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CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE - CNEC

CENTRO UNIVERSITÁRIO CENECISTA DE OSÓRIO - UNICNEC


CURSO DE DIREITO

RICARDO NUNES ROLIM

OS LIMITES DA IMUNIDADE PARLAMENTAR DO LEGISLADOR MUNICIPAL

Osório/RS
2017
RICARDO NUNES ROLIM

OS LIMITES DA IMUNIDADE PARLAMENTAR DO LEGISLADOR MUNICIPAL

Projeto de pesquisa apresentado ao curso


de Direito do Centro Universitário
Cenecista de Osório - UNICNEC, como
requisito parcial para a aprovação na
disciplina de Trabalho de Conclusão de
Curso I.

Orientador: Prof. Dr. Everton Ricardo


Bootz

Osório/RS
2017
SUMÁRIO

1 IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO ....................................................................... 3


1.1 Tema .................................................................................................................. 3
1.2 Problema da pesquisa ...................................................................................... 3
1.3 Justificativa ....................................................................................................... 3
2 MARCO TEÓRICO ............................................................................................. 4
2.1 Breve conceito sobre Imunidades Parlamentares ......................................... 4
2.2 Do histórico das Imunidades Parlamentares ................................................. 5
2.3 Os direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988 ......................... 8
2.4 Da diferença entre as Imunidades Parlamentares material e formal ............ 9
2.4.1 Imunidade material ............................................................................................. 9
2.4.2 Imunidade formal .............................................................................................. 10
2.5 Análise jurisprudencial .................................................................................. 11
3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 13
3.1 Objetivo geral .................................................................................................. 13
3.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 13
4 HIPÓTESES ..................................................................................................... 13
5 METODOLOGIA ............................................................................................... 14
6 PLANO PROVISÓRIO ...................................................................................... 14
7 CRONOGRAMA ............................................................................................... 15
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 16
3

1 IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

O presente projeto traz uma abordagem sobre as imunidades parlamentares,


mais especificamente sobre os limites das imunidades do legislador na esfera
municipal. Tratar-se-á sobre o problema de pesquisa, bem como da justificativa.

1.1 Tema

Os limites da Imunidade Parlamentar Material do Vereador durante seu


período de atuação no âmbito do Poder Legislativo Municipal.

1.2 Problema da pesquisa

Até que ponto é garantido ao legislador municipal o direito à Imunidade


Parlamentar Material no exercício de seu mandato frente aos fortes debates
referentes às várias demandas no âmbito territorial de seu município? Quais são
estas limitações? Quais são as imunidades parlamentares? Qual a diferença entre
imunidade material e formal?

1.3 Justificativa

Em virtude da grande importância do trabalho do legislador na esfera


municipal, torna-se relevante o tema no tocante às imunidades concedidas a esse
fiscalizador e criador de leis.
Importante ressaltar que a imunidade parlamentar material visa proteger o
vereador no desempenho de suas funções dentro da circunscrição do município em
que atua, proporcionando ao mesmo a possibilidade de uma melhor atuação no
poder legislativo municipal e, consequentemente, uma melhor fiscalização à atuação
do executivo municipal.
Tal imunidade possui respaldo na Constituição Federal em seu art. 29, VIII,
estando o legislador municipal protegido e respaldado pela Carta Magna e inviolável
ao proferir suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e também
dentro de sua base territorial.
4

Assim, tudo que é praticado pelo vereador, dentro dos limites de sua
inviolabilidade, não constitui fato típico e sim fato atípico.
Neste diapasão, é de mera importância a observância de certos limites
previstos em lei, no tocante a essas inviolabilidades, o que deve ser observado com
muita cautela para que não sejam extrapolados, o que poderia ocasionar em perda
da imunidade e, consequentemente, em crime contra a honra.

