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DIREITO AMBIENTAL I

Prof.ª Ana Maria de Oliveira Nusdeo


Marcella Sassettoli (Turma 23-189)

Aula 1 – 02/03/2018
INFORMAÇÕES BÁSICAS
Metodologia do curso
• Aulas divididas em aula expositiva participativa e seminários
o Aula participativa: responder questões colocadas pela professora
o Seminários: grupos de 4 pessoas – responder a uma questão
sobre os textos indicados (levar cópia) no programa antes da aula
participativa (40 minutos)
• Material de aula: normas jurídicas a serem analisadas
Avaliação
• 2 provas: 70% (aula teórica e textos dos seminários)
• Atividades entregues durante os seminários: 20%
• Participação em sala: 10%

EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO AMBIENTAL E DESAFIOS


Os problemas ambientais estão bem equacionados por meio das leis?
• O questionamento pode se dar também quanto à efetividade ou eficácia
social das leis do direito ambiental
• Em países subdesenvolvidos, muitas vezes, as leis não têm essa
efetividade frente à sociedade
• Pode haver uma falha jurídica de efetividade, problemas de
regulamentação e de fiscalização
• Às vezes, os próprios interesses políticos levam a contrariedades na
elaboração de leis de proteção ambiental
Evolução da cooperação internacional em matéria ambiental
• Países desenvolvidos e em desenvolvimento cooperam pela busca da
sustentabilidade?
o Existe um fenômeno marcado pelo consumo pelos países
desenvolvidos de certos produtos que são produzidos fora do seu
território, devido ao processo de globalização
▪ Coloca-se em relevo a pegada ecológica: quantidade de
terra e água necessária para sustentar gerações atuais,
tendo em conta todos os recursos materiais e energéticos,
gastos por uma determinada população
▪ Os países desenvolvidos transferem, em muitos casos, para
os países em desenvolvimento a cadência de produção e
poluição, não tendo responsabilidade por isso
• Qual pode ser um marco inicial para essa cooperação? Como os países
se posicionaram?
o Conferência de Estocolmo, em 1972, pode ser considerado um
marco inicial, apesar de existirem outros tratados e medidas
adotados anteriormente
▪ Momento em que se iniciou o debate para se pensar
conjuntamente, cooperativamente e mundialmente sobre a
questão ambiental (“desenvolvimento e sustentabilidade”)
▪ Antes, as questões eram pontuais e os tratados
essencialmente regionais, que não abarcavam a questão
mundial
• Desenvolvimento e proteção ambiental estão em conflito?
o O desenvolvimento pode auxiliar na produção de tecnologias que
corroborem com a proteção ambiental
o Conceito de “eco desenvolvimento” (Ignacy Sachs): ênfase num
modelo de desenvolvimento com uma perspectiva local (“comprar
de produtores locais”); permite que os países descubram seus
caminhos e se desenvolvam
o Ideia de desmaterialização como forma de desenvolvimento
sustentável
o Comentário de que poderia não ser necessário aos países em
desenvolvimento promover o próprio crescimento a partir de
tecnologias antes utilizadas por países desenvolvidos que hoje são
consideradas nocivas ao meio ambiente. Se os países
desenvolvidos oferecessem suas pesquisas sobre
desenvolvimento sustentável aos países em desenvolvimento,
estes poderiam iniciar seu crescimento “pulando” aquela etapa já
ultrapassada (“leaping frogging”: “salto de sapo”)
Declaração de Estocolmo: alguns pontos importantes
• Preâmbulo: efeitos danosos da industrialização e necessidade dos países
em desenvolvimento reduzirem a distância entre eles e os países em
desenvolvimento
• P8: indispensabilidade do desenvolvimento econômico e social para
assegurar ao homem um ambiente de vida e trabalho favorável e criar
condições de melhorar a qualidade de vida na terra
o Questiona-se aqui qual o tipo de desenvolvimento
• P9: transferência maciça de recursos e assistência financeira e
tecnológica que complementem esforços dos países em desenvolvimento
o Existe uma resistência na transferência dessa tecnologia
desenvolvida
▪ Isso implica em investimento
▪ Há barreiras de proteção à propriedade intelectual
Políticas ambientais
• P11: as políticas ambientais de todos os Estados deveriam estar
encaminhadas para aumentar a potencialidade de crescimento atual ou
futuro e não deveriam restringir esse potencial nem colocar obstáculos à
conquista de melhores condições de vida para todos; os Estados e as
organizações internacionais deveriam tomar disposições pertinentes, com
vistas a chegar a um acordo, para se poder enfrentar as consequências
econômicas que poderiam resultar da aplicação de medidas ambientais,
nos planos nacional e internacional
o Não se pode impor os padrões vigentes no país importador aos
produtos que serão importados – obstáculo ao crescimento dos
países em desenvolvimento
o Admite-se restrição, por parte do país importador, a determinado
produto importado por causar danos aos cidadãos
Reconhecimento da soberania
• P21: em conformidade com a Carta das Nações Unidas e com os
princípios de direito internacional, os Estados têm o direito soberano de
explorar seus próprios recursos em aplicação de sua própria política
ambiental e a obrigação de assegurar-se de que as atividades que se
levem a cabo, dentro de sua jurisdição, ou sob seu controle, não
prejudiquem o meio ambiente de outros Estados ou de zonas situadas
fora de toda jurisdição nacional
o Exemplo: conflito entre Argentina e Uruguai por conta de uma
indústria poluidora
o Enquanto se reconhece a soberania de cada país em determinar
quais as políticas que melhor se adequam à sociedade, protege
também a soberania dos demais países e a cooperação mundial
• P7: considerando as distintas contribuições para a degradação ambiental,
os Estados têm responsabilidades comuns, porém diferenciadas
Cúpula da Terra – 1992
• Elaboração de duas convenções
o Convenção-quadro: mudanças climáticas
▪ Criação de conceitos
▪ Conferência das partes
▪ Medidas que devem ser tomadas para estabilizar as
concentrações de gases de efeito estuda na atmosfera em
um nível que impeça uma interferência antropológica
perigosa no sistema climática
▪ Responsável pelo Protocolo de Kyoto
o Convenção da biodiversidade: proteção da biodiversidade
▪ Importância ambiental e econômica
▪ Deve haver uma autorização de acesso pelo país sede ao
material genético por parte do outro Estado
▪ Deve haver uma repartição dos benefícios com o país sede
e com as comunidades tradicionais
• Proposta de criação de um fundo para sustentar a implementação da
agenda 21 nos países G77, financiado pelos países de primeiro mundo
o Agenda 21: instrumento de planejamento participativo visando ao
desenvolvimento sustentável; delimita temas que merecem
atenção
o Faz sentido a criação de um fundo, já que se trata de medidas
cooperativas e de perspectiva mundial
• Assinatura da Rio-92, uma soft law
Rio-92
• O que aconteceu lá?
o Convenção-quadro sobre mudanças climáticas
o Convenção da biodiversidade
o Proposta de criação de um fundo verde para sustentar a
implementação da agenda 21 nos países do G77, financiado pelos
países do 1º Mundo
o Assinatura da Declaração do Rio de Janeiro
o Agenda 21
• Declaração do Rio de Janeiro: reforço a vários princípios de Estocolmo
o Soberania sobre seus recursos naturais/responsabilidade
o Preservação para futuras gerações
o Articulação entre desenvolvimento e proteção do meio ambiente
o Questão ética? Quais países devem se responsabilizar pelos
problemas ambientais?
o P7
o Outros princípios: participação e informação; princípio da
precaução; poluidor-pagador
• Entende-se que os princípios dessa declaração estão no ordenamento
jurídico brasileiro
Entre as Conferências
• O período analisado é o da Guerra Fria
• Papel do PNUMA e as convenções internacionais na área ambiental
• Relatório Brundtland (1986):
o Desenvolvimento sustentável é aquele que permite às gerações
atuais satisfazerem suas necessidades sem impedir que gerações
futuras possam também satisfazer as suas
Pós Rio 1992
• Rio + 20 (2012): reforçar compromissos, economia verde e quadro
institucional
o Economia verde significa produzir gerando menos impactos e
preservando o meio ambiente
o Questiona-se o esgotamento do PNUMA como órgão
organizacional
• Objetivos de desenvolvimento sustentável (2015) – Cúpula da ONU
o Objetivos sociais e ambientais
Reação dos países aos problemas ambientais
• Que resposta os países deram? Que resposta faz sentido os países
darem?
o Alguns problemas ambientais puderam ser percebidos como danos
causados em relação à vizinhança
o Buscaram-se mecanismos jurídicos da época: responsabilidade
civil por direito de vizinhança
• Com a intensificação da produção industrial, surgem normas de direito
administrativo que regulam impactos ambientais por parte das empresas
• A partir de 1990, o foco é a sustentabilidade (ainda em construção)
Desafios para o Direito Ambiental
• Regular para sustentabilidade: ecossistemas prestam serviços e
fornecem a base da vida nos níveis atuais e para as futuras gerações
• Direito ambiental: arquitetura legal-institucional
• Pressupostos teóricos: abordagem econômica – discussão de políticas;
abordagem ética – compreensão filosófica e hermenêutica
• Preocupação com “novos paradigmas” - epistemologia

Aula 2 – 09/03/2018
DIREITO AMBIENTAL E ECONOMIA
Como a economia enxerga os problemas ambientais? Como a microeconomia
aborda os problemas?
• Conceito de externalidade negativa: tipo de falha de mercado
o As consequências não se voltam ao gerador do problema
o O custo é transferido de uma unidade de produção a outra ou a
terceiros, fora do sistema de preços
• Situação 1: reforma do Largo – nem todos contribuiriam, mas os
benefícios da reforma seriam atingidos por todos
• Conceito de externalidade positiva: benefícios transferidos para o sistema
de preços
o Usufruto dos benefícios por todos
o Exemplo da geração de energia solar nas casas
o Free-ride (“efeito carona”) é outra falha de mercado que é uma
externalidade positiva
o Não exclusividade e não rivalidade > bens públicos
“Tragédia dos comuns”: não exclusividade
• O que acontece com a não rivalidade: leva a uma situação em que não
se observa a não rivalidade (o montante disponível se reduz conforme o
uso indiscriminado)
o Passa-se a ter um congestionamento no uso do bem público
• A defesa nacional é um bem público e é beneficiária de todos (não-
rivalidade) – só pode ser oferecida para todos
• A segurança pública, por outro lado, consegue ser privatizada
O que fazer diante de uma externalidade?
• Pelo Estado: taxação (expressão genérica) dos recursos utilizados
• Entre particulares: indenizações combinadas
• Fazer com que os cursos gerados sejam arcados pelas suas fontes
• Críticas:
o Dificuldade de se estabelecer qual a taxa ideal ou subsídio ideal
o Acaba sendo tudo meio arbitrário
o Às vezes o subsídio perde o sentido, pois acaba não produzindo
os efeitos esperados
o Dificuldade de os afetados acionarem o órgão público para uma
possível indenização
o Os custos podem ser internalizados, mas os problemas de fato não
são resolvidos (P.)
Proposta Coase
• As externalidades podem ser recíprocas; as transferências podem gerar
melhor resultado
• Na ausência de custos de transação (custo implicado numa transação –
tempo de demora para solucionar), as partes racionalmente chegam a um
resultado mais eficiente do que a intervenção do Estado,
independentemente da alocação inicial do direito
o Para situações pouco complexas, como as de vizinhança
• Crítica: os problemas ambientais são questões mais complicadas
o Os custos, muitas vezes, não afetam somente os pescadores, mas
toda uma coletividade
Como inovar em relação aos instrumentos tradicionais?
• As políticas ambientais têm dois grandes instrumentos
o De controle e comando (tradicionais; mais lógicos)
▪ Imposição de certo tipo de comportamento e verificação da
sua realização na prática
▪ Busca-se controlar o comportamento dos indivíduos
(indução de comportamentos – é algo alternativo, não
obrigatório)
▪ Exemplos: leis, atos administrativos
▪ “Sanções premiais”: exemplo do incentivo tributário –
quando o comportamento previsto em lei é verificado, o
agente é premiado com um benefício fiscal
▪ Bobbio: esses mecanismos surgem e fazem sentido quando
o Estado cria programas para intervir na economia, no
sentido de fomentar os agentes econômicos
▪ Crítica: necessidade de fiscalização; custos administrativos
o Econômicos:
▪ Precificados: alteram os preços dos bens e serviços de
economia, para cima (superavitória) ou para baixo
(deficitária); aproximam-se das taxas e subsídios
pigouvianos; tem com função corrigir as externalidades,
financiar determinadas receitas e cobrir custos, induzir um
comportamento social, de forma, por exemplo, a reduzir o
uso
▪ De mercado: alocam direitos de uso dos recursos naturais
(quotas) ou de emissão de poluentes aos agentes
econômicos e criam mecanismos para que sejam
transacionados entre eles; aproximam-se do Teorema de
Coase
▪ Com relação à possibilidade de transacionar quotas, deve-
se observar a necessidade de se reduzir progressivamente
o seu número, para que o problema da poluição seja
reduzido
• Abordagem econômica alternativa
o Economia ecológica: imposição de limites biofísicos à economia (é
uma crítica a uma economia “sem limites”)
▪ Necessidade de aproximação maior com as ciências
naturais, do que com os termos econômicos
▪ Basicamente, a economia tem que “caber” nas condições
ambientais

