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UNIVERSIDADE PAULISTA

JULIANA GOMES GRACIANO

HABILIDADES SOCIAIS NA INFÂNCIA COMO FORMA DE PREVENÇÃO AO


USO DE DROGAS

SÃO PAULO

2018
JULIANA GOMES GRACIANO

HABILIDADES SOCIAIS NA INFÂNCIA COMO FORMA DE PREVENÇÃO AO


USO DE DROGAS

Trabalho de Conclusão de Curso para


obtenção do título de especialista em
Terapia Cognitivo Comportamental para
atuação em Múltiplas Necessidades
apresentado à Universidade Paulista -
UNIP.
Orientadores:
Profa. Ana Carolina S. de Oliveira
Prof. Hewdy L. Ribeiro

SÃO PAULO

2018
JULIANA GOMES GRACIANO

HABILIDADES SOCIAIS NA INFÂNCIA COMO FORMA DE PREVENÇÃO AO


USO DE DROGAS

Trabalho de conclusão de curso para


obtenção do título de especialista em
Terapia Cognitivo Comportamental para
atuação em Múltiplas Necessidades
apresentado à Universidade Paulista -
UNIP.
Orientadores:
Profa. Ana Carolina S. de Oliveira
Prof. Hewdy L. Ribeiro

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

_______________________/__/___

Prof. Hewdy Lobo Ribeiro

Universidade Paulista – UNIP

_______________________/__/___

Profa. Ana Carolina S. Oliveira

Universidade Paulista – UNIP


DEDICATÓRIA

Dedico este Trabalho em especial ao meu filho Nicolas por ser o motivo
que me faz acreditar em um futuro melhor para os Adolescentes e Jovens do
nosso país.

Ao meu irmão Tiago, que mesmo mergulhado num mundo de dificuldades


de um Dependente Químico, em algum momento confiou em nós e me levou a
buscar ajuda, conhecimento e desbravar as dificuldades psicossociais deste
tema.
AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a Deus por eu ser quem sou, com minhas crenças e
valores.

Ao meu esposo Marcelo por toda sua dedicação e cuidado com nossa
família.

Aos meus compadres Edson e Débora pelo apoio a presteza na educação


de meu filho.

Ao Casal amigo Luiz e Sueli Delgado e irmãos da Pastoral da Sobriedade


que me desafiaram e incentivaram nessa trajetória.
“A vida me ensinou a nunca desistir
Nem ganhar, nem perder mas procurar evoluir
Podem me tirar tudo que tenho
Só não podem me tirar as coisas boas que eu já fiz pra quem eu amo
E eu sou feliz e canto e o universo é uma canção
E eu vou que vou

História, nossas histórias


Dias de luta, dias de glória”

Charlie Brown Jr.


RESUMO

Esta pesquisa estuda a importância das Habilidades Sociais na Infância para a


prevenção ao uso de Drogas. Com o passar dos anos a Dependência Química
por jovens e adultos vem aumentando segundo os índices de pesquisas e,
profissionais como os psicólogos podem contribuir com a Prevenção através da
Conscientização e Desenvolvimento de Habilidades Sociais na infância. O
Treinamento de Habilidades Sociais possui um modelo eficaz na prevenção da
Dependência Química, onde o déficit dessa Habilidade pode ser considerado um
fator de risco para a aceitação ao uso de substâncias. Através de estudo
bibliográfico sobre a relação do Treinamento de Habilidades Sociais nas
Dependências identificou-se a importância de desenvolver dessa Habilidade
ainda na infância para que situações de risco na adolescência não sejam fatores
determinantes deste comportamento de aceitação, principalmente pelos pares.
Que o jovem não se sinta pressionado, e sim tenha Habilidades de
enfrentamento e de comunicação adequada para saber dizer não.

Palavras-chave: Saúde Mental, Dependência Química, Habilidades Sociais,


Transtornos Mentais, Terapia Cognitivo-Comportamental.
ABSTRACT

This research studies the importance of Social Skills in Childhood for the
prevention of drug use. Over the years the Chemical Dependency by young and
adults has been increasing according to the indexes of research and
professionals such as psychologists can contribute to the Prevention through the
Awareness and Development of Social Skills in childhood. The Social Skills
Training has an effective model in the prevention of Chemical Dependence,
where the deficit of this Ability can be considered a risk factor for acceptance to
the use of substances. Through a bibliographical study about the relationship of
the Training of Social Skills in the Dependencies, it was identified the importance
of developing this Skill still in childhood so that risk situations in adolescence are
not determining factors of this accepting behavior, mainly by the pairs. Let the
young person not feel pressured, but have coping skills and adequate
communication skills to say no.

