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Manual de Terapéutica Dermatologica e Cosmetologia Aureliano da Fonseca Professor titular de Dermatologia da Facul- dade de Ciéncias Médicas da Universidade Estadual de Campinas - Sao Paulo, Brasil L. Nogueira Prista Professor catedrético da Faculdade de Far- miacia da Universidade do Porto, Portugal R| ROCA Copyright © da 1* Edicao pela Editora Roca Ltda. Nenhuma parte desta publicagdo podera ser reproduzida, guardada pelo sistema “retrieval” ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, seja este eletrénico, mecanico, de fotocdpia, de gravacao, ou outros, sem prévia autorizacao escrita da Editora. Edicao Revisada 1993 ISBN: 85-7241-304-9 Dados Internacionais de Catalogacao na Publicacao (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Fonseca, Aureliano da Manual de terapéutica dermatolégica ¢ cosmetologia / Aureliano da Fonseca, L. Nogueira Prista, -- Sao Paulo : Roca, 2000. 1* reimpr. da 1* ed. de 1993. Bibliogratia. ISBN 85-7241-304-9 1, Agentes dermatologicos 2. Cosmetologia 3. Dermatologia 4. Farmacologia dermatolégica 5. Pele ~ Doencas - Tratamento I. Prista, L. Nogueira. II. Titulo. CDD-616.506 (00-0110 NLM-WR 650 indices para catalogo sistematico: 1, Dermatologia : Terapéutica : Medicina 616.506 2, Terapéutica dermatolégica : Medicina 616.506 2000 Todos os direitos para a lingua portuguesa sao reservados pela EDITORA ROCA LTDA. Rua Dr. Cesario Mota Jr., 73 CEP 01221-020 — Sao Paulo — SP Tel.: (011) 221-8609 — FAX: (011) 220-8653 e-mail: edroca@uol.com.br — www.editoraroca.com.br Impresso no Brasil Printed in Brazil LEGENDA a8, do grego ana, abreviatura que significa igual quantidade de cada um. f.s.a., abreviatura do latim “fiat secundum artem”’, isto é, faga-se segundo as re- gras. m., abreviatura de misture ou manipule. q-b.p., abreviatura de quanto baste para... q.s., abreviatura de “quantum satis”, o mesmo que q.b.. v.g-, abreviatura de locugdo adverbial latina “verbi gratia”, que significa por exemplo. Prefacio A medicagao dermatolégica é considerada dificil e, sobretudo, ingrata, admi- tida a irregularidade da resposta cuténea aos medicamentos. Esta idéia é justificada, particularmente quanto 4 medicagdo tdpica, pelo des- conhecimento que, em regra, existe acerca dos seus fundamentos e acdes. Concorre, para tal fato, a omissdo dos livros sobre esta matéria, os quais, quando alguma coisa dizem, fazem-no, quase sempre, com insuficiéncia. Ponderando o assunto, tentamos clarificar as idéias essenciais que devem nortear a terapéutica dermatoldgica. Decorrido o tempo, estudantes e médicos foram-nos solicitando as nossas notas sobre as bases da medicagao cutanea e, por fim, foi-nos sugerida a publi- cagdo dos nossos apontamentos. A lembranca tomou volume e incitou-nos a rever os conceitos e a concreti- zar melhor os conhecimentos que tinhamos. Decididos a satisfazer 0 alvitre, resolvemos incluir, no nosso escrito, os regimes alimentares de interesse dermatoterapéutico, bem como a fisioterapia, conside- rando o elevado significado de tais recursos e atendendo, também, ao fato de se encontrar disperso o que deles interessa saber. Assim o fizemos, esperando que tenhamos conseguido o nosso objetivo, de permitir, a quem nos ler, estabelecer mais racionalmente as medicacdes dermato- légicas e, conseqiientemente, garantir melhor éxito clinico. Aureliano da Fonseca L. Nogueira Prista Conteudo 1. FORMAS MEDICAMENTOSAS EXTERNAS E ATIVIDADES NA PELE . Solugdes . . Suspensdes Oleos EmulsGes . . Pomadas . . Pastas... Cremes Colas... . 2. ACOES DERMATOLOGICAS ..............2..2-.-.-- Detersiva FATES OEIC. shee nie’ pies atele hestciniete lv ntetesirintn REET? Antibacteriana Antibidtica, . . Sulfonamidica Anti-hanseniana ...... Antituberculosa .. 2... Anithventtéa cc nco0 esate sles ne overtone eel Antifungica ..... 91 Antiinflamatoria 99 Adstringente. . . 110 Antipruriginosa. . 112 Antialérgica. 2.2.6... 62 eee 115 Redutora 117 Ceratoplastica . = 127 Ceratolitica ... 1.6... eee eee +. 129 Anerética 133 Analgésica . . . . 136 Antiparasitaria . 137 Dessensibilizante 145 Rubefaciente 148 Depilatoria. . . 150 Antiactinica . . 155 Pigmentogénea 156 Bronzeante. 156 Melaninizante 158 Despigmentogénea. 160 Anidrotica. . . . same HK o eiann am Sekine - 162 ENZNNSICA. ccna we som en eran am pane ee ee OSE Maree 166 Insulfnica, 169 Imunossupressora......... i Sasa S aa - 170 Vasodilatadoracs a. sk 22 cox Ss sad BS 25 ge 178 Protetorada pele: is sci as Sota Gee ed oe Us Saees Soe es a 180 3. REGIMES ALIMENTARES ...............-..-.--02-- 189 4. FISIOTERAPIA DERMATOLOGICA 219 Helioterapia 219 Crioterapia 223 Galvanoterapia . 225 Diatermia..... 226 Eletrocoagulagdo 227 Laserterapia - 229 MASSAQEIN Ss eis woxscs ves wetanss Seacrest pets srone - 230 Dermabrasdo . . 231 Roentgenterapia 234 Banhos e balneoterapia 251 Crenoterapia. 260 5. PRODUTOS MEDICAMENTOSOS E SUAS CARACTERISTICAS 35: 200us Sheed tdleds seeps Sayer 265 Bibliografia Consultada) «2.2 ee ee eee 409 (ndica Renmissi¥os.6.o6 ii odie ice 2 eetgs Sa Re BR ae taayeetecterater’ & 413 Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele As formas medicamentosas externas, também denominadas medicamentos té- picos, destinam-se a ser aplicadas na pele e mucosas acessiveis. Tais medicamentos tém, fundamentalmente, acdo fisica, varidvel consoante a natureza dos produtos que os constituem e o modo e forma como estes estado ajuntados ou coligados. Secundariamente, tém agdo quimica ou quimico-bioldgi- ca, conforme as capacidades quimicas e biolégicas das substancias que formam o medicamento. A composi¢ao, no seu conjunto, visando determinado efeito, deve ser adequa- da a intensidade do estado inflamatdrio cutaneo e as caracteristicas estruturais da pele ou da dermatose onde o medicamento vai ser aplicado. Se estes condicionalismos ndo forem considerados, s6 por casualidade podere- mos obter beneficios, sempre com o risco de surgirem agdes contrarias aquelas que desejamos. Atendendo, unicamente, a constituicdo Fisica dos produtos medicamentosos e ao estado e modo como est&o combinados e agregados, distinguem-se as formas farmacéuticas seguintes: = Pos = Solugdes — Suspensdes — Oleos — Emulsées — Pomadas — Pastas 2 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetologia — Cremes — Colas — Vernizes Vamos analisar, pormenorizadamente, cada forma medicamentosa na sua composi¢ao e atividade na pele. POS Qualquer substancia sélida reduzida a pequenas particulas diz-se estar no esta- do de pé ou pulvéreo. As particulas podem ter diferente tamanho, desde grossei- ras, quando por friccdo entre os dedos se sentem pequenissimos graos, a tenuis- simos, se parecem no ter corpo. Nao havendo pradutos pulvéreos no estado natural, é preciso reduzi-los a pds, utilizando meios apropriados, consoante as propriedades fisico-quimicas das subs- tancias e o grau de diviséo desejado. O mais simples e habitual é a trituracdo em almofariz, mas existem outros meios, tais como a utilizagdo de intermedidrios sdlidos, liquidos e gasosos, fricgéo em tamises!!), recursos quimicos, porfiriza- cao e moedura em moinhos. O produto a pulverizar deve ser seco e, posteriormente, tratado por qualquer dos processos citados, adequado a sua natureza. No caso mais simples, o uso de almofarizes (pedra, ferro, latéo, porcelana, vidro etc) proporciona a reducdo a pd, podendo, para grandes quantidades e para materiais muito duros, recorrer-se ao emprego de moinhos que podem funcionar por atrito (més de pedra ou de ago), por laminagem (cilindros metalicos que rodam na mesma diregdo com dife- rentes velocidades) e por impacto (moinhos de martelos, de bolase micronizado- res). Em certas circunstancias, tem de se recorrer a determinados artificios para se conseguir pulverizar os produtos. Estado neste caso os corpos que necessitam de intermediarios de pulverizagéo, como acontece com a canfora que sé é suscepti- vel de ser reduzida a p6 quando contundida em almofariz com pequena porcdo de alcool ou de éter. Em outros casos, como sucede com varios esterdides, dis- (a) Tamises s&o peneiras de fio de seda, de material plastico e outros materiais, de malha muito unida, havendo diferentes tamanhos consoante o numero de malhas por centi- metro quadrado. Podem classificar-se ainda pela abertura da malha, isto é, pelo espa- 0 compreendido entre dois fios consecutivos, 9 que mais correto, pois leva em conta @ espessura do fio, 0 que ndo sucede com o primeiro pracesso de classificacdo. Para p6 micronizado, e especialmente quando © diametro médio dos gros constituin- tes 6 inferior a 40 micra, a classificagdo tera de ser efetuada por outros processos mais delicados que nao a tamisacdo, dentre os quais salientamos a medigdo em microscé- pio, a determinagdo da velocidade de sedimentacdo quando o pé seja suspenso em flufdo e o uso de contador de Coulter, em que se apreciam alteracdes da condutibili- dade elétrica quando 05 gréos de pé, dispersos em eletrdlito, passam através de or cios com dimensées micrométricas. Formas Medicamentosas Externas @ Atividades na Pele 3 solve-se 0 produto a pulverizar num solvente (etanol, acetona, propilenoglicol etc), onde tenha facilidade de cristalizar, ou seja, precipitar sob a forma de cris- tais. Por técnica adequada, conseguem-se separar cristais de diversas dimensGes, tendo-se, assim, pOs mais ou menos finos (cristalizagéo fracionada), consoante © que se deseje. Em outras situag¢Ges, o material a pulverizar é tao macio e desa- gregavel em gros que a simples friccao em tamises é eficaz. E 0 que acontece com o carbonato de magnésio. Quando se pretende pd com elevada tenuidade, pode recorrer-se 4 porfirizagdo, se a quantidade a obter é pequena, ou a microni- zacdo, em moinhos de impacto, se sucede 0 contrario. Distinguem-se varios graus de gréo de pd considerando o tamanho das parti- culas, que reduzimos aos quatro seguintes: p6 micronizado, tendo as particulas diametros inferiores a 60 micra, p6 finissimo, com particulas de 60 a 74 micra, po fino, de 74 a 128, e pd grosso, com mais de 128 micra. Diz-se p6 simples, quando as particulas so de uma s6 substancia, e compos- to, quando ha mistura de dois ou mais produtos pulvéreos.|2) Sao pds dermatolégicos as substancias pulvéreas consideradas inertes, isto é, cuja aplicagao na pele ndo provoca manifesta acao quimica. Diversos pds sao usa- dos tendo esta caracteristica, uns de origem vegetal, outros de origem animal, mas os mais utilizados tém origem mineral. Sao exemplos de pd os produtos seguintes: A) Pé de origem vegetal Amido Licopédio Sagu B) Pé de origem animal Terra silicica C) Pés de origem mineral ou preparaco por sintese quimica Calamina Carbonato de calcio Carbonato de magnésio Carbonato de zinco Caulino Diéxido de titénio Estearato de aluminio Estearato de magnésio Estearato de zinco Greda preparada Litopénio Oleato de zinco Oxido de zinco (2) Quando ha necessidade de pd composto, cada produto deve ser pulverizado separada- mente, porque a resisténcia a divisdo é variavel de substancia para substancia. 4 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetologia Silica pulverizada Subnitrato de bismuto Sulfato de alumtnio e potassio Sulfato de bario Talco Trissilicato de magnésio ATIVIDADE DO PO NA PELE Aplicando na pele qualquer substancia em po, ‘‘amplia-se” a area de evapo- ragdo cutadnea, resultante do somatorio das superficies das particulas pulvéreas. Em conseqiiéncia, incrementa-se a perspiracaéo da pele, que seré maior ou menor consoante a temperatura ambiente, a tensdo de vapor e a finura do po (Fig. 1.1). Este incremento determina descida relativamente rapida da temperatura cuta- na, em relacdéo com as dreas sem po, pelo que, habitualmente, diz-se que a pele se refresca; por outro lado, porque a pele tem de manter equilibrio dinamico com o meio externo, o aumento da velocidade de evaporacao obriga a agua intercelular a difundir-se das camadas profundas para as superficiais, com o fim de manter estado hidrico cutaneo!3), Assim, a pele seca, efeito mais marcado quando 0 cli- ma esta frio, com grau higrométrico baixo, e quando ha vento, porque a intensi- dade da evaporagdo acentua-se com a baixa da tensdo de vapor e, sobretudo, com o aumento da agitagao do ar. Consideremos, ainda, que, na época fria, havendo diminuicdo da temperatura externa, que induz a vasoconstri¢&o periférica, sobretudo nas areas expostas, ha redugao da capacidade da pele para manter o equilibrio hidrico, pelo que a desi- dratago é mais marcada e, portanto, mais intensa a secura cutanea; obviamente, evidencia-se descamacao e é facil surgirem fissuras por perda da elasticidade da pele. Estas manifestagées s4o particularmente importantes nas regides de clima frio e quando se praticam esportes no inverno. Em climas ou épocas quentes, a desidratag¢éo da pele obedece ao mesmo me- canismo descrito, embora haja vasodilatacao periférica pela temperatura ambien- te, mantendo-se, por isso, continuo suprimento de agua nos tecidos. Os fendmenos referidos sfo mais evidentes na pele flegmdsica. O ambiente frio ou quente determina, naturalmente, leve diferenga de comportamento do po (3) © fendmeno da evaporacao € resultante da tensdo superficial, pelo que as partfculas de p6 se embebem, sucessivamente, da profundidade para a superficie, de 4gua, que se introduz nos Intersticlos da superficie das part{culas. Disto pode deduzir-se que a quantidade exagerada de pé na superficie cutanea torna mais lenta a evaporagao, @ que, para igual espessura de pd, a evaporacdo é tanto mais facil quanto mais fina fo- rem as particulas pulvéreas e maior a sua capacidade higroscépica. Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 5 wyensidade de perspiragio. ire de ewaporagia epiderme epiderre edemaciada dere ee edemaciaga—* > -y vaso dilatado__¢ ga S9 pele flegnasica pele normalizada Fig. 1.1 Atividade do pé na pele na pele, mais expressivo em clima frio do que em clima quente e igualmente em locais de clima seco em relagdo a regides de clima umido. Outro fato a favorecer a desidratagdo e, portanto, a desinflamag¢ao, é conse- qiiéncia do desengorduramento da superficie cutanea. Com efeito, as particulas de po adsorvem'*) a gordura quando se fixam a superficie da pele. Dados os fendmenos citados, o pd tem agdo descongestionante, particular- mente quando é higroscépico, tal como acontece com o pé de origem vegetal eo carbonato de calcio, a-greda preparada, a terra silicica e 0 trissilicato de magné- sio, Também pela sua capacidade absorvente, o pd tem agao anti-sudoral, no sen: tido de absorver o suor logo que se manifeste. O pé tem ainda efeito anti-seborréico por recolher a gordura da pele. A despeito do estado pulvério, ha diferencas fisico-quimicas e antiflogisticas dos diversos produtos e, por isso, é aconselhavel usar na pele varios pés para valorizar as caracteristicas da mistura. Sao exemplos os pos secantes seguintes: 1) Carbonato de magnésio \ didxido de titanio J GOxido de ZINCO so. eee ee ee wee oito gramas carbonato de calcio . . . . vinte e seis gramas talco de Veneza. . sessenta gramas im, aa trés gramas 2) Estearato de magnésio . . . cinco gramas amido de trigo . quinze gramas CANN arco ces cpa. apenersensy 32 cis eee Hee: trinta gramas talco.de Veneza. .. 26. ee eee cinguenta gramas m. (4) A adsorgdo é apenas superficial, isto é, no panto de contato. 6 Manual de Terapéutica Dermatologica e Cosmetologia Os sais de magnésio, bem como os estearatos ¢ os oleatos, tém interesse sobre- tudo para possibilitar melhor aderéncia ou fixagdo do po a pele, tornando, por- tanto, mais duradouros os efeitos. Para aumentar ainda mais a aderéncia pode juntar-se glicerina ou dleo (0,5 a 1,0%). Ao po podemos acrescentar produtos anti-sépticos, adstringentes, antissebor- réicos, antifangicos etc. O pé é também usado na pele s&, especialmente em criangas, para prevenir ir- ritagdo ou macerago da pele das pregas, locais onde é dificultada a evaporacdo do suor, e para completar a secagem apds 0 banho. Com o mesmo efeito usa-se nas pregas de pessoas gordas. Em tais regides, nao deve empregar-se po vegetal, porque, embora seja muito fino e mais agraddvel do que o pé de origem animal ou mineral, tem o inconveniente de ser facilmente decomposto pelas bactérias, sobretudo nas pregas, podendo, conseqiientemente, provocar dermites ou agrava- las quando existem. Desde que, porém, seja renovado em curtos intervalos de tempo, no ha ocasiao para fermentac4o. Também pode evitar-se o inconvenien- te citado se juntarmos conservantes (ver Pomadas). Na face, 0 pé é usado em mulheres da raga branca para tirar o brilho da pele, resultante de excregdes sebdcea e sudoripara, considerado inestético; mas tam- bém para ocultar ligeiras imperfeicdes da pele, tais como cicatrizes ou manchas, tendo, neste caso, finalidade de encobrir. Pode ser exemplo a composi¢ao seguinte: 3) Estearatodealuminio .............0- trés gramas didxido de titanio. . 