2 MARCO TEÓRICO

O marco teórico do presente projeto está assentado no “Conceito sobre as


Imunidades Parlamentares”, como forma de proporcionar um melhor entendimento
sobre o assunto. Também se assenta no “Histórico das referidas Imunidades”,
resgatando o seu surgimento bem como sua evolução ao longo dos tempos. Além
do mais, se fundamenta nas “Previsões Constitucionais acerca do tema”, buscando-
se a compreensão dos limites previstos na Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988. Ainda, alicerça-se na “Jurisprudência” dos Tribunais com relação à
questão, embasando-se em fatos concretos julgados.

2.1 Breve conceito sobre Imunidades Parlamentares

As imunidades parlamentares são garantias conferidas pela Constituição


Federal aos membros do Congresso com a finalidade de assegurar-lhes plenas
condições de atuação independente. Desse modo, essas prerrogativas buscam
excepcionar o direito comum, tendo em vista o objetivo com que foram instituídas
pela carta política.1
Importante a lição do renomado doutrinador Pedro Lenza, quando descreve
que as “Imunidades parlamentares são prerrogativas inerentes à função
parlamentar, garantidoras do exercício do mandato parlamentar, com plena
liberdade”.2

1
FERRAZ, Sérgio Valladão. Curso de direito legislativo: direito parlamentar e processo legislativo.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. p. 54.
2
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo:
Saraiva, 2012. p. 526.
5

Desse modo, embasando-se nas sábias palavras do referido doutrinador,


pode-se afirmar que as Imunidades Parlamentares são prerrogativas irrenunciáveis
que a constituição confere aos membros do Poder Legislativo para que eles possam
exercer seu trabalho com autonomia e independência, buscando uma maior
efetividade de suas funções.

2.2 Do histórico das Imunidades Parlamentares

A origem histórica das imunidades parlamentares remonta muito antes da


elaboração doutrinária do sistema representativo, surgindo na Inglaterra visando
proteger o membro do parlamento contra as prisões arbitrárias determinadas pelo
rei.3
Os Estados Unidos da América seguiram a orientação igual a da Inglaterra,
onde havia previsão no Art.1º, seção 6 da Constituição Americana de 1787, a qual
dispunha que em nenhum caso, a não ser em casos de traição, felonia e violação da
paz, os senadores e representantes poderiam ser presos durante seu
comparecimento às sessões das câmaras. Também previa que os mesmos não
poderiam ser presos durante seu percurso de ida e volta para as câmaras, e nem
mesmo serem incomodados ou interrogados em qualquer outro lugar em razão dos
discursos e opiniões proferidas em uma ou outra câmara.4
As Constituições Ocidentais tem como regra geral consagrar a dupla
imunidade como forma de proteção à atuação parlamentar, prevendo as imunidades
materiais bem como as imunidades formais, como meio protetivo aos representantes
políticos no desenvolver de suas funções.5
As Imunidades Parlamentares no Brasil constaram de todas as constituições,
desde a Constituição do Império de 1824 até a Constituição atual. Dessa forma,
Kildare Gonçalves Carvalho refere que “nenhum senador ou deputado poderia ser
preso sem a ordem da respectiva câmara a não ser em flagrante delito de pena
capital”6, mas salienta o fato de que esta imunidade não impedia que fosse

3
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. 17. ed. rev. e atual. e ampl. Belo
Horizonte: Del Rey, 2011. p. 999-1000.
4
Ibid., p. 1000.
5
Ibid., p. 1000.
6
Ibid., p. 1000.
6

instaurado, em qualquer caso, o processo criminal até a pronúncia, inclusive, depois


do que o prosseguimento da causa ficava na dependência de decisão da câmara.
A Constituição Federal de 1891 previa em seus artigos 19 e 20 que os
congressistas eram invioláveis por suas opiniões, palavras e votos não podendo ser
processados criminalmente sem prévia licença de sua câmara.7 Desse modo, como
descreve o autor, sem a devida licença da respectiva câmara apenas havia
permissão para a prisão do parlamentar no caso de flagrância de crimes
inafiançáveis.
A Constituição Federal de 1934 previa, em seu art. 31, a imunidade do
parlamentar por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato. Também
havia previsão em seu art. 32 sobre a imunidade relacionada à prisão e ao
processo.8 No entanto, a Constituição Federal de 1934, trouxe em seu texto algumas
modificações, a qual salienta Kildare Gonçalves Carvalho:

O texto constitucional promoveu, no entanto, algumas modificações quanto


à imunidade, pois concedia a imunidade processual ao suplente e
prescrevia que logo depois da prisão em flagrante do deputado se
comunicasse o fato ao presidente da câmara, a quem seriam remetidos os
autos e os depoimentos tomados, cabendo à própria câmara resolver sobre
a legitimidade e a conveniência da prisão e autorizar, ou não, a formação da
9
culpa.

Já a Constituição Federal de 1937 previa em seus art. 42 e 43 a exigência de


licença para prisão ou processo do parlamentar durante o prazo em que estivesse
funcionando o parlamento, a não ser em casos de flagrantes em crimes
inafiançáveis. Desse modo, o parlamentar não tinha as garantias quanto às opiniões
e aos votos emitidos no exercício de suas funções, pois era civil e criminalmente
responsável por difamação, calúnia, injúria, ultraje à moral pública ou provocação
pública do crime.10
A Constituição Federal de 1946 consagrou, em seus art. 44 e 45, as
imunidades material e formal, ao dispor que os Deputados e Senadores são
invioláveis por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato, e que
desde a expedição do diploma até a inauguração da legislatura seguinte, os

7 CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. 17. ed. rev. e atual. e ampl. Belo
Horizonte: Del Rey, 2011. p. 1000.
8
Ibid., p. 1001.
9
Ibid., p. 1001.
10
Ibid., p. 1001.
7

membros do Congresso Nacional não poderiam ser presos, salvo em flagrante de


crimes inafiançáveis, nem poderiam ser processados criminalmente sem prévia
licença de sua casa.11
A carta de 1967 estabeleceu em seu art. 34 as imunidades material e formal,
o que garantia a inviolabilidade do congressista pelas opiniões, palavras e votos
proferidos no exercício de seu mandato.12
Já a Emenda Constitucional nº1/69 previa em seu conteúdo a inviolabilidade
dos deputados e senadores no exercício do mandato, protegendo-os por suas
opiniões, palavras e votos. Porém, estabelecia que os mesmos pudessem ser
responsabilizados nos casos de crimes contra a segurança nacional. Previa também
que os congressistas não poderiam ser presos desde a expedição do diploma até a
inauguração da legislatura seguinte, a não ser em caso de crime inafiançável. Além
do mais, não poderiam ser processados criminalmente sem prévia licença da
câmara, exceto em caso de crimes contra a Segurança Nacional.13
Já a atual Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, previa em
sua redação originária tanto as imunidades materiais quanto as imunidades formais.
Assim dispõe Kildare Gonçalves Carvalho:

A Constituição de1988, na sua redação originária, previa as imunidades


material e formal. Estabelecia que deputados e senadores eram invioláveis
por suas opiniões, palavras e votos, e desde a expedição do diploma não
poderiam ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, nem
14
processados criminalmente, sem prévia licença de sua casa.

Com a Emenda Constitucional nº 35, de 20 de dezembro de 2001, novas


regras foram estabelecidas para as imunidades parlamentares, sendo estas regras
observadas atualmente.15
Nesse sentido, contemplando-se as palavras deste renomado doutrinador,
pode-se entender que ao longo das diversas Constituições brasileiras havia
previsões destas imunidades, tanto materiais quanto formais, como forma de
proporcionar aos legisladores um melhor desempenho de suas atividades
legislativas.