Keywords: Mental Health, Chemical Dependence, Social Skills, Mental


Disorders, Cognitive-Behavioral Therapy.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 10

1.1 Habilidades Sociais............................................................................ 11


1.2 Dependência Química........................................................................ 15

2 OBJETIVO............................................................................................... 17

3 METODOLOGIA...................................................................................... 17

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 18

5 CONCLUSÕES........................................................................................ 22

REFERÊNCIAS.......................................................................................... 25
10

1 INTRODUÇÃO

Na realidade atual do país tem-se deparado cada vez mais com famílias
desestruturadas, adolescentes e jovens expostos em situações precárias
causadas pelo uso abusivo de substâncias químicas ou ainda mergulhados em
sua dependência. São homens e mulheres, das mais variadas classes sociais,
culturas e idades, onde lhe faltam habilidades para o enfrentamento deste mal
que se torna também a cada dia um problema de saúde pública em nosso país.

Como consequência desta prática os indivíduos enfrentam dificuldades de


relacionamento e muitas vezes comprometem sua vida financeira e da família,
além de muitos adquirirem Transtornos mentais com o passar do tempo. O DSM-
IV segundo Caballo (2016) classificava 11 tipos de drogas associadas ao uso
abusivo de substâncias, atualmente o DSM-V Classifica 10: álcool, anfetaminas,
cafeína, Cannabis, tabaco, alucinógenos, inalantes, opiáceos, fenciclidina e
sedativos, hipnóticos e ansiolíticos.

Até o século XVIII, segundo Laranjeira e Zanelatto (2013), problemas


relacionados ao consumo de álcool e outras substâncias eram encarados como
sendo desvios morais, até que a embriaguez foi relacionada a falta de
autocontrole, onde o uso da substância após certo ponto de consumo o impedia
de dominar sua vontade própria. Quase ao fim do século citado, outros
pesquisadores definiram o que se aproxima do que chamamos hoje de
dependência.

Estudos mostram que a partir de 1970 o conceito de dependência química


passou a ser moldado pelo que chamamos de síndrome, sendo ocasionada por
características e fatores que podem ser psicológicos, individuais, ambientais,
genéticos, culturais, familiares, profissionais, educacionais e sociais. Atualmente
caracteriza-se pelo padrão compulsivo de consumo de substâncias psicoativas
(Marlatt, 2014).

No DSM-V a Dependência química é definida como Transtorno por uso de


Substâncias, ou seja, padrão mal adaptativo de uso de substância levando ao
prejuízo clinicamente significativo, manifestado por dois ou três critérios
11

descritos como dependência leve, podendo ocorrer a qualquer momento ou no


período de 12 meses. A dicotomia entre os diagnósticos de abuso e de
dependência de substâncias deixou de existir com a atualização do DSM-V.

Segundo Laranjeira e Zanelatto (2013) a dependência química é um


fenômeno considerado de ordem “multifatorial”, que pode ser tratada através de
manejo farmacológico, intervenções psicoterápicas, grupos de mútua ajuda,
internações voluntárias e involuntárias em locais como clínicas especializadas,
moradias assistidas, casas de apoio e comunidades terapêuticas.

1.1 Habilidades Sociais

Segundo Caballo (2016), a Habilidade Social está dentro de um contexto


mutável, e deve ser associada ao contexto cultural, padrões de comunicação,
classe social, educação e outros. O comportamento considerado apropriado
para uma situação, facilmente pode ser desconsiderado em outra. Ou seja, duas
pessoas podem se comportar de maneiras diferentes na mesma situação e as
respostas representar o mesmo grau de habilidade social.

Dessa forma o comportamento considerado como hábil é um conjunto de


comportamentos emitidos por um indivíduo considerado hábil para determinadas
situações em que ele se apresenta. Para cada situação, ambiente, cultura, etc.
espera-se um determinado comportamento que esteja de alguma forma
relacionada com seu meio e seus contextos. Dessa forma uma criança
considerada expressiva proporciona mais informações ao seu meio, mais
interação e assim maior facilidade para desenvolver competências e habilidades
sociais.