2... eee cinco gramas 6xido de zinco L e l aa onze gramas calamina talco de Veneza. . . trinta gramas caulino m. quarenta gramas Com 0 objetivo de toalete, dever-se-4 perfurmar o p6 com perfume a escolha da pessoa que o vai usar; também deve ser colorido, utilizando diversos pigmen- tos, tais como o hidréxido de ferro, em quantidade de acordo com a tonalidade normal da pele da face. SOLUCOES's) Produtos da dissolugdo de qualquer substancia em liquido, constituindo um sistema homogéneo; ou liquido que contém uma ou mais substancias dissolvidas, isto é, divididas no estado molecular ou iénico, de tal modo que adquire aspecto de uma s6 natureza. (5) Primitivamente designaram-se so/utos, nome hoje considerado impréprio, pois esta pa- lavra deve reservar-se para os solvidos ou dissolvidos. Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 7 Nas solugdes, a despeito de poderem existir diversas substancias em causa, consideram-se dois componentes diferentes: a substaéncia que solve ou dissolve (solvente ou dissolvente), de natureza I{quida, e o salvido ou dissolvido, substan- cia sdlida. Pode, também, ser outro Iiquido, sendo considerado solvente aquele que estiver em maior quantidade, e diz-se que os dois liquidos séo misciveis. O solvente mais utilizado é a dgua, resultando so/ugGes aquosas simples, quan- do as solugdes sdo simples mistura obtida por agitagao!6). Cada substdncia, em determinado solvente e a dada temperatura, tem o seu coeficiente de solubilidade!7), isto é, a quantidade maxima de produto suscepti- vel de dissolugdo, constituindo uma solugao saturada. Se este coeficiente ndo for alcangado, dir-se-4 que a solucdo nao é ou nao esta saturada. Quando tenha sido ultrapassada a saturagdo, a solucdo estard sobressaturada e, obviamente, poderd haver precipitaco ou depdsito do excesso de substancia. Qualquer concentragdo da solugao deve representar-se em percentagem, refe- rindo o peso da substancia dissolvida em 100 mililitros de solvente ou por 100 gramas de solucdo (v.g. solugéo aquosa de dcido bérico a 5 g %). Quando o sol- vido é liquido pode indicar-se esta também em mililitros (v.g. solug¢ao aquosa de glicerina a 10 ml/100 mi). Na pratica, porém, é habitual referir-se o grau da solu- cao também em gramas. Diz-se solucdo verdadeira quando as particulas da substancia ou substancias dissolvidas sfo extremamente pequenas (estado molecular ou idnico), néo se no- tando a sua existéncia; conseqiientemente, a solugdo é limpida e transparente. Trata-se, portanto, de particulas com diametros iguais ou menores do que 0,001 kL. Dimensées entre este tamanho e 0,1 14 encontram-se nas so/ugdes coldides que, ao contrario das solugdes simples, sio opalescentes e exibem o fendmeno de Tyndall(8), Sera solucdo grosseira quando se percebe a existéncia das particulas, sendo a solugdo mais ou menos turva. Por isto, o nome de solucdo nao é, neste caso, bem adequado, pois melhor sera considerar como sendo suspensao. Existem duas espécies de solucdes: a simples e a extrativa. Considera-se, na primeira, solu¢do simples, a dissolugado integral de uma ou mais substancias ho- mogéneas (sdlidas ou Ifquidas) num solvente liquido!?), por simples mistura‘1®) (6) As solugées aquosas simples também podem ser designadas hidrélitos. (7) 0 coeficiente da solubilidade é varidvel de pafs para pats, porquanto, a Farmacopéia portuguesa considera o coeficiente de solubilidade a temperatura de 15°C; a Francesa, a 20°C; a Suica, entre 15 e 20°C; a Belga a 20°C e a Americana como a Brasileira, a 25°C etc. (8) Fendmeno de Tyndall: As solucées coloidais que parecem Iimpidas a luz reflexa, quando iluminadas por raios de luz rasante que as atravessam, evidenciam-se turvadas Por particulas flutuantes. (9) Ha também solugées simples de gases em liquidos, as quais ndo tém aplicagdo derma- tolégica. (10) Misturar consiste em juntar, intimamente, duas ou mais substancias sdlidas ou liqui- das, sem que haja combinacao quimica, pelo que, conseqlientemente, as diferentes substancias conservam as respectivas propriedades fisico-qu(micas, ainda que, porven- tura, estejam reduzidas a infimas quantidades. 3 Manual de Terapéutica Dermatolagica e Cosmetologia As solucées de sdlidos em liquidos so as mais numerosas e as mais usadas, consistindo na simples dissolugdo do produto sdlido no solvente, estando este a dada temperatura. Como se disse, asolubilidade aumenta, em regra, com a tempe- ratura do solvente!!1) a qual é, por vezes, bastante acentuada, havendo, conse- qiientemente, para cada substancia a dissolver e para cada liquido solvente, limi- tes de temperatura e de quantidade de substancia, para além dos quais nao haé mais solubilidade. Podem, contudo, usar-se adjuvantes da dissolu¢do, os quais, ou originam complexos com o farmaco a dissolver (aga hidrétopa), ou propiciam um valor de pH adequado a dissolucdo. Assim,os alcaldides em meio alcalino (alcaléides base) sao insoltiveis ma 4gua, mas dissolvem-se nela desde que o pH se- ja baixo (sais de alcaléides). A quinina nao é hidrossoltvel, mas dissolve-se em presenca de uretano que a complexa. O uretano, uréia, antipirina e gentisamida so algumas substancias que produzem complexos com outros produtos, permi- tindo-lhes que passem a dissolver-se na agua. Outro processo de dissolu¢ao consiste em substituir parte da agua de prepara- cdo por um solvente com ela miscivel. Tal fenGmeno baseia-se no fato de que ca- da composto exige, para a sua dissolugdo, um liquido com determinado valor de constante dielétrica, e desta maneira podem conseguir-se sistemas constituidos por dois ou mais liquidos que, no seu conjunto, tém uma constante indicada pa- ra a dissolugdo. O alcool, acetona, 0 propilenoglicol, a glicerina e os polietile- noglicéis liquidos tém sido largamente empregados com essa finalidade. A) SOLUGGES AQUOSAS (HIDROLEOS) (1?) Quando se fala em solugdes, sem qualquer adjetivo, deverd entender-se as solugdes aquosas. A titulo de exemplo, citamos algumas so/ugées aquosas simples ou hidré- Jeos mais difundidos. 4) Soluc&o aquosa de formol a 5 ou 10%. 5) Solucdo aquosa de tiossulfato de sddio a 30%. 6) Solucdo aquosa de permanganato de potdssio a 1/1000 (para diluir, consoante indicacdo, em 5, 10 ou 20 par- tes de Agua simples). 7) Solug&o aquosa de resorcina a 5%. (11) Segundo as regras de Hildebrand: a) a solubilidade de um sdlido aumenta, em regra, com a temperatura; b) em dois solidos a mesma temperatura @ possuindo calores la- tentes de fusdo préximos ou idénticos, seré mais soltivel aquele que tiver o ponto de fusdo mais baixo; se ambos tém igual ponto de fusdo, seré mais sollivel o que tiver mais calor latente de fusdo. Como conseqiiéncia do que se disse, acontece que os compostos com polimorfismos podem ter diferente solubilidade, diminuindo esta A medida que os produtos metastaveis se vao transformando na forma estdvel que é sempre a menos soldvel. (12) Hidro, agua mais 0 sufixo —eo, que significa relagdo, procedéncia. Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 9 8) Solucdo aquosa de rivanol a 0,5%. 9) Soluc%o de Burow (acetato de aluminio a 5%). 10) Solugao de Dakin (hipoclorito de sodio). As solug&es aquosas extrativas ou hidrolados(!3) resultam da dissolugao par- cial de matéria de composic&o heterogénea na agua, isto é, dissolve-se na agua apenas parte da substancia da matéria ou certos constituintes nela contidos, fi- cando a maior parte da matéria por dissolver, constituindo 0 residuo ou marco. Estas extracdes fazem-se, habitualmente, de material vegetal seco, havendo diversos métodos extrativos, tais como maceracdo, digestdo, infusdo e decoccdo. A maceracdo consiste em mergulhar o vegetal excicado ou ressequido na agua a temperatura ambiente, durante duas a trés horas. A solugao obtida chama-se macerado. A extracdo faz-se por difusaéo e osmose do produto ou produtos soltiveis exis- tentes nas células do vegetal. Para facilitar a extracéo, o material vegetal deve ser cortado em pequenos bocados ou até grosseiramente pulverizado. Facilita-se ou apressa-se a extracdo dos produtos desejaveis se, de vez em quando, o macerado for agitado; melhor sera que a agitagdo seja continua, em agitador apropriado, com lenta movimentacdo. Pode também acelerar-se a extragao adicionando a Agua um agente tensioativo, como os polissorbatos a dois por cento. A quantidade de vegetal a macerar é varidvel, oscilando, habitualmente, entre 20 a 50 gramas para a quantidade de solvente de mil gramas. Terminada a maceragao o liquido deve ser filtrado(4). A digest4o é uma solucao extrativa que difere da maceragao porque a extra- gdo faz-se a temperatura de 35-40°C, o que favorece a quantidade de produto extraido e a difusao e solubilidade do extrato no solvente. E exemplo a dgua de alcatrao forte (alcalina): 11) Alcatrao dahulha.....-..--..-.- quinze gramas Bicarbonato de sédio.........-..5 quinze gramas Agua destilada ... 6.20... 2-0-0 0- mil gramas (Dissolver o bicarbonato na agua, juntar o alcatrao e di- gerir em banho-maria, por trés horas, em recipiente ta- pado; deixar repousar durante cinco dias e filtrar). (13) Sufixo —ado traduz a idéia de contetido, provido de. (14) Filtrar 6 a passagem de uma dispersdo de particulas solidas através de material poraso ‘ou filtro, retendo a passagem das particulas grosseiras da fase dispersa e deixando passar as micropart/culas da fase dispersante, deste mddo purificadas, obtendo-se o filtrado que € mais ou menos limpido. Consoante o tamanho das particulas que dese- jamos reter, assim utilizaremos papel de filtro, filtro de algod&o ou outro tecido, vidro poroso, acetato de celulose, camada de areia, discos de amianto ou outro material etc. 10 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetologia Podemos obter a agua de alcatrdo sem bicarbonato de sédio. Do mesmo modo, preparam-se as aguas de alcatrao vegetal, de naftalan, de ictiol, de dleo de cade etc. A infus&o consiste em verter, sobre a matéria que contém o produto de interesse medicamentoso, 4gua a ferver, mantendo o recipiente encerrado ou tapado durante algum tempo, em regra uma hora, deixando depois arrefecer, para, em seguida, coar ou filtrar 0 infuso. A infusdo, feita deste modo, pode dissolver as mucilagens existentes no vege- tal, as quais precipitardo por arrefecimento. Também podem coagular as albumi- nas celulares, dificultando-se, por isso, a extragdo das substancias desejaveis. Para evitar tais inconvenientes, aconselha-se umedecer, previamente, 0 material, quando seja vegetal, com gua fria, cerca de quinze minutos antes. De qualquer forma é importante reduzir a pequenos peda¢os ou po grosseiro © material a infundir. Ha quem faca a infusdo partindo de agua fria, aquecendo-a lentamente até a temperatura de 90°C, mantida durante quinze minutos. Deixar-se-4 depois arrefecer para, em seguida, filtrar. A decoccao consiste na extracao de principios ativos pelo contato, mais ou menos prolongado, até uma hora, com agua a ferver, obtendo-se decocto ou cozimento. Assim procedendo, conseguem-se extrair produtos que nao sao soltiveis na agua fria ou aumenta-se a quantidade de substancias extraidas; ha, porém, o risco de se alterarem os produtos que desejamos obter, sobretudo se o tempo de decocgao for superior a meia hora. Tal como se disse para a infusao, dever-se-a reduzir a pequenos pedagos o material a submeter a decocgao, e umedecé-lo cerca de quinze minutos antes de iniciar 0 aquecimento. Utilizar-se-€o 100 a 150 gramas de substancia a decoctar para mil gramas de agua, se o tempo de decocgao for até 15 minutos. Pretendendo-se mais tempo de fervura, é conveniente utilizar maior quanti- dade de solvente, que poderd ser de 1500 gramas, fervendo até 4 reducdo do liquido a cerca de 1000 gramas. Arrefecendo o decocto dever-se-a filtra-lo. E bem conhecido 0 decacto ou cozimento de amido: 12) Amido. . dez gramas ‘Agua'destilada'.. socictiana soveans mil gramas (Misturar, primeiramente, 0 amido com cingiienta gra- mas de dgua e, depois, acrescentar agua até mil gramas, fervendo durante cinco minutos, agitando sempre). Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 11 Quando a extrac&o do produto for por destilag¢io, obtém-se hidrolatos, como sao exemplos a agua de flores de laranjeira, agua de rosas, agua de tiliaetc., usadas para aromatizar suspensdes e cremes, e genericamente qualquer loc&o. B) SOLUGGES ALCOOLICAS (ALCOOLEOS) (15) Nestas solugGes, distinguem-se so/ucGes alcodflicas simples (alcodlitos) e solu- ¢6es alcodlicas extrativas (alcoolados), subordinadas a idénticas condicgdes das enunciadas nas solugGes aquosas. Entre as solugées alcodlicas simples, exemplificamos as seguintes: 13) Solugao alcodlica (de 609) (16) de eosina a 1% 14) Solugdo alcodlica de Whitfield: lodo metaldéide t acido salicflico aa um grama 4cido benzdico J alcool de 609)... eee eee cem gramas f.s.a. (para possibilitar melhor dissolucao do iodo, dever-se-4 juntar iodeto de potdssio — 0,5%) 15) Solugao alcéolica (de 60°) de Acido lético a 20% 16) Solugao hidroalcodlica de fucsina a 1% 17) Solugao alcodlica (de 60°) de Acido saticflico a 10% Para possibilitar alguma aderéncia ou fixagdo dos alcodlitos 4 pele é conve- niente juntar 0,5 a um por cento de uma substancia oleosa, como seja, por exem- plo, dleo de rfcino ou glicerina. As solugées alcodlicas extrativas (a/cool/ados) sio habitual mente denominadas tinturas‘'7), que podem ser obtidas por maceracdo, em regra com a duragdo de oito a 10 dias, ou por digestao. Dilufdas em dgua, formam-se precipitados, devido aos tanatos; por isso, estes produtos devem ser utilizados em solucdo hidroalcodélica ou pomada. ir 0 inconveniente dos precipitados adicionando um cristal de acido citrico ou algum produto com efeito tensioativo, como glicerina, propile- noglicol, polissorbatos 20 ou 80 (0,5 — 2,0%) etc. (15) Quando se fala em dlcool, sem o especificar, entende-se tratar-se do dlcool et/lico ou etanol, (16) E conveniente indicar-se, sempre, a graduagso do dlcoo! etflico, habitualmente utili- zado entre 30° e 909. Quanto maior o grau alcodlico, mais intensa 6 a sua volatiza- Go. Quando se quer obter efeito irritativo devemos utilizar 0 dlcool em grau elevado. (17) Nome resultante do fato de tingirem a roupa ea pele. 12 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetologia Com interesse dermatolégico citam-se, sobretudo, as tinturas seguintes, obti- das de vegetais secos: 18) Tintura de acafrao (sedativa e antipruriginosa) 19) Tintura de alcatr4o saponinado (redutora) 20) Tintura de aloés (ceratoplastica) 21) Tintura de benjoim (anti-séptica e ceratoplastica) 22) Tintura de benjoim composta (anti-séptica e ceratoplas- tica) 23) Tintura de camomila (antiflog/stica) 24) Tintura de cantdridas (rubefaciente) 25) Tintura de cantéridas acetoetérea (rubefaciente) 26) Tintura de eucalipto (adstringente) 27) Tintura de hamamélis (adstringente) 28) Tintura de jaborandi (adstringente e excitante) As solugées alcodlicas extrativas de vegetais frescos tém sido designadas al- coolaturas, que podem ser preparadas a frio (a/coolaturas ordindrias) ou por de- cocto (alcoolaturas estabilizadas). As primeiras sao obtidas por macera¢éo duran- te 10 dias em dlcool de 759, de 809 ou de 909; as segundas obtém-se lancando pedagos da planta em dlcool fervente. As alcoolaturas como os hidrolados nao tém tido muito interesse dermatolé- gico, possivelmente por ndo estarem bem estudados, relativamente as plantas ou produtos extrativeis e quanto as respectivas possibilidades terapéuticas. Por destilacdo das alcoolaturas obtém-se os a/coo/atos ou esp/ritos que sao ri- cos em esséncias(18) (19), Estes, s4o produtos volateis aromaticos extraidos de vegetais que em dermatologia tém aplicagao para aromatizar as formulas farma- céuticas tépicas, camuflando ou corrigindo o cheiro algumas vezes desagradavel dos produtos que as constituem. Alguns alcoolatos tém acdo terapéutica, ainda que débil: 29) Esséncia de alecrim ou dleo de alecrim 30) Esséncia de alfazema ou dleo de alfazema 31) Esséncia de améndoas ou Gleo de améndoas (antipruri- ginosa) 32) Esséncia de anis ou leo de anis 33) Esséncia de bergamota ou dleo de bergamota 34) Esséncia de cajepute ou cajupute, ou dleo de cajepute 35) Esséncia de canela 36) Esséncia de canfora ou simplesmente canfora (rubefa- ciente) 37) Ess@ncia de cedro (repelente de insetos) (18) ou dleos essenciais (19) Também se utilizam solventes volateis, tais como acetona, éter de petrdleo, benzeno Formas Medicamentosas Externas e Atividades na 38) 39) 40) 41) 42) 43) 44) 45) 46) 47) Esséncia de cipreste Esséncia de citronela (repelente de insetos) Esséncia de copafba Esséncia de cravo Esséncia de laranja Esséncia de limao Esséncia de patchouli Esséncia de pinheiro Esséncia de rosas Esséncia de sandalo etc. 13 Associando diversas esséncias em meio alcodlico (solugao), e procedendo a subseqiiente destilagao, originam-se as chamadas aguas-de-cheiro ou aguas de Colénia (também aguas de toucador ou de toalete). Como exemplo de composigao apresenta-se o denominado ‘‘esp{rito aromati- co” (Farmacopéia Portuguesa): 48) Esséncia de canela........