11
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. 17. ed. rev. e atual. e ampl. Belo
Horizonte: Del Rey, 2011. p. 1002.
12
Ibid., p. 1002.
13
Ibid., p. 1002.
14
Ibid., p. 1002.
15
Ibid., p. 1002.
8

2.3 Os direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988

Com relação às Imunidades Parlamentares Materiais dos vereadores, pode-


se dizer que tal imunidade possui respaldo na Constituição Federal em seu art. 29,
VIII, que assim dispõe:

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com
o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros
da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os
seguintes preceitos:
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no
16
exercício do mandato e na circunscrição do Município;

Nesse sentido, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 traz


em seu conteúdo as previsões da imunidade material aos vereadores, porém,
estipula alguns limites, sendo que estes limites se referem às opiniões e aos votos
proferidos no desempenho da função legislativa, e também às questões de tempo
quando remete ao exercício do mandato, bem como às questões de espaço quando
dispõe sobre o limite territorial do município de atuação do legislador.
Importante a lição de Sérgio Valladão Ferraz, no que diz respeito às
imunidades dos vereadores:

Em relação às imunidades, a única que os vereadores possuem refere-se à


imunidade material para o fiel e livre desempenho de suas funções, como
também possuem os congressistas, porém com a importantíssima restrição
de a inviolabilidade abranger apenas os limites territoriais do Município em
que é vereador. Fora do território do seu município, o vereador não está
protegido por nenhuma imunidade, permanecendo, no entanto, com todas
17
as suas incompatibilidades e proibições.

Resta claro no entendimento do referido autor, que deve se encontrar


presente o requisito territorialidade, onde sem este pressuposto a imunidade não
ocorre e, consequentemente, o vereador não está protegido, estando sujeito às
sanções previstas.

16
BRASIL. Constituição (1988). Art. 29, VIII.
17
FERRAZ, Sérgio Valladão. Curso de direito legislativo: direito parlamentar e processo legislativo.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. p. 68.
9

2.4 Da diferença entre as Imunidades Parlamentares material e formal

2.4.1 Imunidade material

A Constituição Federal de 1988 descreve claramente em seu texto sobre a


Imunidade Parlamentar Material. Em seu Art. 53, CAPUT, com redação determinada
pela Emenda Constitucional nº 35/2001, dispõe que “os deputados e senadores são
invioláveis civil e penalmente por suas opiniões, palavras e votos”.18
Também dispõe em seu Art. 29, VIII, sobre as imunidades materiais dos
vereadores.19
A Imunidade Parlamentar Material tem a função de proteger o legislador
durante seu trabalho legislativo, afastando a ilicitude de suas condutas, desde que
dentro dos parâmetros legais. Assim entende-se que se a conduta é lícita, dela não
decorre a responsabilidade civil, penal e administrativa.20
Neste sentido, descreve Sérgio Valladão Ferraz:

Também chamada de inviolabilidade, afasta o caráter ilícito da conduta sob


a qual incide. Isso quer dizer que quem é protegido por inviolabilidade, não
comete ilícito algum ao agir (dentro dos parâmetros protegidos). Se a
conduta é lícita, dela não decorre qualquer responsabilidade penal, civil,
21
administrativa ou disciplinar.

No tocante às limitações, salienta-se o entendimento de que “as Imunidades


Materiais são invocáveis somente nas hipóteses em que as palavras, as opiniões e
os votos são emitidos em atividades relacionadas ao mandato, no recinto do
parlamento ou fora dele”.22

18
BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 35, de 20 de dezembro de 2001. Dá nova
redação ao art. 53 de Constituição Federal. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 20 dez. 2001.
19
BRASIL. Constituição (1988). Art. 29, VIII.
20
FERRAZ, Sérgio Valladão. Curso de direito legislativo: direito parlamentar e processo legislativo.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. p. 54.
21
Ibid., p. 54.
22
SILVA, Roberto Baptista Dias da. Manual de direito constitucional. Barueri: Manole, 2007. p.
213-214.
10