As crianças mais inibidas de acordo com Caballo (2016), entrarão em contato


com o meio de maneira a receber menos reforços das pessoas de seu meio, pois
terão menos oportunidades pela falta deste contato ou interação que possam
gerar a prática de condutas sociais, já crianças menos inibidas terão o
comportamento contrário, gerando mais reforços do meio devido a sua interação.
12

Ainda segundo o autor, há casos de influências das predisposições biológicas,


afetando o desenvolvimento da vida social deste indivíduo.

Quanto maior a exposição ao ambiente social, mais experiências essa


criança terá aprendido, através do que chamam de Modelação, onde as crianças
observam enquanto os pais agem. É possível a aprendizagem também por
instrução, quando ocorre a orientação sobre o comportamento esperado ou
adequado (Falcone,2000).

Dessa forma toda e qualquer resposta da criança ao meio pode ser punida
ou reforçada, fazendo com que essa resposta aumente ao diminua, e ainda se
aperfeiçoem. Já quando falamos de adolescência o meio por parte de seus pares
exercem total influência de modelação das Habilidades Sociais. Os jovens se
identificam e passam a seguir características de seus pares dentro de um mesmo
contexto social. Diferente da infância onde as referências são basicamente de
seus pais e familiares de maior proximidade (Falcone,2000).

Interessante ressaltar que da mesma maneira como aprendemos as


Habilidades Sociais e a desenvolvemos em nosso meio, em situações de
isolamento podemos perde-la ou ainda por distúrbios cognitivos ou afetivos ela
pode se apresentar de maneira inibida, como no caso de Transtornos
depressivos, segundo Caballo (2016).

A qualidade de adequação total ou parcial de um indivíduo na execução de


uma determinada tarefa é chamado de competência, já habilidade é a
capacidade específica requerida para executar essa tarefa de maneira
competente, sendo essas habilidades podendo ser inatas ou adquiridas. Social
trata-se de um adjetivo para qualificar as competências e as habilidades onde a
perspectiva é de âmbito social. Sendo assim não somente o indivíduo aprende
com o meio, mas ele é capaz de proporcionar mudança aos demais através de
seus comportamentos, habilidades e competências (Caballo, 2016).

Os componentes da Habilidades Sociais têm por referência comportamentos


observáveis. As condutas verbais e não verbais constituem elementos básicos
da habilidade social, mesmo que o indivíduo não esteja conversando, ele pode
estar emitindo sinais e mensagens sobre si mesmo. As pessoas formam
13

percepções dos demais através de suas condutas não verbais. Segundo Caballo
(2016) as mensagens não verbais são capazes de substituir palavras, seja com
gestos ou mesmo com olhares, onde os sinais regulam a interação. Mas também
a linguagem não verbal é capaz de contradizes a Verbal, raramente de forma
intencional, onde gestos e movimentos podem revelar o verdadeiro sentimento.

Os sinais não verbais devem ser coerentes aos verbais para que a
mensagem seja socialmente hábil. É como a aparência pessoal, que pode
transmitir mensagens sobre o indivíduo, a forma como o indivíduo se veste pode
indicar como ele se vê, como se apresenta e até como gostaria de ser tratado
pois a apresentação própria aos demais é parte essencial da conduta social,
embora a aparência muitas vezes seja manipulada para causas falsas
impressões ou até mesmo ser aquilo que não sou, ou ter o que não tenho, como
status social por exemplo. Segundo Caballo (2016) as aparências pessoais
oferecem impressões de status, Inteligência, personalidade, tipo social, estilo,
gosto, sexualidade, idade.

A interação social dá-se na maioria das vezes pela conversação, onde as


formas de falar variam, implica numa integração complexa e cuidadosa, sendo
possível encontrarmos nessa interação fatores cognitivos bastante significativos.
A conversação é o componente mais essencial das Habilidades Sociais, pois
todos possuem experiências, conhecimentos e sentimentos que podem ser
transmitidos pela conversação diariamente (Del Prette & Del Prette, 2003).

Caballo (2016) afirma que as situações e os ambientes influenciam


pensamentos, sentimentos, e ações do indivíduo. Até certo ponto a influência
ambiental pode ser unidirecional, onde o indivíduo costuma ser ativo, intencional
e em processo continuo de interação pessoa-situação, e isso se dá em diversos
lugares e ambientes, onde algumas percepções favorecem essa comunicação e
o desenvolvimento de uma relação.