-.-- ++ ee . seis gramas . seis gramas . seis gramas . dez gramas . dez gramas - mil gramas esséncia de flores de laranjeiras. esséncia de alecrim. esséncia de alfazema. ... . . esséncia de bergamota .. . . esséncia de limao. sree : alcool de 909........-.. eee (Misturar e, decorridos cinco dias, destilar) dois gramas Ha esséncias de origem animal, distinguindo-se sobretudo as extrafdas do mbar cinzento (matéria condensada existente no tubo digestivo de certos tipos de cachalote), do castéreo (substancia segregada por glandulas sebaceas existen- tes no perineo do castor), e do almfscar (obtido de glandula perineana do gato almiscareiro) (20) C) SOLUGGES ETEREAS (ETEROLEOS) (21) Sao preparagdes com pouco interesse dermatolégico. Quando usadas em der- matologia, o éter esta sempre associado a outros solventes, como é 0 caso do aci- do acético ou da acetona na tintura de cantaridas acetoetérea, e do alcool no co- lodio eldstico (ver estes nomes). (20) (24) Ha ainda esséncias ou perfumes de sintese, derivados do benzeno, tolueno, xileno, cresol, fenol, alde/dos, terpenos, do Acido ricinoléico ete. As solugées etéreas simples podem denominar-se eterdlitos. As solugdes etéreas extra- tivas também se chamam etero/ados e tinturas etéreas. 14 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetologia D) SOLUCGES ACETONICAS Estas solugdes so muito pouco usadas. Distinguem-se 0 co/ddio aceténico, que se prepara dissolvendo a piroxilina na acetona, solu¢ao que pode substituir 0 colédio eldstico, sobretudo quando se deseja reduzir a quantidade de éter: 49) Piroxilina: 5:6 6. 6c. 2s sa ae dezoito decigramas Oleodericino............ vinte e cinco decigramas alcool de 909 L ie . 5s a seis gramas éter J @CCLONAs leas Hewies Hawle aw ea trinta gramas fsa. E) SOLUGGES GLICERICAS(22) (GLICEROLEOS) Considera-se, sob este nome, as preparagdes farmacéuticas liquidas tendo co- mo veiculo a glicerina (também denominada glicerol), ou a mistura de glicerina com agua e alcool, estando a glicerina em maior proporgao. Se, porém, as percen- tagens dos solventes forem idénticas, melhor sera denominé-las, gliceroalcodlicas ou hidrogliceroalcodlicas. E condigao para termos solugGes glicéricas que os produtos incorporados este- jam perfeitamente dissolvidos na glicerina. So exemplos os glicerdleos seguintes: 50) Glicerdleo de acido bérico a 5% 51) Glicerdleo de acido benzdico de 5 a 10% 52) Glicerdleo de acido salicilico a 1,5% 53) Glicerdéleo de cloreto de aluminio a 5% 54) Gliceréleo de cloreto de merctirio a 2% 55) Glicerédleo de hidrato de cloral a 5% 56) Glicerdleo de ictiol de 2a 5% O chamado glicerdleo de amido ) ou simplesmente glicerado, glicerinado de amido, nao 6 uma solugaéo mas uma suspensao hidroglicerinada. A composicao é a seguinte: (22) © mesmo que so/uges glicéreas, glicéreos, glicerinados ou solugées gliceroladas. Tam- bém se tem chamado glicerolados, gliceritos ou gliceritas. Nao confundir com sofugdes glicerinadas que sdo solugdes aquosas, alcoélicas ou hi- droalcoélicas com alguma percentagem de glicerina. (23) Pela sua consisténcia pastosa é muitas vezes includo nas pomadas, atitude, aliés, im- propria. Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 57) Amido de trigo ou de mandioca . - 5a 10% goma de adraganta.......... . 05% agua destilada. . 10 a 20% glicerina. 7 . +. ..b.p. 100 gramas (Misturar o amido com a agua e juntar a glicerina; aquecer a calor brando até formar-se um gel trans- parente.) 15, Ao glicerinado de amido podemos juntar medicamentos soltiveis na gua ou na glicerina. F) SOLUGOES SORBITOLICAS (SORBITOLEOS) O sorbitol identifica-se com a glicerina, utilizado para solugées sorbitdlicas, tendo o benef icio da elevada quantidade de 4gua que deve incorporar (70%) para 0 tornar utilizavel. Como o amido obtém-se 0 sorbitdleo de amido!) 58) Amido de trigo . . sorbitol . ae .... trintae um gramas Agua destilada.....--..-..-.. 4 q-b.p. cem gramas (Incorporar, a calor brando, a dgua e o sorbitol e, em seguida, ajuntar o amido, agitando até formar-se gel.) cinco gramas Neste sorbitdleo, tal como no glicerdleo, podemos dissolver produtos medicamentosos sollveis na agua ou no sorbitol. G) OUTRAS SOLUCOES Outros produtos solventes, tais como o etilenoglicol, propilenoglicol, dietile- noglicol, polietilenoglicéis 200, 400 ou 1000, os alcoois ésteres carbitol e ce- lossolve, sendo muito higroscdpicos e miscfveis com Agua, séo bons verculos para todas as substancias hidrossoltiveis, como ictiol, coltar saponinado, resorcina etc. ATIVIDADE DAS SOLUGGES NA PELE Aplicando agua na pele s, ou aplicando-a em pano (parches), a Agua tendera a evaporar-se, porque 0 corpo Ihe fornece calor necessario para a evaporacao, (24) Tal como 0 glicerdéleo de amido, tem consisténcia pastosa, 16 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetologia sendo esta tanto mais acentuada quanto maior seja a diferenga positiva do calor na pele em relacdo ao meio ambiente. Como conseqiéncia, a temperatura da pele baixa, aco que acentua o mecanismo fisiolégico da termorregulacao. Na pele doente, flegmdsica e porventura exsudativa, os fendmenos citados sdo mais expressivos, evaporando-se também a agua que existe na superficie cutaénea nas camadas superiores da pele; assim, sucessivamente atenua-se o edema e de- saparece o eritema por vasoconstri¢ao. Se & 4gua incorporarmos substancias quimico-medicamentosas anti-sépticas, adstringentes, antiftingicas, redutoras etc., 6 dbvio que, evaporada a agua, os pro- dutos guimico-medicamentosos retém-se a superficie cutanea, diluindo-se, em seguida, na agua estrutural da pele. Se, em vez de gua, utilizarmos alcool ou éter, a evaporacao é muito mais rapi- da e, portanto, mais baixo o resfriamento da pele, porque a temperatura de eva- poragao destes |iquidos é inferior ao da 4gua. Um fato importante a considerar é que, na pele doente, sobretudo se estiver descorticada, 0 dlcool e o éter provo- cam intensa ardéncia e irritagdo.(25) Por isso, estes solventes nado sdo aconselha- dos com finalidade antiflogistica'2®), pelo menos na fase aguda e havendo exul- ceragées ou Ulceras. O alcool é, todavia, itil nas dermites em fase subaguda com camada cornea intata, em concentragao de 10 a 30% (solugao hidroalcodlica), passada ou pelo menos atenuada a fase e inflamagao. O glicerdleo de amido tem larga utilidade, pelo efeito antiflogistico sem se- car demasiadamente a pele, efeito que pode ser aumentado se lhe juntarmos 10 a 20% de oxido de zinco, calamina, subnitrato de bismuto ou outro produto pul- véreo considerado inerte. A tal composi¢ao podemos agregar anti-sépticos, redutores, antipruriginosos, adstringentes ou outros produtos, possibilitando-se agGes superficiais que podem ser muito titeis em dermites subagudas e em pele muito fina. O sorbitdleo de amido tem interesse sobretudo quando ha tolerancia a glicerina, e a ele podemos juntar quaisquer das substancias indicadas para o gliceréleo. Tem interesse saber-se que, pela acao do calor, a glicerina desidrata-se, originando acroleina, produto irritante para a pele. Como o glicerdleo de amido se prepara a quente, é de admitir a formagao desse produto. Nas mesmas condigdes, o sorbitol, por desidratagado, origina sorbitanos, os quais, todavia, nao tém o inconveniente da acrole(na. (25) Porque a seguir ao efeito anticongestivo surgird eritema e edema mais ou menos inten- sos como reflexo ou resposta a agdo itritante. (26) Exceptua-se 0 caso da dermite solar, em que 0 alcool, aplicado imediatamente ao apa- recimento do eritema, interfere com o proceso inflamatério, reduzindo a temperatu- ra rapidamente e contribuindo para atenuar ou impedir o processo descamativo pés- inflamatorio. Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 7 SUSPENSOES Dispersdéo de pd em agua, que nela seja insoltivel, chama-se suspensdo. Na sus- pensdo existem, portanto, duas fases, uma interna ou descontinua, constituida pelo sdlido disperso, e outra externa ou continua, representada pela agua, adicio- nada ou nao de outros produtos. Como se compreende, ao fazer-se a dispersdo do po insoluvel na dgua, ele pode ser molhado!27) com maior ou menor facilidade, acontecendo, quando a molhabilidade é minima, que a parte sdlida flutua no meio Ifquido. Para evitar esta circunstancia e facilitar a dispersdo, é suficiente adicionar ao po uma subs- tancia tensioativa!28) que, diminuindo a tensao interfacial (s6lido/Iiquido), fa- cilita a molhabilidade. A dispersdo dos pés nos Iiquidos, mesmo quando exista um tensioativo, tende a desfazer-se, podendo isto acontecer rapidamente, depositando-se o sdlido no fundo do recipiente que contém a suspensdo e ficando a fase aquosa sobrenadan- te Iimpida. Diz-se que a suspensdo floculou, e isso deve-se a que as particulas dis- persas, que se repelem entre si por causa da sua carga elétrica, sofreram uma bai- xa de potencial to acentuada que ficaram eletricamente neutras. Tal fendmeno pode ocorrer por adi¢ao de eletrdlitos de cargas opostas a das particulas. Mesmo que a carga elétrica da fase dispersa seja consideravel, existem forcas de atragao entre as particulas (forcas de London e de Van der Walls)'?9) que, lentamente, as aproximam, levando a sua deposi¢ao sob a forma de aglomerados. O sedi- mento que entado se produz é muito mais compacto que no caso da floculagao e, em muitas situagdes, mesmo a agitagdo nao consegue redispersar a fase interna. O liquido sobrenadante permanece turvo e o sedimento constitui agregado nor- malmente irredispersivel. Diz-se que a suspensdo esta defloculada. (27) Produto mofhante, na linguagem corrente, é sindnimo de umectante (ver este nome na nota n° 30), mas, em verdade, distingue-se por atuar pela diminuigao da tenséo su- perficial, proporcionando nas suspensées contato mais facil e (ntimo entre o Ifquido e 0 solido. (28) Também denominada agente de superficie, agente surfativo ou surfactante. Entre ou- tros tensioativos, indicam-se os seguintes: cloreto de benzalcénio, cloreto de cetilpe- - ridinio, dioctilsulfossucinato de sédio, dodecilbenzenossulfonato de sédio, laurilsulfa- tos, polissorbato-80, etc. e muilos compostos anfotéricos como os mirandis (ver Emulsdes). (29) As moléculas dipolares tendem, freqientemente, a alinhar-se em relagdo as que Ihes estdo vizinhas, de modo que um polo negativo de uma molécula esté orientado em re- lagdo ao palo positivo da molécula contigua. Deste modo, podem associar-se grandes grupos de moléculas por meio de atragées débeis, conhecidas como dipolo-dipolo. Os dipolos permanentes sdo capazes de induzir um dipolo elétrico em moléculas apola- tes originando interagées dipolo-dipolo induzido. Por seu turno, as moléculas apolares podem induzir apolaridade umas as outras por meio de atragées dipolo induzido-dipo- lo induzido, chamadas também atragées de London. A esta classe de interagdes cha- ma-se, no seu conjunto, forgas de Van der Walls, que séo, afinal, atragdes intermo- leculares. 18 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetologia Na preparagado de suspensdes 6, conseqiientemente, importante conseguir-se que o medicamento tenha propriedades intermedidrias entre estes dois estados, isto 6, haja certa tendéncia para a floculacdo (floculac¢do controlada), mas que o floculado seja inteiramente redisperso por simples agitacdo. O grau de divis&o do pé disperso é fator a considerar também na estabilidade da suspensdo. Assim, quanto mais divididas estiverem as partfculas da fase inter- na, menos ela sedimentara. Por outro lado, o aumento da viscosidade da fase aquosa minimizara as deposigées e, por isso, é costume incluir nas suspensdes um agente viscosificante a que se chama, preferentemente, agente suspensor. Entre eles citamos os seguintes: Alginato de propilenoglicol Alginato de sédio Bentonita Carboximetilcelulose Caulino Condro Gelatina Glicerina Goma adraganta Goma arabica Hectorita Hidréxido de alumrnio Metilcelulose Polietilenoglicéis (400, 600, 1000) Povidona Sorbitol a 70% Alguns dos produtos mencionados s&o coldides hidrdfilos, como o alginato de sddio, as gomas, a gelatina, as argilas, (bentonita, caulino, hectorita), o hidréxido de aluminio e a povidona, mas o seu efeito é, fundamentalmente, viscosificante, se bem que possam interferir na carga elétrica das particulas dispersas. A goma arabica possui carga elétrica negativa, a gelatina pode estar carregada positiva ou negativamente consoante o pH do meio, a carboximetilcelulose é anidnica e, por isso, negativa etc. Entre os produtos citados, alguns possuem certa tensioatividade e, por tal cir- cunstancia, além de aumentarem a viscosidade, podem funcionar como molhan- tes. E 0 que acontece com a goma ardbica, pelo que é utilizada em muitas prepa- ragdes. Por vezes, e por razdes relacionadas com efeito tépico antiinflamatério, in- cluem-se nas suspensGes compostos emolientes e que possam absorver Agua, como a lanolina, o alcool cetilico e o colesterol. Quande as suspensées nao fo- rem destinadas a uso imediato, torna-se necessario adicionar-lhes conservantes, em regra, hidrossoltiveis (ver Pomadas). Em linhas gerais, a preparagdo de qualquer suspensdo consiste, primeiramente, na escolha de um pd mais ou menos dividido (desde 0,1 micra a 180 micra), con- Formas Medicamentosas Externas e Atividaces na Pele 19 soante 0 processo de pulverizagao de que nos servimos para o obter e a finalidade medicamentosa que dele se espera. Ao po adiciona-se o tensioativo, que evitara a flutuacdo das particulas, e a mistura é dispersa, em almofariz ou em recipien- te provido de agitador mecanico, com o liquido, previamente ajuntado do agente suspensor. Posteriormente, a dispersdo, assim preparada, pode tornar-se mais ho- mogénea por tratamento em.moinho coloidal. Em determinadas circunstancias, pode haver necessidade de procurar controlar a floculagdo, o que se consegue juntando pequenas concentracées de eletrdlitos de sinal contrario a carga das particulas, por exemplo fosfato trissodico, se aque- las tém carga positiva, ou cloreto de alumfnio, se se encontram carregadas nega- tivamente. Existem substancias que, pelo fato de a sua densidade ser inferior ou igual a da dgua e por se encontrarem extremamente pulverizadas, nao necessitam do re- curso a adjuvantes para originarem suspensdes estaveis. E 0 que acontece, por exemplo, com o carbonato de magnésio e com 0 po de sagu. Consideremos, como exemplo de suspensdo, a composi¢ao seguinte: éxido de zinco glicerina agua destilada | (Misturar 0 6xido de zinco finamente pulverizado com 0 talco e a glicerina e incorporar a agua) 59) Talco de Veneza | aa vinte e cinco gramas Esta composigao — impropriamente chamada pasta de dgua —, é uma suspen- sio instdvel, cuja estabilidade pode ser conseguida, juntando-lhe, por exemplo, alginato de sédio: 60) Talco Veneza l aa oxido de zinco vinte e cinco gramas glicerina alginato de sddio.........- cinquenta centigramas Aguardestiladay wo:22 Lees es .q.b.p. cem gramas f.s.a. Em ambiente muito quente e seco, ou em pele com muitos pélos, convém re- duzir a quantidade de pé a 40, 30 ou mesmo 20%: Outro exemplo de suspensaéo com agao antiflogistica: 61) Calamina | didxido de titanio aa dez gramas dxido de zinco J vidono . po! t . 