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JANEIRO – UNIRIO
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E POLÍTICAS
ESCOLA DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
SEMINÁRIO VII – ESTADO E REGULAÇÃO
RIO DE JANEIRO
2018
GABRIEL PEREIRA BARRETTO DA LUZ
JACQUELINE VIANA MARTINS SILVEIRA DE SOUZA
RENAN LIMA DE CARVALHO
THAISE CABRAL DA SILVA PEIXOTO
VICTOR RIBEIRO DE MORAES
VINICIUS MIRANDA PORTO
RIO DE JANEIRO
2018
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO………………………..…………………………………..………..… p. 03
1.1 ANÁLISE HISTÓRICA DO DIREITO FUNDAMENTAL À SAÚDE……………. p. 03
1.2 O SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL………………...…………………………. p. 05
2 O SISTEMA DE SAÚDE COMPARADO COM OUTROS PAÍSES……………... p. 06
3 SAÚDE SUPLEMENTAR………………………………………………………...…. p. 08
4 ANS – CRIAÇÃO E FINALIDADE…………………………..................………….. p. 10
5 JUDICIALIZAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS…………………………………….. p. 12
5.1 POLÍTICAS PÚBLICAS DE ACESSO À SAÚDE……….........................……. p. 13
5.2 A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA E SUPLEMENTAR.............……. p. 14
6 PRINCIPAIS DESAFIOS DA SAÚDE SUPLEMENTAR…...…………………….. p. 15
7 REFERÊNCIAS.................................................………………………………….. p. 18
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1 INTRODUÇÃO
Até o momento pré Estado ditatorial de 1964, o direito à saúde, numa noção de
política pública, se caracterizou por uma linha epidemiológica, que era preocupada
em dar um basta às doenças em escala social; e outra clínica, baseada na
manutenção e recuperação da força de trabalho, que impactasse na economia
nacional.
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Ainda na década de 1970, diante do cenário de crise, não só na saúde, mas
que também evidenciava prejuízos em diversos setores da sociedade, impactando
claramente no setor de saúde, pessoas dos mais diferentes seguimentos, como
políticos, intelectuais, sindicalistas e lideranças populares, se uniram em torno de um
objetivo comum, focando trazer propostas para outra forma de pensar e fazer saúde,
movimento esse que ficou conhecido como Reforma Sanitária.
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de 2013, divulgada pelo IBGE, dois terços da população brasileira dependem do SUS,
enquanto que um terço é usuário da Saúde Suplementar. Cumpre destacar que, no
Brasil, o assegurado por plano de saúde não perde o direito ao SUS, uma vez que a
assistência privada é suplementar. Diferente do que ocorre, por exemplo, no Chile,
onde é necessário optar entre ser usuário da saúde pública ou dos planos de saúde.
O artigo 23, inciso II, da Magna Carta estabeleceu que o cuidado da saúde é
de competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
A União é incumbida pela gestão federal e atua por meio do Ministério da Saúde (MS),
o qual é responsável por metade de todos os recursos utilizados no país em saúde
pública. O MS cria políticas nacionais de saúde, mas não executa as ações, as quais
são realizadas pelos parceiros (estados, municípios, fundações, empresas, ONGs,
etc.). Já os Estados e o Distrito Federal fazem a gestão da saúde no âmbito de seus
territórios, por intermédio de suas secretarias. Possuem recursos próprios e aqueles
que são repassados pela União. São parceiros para a realização das políticas
nacionais e também formulam suas próprias políticas de saúde. Por fim, os Municípios
são encarregados pela execução das ações e serviços de saúde nos territórios de
seus domínios. Aplicam recursos próprios e aqueles repassados pela União e Estado.
São parceiros para a concretização das políticas nacionais e estaduais de saúde e
também realizam suas próprias políticas.
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nível de integralidade de atendimento está diretamente ligado ao quanto o sujeito paga
pela sua assistência. Quanto maior o pagamento, maior a cobertura e a integralidade
do serviço. Naturalmente, o inverso também ocorre.
3 SAÚDE SUPLEMENTAR
Através dos anos a ANS emitiu importantes resoluções normativas para o setor,
como:
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RN nº 186: Regulamentação da portabilidade das carências;
RN nº 160: Definição da obrigatoriedade das Operadoras apresentarem
recursos próprios mínimos;
RN nº 162: Atualiza as regras de declaração de saúde, para que evite
prejuízos às operadoras por causa de omissões e fraudes de clientes
com doenças pré-existentes;
RN nº 323: Obriga as operadoras de saúde a possuírem ouvidoria;
RN nº 358: Definição de ressarcimento das Operadoras dos
procedimentos de alta e média complexidade realizados por seus
clientes no SUS.
