caracteriza um ilicito nas esferas civil, administrativa e penal? * Quais sio os ilicitos penais no mercado de valores mobilidtios? * Quais sao os principais ilicitos administrativos no mercado de valores mobilidrios? Como eles se caracterizam? * Quais sio as razdes para se regular o uso de informagées privilegiadas? Quais séo as regras que buscam coibi-lo? Quais as penas aplicaveis ao uso indevido? Vil. Concluséo da Aula Conceitos aprendidos * Manipulacao de mercado; * Uso indevido de informagio privilegiada (insider trading); + Exercicio irregular de cargo, profissio, atividade ou fungi; * Ilicitos administeativos. Nd AULA 29 Lema Reviséo para a segunda prova AULA 30 p2 REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS OV DIRETORIO| a Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS ‘A) PROCESSO CVM Ne RJ2007/11593, JULGADO EM 15 DE JANEIRO DE 2008. Registro Col. n° 5730/07 Voto do Diretor Marcos Barbosa Pinto 1. Introdugao 1.1 O Banco Itai BBA S.A. (“Itati”) solicitou 4 Superintendéncia de Re- gistro de Valores Mobilidtios (“SRE”) pedido de dispensa de registro de uma oferta puiblica de cédulas de crédito bancério (“CCBs") emitidas pela Bracor Investimentos Imobilidrios Ltda. (“Bracot") 1.2 A emissio compreende 20 CCBs com as seguintes caracteristicas: (a) valor de R§1 milhéo cada; (b) prazo de 18 meses; ¢ (¢) remunerasio pelo CDI mais um spread de 1 p.p. A oferta seré ditigida apenas a fundos de investimento, que deverio declarar expressamente estarem capacitados para avaliar as CCBs e estarem satisfeitos com as informagées fornecidas. 1.3 Preocupada com “a protegio dos investidores ¢ a integridade do mer- cado”, a2 SRE submeteu 0 assunto & apreciagio do colegiado, para que fi- xemos as diretrizes a serem observadas pela area técnica da CVM em casos cenvolvendo ofertas puiblicas de CCBs. 1.4 Segundo tivemos noticia, tém sido relativamente frequentes no merca~ do operagdes em que uma instituigao financeira subscreve uma série de CCBs de uma mesma empresa para, na sequencia, transferi-las a investidores quali- ficados. A emissio ora em anilise é a primeira operacao deste tipo submetida A apreciagao da CVM. 1.5 A anilise do pedido do Itati suscita a seguinte questio: As CCBs po- dem ser consideradas valores mobiliarios? Em caso afirmativo, quais sio as normas aplicaveis? Para responder a estas perguntas, precisarei tecer algumas breves consideragées a respeito do conceito de “valor mobilidrio” em nosso sistema juridico. 2.1 “Valor mobiliario” ¢ um termo chave dentro da Lei n? 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Se um determinado titulo for considerado valor mobili- 4tio, sua emisséo e negociagao ptiblicas passam a estar sujeitas as normas ¢ a fiscalizagio da CVM. FOVDIRETORIO 63 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS 2.2 Na definigéo do conceito de “valor mobilidtio”, o legislador de 1976 se viu diante de um dilema. Por um lado, sabia-se que a definigio legal devia ser ampla, capaz de se adequar as constantes inovasées e mutagdes do mercado. Por outro lado, ela também devia ser precisa, de modo a assegurar a previsi- bilidade necessétia para que 0 mercado pudesse se desenvolver 2.3 Em sua redagio original, a Lei n° 6.385/76 resolveu este dilema da seguinte forma: primeito, fixou uma lista exaustiva dos valores mobilidrios, garantindo assim a previsibilidade do sistema: segundo, conferitu a0 Conse- Iho Monetério Nacional (“CMN’) competéncia para alterar esta lista, 0 que tornava o regime legal mais flexivel? 2.4 Embora tenha obtido algum sucesso inicialmente, esta estratégia logo se mostrou inadequada, pois o mercado criava novos produtos de investi- mento com grande velocidade. Por isso foi editada a Medida Proviséria n° 1.637, de 8 de janeiro de 1998, que procurou estabelecer um conceito amplo de “valor mobilirio”, apto a abarcar praticamente todas as hipéteses de cap: taco em massa da poupanga popular. 2.5 Segundo o art. 1° desta medida provis6ria, bilidrios quaisquer titulos ou contratos de investimento coletivo que gerem onstituem valores mo- direito de participagio, de parceria ou remuneragio, inclusive resultante da prestagio de servicos, cujos rendimentos advém do esforgo do empreendedor ou de terceiros”. 2.6 Com a promulgacao da Lei n? 10.303, de 31 de outubro de 2001, este conceito foi incorporado ao att. 2° da Lei n° 6.385/76, que passou a vigorar com a seguinte redagéo: Art, 2 Sao valores mobilidrios sujeitos ao regime desta Lei: 1 —as agies, debéntures e bonus de subscrigio; LH — os cupons, direitos, recibos de subscrigdo e certificados de desdabra- mento relatives aos valores mobilirios referidos no inciso Il 1 — os certificados de depésito de valores mobilirios; IV —as cédulas de debéntures; V — as cotas de fundos de investimento em valores mobilidrios ou de lubes de investimento em quaisquer ativos; VI — as notas comerciais; VII — 0s contratos futuros, de opgées ¢ outros derivatives, eujos ativos subjacentes sejam valores mobilidrias VIL — outros contratos derivatives, independentemente dos ativos sub- Jjacentes;¢ IX — quando ofertados publicamente, quaisquer outros titulos ow con tratos de investimento coletivo, que gerem direito de participacio, de par- ceria ou de remuneragéo, inclusive resultante de prestagdo de servicos, eujos rendimentos advém do esforco do empreendedor ou de terceiros beduvesagucsts lee mesa al (coe ates ead CGasdenbcia nes eras Sees cenes i enfatace teh nb: eric Ses ess de ans met ats camp end tee aetna FOVDIRETORIO. 64 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS $§ 1° Exeluem-se do regime desta Lei: 1— os titulos da divida priblica federal, estadual ou municipal: 1 ~ os titulos cambiais de responsabilidade de insttuigéo financeira, exceto as debéntures. 2.7 Com essas altetacées, nossa legisla¢io passou a operar de maneira dt plice, De um lado, ela oferece uma lista bastante detalhada dos valores mobi- lidrios, que sio os incisos I a VIII*, De outro, cla prevé uma hipétese genérica —o inciso IX — e que se destina a abarcar todos os casos nao cobertos pelos incisos anteriores 2.8 O inciso IX foi claramente inspirado em decisées da Suprema Corte dos Estados Unidos a respeito do conceito de security, em particular, no caso SEC W. J. Howey Company’, Neste caso, a Suprema Corte decidiu adotar um ‘principio flexivel ¢ nao estatico, capaz de se adaptar aos varidveis ¢ in- contaveis arranjos criados por aqueles que captam dinheiro de terceiros"® 2.9 Segundo a definiséo que consta em Howey, 0 conceito de security deve abranger “qualquer contrato, negécio ou arranjo por meio do qual uma pes- soa investe seu dinheizo em um empreendimento comum e espera receber luctos originados exclusivamente dos esforcos do empreendedor ou de ter ceiros””. 2.10 Analisando este conceito, a doutrina ¢ a jurisprudéncia norte-ameri- canas destacam cinco elementos i, para que estejamos diante de um security, uma pessoa deve entregat sua poupanga a outra com o intuito de fazer um investimento; ii, a natureza do instrumento pelo qual o investimento é formalizado é irrelevante, pouco importando se cle € um titulo ou contrato ou conjunto de contratos'; iii, 0 investimento deve ser coletivo, isto é, virios investidores devem realizar um investimento em comum’; iv. 0 investimento deve ser feito com a expectativa de lucro, cujo con- ceito é interpretado de maneira ampla, de forma a abarcar qualquer tipo de ganho"; ¢ vo lucro deve ter origem exclusivamente nos esforcos do empreende- dor ou de terceiros, que nio o investidor", 2.11 Sem muitas dificuldades, podemos perceber que estas ditetrizes en- contraram acolhida no inciso IX do art. 2° da Lei n° 6.386/76, que estabele- cu os seguintes requisitos para a caracterizagio dos valores mobilidrios: i, deve haver um investimento (“IX —... quaisquer outros titulos ou contratos de investimento coletivo. he vs ds {G76 ene do Ha legs epeclnd als as i ama el tia one er etre fades deapegin 280528 084 uu as resign 1005 ase Ln el Selgin ena of Sects ego. Fs Agen Pubes e204 m3. Ute ang Fanatic Farman 00587095), cated eet ce sehen yes de eas pasa ire eames eer Ensege do epreedinets, fede ur ee enter ie ot prendre Rana Tales Urine Board 10 206 cea, FOVDIRETORIO. 65 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS ii, 0 investimento deve ser formalizado por um titulo ou por um con- uato (“IX —... quaisquer outros titulos ou contratos de investi- mento coletivo...”); iii, investimento deve ser coletivo, isto é, varios investidores devem investir sua poupanga no negécio (“IX —... quaisquer outros titu- los ou contratos de investimento coletivo...”); iv. 0 investimento deve dar direito a alguma forma de “semuneracio”, cermo ainda mais amplo que o correlato “lucro” utilizado no dirci- to norte-americano (“IX —... titulos ou contratos de investimento coletivo, que gerem diteito de participacio, de parceria ou de remu- neracio...”); y. a femuneracio deve ter origem nos esforcos do empreendedor ou de terceitos que néo o investidor (“IX —... cujos rendimentos ad- vém do esforgo do empreendedor ou de terceiras”); ¢ vi. os titulos ou contratos devem ser objeto de oferta publica, requisi- to que nio encontra similar no conceito norte-americano mas que se coaduna perfeitamente com o sistema regulatério dos Estados Unidos (“IX — quando ofertados publicamente, quaisquer outros situlos.. 2.12 Além destes fatores, que integram o conceito previsto no inciso IX, no podemos esquecer das excegdes previstas no §1° do art. 2°, segundo 0 qual nio sio valores mobilidrios nem os titulos da divida publica nem os titulos de responsabilidade das instituig6es financeitas. 2.13 De posse destas consideragées genéricas, podemos passar 4 andlise da questo concreta suscitada por este caso, isto 6, se as CCBs sfo ou nao valores mobilidrios. 3. Cédulas de Crédito Bancério 3.1 Segundo a definigéo que consta do art. 26 da Lei n° 10.931, de 2 de agosto de 2004, a CCB “é titulo de crédito, emitido por pessoa fisica ou juridica, em favor de instituigio financeira ou de entidade a esta equiparada, representando promessa de pagamento em dinheito, decorrente de operagio de crédito, de qualquer modalidade”. 