O modo como os indivíduos percebem e interpretam as situações forma-se


em um processo de aprendizagem e maturidade. A Situação é vista com o que
se tem em comum ou desviada conforme as percepções, essa capacidade para
transformar e utilizar a informação de forma ativa e criar pensamentos e ações
chama-se competências cognitivas, onde cada indivíduo adquire a capacidade
14

de construir condutas potencias, conditas hábeis, adaptativas que tenham


representatividade para ele (Caballo, 2016).

Já a falta de habilidades sociais de alguns indivíduos segundo Caballo (2016)


pode ser devido a déficits das respostas apropriadas que poderiam ser utilizadas
em várias situações, pois o indivíduo deve saber quando e onde realizar os
diferentes comportamentos. Durante a infância segundo o mesmo autor, a
capacidade de se colocar no lugar do outro é uma habilidade cognitiva
fundamental para adquirir novas habilidades.

Geramos comportamentos conforme nossas expectativas, onde o padrão de


resposta que esperamos nos conduza com mais probabilidade aos resultados
ou consequências para que tenhamos mais valor, assim os resultados
esperados dependem das quantidades e condições de seus estímulos, esse é
um outro tipo de expectativa proveniente de nosso comportamento. É comum
que essas expectativas sigam um padrão de acordo com nosso meio, cultura,
padrões de linguagem verbal ou não-verbal. Assim, o comportamento escolhido
para executar depende também de valores subjetivos, onde uma pessoa pode
valorizar muito uma aprovação esperada enquanto outra não (Falcone, 2000).

As pessoas controlam seus comportamentos de acordo com seus objetivos


e padrões de atuação, sua auto recompensa ou autocritica por atingir ou não os
objetivos e padrões impostos. Dessa forma, tem-se observado cada vez mais os
elementos cognitivos que facilitam ou inibem o comportamento socialmente
adequado segundo Caballo (2016).

Para Caballo (2016) o olhar, o sorriso, a entonação, o tempo da fala, a


fluência, velocidade, atenção pessoal, são alguns dos elementos
comportamentais que diferenciam os indivíduos de baixa e média habilidade
social. Seus estudos mostram que um indivídua socialmente hábil expressa de
modo mais adequado um conjunto de comportamentos comparado com sua
contrapartida de não hábil. Esse comportamento denominado de hábil, está
relacionado funcionalmente com o contexto social da interação interpessoal.
Normas sociais classificam os comportamentos sociais como apropriados em
diferentes situações, segundo o mesmo autor, assim como os valores sugerem
comportamentos diferentes parta cada idade, sexo, cultura e região.
15

1.2 Dependência Química

Para a ciência, pessoas que não conseguem viver sem o consumo de


substâncias psicoativas, ou acham que não conseguem, não são pessoas com
mínima formação moral. Elas apresentam um distúrbio chamado Síndrome da
Dependência, que possui implicações muito grandes (Marlatt,2014).

Para OMS (Organização Mundial da Saúde), trata-se de um conjunto de


fenômenos relacionados ao funcionamento do organismo de um indivíduo, ao
seu comportamento e ao seu estado mental, em que uma droga adquire uma
importância muito maior que quase todos os outros aspectos de sua vida. Sendo
a principal característica da Síndrome da Dependência o desejo incontrolável de
consumir drogas que atuam no Sistema Nervoso Central, ou seja, as chamadas
drogas psicoativas.

O dependente é alguém que desenvolveu um comportamento que em


grande parte não pode controlar. A Ciência não consegue prever se um usuário
se tornará um dependente, mas é possível explicar o porquê se tornou
dependente.

No início da década de 50, quando se começou a estudar sobre a


dependência química, julgava-se que as pessoas se tornavam dependentes por
fatores biológicos, e que não conseguiam controlar o consumo de drogas. De
fato, existem fatores genéticos que favorecem, mas a dependência é um
fenômeno de causas múltiplas (Marlatt, 2014).

Muitas pesquisas mostram que pessoas que se sentem infelizes, tristes e


com baixa estima tendem a ter mais facilidade de se entregarem ao uso de
drogas, onde o melhor caminho para estes casos é a procura de profissionais
habilitados para este tratamento como psicólogos e psiquiatra para verificar a
causa e realizar o tratamento com certa profundidade. Outro fator é a pressão
social, a necessidade de ser aceito pelo grupo ao qual pertence, indivíduos
passam a ter comportamentos para serem aceitos pelo seu grupo e não por
vontade própria (Jungerman e Zanelatto, 2007). Há ainda fatores familiares
como violência doméstica e negligência na educação dos filhos fazem com que
16

jovens passem a usar abusivamente as drogas e até desenvolvam a


dependência, segundo os mesmos autores.