1
VENTURA, Ivan. O BILIONÁRIO PROBLEMA DA JUDICIALIZAÇÃO NA SAÚDE. 2017. <disponível em:
http://www.consumidormoderno.com.br/2017/04/26/bilionario-problema-judicializacao-saude/ > Acesso em
04.jun. 2018
2
ANS, Agência Nacional de Saúde. ANS participa de reunião para reduzir judicialização da saúde. 2016.
<disponível em: http://www.ans.gov.br/aans/noticias-ans/sobre-a-ans/3354-ans-participa-de-reuniao-para-
reduzir-judicializacao-da-saude> Acesso em 04.jun. 2018
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uma crescente redução de orçamento em políticas públicas assistências, inclusive
relacionadas ao direito ao acesso universal à saúde, garantido pela Constituição
Federal da República Federativa do Brasil de 1988, em seus artigos 196 a 200.
3
CASTRO, Henrique Hoffmann Monteiro de. Do direito público subjetivo à saúde: conceituação, previsão legal
e aplicação na demanda de medicamentos em face do Estado-membro. <Disponível em
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6783> Acesso em 04.jun.2018
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diversos problemas de execução e administração, que não condizem com a
necessidade da população, em especial quanto à tratamentos de saúde de alto custo
e tecnologia.
Essa conjunção de fatores, somado ao crescente fenômeno do ativismo judicial
no país, ocasionou a chamada “judicialização da saúde”.
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Portanto, não somente o Estado se torna responsável pelo fornecimento de
procedimentos relacionados à Saúde, de fato, é sua obrigação fornecer o acesso
universal e realizar políticas públicas com tal finalidade. Porém, quanto à parcela da
população que possui o privilégio de dispor de quantia de dinheiro para possuir um
plano de saúde suplementar, os Planos de Saúde, também possuem obrigações
quanto o fornecimento de aparato necessário para garantir o acesso à Saúde e o
direito à vida de seus clientes.
Sendo assim, tem aumentado significativamente o número de ações judiciais
contra os planos de saúde, em alguns aspectos, como por exemplo, os reajuste dos
preços das contraprestações pecuniárias e a negativa nos planos de coberturas
previstas na lei e no rol de procedimentos e eventos em saúde, elaborado pela ANS,
que constitui a referência básica para cobertura assistencial mínima4.
Entretanto, é válido ressaltar que a ANS, em teoria, seria a responsável por
conduzir e julgar eventuais processos administrativos decorrentes de infrações dos
planos de saúde, e a aplicação de multa que entender devida.
Porém, pelo outro lado da balança, as próprias empresas optam por acionar
também o judiciário, porque entendem que as multas e sanções aplicadas pela ANS
são desproporcionais, injustas, ou incondizentes com o ordenamento jurídico vigente.
Evidencia-se assim, o fenômeno das judicializações terem crescido cada vez
mais, pois, além dos motivos listados anteriormente relacionados ao esvaziamento de
políticas públicas de assistência e acesso à saúde, bem como da utilização do
judiciário para garantir a eficácia do dispositivo constitucional, dos problemas
relacionados as divergências entre as empresas e a ANS, nos parece que o cenário
da judicialização da saúde tende a crescer cada dia mais.
4
VIANNA, Geraldo Luiz. JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE SUPLEMENTAR: A CONCEPÇÃO DO “DIREITO COMO
INTEGRIDADE” CONTRA A DISCRICIONARIEDADE JUDICIAL. 2013. <Disponível em:
https://iess.org.br/cms/rep/1lugardireito_raxdb8gh.pdf> Acesso em 08.jun.2018
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Para a agencia, um dos principais desafios é garantir Acesso à Cobertura
Assistencial. Neste sentido a agencia visa regular as relações entre as operadoras
dos planos e os beneficiários destes. De acordo com a Agencia Nacional de Saúde
Suplementar, as operadoras de planos de saúdes devem garantir o acesso do
beneficiário aos serviços e procedimentos definidos como cobertura mínima
obrigatória, tendo instituído um rol destes serviços.
Outro desafio para a agência é garantir a qualidade dos produtos relacionados
à saúde suplementar, para isso a ANS criou um fator de aferimento chamado fator de
qualidade. Que é um fato que deve ser aplicado ao índice de reajuste estabelecido
pela ANS, qual seja, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, aplicável aos
contratos entre os prestadores de serviços e as operadoras de planos de saúde,
quando há previsão de livre negociação entre as partes, como única forma de reajuste,
e não há acordo após a negociação, nos primeiros noventa dias do ano 5.