3.2. As CCBs foram criadas com um propésito claro: facilitar a execucio € negociacio de créditos bancérios. Assim como as notas promissorias, as CCBs sio titulos de crédito, que podem set facilmente negociados ¢ executa- dos em juizo", Porém, ao contrério das notas promissdrias, cujo contetido bastante restrito pela lei, as CCBs podem conter todas as obrigagées normal- mente previstas nos contratos bancérios, Sout tate sn oe eas eter esos toe an con eb ea reas penssistocs aa 5 Ueeddgece acsecu FOVDIRETORIO. 66 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS 3.3 Embora se assemelhem em muitos aspectos a certos valores mobili- frios, como a nota comercial ¢ as debéntures, as CCBs nio estio cobertas pelos incisos Ia VIII do art, 2° da Lei n® 6.385/76, razao pela qual devemos verificar se elas se enquadram no conceito genérico previsto no inciso IX 3.4 Na minha opiniio, as CCBs satisfazem claramente os cinco primeiros requisitos que enumerei no item 2.11 acima, pelas seguintes razées: i. a0 adquirir uma CCB, 0 poupador esté fazendo um investimento em renda fixa, 0 que satisfaz 0 requisito delineado no item 2.11 (i) ii, 0 art. 26, caput, da Lei n® 10.931/04 deixa claro que as CCBs sio sivulos de crédito, atendendo assim 0 requisito descrito no item 2.11 (ii) acimas a este propésito, vale destacar que embora 0 concei- 10 de “valor mobilirio” nao se confunda com 0 conceito de “xftulo de crédito”, sempre se admitiu que alguns titulos de crédito podem set valores mobilidtios, como é o caso das notas promissérias; iii, a partir de uma mesma operagio de crédito, ¢ ressalvado o disposto ‘no art. 28, § 2°, II, da Lei n® 10.931/04, diversas CCBs com as mesmas caracteristicas podem ser emitidas e transferidas a pesso- as distintas, o que caracteriza o potencial coletivo do investimento nesses tittlos e atende o requisito descrito no item 2.11 (ii) acimas ix. as CCBs pagam juros aos seus titulares ¢ estes juros constituem, obviamente, uma remuneracio, 0 que satisfaz 0 requisito descri- to no item 2.11 (iv) acima; a propésito, vale lembrar que, segundo nossos precedentes, a palavra “remuneragio” empregada no inciso IX deve ser entendida em sentido lato, de forma a cobrir “qualquer investimento que o piiblico faca na expectativa de obter algum ren- dimento"; ¢ v. a remuneracio paga pelas CCBs tem origem nos esforcos do em- preendedor e nio do investidor, j4 que este aguarda passivamente 0 pagamento dos juros incidentes sobre o crédito; também esta satis- feito, portanto, o item 2.11(y) acima, 3.5 A grande questo consiste em saber se as emisses de CCBs podem satisfazer 0 requisito descrito no item 2.11 (vi) acima, isto é, se elas podem ser objeto de oferta piiblica 3.6 O conceito de “oferta piblica” & dado pelo art. 19, §1° 3° da Lei n® 6.385/76, que foi regulado pelo art. 3° da Instrugio CVM n° 400, de 29 de dezembro de 2003, que assim dispée: Art, 3° Sio atos de distribnigéo piiblica a venda, promessa de venda, ta a-venda ou subscrigéo, assim como a aceitaséo de pedido de venda ou "deer Sape Capes Pre 200089. ceive e200, OV DIRETORI| a Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS subscrigao de valores mobilidrios, de que conste qualquer um dos seguintes elementos: I —a utilizaséo de listas ou boletins de venda ou subscrigéo, folhetos, _prospectos ou antincios, destinados ao piiblico, por qualquer meio ou forma; Ha procura, no todo ou em parte, de subscritores ou adguirentes in- determinados para os valores mobilidrios, mesmo que realizada através de comunicagies padronizadas enderecadas a destinatarios individualmente identificados, por meio de empregados, representantes, agentes ou quaisquer pesioas naturais ou juridicas, integrantes ou néo do sistema de distribuigiéo de valores mobilidrios, ou, ainda, se em desconformidade com o previsto nesta Instrugéo, a consulta sobre a viabilidade da oferta ow a coleta de in- tengées de investimento junto a subscritores ou adguirentes indeterminades; I — a negociagéo feita em loja, escritorio on estabelecimento aberto 40 piiblico destinada, no todo ou em parte, a subscritores ow adguirentes indeterminadas; ou IV — a utilizasao de publicidade, oral ow escrita, cartas, antincios, avisos, especialmente através de meios de comunicagdo de massa ou eletré nicos (pdginas ow documentos na rede mundial ou outras redes abertas de computadorese correioeletrinico), entendendo-se como tal qualquer forma de comunicasio dirigida ao priblico em geral com 0 fim de promover, di retamente ou através de terceiros que atuem por conta do ofertante ou da emissora, a subscrigéo ow alienagio de valores mobilidrios. 3.7 Sea instituigSo financeira procurar vender as CCBs emitidas em seu favor utilizando qualquer dos mecanismos descritos neste dispositivo, «ais como preparagio de prospecto destinado ao piiblico, envio de correspon- déncia a investidores indeterminados ¢ utilizagao de publicidade, estaremos diante de uma oferta piblica. 3.8 E irrelevante, para este fim, que o ofertante das CCBs néo seja seu emissor. A propria Lei n? 6.385/76 jd previa esta hipdtese no art. 19, $29, que equipara ao emissor tanto as instituigées financeitas que distribuirem valores mobilidrios quanto outros investidores que vierem a adquiti-los para colocé-los no mercado" 3.9 A meu ver, também nao hd nada na Lei n? 10.931/04 que impega uma oferta pliblica de CCBs. A este respeito, vale notar que i, 0 art, 29, $19, da Lei mn? 10.931/04 permite a transferéncia das CCBs a terceiros que nao sejam instituig6es financeiras; ii, as CCBs sio citulos de crédito, o que facilita — ¢ muito — sua venda e negociagio no mercado; eg 4M gt ae ste seni gre fein ACs nlercdace FOVDIRETORIO. 68 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS iii, segundo a Exposigéo de Motivos da lei que as regula, as CCBs fo- ram criadas também pata “facilitar ¢ agilizar a negociagio de crédi- tos bancirios"™. 3.10 Portanto, néo vejo nenhum ébice a que uma instituigio financeira faca uma oferta piblica de CCBs no mercado, caso em que restario satisfei- tos todos os requisitos previstos no art. 2°, inciso IX, da Lei n° 6.385/76. 3.11 Resta saber se as CCBs caem na excegio prevista no inciso II do §1° do art. 2° da Lei 6.385/76: “titulos de responsabilidade de instiruigio financeira’. Embora as CCBs envolvam sempre instituiges financeias, estas figuram sempre no pélo ativo da relacio de crédito, como credoras ¢ nio como devedoras. Logo, as instituigdes financeiras no sio “responsaveis” pe- las CBs 3.12 Ocorre que o art. 29, §1° da Lei ne 10.931/04 diz. que as CCBs 56 podem circular mediante endosso, segundo as regras do direito cambisrio, ou seja, segundo o disposto na Lei Uniforme Relativa a Letras de Cambio Notas Promissérias. E o art. 15 desta lei prevé que o endossante de um titulo 6, via de regra, responsive pelo seu inadimplemento. 3.13 Todavia, este mesmo dispositivo da Lei Uniforme prevé que 0 en- dossante pode excluir sua responsabilidade, desde que esta exclusio conste cexpressamente do titulo, Portanto, caso a instituigéo financeira proceda dessa forma ao endossar as CCBs para terceiros, restard afastada a incidéncia do art. 29, §19, II, da Lei 6.385/76. 3.14 Em sintese, as CCBs sero valores mobilidrios caso a instituigio fi- nanceira em favor das quais elas foram emitidas i, realize uma oferta puiblica de CCBs; ¢ ii, exclua sua responsabilidade nos titulos. 3.15 A contrério senso, as CCBs nio serio valores mobilidrios e nao esta- ro sujeitas ao regime imposto pela Lei n° 6.385/76 caso: i. nfo sejam objeto de oferta publica; ou ii, a instituiggo financeira permanega responsivel pelo seu adimple- mento, hipétese em que poderio circular no mercado sem estar sujeitas 4 regulamentagio ¢ fiscalizagio da CVM, assim como os demais titulos de emissio de instituigées financeiras, como os certi- ficados de depésito bancério (“CDBs”) 3.16 Tendo chegado a estas conclusées, passo agora a discorrer sobre 0 regime juridico aplicével & oferta e negociacio piblicas de CCBs ep 2 ato 3 hedge masa Cs apes (Gs Ake 3 pia Ewe Sette pace es tines oma es quand ene FOVDIRETORIO 69 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS 4, Regime Jusidico 4.1 Uma ver. caracterizadas como valores mobilidrios, as ofertas ¢ nego- ciagdes puiblicas de CCBs passam a estar sujeitas aos registros previstos nos artigos 19 ¢ 21 da Lei n® 6.385/76 ¢ as normas que os regulamentam, que variam conforme o tipo de valor mobilidrio emitido. 4.2 Em principio, as ofertas publicas de CCBs estariam sujeitas & Instru- 40 CVM ne 270, de 23 de janeiro de 1998 e A Instrusio CVM ne 296, de 18 de dezembro de 1998, que estabelecem regras aplicaveis aos emissores e As cemissGes de contratos de investimento coletivo. 4.3 Entendo, todavia, que as regras previstas nas Instrugées n° 270/98 € 296/98 nao sio adequadas para reger as emissSes de CCBs. A meu ver, as CCBs tém caracteristicas um tanto diferentes das modalidades de contrato de investimento coletivo para as quais as InstrucSes n? 270/98 e 296/98 foram pensadas. 44 Por isso, acho mais adequado editar uma instrugio especifica para ratar das CCBs, como jé fizemos no caso dos certificados de potencial adi- ional de construcio, conhecidos como CEPACs, regulamentados através da Instrugio CVM ne 401, de 29 de dezembro de 2003, 4,5 Todavia, enquanto esta instrucio especifica nao estiver pronta—e re- comendo que a Superintendéncia de Desenvolvimento do Mercado (“SDM”) inicie sua preparagio — proponho aplicar: i, as regras previstas na Instrugio CVM n° 155, de 7 de agosto de 1991, que trata de notas promissérias, para as emissSes de CCBs feitas por companhias abertas ou com prazo inferior a 6 meses; ¢ ii, as regras previstas na Instrugio CVM n° 422, de 20 de setembro de 2005, que trata das notas promissérias do agronegécio, para todos ‘os demais casos. 