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Artigo Choque de Gerações PDF
Artigo Choque de Gerações PDF
Renovação cultural
Em seu último livro, Don Tapscott anuncia o advento de um novo
modelo de negócio, produto do choque entre os gestores “digitais”,
da geração y, e os veteranos
O
“ s conflitos de gerações pelos quais as Liberdade. Para trabalhar quando e onde Inovação. Buscam constantemente novas e
empresas passam são apenas sinais desejarem, para aproveitar sua vida profis- diferentes maneiras de realizar seu trabalho.
precoces do grande choque cultural sional e pessoal e para experimentar novas Desejam agregar valor, desafiar o status quo
entre a geração do milênio e os baby- oportunidades. e fazer a diferença.
-boomers, choque que dará origem à Personalização. Para os jovens, tudo As empresas devem adotar essas
próxima cultura de negócios”, escreve ele é personalizável, do iPhone aos projetos normas “hoje”, adverte Tapscott. Por isso,
em Grown Up Digital (ed. McGraw-Hill). de trabalho e às recompensas pelo bom ele oferece um guia em sete passos que
Segundo o autor, trata-se de um en- desempenho. ajudará as organizações a criar sistemas
contro entre duas ideias acerca de como Análise e exame minucioso. A postura de trabalho que estejam em conformidade
deve funcionar o trabalho. Muitas empresas crítica é a base do caráter daquela que com elas:
continuam emperradas em hierarquias também é chamada “geração Net”. Seus Repensar a autoridade. Às vezes, o líder
improdutivas, que dividem o mundo entre integrantes pesquisam na internet antes será o aluno; o jovem, o professor.
governados e governantes. Esse modelo, de estabelecer um compromisso com Ser um facilitador. Oferecer coaching e
sentencia o autor, não funciona mais em determinada empresa. feedback constantes.
uma economia impulsionada pela inovação, Integridade. A honestidade e a transparên- Redesenhar a estratégia de recruta-
pelo conhecimento, pela colaboração e pelo cia de uma organização são fundamentais. mento. Iniciar relações de longo prazo.
imediatismo. Os valores corporativos devem refletir nas Redesenhar a estratégia de capacita-
Conclusão: as organizações deverão ações da empresa. ção. Comprometer-se com o aprendizado
moldar-se a uma nova cultura digital. “A Colaboração. Vivem o poder por meio contínuo.
única limitação para crescer que as empre- das pessoas, e o trabalho em equipe Tirar proveito das redes sociais. Não
sas têm hoje é sua habilidade para seguir é a maneira de colocar esse poder em proibir o Facebook. Em vez disso, redefinir
atraindo, desenvolvendo e retendo o talento movimento. os processos de gestão e o layout do escri-
de alta qualidade”, diz Tapscott. A pergunta Entretenimento. Trabalho e diversão tório para facilitar o trabalho colaborativo.
é: com que rapidez elas poderão integrar a andam juntos. Redesenhar a estratégia de retenção
geração do milênio? O conselho do autor Velocidade. Precisam fazer as coisas “ago- de talentos. Fomentar relações de longo
é não tentar mudá-la para acomodá-la ao ra mesmo” e frustram-se com processos prazo, também com os funcionários que
ambiente da companhia, mas respeitar suas longos e entediantes. Demandam respostas deixam a empresa.
normas, que são oito: instantâneas. Liberar o poder dos jovens. Escutá-los.