Aula 3 – 16/03/2018
POLÍTICA DE MEIO AMBIENTE NO BRASIL: A CONSTRUÇÃO DA
CIDADANIA AMBIENTAL
A legislação ambiental brasileira teve grande evolução, principalmente, a partir
da década de 1980, com a participação de organizações não governamentais e
movimentos ambientalistas
• Início dessa discussão nos anos 1930, com o protagonismo de Getúlio
Vargas e a vigência de um Estado dirigista
o Relação com o impulsionamento à industrialização e a
necessidade de alguma regulamentação estatal relativa à
exploração e à apropriação de recursos naturais
o Os recursos naturais eram tidos como pertencentes à União:
pensamento que implicava na sua disposição e, muitas vezes, na
sua privatização, de acordo com a vontade do Estado
• Lei nº 997/76 – controle de poluição industrial: os Estados percebem esse
problema e, então, dão uma resposta legislativa (lei estadual)
• Decreto 8.468
• Parcelamento do solo urbano: falta de previsão de um estabelecimento
de loteamento popular e geração de um loteamento irregular
(necessidade de planejamento territorial)
• Gestão integrada dos recursos naturais – década de 80
o Visão integrada
o Lei da Política Nacional do Meio Ambiente
o Princípios, objetivos e instrumentos basilares do direito ambiental
(muitos deles constitucionalizados)
o Regras sobre responsabilidade por danos ambientais
o Legitimidade para propor ação por danos ambientais (por
movimentos ambientalistas)
Apesar de o Brasil ter se manifestado, na Conferência de Estocolmo, no sentido
de que a proteção ambiental implicaria na dificuldade de se promover o
desenvolvimento do País, houve, logo em seguida, a criação de órgãos
“preocupados” com essas questões ambientais
• Jogo político: buscava-se atrair investimentos para o país; preocupação
maior com o setor privado
Propriedade dos recursos naturais
• Antes, eram tratados como bens estatais
o Bens públicos tratados como propriedade do Estado
• Articulação, por movimentos sociais e ambientalistas, de debates acerca
dos problemas ambientais enfrentados e participação ativa na política
o Surge a noção de que o bem público é de interesse coletivo/público
e de que, portanto, as questões ambientais merecem ser discutidas
pela população – democratização da política ambiental
Política ambiental brasileira
• Lei nº 6.938/81
o Primeira de um conjunto de leis que estabeleceu políticas
o O direito dá o suporte jurídico para as políticas públicas
o O direito institucionaliza as políticas públicas de proteção ambiental
o “O que se entende por meio ambiente”? O conceito deve ser
científico e jurídico
o Distinção: política x programas
▪ Política: mais ampla; para a sua consecução, é necessário,
acessoriamente, diretrizes e instrumentos, regras e
imposição de penalidades (alto grau de especificidade);
depende da criação de órgãos para a sua implementação
▪ Programa: tem diretrizes mais específicas
o Quando há maior grau de generalidade, a consecução dos seus
objetivos pode se dar por leis mais específicas ou atos do
Executivo
o Por conta do princípio da legalidade, por vezes, haverá a criação
de regras comportamentais (imposição de deveres legais)
▪ Formulação de regra de responsabilidade civil
o Estabelecimento de definições legais de meio ambiente
• Lei da Ação Civil Pública
o Conceito de meio ambiente (art. 3º, I): conjunto de condições, leis,
influências e interações de ordem física, química e biológica, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas
▪ Crítica: o conceito não abrange a interação social; é
naturalístico; hoje, é necessária uma definição com aspecto
da urbanização, da cultura e do trabalho
• Existem outras leis que tentam abranger essas questões, como o Estatuto
da Cidade – que cria uma série de objetivos ligados a uma certa
sustentabilidade do meio urbano
o Há instrumentos para, de alguma forma, adaptar a legislação
ambiental ao meio ambiente urbano
o Licenciamento, avaliação de impacto de vizinhança, etc.
Definições de poluição:
• Poluição: degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
que direta ou indiretamente:
o Prejudique a saúde, a segurança ou bem-estar
o Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas
o Afetem desfavoravelmente a biota
o Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente
o Lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos
• Poluidor: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de
degradação ambiental
o Poder público: estradas, loteamentos, etc.
• Degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das
características do meio ambiente
• Recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os
elementos da biosfera, a fauna e a flora
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA: órgãos
• Contempla vários órgãos colegiados em que há presença da sociedade
(membros do movimento ambientalista)
• Órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, territórios
e Municípios, bem como fundações instituídas pelo poder público
responsáveis pela melhoria e qualidade ambiental
• Sistema: articular competências federativas e articular participação da
sociedade
• Demora para ser regulamentado (IBAMA: Lei nº 7.735/1989)
• Organização:
o Órgão superior – Conselho de Governo
▪ Órgão Consultivo e Deliberativo – CONAMA (Conselho
Nacional do Meio Ambiente):
▪ Órgão Central – MMA (Ministério do Meio Ambiente)
▪ Órgão Executor – IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente)
▪ Órgãos Seccionais – órgãos ou entidades estaduais:
responsáveis pelo meio ambiente
▪ Órgãos Locais – órgãos ou entidades municipais:
responsáveis pelo meio ambiente
• CONAMA:
o 22 representantes da sociedade civil e trabalhadores
▪ Entidades ambientalistas regionais e nacionais
▪ Entidades profissionais na área ambiental e saneamento
(ABES)
▪ Trabalhadores urbanos e rurais
▪ Populações tradicionais e indígenas
▪ 8 representantes do setor empresarial
o Poder regulamentar