4.6 Esta proposta se justifica porque as CCBs sio titulos de crédito mui- to semelhantes as notas promissérias, como jé se viu acima. Além disso, a Instrugéo CVM ne 422/05 é a nossa instrugao mais recente sobre notas pro- missérias, refletindo grande parte da experiéncia acumulada pela CVM até © presente. 47 Quanto ao caso concreto, proponho devolver o presente processo & SRE para que ela analise se a oferta de CCBs que o Itait pretende realizar atende ao disposto na Instrugio CVM n° 422/05, tendo em vista se tratar de CCBs de mais de 1 ano de duragio emitidas por sociedade limitada. 4.8 Antes de encerrar este voto, contudo, gostaria de fornecer duas dire- sizes adicionais para a atuagio da drea técnica da CVM, no que tange (a) as OV DIRETORIO| 7 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS dispensas de registro de oferta e (b) 4 negociagio das CCBs no mercado de balcio. 4,9 Sobre o primeiro tema, ja se argumentou que as CCBs cairiam sempre na hipétese de dispensa automética de registro da oferta ptiblica prevista no art. 5°, II, da Instrugio CVM n° 400/03, a saber, colocagio de lote dinico indivisivel. 4,10 Tal raciocinio é baseado numa interpretagio equivocada do art. 28, §29, I, da Lei n° 10.931/04, que prevé que “a Cédula de Crédito Bancério representativa de divida oriunda de contrato de abertura de crédito bancério em conta corrente seri emitida pelo valor total do crédito posto a disposigio do emitente” 4.11 Com base neste dispositivo, argumenta-se que as instituigées finan- ceiras nio poderiam fracionar 0 crédito concedido em varias CCBs. Logo, qualquer CCB constituiria sempre um lote tinico ¢ indivistvel, sujeito a dis- pensa automitica de registro na CVM. 4.12 Este entendimento é equivocado porque art. 28, §2°, I, da Lei n° 10.931/04 sé se aplica quando a CCB for oriunda de um “contrato de aber- tura de crédito”, ou seja, quando o banco abrir um limite em favor do cliente para saques e pagamentos. Nas demais modalidades de concessio de crédito, este inciso nao tem aplicacio. 4.13 Quanto ao segundo ponto, j4 se questionou, nesta autarquia, se 0 simples registro de transagées realizadas com CCBs na Camara de Liqui- dagio ¢ Custédia (“Cetip") tornaria obrigatério o registro do emissor e da emissio na CVM, 4.14 Segundo o art. 21 da Lei n° 6.385/76 e o art. 2°, §12, da Instrugio CVM n° 400/03, nenhum valor mobilidrio pode ser negociado em bolsa ou mercado de balcio sem que o emissor ou a emissio tenham sido previamente registrados na CVM, exceto em casos excepcionais. 4,15 Transcrevo estes dispositivos, para facilitar a compreensio do tema Lei n° 6385/76 Art. 21. A Comisséo de Valores Mobilidrios manterd, além do registro de que trata 0 Art. 19: 1 —o registro para negociagao na bola; Il — 0 registro para negociagéo no mercado de baled néo. § 1? Somente os valores mobilidrios emitidas por companhia registrada nos termos deste artigo podem ser negociados na bola ¢ no mercado de baleito Instrugdo CVM ne 400/03 Art. 1°(...) , organizado ou OV DIRETORIO| n Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS $1” Somente podento ser negociados em bolsa de valores ou mercado de baledo: 1 — valores mobilidrios distribuédos publicamente através de oferta pri- maria ou secundéria registrada na CVM; ow 1 — valores mobilidrios que ndo tenham sido subscritos publicamente, desde que valores mobilidrios do mesmo tipo, classe, espécie e série jd este- jam admitidos & negociagao em bolsa de valores on mercado de bali 4.16 E certo que, de acordo com a sistemética prevista no art. 3° da Ins- trugio CVM n° 461, de 23 de outubro de 2007, a Cetip é uma entidade administradora de mercado de baleio. 4,17 Todavia, a prépria Instrugio CVM n° 461/07 distingue, no arc. 3° e-em diversos outros, (a) os negécios fechados no préprio sistema de nego- ciagio do mercado de balcéo, (b) dos negécios realizados fora do sistema e levados a registro posteriormente. 4.18 Esta distingao aparece de forma clara no art. 92 da referida Instrucéo: Art, 92. O mercado de baledo organizado poderd operar por uma ow mais das seguintes formas 1 — como sistema centralizado e multilateral de negociasio, definido no termos do pardgrafo tinico do art. 65, ¢ gue posibilite 0 encontro e a interagio de ofertas de compra e de venda de valores mobilidrios; I! — por meio da execugdo de negocios, sujeitos ou ndo dt interferéncia cde outras pessoas autorizadas a operar no mercado, tendo como contraparte ‘formador de mercado que assuma a obrigasio de colocar ofertas firmes de compra ¢ de venda; IL — por meio do registro de operacées previamente realizadas 4.19 Obviamente, o simples registro de um negécio realizado fora do sis- tema da Cetip nao caracteriza, por si s6, negociacio em mercado de baleso para fins de aplicagao do art. 21 da Lei n° 6.385176 e do art. 2°, §1° da Ins- trugio CVM n° 400/03. Para tanto, é necessério que a operacio seja realizada no proprio sistema, nao apenas registrada nele. 4.20 Todavia, haveré negociagio publica, mesmo que a operagio seja so- mente registrada na Cetip, quando a compra ou venda de CCBs for con- cluida tendo como intermedidtios as pessoas ou entidades listadas no art 15, I, Ie III da Lei n° 6.385/76, como os bancos de investimento, agentes auténomos, distribuidoras ¢ corretoras de valores mobilidrios. 4.21 Eo que dispéem o art. 21, §3¢ da Lei n° 6.3865/76 ¢ 0 art. 4° da Instrugio CVM ne 461/07, cujo teor € o seguinte: OV DIRETORIO| n Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Lei n° 6.385176 Art. 21 (..) 3° Séo atividades do mercado de baledo néo organizado as realizadas com a participagao das empresas ou profissionais indicados no art. 15, inci- 40s 1, Ie II, ou mos seus estabelecimentos, excluidas as operagies efetuadas em bolias ou em sistemas administrados por entidades de baleéo organizado. Instrugio CVM n° 461107 Art, 4° Considera-se realizada em mercado de baleio néo organizado 4 negociagéo de valores mobilidrios em que intervém, como intermediario, integrante do sistema de distribuigéo de que tratam os incisos 1, Il ¢ III do art. 15 da Lei n° 6.385, de 1976, sem que o negécio seja realizado ou registrado em mercado organizado que atenda i definicao do art. 3° 4.22 Por forsa destes dispositivos legais e regulamentares, qualquer opera- 540 com valores mobilidrios realizada com intervengao destas entidades, na qualidade de intermediérios, é uma operagio de mercado de baleéo, sujeita, por conseguinte, aos registros de emissio ¢ emissor previstos em lei ¢ na te- gulamentacio, 5. Conclusio 5.1 Resumo entio as concluses do meu voto: i, as CCBs sio valores mobilidrios desde que (a) sejam objeto de ofer- ta piiblica e (b) a responsabilidade da instituigo financeira por seu adimplemento tenha sido expressamente excluida no titulo (item 3.14 acima); ii, a SDM deve iniciar a preparacio de uma instrusio normativa espe cifica para regular o registro das emissbes € dos emissores de CCBs (item 4.4 acima) iii, até que esta instrugio seja editada, a rea técnica da CVM deve aplicar as regras: (a) que constam da Instrugio CVM n° 155/91 para as emisses de CCBs feitas por companhias abertas ou com prazo inferior a 6 meses; ¢ (b) que constam da Instrugio CVM n¢ 422/08, para todos os demais casos (item 4.5 acima)s iv. 0 simples registro de uma negociagio privada de CCBs na Cetip nao torna obrigatério o registro do emissor ¢ da emissio na CVM item 4.19 acima); ¢ v. a negociagio de CCBs com a intervengio, como intermediatios, das pessoas ¢ entidades listadas no art. 15, I, II e III da Lei n® 6.385176 depende de prévio registro do emissor e da emissio na earns 4603 reese en meade ogi pesos dean ga Dodero retro gue ta emer. pes ema deen, de repent echt ati re meade bikinis eve dena coe ese rales rneraa deus os 8 ‘aj estas eter FOVDIRETORIO. 73 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS CVM, nos termos da regulamentacio aplicivel, ressalvados os casos de dispensa previstos na regulamentacio (item 4.20 acima) 5.2 Proponho que a érea técnica examine este ¢ outros casos envolvendo CCBs de acordo com as diretrizes acima. 5.3 Recomendo ainda & rea técnica que submeta quaisquer diividas ou pedidos especiais dos emissores & apreciagio do colegiado, pelo menos até que seja editada uma instrucio normativa especifica sobre as CCBs E como voto. Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2008 Marcos Barbosa Pinto FovDIRETORIO. 74 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS B) PROCESSO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR CVM Ne RJ2007/13207, JULGADO EM 2 DE SETEMBRO DE 2008. SESSAO DE JULGAMENTO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR CVM ne RJ2007/13207 Acusados: Carlos Roberto Cora, Felipe Wiesbauer Cord, Rancho Belo Industria ¢ Comércio de Alimentos Ltda. Ementa: Emissio puiblica de titulos, valores mobilidrios ou contratos de investimento coletivo realizada sem prévio registro na CVM. Multa Emissio de titulos ou contratos de investimento coletivo para distribuicéo publica por sociedade limitada, Multa. Decisao: Vistos, relatados ¢ discutidos os autos, o Colegiado da Comissio de Valores Mobiliarios, com base na prova dos autos ¢ com fundamento no art, 11, inciso II, da Lei n° 6.385/76, por unanimidade de votos, decidiu: 1) Aplicar a pena de multa pecuniaria no valor de R$ 500.000,00 (qui- nhentos mil reais) A Rancho Belo Industria e Comércio Ltda. por des- cumprimento ao disposto no art. 19, caput, da Lei n® 6.385/76, ¢ a0 art. 3°, caput, da Instrusio CVM ne 296/98; 2) Aplicar a pena de multa pecunidria individual no valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) aos acusados Carlos Roberto Cord ¢ Fe- lipe Wiesbauer Cord, ambos na qualidade de Diretores da Rancho Belo, por descumprimento ao disposto no art. 19, eaput, da Lei n° 6.385176, ¢ a0 art. 3, caput, da Instrugio CVM n° 296/98; 3) Aplicar a pena de multa pecunidria no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais) & Rancho Belo Indstria e Comércio Ltda. por descumprimento ao disposto no art. 1° da Instrugao CVM n° 270/98 4) Comunicar a0 Ministério Piblico, na forma do art. 12 da