Segundo Marlatt (2014), em algumas sociedades a oferta das drogas, as leis


em relação ao seu consumo ou inexistência desta, são fatores que exercem
grande influência facilitando o consumo e desenvolvendo quadros de
dependência neste grupo social.

O fato de uma substância ser legal ou ilegal está relacionado as suas


propriedades químicas e aos maiores ou menores riscos que ela apresenta para
saúde do indivíduo. Essa legalidade ou ilegalidade está relacionada também ao
grupo social e cultural que pertence o indivíduo. Para farmacologia, o que
chamamos de droga deve ser denominado de droga psicotrópica, que são
substancias que tem atração por atuar no cérebro modificando nossa maneira
de pensar, sentir e até agir (Zanelatto e Laranjeira, 2013).

Dependendo da ação no cérebro, as drogas são divididas em três grupos:


depressoras (diminuem as atividades cerebrais), estimulantes (aumentam as
atividades do cérebro) e perturbadoras (fazem com que o cérebro passe a
funcionar fora do seu normal, ficando o indivíduo com a mente perturbada)
segundo Zanelatto e Laranjeira (2013).
17

2 OBJETIVOS

O objetivo principal do presente trabalho foi demonstrar que o Treinamento


das Habilidades Sociais é um modelo eficaz para a prevenção das Dependências
Químicas, procurando compreender as habilidades sociais como sendo um
repertório de comportamentos sociais que pode contribuir de maneira
significativa para Prevenção ao uso de substâncias na adolescência e vida
adulta. O déficit neste repertório pode apresentar-se como fator de risco para o
uso de substâncias psicoativas.

Em nossa sociedade atual tem-se a sensação de uma epidemia sem controle


do uso de drogas, principalmente relacionado ao uso de maconha, crack e
cocaína e os Jovens seriam os principais usuários. Contudo, como forma de
prevenção, as Técnicas de Habilidades Sociais utilizadas através do modelo
Cognitivo-Comportamental apresentam eficácia no desenvolvimento de
comportamentos e habilidades que podem ser fundamentais para prevenção do
uso de sustâncias ilícitas (Zanelatto & Laranjeira, 2013).

3 METODOLOGIA

A metodologia empregada neste estudo é do tipo bibliográfica e como


fontes foram utilizados livros, dissertações e artigos sobre o tema, assim
como o Google Acadêmico. Utilizou-se filtros como Habilidades Sociais,
Dependência Química e Prevenção da Dependência Química com base na
Terapia Cognitivo-Comportamental tendo como critérios para escolha artigos
da Terapia cognitivo-comportamental relacionados a prevenção ao uso de
substâncias na infância.

A pesquisa foi realizada no formato de revisão bibliográfica da literatura


das Habilidades Sociais e a prática da prevenção da dependência química e
18

uso de substâncias psicoativas na infância, considerando a importância do


desenvolvimento das Habilidades Sociais nesse período. Para sua
construção, partiu da leitura dos artigos, dos resumos e textos completos.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esta pesquisa restringiu-se a abordagem teórica baseada na Terapia


Cognitivo Comportamental utilizando das técnicas de Habilidades Sociais como
forma de prevenção ao uso de substâncias e dependência química na
adolescência e vida adulta.

A literatura pesquisada mostra fortes evidências de que adolescentes que


fazem uso de substâncias psicoativas podem demonstrar déficit nas habilidades
sociais. Além de fatores psicológicos, existe a influência realizada pelos pares
para ser aceito no grupo, por exemplo o jovem pode ser pressionado a utilizar
drogas ou bebida alcoólica, além de muitos outros comportamentos
considerados de risco (Del Prette & Del Prette, 2002).

O problema do jovem em obter prazer fazendo o uso de drogas


psicoativas é o risco que ele corre de se tornar dependente com o passar do
tempo e comprometer a realização de tarefas normais ao seu desenvolvimento,
o cumprimento de papeis sociais esperados como adequados, a aquisição de
habilidades consideradas essenciais, a realização de um sentido de adequação
e competências e preparação para a próxima etapa da sua vida, a vida adulta
(Caballo, 2016).