Aula 4 – 23/03/2018
DIREITO CONSTITUCIONAL E MEIO AMBIENTE
Definições sobre o tema ambiental na Constituição
• Menção ao meio ambiente como direito ambiental (art. 225)
o Direito de 3ª geração – direito difuso
▪ Segundo o CDC, direito difuso é aquele cujo objeto é
indivisível e cujos titulares são indeterminados
▪ Nos direitos coletivos de 2ª geração, os titulares são
determinados
▪ Quem são os titulares dos direitos difusos? Brasileiros,
estrangeiros, turistas, futuras gerações, etc. –
indeterminados
▪ Os direitos difusos também se projetam no tempo
• Inserção da preservação do meio ambiente entre os princípios da ordem
econômica (art. 170)
o Restrições ambientais ao desenvolvimento de atividades
econômicas
• Constitucionalização de elementos fundamentais da legislação anterior
(Lei nº 6.938/81 no art. 225, CF/88)
• Atribuição de competências aos entes federativos em matéria de direito
ambiental (art. 23 e 24)
• Tratamento do domínio/regime jurídico a que se submetem determinados
recursos naturais (art. 20 e 28)
O objetivo da proteção ao meio ambiente é a proteção deste considerado em si
ou em função de sua essencialidade à vida humana?
• Discussão sobre a Constituição ter dois objetos tutelados: o meio
ambiente em si e a saúde e qualidade de vida humanas
o Antropocentrismo x biocentrismo
• Podemos dizer que essa proteção é mais antropocêntrica, com maior
preocupação com o bem-estar humano
• Comparação da Constituição brasileira de 1988 com a Constituição
espanhola que protege o meio ambiente de forma mais particularizada –
relacionada ao desenvolvimento humano
• Discussão sobre a possibilidade de se considerar o meio ambiente um
sujeito de direitos
• Antropocentrismo mitigado x biocentrismo mitigado
Como inserir a proibição da crueldade contra os animais? Qual a justificativa?
• Há previsão constitucional contra a crueldade (art. 225, VII)
• Haveria uma repercussão desses maus tratos ao ecossistema e ao meio
ambiente como um todo (repercussão sistêmica)
• Tratamento diferenciado para espécies em extinção e espécies em
abundância
• A questão da crueldade contra animais é uma questão ética que vem
sendo discutida recentemente – é algo muito novo
o Ética: o ser humano tem o dever ético perante as outras espécies
de protege-las pois é dotado de racionalidade
• Reconhecimento de direitos dos próprios animais
Sobre os parágrafos do art. 225, da Constituição
• O que são as “normas-efetividade”?
o Normas colocadas para garantir a efetividade de normas gerais e
principiológicas protetoras do meio ambiente
• §1º: para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público
e à coletividade...
o Direitos, ônus e regulamentações
o Preservar e restaurar processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas, etc.
o Estudo de impacto ambiental – constitucionalização: para a
instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação ambiental
• §2º - mineração: deve haver uma recuperação do meio ambiente após a
atividade degradante
• §3º - responsabilidade: sanções penais e administrativas, independente
da obrigação de reparar os danos causados (responsabilidade civil
objetiva)
o Sanção penal, administrativa (multa, apreensão de produtos,
embargo de obras), civil (por ação civil pública) – tríplica
responsabilidade no Direito Ambiental
• §4º: proteção dos ecossistemas
• §7º (EC): não são cruéis práticas esportivas que utilizam animais, desde
que sejam manifestações culturais (art. 215, §1º)
o Emenda aprovada após o caso da Vaquejada
Bem de uso comum do povo
• Alguns recursos naturais são públicos – ex.: água
• Alguns recursos podem estar sob o domínio privado
Bens de interesse público: podem sofrer controle na circulação e controle no uso
• Bens públicos x bens privados
• Não se trata de domínio público patrimonial
• Poder de soberania sobre as “coisas de interesse público”, além dos
direitos de propriedade
• O meio ambiente equilibrado constitui bem jurídico próprio de interesse
público
Noções de macrobem (equilíbrio ambiental) e microbem (recursos ambientais
individualmente protegidos)
Art. 20 – Bens da União, no que se refere ao meio ambiente
Art. 26 – Bens dos Estados, no que se refere ao meio ambiente
Art. 170 – Princípios da ordem econômica
• Regras de como a economia pode ser estruturada
• Respeito ao princípio da defesa ao meio ambiente
• Implicações: maior restrição à liberdade de iniciativa
Art. 186 – Função social da propriedade
• Quando a propriedade rural atende alguns requisitos, ela atende a essa
função
o Uso adequado dos recursos
Aula 5 – 06/04/2018
PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL
Contextualização
• Declarações Internacionais (Estocolmo e Rio) – princípios
o Conceituação desses princípios nas declarações
o Fundamentação das decisões: base de argumentação ou
complemento
o Nas declarações internacionais referidas, os parágrafos são
denominados princípios, mas nem todo o conteúdo pode ser
caracterizado como princípio
O que são princípios?
• Princípios são norteadores do direito, são um viés lógico para o
ordenamento jurídico
o Visão mais aplicada confortavelmente quando não estão sendo
tratados direitos fundamentais
• Quando há conflitos entre princípios, deve-se aplicar a regra da
proporcionalidade para se determinar qual princípio prevalece, tendo em
mente a “regra de otimização” dos princípios
o Aplica-se, principalmente, quando tratamos de direitos
fundamentais
• Numa visão tradicional: princípios pairam acima ou fora do ordenamento
positivo
o Celso Antônio de Mello: “violar o princípio é mais grave que violar
uma norma”
o A norma não pode sair das orientações dos princípios, não pode
violá-los
o Os princípios têm a função de orientação lógica das normas, com
uma função heurística-descritiva (no sentido de explicação)
o Exemplo: princípio da supremacia do interesse público sobre o
participar, princípio da autonomia privada
• Com a grande previsão de direitos fundamentais, faz-se surgir a teoria do
sopesamento
o Os princípios passam por um processo de positivação, passam
pelo entendimento de que são normas
o Os princípios passam a ter validade jurídico-positiva, podendo ser
aplicados diretamente à situação, ou depender de regras mais
concretas para isso (grau de generalidade maior ou menor)
o Alexy: deveres de otimização, de acordo com possibilidades
normativas e fáticas
▪ Possibilidade de colisão com outros princípios: devem ser
aplicadas as regras de peso e a ponderação para a
ponderação e a solução
o Ávila: princípios, com uma abordagem finalística, determinam a
realização de fins (mas não de meios) e regras
▪ Determinam comportamentos (mediatamente finalísticas)
▪ Os princípios determinam resultados, mas variando a forma
como se atinge, dando margem de liberdade para o
legislador
Como o Estado toma decisões sobre políticas ambientais e sua execução? A
sociedade é ouvida antes?
• Existe a previsão legal de audiências públicas para que a população
possa opinar sobre o assunto-questão
• Apesar de haver pressão e expressão popular, muitas vezes, essas
demandas e opiniões não são compreendidas
• Há uma manipulação das necessidades e demandas por grupos políticos
que adaptam para atender aos seus interesses
• Princípio da participação: existem normas e caminhos institucionais para
que haja participação da população
o Destaque para as audiências públicas, que são previstas no
momento de licenciamento ambiental
▪ Esses espaços, porém, não são de deliberação, na maioria
das vezes, mas apenas de informação e de depósito de
opiniões
▪ Há desigualdade de participação nessas audiências
o Há previsão normativa de participação nos conselhos ambientais,
que são órgãos colegiados com representantes de diferentes
grupos de sociedades
▪ Consulta pública
A sociedade pode participar de conselhos ambientais e audiências públicas, sem
uma conscientização prévia ou acesso aos dados sobre as questões que serão
discutidas?
• Devemos distinguir o princípio da informação com o de participação
• Existe uma lei de acesso às informações públicas
o No caso das questões ambientais, temos o Sistema Nacional de
Informação Ambiental – SNIMA, como previsão de política
ambiental
• Deve-se questionar o acesso a informações e a produção de informações
de modo organizado
• Princípio da participação e da informação
o Princípio 10 da Declaração do Rio
o A melhor maneira de tratar questões ambientais é assegurar a
participação, no nível apropriado de todos os cidadãos
interessados
o No nível nacional cada indivíduo deve ter acesso adequado a
informações relativas ao meio ambiente de que disponham as
autoridades públicas, inclusive as informações de participação em
processos de tomada de decisão
o Convenção da Aahus de 1998: sobre acesso à informação,
participação do público e acesso à justiça em temas de meio
ambiente
Desenvolvimento e sustentabilidade são termos contraditórios?
• Princípio do desenvolvimento contraditório
• Existe a previsão legal desse princípio no art. 225 da CF/88, quando
menciona as futuras gerações
Uma mineradora pede autorização ao Estado para iniciar suas atividades. Há
riscos? Como proteger o meio ambiente? Caso Samarco de MG
• Princípio da prevenção
o Fala de estudos a serem realizados antes da implementação de
uma atividade, de forma a entender os riscos, as possibilidades de
execução dessa atividade, para que os impactos possam ser
reduzidos o quanto possível
o A figura dos estudos ambientais e o licenciamento ambiental são
figuras que permeiam esse princípio
Caso da poluição eletromagnética nos sistemas de energia elétrica (tema do
exercício do seminário)
• Princípio da precaução x princípio da prevenção
o Para o princípio da prevenção, os riscos que a atividade gera são
previstos e, a partir disso, técnicos devem prever meios diferentes
de aplicar a atividade, para que os riscos sejam menores
▪ Prevenção: preferência a medidas preventivas a fim de se
evitar superveniência dos danos
▪ Princípio 15 da Declaração do Rio
o No princípio da precaução, há uma incerteza sobre os impactos da
atividade
▪ Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da
precaução deve ser amplamente observado pelos Estados,
de acordo com suas capacidades
▪ Em casos de risco de danos graves ou irreversíveis, a
ausência de certeza científica absoluta não será utilizada
como razão para o adiamento de medidas economicamente
viáveis para prevenir a degradação ambiental
o Riscos (probabilidade de ocorrência) vs. incertezas
▪ O risco pode ser previsto pela probabilidade; exige a
sabedoria dos riscos, com todos os cenários possíveis
▪ A incerteza não tem esse parâmetro de probabilidade,
dotada de obscuridade quanto às possibilidades – onde se
dá o princípio da precaução (não se pode esperar o impacto
acontecer; devem-se tomar medidas de forma a precaver)
o Novas técnicas e tecnologias
o Inversão do ônus da prova
Princípio da precaução – foi adotado pelo direito brasileiro?
• Declaração do Rio – soft law
• Princípio poluidor-pagador (princípio 16 da Declaração do Rio): as
autoridades nacionais devem procurar promover a internalização dos
custos ambientais e os instrumentos econômicos
o Poluidor deve, em princípio, arcar com o custo decorrente da
poluição, com a devida atenção aos interesses públicos e sem
provocar distorções no comércio e nos investimentos nacionais
o Esfera mitigadora e reparadora
o Art. 225, §3º: reparação integral (mandado de otimização) –
quando a atividade virou um dano, entra-se na responsabilidade
civil, tendo em vista que o dano deve ser reparado integralmente
▪ Às vezes, o dano ambiental não é reparável, ou seja, não
pode retornar ao status de qualidade ambiental
▪ Alexy: determina que os princípios devem ser cumpridos na
maior medida possível (mandamento de otimização), sendo
tanto na esfera jurídica quanto na esfera fática
Usos dos recursos naturais: a quem pertencem?
• Uso autorizado, privativo: pagamento
o Cobrança do preço pela água
• Protetor-recebedor: aquele que adota certas condutas relacionadas à
proteção ambiental faz jus a uma compensação
o Temas dos catadores na PNRS e no PSA
• Princípio da função social da propriedade
o Função: poder-dever de agir, vinculada a uma finalidade específica
(oposto de autonomia da vontade)
o Exigência de comportamentos positivos (no caso, a proteção
ambiental, nos termos da lei)
o Imóveis rurais (art. 182, CF/88): previsão expressa da proteção
ambiental como função da propriedade
o Nos imóveis urbanos, não há essa previsão expressa, sendo que
jurisprudência e a doutrina interpretam essa ideia extensivamente
o Figura do poder-dever é uma faculdade que a pessoa não está livre
para deixar de fazer; há o dever de atingir certas finalidades
▪ No caso da propriedade, os proprietários fazer o que
querem com sua propriedade, mas devem preservar o meio
ambiente que ali está, pelos meios necessários
▪ O proprietário não pode degradar; ele deve preservar

