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TÍTULO: Determinação de flechas imediatas

de protótipos de lajes pré-moldadas


treliçadas utilizando a expressão de
Branson

AUTOR(ES): Santos, Marcos Rebuá dos;


Trigo, Ana Paula Moreno;
Akasaki, Jorge Luís; Melges,
José Luiz Pinheiro; Bertolino
Júnior, Renato; Fioriti, Cesar
Fabiano

ANO: 2012

PALAVRAS-CHAVE: Laje pré-moldada


treliçada; Concreto
Armado; Norma;
Modelagem numérica

e-Artigo: 060 – 2012

Av. Brigadeiro Faria Lima, 1993 – cj. 61 – São Paulo/SP– 01452-001 – fone: (11)3938-9400
www.abece.com.br – abece@abece.com.br
Determinação de flechas imediatas de protótipos de lajes pré-moldadas
treliçadas utilizando a expressão de Branson
Determination of instantaneous displacements on simple lattice joist precast slab
prototypes using the Branson expression
Santos, Marcos Rebuá dos (1); Trigo, Ana Paula Moreno (2); Akasaki, Jorge Luís (3); Melges,
José Luiz Pinheiro (3); Bertolino Júnior, Renato (3); Fioriti, Cesar Fabiano (4)

(1) Aluno de Mestrado, Engenharia Civil, UNESP-Ilha Solteira


(2) Aluna de Doutorado, Escola de Engenharia de São Carlos, USP
(3) Professor Doutor, Departamento de Engenharia Civil, UNESP-Ilha Solteira
Alameda Bahia, 550, 15385-000, Ilha Solteira-SP
(4) Professor Doutor, Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, UNISALESIANO

Resumo
Neste trabalho, resultados experimentais relacionados a flechas imediatas de protótipos de lajes pré-
moldadas treliçadas biapoiadas são comparados com resultados numéricos obtidos por meio de diferentes
modos de utilização da expressão de Branson, que é a usada pela NBR 6118:2003. Foram feitas as
seguintes análises: aplicação da expressão considerando-se o elemento estrutural como um todo
(“Branson - Norma”); aplicação da expressão, com o auxílio do sistema computacional Ansys, para cada
elemento finito gerado pela subdivisão do elemento estrutural (“Branson - Discretizado”); aplicação das
expressões do momento de fissuração e dos momentos de inércia nos estádios I e II, com o auxílio do
sistema computacional Ansys, para simular a rigidez de cada elemento finito gerado pela subdivisão do
elemento estrutural (“Ansys - Estádios I e II”). Considerando-se o Estado Limite de Serviço (ou de
Utilização), os métodos de “Branson - Norma” e “Ansys - Estádios I e II” apresentaram resultados a favor da
segurança, considerando-se, nos cálculos, o momento de fissuração obtido conforme as recomendações da
NBR 6118:2003. Caso seja considerado o momento de fissuração obtido experimentalmente, os resultados
tornam-se contrários à segurança. Com relação ao método “Branson - Discretizado”, os resultados não
foram satisfatórios em função da grande rigidez conferida à estrutura por este tipo de modelagem numérica.
Palavra-Chave: laje pré-moldada treliçada; concreto armado; norma; modelagem numérica

Abstract
In this work, experimental results related to instantaneous vertical displacements of bi-supported lattice joist
precast slab prototypes are compared with numerical results obtained through different ways to use the
Branson theory, which is the recommended one by the brazilian code (NBR 6118:2003). The different ways
that the Branson theory was applied were: application of the expression considering the whole structural
element (“Branson - Code”); application of the expression, with the help of a finite element software (Ansys),
in each finite element produced by the subdivision of the structural element (“Branson - Discretized”);
application of the expressions of the cracking moment and the of the moments of Inertia of section in states I
and II, with the help of a finite element software (Ansys), in each finite element produced by the subdivision
of the structural element (“Ansys - States I and II”). Considering the serviceability requirements and the
cracking moment obtained according to the recommendations of the NBR 6118:2003, the methods of
“Branson - Code” and “Ansys - States I and II” showed safe results. But if it is considered the experimentally
obtained cracking moment, the results were not appropriated. Regarding the “Branson - Discretized” method,
the results were not satisfactory due to the higher stiffness provided to the structure by this type of numerical
modeling.
Keywords: lattice joist precast slabs; reinforced concrete; code; numerical modeling

