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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS – REGIONAL CATALÃO

INSTITUTO DE BIOTECNOLOGIA – IBIOTEC


ANDERSON LUIZ FERREIRA
KARLA GRAZIELLA MOREIRA
JOED PIRES DE LIMA JÚNIOR
BIOENSAIO

MODELOS EXPERIMENTAIS CLÁSSICOS - TGI

CATALÃO – GO
2018
1. INTRODUÇÃO
As úlceras pépticas, ou então chamadas de úlcera gástrica, compreendem uma doença
do trato gastrointestinal gerada por um desequilíbrio entre os mecanismos de defesa da mucosa
gástrica e forças lesivas. Essas úlceras possuem como característica principal a lesão da mucosa
na presença de ácido gástrico e pepsina, como consequência da hipersecreção de ácido gástrico
na mucosa e sua ação corrosiva (RAMAKRISHNAN e SALINAS, 2007). Histologicamente,
são caracterizadas como uma descontinuidade na mucosa que se estende através da camada
muscular da mucosa até dentro da submucosa, ou mais profundamente. Na maioria das vezes,
as úlceras pépticas se apresentam isoladas e com menos de 4 centímetros de diâmetro e, apesar
de poderem ocorrer em qualquer parte do trato gastrointestinal, a grande parte se localiza no
duodeno e estômago (HERNANDES, 2010).
A bactéria Helicobacter pylori é um fator importante na patogênese na úlcera gástrica
e estão presentes em grande parte de indivíduos com úlcera duodenal e péptica. Além disso, a
utilização de anti-inflamatórios não esteroidais (AINES), consumo de tabaco, álcool, dieta rica
em alimentos picantes, chá, refrigerantes, café e estresse psicológico contribuem para o
surgimento de úlceras (KUMAR, 2005). O tratamento para a úlcera gástrica consiste no
combate aos fatores que desencadeiam a doença, como a erradicação da H. pylori, conduzindo
à diminuição da sua prevalência. Além disso, pode ser utilizados fármacos disponíveis como
antagonistas dos receptores H2 de histamina, inibidores de bomba de prótons, antiácidos,
antibióticos e citoprotetores, como a carbenoxolona (HERNANDES, 2010).
A carbenoxolona é um fármaco utilizado para tratamento de úlceras gástricas já que
possui ação anti-inflamatória e citoprotetora sobre as superfícies mucosas. Dentre as suas
propriedades, pode-se citar aumento da concentração local de prostaglandinas citoprotetoras e
produção de secreções mucosas. Também possui propriedades detergente e antimicrobiana,
contribuindo para a prevenção de infeções secundárias das lesões mucosas. Alguns trabalhos
demostraram que a carbenoxolona levava ao aumento de muco em fossas gástrica (GOODIER
et al, 1967) e que o fármaco aumenta a síntese de muco na mucosa gástrica humana e algumas
espécies animais (PARKE, 1978). Além disso, foi comprovado que culturas de células tratadas
com carbenoxolona apresentavam prolongamento da meia-vida das células da mucosa gástrica,
reduzindo a taxa de renovação celular, diminuindo a síntese de DNA e a esfoliação epitelial
(KLEIN et al, 1975).
Em testes de indução de úlceras, existem diversos modelos experimentais que podem
ser utilizados, incluindo o uso de etanol. Neste modelo, faz-se a simulação das condições as
quais o ser humano pode ser exposto e, como resultado, há o desenvolvimento de úlceras
gástricas (CHOI et al, 2009). O etanol é conhecido como causador de danos gástricos pela
alteração dos fatores protetivos, incluindo diminuição da produção de muco e da circulação
sanguínea da mucosa. Ademais, a dano gástrico causado pelo etanol pode ser causado devido a
geração de espécies reativas, diminuição da proliferação celular e indução de resposta
inflamatória exacerbada (AMARAL et al, 2013).

2. OBJETIVOS
O objetivo da aula prática consistiu em fazer uma análise comparativa entre diferentes
grupos experimentais, tratados com agente ulcerogênico (etanol) e substâncias com
propriedades anti-inflamatória e citoprotetora (carbenoxolona).

3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Materiais
 Etanol absoluto;  Ratas Wister;
 Carbenoxolona;  Solução salina.