As habilidades Sociais possuem forte relação com o desenvolvimento da


Assertividade, das competências sociais e do comportamento adaptativo, dessa
maneira torna-se importante desenvolver habilidades no indivíduo que permitam
lidar de maneira eficaz com situações que geram stress e ansiedade. Pessoas
19

com habilidades denominadas frágeis, somadas a vários fatores como


biológicos, genéticos e com sua história de aprendizagem e experiências, por
Zanelatto & Laranjeiras (2013) podem ser vulneráveis ao consumo de
substâncias psicoativas.

As Habilidades Sociais são aprendidas por meio de experiências vivenciadas


e em outros momentos por instrução. As experiências são mediadas por crenças
e valores, que irão determinar o desenvolvimento particular das habilidades
sociais em cada indivíduo. Já as instruídas, tem o papel de fazer o indivíduo ter
pensamentos e comportamentos mais adaptativos e menos disfuncionais,
distinguindo para ele o certo do errado (Murta, 2005).

Espera-se que o comportamento socialmente hábil gere reforço positivo,


tendo em vista que é importante sempre observar as reações que determinados
comportamentos causam ao meio e nos outros.

Para Zanelatto & Laranjeira (2013), as habilidades sociais possuem como


principais estilos de resposta a capacidade de dizer não, pedir favores, fazer
pedidos expressar sentimentos positivos ou negativos, bem como iniciar, manter
e finalizar conversas.

Nos tratamentos de indivíduos com os mais diversos transtornos


psiquiátricos, dentre eles indivíduos que apresentam dependências por
substancias psicoativas, tem se usado estratégias do Treinamento de
Habilidades Socais com muito sucesso segundo Zanelatto & Laranjeiras (2013),
onde um dos seus principais objetivos é a prevenção ao uso de substâncias por
jovens, tendo como cenário principal para a intervenção as escolas.

A Habilidade social como técnica de enfretamento para dependentes de


álcool passou a ser utilizada em 1970.O treinamento e a prática das habilidades
contribuem para eficácia fazendo com que o dependente apresente respostas
de enfrentamento eficaz e mais adaptativa diante de situações consideradas de
risco, como as recaídas que são consideradas como estímulos que ameaçam a
situação de controle da dependência (Zanelatto & Laranjeira, 2013).

As literaturas e estudos ilustram e enfatizam a importância do


desenvolvimento das Habilidades Sociais como instrumento para auxiliar na
20

diminuição dos fatores de recaídas, como fator de prevenção ao uso para os que
não o fazem. Pensando nisso, os modelos de intervenção aplicam o treino de
habilidades intrapessoais incluindo o desenvolvimento de estratégias para lidar
com os gatilhos, fissura, pensamento negativo, e raiva, assim como o
treinamento para tomadas de decisão, resolução de problemas, manejo de
situações de emergência, aumento de atividades prazerosas e de enfrentamento
das decisões. Já as habilidades interpessoais têm como foco a assertividade
(como o dizer não ao consumo de álcool e outras substâncias) e de comunicação
de modo geral (Murta,2005).

O Treinamento de Habilidades Sociais e de enfrentamento para os


dependentes de álcool e outras substâncias segundo Falcone (2002) pode ser
conduzido em vários ambientes, em grupos ou individuais, bastando o indivíduo
estar disposto para participar. Esse treinamento apresenta vantagens quando
aplicado em grupos, pois possui maior condição de Modelagem, tendo em vista
que o grupo possui características semelhantes.

O aprendizado de novas habilidades interpessoais capacita os indivíduos


que possuem dificuldades para serem assertivos, a se defenderem de forma
mais ativa quando receberem uma pressão para executar comportamentos
inadequados, como consumir drogas afirma Falcone (2002).

De acordo com Caballo (2003), o treinamento de Habilidades sociais pode


ser compreendido como um tratamento que visa ensinar estratégias e
habilidades interpessoais aos indivíduos, com a intenção de desenvolver suas
competências interpessoal e individual em situações especificas e sociais.

Além da dificuldade de o adolescente dizer não aos pares e grupos, o uso


de drogas pode ser neste caso um reforçador social, além de reduzir sintomas
de ansiedade decorrente de outras situações, que poderiam ser reduzidos se
outras habilidades sociais fossem aplicadas em diferentes contextos no qual este
jovem está inserido (Murta, 2005).