1 aa cinco gramas lanolina anidra J agua destilada f.s.a. ... Sessenta gramas 20 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetologia ATIVIDADE DAS SUSPENSOES NA PELE As suspensdes tém manifesta indicagado nos estados dermiticos com discreta exsudac¢do ou jd em fase subaguda. Elas retinem os efeitos da dgua e do p6é em dois tempos: no primeiro tempo, ha agdo antiflogistica resultante da evaporacado da dgua e, no segundo tempo, prolonga-se a a¢do antiinflamatéria do pd. Por tais aces, a pele seca muito e re- tesa-se, 0 que, nas regiGes de pregas pode originar fissuras. Ha, conseqiientemente, necessidade de prestar atencdo ao fendmeno antiflogistico, suspendendo-o no momento oportuno e, porventura, aplicando 6leo nos locais sujeitos a tracdo. Podemos juntar a qualquer suspensdo substancias quimico-medicamentosas, anti-sépticas, adstringente, redutoras, etc., as quais, obviamente, terao efeito su- perficial. Consideremos uma suspenséo com diversas substancias de acéo medicamento- sa, util, por exemplo, no acne e na dermite seborréica muito flegmésica, situada em locais sem pélos: 62) Enxofre precipitado \ glicerina polissorbato-80... 2.2.2... 0.0.22. 222 e x gotas solugao alcodlica de canfora .... . dez gramas polietilenoglicol-400 . . vinte gramas agua destilada ’ sessenta gramas (Misturar 0 enxofre com o polissoraato? juntar a solu- ¢ao alcoolica, a glicerina, o polietilenoglicol e a dgua, agitando) aa cinco gramas OLEOS Da-se o nome de Gleos as gorduras liquidas, a ésteres I(quidos de diversos aci- dos graxos como o oléico e, também, a misturas de hidrocarbonetos liquidos, mas viscosos a temperatura ambiente. Por extensdo, é habito incluir, nesta classe, a glicerina, por ser produto visco- so com aspecto de leo. Quanto & sua origem, consideram-se dleos vegetais, animais e minerais. Os Oleos vegetais com utilidade dermatolégica, sdo, entre outros, os seguintes: Oleo de abacate Gleo de améndoas doces Oleo de amendoim Oleo de anda-acu Oleo de ben Oleo de coco Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 21 Oleo de girassol Oleo de linhaca Olea de oliva Gleo de palma Oleo de papoila Oleo de algodéo Oleo de sésamo Gleo de soja Destes dleos, s&o mais utilizados ¢ éleo ce oliva ou de oliveira, 0 dleo de amendoim e o dleo de arnéndoas doses. So todos dlees hidréfobes. q E exemplo de dleos animais, o fluilan, o lantrol e o viscolan, que s&o hidréfi- los, e 0 esqualano, que é obtido por hidrogenagdo de um hidrocarboneto isopre- ndide extraido do éleo de tubarao. Como dleo mineral citamos a parafina Nqui- da (6leo de parafina Iiquida ou éleo de parafina) que é hidréfobo. Funcionam como Gleos, mas com carater umectante(3°), os produtos qu{mi- cos dleoois benzilico e isopropilico, mas sobretudo os polialcoois etilenoglicol, glicerina, propilenoglicol, sorbitol e polietilenoglicdis, bem como os ésteres-dl- coois carbitol, o celossolve e os Sykanois. Tem ainda muito interesse o dimetil- sulféxido, que possui enorme poder intrinseco de penetracdo cutanea, bem co- mo 0 dicoal oleftico, 0 cetiol-A e o oleato de olefta ou cetiol-V. Quando se incorporam nos dleos substancias oleossoltiveis, constituem-se so- lugées oleosas (oledlicas ou oleolfticas) ou oledleos que se obtém pela dissolucdo simples de substancias sdlidas, liquidas ou também oleosas fo/ed/itos), ou por dissolucdo extrativa de vegetais por (digestao), neste caso merecendo o nome de oleolados. Sao exemplos de solugGes oleosas as composi¢Ges sequintes: 63) Oleo gomenolado: Gleo de oliva neutro com gomenol a 2 ou 10% 64) Oleo ictiolado: Oleo de améndoas doces com 1 a 5% de ictiol 65) Oleo salicilado: Oleo de amendoim com 1% de Acido salicilico 66) Gleo de oliva com 2% de aminobenzoato de etilo (30) Umectante ou umectador é produto com a capacidade de umectar ou umedecer a pe- le, mais verdadeiramente a camada cérnea, por ser higroscopica e, conseqiientemente, poder absorver dgua e poder reté-la. 22 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetologia 67) Ftalato de metila.........-. 0.0005 trés gramas Oleo de améndoas doces.... . noventa e sete gramas cinco gramas is ace Sh trinta gramas . . sessenta e cinco gramas 68) Balsamo do Peru . . leo de ricino.. . . 4lcool de 950... . (Dissolver 0 bdlsamo no éleo e ajuntar o dleo) Porque os dleos vegetais, genericamente alteram-se com o tempo, hidrolisan- do-se e oxidando-se, 0 que motiva o ranco, os produtos oleosos devem, sempre, ser utilizados de prepara¢do recente ou incorporando-lhes antioxidantes (ver Po- madas). ATIVIDADE DOS OLEOS NA PELE Aplicando éleo vegetal na pele, por ser hidrofébico, nao forma uma pelicula continua, mas dispGe-se em goticulas nos espagos interfoliculares e entre os po- ros sudoriparos, devido a tensdo superficial do leo e 4 nao miscibilidade com a agua. Conseqiientemente, a perspiracao nao é impedida; mas também nao seca a pele, porque o éleo incorporado na camada cornea impede a descamacao. Por is- so, a pele torna-se macia. Os éleos hidrofilicos, a despeito de poderem formar uma camada continua, e situar-se, portanto, também nos poros sudor{paros, néo impedem a perspiracao, porque absorvem agua e a deixam evaporar; de igual modo ndo impedem a elimi- nagao do calor da pele. Sendo o éleo mineral, este dispde-se, igualmente, na pele em camada conti- nua, cobrindo, portanto, os poros sudoriparos e foliculares, mas também nao im- pede a sudorese, devido a que a agua a eliminar rompe facilmente a camada del- gada do hidrocarboneto, dado que a coesdo molecular é pequena e, assim, a dgua facilmente atravessa a barreira. A glicerina e os diferentes alcoois de elevado peso molecular, bem como os és- teres alcodlicos, sendo umectantes, favorecem o amolecimento da camada cér- nea, sem, todavia, perturbar a perspiracdo cutanea, por nao sere oclusivos. Na pele doente, nado havendo inflamagdo, também os dleos mantém a perspi- ragao sem deixar a pele secar. Apenas para amaciar a pele tem interesse a mistura oleosa seguinte: 69) Oleato de olefla « trinta gramas Oleo de améndoas doce............ trinta gramas parafina liquida. quarenta gramas (misturar) Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 23 Ou esta outra: 70) Alcoololeflico... 1... cece eee . . trinta gramas miristato de isopropila | dleo de amendoim aa seis gramas lantrol parafina liquida......... .cinq@enta e dois gramas m. Este dleo é Util para normalizar a pele seca, mas sobretudo para usar na pele do lactente. Podemos juntar a qualquer 6leo substancias pulvéreas inertes, o que imprimira ao 6leo expressiva capacidade antiflogistica sem alterar o seu papel lubrificante. Vejamos, como exemplo, 0 chamado 6/eo de zinco: 71) Oxidodezinco | 6leo de oliva neutro f (Triturar 0 dxido, finamente tamisado, com o azeite, adicionado pouco a pouco) aa cingUenta gramas Esta formula identifica-se com a composi¢ado de pasta com a diferenca, apenas, de toda a gordura ser liquida. Ao éleo de zinco, como a qualquer Gleo, podemos agregar substancias quimi- co-medicamentosas oleossoliiveis, as quais, considerando as deducées feitas, te- ro agdes cutaneas consoante a maior ou menor possibilidade de contato com a pele. Com efeito, a despeito de, em tais casos, o Gleo ser veiculo dos medicamen- tos, conforme o seu comportamento cutaneo, assim os produtos quimico-medi- camentosos terdo efeitos mais ou menos marcantes. Tem-se chamado /inimento'31) 4 composiao oleosa que, em principio, desti- na-se a ser aplicada na pele por fricgdo. Distinguem-se dois tipos de linimentos: /inimento oleoso e linimento sapono- so. Do primeiro tipo, temos, como exemplo, o linimento de espermacete: 72) Esperinacete 5. Sy ee dez gramas dleo de amendoim noventa gramas (Fundir a calor brando e agitar até arrefecimento) E exemplo de linimento saponoso 0 chamado linimento dleo-calcario, ou apenas linimento calcario, que pode ter as duas composigdes seguintes: 79)" Olso-de empendoln sas a 44 cinqienta gramas solugdo de hidréxido de calcio J m. (31) Nao confundir com /enimento, medicamento para aplicag&o cutaénea e como fim de lenir, isto é, abrandar, mitigar (lenificar as dores). 24 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetologia ean Oleo'de sinhaes \ aa cinqiienta gramas agua de cal J m. Estas composigées sdo, em verdade, emulsGes (ver Emulsdes e Cremes), alias pouco estaveis. Para estabilizacao é Util adicionar-Ihes, por exemplo, um por cen- to de acido oléico ou cinco por cento de lanolina. Aos linimentas podemos juntar produtos quimico-medicamentosos que po- dem ser hidrossoltiveis ou oleossoliveis. EMULSOES A palavra emulséo deriva do termo latino “emu/lsio” que alude ao ato de mun- gir, aplicando-se, de modo geral, a todas as preparacdes de aspecto leitoso, com caracteristicas de sistema disperso constitufdo por duas fases | {quidas imisciveis. Efetivamente, uma emulsdo resulta da disperséo de um Ifquido aquoso ou oleoso em outro liquido, respectivamente, oleoso ou aquoso. A fase dispersa é chamada descontinua ou interna e a fase dispersante continua ou externa. As- sim, hd emulsGes de dgua em dleo (A/O) e emulsdes de dleo em dgua (O/A). Ao dispersar-se uma fase, ela fica dividida em goticulas de tamanho maior do que 0,1 micra, mas, em regra, nado ultrapassam 100 micra de diametro. Em razdo da tensdo superficial, a fase dispersa tende a ajuntar-se, a fim de reduzir a sua su- perficie especifica (superficie por unidade de peso). Portanto, as emulsdes, tais como as suspensGes, constituem sistemas termodindamicamente instdveis. O aumento da superficie especifica da fase interna, adquirido quando se faz a emulsionacdo, é extremamente importante, pela extraordinéria dimenséo que atinge. Com efeito, suponhamos que temos um mililitro de agua em gotfculas de 0,01 micra e dividido em um mililitro de Gleo de amendoim. O calculo da su- perficie especifica ocupada por esse mililitro de 4gua, quando dividido em parti- culas do tamanho referido, indica uma area de cerca de 600 m’, o que cor- responde a um campo de basquetebol. Sendo assim, bem se compreende a enor- me energia do sistema e a tendéncia para as particulas dispersas se reunirem, a fim de diminuir a superficie da fase interna. Colocado o problema nestes termos, entende-se que sO com 0 uso de substancias que diminuam a tensdo superficial — mais concretamente a tensdo entre a fase aquosa e a fase oleosa (tensdo interfa- cial) — se conseguird preparar emulsGes com perfeita estabilidade fisica. Os pro- dutos que diminuem a tensdo entre as duas fases sda chamados tensioativos e re- Ppresentam o grupo de agentes emulsivos ou emulgentes!32) mais importante (agentes emulsivos primérios). (32) Emulsive, substancia capaz de tomar ou conferir estado de emulsdo. Emulgente, substancia que faz emulsdo (ver nota 38). Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 25 Para que um composto seja tensioativo carece de possuir na sua molécula gru- por hidréfilos (radicais sulfate, sulfonato, carboxilatos alcalinos, carboxilos, amina, hidroxilos etc), e grupos lipdfilos (cadeias carbonadas constitufdas por metilas, metilenos, metinos e suas associacGes). Consoante a importancia desses grupos, visto que nem todos os radicais hidrdfilos ou lipéfilos tem a mesma po- téncia hidrofilica ou lipofflica, e o seu numero , assim o tensioativo sera emul- gente de O/A ou de A/O. Na pratica, considera-se que o emulgente solivel na agua emulsiona O/A, enquanto que um emulgente solivel nos dleos emulsionara A/O. A medida do poder hidréfilo e lipofilo de um composto é dada por uma nota- cdo empirica conhecida por equilibrio hidréfilo-lipofilo (EHL), o qual nao é mais do que um niimero convencional que traduz a repartigaéo da molécula do tensioa- tivo na interfase 4gua-6leo. Desta forma, os compostos predominantemente lipé- filos, que s4o emulgentes de A/O, tém valores de EHL até 8,6. Os compostos pre- dominantemente hidrofilos, que s40, portanto, emulgente de O/A, possuem EHL. superior a 8,6, Entre os tensioativos emulgentes de A/O citamos os seguintes: Alcool cetilico Alcool cetaestearflico Alcool estearifico Colestero/ e outros esterdis Cera de abelhas Esteres graxos de glicdis Esteres de sacarose Lanotina Sabées alcalinoterrasos e de metais pesados Spans (20, 40, 60, 80 etc.) Como tensioativos emulgentes de Gleo em dgua, podem citar-se os grupos se- guintes: Agentes aniénicos: Goma ardbica Sabées de metais alcalinos Sabées de etanolaminas Saponinas Sulfatos de alquilo (laurilsulfato de sédio ete.) Agentes catiénicos: Brometo de domifeno Cloreto de benzalcénio Agentes iénicos: Monoestearato de glicerila Polissorbato Agentes anfotéricos: Derivados de aminoacidos: Mirandis, ete 26 Manual de Terapéutica Dermatologica e Cosmetologia A estabilidade de uma emulsao depende do valor do EHL final da preparacao. Assim, as emulsdes de A/O devem ter um EHL compreendido entre 3 e 8,6 e as emulsoes de O/A um EHL situado entre 8,6 e 13, sendo especifico esse valor para a estabilidade maxima. Uma vez que os valores de EHL dos tensoativos sao aditivos, compreende-se que uma emulsao O/A ou A/O possa incluir dois emulsivos de sinal contrario com a condigao de que 0 somatério dos seus valores origine um EHL final adequado para a preparacao. Ha tensioativos com baixo valor de EHL (os que emulsionam A/O), como, por exemplo, 0 moseato de sorbitano, cujo EHL é igual a 4,3. Ja o /aurato de sorbitano, tem um EHL de 8,6, 0 que se compreende, atendendo ao tamanho das respectivas cadeias lipéfilas (dcido oléico = C);H33COOH; dcido léurico = =C,,H2,COOH). Entre os tensioativos que emulsionam o dleo na dgua, encontramos, também, diferencas substanciais. Assim, um sab&o sédico, como o oleato de sédio, tem um EHL de 18, 0 oleato de trietanolamina tem um EHL de 12 ¢ 0 larilsulfato de s6dio tem um EHL de 40. A estabilizagao fisica de uma emulsdo no se consegue exclusivamente através da correcdo do EHL. Outro fator muito importante € a viscosidade da fase exter- na, que, em principio, quanto mais elevada for, mais se opde a separacgao das fa- ses. Por esta razdo, muitas emulsdes contém produtos que dissolvendo-se na sua fase externa aumentam-lhe a estabilidade. A esses produtos da-se o nome de agentes emulsivos auxiliares ou secundérios. Entre eles, e para emulsGes de agua no 6leo, os dois seguintes: Ceras (de abelha e de carnatiba) Espermacete Oleo de ricino Para emulsdes de O/A usam-se agentes emulsivos secundérios tais como: Goma adraganta Gelatina Polietilenaglicdis (400, 500, 1000) Glicerina Sorbitol a 70% Gelose Condro Alginato de sédio Metilcelulose (18, 25 e 100 cps) Carboximetilcelulose A proporeao entre as duas fases, aquosa e oleasa, de uma emulsdo, nao deter- mina, obrigatoriamente, 0 seu tipo, mas é 0 agente emulsivo primério ou, em Ul- Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 27 tima analise, o seu EHL que a torna de A/O ou de O/A. Em grande nimero de vezes, as duas fases encontram-se na propor¢do de 50:50, podendo, porém, haver outras relagdes. Entretanto, nunca é estaével uma emulsdo cuja fase interna repre- senta mais de 70% da totalidade (em teoria 74%), pois acabaria por dar-se a sepa- tac¢ao das fases ou inversao do tipo de emulsdo. A preparacdo de emulsées pode ser feita da forma seguinte: ajuntar todos os componentes oleossoliveis e aquecé-los a 50-60°C; ajuntar todos os corpos hi- drossoliiveis e aquecé-los 8 mesma temperatura. Adicionar uma fase 4 outra, len- tamente, agitando sempre até arrefecimento. Em determinadas condi¢ses, pode- ra, posteriormente, proceder-se 4 homogeneiza¢ao da emulsdo, usando-se, de pre- feréncia, moinhos coloidais que permitem emulsionacdo mais perfeita e grau de divisdo das particulas melhor definido. Certas emulsdes, como o finimento dleo-calcario, podem ser prepara- das por simples agitag&o, em frasco, da fase aquosa com a fase oleosa. (Ver formulas 73 e 74). Para evitar o desenvolvimento microbiano nas emulsées, é preciso incluir na formula substancias anti-sépticas (ver Pomadas). Por outro lado, tendo apreciavel quantidade de gorduras, estas podem sofrer rangamento por auto-oxidacdo, e pa- ra evitar isto é aconselhavel ajuntar antioxidantes (ver Pomadas). Vejamos exemplos de emulsdes: 75) Solucdo de hidréxido de cdlcio| .. ‘ 5 4@ cinqiienta gramas leo de amendoim J AcidovOlBicOss va ato st soso Re MegoTe Se x qs. m. Esta emulsao de agua em leo, constituindo verdadeiro linimento, tem sido usada no tratamento de queimaduras. Quando se agita a soluc¢&o aquosa com 0 6éleo deve formar-se “in loco” um sabao de calcio (principalmente oleato de cal- cio) a custa do dcido oléico livre existente no Gleo de amendoim, o qual emulsio- nara a fase aquosa no dleo. Como, porém, frequientemente, o dleo de amendoim 6 pouco dcido, pode facilitar-se a emulsionagdo e melhorar-se a estabilidade ajun- tando uma pequena porcdo de dcido oléico para que o sabao se forme. Em regra a quantidade de acido oléico nao ultrapassa 2%. 