Desse modo, importante lembrar que “o parlamentar se acha protegido pela


imunidade material ainda que sua manifestação, desde que guarde relação com o
exercício do mandato, seja produzida fora do recinto da casa legislativa”. 23

2.4.2 Imunidade formal

A imunidade Parlamentar Formal não afasta a ilicitude da conduta, apenas


impede que a pessoa protegida seja processada ou presa em razão do ato ilícito que
cometeu.24 Nesse sentido, conceitua Pedro Lenza:

A imunidade formal ou processual está relacionada à prisão dos


parlamentares, bem como ao processo a ser instaurado contra eles.
Devemos, então, saber quando os parlamentares poderão ser presos, bem
25
como se será possível instaurar processo contra eles.

Cabe ressaltar o preceito de que “a imunidade formal ou processual (freedom


from arrest) não exclui o crime: garante o congressista contra a prisão ou o processo
penal, segundo o sistema brasileiro”.26
Torna-se relevante a lição do renomado doutrinador Roberto Baptista Dias da
Silva:

As Imunidades Formais são garantias que dizem respeito à prisão do


parlamentar e aos processos judiciais a que ele poderá se sujeitar, ou seja,
são as prerrogativas conferidas pela Constituição aos parlamentares quanto
27
à prisão deles e aos processos judiciais que a eles se pretende impor.

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 53, §§ 2º e 3º com redação


determinada pela Emenda Constitucional nº 35/2001, dispõe sobre as imunidades
formais quanto à prisão e quanto ao processo sucessivamente.28

23
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. 17. ed. rev. e atual. e ampl. Belo
Horizonte: Del Rey, 2011. p. 1003.
24
FERRAZ, Sérgio Valladão. Curso de direito legislativo: direito parlamentar e processo legislativo.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. p. 55.
25
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo:
Saraiva, 2012. p. 528.
26
CARVALHO, op. cit., p. 1004.
27
SILVA, Roberto Baptista Dias da. Manual de direito constitucional. Barueri: Manole, 2007. p. 213.
28
BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 35, de 20 de dezembro de 2001. Dá nova
redação ao art. 53 de Constituição Federal. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 20 dez. 2001.
11

Em observância às palavras dos referidos autores deve-se considerar o fato


de que enquanto a Imunidade Parlamentar Material diz respeito à liberdade ao voto
e também à liberdade de expressão, a Imunidade Parlamentar Formal relaciona-se
à privação do direito à liberdade de ir e vir.

2.5 Análise jurisprudencial

Importante que se faça uma breve análise das decisões proferidas pelos
tribunais com relação a casos concretos referentes às prerrogativas das Imunidades
Parlamentares.
Conforme jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em
julgado realizado em 14 de maio de 2014 pela Nona Câmara Cível da Comarca de
São Borja:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO


POR DANOS MORAIS. AGRAVO RETIDO. SINDICATO DOS MÉDICOS
DO RIO GRANDE DO SUL. ILEGITIMIDADE ATIVA AFASTADA. DIREITO
INDIVIDUAL HOMOGÊNEO. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE
DEFESA RECHAÇADA. OFENSAS PROFERIDAS POR
VEREADORMUNICIPAL À HONRA DOS MÉDICOS DO HOSPITAL DE
SÃO BORJA. IMUNIDADE PARLAMENTAR MATERIAL EXTRAPOLADA.
DEVER INDENIZATÓRIO CONFIGURADO. DANOS MORAIS IN RE IPSA.
MANUTENÇÃO DO QUANTUM. (Apelação Cível Nº 70059250795, Nona
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Iris Helena Medeiros
29
Nogueira, Julgado em 14/05/2014).

