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para um público amplo, não só de geográficos, mas de pessoas que objetivam fazer a pesquisa sócio-
espacial, ou seja àqueles que se preocupam com as questões espaciais, desde sociólogos e antropólogos,
até economistas, historiadores, arquitetos e urbanistas.
O interessante é que vai de encontro ao que Souza (2013) considera na apresentação do livro
em questão, no sentido do entendimento da necessidade de se se erguer “edifícios” que nos permitam
enxergar além e melhor, partindo do pressuposto que os conceitos que ele tão cuidadosamente tenta
especificar seus significados seriam os “tijolos”; assim, a teoria seria o conjunto de “tijolos” e
“argamassa” assentados, formando um todo; e o método sendo a maneira de “assentar os tijolos”, sem
agredir a paisagem. Assim, tal metáfora explica o papel dos conceitos como “unidades explicativas
fundamentais”, bem como constitutivas de qualquer construção teórica.
Concordamos com a visão do autor no sentido de que esses conceitos são “ferramentas’, e que
elas só serão úteis se soubermos usá-las, se tivermos algum mínimo de treinamento sobre elas (daí a
importância da discussão de tais na academia) e sermos familiares com elas. E como bem ele ressaltou:
“A melhor ferramenta de carpintaria será inútil nas mãos de alguém que nada entenda do ofício.” (Souza,
2013, p. 11).
Os conceitos ora trabalhados pelo autor do capítulo 6º ao 10º, tem significados determinados
trazidos que ajudam a compreender melhor a pesquisa ‘sócio-espacial”. Nesse aspecto o autor manifesta
que é importante e preciso interessar-se com nível de profundidade e não somente epidercamente pelas
relações sociais. Bem como pela sociedade concreta, em que as relações sociais são indissociáveis.
Nesse diapasão entrará em cena o “sócio-espacial”, conceito que o autor criou para com o uso do hífen,
falar direta e plenamente das relações sociais.
No exemplo de uma análise de uma partida de futebol, o viés “sócio-espacial” da partida será
examinado em termos de processos vivos, e sem timidez epistemológica, pelas interações que se
desenrolam durante a partida, nos marcos de uma espacialidade determinada e referenciadas por ela.
Os conceitos, portanto, não são tratados, isoladamente em cada um dos capítulos, de forma
estanque, pelo contrário se coadunam e dialogam entre si, cuidadosamente, no decorrer do
desenvolvimento da obra, o que permite a formação de unidade para o pensamento do autor ao longo do
desenvolvimento destes. Assim, observa-se que os conceitos podem ser correlacionados entre si, mas
com cuidado no que se refere às perspectivas teórico-metodológicas e teórico-conceituais, tendo em
vista a bipolarização da geografia ao longo de sua história e a dicotomia das ciências sociais e a
geográfica.
A impressão nossa sobre os conceitos, tidos pelo autor como “básicos”, especificamente os
conceitos de práticas espaciais, substrato espacial material, termos nativos, é no sentido de o autor ter
trazido conceitos cheios de vida para a discussão, posto que por meio de práticas espaciais, analisando
a materialidade concreta do aqui-agora que foi construído por uma confluência de histórias e não de
uma única estória, e que tem na sabedoria do elemento nativo, ou empírico, a possibilidade de
entendimento de uma configuração que fora consubstanciada pelas relações sociais.
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O autor buscou relacionar conceitos novos com conceitos antigos, que eram frutos de uma
geografia mais tradicional, bem como sua intenção fora ir além das especializações estritas e valorizadas
pela ciência atual, permitindo a geógrafos e não geógrafos terem uma dimensão espacial da sociedade e
seus conceitos.
Marcelo Lopes de Souza (2013), conseguiu historicizar nessa obra a Geografia, principalmente
o debate epistemológico, de discussão entre geógrafos e outros atores que influenciaram a conformação,
consolidação, aprimoramento, ressignificação em torno de conceitos que para a pesquisa socioespacial
são de importância fundamental.
Até “sócio-espacial” para ele tem que ter grafia nova para mostrar que o ambiente espacial da
sociedade é dinâmico, composto de fluxos, de elementos subjetivos, produzido historicamente (por
diversas histórias) e não somente uma única. A ideia parece indicar pensar ou refletir de forma dialética,
aproveitando a bipolaridade epistemológica produzida pela Geografia quando determinou
conceituações.
O autor parece incitar-nos a ter um olhar geográfico novo, autônomo, que consiga entender uma
paisagem, como por exemplo uma fotografia de um cartão postal do Rio de Janeiro, para além da
representação imagética percebida num primeiro instante, e sim, vê-la, como um elemento da natureza
primeira usado para vender uma imagem mercadológica, que foi tirada por um determinado ângulo, que
às vezes pode ser um que revela a favela contida atrás da bela imagem do morro esplendoroso, ou a
esconde com medo de apresentá-la, dependendo, portanto do elemento subjetivo intencionalidade
visada.
Essa analogia acima serve para o que foi produzido nestes 10 capítulos da obra, e nossa
impressão é no sentido de que o desafio lançado é perceber por intermédio de conceitos entendidos na
convergência dessa busca de marcar conceitos fundamentais para a pesquisa “sócio-espacial”, como
acreditação de um espaço vivo, que podemos produzi-lo, que podemos contestá-lo mesmo ele sendo
heterônimo, que a ciência não é estática, que conceitos são produzidos a cada momento, que região,
bairro, rede, termos nativos, práticas sociais, escala, são conceitos que devem ser entendidos como
elementos complexos, e não simples estações que não dialogam e não são coetâneos.
A obra parece produzir um certo rizoma que coloca para a pesquisa “sócio-espacial” a
necessidade de fazer-se pesquisa dialogando com outras ciências, sejam naturais ou sociais, com o
espaço vivido, concreto e também o abstrato, o real e o ciberespaço, de ser uma análise sistêmica e
complexa. A impressão é que a perspectiva de entendimento dos conceitos aqui abordados pela obra de
Santos (2013), é no sentido de ser Pelo Espaço, como Dorren Massey fizera ao propor uma nova
imaginação para o espaço e é Estar Vivo como indica (Tim Ingold) no sentido de conhecimento em
movimento.