Lei n® 6.385/76 e no art. 10, § 1°, da Deliberacéo CVM n° 538/08, o resultado desse julgamento, por haver indicios de ocorréncia do crime tipificado no art. 27-E da Lei n° 6.385/76. Os acusados punidos teréo um prazo de 30 dias, a contar do recebimento de comunicagio da CVM, para interpor recurso, com efeito suspensivo, ao Conselho de Recursos do Sistema Financeito Nacional, nos termos dos ar tigos 37 ¢ 38 da Deliberasio CVM n° 538, de 05 de margo de 2008, prazo esse, a0 qual, de acordo com orientacio fixada pelo Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, poders ser aplicado o disposto no art. 191 do Cibdigo de Processo Civil, que concede prazo em dobro para recorrer quando litisconsércios tiverem diferentes procuradores FOV DIRETORI | % Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Ausentes os acusados ¢ os seus representantes, Presente a procuradora-federal Adriana Cristina Dullius, representante da Procuradoria Federal Especializada da CVM. Participaram do julgamento os diretores Marcos Barbosa Pinto, relator, Eli Loria, Sergio Weguelin a presidente da CVM, Maria Helena dos Santos Fernandes de Santana, que presidiu a sessio. Rio de Janeiro, 02 de setembro de 2008 Marcos Barbosa Pinto Diretor-Relator Maria Helena dos Santos Fernandes de Santana Presidente da Sessio de Julgamento PROCESSO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR (CVM Ne RJ2007/13207 Interessados: Rancho Belo Indiistria e Comércio Ltda. ¢ outros Assunto: Distribuicao ilegal de valores mobilidrios Diretor-Relator: Marcos Barbosa Pinto Relatério 1. Introdugio 1.1 Este processo administrativo sancionador trata de oferta piblica irre gular de valores mobilidrios, em infragio ao art. 19, eapur, da Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976; ao art. 1° da Instrugio CVM n° 270, de 23 de janeiro de 1998; ¢ ao art. 3°, caput, da Instrugio CVM n° 296, de 18 de dezembro de 1998. 1.2 Os acusados sao: i, Rancho Belo Industria e Comércio Ltda. nova denominagio da Diferencial Agricola Ltda. (“Rancho Belo”); ii, Carlos Roberto Cora (“Carlos Cord”); iii, Felipe Wiesbauer Cord (“Felipe Cord”). FOVDIRETORIO. 76 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS 2. Fatos 2.1 Em 19 de outubro de 2004, a empresa Auto Posto Nithi Ltda, denun- ciou a /M a realizagio de uma oferta piiblica de cédulas de produto rural (“CPR”) emitidas pela Rancho Belo sem registro nesta autarquia 2.2. A reclamante alegou ainda que'”: 2.3 a Diferencial Corretora de Titulos ¢ Valores Mobilidtios S.A. (“Di- ferencial CTVM”), empresa do mesmo grupo econémico da Rancho Belo, utilizava suas instalagées e carteira de clientes na comercializagao das CPRs recebia comisséo por esse servico; i, em fungio da propaganda realizada pela Rancho Belo, a reclamante inyestiu R$1.200.000,00 na compra das CPRs oferecidas; ii, os titulos adquiridos pela reclamante néo foram quitados, assim como os titulos detidos por diversos outros investidores, conforme demonstram os autos dos tespectivos processes judiciais de execusio. 2.4 De 21 a 24 de fevereiro de 2005, a Rancho Belo, a Diferencial CTVM ¢ a Diferencial Corretora de Mercadorias Ltda. (“Diferencial CM”) foram objeto de inspe¢éo, cujas principais conclusées foram as seguintes": i, mio foram constatados indicios de atuagio das corretoras Diferen- cial CTVM e Diferencial CM na intermediacéo de negécios que cenvolvessem as CPRs emitidas pela Rancho Belo; ii, os titulos emitidos possufam caracteristicas hibridas de CPRs fisicas ede CPRs financeiras; iii, houve utilizagio de material publicitario na divulgacdo da opera- 0, especificamente um folheto e um prospecto com informacées sobre as empresas que compdem o grupo de fato Diferencial; ¢ iv. a Rancho Belo néo se enquadra entre as pessoas egitimadas a emitir CPRs, de acordo com o art. 2°, da Lei n° 8.929, de 22 de agosto de 1994. 2.5 Como nao havia indicios de intermediacio irregula, os autos foram re- metidos para a Superintendéncia de Registro de Valores Mobilidrios (“SRE”). A SRE claborou consulta & Procuradoria Federal Especializada (“PFE”), na qual adiantou que: FOVDIRETORIO. 77 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS i, no € possivel caracterizar os titulos emitidos pela acusada como CPRs, pois eles ndo atendem aos requisitos constantes no art. 2°, inciso TV, e no art. 4°-A, incisos I, IIe III da Lei n° 8.929/94; ii, 0s titulos consubstanciam operaséo de renda fixa desvinculada da cotacéo do produto subjacente; iii, caso comprovada a oferta piiblica, os titulos se caracterizariam mais adequadamente como contratos de investimento coletivo com ge- ragio de remuneragio, conforme disposto no art. 2°, inciso IX, da Lei n° 6.385/76; € iv. nas ages judiciais propostas contra a acusada podem ser encontra- dos diversos indicios do cariter publico da oferta. 2.6 Em resposta datada de 17 de outubro de 2005, a PFE registrou que”: i. os titulos emitidos pela acusada nao podem ser caracterizados como CPR fisica ou financcira, pois néo preenchem os requisitos estabe- lecidos nos artigos 3° e 4°-A da Lei n? 8.929/94;, ii, esses titulos devem ser enquadrados no att. 2°, inciso IX, da Lei n? 6.38576, como valores mobilidrios que geram direito de remune- ragio; ¢ iii, a distribuigéo publica de valores mobilidrios esta suficientemente caracterizada neste caso, em vista do disposto no art. 3°, inciso IV, da Instrugio CVM n° 400, de 29 de dezembro de 2003, 2.7 Em 3 de novembro de 2006, a SRE enviou oficios a investidores sele- cionados entre os autores das ages judiciais propostas contra a Rancho Belo. Dois deles responderam: Absoluta Servigos de Informética Ltda, ¢ Wilson Schmit 2.8 Em resposta recebida em 23 de novembro de 2006, a empresa Abso- ura Servigos de Informética Ltda. esclareceu que”: i. tomou conhecimento da emissao de CPRs pela Diferencial CTVM ¢ por meio de publicidade; ii, um de seus sécios foi recebido por Carlos Cord na sede da Rancho Belo para obter maiores informagées a respeito da operasio; iii, recebeu material publicitério adicional sobre as CPRs; iv. investiu inicialmente R$150.000,00, resgatou esse valor no venci- mento do titulo ¢ o reaplicou; v. investiu adicionais R$100.000,00 e R$64.274, 12, valores que tam- bém foram resgatados e reaplicados em seu vencimento; 125 FoVDIRETORIO. 78 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS vi. propés agio judicial contra a Rancho Belo para cobrar o valor de R$435.677,27, que deveria ter sido pago no vencimento de um dos ritulos; vii, nao possui qualquer relagio com a Rancho Belo, com outras em- presas do grupo ou com outros investidores; ¢ Vili. foi atraida pela Iucratividade ¢ seguransa prometidas pelo investi- mento. 2.9 Em resposta recebida em 1 de dezembro de 2006, Wilson Schmitc esclareceu que”: i. tomou conhecimento da emissio de CPRs por intermédio de re presentantes de entidades que participavam da Camara Setorial da Cultura do Arroz no Rio Grande do Sul; ii, foi recebido por Carlos Cord na sede da Rancho Belo para obter maiores informagées a respeito da operacio das empresas do grupo; iii, também manteve contato com Felipe Cord, entre outros represen- tantes da Rancho Belo; iv. recebeu 0 prospecto intitulado “CPR — Cédula de Produto Rural — Investimento Seguro” do préprio Carlos Cords v. iniciou suas aplicagées em marco de 2004 ¢ as encerrou em ju- Iho do mesmo ano, apés enfrentar dificuldades no resgate dos titu- los, entre clas o recebimento de cheques sem fundo nos valores de R$10.000,00 e R$20.000,00; vi. no possui qualquer relagio. com a Rancho Belo, com outras em- presas do grupo ou com outros investidores; vii, foi atraido pela rentabilidade prometida, liquidez ¢ aparente idonei- dade dos administradores da Rancho Belo; ¢ Vii propés ago judicial contra a Rancho Belo para cobrar o valor de R$40.906,78, que deveria ter sido pago no vencimento de um dos titulos. 2.10 Nas CPRs apresentadas pela reclamante ¢ pelos investidores men- cionados acima, constam como representantes da Rancho Belo: Felipe Cord, Antonio Mario Fouchard Pimenta e Camilo Feliciano de Oliveira. 2.11 Em 19 de dezembro de 2006, a SRE enviou oficios 4 Rancho Belo, Carlos Cord ¢ Felipe Cora, solicitando esclarecimentos”’, Aqueles responde- ram em 17 de janeiro de 2007%; esta respondeu em 10 de abril de 2007 2.12 Recebidas essas respostas, a SRE entendeu possuir elementos sufi- cientes de materialidade e autoria para a claboragio do termo de acusagio. ens FoVDIRETORIO. 79 Nd 2.13 No termo de acusagao, datado de 7 de novembro de 2007, a SRE conclui que” i ii, ili vi vil viii ix. xii. “tendo em vista os dados levantados pela inspesio, bem como as informagées levantadas junto a investidores lesados, (...) estéo ca- racterizados os elementos da oferta piiblica de distribuigio"; “a alternativa de investimento ofertada pela Rancho Belo foi capaz de gerar expectativa de obtengao de rendimentos com empreendi- mento realizado por pessoa diversa do investidor e no qual este nao tem ingeréncia’s € “evidente a violagio ao disposto no artigo 19, caput, da Lei n° 6.385176"; houve “infragéo a0 disposto no artigo 1°, caput, da Instrugio CVM. ne 270/98"; “a falta de registro nesta Comissio também acarreta violagio do disposto no artigo 3°, caput, da Instrugio CVM n° 296/98"; “segundo o ditetor Ubirajara Garcez, © incéndio ocorrido em 26/6/2004, impossibilitou demonstrar fielmente os valores capta- dos ¢ resgatados pelos investidores, nao sendo possivel precisar 0 montante captado”; “como se depreende das declaragées dos investidores, os mesmos sio considerados, nos termos do art. 3°, $19, da Instrugio CVM n? 400/03, ptiblico em geral, nio tendo prévio relacionamento estreito ow habitual com a Rancho Belo” “quanto & efetiva caracterizagio da oferta publica, foram utilizados prospecto ¢ outros panfletos publicitérios ¢ a negociagio foi realiza- da em Loja aberta a0 publico em geral” © “prospecto apresentado 4 Absoluta Servigos de Informatica Ltda. continha descrigées das atividades da Diferencial Agricola Ltda. ¢ a possibilidade de investimento