3.2 Método
Foram utilizados dois grupos de ratas. O grupo 1 recebeu pré tratamento com solução
salina e o grupo 2 foi pré tratado com carbenoxolona. Após uma hora de tratamento, os animais
de ambos os grupos receberam etanol absoluto por via oral. Depois de uma hora os animais
foram eutanasiados e o estômago foi retirado e seccionado para possibilitar a visualização de
úlceras, quando presente. Para a obtenção de dados para formulação do gráfico, fez-se a
medição da lesão hemorrágica, com auxílio de uma régua.

4. RESULTADOS
A partir das observações feitas no órgão dos animais pôde-se perceber que aqueles
tratados com etanol e carbenoxolona não apresentaram úlceras ou apresentavam de forma pouco
acentuada (Imagens 3). Já o estômago do animal tratado com solução salina e etanol apresentou
lesões hemorrágicas de forma bastante acentuada (Imagens 2). Utilizando-se as médias das
medições das estrias hemorrágicas foi possível plotar a Figura 1. Como pode-se observar, os
animais pré tratados com carbenoxolona (grupo 2) obtiveram lesões menores do que o grupo
pré tratados com salina (grupo 1).
Figura 1- Tamanho das lesões observadas em cada grupo experimental.

30

Tamanho da lesão (mm) 25

20

15 Normal
Grupo 1
10
Grupo 2

0
Normal Grupo 1 Grupo 2
Grupos experimentais

Figura 2 - Estômagos do grupo experimental 1. Os animais foram pré tratados com solução salina e,
posteriormente, tratados com etanol absoluto.

Figura 3 - Estômagos do grupo experimental 2. Os animais foram pré tratados com Carbenoxolona e,
posteriormente, tratados com etanol absoluto.
5 DISCUSSÃO
A carbenoxolona consiste em uma substância que possui a capacidade de aumentar a
secreção de muco, efeito que é acompanhado por alterações na viscosidade e na adesividade do
muco gástrico. Além disso, a substância prolonga a sobrevida das células da mucosa gástrica e
provoca a diminuição no processo de retrodifusão dos cátions H+ (DELUCIA et al, 2014).
O pré-tratamento com carbenoxolona reduz a atividade péptica e a secreção de ácido
estomacal em ratos e reduz o efeito prejudicial do etanol na permeabilidade da mucosa gástrica.
A carbenoxolona também reduz a difusão líquida de H + nas mucosas gástricas humanas.
Assim, no estômago, a carbenoxolona pode ser considerada como um agente citoprotetor
(HOSSENBOCUS et al, 1975). Dessa forma, como visto na literatura, a carbenoxolona impede
a lesão hemorrágica observada nos animais tratados com solução salina e etanol.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos dados e resultados obtidos, pode-se concluir que a carbenoxolona possui
a capacidade de impedir ou diminuir a formação de hemorragias estomacais causadas pelo
etanol, confirmando suas propriedades e eficácia descritas na literatura.

REFERÊNCIAS

AMARAL, G. P. et al. Protective action of ethanolic extract of Rosmarinus officinalis L. in


gastric ulcer prevention induced by ethanol in rats. Food Chem Toxicol, 48–55, 2013.
CHOI, E. et al. Protective effects of a polysaccharide from Hizikia fusiformis against ethanol
toxicity in rats. Food Chem Toxicol, 134–9, 2009.
DELUCIA, R et al. Farmacologia Integrada: Uso racional de medicamentos. 5ª ed. v. 2. São
Paulo: Clube dos Autores, 2014.
GOODIER T. E.W et al. Morphologic observations of gastric ulcers treated with
carbenoxolone sodium, 1967.
HOSSENBOCUS, A. et al. Protection of the human gastric mucosa from aspirin by
carbenoxolone. In: JONES, F.A; PARKE D. V. (ed). Fourth Symposium on Carbenoxolone
London: Butterworths, 91-102, 1975.
KLEIN, H. et al. Mechanism of action of carbenoxolone. Autoradiographic study of
proliferation in vitro of epithelial cells from gastric mucosa of carbenoxolone-treated
patients In: JONES F. A; PARKE D. V. (ed). Fourth Symposium on Carbenoxolone. London:
Butterworths, 161-170, 1975.
PARKE, D.V. Some recent advances in the pharmacology of carbenoxolone. In: JONES, F. A;
LANGMAN, M. J. S; MANN, R. D. (ed). Peptic Ulcer Healing Recent Studies on
Carbenoxolone. Lancaster: MTP Press Ltd, 1978.
RAMAKRISHNAN, K.; SALINAS, R. C. Peptic ulcer disease. Am Fam Physician, 76, 1005-
1012, 2007.

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