O desenvolvimento de estudos sobre a Prevenção ao uso de drogas pode


contribuir significativamente para o desenvolvimento de jovens mais assertivos,
com o uso do treinamento de Habilidades Sociais, podemos desenvolver na
21

infância habilidades consideradas essenciais para o bem-estar na adolescência


de maneira que possibilite a capacidade de apresentar habilidades consideradas
adequadas socialmente, além de estar relacionada a fatores e processos
interpessoais (Del Prette & Del Prette, 2003).

O ambiente social e familiar tem efeito de grande potencial para o


ajustamento de conduta infantil, onde o vínculo e a interação familiar considerada
saudável, servem de base para o desenvolvimento das Habilidades sociais
adequadas ao não consumo de substâncias psicoativas segundo Falcone
(2000).

Além disso, as mídias em nosso meio transmitem mensagens que podem


sem influenciadoras e reforçadores de certos hábitos, influenciando nos valores
e tomadas de decisão com o passar de seu desenvolvimento. No entanto, as
habilidades sociais para a formação de crianças e jovens deveriam fazer parte
do processo de pais e educadores na sociedade atual, pois a aquisição dessas
habilidades seja no meio social como a escola, como no ambiente familiar
reduzem problemas de comportamentos nas crianças desde os primeiros anos,
promovendo melhor desempenho na adolescência e vida adulta (Marlatt, 2014).

A prevenção do uso e abuso de drogas promove a saúde, e promover um


crescimento e desenvolvimento saudável está dentro da proposta que converge
para o cumprimento do Estatuto da Criança e do adolescente em nosso país. Os
problemas que surgem com as consequências da dependência de drogas e
outras substâncias segundo Jungerman e Zanelatto (2007) afetam não somente
o usuário, mas também todo seu sistema familiar.
22

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo bibliográfico possibilitou ressaltar a importância da utilização do


Treinamento de Habilidades Sociais na infância, por psicólogos e outros
profissionais em especial na área da saúde, como forma de prevenção ao uso
de substâncias e dependência química na adolescência e vida adulta.

Foi possível observar e analisar no levantamento bibliográfico que a


prevenção é a forma de atuação mais eficaz para os casos de Dependência
Química, é preciso agir antes da experimentação, antes que a curiosidade seja
despertada.

Essa realidade do precoce uso de substâncias químicas por parte de crianças


e jovens do nosso país nos dias de hoje e o alto índice de homens e mulheres
dependentes químicos, suscitou o desejo de levantar e revisar as literaturas pois,
maior conhecimento e investimento na prevenção do uso de substâncias através
do desenvolvimento das Habilidades Sociais na infância, poderá fazer com que
na adolescência estes jovens possam se distanciar desta realidade presente em
muitas famílias na atualidade.

A adolescência é uma fase de transição entre a infância e vida adulta,


caracterizado pela necessidade de integração social, busca de autoafirmação,
identidade sexual. Considerada uma etapa de desenvolvimento que envolve
adaptações e muitas mudanças, onde ele não desenvolveu de forma adequada
algumas habilidades (Silva & Mattos, 2004).

Alguns jovens escolhem usar drogas nessa fase iniciando pelo cigarro e
álcool, e posteriormente passando a consumir outros tipos. Alguns estudos
associados ao uso de substâncias buscam comprovar a relação entre o uso de
substâncias e a existência de déficits nas habilidades sociais dos indivíduos
usuários ou abusadores de drogas. Dessa forma se faz necessário por parte dos
jovens, aprender a manejar suas características que os exponham a situações
de risco em relação ao uso, e aprender a se proteger de situações que o coloque
a frente do contato e consumo de substâncias psicoativas (Diehl et al, 2010).
23

Como é possível verificar na tabela abaixo o tipo de substâncias utilizadas


por Jovens do Ensino médio e fundamental em 1997.

DROGAS USADAS POR ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO


DE 10 CAPITAIS BRASILEIRAS EM 1997

% DOS QUE USARAM PELO % DOS QUE USARAM NO


SUBSTÂNCIA
MENOS 1 VEZ NA VIDA ÚLTIMO MÊS
ÁLCOOL 75,6 40,4
TABACO 32,8 13,1
INALANTES/SOLVENTES 13,8 3,5
MACONHA 7,6 2,6
ANSIOLÍTICO 5,8 1,6
ANFETAMÍNICOS 4,4 1,5
COCAÍNA/CRACK 2 0,8
Fonte: Cebrid/Unifesp

Estudos comprovam que crianças que não desenvolveram na infância


habilidades de interagir socialmente de uma forma adequada podem ser
ameaçadas por seus pares na adolescência principalmente e acabar se
envolvendo em comportamentos pouco saudáveis como violência e uso de
drogas. Assim programas preventivos ficam no treinamento assertivo, de
habilidades sociais com estratégias de comunicação, desenvolvendo habilidades
para solução de problemas e tomadas de decisão (Zanelatto e Laranjeira, 2013).