D
ez anos atrás, quando eu era recém- Neil Howe, autor de Millennials Rising: mais velhas no ambiente de trabalho. Sim-
-chegada ao mundo ponto.com e the Next Great Generation (ed. Random plesmente, eles me fazem sentir como uma
substituía executivos que tinham o House), explica que a desfaçatez e a con- típica representante da geração X que sou:
dobro de minha idade, escutava as fiança que demonstram os jovens nascidos cínica e um pouco esgotada. Mas agora,
queixas dos baby-boomers a respeito na década de 1980 vêm da superproteção que reconheço que sentia inveja, vejo as
de nosso comportamento, isto é, dos jovens de seus pais e de terem crescido em tem- coisas com mais clareza. Decidi adotar sua
da geração X: demandávamos projetos ex- pos de economia próspera –esta é sua crise maneira de pensar. Voltei atrás no tempo,
citantes, uma estrutura organizacional com de estreia. À geração X, em troca, coube quando eu mesma era uma empreendedora
poucos níveis hierárquicos, um pouco de provar no início de sua vida profissional, cheia de sorte e me cansavam as queixas
diversão durante o trabalho e muita autori- que coincidiu com o início dos anos 90, um de meus colegas boomers. Por que não
dade. Em troca, trabalhávamos duro, éramos mercado de trabalho recessivo. podiam aprender as coisas que eu aprendia
rápidos, funcionávamos bem em equipe e Tenho um irmão que é 16 anos mais sozinha? Programação web, design de
tínhamos forte senso de propriedade. novo do que eu, típico representante dos interfaces, marketing viral... Lamentavam o
Eram os conflitos do choque de gerações Y: crê que sempre terá emprego, que sem- declínio do valor de suas habilidades e se
no trabalho. Lembro-me de ter pensado: pre se divertirá e que o sucesso sempre o queixavam da velocidade com que se movia
“Estou ganhando mais dinheiro do que acompanhará. À luz da crise atual, pode o novo mundo da internet.
meus colegas de 50 e, além disso, vou ser que mude de opinião. De todo modo, Por esse motivo, comecei a pensar como
ao trabalho vestida como bem entendo”. trabalha tão duro quanto alguém de minha um membro da geração Y: serei otimista
Sentia compaixão por quem era incapaz de geração, mas carece de nosso cinismo. e segura, acreditarei ser capaz de fazer
aprender sozinho a linguagem HTML. Agora, Outro jovem Y, de quem sou mentora, qualquer coisa, de fazer a diferença, de
estou bebendo uma dose de minha própria conquistou um excelente emprego nem bem conseguir o que desejo. Afinal, aprender
suficiência. Muito mudou em uma década. saíra da universidade (como todos seus HTML não foi nada tão genial, porque
Já não sou a jovem inteligente e promissora amigos). No entanto, demitiu-se e voltou a acabou sendo o trabalho escravo da nova
que trazia uma perspectiva nova e original morar com os pais para poder dedicar-se à economia. Talvez eu me sinta melhor assim.
aos negócios. Sou apenas outra integrante carreira de seus sonhos: a de ator. Como uma executiva da geração X que tem
da geração X, bombardeada pelo extremo Durante um tempo, pensei que não era uma pitada da juventude dos Y.
otimismo e pelo potencial da geração do justo que a geração do milênio, que foi cria-
milênio. (Nos Estados Unidos, os jovens não da nas melhores circunstâncias históricas Penelope Trunk, colunista do Boston Globe, é
querem ser conhecidos como geração Y, por- –o que fez com que seus integrantes se autora de Brazen Careerist (ed. Warner Books).
Também dirige a BrazenCareerist.com, comuni-
que não lhes agrada ser associados a seus sentissem muito seguros de si em matéria
dade online para executivos da geração Y.
predecessores da geração X, e passaram a de conquistas profissionais–, achasse difícil
se chamar de “geração do milênio”.) conviver harmonicamente com pessoas © Featurewell
com sua equipe, o banco implantou um sistema flexível: de sua força de trabalho e integrarem as diferenças à
trabalho em meio período, rotação de tarefas, turnos gestão provavelmente ficarão surpresas ao descobrir
comprimidos, trabalho a distância e até uma combina- quão enriquecedora pode ser a diversidade na manu-
ção de todas essas opções. tenção de sua juventude.
Assim como a LLoyds TSB, a PricewaterhouseCoo-
pers, o T.G.I. Friday’s e a Ernst & Young, as empresas que A reportagem é de Florencia Lafuente, colaboradora de HSM
Management.
se aventurarem na busca do conhecimento profundo