76) Benzoato de benzila. Trietanolamina . . Acido Oleic sf Siro kc ses Ten metee ara cre el ee Agua destilada®. aytisc +... nse ak 5 fsa. Esta emulsao de O/A é antiescabiética, e nela o benzoato de benzila (tipica- mente lipofilo) representa a fase oleosa. O agente emulsivo primario é 0 oleato de trietanolamina que se forma por reacdo entre o acido oléico e a trietanolami- na. Nesta reacdo apenas cerca de um grama de dcido oléico é saponificado. O res- 28 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetolog tante é emulsionado juntamente com o benzoato de benzila. Este mado de pro- ceder 6 semelhante ao que se verifica na preparagdo de diaderminas (ver Cremes). ATIVIDADE DAS EMULSOES NA PELE Este tipo de preparacdes, independentemente dos farmacos veiculados, tem manifesto efeito anticongestivo na pele, pois ativa a perspiracdo cutanea. As emulsées possibilitam certa penetrabilidade cutaénea, sobretudo dos produ- tos quimicos que veiculem, dependente ndo sé dos excipientes mas também dos tensioativos e da sua quantidade, admitindo-se que as gorduras animais permitam mais penetragdo do que as vegetais, e estas Ultimas mais do que os produtos gor- durosos derivados ou extrafdos do petrdleo, Podem ter acdo superficial ou profunda, se a aplicagdo cutanea for feita com alguma friccéo, o que € necessdrio fazer-se quando se queira penetrar algum pro- duto medicamentoso. Pode servir de exemplo a emulsdo de benzoato de benzila. O fato do sistema emulsivo possuir elevado potencial termodinamico ja de “per se“ facilita a passagem do farmaco para a pele (que representa um sistema estavel e, por isso, tem potencial termodinamico mais baixo). Daf o dizer-se que, em principio, e independentemente dos farmacos, as emulsées possibilitam penetra- ¢do cutanea superior @ da maioria das solugGes oleosas. POMADAS O conceito ou definigaéo de pomada tem variado muito com o tempo, sendo ainda diferente de pats para pafs e de autor para autor{33,34)_ A diversidade de nogdes provoca embaracos aos médicas, dificultando a prati- ca da terapéutica dermatoldgica. (33) A palavra pomada, de origem latina — “pomatum”, de “pomum”, fruto maga ou mar- melo — teré surgido de uma preparagdo para uso cosmético fei ta com polpa de maga ou de marmelo, banha de porco e dgua de rosas. Sucessivamente a composi¢ao foi modificada pela jungdo de novos produtos e retirada de outros, Deste modo, surgiram férmulas que se foram distanciando na sua constituigao, de tal forma que pomada chegou ao ponto de significar qualquer tépico de consisténcia mais ou menos bran- da, mole e macia, e também mais ou menos gordurosa, para aplicagao na pele, como medicamento ou com finalidade cosmética, isto ¢, para limpeza, conservagao ou em- belezamento da pele. (34) Ungiiento,+do latim “ungentu”, foi nome, ao que parece, originariamente dado a composigdo aromética para perfumar os corpos. Com o decorrer do tempo, a palavra tem sofrido variagées no seu significado e com miiltiplas aplicagées, seja unturas para embalsamar cadaveres, topicos com ceras ou resinas para engordurar a pele, com fri ¢ao mais ou menos intensa, e sobretudo qualquer substancia graxa consistente tendo incorporados os mais diversos produtos e com finalidade em regra revulsiva. Analisando a generalidade das diferentes composicdes, deduz-se que ungiiento deve identificar-se com o sentido de pomada. Sendo assim, as pomadas com resinas, que di- versos autores consideram como sendo os verdadeiros ungiientos, devem simplesmen- te denominar-se pomadas resin osas. Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 29 Considerando, porém, as idéias mais divulgadas, definimos pomada como sen- do preparac4o para uso tdpico, exclusivamente ou quase exclusivamente consti- tufda por um ou mais corpos gordurosos de consisténcia mole (35). Sendo assim, a simples banha ou vaselina, ou substancias semelhantes, quando preparadas para aplicacéo na pele constituem pomadas. As massas gordurosas ou que, como tal, se comportam sao muitas, merecendo destaque as seguintes: Acido esteérico Alcoo! cetilico Alcool cetoesteartlico Alcool estearlico Alcool miristilico Anfocerina-K Aquafor Banha Cera Cetormacrogol-1000 Cutina Dehymuls Espermacete Etilan Etolan Eucerina Eumulgin Lanalcol Lanetes Lanocerina Lanolina Manteiga de cacau Monoestearato de glicerila Oleo de ricino hidrogenado (ponto de fuséo 40°) Paratina s6lida (misturada com 6leos) (35) Por corpes gordurosos de consisténcia mole queremos dizer massa gordurosa em esta- do intermédio entre o liquido e o sélido, também chamada gordura semi-s6lida ou gordura plastica, como € exemple a consisténcia da banha ou da vaselina. Que se sai- ba, ndo ha palavra em nenhuma lingua que possa traduzir a idéia sugerida. Preferimos a designagéo corpos gordurosos, pois as pomadas podem conter diversas substancias tais como: verdadeiras gorduras, isto ¢, mistura de glicer(deos (ésteres de glicerina com dcidos graxos), tal como acontece com a banha e manteiga de cacau; pradutos como a lanolina, compostos por ésteres de acidos graxos com esterdis; ceras, como a cera branca e o espermacete, exclusivamente formadas por cerfdeos com al- guns écidos graxos livres; hidrocarbonetos alifaticos, como acontece com a vaselina e a parafina; produtos de sintese, como os polietilenoglicdis, ou os dlcoois cetilico, es- tearilico ou ole/lico; misturas de vase lina com esterdis, como é 0 caso da eucerina ete... 30 Manual de Terapéutica Dermatologica e Cosmetologia Plastibase Polietilenoglicol-1500 Polietilenoglicol!-4000 Vaselina E habitual fazerem-se misturas de corpos gordurosos, deste modo reduzindo ou eliminando inconvenientes que porventura cada produto tém. A composicac gordurosa mais comum associa vaselina com cinco a 10% de la- nolina, que é sobretudo Util quando tivermos de incorporar algum produto liquido. Para diminuir a consisténcia da vaselina, 0 que tem interesse em certos casos, junta-se 6leo vegetal ou parafina I{quida, constituindo-se pomadas oleosas. Como formulas basicas, apresentam-se os exemplos seguintes: 77) Alcool cetili trés gramas 6leo de améndoas doces..........- cinco gramas parafina Iiquida................- doze gramas lanolina anidra.................. dez gramas vaselina branca.......-...2+-4- setenta gramas (Aquecer a 30°C a mistura dos componentes; agitar até homogeneizar; deixar arrefecer e espatular em pedra). 78) Alcool cetoestearilico............... 20a 30% Saratina Guida: acs aw ox Dean d ee erage 10a 20% vaselina branca .:...:.26 6.0 epee aie q.b.p. 100 gramas fs Se, pela composicdo, a pomada for demasiadamente fluida e for destinada a ser usada em regido de clima demasiadamente quente, devem agregar-se dois a cin- co por cento de qualquer cera, parafina sdlida ou espermacete, para aumentar a consisténcial36), (36) Aos tpicos constitu/dos por uma mistura de cera (superior a 20%) e dleo, e porven- tura também agua, tem-se dado o nome de ceratos ou cerotas. E exemplo o cerato de Galeno: 79) Cerabranca...... : . . Catorze gramas leo de amendoim : cinquenta e seis gramas aguaderosa...... g.b.p. cem gramas (Fundir a cera no dleo, em banho- -maria, ‘mexendo bem a mis tura para evitar a formagdo de grumos. Deixar esfriar e, quando esteja quase arrefecida, ajuntar a 4gua de rosas, pouco a pouco, agitando sempre). Tem-se considerado ainda ceratos quando tenham incorporadas outras gorduras ou quaisquer produtos gordurosos, como sdo exemplos as duas férmulas seguintes, que no nosso entender melhor serd chamar-lhes pomadas céreas, isto 6, que contém cera: 80) Cerato simples: Cera branca . leo de amend vaselina branca J tintura etérea de benjoim ...... 42.2. dez mililitros Peete cae vinte gramas trinta e cinco gramas Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 31 S82) Gera braneaes se cy-isg gone se 5s. 3d RR Le dois gramas parafina sdlida ..... 2... eee eee trés gramas alcool cetoestearilico . aL Ua mara hal dez gramas vaselina branca........... oitenta e cinco gramas f.s.a. Havendo interesse em pomadas hidrofilicas, isto 6, com substancias gorduro- sas hidrofilicas, para incorporar algum produto liquido, pode ser Util uma mistu- racomo a seguinte: 83) Alcool benzilico........-...-..-- trés gramas etilenoglicol..............000 005 oito gramas lanolina anidra . cinco gramas vaselina branca . q.b.p. cem gramas fs.a. Nesta formula, as propriedades anestésicas do alcool benzflico aliam-se ao seu poder anti-séptico. Quando se acrescenta pequena quantidade de agua ou solucdo aquosa (até 25%) nao se altera, fundamentalmente, a estrutura da pomada e, conseqiiente- mente, a sua agdo medicamentosa (pomada hidratada). Com mais agua, a formu- la vai aproximando-se dos cremes e nestes ha ja emulsificacdéo de uma fase em outra (A/O ou O/A). E Obvio a possibilidade de pomadas hidrooleosas, quando tenham agua até 25% e dleo também até 25%. Com algum produto pulvéreo, desde que nao ultrapasse 10%, mantém-se tam- bém ainda a estrutura de pomada; mas com maior percentagem, acima de 20 a 30%, teremos pastas. Destinando-se as pomadas a serem aplicadas em area pilosa, como 0 couro ca- beludo, sdo Gteis as formulas com substancias hidrossoltiveis como o polietile- (Fundir a cera com a vaselina em banho-maria, ajuntar 0 dleo de amendoim e mexer a mistura até quase completo arrefe- cimento. Adicionar a tintura de benjoim mexendo sempre até completa evaporagdo do éter) 81) Cerato rosado (para os ldbios) ; COPA BOCA, oe oth ea, oneness dez gramas parafina sélida. : vinte gramas vaselina branca + 4+ 4 + Sessenta e seis gramas e meio parafina liquida . os . duas gramas e meio CaM a erccke me uMRE BAe cinco centigramas ess ncia de r08a ei etc 5 ahals Sa dois decigramas esséncia de bergamota ...-.......... trés decigramas (Fundir a cera, a parafina e a vaselina branca a banho-maria, mexendo continuadamente, e deixar esfriar, mexendo sempre. Quando esteja a mistura quase arrefecida, ajuntar o carmim dilufdo na parafina Iiquida, e depois as esséncias, moldar, com cilindros de metal ou de papel, bastées com cinco centi- metros de comprimento por um centimetro de largura). 32 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetologia 84) Alcool cetilico........-...2000 05 dez gramas polietilenoglicol-400 ............. trinta gramas poiletilenoglicol-1500. . . sessenta gramas fsa A qualquer das formulas indicadas, ou outras semelhantes, podemos incorpo- rar os mais diversos produtos quimico-medicamentosos, tais como anti-sépticos, adstringentes, redutores, ceratoliticos, corticosterdides ou outros, estabelecendo a composi¢ado consoante a necessidade de solubilizar os produtos em agua, alcool ou outros solventes, ou dleos, e tendo o cuidado de evitar incompatibilidades. E importante saber-se da possibilidade das gorduras se alterarem por oxida- cao, sobretudo quando sao de origem animal ou vegetal, fendmeno que cedo ou tarde sucedera quando as pomadas tenham longa armazenagem. Neste casos, de- vemos adicionar um ou mais antioxidantes'37), entre os quais destinguimos os seguintes: Acido edético Acido nordiidroguaiarético Bissulfito de sédio Butilidroxitolueno Galhato de metila Galhato de octila Galhato de propila Hidroxianisol butilatado Palmitato de ascorbito Tocoferol A maioria destes produtos pode ser utilizada até a concentracdo de 0,01%, exceptuando os galhatos, que chegam a usar-se até 0,3% e 0 palmitato de ascérbi- lo e o tocoferol que podem ser utilizados sem limite. Também pode ser preciso associar agentes conservantes germistaticos ou ger- micidas(37), sendo mais comuns os seguintes: Acido benzéico Acido fénico Alcool feniletilico Borato de fenilmercirio Cloreto de benzalc6nio Clorocresif Cloroxilenol (37) Quando as pomadas sejam para uso imediato, ou em curto tempo, no hd necessidade de aditivos, e até serd bom evité-los, porque tais substancias podem ter incompatib dade com os produtos contidos na formula, e algumas causam sensibilizagSes por te- rem capacidade alergénica. Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 33 Clorobutanol Nitrato de feniimercurio Com acao antifingica citamos sobretudo os produtos seguintes: Acido sérbico Benzoato de s6dio Butilparabeno Etilparabeno Metilparabeno Propilparabeno Habitualmente retinem-se dois ou trés conservantes, como seja o metilparabe- no (0,13 a 0,18%) com acido sérbico (0,01 a 0,03%), deste modo diminuindo-se a quantidade de cada produto e possibilitando efeitos sinérgicos. ATIVIDADE DAS POMADAS NA PELE As pomadas com substancias gordurosas hidr6fobas tém acdo terapéutica em conseqiiéncia do estado congestivo que provocam. A gordura ou produtos gordu- rosos das pomadas, sendo matéria homogénea, colocados na pele, impedem a pers- piracdo, disso resultando embebi¢do da camada cornea e também da area espi- nhosa e da derme pela agua que o organismo devia eliminar por essa area cuta- nea; concomitantemente, ha retengao de anidrido carbénico e diversos produtos catabdlicos. Seguir-se-4 vasodilatacdo, que tera por finalidade, por um lado, fornecer a pele meios para diluir as substancias toxicas retidas e garantir o metabolismo celular proventura perturbado, por outro lado, possibilitar a reabsor¢do dos referidos produtos para serem eliminados pelos outros emunctorios (Fig. 1.2). <— pomada epiderme edemaciads medicasento da pomada absorvido produte catabdlicos te retidos na pele Gi ay —— dere edenaciada = vaso dilatado pele nomal pele congestionada (legmésica) Fig. 1.2 — Atividade das pomadas na pele 34 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetologia O estado congestivo das pomadas pode ser aumentado se nelas incorporarmos produtos umectantes na concentragao de cinco a 10%;(3°) e qualquer pomada tornar-se-4 mais congestiva se a cobrirmos com material impermedvel como é, por exemplo, o plastico (penso octusivo). Deduz-se, do que se disse, que as pomadas, sendo congestivas, sobretudo as que tém corpos gordurosos hidréfobos, sé devem ser usadas em dermatoses com cardter crénico e quando se deseja introduzir na pele produtos medicamentosos. As pomadas devem, conseqiientemente, ser formalmente interditadas nos estados cutaneos agudos ou mesmo subagudos. PASTAS Sao preparagGes ou composicGes farmacéuticas destinadas a ser aplicadas na pele doente, constitufdas por um ou mais corpos gordurosos de consisténcia mo- le @ tendo incorporados 20 a 50 por cento de substancias pulvéreas nao soluveis. Denomina-se pasta dura quando a quantidade de pé é de 30 a 50%, como é exemplo a pasta de Lassar: 85) Oxido de zinco amido | lanolina anidra J vaselina branca (Misturar 0 amido e 0 6xido de zinco, depois de fina- mente tamisados, com a vaselina fundida; incorporar a lanolina e espatular até obter massa homogénea). aa vinte de cinco gramas Chama-se pasta mofe quando a quantidade de substancia pulvérea é inferior a 50%, até um minimo de 20%, como no exemplo seguinte: 86) Calamina lL ee Fs 6xido de zinco J Ba IZ GERENES: lanolina anidra vaselina branca f.s.a. . dez gramas +. .Q.b.p. cem gramas Diz-se pasta o/eosa quando uma parte da gordura, até 25%, for constitufda por substancia oleosa liquida: 87) Oxido de zinco a e ) \ aa vinte e cinco gramas talco de Veneza | Oleo de ricino........ lanolina anidra 1 aa ino vaselina branca J 4 sales fis.a. . vinte gramas Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 35 Na pasta mole oleosa, além da diminuigao do p6, ha corpos gordurosos e dleos liquidos: 88) Oxidode zinco.... . leo de amendoim 6leo de parafina J lanolina anidra . . cinco gramas vaselina branca . .q.b.p. cem gramas fs.a trinta gramas aa quinze gramas Quando a pasta tenha alguma percentagem de agua, dir-se-d pasta hidratada ou pasta hidrofflica: 89) Oxido de zinco.. 2.2.6.0... 0 00 trinta gramas agua‘destilada’s's ss. 23s Se Seka ea quinze gramas lanolina anidra dez gramas vaselina branca quarenta e cinco gramas f.s.a. E evidente podermos preparar pastas hidrooleosas: 90) Subnitrato de bismuto............ trinta gramas dteo de améndoas doces. | gs hee Agua destilada J q 4 lanolina anidra | 5 b.p. cem gramas vaselina branca jf Pach fsa. ATIVIDADE DAS PASTAS NA PELE Considerando a composi¢ao das pastas, devemos distinguir duas fases distintas: a de corpos gordurosos e a de substancias pulvéreas. Interpretamos o fendmeno fisico-medicamentoso do modo seguinte: A fase gordurosa, com o calor da pele, tende a fundir-se, porque a maioria das gorduras utilizadas nos excipientes, como, alias, também das pomadas e dos cremes, tém ponto de fusao muito préximo da temperatura da pele normal. Se a pele estiver flegmasica, naturalmente que a temperatura é mais elevada, 0 que facilitaré a tendéncia a fusdo das gorduras. Durante este processo, dar-se-4 a transferéncia de calor dos tecidos flegmasicos para a gordura e, como conseqiiéncia, diminui a temperatura na area afetada. Suspenso o fluxo unidirecional do calor, a fase gordurosa comega a esfriar-se, voltando ao estado inicial, com eliminacdo répida do calor de fusdo. Nesta cir- cunstancia, a funcdo da fase pulverulenta torna-se evidente, atuando como dis- persora do calor cedido pela fase gordurosa. 36 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetologia Considerando os fendmenos referidos, compreende-se que na composicao das pastas nao se deve empregar gorduras com elevado ponto de fusdo. Elas podem, porém, ser utilizadas em algumas formulagées, como elementos da fase sdlida de dispersao. Ao lado dos fenédmenos apontados, é de admitir que pé e gorduras, sendo cor- pos distintos, tendam a repudiarem-se mutuamente, originando-se ‘‘finissimos canaliculos’’ desde a superficie da pasta, os quais, por capilaridade, hao de ativar a perspiracdo cut&nea, tanto mais acentuadamente quanto mais higroscépicas fo- rem as partfculas pulvéreas e igualmente as gorduras. Nas pastas com menos de 50% de pé, a capacidade dispersora diminui na me- dida da redug&o do pé; e, quando houver dgua, esta, evaporando-se, iniciara a acao antiflog/stica que se seguir com a dispersao do calor pelo pd. De tudo que se disse, deduz-se que as pastas s6 tém indicagao em estados ma- nifestamente subagudos e em 4reas onde ndo houver pélo ou ele seja lanugo. A escolha do tipo de pasta subordina-se ao estado clfnico local, onde a pasta deve ser aplicada, e caracteristicas da pele. Para retirar as pastas da pele deve utilizar-se 4gua quente. CREMES So preparagées topicas constituidas por um ou mais corpos gordurosos emul- sionados com agua, de 30 a 60 e mais por cento. Os corpos gordurosos devem ser, no todo ou em parte, espessos, em massa ou consistentes (ver ve(culos gordurosos em Pomadas), como séo exemplo as formu- las sequintes: 91) Lanolinaanidra.............-005 vinte gramas vaselina branca . . ....trinta gramas agua destilada. . . . cinqtienta gramas fsa 92) Oleo de améndoas doces |... é 7 pets aa cinco gramas parafina Ifquida J lanolina anidra L vaselina branca J agua destilada. . . fs.a. vinte gramas cingiienta gramas 93) leo de ricino etilenoglicol lantrol agua destilada. . . Alcool oleilico l | aa dez gramas vinte gramas quenta gramas Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 37 (Misturar, a 50°C, 0 dlcool com o dleo e 0 lantrol, agitando até dissolucdo; a parte, dissolver o etilenogli- col na 4gua a 50°C; adicionar, pouco a pouco, a fase aquosa a oleosa, agitando até completo arrefeci- mento). Estas misturas podem ser consideradas também emulsées. Se bem que a grande maioria dos cremes seja emulsdes de gordura em agua (O/A), portanto constituidas por uma fase graxa finamente dispersa numa fase externa aquosa, hA cremes em que a fase aquosa é que se encontra dissemi- nada no seio da fase graxa. Teremos, pois, cremes do tipo dleo em agua (O/A) € cremes do tipo 4gua em dleo (A/O). Em qualquer dos casos, para que se consiga efetuar a emulsdio e para que esta se mantenha estavel, torna-se necessaria a pre- senga de substancias ditas agentes emulsivas ou emulsionantes'3®) os quais atuam ou por diminuirem a tensdo interfacial (tensioativos) ou por aumentarem a viscosidade da fase externa da emulsdo, Entre os tensioativos temos substancias hidrossoliveis, indispensaveis nos cremes de dleo em agua, ao lado de compostos oleossoliveis, imprescind{veis nos cremes tipo 4gua em dleo. Os produtos que atuam por aumentarem a viscosidade da fase externa sdo hidrossoluveis ¢, portanto, Uteis nos cremes de dleo em agua, ou lipossoltiveis e, por conseguinte, podem auxiliar a estabilizacdo de cremes de agua em dleo. Algumas vezes, os produtos gordurosos a emulsionar ja possuem na sua com- posico o agente emulsivo, como é 0 caso da lanolina, que contém colesterol e outros esterdides que emulsionam a agua no dleo. Assim, a formula n?91 é um creme do tipo agua no éleo, em que a lanolina e a vaselina contém a face aquosa emulsionada. Do mesmo tipo séo as formulas 92 e 93, sO que nesta Ultima existem dois emulsivos — o alcool oleilico ¢ o lantrol. Em Tecnologia Farmacéutica, e por razGes de estabilidade da pelicula de emul- sionante que reveste as goticulas graxas ou aquosas dispersas, ha por vezes neces- sidade de utilizar dois emulsivos de efeito contrario, de tal forma que haja uma reparticdo mais adequada das porgdes polares e apolares das moléculas dos ten- sioativos na interfase dleo/agua. Tal fendmeno pode criar certa perplexidade ao observador menos prevenido, mas relaciona-se com o equil brio hidréfilo-lipéfilo (EHL), que referimos a propdsito das emulsdes. Hé muitos emulsionantes, podendo mencionar-se, como principais, os seguin- tes: Acido algrnico Acido ursélico Alcool cetoesteartlico Acido oléico Alcool polivinilico (38) Também denominados emulsivos, emulsificantes, emulgadores, emulgentes, dispersantes ou estabilizadores (ver nota 32) 38 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetologia Alginato de sédio Aminometilpropanodiol Anfocerina-E Bentonita Carboximetilcelulose sddica Celossolve Cetomacrogol-1000 Cloreto de benzalcénio Colestero! Condro Dehymuls Dioctilsulfossuccinato de sédio Dodecilbenzenossulfonato de sédio Emulgade-F Emulgade-1000 Ni Eter para-isooctilfenil do polietilenoglicol Etilenodiamina Gelatina Glicerina Goma ardbica Lanetes Lantrol Laurilsuffato de sédio Metilcelulose Manoestearato de glicerila Oleato de potassio Oleato de sddio Povidona Sabéo mole de potassa Trietanolamina Tripotisfostato de sédio etc. E ébvio a necessidade de se utilizarem gorduras hidrofilicas ou tornadas hidro- filicas (excipientes absorventes), tais como anfocerina-K, aquafor, plastibase e, sobretudo, a /anolina e seus derivados ou complexos, tais como eucerina, lanoce- rina etc, As preparagdes denominadas ge/es minerais ou organicos'39), com excegdo do glicerinado, so verdadeiros cremes, devendo, portanto, afastar-se a designacdo (39) Preparagées com aspecto coloidal, obtidas com os produtos seguintes: d/coo! polivinitico, Acido silicio, alginato de 'sddio, bentonita, agar-agar, carbopol, carboximetilcelulose, metilcetulose, pectina, polietilenoglicdis, etc. Por que nelas se desenvolve facilmente bolor, 6 necessario ajuntar fungicidas. Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 39 de pomadas-geléias. Dada a sua composic&o, desidratam-se facilmente e secam rapidamente a pele, a ndo ser que se Ihes acrescente um umectante. Para aumentar a hidrofilia da lanolina podemos ajuntar-Ihe, por exemplo, 2,5 a cinco por cento de 4lcool cetilico, alcool estearilico ou alcool cetoestear i- lico. A vaselina, que é hidréfoba, torna-se hidréfila se Ihe associamos cinco a 10% de lanolina e porventura também alguma quantidade de Alcoois cetilico ou estea- rilico, Confere igualmente hidrofilia 4 vaselina um a trés por cento de colesterol (vaselina colesterolada ou hidrofilica), pelo que é possivel a absorcao de agua até 50%. Mas o mesmo efeito obtém-se com Alcoois da la (5 a 10%), bentonita (2 a 5%) etc. Por que as gorduras animais e vegetais podem alterar-se por oxidacao ou pos- sibilitam o desenvolvimento de bactérias ou fungos, se os cremes nao forem para longo uso, como é o caso dos cremes cosméticos, é conveniente acrescentar-Ihes antioxidadantes ou antibacterianos (ver Pomadas). Nestes cremes-emulsées, consoante a fase que esta dispersa, consideram-se, como dissemos, dois tipos: creme emulsao a4gua-dleo(A/O) e creme emulsao dleo- agua (O/A). Vejamos alguns exemplos de cremes-emulsdes: A) Emulsdo 4gua-6leo (A/O): 94) Oleato de olefla.............000. cinco gramas 6leo de amendoim..............- vinte gramas lanolina anidra .. » dez gramas vaselina branca.......... . Vinte e cinco gramas agua destilada quarenta gramas fsa. 95) Alcool estearilico | oleato de olefla aa dez gramas parafina I{quida J antocerina: Kimani us sew es ees quinze gramas vaselinabranca...........- vinte e cinco gramas Aqua‘destiladar. :\rt. <0 niet ole etme trinta gramas f.s.a. 96) Olearde teine:.. 2 Ne Se. cinco gramas cera brancai ith: wsiwcanen pte y ence. exc oito gramas espermacete dez gramas alcool cetoestear/lico sees... dois gramas vaselina branca .. . . cinqilenta e cinco gramas ‘Ggua destiladas. ws oa. eyecare. vinte gramas fis.a. 97) Tem aqui lugar o chamado “co/d-cream” (creme frio), que pode ter a composicao seguinte: 40 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetologia Tintura de benjoim ...........-+ quatro gramas cera branca. . . . ito gramas esperinatete: isch aa onnlacalt desesseis gramas dleo de amendoim . . cinglienta e seis gramas agua de'rosas 255.4 sone oe Fe ee desesseis gramas (Fundir a cera e 0 espermacete no dleo a 60-80°C; coar para almofariz de pedra aquecido, agitando até arrefecer; ajuntar, pouco a pouco, a mistura, previa- mente coada, da 4gua de rosas com a tintura). B) Emulsao dleo-dgua (O/A) 98) Alcoois da l4 ou cetomacrogol-1000 . . . nove gramas paratina ((quida.cs ic. i. we es wie ape ae seis gramas vaselina branca ... 6 6. es ee eee quinze gramas agua destilada.............-... setenta gramas fs.a. 99) Laurilsulfato de sddio. alcool cétilico. . . AiG oh Sey um grama Te SoHE nove gramas vaselina cinco gramas QUGRTIN A icsiiss wee souece, ne wea sce ere etre dez gramas Herelivia WMO sce are aece's Ses Suet dez gramas agua destilada........... sessenta e cinco gramas f.s.a 100) Creme emuls&o dleo-4gua com pouca gordura: CeresiNasisis is/are XE cinco gramas vaselina branca +... quatro gramas Olinerina ey ey. ols Paes ooh seis gramas monoestearato de glicerila ......... doze gramas ALUMCTODIONOD <<: 33: -co:- ce hei celsdern ae « q.s. ANTHTUNGICO! 5.2 ne Seok ws BHeeleEebaesE ee + q.s. perfume. agua destilada setenta e trés gramas f. As emulsdes Gleo-agua com dcido estedrico (10 a 25%) sao habitualmente de- nominadas diaderminas'4°) ou cremes evanescentes: 101) Trietanolamina.. ... 0 ...0:. » savers ooo dois gramas QUCEFINA: 5 bic ca pone ve sumer treze gramas (40) Com a trietanolamina, hidréxido de potéssio, aménia (2 a 5%) formam-se sabGes, que se tornam agentes emulsivos. Nem todo o Acido estedrico é saponificado e é 0 restante dcido estedrico que é emulsionado na agua a custa dos estearatos que se formaram. Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 41 Acido esteérico ............ vinte e cinco gramas Aqua destiladar ous wmece enone avers ase si sessenta gramas fis.a. 102) Outra diadermina: Acido estearico. .. . . hidroxido de potéassio. agua destilada fs.a. (Esta diadermina tende a perder Agua, visto nado pos- suir um agente umectante como a glicerina, propile- noglicol, sorbitol a 70% ete..) . vinte gramas -quatorze gramas . » .q.b.p. cem gramas Aos dois tipos de emulsdes podemos acrescentar farmacos diversos, tais como anti-sépticos, parasitarios, antifngicos, antipruriginosos, redutores, corticoste- réides etc., sobretudo aos cremes-emulsdes A/O, dado possufrem pouco mais marcada aco sobre a epiderme. E, porém, conveniente escolher produtos soltveis nas gorduras, principalmen- te nos dleos ou em solventes, que por sua vez sejam soltiveis nos Gleos ou misci- veis com agua. Citam-se diversos solventes a escolher consoante as exigéncias dos produtos aincorporar: Acetona Acido acético Alcool isopropilico Alcool oleflico Carbitol Celossolve Diglyme Dimetilformamida Eter Fter dimetilico do etilenoglicol Etilenodiamina Etilenoglicol Glicerina Polietilenoglicéis (200, 400, 600 e 1000) etc.. A qualquer emulsdo, podemos acrescentar alguma quantidade de substdncias pulvéreas (até 10%), sobretudo aos cremes-emulsGes A/O, sem modificar substan- cialmente a estrutura e a sua acdo dermatoldgica, e permitindo maior aderéncia a pele(41), (41) Com o mesmo objetivo tem-se aconselhado associar glicerina. As misturas ou emul- s6es com grande quantidade de glicerina ou propilenoglicol, alguns au tores dao-Ihes 0 nome, alias, impréprio, de cremes anidros. 42 Manual de Terapéutica Dermatalégica e Cosmetologia ATIVIDADE DOS CREMES NA PELE Diz-se serem os cremes de emulsao dleo-agua (O/A) melhor aceitos na pele do que os cremes emulsées agua-dleo (A/O), e admitem-se serem mais penetrantes, isto 6, com acao mais profunda. Em verdade, ambos os tipos de cremes-emulsdes sio bem tolerados na pele, desde que nao haja manifesto estado inflamatério; e a diferenga de “penetrabili- dade” nao é significativa, porquanto, os dois tipos de creme tém idéntica acdo te- rapéutica, quando sejam constituidos pelos mesmos produtos, apenas com algu- ma varia¢do percentual sobretudo na concentracao da agua, e sejam aplicados na pele em condicées semelhantes. Todos os cremes-emulsGes sao desidratantes, porque todos tém agua que se evapora, e com ela a agua existente a superficie da pele, baixando a temperatura local. Apenas nos cremes-emuls6es A/O, porque a gordura constitui a fase exter- na, 6 relativamente maior a quantidade de gordura ou substancias gordurosas a superficie da pele e, portanto, podera ter-se a impressao de que nos cremes-emul- s6es O/A houve maior penetrabilidade da gordura na pele. Deduz-se disto terem os cremes agéio antiflogistica, devendo ser aplicados sua- vemente ser massagear. Os cremes séo portanto, topicos de acao terapéutica in- termedidria entre as suspensdes e as pastas. Na ac&o dos cremes-emulsées na pele distinguem-se dois efeitos: antiflogistico da agua e lubrificante das gorduras emulsionadas. Os cremes-emulsdes dgua-dleo (A/O) tém particular indicagdo para as dermites subagudas com pele muito fina e retesada, em risco de gretar ou ja gretada. Nos processos dermiticos crénicos recentes, e com escassa descamacao ou discreta ce- ratose, também estes cremes de agua-dleo podem ser usados, elevando-se, porém, a percentagem de dleo e aplicando-os com massagem. Se, sobre um creme-emulsao Agua-dleo, colocarmos material plastico, dificulta- remos ou impediremos a evapora¢ao da agua do creme e também a perspiracdo cutaénea, favorecendo, deste modo, o aparecimento de congestdéo edematica da regido. Conseqiientemente, o creme comportar-se-4 como se fosse “‘pomada’’, ainda que de efeito mais lento e menos intenso do que com pomada propriamen- te dito. Para a pele sd, para o uso de dia, sdo Uteis os cremes-emulsdes O/A, com muita 4gua, mais de 60%, como séo exemplo as férmulas 98 a 101 ou a seguinte: 103) Trietanolamina...... eee eee eee ee um grama oleato de olefla.......ee eee . dois gramas glicerina. aig (aie Ta 626. ace cinco gramas Acido estedrico 1... ec ee ee cinco gramas alcool cetoestearflico....... es . oito gramas agua destilada.... 2... cae setenta e nove gramas AcCIdOSORDICO: § sive oe ge 9's 058 ale) dez centigramas galhato de metilo.........2000 0s um centigrama tsa, Formas Medicamentosas Externas e Ati ides na Pele 43 Aos cremes formulados tera interesse acrescentar um perfume 4 escolha da pessoa que os usar. Para a noite, aconselham-se cremes com mais gordura, em emulsdo A/O, tais como as férmulas 94 a 97 ou os exemplos seguintes: 104) Anfocerina-K......-..-.-5 vinte e cinco gramas oleato de oleila. . dez gramas Oleo de ricino. . .. cinco gramas leo de amendoim.........-...--- dez gramas vaselina branca . dez gramas agua a - . quarenta gramas antioxidante. . . antifangico. ... 