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1 Introdução
Com a evolução da informática e com o surgimento de novos materiais, novas
técnicas construtivas e novos modelos de cálculo têm sido desenvolvidos. Como exemplo,
têm-se as lajes pré-moldadas treliçadas, que, para determinadas situações, podem
substituir a laje maciça com as seguintes vantagens: capacidade para vencer vãos
maiores com um menor volume de concreto, menor volume de fôrmas, reduções do peso
próprio e do tempo de execução.
Um estudo relacionado a lajes pré-moldadas treliçadas, com e sem resíduos de
borracha de pneu adicionados no concreto complementar da capa e das nervuras, foi
realizado por Trigo (2008), que analisou os deslocamentos do vão central, comparando-os
com os limites indicados pela NBR 6118:2003.
São apresentados, neste trabalho, diferentes modos de aplicar a expressão de
Branson, comparando os resultados numéricos com os resultados experimentais obtidos
para os protótipos com concreto complementar sem a adição de resíduos.

2 Metodologia
2.1 Apresentação dos ensaios experimentais
Trigo (2008), por meio de ensaios experimentais realizados no Núcleo de Ensino e
Pesquisa da Alvenaria Estrutural (NEPAE), da UNESP - Campus de Ilha Solteira, estudou
o deslocamento do vão central de três lajes pré-moldadas treliçadas unidirecionais, de
mesma dimensão, biapoiadas, com cargas linearmente distribuídas aplicadas na capa e a
70 cm dos apoios (Figura 1a). A seção transversal das lajes está mostrada na Figura 1b.
O comprimento e o vão teórico das lajes foram de, respectivamente, 210cm e 200cm. O
detalhe que diferenciou cada uma das lajes foi a instrumentação usada para a
determinação dos deslocamentos e das deformações no concreto e na armadura. Em
uma das lajes, foram usados somente relógios comparadores (P1); em outra, foram
usados relógios comparadores e extensômetros colados ao concreto (P2); na última laje,
além de relógios comparadores e de extensômetros colados ao concreto, foram usados,
ainda, extensômetros colados à armadura (P3).

(a) (b)
Figura 1 – Vista de um protótipo e dimensões (em cm) da seção transversal (TRIGO, 2008).

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Foram utilizados dois tipos de concreto: um com cimento CPII E 32, para o
concreto complementar, e o outro, com CPV ARI Plus, para a confecção das vigotas pré-
moldadas treliçadas. Os dois concretos foram dosados de modo a se obter uma
resistência característica à compressão (fck) mínima de 20 MPa, aos 28 dias, e um
abatimento de 7±1 cm. A Tabela 1 apresenta os resultados das características físicas e
mecânicas do concreto complementar utilizado nos protótipos P1, P2 e P3.

Tabela 1 – Características físicas e mecânicas do concreto complementar utilizado nos protótipos.

Resistência à Resistência à Tração Módulo de Massa Teor de Ar


Protótipo Compressão (MPa) (MPa) Elasticidade (GPa) Específica Incorporado
(kg/m3) (%)
7 dias 28 dias 7 dias 28 dias 7 dias 28 dias
P1 15,58 21,68 2,29 3,12 22,37 26,37 2 389,31 3,9
P2 e P3 18,33 27,57 2,47 3,44 26,57 30,95 2 382,74 4,1
Fonte: TRIGO, 2008.

2.2 Expressão de Branson


2.2.1 Modelo adotado pela NBR 6118:2003 (“Branson - Norma”)
A avaliação da flecha imediata foi feita com base na expressão de Branson,
indicada pela NBR 6118:2003, que é específica para vigas; para poder aplicá-la aos
protótipos ensaiados, considerou-se a seção transversal das lajes pré-moldadas
treliçadas como sendo igual à seção transversal de vigas “T”. Neste trabalho, esta
modelagem foi definida como “Branson - Norma”.
A expressão de Branson é apresentada na Equação 1, que considera uma rigidez
equivalente e constante ao longo de todo o elemento estrutural. Essa rigidez é obtida pela
interpolação direta das rigidezes entre os estádios I e II puro, conforme Santine (2005).
Na Figura 2, pode-se observar o surgimento de fissuras quando o momento atuante da
seção mais solicitada (Ma) é maior do que o momento de fissuração (Mr).