Aula 6 – 13/04/2018
COMPETÊNCIAS AMBIENTAIS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988:
ASPECTOS GERAIS
Texto de Apoio - Resumo
Sobre o federalismo no Brasil
• Organização político-administrativa em: União, Estados, Distrito Federal e
Municípios (entes autônomos)
• Repartição de competências: mecanismo pelo qual a Constituição busca realizar
o equilíbrio federativo
o Enumeração de poderes da União
o Poderes remanescentes dos Estados
o Definição indicativa de poderes dos Municípios
• Previsão de atuações comuns de todos os entes e de prerrogativas concorrentes
entre eles, além de atribuições suplementares dos Municípios
Conceito de “poder”, na matéria da repartição de competências
• Porção de matéria que a Constituição distribui entre as entidades autônomas e que
passa a compor seu campo de atuação governamental ou área de competência
Conceito de “competência”
• Pode se referir a diversas modalidades de poder de que se servem os entes
federativos com o propósito de realizar funções
Repartição de competências em matéria ambiental
• Não tem regulamentação própria e específica
• Segue os mesmos princípios gerais sobre o assunto estabelecidos na Constituição
• Competências ambientais: congregação das atribuições juridicamente
conferidas a determinado nível de governo visando à emissão das suas decisões
no cumprimento do dever de defender e preservar o meio ambiente
Classificação das competências ambientais
• Quanto à natureza
o Executivas: direito de estabelecer e executar diretrizes, estratégias e
políticas relacionadas ao meio ambiente
▪ São as competências exclusivas de cada ente
o Administrativas: exercício do poder de polícia (implementação e
fiscalização – aplicação de penalidades) com intuito de proteger e
preservar o meio ambiente
▪ São as competências comuns da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios
▪ Pedido de autorizações ou licenças por particulares para pedir
algum tipo de ato: suprimir uma vegetação – manifestação em
casos concretos
o Legislativas: capacidade para legislar sobre questões referentes à temática
ambiental
▪ Nos Estados e nos Municípios, são exclusivas
▪ Na União, são privativas
▪ Existem algumas que são concorrentes entre a União, os Estados e
o Distrito Federal
▪ Existem de forma suplementar para os Municípios
• Quanto à extensão
o Exclusivas: excluem os demais entes do seu exercício
▪ Competências executivas da União: CF/88, art. 21, IX, XVIII,
XIX, XX e XXIII
▪ Competências executivas dos Estados: CF/88, art. 25, §§1º, 2º e 3º
▪ Competências executivos dos Municípios: CF/88, art. 30, VIII e
IX
▪ Competências legislativas dos Estados: CF/88, art. 25, §§1º e 3º
▪ Competências legislativas dos Municípios: CF/88, art. 30, I
o Privativas: específicas a determinado nível de governo, porém admitem
delegação ou suplementariedade
▪ Competências legislativas da União: CF/88, art. 22, IV, XII e
XXVI
o Comuns: exercidas de forma igualitária por todos os entes
▪ Competências administrativas da União, dos Estados e dos
Municípios: CF/88, art. 23, III, IV, VI, VII e XI
o Concorrentes: preveem a possibilidade de disposição sobre determinada
matéria por mais de um ente federativo, havendo, no entanto, primazia por
parte da União quanto à fixação de normas gerais
▪ Competências legislativas entre a União, os Estados e o Distrito
Federal: CF/88, art. 24, VI, VII e VIII
o Suplementares: indicam a possibilidade de edição de normas que
pormenorizem normas gerais existentes ou supram a sua ausência ou
omissão
▪ Competência legislativa dos Municípios: art. 30, II
• Enumeradas e remanescentes
o Enumeradas: são expressamente definidas pela Constituição para
determinada esfera governamental
o Remanescentes: não sendo expressamente atribuídas a algum ente, restam
a outro na condição de poderes residuais
Repartição das competências ambientais entre os entes federativas
• União
o Competência executiva exclusiva: nos dispositivos, há referência implícita
ao meio ambiente
▪ Contemplam aspectos como recursos naturais e planejamento
urbanístico
o Competência legislativa privativa: reserva de competências da União não
é absoluta e os Estados podem ser autorizados a legislar sobre questões
específicas, desde que haja lei complementar nesse sentido (delegação)
▪ Todos devem zelar pela proteção do meio ambiente, ainda que seja
tutelado por lei federal
• Estados
o Competência executiva exclusiva: matéria remanescente;
▪ Os Estados detêm também poderes exclusivos de natureza
executiva para explorar diretamente, ou mediante concessão, os
serviços de gás canalizado e instituir regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões
o Competência legislativa exclusiva: matéria remanescente
▪ Legislar sobre qualquer tema, incluindo-se as questões ambientais,
desde que observados os princípios estabelecidos pelo texto
constitucional
• Municípios
o Competência executiva exclusiva: atribuições ambientais exclusivas não
muito expressivas
▪ Promover, no que couber, o adequado ordenamento territorial
(planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação
do solo urbano)
▪ Promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, com
observância da legislação e da ação fiscalizadora da União e dos
Estados
o Competência legislativa exclusiva: legislar sobre assuntos de interesse
local (de conteúdo indeterminado, cuja compreensão é subjetiva)
▪ Aplicação do princípio da predominância do interesse: rege a
distribuição de competências entre os entes federativos
▪ Poderá determinado tema de interesse local alcançar também a
esfera estadual ou nacional: devem legislar dentro dos limites de
seu interesse prevalecente
o Competência legislativa suplementar: suplementação de normas federal e
estadual, no que couber (preenchimento de lacunas e adaptação de normas
à realidade local)
▪ Essas normas serão sempre mais restritivas que as emanadas pela
União ou pelos Estados
▪ Elaborar normas supletivas e complementares e padrões
relacionados com o meio ambiente
• União, Estados e Distrito Federal
o Competência legislativa concorrente: legislar sobre florestas, caça, pesca,
fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição, proteção do patrimônio
histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico
▪ Responsabilidade por dano ao meio ambiente
▪ Há uma ordem de atuação dos entes federativos estabelecida pela
Constituição
▪ Não há uso do poder pelos três entes de forma igualitária: a União
estabelece normas gerais (generalidade, abstração), enquanto os
Estados e o Distrito Federal devem suplementá-las
▪ Predominância da norma mais restritiva em caso de eventual
conflito entre normas produzidas por entes diferentes
• União, Estados, Distrito Federal e Municípios
o Competência administrativa comum: proteger o meio ambiente e
combater a poluição em qualquer de suas formas, preservar florestas,
fiscalizar concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos
hídricos

COMPETÊNCIAS DOS ENTES FEDERATIVOS EM MATÉRIA AMBIENTAL


A competência legislativa, em matéria ambiental
• É concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal
• A União estabelece normas gerais, enquanto os Estados devem
suplementá-las
• Na prática, aparecem algumas dificuldades ligadas ao caráter
centralizador do país
o Nossas leis federais não são tão gerais, estabelecendo somente
algumas diretrizes; elas são bastante completas
▪ Proteção da vegetação nativa – Código Florestal:
estabelece a proteção de matas ciliares, inclusive com
metragens
o O sentido da palavra geral não é único: pode-se entender também
que em alguns regimes federais deve haver leis gerais que sejam
tratadas uniformemente em todo o país
• Problema: há limites à competência legislativa dos Estados sobre direito
ambiental
• Competência supletiva legislativa dos Estados
o Art. 24, §2º: a competência da União sobre normas gerais não
exclui a competência suplementar dos Estados
o Art. 24, §3º: inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
peculiaridades
o Art. 24, §4º: a superveniência de lei federal sobre normas gerais
suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário
• Competência legislativa dos Municípios: art. 30, CF/88
o I – Legislar sobre assuntos de interesse local
▪ Problema por ser a expressão “interesse local” um conceito
não definido, de interpretação subjetiva
▪ É ou não é local o assunto das sacolas plásticas?
o II – Suplementar a legislação federal e a estadual no que couber
Competência executiva/administrativa, no que se refere ao meio ambiente
• Implementação e fiscalização por cada ente nos seus campos
• Competência comum da União, dos Estados e dos Municípios
o Art. 23, III, IV, VI, VII
▪ Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas de
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional
▪ A disciplina, antes dessa edição, estava em Resolução do
CONAMA
o Não há hierarquia que existe na competência concorrente
legislativa
• LC 140/2011: “disciplina de quem fiscaliza ou financia o que”;
o Com relação à fiscalização e a autuação, são competentes os
órgãos do SISNAMA (da União, dos Estados e dos Municípios)
▪ Valia a autuação do órgão que chegasse primeiro
▪ Com essa lei, cada ente fiscaliza as atividades as quais ele
tenha competência para licenciar
o Art. 17, §3º: competência supletiva – não há impedimento para que
outros entes também fiscalizem, no que couber
o Arts. 7º, 8º e 9º: competências da União, dos Estados e Municípios

QUESTÃO: Em se tomando por premissa, os assuntos ambientais, por sua


natureza, dificilmente se restringem aos limites territoriais de um só
município e, também, por sua transversalidade, permeiam matérias de
competência da União e dos Estados, pergunta-se quais são os critérios
para se definir as competências legislativas exclusiva e suplementar dos
Municípios em matéria ambiental? O grupo entende que a lei municipal
pode ser mais restritiva/protetora do que a estadual ou federal sobre o
mesmo tema?

Aula 7 – 27/04/2018
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
As infrações administrativas ambientais são descritas na Lei nº 9.605/98
As infrações administrativas em geral não têm o caráter da tipicidade estrita que
têm as normas penais
• Os comportamentos que configuram infrações administrativas são
previstos, em grande parte, em decretos
Os Estados e Municípios podem legislar suplementarmente em relação a
matérias que não sejam de competência exclusiva da União
• Em matéria ambiental há essa possibilidade, desde que não haja violação
à finalidade da lei
Art. 225, §3º
• Sanção penal + sanção administrativa + responsabilidade civil
o Civil: sofrer uma autuação que resulta ou não na aplicação de
sanção posterior
• São independentes: podem ser aplicadas sozinhas ou conjuntamente
o Mas, ainda assim, há a necessidade de reparação do dano
causado in natura (o infrator deve providenciar meios de reparar o
dano)
Os acórdãos propostos discutem a abrangência das normas de responsabilidade
civil e administrativa em relação aos agentes
Responsabilidade objetiva x responsabilidade subjetiva – administração
• Diferenciação:
o Objetiva: não necessita que se prove negligência, culpa ou dolo
▪ Presume-se a responsabilidade e o dever de cuidado dos
agentes que interferem no meio ambiente para com ele
o Subjetiva: necessita que se prove negligência, culpa ou dolo
▪ Exceção: culpa de terceiro
• Dificilmente uma ação ou omissão não tem ao mesmo a negligência ou
culpa
o Casos excepcionais: culpa de terceiros
• Divergências sobre o assunto pelos autores
o Aqueles que defendem a objetiva argumentam que a maior parte
das ações e omissões necessariamente contém culpa ou dolo
▪ Opinião de Paulo Affonso Machado
o Aqueles que defendem a subjetiva argumentam a favor de trazer
maior proteção para os infratores
• Âmbito civil: é possível haver responsabilização objetiva e subjetiva pela
mesma infração, mas a subjetiva recai sobre um terceiro que teve também
influência sobre o dano
o Intransferibilidade da sanção de uma pessoa a outra
o No caso do acórdão: o transportador, infrator direto, seria
responsabilizado objetivamente, já o terceiro seria
responsabilizado subjetivamente
• A regra geral, em matéria administrativa, a responsabilidade é objetiva
• A responsabilidade subjetiva é a exceção – estabelecida pelas leis
esparsas
o Multa simples: quando há um cerceamento para a Administração
prosseguir na punição
o STJ
o Para o terceiro
Responsabilidade administrativa por danos
• Exercício do poder de polícia (atividade vinculada à Administração)
• Definição pelo CTN
o Atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção
de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado
Autoridade competente
• Para lavrar o auto e instaurar o processo administrativo
o Funcionários dos órgãos do SISNAMA (fiscal) designados para a
atividade de fiscalização, os agentes da Capitania dos Portos do
Ministério da Marinha (Lei nº 9.605, art. 70, §1º)
• Os órgãos em questão devem indicar em ato próprio (regimento interno)
a autoridade administrativa responsável pelo julgamento da defesa
• Deve ter um nível hierárquico inferior, para caber recurso
SISNAMA