O caso em tela é uma Apelação Cível interposta pelo vereador Celso Andrade
Lopes nos autos da ação de reparação de danos morais promovida pelo Sindicato
Médico do Rio Grande do Sul contra sentença que julgou procedente a reparação de
Danos Morais.
O vereador foi condenado a pagar o valor de trinta mil reais em indenização
além de ter que se retratar em jornal de circulação local.
O fato ocorreu tendo em vista a manifestação exagerada por parte do
vereador ao se referir aos médicos do Hospital Ivan Goulart da cidade de São Borja
no Rio Grande do Sul, sendo esta manifestação realizada em sessão legislativa e
transmitida pela rádio local.

29
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Apelação Cível nº 70059250795. Apelante: Celso
Andrade Lopes. Apelado: Sindicato Médico do Rio Grande do Sul. Relator: Des. Iris Helena Medeiros
Nogueira. São Borja, 14 mai. 2014. Diário da Justiça, Porto Alegre, RS, 21 mai. 2014.
12

O SIMERS alegou o fato de que o representante do legislativo do município


atingiu a imagem, a honra e a dignidade dos profissionais médicos da região,
quando, durante a reunião da câmara fez um discurso forte a respeito da saúde
municipal, mais especificamente, nas dependências do citado hospital.
O vereador, ao ser demandado arguiu cerceamento de defesa, sustentando
ter sido ignorado o contraditório e também defendeu preliminarmente que apenas
desistiu da produção de mais provas alegando que o autor postulou em uma de suas
manifestações a improcedência da ação, dizendo-se ludibriado pela parte autora.
Defendeu-se alegando que seu pronunciamento na tribuna da câmara
municipal de vereadores de São Borja foi exclusivamente político, o que não incidiria
em crime contra a honra dos médicos do hospital.
Disse que as críticas, as quais foram proferidas em plenário, estão inseridas
na sua área de atuação parlamentar.
Discorreu também sobre a inviolabilidade e imunidade parlamentar e disse
que foram os próprios médicos que deram publicidade ao fato.
Os desembargadores integrantes da nona câmara cível do Tribunal de Justiça
do Estado do Rio Grande do Sul, ao analisarem cautelosamente o referido caso,
opinaram pelo desprovimento do agravo retido e afastar a preliminar, bem como por
maioria desprover o apelo.
Cabe salientar o fato de que os desembargadores argumentaram que o ato
do vereador emerge inequívoco e cristalino o ataque doloso do requerido contra a
honra dos médicos, visto que as expressões utilizadas pelo demandado foram
ofensivas à honra objetiva e subjetiva dos profissionais.
Frisaram que o direito de crítica não deve afetar a estrita personalidade do
personagem, independentemente do grau de relevância pública de suas atividades,
como ocorreu.
Ao utilizarem do art.29, VIII, CF/88, devendo-se ao fato de que a imunidade
parlamentar material prevista no dispositivo não é absoluta, devendo ser analisada
caso a caso.
Argumentaram que as ofensas proferidas pelo réu não tinham nenhum liame
com os interesses municipais nem mesmo pertinência com o mandato. Além do
mais, justificaram que a imunidade parlamentar não pode ser considerada como
sinônimo de imunidade, sendo que a imunidade parlamentar material dos
vereadores não pode ser utilizada como escudo e assacadilhas.
13

Assim, restaram presentes, no caso, o ato, o nexo causal, e a violação do


dano moral pela violação dos direitos de personalidade.

3 OBJETIVOS

Nesta seção serão apresentados o objetivo geral e os objetivos específicos


deste projeto de pesquisa.

3.1 Objetivo geral

Este trabalho busca analisar os limites da imunidade parlamentar do


legislador na esfera municipal, no que tange às suas opiniões, palavras e votos no
desempenho de seu mandato.