Figura 2 - Comportamento de um elemento estrutural quando solicitado à flexão simples.

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 
3  M 
3 
 M  I II 
EI eq  E cs   r  I c  1   r    E cs I c (Equação 1)
  Ma 
  
 Ma 
  
onde:
Ic = momento de inércia da seção transversal bruta de concreto;
III = momento de inércia da seção fissurada de concreto no estádio II;
Ma = momento fletor máximo na seção analisada;
Mr = momento de fissuração do elemento estrutural;
Ecs = módulo de elasticidade secante do concreto.

O cálculo do deslocamento no vão central da laje é realizado pela Equação 2,


baseada na teoria da Resistência dos Materiais, de acordo com o esquema estático
representado na Figura 3.

v max 

P a 3 2  4 a 2  (Equação 2)
24 EI eq

Figura 3 - Esquema estático do ensaio experimental realizado.

2.2.2 Aplicação da expressão de Branson utilizando o programa ANSYS® (“Branson –


Discretizado”)
A consideração do comportamento não-linear das lajes foi realizada através do
software ANSYS® (versão 11.0), que trabalha com o método dos elementos finitos. Foi
utilizada a linguagem APDL, que segue o padrão de uma linguagem de programação.
Para considerar a não-linearidade da laje, ao invés de se considerar uma
diminuição do valor do momento de inércia da seção transversal, quando o momento de
fissuração é atingido, foi feita uma redução no módulo de elasticidade. Este procedimento
foi adotado em função se ter uma melhor facilidade na programação e na atualização do
valor da rigidez do elemento estrutural.
A modelagem através da linguagem APDL foi dividida em quatro partes, conforme
mostra o fluxograma apresentado na Figura 4: entrada de dados; aplicação das
características e geração das tabelas; carregamento inicial; carregamento incremental.
Esta modelagem numérica foi definida, neste trabalho, como “Branson - Discretizado”.
Droppa e El Debs (2001) destacam que o carregamento incremental considera que
em cada etapa de carga, há linearidade entre esforços e deslocamentos. Deste modo,
com certo número mínimo de etapas de carregamento, adapta-se o problema não-linear
em uma soma de parcelas lineares. Quanto maior for o número de etapas de
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carregamento, mais precisa será a avaliação. Neste trabalho, foram adotadas 20 etapas
de carregamento, suficientes para garantir uma precisão adequada aos resultados.
Na Figura 5, tem-se a divisão da laje em 20 elementos lineares finitos apenas para
facilitar a visualização, uma vez que, na realidade, a laje foi dividida em 40 elementos.
O tipo de elemento finito usado para simular a laje foi o BEAM3-2D, mostrado na
Figura 6. Este elemento é bidirecional, com três graus de liberdade em cada nó, com
translação em X e Y, e rotação em torno do eixo Z. Para definir as características da
seção transversal foram necessários fornecer apenas os valores da área, do momento de
inércia e da altura da laje.

®
Figura 4 – Fluxograma do esquema utilizado na linguagem APDL do software ANSYS .

Figura 5 –Divisão da laje em elementos lineares finitos.

Figura 6 – Elemento finito: Beam3 - 2D

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Na etapa do carregamento incremental, para cada elemento discretizado da laje, foi
feita a atualização do módulo de elasticidade utilizando-se a Equação 3, que está em
função do respectivo momento máximo atuante no elemento, referente à etapa anterior.

 
3  M 
3 
 M  I II 
E cs   r  I c  1   r 
  M a    Ma   
 
E eq   E cs (Equação 3)
Ic

2.2.3 Aplicação da formulação dos estádios I e II com o auxílio do programa ANSYS®


(“Ansys – Estádios I e II”)
Logo no início da aplicação do carregamento, o elemento estrutural apresenta uma
rigidez da seção transversal constante, que se deve à pequena magnitude dos esforços
solicitantes, gerando um comportamento linear.
Após o início da fissuração, ocorre uma diminuição dessa rigidez. O cálculo do
momento de fissuração (Mr) e do momento de inércia quando fissurado (III) são
determinados através das Equações 4 e 5, respectivamente. A expressão 5 refere-se a
uma seção “T” com comportamento de seção retangular, ou seja, quando a linha neutra
corta a mesa da seção transversal. Deste modo, utilizou-se novamente a linguagem APDL
e o fluxograma apresentado na Figura 4 para representar o comportamento de cada
elemento finito da laje na seguinte condição: quando o momento atuante em um
determinado elemento fosse maior que o momento de fissuração, adotava-se, para este
elemento, o momento de inércia fissurado (III); caso contrario, adotava-se o momento de
inércia da seção transversal bruta de concreto (Ic). Esta modelagem numérica foi
denominada, neste trabalho, de “Ansys - Estádios I e II”.