LC nº 140/2011 – Autoridade competente


• Definiu melhor quem são as autoridades competentes para a fiscalização
• União
o XIII: exercer o controle e fiscalizar as atividades e
empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar,
ambientalmente, for cometida à União
• Estados
o XIII: exercer o controle e fiscalizar
Processo Administrativo
• Auto de infração e medidas administrativas
o É possível de recorrer
• Pagamento com 30% de desconto ou defesa
• Instrução (autoridade julgadora) – provas de que não cometeu a infração
• Julgamento: minorar, manter ou majorar multa, sem prejuízo das outras
sanções previstas
• Pagamento ou recurso à esfera superior
• Recurso CONAMA
o Observação do autor: o direito de recurso é exercido somente
perante as instâncias administrativas de cada unidade da
Federação (deve-se observar a legislação de cada Estado)
Decreto 6.514/2008 e, subsidiariamente, Lei nº 9.784/99
• Inicia-se com um auto de infração (constatação ou representação de
terceiros)
o Auto de infração: ato administrativo que dá início ao processo
administrativo de apuração de infração
o Nulidade vs. possível convalidação
▪ Decreto, art. 100, §3º: para vícios sanáveis e inclui o
enquadramento legal da infração
▪ Problemas: os fiscais, por falta de conhecimentos jurídicos,
muitas vezes não descrevem bem a situação, tornando a
autuação facilmente anulável
• Sanções cabíveis – critérios (Lei nº 9.605/98 e Decreto nº 6.514/08, art.3º)
o Gravidade dos fatos, tendo em vista os motivos da infração e suas
consequências para a saúde público e o meio ambiente
o Antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação
ambiental
o Situação econômica do infrator, em caso de multa
o Rol de sanções (art. 72, Lei nº 9.605/98)
▪ Advertência
▪ Multa simples
▪ Multa diária
▪ Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e
da flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos
de qualquer natureza utilizados na infração
▪ Destruição ou inutilização do produto
▪ Embargo de obra ou atividade
▪ Demolição da obra
▪ Suspensão parcial ou total de atividades
▪ Restritiva de direitos
o Multa simples (§3º)
▪ Sempre que o agente, por negligência ou dolo, advertido,
não tiver sanado irregularidades no prazo assinado ou
opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA e
da capitania dos portos
▪ Constitui um caso específico de aplicação de multa: a multa
é aplicada nas diversas outras situações
o Decreto 9.179/2017
▪ Institui o Programa de Conversão de Multas Ambientais
emitidas por órgãos e entidades da União, integrantes do
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA
o Continuidade dos danos
o As medidas administrativas preventivas: visam garantir a não
reincidência da infração
▪ Já na autuação, o agente pode, no uso de seu Poder de
Polícia
o Defesa administrativa
▪ Prazo de 20 dias da ciência da autuação
▪ Desconto de 30% sobre o valor da penalidade se o
pagamento da multa for no prazo da defesa (art. 113, §1º)
▪ Formulada por escrito...
o Instrução processual
▪ Ônus da prova é do autuado, mas a autoridade autuadora
pode também fazer provas relativas à sua convicção
▪ Autoridade julgadora: pode requisitar provas para a sua
convicção
▪Após o encerramento da fase de instrução: alegações finais
pelo autuado
o Decisão Administrativa
▪ Autoridade julgadora: não se vincula às sanções
inicialmente aplicadas pelo agente
▪ Decisão motivada: de ofício ou por requerimento das partes
– minorar, manter ou majorar seu valor, mantidos os limites
legais
▪ Motivação: fato
o Recurso Administrativo
▪ Recebido o recurso, a autoridade pode reconsiderar sua
decisão ou remetê-la para a instância superior

Aula 8 – 04/05/2018
RESPONSABILIDADE CIVIL EM MATÉRIA AMBIENTAL
A questão da incerteza científica
• Existe maior dificuldade em torno da discussão dos riscos
• Entende-se como adequado que haja inversão do ônus da prova: ao
poluidor incumbe provar que a sua atividade não causou ou causa danos
Princípio da precaução
• Aplicação ao caso das estações de transformação de energia
• No caso da Eletropaulo, o ônus era dela
Princípio da reparação integral
• Não é só do direito ambiental: incide também sobre acidentes de trânsito
• A ideia é de que a reparação do dano ambiental não pode ser limitada por
lei: deve haver reparação integral, se não in natura, pelo menos de
maneira equivalente
Base legal da responsabilidade objetiva ambiental
• Art. 14, §1º, Lei nº 6.938/81- Política Nacional do Meio Ambiente:
o Vale como regra especial
o Derroga a geral
o Lei especial à matéria de direito ambiental
Implicações do art. 14, §2º da Lei nº 6.938/81
• Quem é a vítima?
o A sociedade como um todo
▪ Direito difuso (coletivo): sujeito indeterminado
o Terceiros (eventualmente)
▪ São aqueles que sofrem um dano individual em decorrência
da degradação ambiental
▪ Exemplo: uma empresa de ecoturismo que sofre influências
de um desmatamento ocorrido na área
▪ Dano ricochete: a bala ultrapassa o alvo principal e atinge
um segundo alvo
• Quem é o sujeito passivo/responsável?
o Poluidor/degradador direto
▪ Pessoa física ou jurídica, de Direito Público ou Direito
Privado
o Responsável indireto
▪ O Poder Público, quando não exerce o poder de polícia
• Recurso Especial (2008/0146043-5), julgado em 2009, relator Ministro
Herman Benjamin
o Ministro precursor em matéria ambiental
o Responsabilização do Estado: o responsável é aquele que faz, que
deixa de fazer, que financia para que façam
• Discussão sobre a execução do Poder Público, na responsabilização por
danos ambientais
o Deve ser subsidiária, porque numa responsabilização igualitária ao
poluidor direto haveria afetação da própria sociedade, que já é
vítima do dano
o Deve-se primar pela prova do nexo causal: deve-se provar que a
omissão do Poder Público contribuiu fortemente para a ocorrência
do dano
▪ Existe um limite que separa a omissão efetiva do Poder
Público da insuficiência do ente em exercer seu poder de
polícia
o Isso vale também para outros responsáveis indiretos
o A maior parte das condenações de instituições financeiras por
influência na ocorrência de danos ambientais foi por causa da
inobservância de normas a elas estabelecidas, no sentido de um
dever positivo
Constituição Federal, art. 225, §3º
• “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados”
• Característica de reparação da vítima e não sanção por ato ilícito
• Qual a diferença da previsão da responsabilização pela Lei nº 9.605/98
(Crimes Ambientais)?
o A responsabilidade civil é incidental, dependendo da condenação
no âmbito penal
▪ Lembrando que, no âmbito penal, a responsabilidade é
subjetiva
o Responsabilização civil pelo dano decorrente do delito ambiental
▪ O crime pode acarretar um dano material a uma vítima
individualizada
▪ No próprio âmbito da ação penal se estabelece a
responsabilização civil
o Em alguns dispositivos, a Lei trata da reparação civil de dano
o A responsabilização penal é um caminho alternativo para a
reparação de danos
• O desfecho das responsabilizações em cada esfera – penal,
administrativa e civil – são independentes e não raramente são diferentes
o Não pode haver, no entanto, a condenação em mais de uma esfera
por um mesmo motivo
o As transações/reparações são melhores quando buscam a
reparação do dano em si
Reparação por danos ambientais
• Emprego de 5 técnicas autônomas e imediatas de responsabilização civil
pelo dano ambiental
o Direitos de vizinhança – CC
o Responsabilidade civil extracontratual, tendo a culpa como fator de
atribuição – CC
o Responsabilidade civil objetiva – Lei nº 6.938/81, art. 14, §1º
o Responsabilidade civil objetiva – CDC
o Responsabilidade civil especial – por atividades de mineração (leis
específicas)
▪ Regras especiais para danos decorrentes de atividades
degradadoras específicas
o Responsabilidade civil pela Lei de Crimes Ambientais (Lei nº
9.605/98)
• A mais adequada, a princípio, é a disponibilizada pela Lei nº 6.938/81
o Lei especial no âmbito do meio ambiente
o Deve-se observar, contudo, a situação concreta, utilizando a que,
estrategicamente, convenha
• Os tipos de ação
• Os tipos de ação que levam a responsabilização e reparação pelo dano
ambiental
o Ação civil comum, nos direitos de vizinhança e na responsabilidade
civil comum
o Art.
o Depende das instruções do CDC
o No caso da Lei nº 6.938/81, pode ser uma ação civil pública ou uma
ação civil comum (dano individual a terceiro)
▪ Ação civil pública: para reparação de direitos difusos e
direitos individuais homogêneos (direitos de vários terceiros
decorrentes de uma causa comum)
▪Os danos coletivos não podem ser discutidos numa ação
civil comum individual
o No caso da Lei de Crimes Ambientais, cabe a ação penal
Danos
• Danos ao meio ambiente, de interesse difuso
o Há, nessa esfera, dano patrimonial e/ou moral?
▪ Discute-se essa possibilidade
▪ O Ministro Teori Zavaski costumava dizer que não é
possível, no âmbito ambiental
• Danos a terceiros
o Patrimoniais
o Morais: quando o terceiro tem sofrimento decorrente de um dano
ambiental provocado
Preferência pela reparação in natura do dano
• O pedido, de maneira geral, vai buscar a reparação pelo dano causado
pelo degradador
• Quando não for possível a reparação, será estipulada uma indenização
pelo dano
o Como quantificar essa indenização?
Necessidade de haver um nexo causal entre a conduta e o dano
• Quando há diversos agentes que podem ter causado o dano – dificuldade
de se definir quem contribuiu de fato
o Teoria da causalidade adequada (causa principal) – equivalência
de condições
o Outra maneira mais rara de flexibilização do nexo causal é das
presunções: uma empresa potencialmente degradadora, diante de
um dano ambiental, é responsabilizada sem necessidade de
comprovação do nexo causal
• Relação com os excludentes da ilicitude
o No Direito Ambiental, adota-se a teoria do risco integral, em que se
deve tomar os cuidados suficientes para evitar inclusive o caso
fortuito e a força maior
▪ Essas excludentes de ilicitude serão válidas em casos de
inevitabilidade grande
o A teoria do risco criado, por outro lado, admite tais excludentes,
com o argumento de que o agente deve responder pelos riscos
inerentes somente à atividade
Solidariedade da responsabilidade civil
• No Direito Ambiental, a solidariedade não está indicada expressamente
em lei
• Indicativo
o Indivisibilidade do dano
QUESTÃO: Qual foi a base legal e a fundamentação apresentada pelo
Ministério Público Federal em seu pedido de condenação do Poder Público
pelos danos ambientais causados no caso do acidente da Samarco? Qual
foi a justificativa apresentada pelo juiz para excluir os seus representantes
do polo passivo da ação civil pública?