2... eee e eee eee ee eee antibacteriano. . perfume. fsa AOS) CE GceriNa PS hee ane Bo Sse al quarenta gramas oleato de olefla dez gramas vaselina branca . vinte gramas agua destilada. . acy trinta gramas BNGOKIdaNtE soso eRe Tak on qs. antifaingico. .. . . Qs. antibacteriano. . Waters + Qs. DerUMes 64s AaERIR NERS Bis os q.s. Com a finalidade de “creme de noite’ melhor sera utilizar a formula 91 ou uma das seguintes: 106) Anfocerina-K vaselina branca J Agua destilada. perfume. tsa aa quarenta gramas 107) Lanolina anidra L eis = aa trintae cinco gramas vaselina branca —{ lantrol (lt a = es aa cinco gramas glicerina gua destiladas v: ssxeg cs ss eas ue 2 vinte gramas OONIMG So ee FS ie ceed Se SOs Ha 2S BES q.s. fis.a. . trés gramas oito gramas trinta gramas 108) Espermacete. . cera branca. Parafina Iiquida. a4 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetologia vaselina branca . . . lanolina anidra . . . . vinte gramas . vinte gramas OrTUTe LOAN OS), Oe, BLES SF q.s. antioxidante q-s. antiflingico...... q-s. agua destilada.... q.b.p. cem gramas f.s.a. As emulsdes muito flufdas tém tradicionalmente o nome de /e/tes, mas tam- bém emulsGes ou cremes de limpeza, utilizadas para retirar da pele os produtos cosméticos. Sao exemplo as formulas seguintes: 109) Leite emulsdo (tipo “seco): Alcool cetoestearilico............-- dez gramas oleato de olefla .. . . . dez gramas 6leo de parafina .. . . . ito gramas glicerina We . .dois gramas lanttOl oR cs Doe eee ree oito gramas vaselina branca. .. . . .dois gramas um centigrama . Sessenta gramas acido acético .... . agua destilada de rosas f.s.a. A fase interna desta emulsao A/O corresponde a 60% de agua e 2% de glicerina. A fase externa (oleosa) re- presenta 38% do total leite-emulsao. Este tipo de emulsao, devido a abundancia da fase in- terna, encontra-se, praticamente, no ponto de ruptu- ra, pois sempre que a fase interna é elevada, maior do que 74% do total (valor tedrico), as emulsdes tendem a desfazer-se, separando-se as duas fases constituintes. 110) Leite emulsao (tipo gordo ou graxento): Alcool oleflico ... . ~ onze gramas 6leo castor... .... . . dez gramas lanolina anidra .. . . . vinte gramas vaselina branca .. 2.6... ee ee vinte gramas tocoferol.. 1... -..umgrama agua destilada de rosas... 2... .q.b.p. cem gramas fs.a Também tém interesse composicdes como a seguinte: 111) Lanolinaanidra. .. . quatro gramas trietanolamina ... . - - dois gramas CARDItOls: ts Sok Ve Kes RRNA cinco gramas Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 45 parafina liquida. metilparabeno vinte e seis gramas aa de: ti acido sorbico J ¢ See ree guia de rosas: 2. ee. oc vs woes wi a q.b.p. cem gramas fsa. COLAS Sao suspensdes de substncias pulvéreas em mistura hidroglicérica e gelatinada. So classicas as formulas seguintes: 112) Cola de dxido de zinco mole: Oxido de zinco L gelatine J aa quinze gramas glicerina. vinte e cinco gramas HES DONEC 6 5» ce:oceulas-ecalinteteps sees! um centigrama agua destilada.. 2.2.2... .. 4 quarenta e cinco gramas fs.a. 113) Cola de dxido de zinco dura: Oxido de zinco.............2-- quinze gramas gelatina glicerina acido benzédico . agua destilada . fsa. trinta gramas —ao 2 % um centigrama vinte e cinco gramas Para preparar estas férmulas deve proceder-se do modo seguinte: dissolver a ge- latina na agua, em banho-maria, e ajuntar, seguidamente, a glicerina e depois o oxido de zinco, agitando durante alguns minutos!4?). Associando também tragacanta, a composi¢ao toma o nome de ge/antos, ten- do muito interesse a formula seguinte: 114) “Thagacattta. oaie see see ae soa wate aes woe dois gramas GOlSBNS see ionois oss eens oie Sea Rae, cron trés gramas glicerina. . . . . Cinco gramas metilparabeno. Agua destilada . f.s.a. Seem Boa ats dez centigramas +... .Q.b.p. cem gramas (42) Por que a gelatina constitui meio de cultura para microorganismos, 6 conveniente as- ciar conservantes as colas. Independentemente disto, quando as colas sejam para utili- zar em Glceras, 6 prudente a esterilizagao da cola a 112°C em autoclave. 46 Manual de Terapéutica Dermatolégica e Cosmetologia Em pele seborréica pode ser Util este gelanto: 115) Enxofre precipitado | H a cinco gramas calamina TQSCMAIR oe iene oe es oe Sees dois gramas gelatina ‘trés gramas glicerina. cinco gramas vaselina branca...........--.-.-- dez gramas etilparabeno sete centigramas agua destilada...........20-4 q.b.p. cem gramas esséncia de rosas.... 2.02. eee uma gota f.s.a. Antes de utilizar as colas devemos liquefazé-las em banho-maria. Aplicadas na pele, solidificaraéo em camada mais ou menos espessa consoante a quantidade co- locada e 0 interesse terapéutico. As colas podem juntar-se diversos produtos quimico-medicamentosos. Cita- mos, como farmacos mais habituais, o enx6fre, o cloreto de merctirio amoniacal, a crisarobina, a cignolina e o mentol, bem como 6leos, ictiol, alcatrdes, dcido fé- nico, resorcina etc.. O tanino, o acido pirogalico e o éxido de merctirio ndo devem ser adicionados porque transformam a gelatina em composto insolivel. Todavia, com gelatinas especiais, ndo ocorre a incompatibilidade referida, por serem opostas as cargas elétricas do farmaco e da gelatina. Assim, para os produtos aniGnicos, pode usar- se gelatina basica e, para os catidnicos, gelatina acida. Pode ainda minimizar-se a incompatibilidade com o tanino, acido pirogdlico ou Oxido de merctrio, desde que se diminua a quantidade de agua a 10%. ATIVIDADE DAS COLAS NA PELE Sendo suspensées, nao dificultam a perspiragdo cutanea, sendo, conseqiiente- mente, descongestivas. A despeito disto, porque as colas aderem muito a pele, ndo devem ser aplica- das em grandes extensdes, nem em Areas infectadas e muito congestionadas. As colas fixam os medicamentos na area doente, possibilitando melhorar a respectiva agéo quimico-medicamentosa. Aplicadas na pele seborréica, por exemplo na face, embebem-se da gordura e destacam escamas finas, dando 4 pele aspecto liso e fino. Com dois a cinco por cento de enxOfre a agao anti-seborréica acentua-se. ‘Também sdo tteis onde haja dermolinfangite e estase, 0 que acontece freqiien- temente nos membros inferiores e, por isso, as colas tém particular indicagao pa- ra tratamentos das lceras da perna, na formagao da chamada bota de Unna. As colas depois de secas destacam-se habitualmente com facilidade em tiras ou grandes retalhos. As vezes, porém, por causa dos pélos, mesmo lanugo, pode ser dificil destacd-las, 0 que se consegue com agua quente. lades na Pele 47 Formas Medicamentosas Externas ¢ At VERNIZES Sao tépicos utilizados para cobrir ou proteger a epiderme descortinada ou pa- ra veicular medicamentos. Ha diversos tipos de vernizes, nas tém interesse, apenas, os constitufdos por solventes volateis contendo em dissolucao guta-percha, algodao-pdlvora ou resinas. A dissolucdo da guta-percha no cloroférnio origina a traumaticina. A dissolu- cao do algodéo-pdélvora em mistura de Alcool-éter constitui o co/édio. Juntando ao colédio dleo de ricino, ele fica menos aderente e menos retratil, mas flexivel (colédio ricinado}: 116) Piroxila Logg Ranta ae leo de ricino f Alcool|de: G00 isso casireeaesvel tel noserssees vinte gramas Clete Sihee Soe ae Him epee setenta gramas fsa Com as resinas ou gomas copal, laca (goma-laca) e goma-damar, obtém-se também vernizes. ATIVIDADE DOS VERNIZES NA PELE Os vernizes opdem obstaculo 4 dgua e, conseqiientemente, também 4 perspi- ragdo cutaénea. Assim, os vernizes oferecem boas condigGes para a penetracao de medicamentos na pele, quando estejam neles incorporados. Sao exemplos as formulas seguintes: 117) Oleo de cade... . . traumaticina dez gramas noventa gramas m. 118) Ictiol Be J ane ane aa dez gramas Acido salicilico J Colddio‘ricinadows ais wind. wae oitenta gramas fis.a 119) eae eal! i 5a quinze gramas resorcina J colédio'ricinado '. 2... a setenta gramas f.s.a. Como se deduz, os medicamentos resinosos s6 devem ser aplicados em lesGes com carater crénico e em pequenas areas, evitando-se o risco de intoxicagao. Para retirar os vernizes da pele utiliza-se Agua quente. 48 Manual de Terapéutica Dermatologica e Cosmetologia SABOES Submetendo gorduras (misturas de glicer/deos), que s&o ésteres de glicerina com acidos graxos) a acao de dlcalis (hidréxido de s6dio e de potassio), elas sapo- nificam-se, isto 6, hidrolisam-se, resultando uma massa, que, arrefecendo, consti- ‘tui 0 sabao. As gorduras mais usadas para a preparagdo de sabées sdo o sebo de origem ve- getal e diversos dleos vegetais (canhamo, coco, colza, linhaga, oliveira, palma, pa- poila etc.). Também tém interesse os dleos de origem animal (baleia, cachalote, peixes), previamente hidrogenados para os endurecer e desodorizar. No fabrico de sabées misturam-se habitualmente varias gorduras, consoante o tipo de sabao pretendido, porque, deste modo, obtém-se melhor combinacdo dos acidos graxos, tais como os saturados laurico, miristico e palmitico, e os nao saturados oléico e linoléico e o hidroxidcido ricinoléico. Nos sabes de toalete utilizam-se, sobretudo, o Acido laurico (10 a 12%) eo Acido estedrico (35 a 40%). No sabao de coco a quantidade de dcido laurico é ele- vada, pelo que este sabao é irritante para a pele quando usado com exagero. Os sabées finos ou sabonetes sao preparados a partir de gorduras refinadas e branqueadas. Todos os sabées, ao hidrolisarem-se, libertam dlcali e, por isso, o seu pH é ele- vado (9 ou mais). Para atenuar esta alcalinidade, preparam-se sabes gordos ou graxos com ex- cesso de dcidos graxos ou incorporando dcido latico ou, mais habitualmente, in- cluindo lanolina (1 a 3%), manteiga de cacau ou outra substancia graxa emo- liente: 120) Gordura animal bovina 6leo de oliva...... hidroxido de potassio. hidréxido de sédio. f.s.a. ah ee Ainda que haja grande variedade de sabGes, podemos considera-los em trés ti- pos: sabdo mineral, sabao vegetal de potassa e sabo vegetal de soda. O primeiro, sabao animal ou sabdo duro, obtém-se pela saponificagdo de gor- duras animais (sebo), utilizando 0 hidrdéxido de sédio, Nele é rejeitada a glicerina proveniente da saponificagao. O sabao vegetal de potassa (sabio mole de potassa ou sabdo negro), obtide pe- la saponificagao de Gleos vegetais, habitualmente de linhaca ou de oliveira, é um sabao escuro translicido, mole, viscoso, alcalino, contendo glicerina livre, muito soltivel na agua e no alcool. Com excesso de dlcali, e corado pelo sulfato de indi- go, chama-se sabdo verde: 121) Oleo vegetal........, TEUSuT ED Rae 50% hidréxido de potdssio........... sees a 80% Sloool saan bi dole Fede SheetanerWatetart ++ 10% Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 49 agua sulfato de indigo . Para tornar este sab&o mais macio, pode incorporar-se glicerina (1 a 3%) ou também caseina. Com 0 6leo de coco prepara-se 0 sabdo de coco, que é branco, muito soluvel € inodoro: 122) Oleo de coco . . 40 gramas potassa catistica. 14 gramas Agua déstiladas Si!) aldalewee wae 1420 gramas (Saponificar a quente e concentrar para 100 gramas). O sabdo de soda (sabdo branco, sabao alcalino, sab4o de Marsetha) utiliza gor- duras vegetais e o hidréxido de sédio, sendo um sabao duro: 123) Oleo vegetal. . . sagtte Aare] ie ua ces LS, solug&o de hidréxido de sadio a 30%. ....... 85% alcool de 90°. . . sav ee ence 6 81% cloreto de sddio sea ++ 4,2% carbonato de sddio ...... sae » 0,8% Agua destilada. ... eee eee eee ee ee et GUD, f.s.a. E um sabio nao glicerinado, floculado pelo cloreto de sddio e, portanto, des- titu(do de glicerina!3), Qualquer dos sabées indicados pode ser utilizado em solucdo aquosa (sabao liquido) habitualmente em concentracdo até 40%, Os sabdes denominados medicamentosos tém este nome quando se Ihes adi- cionam produtos com objetivo medicamentoso, tais como anti-sépticos (habitual- mente o hexaclorofeno até 3%) e redutores diversos (coltar, enxofre, ictiol, dleo de cade, resorcina, etc., na quantidade de cinco a 10%). Um bom sabi para a pele deve oferecer as condigdes seguintes: a) conter um minimo de alcali livre; b) ser facilmente soliivel ¢ produzir bastante espuma; c) limpar bem sem desengordurar demasiadamente a pele; d) nao ser irritante, nem sensibilizante; e) ter perfumes e corantes inofensivos; f) ser facil e totalmente eliminado na pele. Compreende-se ser dificil a reuniao de tantas exigéncias. Sendo assim, ha que saber usar os sab6es adequadamente 4s caracter/sticas da pele e suas alteragdes. (43) 0 chamado sabao ou sabonete de glicerina (sabao transparente) 6 um sabao mole de potassa ou duro de soda, que contém dleo de ricino e que para impedir a cristalizagao que ocasiona a opacificacdo do sabao se junta, no momento do esfriamento, glicerina, mas também dlcool ou glucose. 50 Manual de Terapéutica Dermatolagica e Cosmetologia ATIVIDADE DOS SABOES NA PELE A acao dos sabées, fundamentalmente de limpeza, baseia-se na formacdo de emulsdes com agua, o que se deve ao valor da sua tensdo superficial. Com efeito, esta tensdo é baixa e acentua-se com a temperatura da agua. Por isto, a lavagem é mais facil com agua quente. Ao eliminar a sujidade da pele, a camada gordurosa cutanea é também mais ou menos suprimida, consoante a intensidade de ac&o do sabéo; e com a camada gordurosa desaparece o manto acido, sendo o seu reaparecimento varidvel, em tempo, de individuo para individuo, e tanto mais longo quanto mais seca for a pele no estado normal. Os sab&es gordos ou graxentos séo recomendados para peles delicadas e para criangas. Quanto aos denominados sabdes medicinais, é duvidosa a sua ago, e é preciso considerar que os produtos qui/mico-medicamentosos neles introduzidos sao fre- quentemente alterados pelos alcali: Tais sabdes tiveram plena justificacao em épocas passadas, quando os sabdes de uso comum eram mal preparados e os sabonetes pouco melhores e demasia- damente caros. Hoje, que a industria prepara sabonetes de boa qualidade, os sa- bonetes medicinais perderam lugar destacado que possufram. Jando é de hoje a idéia da pouca eficacia dos “‘sabées medicinais”, pois é de Darier (1856-1938) a frase seguinte: “Os sabdes medicamentosos tém indicacdo para as pessoas que recebam mal o conselho de usar os sab6es de toalete”. Do que se diz, deduz-se que os sabdes ou sabonetes mais recomendaveis para a pele normal so os de gordura vegetal e de potassa, que devem ser usados apenas na quantidade necessdria e suficiente para a limpeza da pele e sobretudo nas re- gides porventura sujas. Nas grandes pregas e nos pés, os sabdes podem ser usados mais livremente. Na restante pele, o uso de sabao deve ser moderado. E ébvio, portanto, que a intensidade do uso de sab&o ou sabonete subordina- se a idade da pessoa, sexo, clima e condicées de vida. Na pele seborréica, os sab6es sfo particularmente tteis pela manhé e a noite, mas somente enquanto a pele nao tende a normalizar-se. Na hiperceratose, os sabdes tém manifesto interesse, sobretudo incorporados a produtos com efeito ceratolitico, os quais, todavia, devem ser prontamente usados, nado dando deste modo tempo a que se altere a composic¢do pela acdo dos alcalis. Atendendo aos interesses terapéuticos, podemos formular sabdes mais ade- quados a cada tipo de pele e a cada situagdo clinica. PRESCRICAO DE MEDICAMENTOS TOPICOS A medicacdo tépica deve ser institu(da para cada doente, consoante a sua si- tuagao clinica. Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 51 Com efeito, em idéntica doenga e para os mesmos medicamentos, cada doente tem o seu comportamento; e compreende-se que determinada condicgAo morbida, em certo estado, carece de uma medicagao que nao estara indicada para o estado clinico posterior. Assim, toda a medicacgéo topica tem um tempo de eficiéncia, para além do qual se torna indécua, quando nao nociva. Ha, portanto, que saber determinar o momento proprio para recorrer a outra medicacao, mais adequada a nova situa- ¢a0 morfoclinica. Nao é possivel definir a norma de atitude terapéutica perante as dermatoses ou cada dermatose, porque ela subordina-se aos conhecimentos que o médico possui acerca da doenga e do doente e quanto a farmacodinamica, farmacotera- pia e até de farmacotécnica. Alguns condicionalismos gerais devem ser, porém, ponderados. Devemos evitar os chamados produtos medicamentosos enérgicos, como pri- meira medicacgdo, sobretudo em dermites, particularmente nos estados agudo e subagudo. Em tais circunstancias, devem usar-se os medicamentos ativos em dé- bil concentragao e veiculados em composi¢ao antiflogistica. A medida que o estado crdnico vai estabelecendo-se, deveremos concentrar os produtos medicamentosos e veiculd-los em composigGes sucessivamente menos descongestivas. Também no é prudente a associagdo, sem motivo justificado, de varios pro- dutos de agdéo medicamentosa, para evitar efeitos imprevistos e indesejaveis resul- tantes da combinacado ou reacgao entre as diversas substancias. Quando a dermatose seja extensa, muito dispersa ou generalizada, nado devem ser aplicados medicamentos ativos em toda a pele doente, mas fazer o tratamen- to por regides, porventura empregando dois medicamentos distintos, ainda que com semelhante acdo farmacolégica, em locais diferentes e se possivel simétricos, deste modo possibilitando a aprecia¢do da reagdo cutanea as substancias e defi- nindo a conduta posterior mais apropriada. Ao prescrever qualquer topico, deve o médico ponderar a sua exeqiibilidade pelo farmacéutico. E certo competir a este tornar o topico factivel e estavel, mas isto pode obrigar a incorporacéo de produtos de compensacao que, alterando a composig¢ao, poderao modificar as agGes farmacoldégicas que se pretendem obter. Tendo de prescrever-se varios produtos, deve 0 médico atender a possiveis incompatibilidades entre eles, que podem nao sé anular os efeitos desejados mas originar reagdes adversas*”. Outro ponto importante a considerar é a possibilidade do doente cumprir a prescrigao aconselhada. Com efeito, impGe-se adaptar a medicacao a capacidade de o doente a execu- tar, porquanto, de nada valera indicar uma “‘Otima” terapéutica se o doente, por (44) € importante considerar a obrigacd de se indicarem, no receituario, as quantidades por extenso e bem legiveis, e néo por numeros, deste modo evitando-se que o farma- céutico se engane na interpretacao dos algarismos. 