em CPR de emissio daquela em- presa, com as seguintes vantagens: rentabilidade pré-fixada, venci- mento determinado, garantias fisicas, diversificagio de portfolio ¢ liquidee"; © “prospecto apresentado ao Sr. Wilson Schmitt, além das vanta- gens anteriores, apresentava 0 produto como “Investimento Segu- 10"; hi dezenas de processos judiciais instaurados por investidores con- tra a Rancho Belo, buscando o ressarcimento de titulos vencidos; a Rancho Belo nio ofereceu qualquer informagio objetiva a respei- to de sua alegada relagio pretérita com os investidores; REGULACAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS FOV DIRETORIO| 80 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS xiii. a inexisténcia de instituigio intermediéria ndo descaracteriza o ilici- to, representando, a0 contrétio, infragio ao art, 3°, §2°, da Instru- 40 CVM ne 400/03; xiv. a distribuigao sem prévio registro na CVM é considerada infragéo gtave, para os efeitos do §3 do art. 11 da Lei n° 6.385/76, sem prejuizo da multa de que trata 0 §1° do mesmo artigo, conforme dispée o art. 18, inciso II, da Instrugio CVM 296/98; xv. além da Rancho Belo, Carlos Cord ¢ Felipe Cora também devem ser penalizados, pois, de acordo com as declaragées dos investidores, sua atuasio tinha o propésito de conferir credibilidade as operagies cas abordagens pessoais realizadas foram decisivas para a celebragio dos negécios 2.14 A PFE, em seu turno, opinou que”: i, 0 termo de acusagéo atende a todos os requisitos formais ¢ substan- ciais exigidos legal e normativamente; ¢ ii, os autos devem ser encaminhados ao Ministério Péblico Federal, hhaja vista a existéncia de indicios do cometimento de crimes de aio piblica. 2.15 O termo de acusagio foi recebido pelos acusados entre os dias 7 ¢ 10 de abril de 2008 e todos apresentaram defesa tempestiva. Este processo foi en- cio distribuido para minha apreciagéo e julgamento em 5 de junho de 2008. 2.16 Seguem, nos itens abaixo, as acusag6es formais dirigidas aos acusados cas respectivas razées de defesa. 3. Rancho Belo 3.1 A Rancho Belo foi acusada de: vestimento i. realizar oferta piblica de distribuigio de contrato di coletivo nio registrada na CVM, o que representa infragio ao att. 19, caput, da Lei n? 6,385/76 e ao art. 3°, caput, da Instrugio CVM ‘n° 296/98, os quais vedam qualquer emissio piblica de valores mo- bilidrios sem prévio registro nesta autarquia; ¢ ii, realizar oferta publica de distribuigao de contrato de investimento coletivo sem a habilitacio necesséria, 0 que representa infragio a0 art, 1¢ da Instrugio CVM n? 270/98, © qual determina que so- mente poderio emitir itulos ou contratos de investimento coletivo FovDRETORIO 81 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS para distribuicéo piblica as sociedades constituidas sob a forma de sociedade anénima. 3.2 Em seus esclarecimentos iniciais e em sua defesa, a Rancho Belo ale- gou principalmente que’: i, _nio dispunha de loja ou escrit6rio para realizar negociagéo puiblica; ii, atraso na quitasio de algumas de suas obrigacées foi consequéncia de um incéndio ocorrido em sua sede, cujos prejuizos nio foram ressarcidos pela empresa seguradora; iii, recusou-se a fornecer dados financeiros, procedimentais, de identi- ficagdo e de contato dos adquitentes das CPRs, por entender que as operagées que celebrou constituem negécios privados ¢ néo oferta piblicas iv. 0 procedimento adotado viola o principio do devido proceso legal, pois suas regras nao estao previstas em lei; ¥. 0 procedimento adotado viola o rito previsto no Cédigo Penal, aplicavel subsidiariamente ao processo administrativo, por inverter as fases de instrugio e defesa; vi, 0 procedimento adorado viola o principio do contradit6rio, pois nao leva em conta a distancia do Rio Grande do Sul ao Rio de Ja- neiro ¢ as dificuldades por que passa a Rancho Belo; vii, as declaragdes dos investidores nao sio idéneas e servem apenas a0 propésito de retaliar e pressionar a acusada, em razio do inadimple- mento de alguns titulos, causado em razio de forga maior; viii pelo contetido das declaragées, verifica-se que hé vinculos pessoais entre os credores da acusada; ix. nao houve oferta ptiblica; x. 0s titulos negociados constituem verdadeiras CPRs e como tais nio poderiam ser caracterizados como valores mobilidtios. 4. Carlos Roberto Cord ¢ Felipe Wiesbauer Cora 4.1 Carlos Cord ¢ Felipe Cord foram acusados de realizar oferta piblica de distribuigio de contrato de investimento coletivo nao registrada na CVM, 0 que representa infragao ao art. 19, caput, da Lei n° 6.385176 e ao art. 3°, ca ‘put, da Instrugio CVM ne 296/98, os quais vedam qualquer emiss4o puiblica de valores mobilidtios sem prévio registro nesta autarquia FOVDIRETORIO. 82 Nd 4.2 Em seus esclarecimentos iniciais em sua defesa, alegaram que”: ili deixaram de compor 0 quadro de sécios da Rancho Belo; as CPRs foram negociadas privadamente; as CPRs negociadas nao constituem valores mobilidrios, mas titulos de crédito individuais que consubstanciam um mero contrato de anituo; iv. a reclamante nao era investidora, mas mutuante; vy. uma ver. associada ao setor primério, a negociagio nao poderia ser feica de mancira publica, pois depende de confianga miitua entre investidor e produtor; vi. a negociagio se restringiu a pessoas do relacionamento pessoal e/ ou familiar dos dirigentes, bem como do relacionamento comercial habitual dos mesmos; vii, os panfletos e prospectos utilizados néo sao suficientes para carac terizar uma oferta publica ¢ nao cram enderesados ao puiblico em geral; viii, nio havia intermediacio financeira; ix. a CVM nio possui competéncia para julgar € punir os acusados, pois nao sio administradores de companhia aberta, nao sio inter- mediatios ¢ néo negociaram valores mobilidrios; ¢ x. no houve captagio de poupanga piblica. Razoes de Voto 1. Introdugio 1.1 Este proceso trata de oferta publica irregular de valores mobilitios, em infracdo ao art. 19, caput, da Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976; ao art, 1° da Instrugio CVM n° 270, de 23 de janeiro de 1998; ¢ a0 art. 3°, caput, da Instrugio CVM n° 296, de 18 de dezembro de 1998 1.2 Dividirei este voto em cinco partes, além desta introdusio ¢ da con- clusio, Em cada parte, tratarei de um dos temas a seguir: ii, iv. legalidade e constitucionalidade deste processo; caracterizasio das CPRs emitidas pela Rancho Belo como valor mobilidrio; caracterizagio da oferta publica; andlise das infragées; ¢ competéncia da CVM para punir os acusados. REGULACAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS FOVDIRETORIO. 83 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS 2. Processo 2.1 Quanto a legalidade e constitucionalidade deste processo, os acusados alegam que: i. o procedimento adotado viola o principio do devido processo legal, pois suas regras nao estio previstas em lei; ii, 0 procedimento adotado viola o rito previsto no Cédigo de Proces- so Penal, aplicével subsidiariamente a0 processo administrativo, por inverter as fases de instrusio ¢ defesa; ¢ iii, © procedimento adotado viola o principio do contraditério, pois no leva em conta a distancia do Rio Grande do Sul a0 Rio de Ja- neito e as dificuldades por que passa a Rancho Belo. 2.2 A alegasao descrita em 2.1(i) acima nao procede pois foi a prépria lei que conferiu 4 CVM competéncia pata disciplinar os processos administra- tivos sancionadores. 2.3 E.0 que dispée o art. 9°, §2°, da Lei n° 6385/76: $2 O processo, nos casos do inciso V deste artigo, poderd ser precedido de etapa investigativa, em que serd assegurado o sigilo necessério a elucida- tio dos fatos ou exigido pelo interesse piiblico, ¢ observard 0 procedimento fixado pela Comisséo 2.4 A alegagio descrita em 2.1 (i) também nao procede. Embora o Cédigo de Processo Penal possa ser aplicado, por analogia, aos processos administra- tivos sancionadores, tal aplicagio analégica nem sempre é adequada ¢ s6 se justifica quanto nio existe norma especifica sobre o assunto em discussio, 2.5 Bo que dispée o art. 4° da Lei de Introdusio a0 Civil: Art. 4 Quando a lei for omissa, 0 juiz decidird 0 caso de acordo com a analogia, 05 costumes e os principios gerais de direito. 2.6 No caso concreto, a inversio de fases processuais contra a qual se in- surge © acusado consta expressamente da Deliberasio CVM n° 457, de 23 de dezembro de 2002, vigente & época dos fatos. Portanto, nao hé que se falar em aplicasio analégica do Cédigo de Processo Penal, pois nio ha omissio normativa, OV DIRETORI | au Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS 2.7 Tampouco procede, por fim, a alegacio mencionada no item 2.1 iii) acima, de violagéo a0 principio do contraditério, pois os acusados foram devidamente chamados a se manifestar no decorrer da investigagao, na forma prevista na Deliberagio CVM n° 457/02®. 2.8 Além disso, os acusados tiveram prazo suficiente para consultar os autos ¢ apresentar suas defesas, nos prazos previstos Deliberagio CVM n? 457/02. A distancia do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro nio pode ser alegada como impeditivo, muito menos a situagio financeira ou material da empresa 3. Valor Mobilidrio 3.1 Em minha opiniso, hé provas suficientes nos autos para caracterizar as CPRs emitidas pela Rancho Belo como valores mobiliarios, conforme prevé o art. 2°, IX, da Lei n° 6.385/76, transcrito abaixo: Art, 2 Sao valores mobilidrios sujeitos ao regime desta Lei Co) IX — quando ofertados publicamente, quaisquer outros titulos ou con- tnatos de investimento coletive, que gerem direito de participardo, de par- ceria ou de remuneracio, inclusive resultante de prestagdo de servigos, eujos rendimentos advim do esforco do empreendedor ou de terceiros 3.2 Conforme decisio recente deste colegiado, sio os seguintes os requi- sitos para a caracterizacéo de um valor mobilidtio de acordo com esse dispo- ivo legal” i. deve haver um investimenso; ii, 0 investimento deve ser formalizado por um titulo ou por um con- rato; iii, 0 investimento deve ser coletivo, isto é, varios investidores devem investir sua poupanga no negécio; iv. o investimento deve dar diteito a alguma forma de remuneracio; v. a remuneragio deve ter otigem nos esforgos do empreendedor ou de terceiros que nao o investidor; e vvi, os titulos ou contratos devem ser objeto de oferta piblica. 