Aula 9 – 11/05/2018
ESPAÇÕES TERRITORIAIS PROTEGIDOS
O termo é utilizado pela Constituição
• Art. 225, §1º, III: criação de espaços territoriais protegidos
Tema amplo, tanto no sentido do objeto protegido quanto na generalidade dos
vários regimes jurídicos de proteção desses espaços territoriais
Regimes de proteção dos espaços territoriais
• Existem diferentes graus de proteção: categorias de espaços protegidos
• Variação das regras aplicáveis aos diferentes espaços protegidos
Categorias
• Área de relevante interesse especial
o Estabelecida pelos Estados e Municípios para proteção de
determinadas áreas
o Exemplo: proteção de uma área com mananciais
o Nas leis e decretos, há estabelecimento de prescrições a serem
seguidas
• Jardins botânicos, Hortos, Zoos (fora do SNUC)
• Unidades de conservação
• Reservas da biosfera
o Criadas a partir de compromissos internacionais
o Existem regras especiais
• Biomas (Lei da Mata Atlântica – Lei nº 11.428/2006)
o Criada para proteger os 7% restantes da Mata
o Proteção da mata originária (nunca foi cortada ou regenerada)
o Restrições fortes à supressão de vegetação primária e de
vegetação em estágio avançado de regeneração
• Categorias do Código Florestal (Lei de Proteção da Vegetação Nativa) –
próxima aula
o Área de proteção permanente
o Reserva legal
Unidades de Conservação - categorias
• A Lei nº 9.985/2000 divide as unidades de conservação em dois grupos
o Unidades de proteção integral
o Unidades de uso sustentável
• Disciplinou a criação, alteração dessas unidades de conservação
• Antes, tiveram outras iniciativas de proteção de áreas ambientais de
relevante interesse
• A Lei trouxe, na verdade, uma disciplina geral para a matéria
Unidades de conservação – dominialidade
• A área das UCs precisa ser desapropriada?
o A população local pode ser desapropriada, desde que
o A ocupação de população tradicional precisa ser analisada
o Algumas pessoas podem ter a gestão privada
o Nem toda unidade de conservação precisa ser desapropriada
▪ Nos artigos que descrevem cada categoria, há disciplina
quanto ao assunto
o Deve-se observar a vocação da ocupação
• Incompatíveis com a propriedade privada: se o Poder Público criar alguma
dessas categorias, será preciso a desapropriação
o Estação ecológica – ex.: Estação Ecológica de Carijós (SC)
o Reserva biológica – ex.: Reserva Biológica Atol das Rocas
o Parque nacional – ex.: Parque Nacional da Chapada Diamantina
• Compatíveis com a propriedade privada:
o Monumentos naturais – ex.: Monumento Natural dos Morros do
Pão de Açúcar e Urca
▪ A necessidade de desapropriação justifica-se caso o uso
das áreas seja incompatível com a sua proteção
o Refúgios da Vida Silvestre – ex.: Refúgio da Vida Silvestre Tatu-
Bola
Unidades de conservação de proteção integral
• Objetivo principal de proteção: uso indireto dos recursos
• Restrições muito grandes às atividades humanas
• Não pode suprimir vegetação
• Pesquisa, visitação
• O grupo das unidades de proteção integral é composto pelas seguintes
categorias de unidade de conservação:
o Estação Ecológica
o Reserva Biológica
o Parque Nacional
o Monumento Natural
o Refúgio de vida silvestre
• A lei consagra um artigo para cada unidade de conservação: cada uma
está descrita individualmente (art. 1º ao 9º)
Estação Ecológica
• Unidade de conservação de proteção integral
• Objetivos da Estação Ecológica do Bananal
o Proteção ao ambiente natural, realização de pesquisas científicas
básicas e aplicadas, e ao desenvolvimento de programas de
educação conservacionista
o Visitação – aberto com autorização especial
o Atividades de visitação voltadas para Educação Ambiental
• Objetivos das Estações Ecológicas em geral
o Proteger áreas representativas de ecossistemas brasileiros,
pesquisa de Ecologia, proteção do ambiente natural,
desenvolvimento da educação conservacionista, preservação da
natureza e pesquisas científicas
• Domínio público
• Atividades permitidas: uso indireto de recursos naturais, restauração do
ecossistema, manejo de espécies, coleta (fim científico) e pesquisa
científica
Unidades de conservação de uso sustentável
• O grupo é composto pelas seguintes categorias de unidade de
conservação
o Área de proteção ambiental
o Área de relevante interesse ecológico
o [slide pegar Maria]
• Buscam uma conciliação da proteção ambiental com a execução de
atividades humanas
• O grupo é composto pelas seguintes categorias de unidades de
conservação:
o Área de Proteção Ambiental
o Área de Relevante Interesse Ecológico
o Floresta Nacional – domínio público
o Reserva Extrativista – domínio público
o Reserva de Fauna – domínio público
o Reserva de Desenvolvimento Sustentável – domínio público
o Reserva Particular do Patrimônio Natural - privada
Área de Proteção Ambiental (APA)
• Unidade de conservação de uso sustentável
• Ex.: área de proteção ambiental de Fernando de Noronha
• Objetivos: proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de
ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais
• Situação da visitação – aberto
• Informações complementares: APAs não têm instrumentos para
cobrança de ingresso
o Até meados de 2008, o estudo da capacidade suporte foi
finalizado, dando limites de visitação para o arquipélago como um
todo e para atrativos específicos
• Criadas em áreas extensas e com certo grau de ocupação humana
• Seu objetivo é disciplinar essa ocupação em áreas de atributos ecológicos
que se justificam
• Definição da Lei: área em geral extensa, com um certo grau de ocupação
humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das
populações humanas e tem como objetivos básicos proteger a
diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a
sustentabilidade do uso dos recursos naturais
• APA é constituída por terras públicas ou privadas
• Ao definir as limitações dessas APAs, abre-se espaço para conflitos com
os proprietários na região
• O piso mínimo de proteção das APAs é o respeito do Código de Florestal,
aplicado, praticamente, a todas as áreas
Reserva Extrativista e Reserva: categorias com finalidades muito próximas
Reserva Extrativista
• Unidade de conservação de uso sustentável
• Ex.: Reserva Extrativista Chico Mendes
• Área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência
baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de
subsistência e na criação de animais de pequeno porte
• Objetivos: proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e
assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade
• Situação da visitação: visitação não manejada
• Domínio público, com uso concedido às populações extrativistas
tradicionais
• As áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN)
• Unidade de conservação de uso sustentável
• Unidade de conservação de iniciativa privada: a propriedade é privada e
continua sendo por definição
• Objetivo: conservação da diversidade biológica em áreas privadas
• Área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a
diversidade biológica
• O gravame constará de termo de compromisso assinado perante o órgão
ambiental, que verificará a existência de interesse público, e será
averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis
• Comentário de que deveria estar incluída à categoria de proteção integral,
mas, por ser propriedade privada, é preciso haver espaço para alguma
interferência humana
• Atividades permitidas: pesquisa científica e visitação com objetivos
turísticos, recreativos e educacionais
• Ideia de que a propriedade privada pode sofrer ônus (direitos reais):
• Estado de São Paulo – Programa de PSAs (Pagamento por Serviços
Ambientais): forma de apoiar o proprietário na proteção dessas áreas
• A iniciativa deve ser do proprietário
Unidades de Conservação - criação
• Quem cria?
o Ato do Poder Público, na esfera federal, estadual ou municipal
(exceto RPPN)
▪ Legislativo, por meio de leis
▪ Executivo, por meio de decretos (mais comum)
• Através de que instrumentos?
o Não há necessidade de lei, mas este instrumento é adequado para
a criação
o O decreto é o instrumento mínimo
• Quais procedimentos são exigidos?
o Estudos técnicos
o Consulta pública (para alguns casos)
▪ Exceção: criação de Estação Ecológica ou Reserva
Biológica
o Por meio desses procedimentos, deve-se identificar a localização,
a dimensão e os limites mais adequados para a unidade de
conservação, devendo o Poder Público fornecer informações
adequadas e inteligíveis à população local e a outras partes
interessadas
Unidades de Conservação – alteração
• Dispositivos aplicáveis à transformação dos limites das unidades de
conservação:
o Art. 225, §1º, III, CF/88:
▪ Incumbe ao poder público definir, em todas as unidades da
Federação, espaços territoriais e seus componentes a
serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos
atributos que justifiquem sua proteção
o Art. 22, §6º, Lei nº 9.985/2000:
▪ A ampliação dos limites de uma unidade de conservação,
sem modificação dos seus limites originais, exceto pelo
acréscimo proposto, pode ser feita por instrumento
normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a
unidade, desde que obedecidos os procedimentos de
consulta estabelecidos no §2º deste artigo
o Art. 22, §7º, Lei nº 9.985/2000:
▪ A desafetação ou redução dos limites de uma unidade de
conservação só pode ser feita mediante lei específica
o Art. 22, §5º, Lei nº 9.985/2000:
▪ As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável
podem ser transformadas total ou parcialmente em
unidades do grupo de Proteção Integral, por instrumento
normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a
unidade, desde que obedecidos os procedimentos de
consulta estabelecidos no §2º desse artigo
• Pode-se aumentá-las?
o É mais fácil
o Art. 22, §6º, Lei nº 9.985/2000: a ampliação pode ser feita por
instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a
unidade (deve-se obedecer ao procedimento de consulta)
• Pode-se reduzi-las?
o É mais difícil
o Art. 22, §7º, Lei nº 9.985/2000: a redução dos limites de uma
unidade só pode ser feita mediante lei específica
• Pode-se suprimi-las?
o Art. 225, §1º, III, CF/88: a supressão só é permitida mediante lei
o Art. 22, §7º, Lei nº 9.985/2000: a desafetação só pode ser feita
mediante lei específica
▪ Desafetação: extinção da unidade de conservação
• Pode-se alterar seu regime?
o Mudança de categoria da menos para a mais restritiva:
necessidade de lei ou decreto
o Mudança de categoria da mais para a menos restritiva: (apenas)
lei
• Medida Provisória (MP) nº 558, de 2012
Plano de manejo
• Todas as unidades de conservação devem ter um Plano de Manejo
• Art. 2º, XVII, Lei nº 9.985/2000: plano de manejo é um documento técnico
para o zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o
manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas
físicas
• Abrangência:
o Área da unidade de conservação, sua zona de amortecimento e os
corredores ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover
sua integração à vida econômica e social das comunidades
vizinhas
• Prazo de elaboração: 5 anos a partir da data da criação da unidade de
conservação
• Participação da população residente: garantia na elaboração do Plano de
Manejo das Reservas Extrativistas, das Reservas de Desenvolvimento
Sustentável, das Áreas de Proteção Ambiental e, quando couber, das
Florestas Nacionais e das Áreas de Relevante Interesse Ecológico
Zonas de amortecimento: podem ser criadas tanto no momento da criação das
unidades de conservação quanto depois
Corredor ecológico: criado para unir áreas protegidas quando se quer proteção
de espécies; tem pedaço de unidade de conservação unido a outro pedaço
Conselho Consultivo e Deliberativo
• Unidades de Conservação de Proteção Integral: devem ter,
obrigatoriamente, um Conselho Consultivo, constituído por
representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil,
por proprietários de terra localizadas em Refúgio de Vida Silvestre ou
Monumento Natural, quando for o caso, e por populações tradicionais
residentes (enquanto não ressentadas)
• Reserva Extrativista e de Desenvolvimento Sustentável: Conselho
Deliberativo
Populações tradicionais em Unidades de Conservação
• Art. 42, Lei nº 9.985/2000: as populações tradicionais residentes em
unidades de conservação nas quais sua permanência não seja permitida
serão indenizadas ou compensadas pelas benfeitorias existentes e
devidamente realocadas pelo Poder Público, em local e condições
acordados entre as partes
Compensação ambiental
• Art. 36, Lei nº 9.985/2000: nos casos de empreendimento ambiental de
significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental
competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e relativo
relatório – EIA-RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a unidade de
conservação do grupo de Proteção Integral
• Aplicação dos recursos da compensação, de acordo com o art. 33 do
Decreto 4.340/02
o Regularização fundiária e demarcação das terras
o Elaboração, revisão ou implantação de plano de manejo
o Aquisição de bens e serviços necessários à implantação, gestão,
monitoramento e proteção da unidade, compreendendo sua área
de amortecimento
o Desenvolvimento de estudos necessários à criação de nova
unidade de conservação
o Desenvolvimento de pesquisas necessárias para o manejo da
unidade de conservação e área de amortecimento
• Destinatário: empreendedor no processo de licenciamento ambiental
• Justificativa: criação de um custeio paralelo ao que o Poder Público deve
ter
• O Supremo considerou constitucional, porém sem a porcentagem
Aula 10 – 18/05/2018
CÓDIGO FLORESTAL
Florestas: bens de interesse comum a todos os habitantes, exercendo-se os
direitos de propriedade com as limitações que a legislação em geral e
especialmente esta Lei estabelecem (art. 2º)
Sobre a possibilidade de pleitear uma indenização pela instituição de uma área
de proteção
• Desapropriação indireta: possibilidade jurídica de pleitear indenização
• Mas, nesta situação, não é aplicável: manter essas áreas são deveres do
proprietário e da coletividade, decorrente da própria função social da
sociedade
Definições (art. 2º): pequena propriedade ou posse rural familiar; Amazônia
Legal
• Alguns Estados estão parcialmente nos espaços da Amazônia Legal (ex.:
MA)
• “Área rural consolidada” (uma das mais polêmicas): área do imóvel rural
comm ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com
edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste
último caso, a adoção do regime de pousio (prática de deixar uma área
“descansar”)
o Data: refere-se ao Decreto de Infrações Administrativas – Decreto
6.514
o O fato de o Decreto ter considerado uma infração administrativa
passível de multa diária fez surgir contestações
o Estabeleceu-se que, a partir desse decreto, quando passou a ser
punível, é que as infrações poderiam ser
Áreas de preservação permanente
• Possuem uma função de proteção, relacionada à localização
• Estabelecidas pelo Código Florestal (Lei nº 12.651/12)
• Criadas em função de localização sem ato de criação individual
• Áreas rurais ou urbanas
o Nas urbanas, há um problema de direito intertemporal complexo
o Ocupação, em APPs, que muitas vezes se deu irregularmente ou
anteriormente à legislação
• Área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica, a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora,
proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas
• As primeiras que são estabelecidas são as de mata ciliar (entorno de
curso d’água): problema do assoreamento
• Outra APP é a das encostas de morros: com ângulos iguais ou superiores
a 45°, devido à estabilidade geológica e aos riscos de deslizamento
• Art. 4º: consideram-se de preservação permanente, as florestas e demais
formas de vegetação natural situadas:
o As faixas marginais de qualquer curso d’água natural, desde a
borda do leito regular
▪ Antes, o cálculo era em relação ao volume mais cheio, agora
é em relação ao volume regular
o Áreas de entorno dos lagos e lagoas naturais
o Reservatórios artificiais: com base na Licença Ambiental (análise
das circunstâncias do empreendimento)
o Nas nascentes perenes e nos olhos d’água, num raio de 50 metros
▪ O STF considerou esse dispositivo inconstitucional,
incluindo à interpretação de nascente aquelas intermitentes
o Nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°,
equivalentes a 100% nas áreas de maior declive
o Nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de
mangue (ecossistema próximo ao curso d’água)
o Manguezais, em toda a sua extensão
▪ Problemas com pressão imobiliária nas áreas litorâneas
o Bordas de tabuleiros ou chapadas em faixa de no mínimo 100
metros
o Nos topos de morros, montes, montanhas ou serras (100 metros
de altura e inclinação média de 25°)
▪ Decidiu-se definir o que são topos de morros para evitar
problemas interpretativos
o Em altitude superior a 1800 metros, qualquer que seja a vegetação
o Veredas
• É possível criar APPs sem relação com sua localização
o Sim, por ato do Executivo, desde que atenda certas finalidades (art.
6º, Lei 12.651/12)
o Art. 7º: APP deve ser mantida pelo proprietário da área, possuidor
ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito
público ou privado
▪ §1º: obrigação de promover a recomposição (ressalvados
usos autorizados)
▪ Possibilidades de uso autorizado: interesse público,
utilidade pública e baixo impacto (categorias que permitem
autorização de supressão)
• Baixo impacto (art. 3º, X):
o Criação de cercas, trilhas, ancoradouros, acesso à água, casa de
quilombolas e populações tradicionais
o Exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável,
comunitário e familiar, incluindo a extração de produtos florestais
não madeireiros, desde que não descaracterizem a cobertura
vegetal nativa existente nem prejudiquem a função ambiental da
área
• Utilidade pública (art. 3º, VIII)
o Necessidade de supressão de APPs para obras de utilidade
pública
o Obras de infraestrutura em transporte, obras viárias, saneamento,
energia, telecomunicações, radiofusão, estrutura para tratamento
de resíduos sólidos, instalações necessárias para competições
esportivas estaduais, nacionais, internacionais e mineração
o Obras de defesa civil
o Outras atividades similares caracterizadas em procedimento
administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e
locacional, definidas por ato do Poder Executivo
o Questiona-se: as APPs ficariam sendo um depósito de
infraestrutura?
▪ Problemas da disputa pelas áreas de preservação
o O STF decidiu pela constitucionalidade da possibilidade de
supressão, com exceção da estrutura para tratamento de resíduos
sólidos e instalações para competições esportivas
• Interesse social (art. 3º, IX)
o Atividades que tenham alguma ênfase social
o Atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação
e controle do fogo
o Exploração agroflorestal sustentável na pequena propriedade ou
posse rural familiar ou povos tradicionais, desde que não
descaracterize a cobertura vegetal
o Implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer,
cultura ao ar livre em áreas urbanas ou rurais consolidadas
o Regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados por
população de baixa renda em áreas urbanas consolidadas
▪ Problemas da desapropriação de populações irregulares:
ocupação de áreas de proteção permanente
▪ Crítica: não se pode retirar a população que mora na área;
ela vai ocupar outras áreas de preservação
▪ Conclusão: só se deve desapropriar quando há riscos à
população; deve-se buscar a regularização dessas
populações nessas áreas
o Implantação de instalações necessárias à captação e condução de
água e efluentes em empreendimentos cujos recursos hídricos
sejam parte integrante do projeto
o Atividades de pesquisa e extração de área, argila, saibro e
cascalho, outorgadas pela autoridade competente
o Outras atividades caracterizadas em procedimento administrativo
próprio, falta de alternativa locacional
o Permite-se a supressão de APP, mas não a realização de
atividades nessas áreas
Reserva Legal
• É uma área localizada no interior de um imóvel
• Art. 15: será admitido côputo da APP no cálculo da Reserva Legal desde
que:
o O benefício previsto não implique a conversão de novas áreas para
uso alternativo do solo (ou seja, supressão de vegetação)
o A área a ser computada esteja conservada ou em processo de
recuperação
o O proprietário ou possuidor tenha requerido inscrição do CAR
o Área excedente não poderá ser desmatada. Servidão florestal, cota
de reserva florestal, etc. Condomínio é permitido
• O proprietário rural pode computar APP na reserva legal a partir da ideia
de que já se deve preservar Área de Proteção Permanente, além da área
de Reserva Legal
• Como criar uma compensação aos proprietários que cumprem a lei
ambiental em relação ao proprietário que
o Reserva legal em condomínio: desmembramento da área de
reserva legal
• Área de vegetação nativa
• Possibilidade de manejo sustentável comercial, aprovado pelo órgão
competente (art. 17)
o Manejo: atividade madeireira mediante técnicas especiais que
causam menos danos à vegetação sob proteção
• Necessidade de registro no órgão ambiental competente, por meio do
CAR, vedada a alteração de sua destinação (art. 18)
• Característica de perenidade: não pode ser alterada
• É obrigatória a suspensão imediata das atividades em área de Reserva
Legal desmatada irregularmente
• Proprietário que não dispunha de reserva legal até 22 de julho de 2008
pode (a lei estabelece o tratamento que será dado a essa situação):
o Recompor (em até 20 anos )
o Regenerar
o Compensar a Reserva Legal: ter uma reserva legal fora da
propriedade, comprando uma área
▪ Crítica: pode-se compensar em um mesmo bioma, mas o
proprietário pode conseguir uma reserva legal em área mais
barata
• Compensação para o proprietário:
o Art. 66, §5º - compensação:
o Aquisição de cotas de reserva ambiental: título representativo que
está sob a reserva legal ou sob a servidão ambiental
▪ Títulos que podem ser comercializados
o Arrendamento de área em regime de servidão ambiental ou
reserva legal
o Doação de área em interior de Unidade de Conservação de
domínio público, pendente de regularização fundiária
o Cadastramento de outra área equivalente e excedente à Reserva
Legal, em imóvel de mesma titularidade ou adquirida em imóvel de
terceiro
o As áreas podem estar no mesmo bioma (se fora do Estado, devem
estar em áreas prioritárias)
▪ Crítica: a imposição de um mesmo ecossistema seria mais
lógica e restritiva
• Cadastro Ambiental Rural
o Criação do Cadastro, no âmbito do Sistema Nacional de
Informações sobre Meio Ambiente – SINIMA
o Obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de
integrar todas as informações