 f ct I c
Mr  (Equação 4)
yt

b f x3
I II    e  Asi d i  x 2 (Equação 5)
3

onde:
 = 1,5 para seções retangulares ou 1,2 para seções T ou duplo T;
yt = distância do centro de gravidade da seção bruta à fibra mais tracionada;
fct = resistência à tração direta do concreto;
As = área de aço;
e = Es / Ecs;
Es = módulo de elasticidade de aço, considerado como sendo igual a 21 000 kN/cm2.

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2.2.4 Influência das ações permanentes no cálculo dos deslocamentos
Nos ensaios realizados por Trigo (2008), os relógios comparadores foram
colocados após o posicionamento da laje no local do ensaio e também após a colocação
dos perfis metálicos usados para transferir o carregamento à estrutura. Com isso, os
deslocamentos medidos estão relacionados somente com a carga aplicada pelos
macacos, não sendo consideradas as flechas iniciais provocadas pelo peso dos perfis e
nem pelo peso próprio da laje. No método de Branson, a rigidez está diretamente ligada
ao momento atuante na seção transversal e ao momento de fissuração. Para levar em
consideração os efeitos do peso dos perfis e do peso próprio das lajes na redução da
rigidez do elemento estrutural, existem duas alternativas que geram resultados
completamente diferentes: subtrair esses momentos fletores permanentes do momento de
fissuração ou somá-los aos momentos atuantes provocados pela aplicação da força pelos
macacos hidráulicos. Considerou-se que é preferível somar os momentos permanentes
ao momento atuante na seção transversal do que diminuir o valor do momento de
fissuração, que é uma característica mecânica do concreto utilizado. Deste modo, nos
gráficos apresentados na Figura 7, pode-se observar que a curva não se inicia na origem,
mas sim em um ponto correspondente a um momento igual a 77 kN.cm. Pode-se
observar ainda que o procedimento adotado apresentou um comportamento mais próximo
do resultado experimental, principalmente para uma relação flecha/vão igual a 0,004, que,
por sua vez, corresponde ao Estado Limite de Serviço, segundo a NBR 6118:2003.

(a) (b)

(c)
Figura 7 – Branson com Ma somado e com Mr subtraído, aplicados aos protótipos P1 (a), P2 (b) e P3 (c).
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3 Apresentação e análise dos resultados
Apresentam-se, nas Tabelas 2 e 3, as características geométricas e mecânicas dos
protótipos ensaiados, respectivamente.

Tabela 2 – Características geométricas dos protótipos P1, P2 e P3.

Área ( Ag, em cm²) 397


Altura (h, em cm) 9,5
Altura útil (d, em cm) 8,3
Altura da mesa (hf, em cm) 3,5
Cobrimento superior (d', em cm) 1,6
Largura da mesa (bf, em cm) 86
Largura da nervura (bw, em cm) 8
Momento de inércia da seção bruta (Ic, em cm4) 2 237,5
Centro geométrico da seção bruta, conforme eixo y
2,9
(distância ycg, em relação à borda comprimida, em cm)
Área de aço tracionada (Ast, em cm²) 0,55
Área de aço comprimida (Asc, em cm²) 0,56

Tabela 3 – Características mecânicas calculadas e obtidas experimentalmente, usadas para aplicar o


método de Branson aos protótipos P1, P2 e P3.