3.3 Aplico, entéo, esses requisitos ao caso concrete: Houve investimento? mie Adee GN aa N33, pp 2 FOV DIRETORI | fs Nd Sim, Os reclamantes aplicaram ao recursos com a intengio de inves- tir", Os documentos fornecidos pelos acusados eram obviamente des- tinados a potenciais investidores, pois contavam com expresses como “rentabilidade pré-fixada’, “ iversificagao de portfélio” e “liquidez” ¢ “investimento seguro” Esse investimento foi formalizado por um titulo, ou por um con- trato? Sim c 0s acusados no o negam O investimento foi coletivo? Sim. Os autos demonstram que ha dezenas de ages judiciais con- tra a Rancho Belo, propostas por diversos autores diferentes, cobrando PRs", Note que, para a caracterizagio de um investimento coletivo, nao necessétio que todos os titulos tenham um mesmo valor ou as mesmas caracteristicas. Basta que os titulos sejam similares, colocando- -os investidores em uma situacdo semelhante em relagio ao emissor™, Alguma forma de remuneracio foi oferecida aos investidores? Sim. Algumas CPRs emitidas pela Rancho Belo eram adquiridas com desigio sobre seu valor de face. Em um dos titulos consta expres- samente a alfquota dos juros a serem pagos mensalmente™”. Em todas, a liquidagio era meramente financeita, sem entrega dos produtos. A remuneragio oferecida tina origem nos esforgos do empreende- dor ou de terceiros? Sim, O valor obtido com a negociagio dos tisulos era explicitamente aplicado nas atividades operacionais da Rancho Belo. A remuneragio, evidentemente, era suportada pelos resultados dessas atividades". Os contratos foram ofertados publicamente? Sim, conforme demonstratei no item subsequente. 3.4 A caracterizagio das CPRs como valor mobilidtio se torna ainda mais evidente diante do art. 19 da Lei n° 8.929, de 22 de agosto de 1994, que pre- vé expressamente a possibilidade de negociagio de CPRs em bolsa de valores, ou mercado de balcio: Art. 19. ACPR podend ser negociada nos mercados de bolsat e de baled. §1° O registro da CPR em sistema de registro e de liquidagto financei- ra, administrado por entidade autorizada pelo Banco Central do Brasil, é condigéo indispensdvel para a negociaséo referida neste artigo REGULACAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS sacaabeaman un bare 2 epee do tne dita one ei yo ns eo de ene lee, Hignss ees aban om ero cit eagde un et ee toes qe de 4 opt esi se indore Aigedee to cee expel fe ene Lous as Jo ey tne Finda of Secu Reston, un 20 9 25.3, FOVDIRETORIO. 86 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS § 2° Nas ocorréncias da negociagio referida neste artigo, a CPR seni considerada ativo financeiro ¢ néo haverd incidéncia do imposto sobre ope- ragées de crédito, cambio e seguro, ou relativas a titulos ou valores mobili- arios. § 3A CPR registrada em sistema de registro e de liquidagao financeira de ativos autorizado pelo Banco Central do Brasil terd as seguintes carac~ teristicas: I — send cartular antes do seu registro ¢ apés a sua baixa e escritural ou eletrénica enquanto permanecer registrada em sistema de registro e de liquidagéo financeira; HI — os negocios ocorridos durante o pertodo em que a CPR estiver registrada em sistema de registro e de liquidasdo financeiva no serdo trans eritos no verso dos titulos; Hl — a entidade registradora é responsivel pela manutengao do regis- tro da cadeia de negécios ocorridos no periodo em que os titulos estiverem registrados. § 4 Na hipdtese de contar com garantia de instituigéo financeira ou seguradora, a CPR poderd ser emitida em favor do garantidor, devendo 0 emitente entrega-la a este, por meio de endosso-mandato com poderes ‘para negocii-la, custodid-la, registré-la em sistema de registro liquidagao ‘financeira de ativos autorizado pelo Banco Central do Brasil e endossd-la «40 credor informado pelo sistema de registro. 3.5 Ressalto que a possibilidade de enquadramento das CPRs como valor mobiliério néo é nenhuma novidade na CVM, como demonstra a Delibe- ragio 418, datada de 11 de dezembro de 2001, pela qual se suspendew uma oferta publica de CPRs. Transcrevo 0 item “b” dos consideranda dessa deli- beragao, para que nao haja qualquer diivida: }) Que a veiculasio publica de uma oportunidade de investimento, cujos ganhos resultam da explorasdo de determinada atividade a cargo ex- clusivo do empreendedor ou de terceiros, e para o qual o investidor concorre apenas com a sua poupanga, como € 0 caso da CPR-E insere-se no conceito de titulo ou contrato de investimento coletivo e de valor mobilidrio, previsto no art. I, caput, da Lei n® 10.198, de 14 de fevereiro de 2001, ¢ recente- mente acrescentado ao art. 2+ da Lei n* 6385/76, pela Lei nt 10,303, de 31 de outubro de 2001; ¢ 3.6 Ressalto, por fim, que € possivel que as nao se enquadrem apenas no conceito geral de titulo de investimento coletivo, previsto no inciso IX do art. 2° da Lei n° 6.385/76, mas também como derivativos, justamente como ocorre com os certificados de potencial adicional de construgio (“CE- FOVDIRETORIO. 87 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS PACs’). Obviamente, nao € preciso aprofundar essa discussio aqui, pois ela no tem nenhuma repercusséo para o caso em julgamento. 4. Oferta publica 4.1 Embora os acusados neguem, parece-me que as CPRs foram objeto de oferta publica, conforme parimetzos fixados no art. 19, §3° da Lei n? 6.385176 e no art. 3°, I, IV ¢ $19, da Instrugio n° 400/03, transcritos abaixo: Lei n° 6.385/76 Art 19.) §3¢ Caracterizam a emissio piiblica Ia utilizagéo de listas ou boletins de venda on subscrigéo, folhetos, prospectos ou antincios destinados ao priblico; 1 — a procura de subscritores ou adguirentes para os tétulos por meio cde empregados, agentes ou corretores; HI ~a negociagéo feta em loja, esritério ou estabelecimento aberto ao priblico, ou com a wtilizagdo dos servigos ptiblicos de comunicagéo. Instrusio CVM n° 400/03, Art. 3° Sao atos de distribuigéo puiblica a venda, promesta de venda, oferta it venda ou subscrigdo, asim como a aceitaréo de pedido de venda ou subscrigao de valores mobilidrios, de que conste qualquer um dos seguintes elementos: 1 —a wtilizagéo de listas ou boletins de venda on subscriséo, folhetos, prospectos ow antincios, destinados ao priblico, por qualquer meio ou for- ‘ma; ou ) IV — a utilizasto de publicidade, oral ou escrita, cartas, antincios, avisos, especialmente através de meios de comunicagéo de massa ou eletré- nicos (pdginas ou documentos na rede mundial ou outras redes abertas de computadorese correio eletrinico), entendendo-se como tal qualquer forma de comunicaséo dirigida ao piblico em geral com o fim de promover, di- retamente ou através de terceiros que atuem por conta do ofertante ou da emissora, a subscricho ou alienagéo de valores mobilidrios. §1° Para efeito desta Instrugéo, considera-se como ptiblico em geral uma classe, categoria ou grupo de pessoas, ainda que individualizadas nesta qualidade, ressalvados aqueles que tenham prévia relagéo comercial, credi- tia, societdria ou trabalhista, estreita e habitual, com a emissova 4.2 Como se va, esses dispositivos no fornecem um conceito de oferta piiblica, 0 que nao seria nem desejavel, nem possivel. Na verdade, cles forne- aja 28 de aps 00,0 Diet At Spe Cage ned eu 2 PKS poe Carver te ce hse retest cee gots ce diets FOVDIRETORIO. 8 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS cem uma série de elementos indicativos para que se verifique, em cada caso concreto ¢ luz de todos os fatos, se houve ou néo apelo & poupanga popular. 4.3 Neste caso, os fatos apontam de forma inequivoca para a existéncia de oferta publica i, ha material publicitario referente & operacéo, o qual apresenta ca- racteristicas da empresa, do grupo econdmico a que esté associada ¢ da operagio financeira proposta”; ii, esse material contém expressées que configuram propaganda de in- vestimento financeiro, tais como “investimento seguro”, “rentabili- dade pré-fixada”, “diversificacao de portfélio” ¢ “liquidez”*; iii, existem pelo menos 30 agées de investidores tramitando no Poder Judiciario contra a Rancho Bel iv. nenhum dos investidores declarou ter relagées com a Rancho Belo previamente & tealizagao dos negécios"; vos acusados nao apresentaram qualquer prova de que havia relac namento prévio entre eles ¢ os investidores. 5. Infragdes 5.1 Restou demonstrado que os acusados realizaram oferta puiblica de va- lores mobilidrios. Essa oferta, porém, nao foi registrada na CVM e a empresa cemissora dos titulos nio era habilitada pata tanto. 5.2 A realizagao da oferta puiblica de valores mobilirios sem registro pré- vio na CVM configura infracao ao art. 19, caput, da Lei n° 6.385/76 ¢ a0 art. 3°, caput, da Instrugio CVM n° 296, de 18 de dezembro de 1998, cujos comandos transcrevo abaixo: Lei n° 6.385/76 Art, 19. Nenhuma emissio piiblica de valores mobilidrios serd distribu- ida no mercado sem prévio registro na Comisséo, Instrucio CVM n° 296/98 Art. 3! Nenbuma emisséo piiblica de tirulos ou contratos de investimen- 10 coletivo poderd ser distribuida no mercado sem prévio registro na CVM Go) 5.3 Carlos Cord ¢ Felipe Cora foram co-autores dessa infragio, como de- ‘monstram as seguintes provas que constam dos autos 5am FOV DIRETORIO| 8 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS i, ambos recebiam potenciais investidores, inclusive na sede da Ran- cho Belo, para esclarecimentos sobre a operasio ¢ a sociedade®; ii, Carlos Cora forneceu pessoalmente 0 prospecto intitulado “CPR — Cédula de Produto Rural — Investimento Seguro” para um dos investidores; ¢ iii, Felipe Cora assina, em nome da Rancho Belo, diversas das CPRs emitidas®. 