QUESTÃO: Em que medida o artigo 60 da Lei 12.651/12 seria capaz de


flexibilizar a proteção ao meio ambiente? Explique, considerando as
discussões envolvendo a constitucionalidade do dispositivo e o
entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento das
ADIs 4.901 e 4.903.
A Lei nº 12.651/12, que revogou o antigo Código Florestal de 1965 e,
dessa forma, recebeu inúmeras críticas após a sua promulgação, estabelece, no
art. 60, a suspensão da punibilidade dos crimes previstos nos artigos 38, 39 e 48
da Lei nº 9.605/98 – Lei de Crimes Ambientais, quando um termo de
compromisso para regularização de imóvel ou posse rural perante o órgão
ambiental competente (mencionado no art. 59) foi assinado e enquanto estiver
sendo cumprido.
São esses crimes: destruir ou danificar floresta considerada de
preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com
infringência das normas de proteção; cortar árvores em floresta considerada de
preservação permanente, sem permissão de autoridade competente; e impedir
ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação.
A concessão de anistia, após a assinatura de um termo de compromisso
para regularização, aos proprietários de imóveis ou àqueles que detenham a
posse rural que tenham cometido algum dos crimes acima antes de julho de
2088, é capaz de flexibilizar a proteção ao meio ambiente porque, primeiramente,
legitimaria uma omissão do Poder Público, no que tange a uma de suas funções
que é a de fiscalização e de punição (poder de polícia), em concretizar o direito
constitucionalmente estabelecido ao meio ambiente equilibrado. O ato de anistiar
degradadores ambientais poderia soar como desrespeito à Carta Magna e como
depreciação do dever de proteção ao meio ambiente a que incumbe o Poder
Público e toda a coletividade. Além disso, poderia ensejar a desnecessidade de
se impor medidas de reverter os danos causados ao meio ambiente,
regenerando-o, o que é incompatível com o preceito fundamental da proteção
em matéria ambiental.
Segundo o entendimento do STF, no julgamento das ADIs 4.901 e 4.903,
sobre a disposição normativa em questão, não há arbitrariedade, nem
comprometimento do núcleo essencial que qualifica o regime de tutela
constitucional em tema de meio ambiente, nesta concessão de anistia, pois a
norma induz os agentes dos delitos ambientais a solver o seu passivo ambiental
(através do termo de compromisso assinado). Não se pode invocar, no caso, o
princípio da proibição do retrocesso ambiental porque, segundo a Ministra
Cármen Lúcia, a flexibilização da legislação ambiental pode ser compatível com
a Constituição da República se, e somente se, sejam editadas simultaneamente,
medidas que compensem o impacto ambiental causado por normas mais
permissivas, como ocorre nesta situação. Destaca-se ainda, mesmo sendo as
leis concessivas de anistia direcionadas a ilícitos políticos, nada impede que
sejam aplicadas a infrações penais de direito comum.
Decidiu-se, portanto, pela constitucionalidade do art. 60 da Lei nº
12.651/12, apesar de configurar maior flexibilidade à legislação ambiental.

