As desigualdades decorrentes da aplicação de políticas conservadoras e
neoliberais são consequência da diversidade genética dos povos, não apenas as desigualdades raciais como também as econômicas e educacionais. Navarro analisa um estudo da Universidade de Harvard que afirma categoricamente que os latinos têm formação genética inferior a dos norte-americanos e, por conta dessa distinção, eles são mais propensos a ter menores índices de educação – ou seja, os povos hispânicos têm DNA de menor qualidade que os estadunidenses, e isso é a causa do atraso socioeconômico deles. O autor denota, então, que o estudo analisado contém inúmeros erros, a começar pela inadequada associação entre genética e cultura, uma vez que a diversidade hispânica se deve mais à esta do que à etnia, além da afirmação de que o QI mais baixo das populações latino-americanas se deve ao genoma quando, na verdade, é consequência das segregações de classe impostas pela elite branca desde muitos séculos. A aprovação de tal tese racista reitera, segundo Navarro, a debilidade ideológica que se instaurou nos EUA, igualando-se à teoria geneticista do arianismo apregoado por Hitler à época do nazismo alemão. O referido estudo gerou celeuma na própria universidade, visto que muitos estão taxando a condenação deste como um cerceamento à liberdade de conhecimento e de investigação – Navarro afirma, no entanto, que essas já estão censuradas há muitos em tais espaços acadêmicos, posta a visão ideológica conservadora que predomina nesses, e que o estudo visa a desempoderar as visões contrárias ao conservadorismo estadunidense para enaltecer a presente estrutura de poder sem, porém, medir o impacto das consequências de tal extremismo.