5.4 Por ser constituida sob a forma de sociedade limitada, a Rancho Belo nfo atende o art. 1° da Instrugio CVM n® 270, de 23 de janciro de 1998: Art. 1° Somente poderiéo emitir titulos ou contratos de investimento colerivo para distribuigao puiblica as sociedades constituidas sob a forma de sociedade anénima. 5.5 Portanto, concluo que a Rancho Belo, Carlos Cord ¢ Felipe Coré infringi- ram o art. 19, caput, da Lei n° 6.385/76 € o art. 1° da Instrucgdéo CVM n° 270/98 e que a Rancho Belo inftingiu art. 3°, caput, da Instrugio CVM n° 296/98, 6. Competéncia 6.1 Os acusados alegam, por fim, que a CVM néo teria competéncia para apurar sua conduta em processo administrativo sancionador, pois a Rancho Belo nao é companhia aberta e Carlos ¢ Felipe Cord nio sio administradores nem membros do conselho fiscal de companhia aberta. 6.2 A alegacio dos acusados parece estat fundamentada no art, 8°, inciso V, da Lei n® 6.385/76, cujo teor transcrevo abaixo: Art. 9° Compete a CVM: V— apunar, mediante processo administrative, atosilegais ¢ priticas nao eqiiitativas de administradores, membros do conselho fiscal e acionistas de companhias abertas, dos intermedidrios e dosdemais participantes do mercado; 6.3 Presumo que 0s acusados estejam dando uma interpretasio indevida- mente restritiva 4 expressio “demais participantes do mercado” co} ja nesse dispositive, Na verdade, essa expressio deve ser interpretada literalmente, de forma a alcangar todos aqueles que, direta ou indiretamente, participem do mercado de valores mobilidtios. 93235435 369 24, FOV DIRETORIO| 90 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS 6.4 Sem pretensio de exaustio, essa lista abrange: emissores, administra- dores de emissores, ofertantes, intermedistios, administradores de incermedi- {rios, administradores de recursos de terceiros, consultores, analistas, entida- des pessoas administradoras de mercados ¢ os préprios investidores. 6.5 Além de respeitar fielmente o significado literal da expressio “demais participantes do mercado”, essa é a nica interpretagio racional do art. 9°, inciso V. Com efeito, esse dispositive no menciona expressamente nem mes- mo as companhias abertas ¢ analistas de valores mobilidtios, sujeitos cléssicos da atividade sancionadora da CVM. 6.6 Ademais, essa interpretagao é a tinica que faz sentido & luz do disposto no art, 11 da Lei n® 6.385/76, que assim dispée: Art. 11. A Comisséo de Valores Mobilidrios poderd impor aos infratores das normas desta Lei, da lei de sociedades por asées, das suas resolugées, bem como de outras normas legais eujo cumprimento the incumba fiscali- zar, as seguintes penalidades: (..) 6.7 Por que a lei ourorgaria uma competéncia punitiva tio ampla ¢ po- deres investigatérios tao restritos? Que sentido faria conceder & CVM com- peténcia para punir cmissores que, justamente por néo sercm companhias abertas, violaram o art, 19 da Lei n® 6.385/76 e as normas da CVM, se 0 art. 9°, V, néo autorizasse a CVM a abrir processo administrative sancionador contra eles? 6.8 Para que facam sentido, os arts. 9°, V, ¢ 11, caput, devem ser lidos em conjunto, Embora o att. 11, caput, confira & CVM competéncia para punir qualquer violagio & Lei n? 6.404/76, dbvio que essa competéncia nao abrange os administradores de companhias que nio sio “participantes do mercado”, como exige o art. 9°, V. 6.9 Por outro lado, ainda que o art. 9°, V, nao mencione expressamente as companhias abertas nem os demais emissores de titulos, € dbvio que a ex- pressio “participantes do mercado” deve abrangé-los, para que a CVM possa punilos por infragio & propria Lei n° 6.385/76 e As suas normas, conforme prevé o art. 10, caput. 6.10 Esse entendimento é reforsado pelo §2° do art. 2° da prépria Lei n° 6,385/76, inserido na reforma de 2001, que consolidou o entendimento acima, por diversas vezes manifestado por esta autarquia: FOV DIRETORI| By Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Art. 2...) § 2° Os emissores dos valores mobilidrios referidos neste artigo, bem como seus administradores e controladores, sujeitam-se & disciplina prevista nesta Lei, para as companias abertas. 6.11 Coneluo, portanto, que a CVM tinha competéncia para abrir pro- ccesso administrativo sancionador contra todos os acusados com base no art 9°, V, da Lei n° 6,385/76; ¢ tem competéncia para aplicar-lhes penalidades previstas no art. 11 da mesma lei 7. Conclusio 7.6 Pos todo o exposto, voto pela aplic base no art. 11, II, da Lei n° 6.385/76: io das seguintes penalidades, com i, mutta, no valor de R8500.000,00 (quinhentos mil reais), para a acusada Rancho Belo, por infragio a0 art. 19, caput, da Lei n? 6.385176, ao art. 3°, caput, da Instrugio CVM n° 296/98; ii, multa, no valor de R$500.000,00 (quinhentos mil reais), para cada tum dos acusados Carlos Roberto Cord e Felipe Wiesbauer Coré, 1° 6.385/76 © ao art. 3°, ca- por infragéo ao art. 19, caput, da L put, da Instrugao CVM ne 296/98; ¢ iii, multa, no valor de R$100.000,00 (cem mil reais), para a acusada Rancho Belo, por infragéo ao art. 1° da Instrugio CVM n° 270/98. 7.7 Bntendo que essas penalidades sio justificadas pela gravidade das in- fragées, que indicam a ocorréncia do crime tipificado no art. 27-E da Lei n° 6,385/76". Também por esse motivo, recomendo a comunicacéo desta decisio ao Ministério Paiblico, na forma do disposto no art. 12 da Lei n? 6.385176 e no art. 10, §1°, da Deliberacio CVM n° 538/08. Rio de Janeiro, 2 de setembro de 2008. Marcos Barbosa Pinto Diretor bese em peades& fem pede mes cm tse row Sl anlan 576, hse 0 aso 28 eb sea orem amas fo de 5 0 mis, epreinde Sid alt deni ei AS 8 ges em Ge ie de rim plo tae 530072002 S786 crepes 28% 0358 doe ‘hein repeat. ease ences enn ae bess for heii ai ie Toh les dear 3 ene foe ese a eee 20 bade sce FOVDIRETORIO. 92 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS PROCESSO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR CVM Ne RJ2007/13207 Voto proferido pelo Direcor Sergio Weguelin na Sessio de Julgamento do Processo Administrativo Sancionador CVM n° RJ2007/13207 realizada no dia 02 de setembro de 2008. Acompanho o voto do relator, senhora presidente. Sergio Weguelin Diretor PROCESSO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR CVM Ne RJ2007/13207 Voto proferido pelo Diretor Eli Loria na Sessao de Julgamento do Proces- so Administrative Sancionador CVM n° RJ2007/13207 realizada no dia 02 de setembro de 2008. Eu também acompanho 0 voro do relator, senhora presidente. Eli Loria Diretor PROCESSO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR CVM Ne RJ2007/13207 Voto proferido pela presidente da CVM, Maria Helena dos Santos Fer- andes de Santana, na Sessio de Julgamento do Proceso Administrativo San- cionador CVM n? RJ2007/13207 realizada no dia 02 de setembro de 2008. Acompanho o diretor-relator ¢ proclamo o resultado do julgamento, por unanimidade, nos termos de seu voto, informando que os acusados punidos poderio interpor recurso voluntério da decisio do Colegiado da CVM, no prazo legal, a0 Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional. Maria Helena dos Santos Fernandes de Santana Presidente FOVDIRETORIO. 93 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS C) PROCESSO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR CVM Ne 23/04, JULGADO EM 28 DE SETEMBRO DE 2006. SESSAO DE JULGAMENTO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR CVM Ne 23/04 Acusados: Avestruz Master Agro Comercial Importagio ¢ Exportagio Ltda. e Jerson Maciel da Silva Ementa: Emissio e distribuicéo piiblica de valores mobilidrios (Contrato de Investimento Coletivo) sem 0 competente registro na CVM, em infragio a0 disposto no artigo 19, caput, § 1°, cle os artigos 16, I, ¢ 2%, IX, todos da Lei n° 6.385/76. Absolvi¢io da empresa acusada ¢ aplicagao de multa para seu sécio majoritirio e Disetor Presidente. Decisio: Vistos, relatados e discutidos os autos, 0 Colegiado da Comissio de Valores Mobilidrios, com base na prova dos autos ¢ no artigo 11, § 2°, Il, da Lei n® 6.385/76, por unanimidade de votos, decidiu: 1. aplicar ao acusado Jerson Maciel da Silva a pena de multa pecu- nidria no valor de R$ 43.000.000,00 (quarenta e trés milhdes de reais), comtespondente a 50% do valor da distribuicio irregular, por infrasio ao artigo 19, caput, § 19, cle artigo 2°, IX, ¢ aos artigos 15 € 16, I, todos da Lei n® 6.385/76; 2. absolver a acusada Avestruz Master Agro Comercial Importagio Exportagio Ltda. das mesmas imputagées, por entender que uma eventual multa prejudicaria sobremaneira os seus credores perante © Juizo Falimentar; ¢ 3, determinar a comunicagio da decisio da sessio de julgamento & Procuradoria da Repiiblica no Estado de Goids, uma ver que os fatos ora apreciados configuram, em tese, infraso a0 disposto no artigo 7°, II, da Lei n° 7.492/86, que dispée sobre os crimes contra © Sistema Financeito Nacional. © acusado punido ter4 um prazo de 30 dias, a contar do recebimento de comunicacio da CVM, para interpor recurso, com feito suspensivo, ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, nos termos do pari- grafo Ginico do artigo 14 da Resolugio CMN no 454/77. A CYM oferecera recurso de oficio ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional no tocante & absolvisio proferida FOV DIRETORI| 94 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS Presente a sessio de julgamento 0 procurador-federal Celso Luiz Rocha Serra Filho, representante da Procuradoria Federal Especializada da CVM, Participaram do julgamento os diretores Wladimir Castelo Branco Cas- to, relator, Pedro Oliva Matcilio de Sousa, Maria Helena de Santana ¢ 0 presidente da CVM, Marcelo Fernandez Trindade, que presidiu a sessio. Rio de Janeiro, 28 de setembro de 2006, Wladimir Castelo Branco Castro Diretor Relator Marcelo Fernandez Trindade Presidente da Sessio de Julgamento Relatério 01. Trata-se de processo administrativo sancionador instaurado pata apu- rar possiveis irregularidades relacionadas com a distribuigio ptiblica de valo- res mobilidtios de emissio da Avestruz Master Agro Comercial Importasio ¢ Exportagao Ltda. Pela PORTARIA/CVM/SGE/n°174, de 19 de novembro de 2004, foi designada a Comissio responsivel pela condugao do trabalho de investigacio, cujo relatério estd acostado aos autos as fis. 3793-3861 Da Origem 02. Em 27.02.04, foi recebida pela CVM o Oficio DESUP/GTBSB/CO- SUP-01-2004/43 (fis. 26-27), expedido pelo Banco Central do Brasil, co- municando a realizacio de operagées pela Avestruz Master Agro Comercial Importacio e Exportagio Ltda. (Avestruz Master) que somente poderiam ser praticadas por instituigées financeiras ¢ que, segundo 0 entendimento daquela Autarquia, deveriam se tratar de emissées irregulares de Contratos de Investimento Coletive (CIC). 