Protótipo P1 P2 P3
Resistência média à compressão (fcm, em kN/cm²) 2,168 2,757
Resistência à tração axial (fct,m, em kN/cm²) 0,233 0,274
Módulo de elasticidade concreto (Ec, em kN/cm²) 2 607 2 940
Módulo de elasticidade secante (Ecs, em kN/cm²) 2 216 2 499
4
Momento de inércia estádio II (III, em cm ) 308,3 276,2
Momento de fissuração calculado (Mr, em kN.cm) 94,9 111,4
Momento de Ruína Calculado (em kN.cm) 285,7 288,3
Momento de Ruína Experimental (em kN.cm) 357,6 293,3 380,41
Domínio de cálculo 2ª
Resistência característica do aço (fym, em kN/cm²) 60
Módulo de elasticidade aço (Es, em kN/cm²) 21 000

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A definição do instante em que os relógios comparadores são retirados e o valor
do momento de fissuração experimental, ou seja, aquele a partir da qual o comportamento
do protótipo deixa de ser linear, podem ser obtidos por meio do gráfico que relaciona o
deslocamento ao tempo de duração do ensaio, devidamente adaptado. Nas duas
situações, observam-se mudanças bruscas na inclinação da curva (Figura 8).

Figura 8 – Exemplo do gráfico “Tempo x deslocamento” usado para a análise do protótipo P1

Nas Figuras 9, 10 e 11, além das flechas consideradas até o instante em que os
relógios são retirados, também são apresentados os momentos correspondentes à ruína
dos protótipos P1, P2 e P3, respectivamente (Mrup.).
Para os protótipos P1 e P3, os relógios comparadores foram retirados antes da
ruína, quando os momentos fletores atingiram os valores 342,3 kN.cm, e 364,7 kN.cm,
respectivamente. Já para o protótipo P2, a ruína ocorreu antes que os relógios fossem
retirados, correspondendo a um momento fletor atuante na seção mais solicitada igual a
290,3 kN.cm.
Considerando-se, no cálculo das flechas, o valor do momento de fissuração obtido
segundo as recomendações da NBR 6118:2003, pode-se observar, com base nas Figuras
9, 10 e 11, que até que o Estado Limite de Serviço fosse atingido, correspondendo a uma
relação flecha/vão igual a 0,004, os métodos “Branson - Norma” e “Ansys - Estádios I e II”
forneceram resultados adequados, uma vez que este estado limite foi atingido para
momentos fletores, que atuavam na seção relativa ao meio do vão, menores que os
observados nos ensaios experimentais.
Tomando-se como referência os valores dos momentos fletores experimentais
correspondentes ao Estado Limite de Serviço, o método “Branson - Norma”, aplicado aos
protótipos P1, P2 e P3, apresentou valores menores, sendo essas diferenças percentuais
iguais a 2%, 5% e 16%, respectivamente. Já para o “Ansys - Estádios I e II”, essas
diferenças foram maiores, sendo iguais a 9%,13% e 23%, respectivamente.
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Observou-se que o método “Branson - Discretizado” apresentou valores maiores
que os experimentais, sendo estas diferenças percentuais da ordem de 28% e 12%, para
os protótipos P1 e P3, respectivamente. No protótipo P2, esta comparação percentual não
pode ser feita porque, segundo o método “Branson - Discretizado”, a laje somente
atingiria o Estado Limite de Serviço com momentos fletores muito elevados.

Figura 9 – Resultados do protótipo P1, considerando-se o valor de Mr calculado.

Figura 10 – Resultados do protótipo P2, considerando-se o valor de Mr calculado.

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Figura 11 – Resultados do protótipo P3, considerando-se o valor de Mr calculado.

Nas Figuras 12, 13 e 14, mostram-se os resultados relacionados à substituição dos


valores dos momentos de fissuração calculados conforme as recomendações da NBR
6118:2003 pelos obtidos através dos ensaios experimentais, apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 – Valores dos momentos de fissuração calculados e obtidos experimentalmente

Momentos (kN.cm)
Protótipos P1 P2 P3
Mr calculado 94,87 111,36 111,36
Mr experimental 135,33 192,33 193,78

Para os protótipos 1 e 3, respectivamente, e para uma relação flecha/vão igual a


0,004, o método “Ansys - Estádios I e II” apresentou momentos fletores 6% e 1% acima
dos valores experimentais enquanto que para o método “Branson - Norma” esses valores
foram iguais a 13% e 10%. Já para o protótipo P2, esses métodos não permitiram a
comparação com os resultados experimentais.
Destaca-se que o método „Branson - Discretizado” não apresentou resultados
adequados para nenhum dos protótipos.
A Tabela 5 fornece os valores dos momentos fletores correspondentes ao Estado
Limite de Serviço, para os três modelos ensaiados.