Pesquisas apontam dados sobre o aumento de uso de substâncias


psicoativas entre adolescentes e reforça a necessidade de mais aprofundamento
nessa área de estudo. Outros estudos comprovam a existência de déficits
relacionados a dificuldade de dizer não e resistir ao uso das drogas na
adolescência, além de reconhecer que o desenvolvimento de habilidades de
resistência ao oferecimento de drogas, auto eficácia, tomada de decisão pode
auxiliar na redução de comportamentos que envolvam o uso de drogas
psicoativas, segundo Jungerman e Zanelatto, 2007).
24

USO DE DROGAS POR ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO


DE 10 CAPITAIS BRASILEIRAS EM 1997 SEGUNDO O SEXO

SUBSTÂNCIA HOMEM QUE JÁ USOU MULHER QUE JÁ USOU


ÁLCOOL 76,8 76
TABACO 33,8 32,7
INALANTES/SOLVENTES 17,2 11,9
MACONHA 11,6 5
ANSIOLÍTICO 4,6 7,1
ANFETAMÍNICOS 3,6 5,2
COCAÍNA/CRACK 3,2 1,1
Fonte: Cebrid/Unifesp

O Treinamento de Habilidades Sociais é fundamental tendo em vista que, o


indivíduo passa grande parte do tempo envolvido em relações interpessoais. Ao
se apresentarem habilidosos nas relações e interações sociais de maneira
satisfatória e adequada, poderá aumentar os reforçadores auxiliando na
prevenção e/ou redução de suas dificuldades psicológicas (Del Prette & Del
Prette,2003).

Há nas literaturas fortes evidências das relações entre as habilidades sociais


e os transtornos psicológicos como depressão esquizofrenia, transtornos
emocionais da infância e de ansiedade. Nos transtornos por uso de substâncias,
os chamados déficits de habilidades sociais, se manifestam como baixa
competência social e dificuldades de enfrentamento as situações de risco e
resolução de problemas (Del Prette & Del Prette,2003). Essas dificuldades levam
os Adolescentes e Jovens a fugir da realidade através do uso de substâncias, já
que a pressão dos grupos e pares para o uso de substâncias psicoativas exige
do jovem um comportamento assertivo para saber recusar.

Em relação ao Tratamento de Dependentes e usuários de substâncias


psicoativas, Jurgeman e Zanelatto (2007) relatam a eficácia também do
Treinamento de Habilidades Sociais, uma vez que estes e seus familiares se
sentem mais instrumentalizados para lidar com situações de risco advindas do
uso de drogas. Dessa forma, vemos na literatura que as Habilidades Sociais
apresentam eficácia tanto na prevenção como no tratamento. Para os autores
acima, a aplicação do inventário de habilidades sociais em jovens, relacionado
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a assertividade, revelou que a maioria das áreas que os jovens apontam como
dificuldade social envolve o contexto familiar, evidenciando a necessidade de
desenvolver comunicação.

Para Jungerman e Zanelatto (2007), desenvolver habilidades de


comunicação é fundamental para a prevenção do hábito de consumir drogas ou
álcool, ou ainda em tratamentos aumentar a chance de consumo.

Apesar de pouco aprofundamento neste estudo, que esta pesquisa possa


contribuir cientificamente para estudos futuros nesta área, valorizando cada vez
mais a utilização do Treinamento de Habilidades Sociais na Terapia cognitivo-
comportamental para a prevenção do uso de substâncias.
26

REFERÊNCIAS

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Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-V). Arlington, VA: American
Psychiatric Association, 2013. [ Links ]

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Sociais. Rio de Janeiro: Livraria Santos Editora LTDA, 2016.

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Desenvolvimento e Aprendizagem. Campinas-SP: Alínea, 2003.

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E POLÍTICAS PÚBLICAS. Porto Alegre: Artmed, 2010.

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Paulo: Manole, 1994.

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Paulo: ESETec, 2000.

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usuário de maconha e seus familiares, um manual para terapeutas. São
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2014.

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Química e as Terapias Cognitivo-Comportamentais: um guia para
terapeutas. Porto Alegre: Artmed, 2013.

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