Aula 12 – 25/05/2018
CÓDIGO FLORESTAL
Lei nº 12.651/12 – Novo Código Florestal:
• Áreas rurais consolidadas: áreas com tratamento especial
• CAR
• PRA: as áreas rurais consolidadas devem aderir ao Programa de
Regularização Ambiental (disciplinado pela lei geral da União e por leis
estaduais)
o Enquanto não estiver em vigor, os proprietários não podem ser
autuados por infrações cometidas antes dessa data
o Adesão individual – termo de compromisso: consta o que
determinada propriedade tem que fazer, especificações técnicas
• Como a legislação trata as APPs e as Reservas Legais?
o Dificuldade dos proprietários de cumprirem a lei, por conta da
pequena extensão de suas propriedades
▪ Definição de pequena propriedade ou posse rural: art. 12 –
especificidade (caráter da dependência para a
sobrevivência da família); imóvel com até 4 módulos fiscais
terá o mesmo tratamento das pequenas propriedades rurais
▪ Extensão do tratamento às terras indígenas e de
comunidades tradicionais
▪ Lei 4.504/64 – Estatuto da Terra: define módulo fiscal, que
é uma medida fixada para cada município brasileiro feita
pelo INCRA, variando a partir de critérios de tipos de
exploração daquelas áreas; ele deve expressar um tamanho
mínimo para viabilizar economicamente a propriedade, a
atividade nela praticada
▪ Exemplos de módulo de terra: em Barcarena – PA, o módulo
fiscal é de 70 hectares; Augusto Corrêa – PA, 90 hectares;
em Miravânia – MG, 75 hectares
o Áreas de Preservação Permanente em Áreas Consolidadas
▪ Art. 61: regra de que, nas APPs com áreas rurais
consolidadas, são autorizadas certas atividades; se o imóvel
tiver 1 módulo fiscal, ele terá que recuperar 5m; se tiver até
2 módulos fiscais, terá que recuperar 8m
• A nova lei se aplica a situações já vigentes: discussão e entendimento
pelos ambientalistas de que não há direitos adquiridos (não para manter
um regime jurídico); a mudança da legislação condiciona os imóveis a se
adaptarem
o A lei, nesse sentido, concede até uma anistia para alguns grupos,
mas nunca se entendeu que aqueles que tenham cumprido a
legislação em determinada época poderiam se eximir de cumpri-la
posteriormente com as novas determinações
o Se a mudança for muito injusta para determinado proprietário, pode
ele entrar com uma ação solicitando uma indenização, mas a
jurisprudência nunca decidiu nesse sentido – não cabe indenização
pela obrigação de se ajustar às normas ambientais
• Tratamento para a Reserva Legal
o Imóvel que tenha área rural consolidada não cumpre toda a sua
reserva legal
o A Lei estabelece opções para quem não quiser ter Reserva Legal
▪ Recompor – 20 anos; 50% exóticas
▪ Regenerar
▪ Compensar – compra de um imóvel fora, arrendamento ou
compra de cotas de reserva ambiental (CRA), doação de
imóvel em unidade de conservação
o A compensação deve ser no mesmo bioma e deve obedecer a
algumas determinações se o imóvel comprado se localizar em
outro estado
o Servidão ambiental (art. 9º da Lei 6.938): quando um proprietário
tem um excedente de reserva legal e cede, por meio da locação, a
outro proprietário rural
o As cotas de reserva ambiental podem ser instituídas sob regime de
reserva legal ou de servidão ambiental (permanente ou temporária
– mínimo de 15 anos) ou de RPPN – art. 44
o Reserva legal em áreas consolidadas (art. 68): os proprietários que
realizarem supressão de vegetação nativa respeitando os
percentuais de Reserva Legal previstos pela legislação em vigor à
época são dispensados de promover a recuperação, compensação
ou regeneração para os percentuais exigidos pela Lei
▪ Problema: não é tão fácil descobrir quando se passou a
proteger determinada área; algumas organizações não
governamentais ambientais consideraram esse artigo
perigoso

QUESTÃO: O princípio da proibição do retrocesso socioambiental passou


a ser invocado com frequência pelos críticos da Lei 12.651/12. Em que
consiste tal princípio e em que medida se relaciona com o advento da
referida lei e ADI?

Aula 12 – 07/06/2018
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
[pegar começo da aula]
Noções sobre o licenciamento
• Poder de polícia da administração: procedimento administrativo/ato
administrativo
• Competência executiva (art. 23, CF/88 – competências comuns)
• Instrumento da política nacional do meio ambiente (art. 9º, IV)
• Instrumento preventivo – principio da prevenção (prioridade às medidas
que evitem o surgimento do dano)
o Direito administrativo como forma de balancear o direito ao meio
ambiente e a livre iniciativa
Base legal e competência
• Existe uma lei geral sobre licenciamento?
o Não. Existem projetos de lei que objetivam fazer uma normatização
geral sobre o licenciamento, na maioria no sentido de flexibilizar as
hipóteses
o Falta de base normativa
• Com que base se exige que os empreendedores se submetam a ele?
o A partir da CF/88 e dos princípios do direito ambiental – princípio
do poluidor-pagador, da prevenção, etc.
• Art. 10, Lei 6.938/81
o A construção, instalação, ampliação e funcionamento de
estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais
considerados efetiva ou potencialmente poluidores
• Regras de competência – revogadas LC 140/2011 e Decreto 8.437/2015
o Existe uma norma que elenca as atividades que necessitam de
licenciamento
o Apesar de essas listas existirem, pode-se dizer que elas não são
taxativas – caráter exemplificativo
▪ Números clausos: o que não está na lista não
necessariamente não precisa de licenciamento
o LC 140/2011: editada com base no §1º do art. 23 da Constituição
para regulamentar situações do âmbito ambiental
Competência
• Constituição: art. 23 e Resolução 237/97
• Lei Complementar nº 140/2011
• Da União - Art. 7º, XIV
o Critério da localização das atividades
o Empreendimentos e atividades localizadas:
▪ No Brasil e em país limítrofe
▪ Em mar territorial, plataforma continental ou zona
econômica exclusiva
▪ Em terras indígenas
▪ Unidades de conservação instituídas pela União, exceto
APAs (porque é a menos protegida; geralmente, já está
degradada)
▪ Em dois ou mais Estados
▪ De caráter militar – interesse da União na atividade
▪ Material radioativo
▪ Outros definidos em norma regulamentar
• Dos Estados – Art. 8º, XIV
o Atividades cujo licenciamento não seja competência da União ou
dos Municípios (maioria)
▪ Competência residual
o Unidades de conservação constituídas pelo Estado
• Dos Municípios – Art. 9º, XIV
o Atividades que possam causar impacto de âmbito local conforme
tipologia dos conselhos Estaduais
▪ Somente alguns Municípios previamente determinados
podem licenciar, de acordo com a estrutura ambiental que
detiverem – LC 140/2011 e Deliberação 01/2014 (Consema)
o Unidades de conservação instituídas pelos Municípios, exceto
áreas de preservação ambiental
• Deliberação Consema 01/2014
o Municípios com Conselho Municipal de MA, com caráter
deliberativo e composição paritária
o Profissionais qualificados e habilitados para a atividade e estrutura
de fiscalização
o Sistema de monitoramento e fiscalização ambiental que garanta o
cumprimento das exigências
o Impacto: o impacto local é medido pelo porte e pelo potencial
poluidor
▪ Porte: tamanho do empreendimento
Natureza jurídica
• Qual a natureza jurídica das licenças ambientais?
• Trata-se de licença ou autorização administrativa?
• A licença tem natureza jurídica híbrida: ora é ato vinculado, ora ato
discricionário
o No geral, sob o ponto de vista administrativo, a licença é vinculada
porque, preenchidos certos requisitos, ela é concedida
o Mas existe um grau de discricionariedade técnica, que confere à
autoridade administrativa a possibilidade de revisar ou cancelar a
licença, quando verificada mudança nas circunstâncias ambientais
• Quais são as espécies de licença ambiental?
o Etapas sucessivas das licenças
▪ Licença prévia: após a análise e estudos relativos à
viabilidade do projeto
▪ Licença de instalação: possibilita o início da implantação do
empreendimento
▪ Licença de operação: vistoria da atividade e autorização
para o funcionamento
o Única e corretiva
o Todas têm prazo de validade regulado pela Resolução 237/97
▪ Prazo máximo de 25 anos
▪ O prazo tem a finalidade de sujeitar o empreendedor ao
constante monitoramento
o Há também o licenciamento simplificado, além do mais complexo
Trâmite do licenciamento – Art. 10 da Resolução 237/97
• Definição dos documentos, projetos e estudos ambientais necessários ao
início do processo
• Requerimento da licença e seu anúncio público
• Análise dos documentos, projetos e estudos; apresentação e vistoria
técnica, se necessário
• Solicitação de esclarecimentos e complementações
• Realização ou dispensa de audiência pública
• Emissão de parecer técnico conclusivo e parecer jurídico
o Rigorosos
• Deferimento ou não do pedido de licença prévia, com a devida publicidade
Processo de licenciamento
• Certidão da Prefeitura (conformidade com a lei de uso e ocupação do
solo) – documento obrigatório
• Autorização para a supressão de vegetação
• Outorga para o uso da água
• Estudos ambientais
o Avaliação de impactos ambientais
o No âmbito do licenciamento, ocorre antes da licença prévia
o Avaliação de Impacto Ambiental: Lei 6.938/81 (art. 9º)
o Estudo de Impacto Ambiental: CF/88, art. 225, IV:
▪ Estudo muito complexo, que envolve diversos aspectos
(ambientais, sociais, biológicos, antropológicos, etc.)
▪ Instalação de obra ou atividade potencialmente causadora
de significativa degradação do meio ambiente
▪ Exigência de publicidade: deve haver audiência pública
▪ Art. 11, Res 01/86: órgão licenciador deve abrir prazo para
a manifestação dos órgãos públicos e interessados e, se
julgar necessário, realizar audiência pública para a
discussão do EIA e RIMA
▪ Resolução CONAMA 01/86: rol exemplificativo
▪ Resolução CONAMA 237
▪ Resolução do CONAMA 09/87: audiência se solicitado pelo
MP, entidade civil ou 50 ou mais cidadãos
o Resolução 237/97: “estudos ambientais”
o Relatório Ambiental Prévio: Resolução da Secretaria do Meio
Ambiente 42/93
o EAS
EIA: como deve ser apreciado?
• Figura do “Termo de Referência”: deve ser previamente analisado para o
EIA
Audiências públicas:
• Resolução CONAMA 01/86: art. 11 – órgão licenciador deve abrir prazo
para a manifestação dos órgãos públicos e interessados e, se julgar
necessário, realizar audiência pública para a discussão do EIA e RIMA
• CF/88, art. 225: publicidade
• Resolução CONAMA 09/87: audiência se solicitado pelo MP, entidade
civil ou 50 ou mais cidadãos
Compensação ambiental no licenciamento
• Compensação do art. 36 da Lei do SNUC (Lei 9.985/2000) – só no caso
do EIA
• Compensações (sócio)ambientais diversas (doação de veículos, etc.)
Modificação, suspensão ou cancelamento do licenciamento
• Art. 19 da Resolução 237/97
o O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada,
poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e
adequação, suspender o cancelar uma licença expedida:
▪ I – Violação ou inadequação dos condicionantes ou normas
legais
▪ II – Omissão ou falsa descrição de informações que
subsidiaram as licenças
▪ III – Superveniência de graves riscos ambientais e à saúde

QUESTÃO: O Ministério Público da União requereu em Ação Civil Pública


suspensão da licença de operação da UHE de Belo Monte, bem como que
a Norte Energia, a União e o Município de Altamira realizem no prazo de 180
dias, sob pena de culminação de multa diária, a efetivação do
funcionamento dos sistemas de abastecimento de água potável e
esgotamento sanitário, contemplando todos os municípios urbanos de
Altamira. Na sua opinião, os pedidos são procedentes? Justifique.

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