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Tabela 5 – Valores dos momentos atuantes quando o Estado Limite de Serviço é atingido.

Momentos atuantes (kN.cm)


P1 256,62
Experimental P2 287,42
P3 325,37
Mr
Métodos Protótipos Mr experimental
calculado
P1 251,45 290,14
Branson P2 272,78 ---- *
P3 272,79 357,77
P1 232,38 271,26
ANSYS P2 250,49 ---- *
P3 250,21 329,37
P1 329,34 ---- *
Branson
discretizado P2 ---- * ---- *
P3 364,68** ---- *
* este valor atingiria o estado limite de Serviço com um momento fletor muito
elevado em relação ao momento fletor experimental.

Figura 12 – Resultados do protótipo P1 com Mr experimental.

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Figura 13 – Resultados do protótipo P2 com Mr experimental.

Figura 14 – Resultados do protótipo P3 com Mr experimental.

4 Conclusões
Considerando-se uma relação flecha/vão igual a 0,004 e utilizando-se o momento
de fissuração calculado, os métodos “Ansys - Estádios I e II” e “Branson - Norma”
apresentaram valores de momentos fletores, referentes à seção do meio do vão, menores
que os experimentais, estando, deste modo, a favor da segurança. Para o método
“Branson - Norma”, os valores obtidos foram da ordem de 2%, 5% e 16% inferiores aos
valores experimentais, referentes aos protótipos P1, P2 e P3, respectivamente. Para o
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método “Ansys - Estádios I e II”, esses valores foram maiores, sendo da ordem de 9%,
13% e 23%, respectivamente. No entanto, se for considerado no cálculo o valor do
momento de fissuração obtido experimentalmente, ao invés do momento de fissuração
calculado, os métodos “Ansys - Estádios I e II” e “Branson - Norma” passam a apresentar
valores contrários à segurança. Esses valores, segundo o método “Branson - Norma”
foram da ordem de 13% e 10% para os protótipos P1 e P3, respectivamente. Já para o
método “Ansys - Estádios I e II”, esses valores foram da ordem de 6% e 1%,
respectivamente. No protótipo P2, a comparação percentual entre os valores, quando
utilizado o Mr experimental, não pode ser feita em função de que o valor do momento
fletor previsto pelos métodos, para o Estado Limite de Serviço, seria muito maior que o
valor do momento experimental observado.
Para o ensaio realizado, a influência do momento permanente na diminuição da
rigidez da seção transversal, com base na expressão de Branson, foi quantificada
somando-se o valor desse momento ao valor do momento fletor atuante gerado pelo
carregamento ao invés de diminuir o valor do momento de fissuração do elemento
estrutural.
O método “Branson – Discretizado” forneceu valores inadequados, considerando-
se que o mesmo forneceu uma rigidez muito elevada ao elemento estrutural.
Por fim, observa-se que, com relação ao cálculo das flechas imediatas, tanto o
método “Branson - Norma” como o “Ansys - Estádios I e II”, utilizando-se o valor do Mr
calculado, apresentaram valores compatíveis com a segurança e com a economia.

5 Agradecimentos
À CAPES, pela bolsa de mestrado concedida ao primeiro autor.
Ao Prof.Dr. Roberto Chust Carvalho, da Universidade Federal de São Carlos, pelas
sugestões apresentadas por ocasião do exame de qualificação do primeiro autor.

6 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: projeto de estruturas
de concreto - procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
DROPPA JÚNIOR, A; EL DEBS, M. K. Análise não-linear de lajes pré-moldadas com
armação treliçada: comparação de valores teóricos com experimentais e
simulações numéricas em painéis isolados. São Carlos: USP, 2001. p. 105-120.
(Cadernos de Engenharia de Estruturas, 17).
SANTINE, C.R. Projeto e construção de lajes pré-fabricadas de concreto armado.
2005, 165f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas) Escola de Engenharia
de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2005.
TRIGO, A. P. M. Estudo de lajes com adição de resíduo de pneu. 2008, 110f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira.
Universidade Estadual Paulista, 2008.

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