03. Além do BACEN, o Ministério Publico Federal ¢ a Secretaria de Po- licia Civil, ambos do Estado de Goids, instauraram, respectivamente, 0 Pro- cedimento Administrativo n° 45.935/04® e o inquérito policial n° 311/03, sendo este tiltimo relativo a pratica do crime de estelionato (fs. 273-278). 04. Em inspecao na sede da Avestruz Master, entre 03 ¢ 05.08.04, foram. obtidas cépias de contratos por ela celebrados", sendo que, pelo “Instrumen- co Particular de Compromisso de Compra ¢ Venda de Avestruz’, a indigita- cov pl Miser deme sete Par ae Comprise omps ends de ear mo com Siem de ue em tea om ite a "tn Moto one Pb eo ees anes 8 ‘ks ce POG wo 30200 12s» Pde fan sateen ec, ces em 4c lt ‘nd ii i bes OT pene stud em fde a ensta pana tne gh ol (ademitaahesvaoserole Ses TumMSMievenieactse neta eesti ge ee) 61058, 0 ants Pra a cade Ae se pet eat Feces pases ese noe ore sees aes eanas FOVDIRETORIO. 95 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS da empresa teria captado, entre fevereiro e julho de 2004, um montante de aproximadamente R$ 12 milhées (A. 16), com taxas de retorno, prometidas implicitamente no contrato, que oscilavam entre 7% ¢ 9,14% ao més, nas suas diferentes modalidades (Al. 17) 05. Durante a inspesio, os inspetores alertaram a Avestrtuz Master, nas pessoas de seu Diretor Administrativo e sécio detentor de 80% de suas cotas, Sr, Jerson Maciel da Silva, ¢ do advogado da empresa, Sr. Wesley Branqui- ho, que o tipo de contrato por eles praticados, aliado & forma de capragio (principalmente pela existéncia de estrutura prépria de vendas ¢ de apelo & poupanga piiblica), caracterizava a realizagao de operacées tipicas das dispos- tas na Lei n® 10.198/01, referente aos Contratos de Investimento Coletivo (cic) 06. Naquela oportunidade, a Avestruz Master apresentou aos inspetores desta Autarquia uma declaragio de intengées, visando transformar seus con- ratos de parceria em Cédulas de Produto Rural. © documento que forma- lizou esta intengio foi o “Termo de Compromisso” acostado aos autos as fls. 1131 e 1132" 07. Em 20.09.04, os representantes da Avestruz Master foram informados, mediante 0 OF[CIO/CVM/SFI/n°010/04 (fls. 1178-1179), do entendimen- to da CVM de que a empresa continuava a incorrer em irtegularidade na cap- casio de recursos, de acordo com material publicitatio de oferta de contrato a0 piiblico em geral, por ela utilizado (distribuigéo de folder —. 1151) 08. Em 21.09.04, a AVESTRUZ MASTER, representada pelo Sr. Jerson Maciel da Silva, enderegou uma Notificagio Extrajudicial & Presidéncia desta Autarquia, declarando que a captagio de recursos através dos mencionados contratos havia sido encerrada 10. Em 09.11.04, o Superintendente Geral (SGE) apreciou ¢ aprovou a proposta de instauracdo de inquérito administrativo, constante do relatério de inspecdo, tendo, em 19.11.04, sido emitida a PORTARIA/CVM/SGE/ 1n°174/04 (fl. 01). 11, Em 25.11.04, foram realizadas inspegées simultaneas em duas filiais da Avestruz Master, localizadas em Guaré-DF ¢ em Recife-PE, cujos resul- tados foram apresentados, respectivamente, nos Relatérios de Inspegio acos- tados aos autos, Nas duas inspegées, foi constatado pela drea técnica que a ‘Avestruz Master continuava a garantir a recompra das aves, mesmo apés ter cla propria emitido a Notificagio Extrajudicial, de 21.09.04, inclusive com tela phage de fe fe gc cue sea sasrute (etn come ar ee meade dee dees Hema empes uses nos A9204 «020 fern, aut idee eth cate € Grae koma hee here Int depts rt Ase Waster goat reampr dens nem 9 ps rake 3 Fetbie ¢espoecst ate epee FUSE nek de no FOVDIRETORIO. 96 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS valor pré-definido, o que significava o estabelecimento de uma taxa de renta- bilidade aos clientes que aplicassem nos contratos ¢ ticulos emitidos pela dita empresa. 12. Nas refetidas inspecées, os inspetores apresentaram-se, inicialmen- te, como potenciais investidores interessados conhecer os investimentos em avestruzes, Na ocasiio, os vendedores apresentaram como opgio de investi- mento, dentre varias alternativas, a compra do animal com pagamento a vista ce entrega em uma data futura, através da emissio de uma CPR, junto & qual cera conferida a garantia da revenda desse animal na data de vencimento desse titulo (3, 6 ou 9 meses de prazo), a um valor pré-fixado. Esta seria a alter- nativa de investimento, segundo os vendedores da filial de Recife-PE, mais apropriada e vantajosa para os clientes que nao possuissem terras. 13, Ressaltou a Comissio de Inquérito que a cépia do Contrato Prelim nar fornecido em Recife-PE, além de firmar compromisso da emissio de uma CPR, também trazia a promessa expressa de celebragio de um “Contrato de ‘Compromisso de Compra e Venda” a ser firmado entre 0 mesmo comprador € 0 Abatedouro Struthio Gold Importacio, Exportagio Comércio Ltda., ow seja, um contrato em que o referido abatedouro, empresa do “Grupo” Avestruz Master, se comprometeria a comprar as avestruzes, caracterizando a garantia de revenda das aves adquiridas com base na CPR 14, Segundo a Comissio (fis. 1253 ¢ 1255-1256), a CPR emitida pela Avestruz Master trazia registrado valor unitétio dos animais na data do vencimento do titulo (A. 1256), que era justamente a mesma quantia estabe- lecida na tabela “Modalidade Negocial através de CPR para Entrega Futura” (A. 1253) 15. Quanto ao proceso de negociagio das CPRs, a Inspecio, em seu rela- trio, apontou que, apés a escolha do valor a ser empregado e da quantidade dos animais a serem comprados, 0 potencial comprador preencheria ¢ assi- naria um Contrato Preliminar, vinculado a uma CPR. O valor ajustado seria centregue, € um recibo seria emitido pela Avestruz Master. Decorridos sete dias, a CPR seria apresentada com o valor de resgate. Por fim, o Certificado de Garantia de Mercado seria entregue ao cliente como garantia de que have- ria mercado para recompra do animal pelo valor constante da coluna “valor final”, de acordo com a tabela acostada aos autos as fls. 1216-1219, 16. Nao obstante as promessas de recompra de aves ¢ de rentabilidade identificadas nas inspegdes, em 29.11.04, quatro dias apés as inspegdes nas filiais, foi recebida nesta CVM uma cortespondéncia da Avestruz Master (fs. 2 estas la sei den hc ue rend pre ps ea “teers De ‘as enanentosiapelt basen poate, te an deforma epee peste ne ares tele fee ae eines bcm ged emp a frog fa am but a Oe Plea enenaés ose Nese st eR ae sge Fit ue pes ‘ae aera ete pesmena HOR dana ope dress fe ile abet gts eaumes, "nats Pela? 120 € ‘15a pe hee ae teahderc t ns R60 lave ats femeie, » eto ‘eines ge deo de as esas paz dee ences ACR prpustiraebrinalee 15th ete cee dene enum eae um ses anber ew nh ‘ards esr yenanttn ds, 12 1S) eames ee te ramet ds alg dca pore de bg Mes tra sq eng pet tt sire pea era on otc reas aconats fas Sr rp hes Ma, uted" opsne dome Sspannepcss cess onsets foes de pase ase, fig ettands ono ce feet eh gan de meade pra ees ans aca wan FOVDIRETTORIO. 97 Nd REGULAGAO DO MERCADO DE VALORES MOBILIARIOS 1277-1320) “com o objetivo de deixar claro a sua forma negocial que se enqua- dra no comércio de avestruzes’, com a afirmagio de que “ndo hd promesia de rendimentos, juros, nem ao menos recompra, conforme comprometido por doct- ‘mentos entregues a esta Autarquia’. 17. Em 01.12.04, esta Autarquia publicou a Deliberagio CVM n° 473, impondo a Avestruz Master a abstencio de efetuar oferta piiblica de CPRs representativas de vendas para entrega futura de aves, com outras medidas a serem adotadas por aquela empresa, sob pena de multa cominat6ria, 18. Em meados de dezembro, a CVM foi informada sobre a veiculagéo de antincio da Avestruz Master em um canal afiliado 4 TV Globo, em Porto de Galinhas — PE, em que o diretor administrativo da empresa, Sr. Jerson Maciel, citava esta Autarquia 19. Em 23.12.04, foi emitido pela SFI, 0 OF{CIO/CVM/SFI/n°19/04, enderegado & Avestruz Master, garantindo que as afirmagées ld contidas cons- tituiriam desrespeito a Deliberagio CVM n° 473/04, notadamente no que diz respeito & determinagio imposta pelo inciso II, alinea d*. 20. Relata a Comissio de Inquérito que, informagées de investidores co- Ihidas pela SOI apontaram que a Avestruz Master teria continuado a reali- zat operagdes de venda de avestruzes aos seus clientes, através de CPRs, ¢, concomitantemente, garantindo a recompra das aves através do Abatedou- ro Struthio Gold Imp. Exp. ¢ Com, (Struthio Gold), abatedouro do grupo ‘Avestruz Master, por um prego prefixado, apés a edisao da Deliberagao CVM n° 473/04. 21. Em inspegses realizadas simultaneamente, no dia 15.03.05, nas quais os servidores desta CVM se apresentaram, mais uma vez. como pessoas inte- ressadas em investir, em termos gerais, foram obtidas as mesmas constatages anteriores 22. As referidas inspegdes permitiram a conclusio de que as chamadas ‘fliais’ cram, na realidade, sociedades legalmente constituidas independen- temente da Avestruz Master (Avestruz Master Agro Comercial Importagio ¢ Exportagio Ltda.), tendo o Sr. Jerson Maciel da Silva ow este e seus familia- res, participagao majoritéria nas mesmas. 23. Segundo a Comissio de Inquérito (fl. 3824), 0 modus operandi apresen- tado pelos vendedores nas quatro filiais foi bem semelhante, consistindo de: ini ales dt nie ‘30 denn setae d= teed sje fats aber gt racer or erp tie ni git ‘dpe FOVDIRETORIO. 98

Você também pode gostar