3.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos consistem em:


a) Analisar as imunidades parlamentares como prerrogativas do Poder
Legislativo na esfera municipal;
b) Fazer uma exposição da visão contemporânea de doutrinadores sobre as
prerrogativas das imunidades;
c) Analisar até que ponto as palavras proferidas pelo legislador municipal no
desempenho de suas funções são passíveis de imunidade;
d) Analisar a jurisprudência do TJ/RS em decisões relacionadas às imunidades
parlamentares.

4 HIPÓTESES

Essas limitações encontram previsão na Constituição da República Federativa


do Brasil de 1988, tendo por parâmetros o limite territorial do município de atuação
do vereador, bem como o exercício do mandato.
Outro fator limitante desta imunidade é o fato de o legislador proferir palavras
que venham a ofender a honra de outrem e que destoem da real finalidade
legislativa.
14

As imunidades parlamentares se subdividem em Imunidades Parlamentares


Formais e Imunidades Parlamentares Materiais. As Imunidades Parlamentares
Materiais são prerrogativas que afastam o caráter ilícito da conduta sob a qual
incide, não decorrendo responsabilidade civil, penal, administrativa ou disciplinar
quanto aos atos do legislador.
Já as Imunidades Parlamentares Formais, não afastam a ilicitude da conduta,
apenas impedem que a pessoa protegida seja processada ou presa em razão do ato
ilícito que cometeu.

5 METODOLOGIA

A metodologia empregada no presente estudo é a metodologia bibliográfica


através de pesquisa em livros doutrinários do direito constitucional. Ainda serão
efetuadas pesquisas e análise de julgados do Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Sul, que tratam do tema, e suas consequentes resoluções. Posteriormente, o estudo
será apresentado na forma de artigo científico, sendo a pesquisa realizada segundo
o método dialético.

6 PLANO PROVISÓRIO

1 INTRODUÇÃO
2 DAS CARACTERÍSTICAS DA IMUNIDADE PARLAMENTAR
2.1 Breve conceito sobre Imunidades Parlamentares
2.2 Do histórico da Imunidade Parlamentar
2.3 Dos direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988
2.4 Da diferença entre as Imunidades Parlamentares material e formal
2.4.1 Da Imunidade material
2.4.2 Da Imunidade formal
3 DA ANÁLISE JURISPRUDENCIAL
3.1 Do argumento jurisdicional a favor da imunidade parlamentar
3.2 Do argumento jurisdicional contra a imunidade parlamentar
4 DOS LIMITES DA IMUNIDADE PARLAMENTAR DO LEGISLADOR MUNICIPAL
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
15

7 CRONOGRAMA

O cronograma a seguir busca distribuir as atividades na elaboração do projeto


de pesquisa:

ATIVIDADE FEV 2017 MAR 2017 ABR 2017 MAI 2017 JUN 2017

Escolha do
Orientador
Discussão sobre
o tema
Apresentação do
tema e
justificativa
Objetivos geral e
específicos
Busca
bibliográfica
Problema de
pesquisa
Hipóteses e
marco teórico
Metodologia e
plano provisório
Revisão geral

Entrega do
projeto

Apresentação do
projeto
16

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 35, de 20 de dezembro de


2001. Dá nova redação ao art. 53 de Constituição Federal. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 dez. 2001.

CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. 17. ed. rev. e atual. e ampl.
Belo Horizonte: Del Rey, 2011, p. 999-1004.

FERRAZ, Sérgio Valladão. Curso de direito legislativo: direito parlamentar e


processo legislativo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, p. 54-68.

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed. rev. atual. e ampl.
São Paulo: Saraiva, 2012, p. 526-528.

RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Apelação Cível nº 70059250795.


Apelante: Celso Andrade Lopes. Apelado: Sindicato Médico do Rio Grande do Sul.
Relator: Des. Iris Helena Medeiros Nogueira. São Borja, 14 mai. 2014. Diário da
Justiça, Porto Alegre, RS, 21 mai. 2014.

SILVA, Roberto Baptista Dias da. Manual de direito constitucional. Barueri:


Manole, 2007, p. 213-214

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