Além disso, outros desafios assolam o futuro da saúde suplementar, como, por
exemplo, a transição demográfica. No país, esse fenômeno se dá em proporções
diversas ao que ocorre em outros países, pois, o Brasil possui um perfil de doenças
infecto contagiosas, que ocasionam mudanças degenerativas
De acordo com dados extraídos dos relatórios anuais da ANS, no Brasil e no
mundo, a parcela da população com idade acima de sessenta anos está crescendo
em um ritmo mais acelerado do que qualquer outro grupo etário. Historicamente, o
número de crianças sempre foi superior ao número de idosos. Porém, espera-se que
em 2050 o percentual da população mundial acima de sessenta anos ultrapasse o
percentual de jovens de até 14 anos. No Brasil, essa transição deve ocorrer já em
2030.
A proporção da população idosa está aumentando cada dia consideravelmente,
enquanto a proporção da população de jovens e adultos reduz. O processo de
evolução demográfica das sociedades é usualmente descrito em quatro etapas. Na
primeira, a taxa de nascimento e a taxa de mortalidade são altas, resultando em baixo
crescimento populacional e estrutura etária com formato de pirâmide, com muitas
crianças e pouca população idosa. Na segunda etapa, a queda da mortalidade infantil
combinada com a manutenção de altas taxas de fertilidade provoca crescimento
5
AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE. Fator de Qualidade. <Disponível em: http://ans.gov.br/prestadores/contrato-
entre-operadoras-e-prestadores/fator-de-qualidade> Acesso em: 08.jun.2018
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populacional, potencialmente com um efeito virtuoso, o chamado “bônus
demográfico”, uma vez que cresce a proporção da população em idade ativa.
Na terceira etapa, o fato relevante é a queda na taxa de fertilidade, estreitando
a base da pirâmide e empurrando para cima a média de idade da população. Por fim,
na quarta, a mortalidade e a fertilidade são baixas e estáveis, o crescimento
populacional estabiliza-se e a estrutura etária torna-se quase retangular, com maior
peso da população idosa, marcada pelo fenômeno do envelhecimento populacional.
O Brasil segue a tendência mundial, sendo projetada para 2030 uma
expectativa de vida populacional média de 79. Esse aumento da expectativa de vida
ao nascer é causado conjuntamente pela redução da mortalidade infantil e pela maior
sobrevivência em idades mais avançadas6.
Dessa maneira, podemos concluir que, assim como destaca a presidente da
Federação de Saúde Suplementar, FENASAÚDE Solange Beatriz Palheiros Mendes
(2017) “a Saúde Suplementar confronta-se com três grandes tendências impactantes:
uma maior demanda por serviços de saúde, potencializada pelo aumento da presença
de idosos e doentes crônicos entre os beneficiários; aumento exponencial dos custos
assistenciais e a incorporação de novas tecnologias, que provocam rupturas
significativas em toda a cadeia.”
O segmento de Saúde Suplementar, que representa 2,7% do PIB do país, é um
agente expressivo da economia nacional, onde mais de 70 milhões de brasileiros
investem em empresas privadas para gerirem sua saúde, ainda que, em total, tenha-
se perdido em números de beneficiários nos últimos anos, devido à crise que assola
o país.
Entretanto, o mercado permanece otimista, e estima que caso haja uma
recuperação econômica do país, e melhoria na infraestrutura de gerir a saúde
suplementar, a tendência é de crescimento nos próximos anos.
6
BNDES. Envelhecimento e transição demográfica | Marca-texto. < Disponível em:
https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/conhecimento/noticias/noticia/envelhecimento-transicao-
demografica> Acesso em: 08.jun.2018
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6783> Acesso em 17.mar.2010
04/06/2018.
COHN, A. et alii. Saúde como direito e como serviço. São Paulo, Cortez, 1991.
MENDES, E.V. Uma agenda para a saúde. São Paulo: Hucitec, 2ª ed., 1999.
PIETROBON, Louise; PRADO, Martha Lenise do; CAETANO, João Carlos. Saúde
suplementar no Brasil: o papel da Agência Nacional de Saúde Suplementar na
regulação do setor. Physis, Rio de Janeiro , v. 18, n. 4, p. 767-783, 2008
. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
73312008000400009&lng=en&nrm=iso> Acesso em: 07 jun. 2018.
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SESTELO, José Antonio de Freitas; SOUZA, Luis Eugenio Portela Fernandes
de and BAHIA, Lígia. Saúde suplementar no Brasil: abordagens sobre a
articulação público/privada na assistência à saúde. Cad. Saúde Pública [online].
2013, vol.29, n.5 [cited 2018-06-09], pp.851-866. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
311X2013000500004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 07 jun. 2018.
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