52 Manual de Terapéutica Dermatologica e Cosmetologia qualquer motivo, a ndo puder efetuar. Em tais casos, melhor sera aconselhar uma medicacao ‘menos herdica”, isto é, de efeitos mais lentos. E importante, porém, informar o doente de que a medicacao prescrita nao é aquela que se desejava, mas a que é possivel o doente cumprir. Outro aspecto importante é 0 prego dos medicamentos, pois deveremos recei- ta-los em fungao da possibilidade do doente os adquirir. Em qualquer condi¢ao, é dbvio devermos receitar medicamentos simples, en- tre os da mesma acao e eficiéncia, evitando-se as medicagées de ‘‘Ultima hora” que, além de serem caras, nem sempre garantem a eficacia reclamada. Também é importante a quantidade dos medicamentos prescritos, que nao de- ve ser exigua, insuficientemente para o tratamento ou tratamentos aconselhados, nem exagerada, obrigando a grande despesa e justificando que o doente os use para além do tempo necessario, o que pode ser inconveniente. Quer isto dizer que a quantidade de medicamento a receitar deve ser adequada a area cutanea e ao numero de tratamentos julgados convenientes. Considere-se, porém, que as pequenas quantidades de medicamento sao relati- vamente mais caras do que quantidades maiores, néo havendo habitualmente vantagem em prescrever quantidades inferiores a 40 gramas. Como orientac4o, admitem-se, para um Unico tratamento, e para individuos de estatura e compleicao mediana, consoantes as regides, as quantidades de cre- me ou pomada seguintes: — maos..... i cinco gramas lL — antebracos... . cinco gramas quinze gramas — bragos...... cinco gramas i — couro cabeludo. cinco gramas | face) om mampan . cinco gramas quinze gramas i POSCOCO ete yamaha cinco gramas J - ES es ep ans pinnae AO|STAMARA) — pernas............ cinco gramas vinte gramas — coxas diese arrere- peecleciotatinee | saree genital. ..45, costes te .... cinco gramas — tronco . vinte gramas Para untar, portanto, uma vez, todo 0 corpo, excetuando a cabe¢a, com cre- me ou pomada, sao precisos 60 gramas de medicamento. Se o medicamento for dleo, a quantidade pode ser reduzida 4 metade ; sendo, porém, suspensdo ou pasta, a quantidade deve ser duplicada. Sendo preciso fazer quatro tratamentos, devera considerar-se uma quantidade de medicamento proporcional a indicada. Considere-se que, salvo raras excegGes, 0 topico a aplicar na pele deve ser sem- pre em camada fina e homogénea, nao superior a espessura de uma lamina de faca. Quanto o tdpico deva ser estendida sobre pano ou gaze, devem receitar-se do- ses duplas das referidas. Formas Medicamentosas Externas e Atividades na Pele 53 A aplicagao de pomadas ou pastas pode fazer-se diretamente sobre a regido em tratamento, cobrindo depois com um envoltério protetor de gaze (cambraia) ou pano. Obtém-se, todavia, melhores resultados aplicando o envoltdério j4 com a pomada, segundo a técnica seguinte: estende-se 0 pano ou gaze sobre uma super- ficie lisa e desinfectada, que pode ser, por exemplo, o fundo exterior de uma bandeja ou de um tacho, e sobre o pano ou gaze estende-se o medicamen- to com 0 auxilio de uma espaétula ou o cabo de uma colher, com a espessura de uma lAmina de faca, de modo homogéneo. Coloca-se, em seguida, o envoltério na pele doente, pondo em contato com a pele a face do pano ou gaze que possui o tépico; cobre-se com duas ou trés camadas de gaze e porventura também com al- godéo, fixando-se o curativo com ligadura e esparadrapo. Usando-se envoltdério, a despeito de ser necessdrio maior quantidade de medi- camento, desde que nao haja exsuda¢do ou supuracdo, serd suficiente remové-lo de dois em dois dias ¢ as vezes decorridos trés dias. Em conclusao, é importante considerar o minimo de terapéutica, em quanti- dade e preco, capaz de curar o doente sem conseqiléncias desagradaveis. Acoes Dermatologicas Sao diversos os farmacos com acées na pele. Uns atuam topicamente, isto é, por via exégena; outros, agem por via enddgena; alguns produtos sao ativos pelas duas vias. Certos medicamentos tém interesse dermatolégico néo por terem acdo na pele, mas porque tém efeito interno, em estados infecciosos ou de outra natureza, os quais sao responsaveis por manifestagdes cutaneas. Entre os medicamentos de interesse dermatolégico, merecem particular desta- que os de acao tépica, incorporados nas formas farmacéuticas descritas no capi- tulo anterior, cujos efeitos cutaneos se subordinam ao modo e forma como a me- dicagéio esta formulada, ao lugar que os produtos ativos ocupam nas formulas, ao 0 eM que se encontram e possibilidade de maior ou menos penetrabi- estado f lidade na pele. Considerando as diferentes possibilidades farmacolégicas que poderemos obter na pele, por vias externas ou interna, distinguimos as agGes dermatoldgicas seguintes: Detersiva Anti-séptica Antibacteriana Antibidtica Sulfonamidica Anti-hansénica Antituberculosa Antivenérea Antifingica 55 56 Manual de Terapéutica Dermatologica e Cosmetologia Antiinflamatéria Adstringente Antipruriginosa Antialérgica Redutora Ceratoplastica Ceratolitica Anerética Analgésica Antiparasitaria Dessensibilizante Rubefaciente Depilatéria Antiactinica Pigmentogénea Bronzeante Melaninizante Despigmentogénea Anidrética Enzimatica Insulinica Imunossupressora Vasodilatadora Protetora da pele MEDICACAO DETERSIVA A medica¢ao detersivaou detergente“*!” destina-se a limpara pele de escamas, crostas, pus e detritos medicamentosos para, seguidamente, possibilitar o tratamento da pele infragente. Quando se tenha de amolecer materiais para os eliminar, diz-se que a medica- g4o é emoliente ou demulcente. H4 que considerar, em principio, duas condicées diferentes, isto é, pele sem pélos e pele com pélos ou cabelos. No primeiro caso, na pele sem pélos, dever-se-4, primeiramente, amolecer o material a destacar com parches embebidos em agua, que melhor sera quente, mantidos durante, pelo menos, meia hora, cobrindo a area com uma camada de vaselina simples ou salicilada a 5 ou 10%: 124) Acido salicilico......... see venihadliaed Ba 10% oleo de ricino .« 10a 20% vaselina branca............+. .q.b.p, cem gramas (Triturar 0 dcido com leo de ricino e incorporar a vaselina.) (45) Esta designagdo ndo é muito conveniente por dar a nocdo de ser constituéda por agen- tes tensioativos. Agées Dermatolégicas 57 Em alguns casos pode ter interesse utilizar uma pomada que seja facilmente eliminada pela agua: 125) Acido salicilico. . . - 5a 10% propilenoglicol . 10 a 20% polietilenoglicol- 1500 eas q.b.p. 100 gramas (Tratar 0 dcido por trituraco com o propilenoglicol e incorporar © polietilenoglicol-1500). Também pode ser util o linimento de dleo-calcareo (formulas 73 e 74) ou a cataplasma de linhaca. Decorrida meia hora, sera facil destacar o material estranho, utilizando uma espatula metalica fina, que, colocada em cima da pele normal, deve ser in- troduzida debaixo das crostas, levantando-as sem ferir. Quando os detritos sejam pequenos, melhor sera utilizar uma pinga de extremidades largas e triangulares. Retirando os detritos, devera banhar-se a pele doente com soro fisiolégico ou qualquer solucao debilmente anti-séptica, cobrindo com parches umedecidos no mesmo liquido e mantendo-os umedecidos uma a duas horas. Para a zona pilosa, como 0 couro cabeludo e o pubis, é Util cobrir a area em tratamento com produtos detergentes oleosos como os seguintes: 126) Acido salicflico. . . laurilsulfato de sédio . 0,5% GIOO GETHIN ees couevorse cess vaiyraeta nent co - 10% polietilenoglicol-400 ............ q.b.p. 100 grs (Tratar, por trituragao, o dcido salicflico pelo polieti- lenoglicol e ajuntar o laurilsulfato de sédio, e depois incorporar o 6leo de ricino). - 5a 10% 5% 127) Acido salicilico. . laurilsulfato de sédio..... . polietilenoglicol-200: propilenoglicol.............. q.b.c. 100 gramas (Dissolver o Acido salicilico na mistura do polietileno- glicol com o propilenoglicol em presenga do laurilsul- fato de sédio). Mantido este |fquido oleoso na drea pilosa durante, pelo menos, uma hora, la- va-se depois toda a regido com Agua quente, e com o auxilio de pinga sera facil destacar os detritos. E evidente que a limpeza da pele é facilitada se for permitido cortar os pélos ou Os cabelos. Considere-se que a perfeita detersdo é muito importante e que o doente, em regra, por si proprio, ndo a faz convenientemente, e nao fazé-la de modo adequa- do pode levar a falhar a terapéutica, por bem indicada que seja. 58 Manual de Terapéutica Dermatologica e Cosmetologia E evidente que as agdes detersivas nao devern agravar a enfermidade, signifi- cando isto que a detersao deve condicionar-se a natureza da dermatose, seu grau inflamatorio e tendo em atengao o local onde se situa e a extensao das lesdes. OUTRAS AGOES DETERSIVAS Podem ser necessdrias, sobretudo nos casos de dermite seborréica ou de pso- rfase com intensa descamacao. Em qualquer das circunstancias deve atender-se ao grau inflamatério. Com efeito, se houver manifesto cardter flog/stico, a deter- sdo deve ser moderada, utilizando, por exemplo, pomadas umectantes, como a do exemplo seguinte: 128) Acido salicilico. 22.0. 000. e eee cinco gramas glicerina | polietilenaglicol-1000 &@ quinze gramas lanolina anidra | polietilenoglicol-1500..........1 q.b.p. cem gramas (Dispersar 0 dcido salicflico na lanolina fundida; mis- turar aglicerina com os polietilenoglicois. Adicionar as duas massas e espatular até obter perfeita homoge- neidade). Apos mais ou menos uma hora de aplicacdo da pomada, deve lavar-se a pele com agua quente, se possivel tendo trés a cinco por cento de qualquer tensioati- vo, como exemplo o laurilsulfato de sodio. Depois, aplicar na pele a medica- cao apropriada a situagao clinica. O tratamento detersivo deve fazer-se todos os dias até completa limpeza da pele. MEDICACAO ANTI-SEPTICA(46) (47) Considerando o significado etimoldgico da palavra, sfo substancias anti-sépti- cas aquelas que impedem o crescimento dos microorganismos e porventura os aniquilam. (46) Palavra composta do prefixo grego anti- que denota oposigdo-frente a, contra alguma coisa —e a palavra grega septikos significando produzir putrefacdo ou sepse. (47) Por vezes, usa-se a palavra germicida como sindnimo de anti-séptico, mas por germi- cida deve entender-se, em sentido lato, a substancia que ex termina ou destroi gérmes. Objetivando-se a natureza dos germes, diz-se bactericida quando destréi bactérias, fungicida se extermina fungos, virucida se mata os virus etc. Desinfetante é a substancia que impede a infeccdo, destruindo os microorganismos patogénicos, devendo rigorosamente empregar-se ou referir-se a objetos. Também se diz desinfetar a pele normal para fazer qualquer tratamento, sobretudo antes de ato cirurgico, Algumas substancias séo concomitantemente anti-sépticas e desinfetantes. Ages Dermatolégicas 59 A capacidade anti-séptica ndo é igual em todos os produtos, havendo varia- ¢des muito grandes, desde o fraco poder bactericida do mercurocromo ao amplo espectro e elevada eficdcia do cloreto de mercurio e do iodo. Alguns anti-sépticos sdo também antifdngicos. Contam-se por dezenas os produtos anti-sépticos identificados, e de entre uma pequena lista que a seguir indicamos destacam-se alguns com maior interesse dermatolégico: Acetato de aluménio (ver solugdo de Burow) Acetato de cresi! Acetato de fenilmerctirio Acetomeroctol Acido acético Acido bérico Acido fénico Acido picrico Acido salicitico Acrissorcina Alcool etilico Alcool isopropitico Azidoantenicol Azul de metileno 129) Azul de metileno. cinqiienta centigramas glicerina. . ms . vinte e cinco gramas agua destilada. . . + «q.b.p. cem gramas f.s.a. Bitionol Borato de sédio Brometo de cetex6nio Brometo de cetriménio 130) Brometo de cetrimonio. .. .. .cinqiienta centigramas leo de parafina we A = aa cinco gramas lanolina anidra J vaselina branca..............9.b.p. cem gramas fsa. Carbonato de zinca Cloramina-T 131) Cloramina-T.. . agua destilada. . (solugao instavel) » um grama . .cem gramas 60 Manual de Terapéutica Dermatologica e Cosmetologia 132) Cloramina-T.............cingiienta centigramas lanolina anidra . . . . cinco gramas vaselina branca . . Pp. cem gramas fsa. Cloreto de aralc6nio Cloreto de benzeténio Cloreto de benzaleénio Cloreto de cetilpiridinio Cloreto de diclorobenzalcénio Cloreto de mercirio Cloreto de merctirio amoniacal 133) Mercirio amoniacal.............. . dois gramas lanolina anidra .... +++. dez gramas vaselina branca..... . Cem gramas fsa. Cloreto de metilbenzet6nio 134) Cloreto de metilbenzetdnio. ...... dez centigramas agua destilada... 2.2... ..2....... Cem gramas m. . . dez centigramas . . cinco gramas «+... dez gramas .q-b.p. cem gramas 135) Cloreto de metilbenzeténio. . agua destilada........... lanolina anidra . . . . vaselina branca . . . . fs.a. Cloreto de zinco Cloridrato de clor-hexidina Cloroazodina Clorotimol Clorocresol Clorquinaldo! Cresol Crotamiton Diclorofeno Diidroxialantoinato de aluminio Eosina Fenolsulfonato de zinco Formot Furazolidona Halquinol Hexilresorcinol Agées Dermatolagicas 136) Hexilresorcinol............005 dez centigramas agua destilada . .cem gramas m. 137) Hexilresorcinol....... .cinco centigramas NARON ARAMA cc one eis SURES dez gramas vaselina branca..............9.b.p. cem gramas fs.a. Hiperclorito de sédio (ver solucdo de Dakin) Idoxuridina lodeto de zinco lodo 138) Solucao de Lugol: Vodo:metal6ide ae. oi coe ia eeceaoe ae cinco gramas WOUStO-dE-POTASSIO:. wives ee vn wane ee dez gramas Agua destilada .oitenta e cinco gramas f.s.a. (Para diluir, consoante o interesse, até trés, cinco ou mais partes de agua.) 139) Tintura de iodo: lodo metaléide...........-. sete gramas (6,66) iodeto de potassio... 2.22.22. trés gramas (2,66) Aleool de 959. ww. ww ee oe noventa gramas (90,66) fis.a lodocloro-hidroxiquina . . trés gramas . . dois gramas Soins Me Peierls trés gramas .....g.b.p. cem gramas 140) lodocloro-hidroxiquina. acido salicilico lanolina anidra . . vaselina branca . . fsa. . . trés gramas . cinco gramas 141) lodocloro-hidroxiquina. . enxofre precipitado.... canfora . um grama dlcool de909........ . Nove gramas Qliceriazecais i sar Me tue ts Soe sete gramas polietilenoglicol-400 ... . vinte gramas polissorbato-80 | . .um grama agua destilada de rosas..... . . . .q.b.p. cem gramas fis.a. 61 62 Manual de Terapéutica Dermatologica e Cosmetologia lod6foro Monoacetato de resorcina Mercurocromo Metilparabeno Naftaleno Nitrato de fenilmercdrio Nitrato de prata Nitrofurazona 142) Solugdo: Nitrofurazona..........-..-5 vinte centigramas éter para-isooctilfenil do polietilenoglicol. . . .trintae trés centigramas polietilenoglicol-400 . . . .trinta e dois gramas e meio agua destilada:.. 0 cc cisseon ee q.b.p. cem gramas fis.a. Nitromersol 143) Tintura de nitromersol: INitromersols Hisiacesie sy eee ee cinco centigramas hidréxido desédio............. dez centigramas acetona........ . . » dez gramas alcool de 709... . . cinguenta gramas agua destilada...............q.b.p. cem gramas f.s.a. (Dissolver o nitromersol na agua a custa do hidréxido de sédio; ajuntar o 4lcool e acetona; filtrar.) Orto-fenilfenol Oxido amarelo de merciirio 144) Oxido amarelo de merctirio..... 2... um grama resorcina we i Acido salicflico } is aeons lanolina anidra . 2.0... 2. ee ee ee +» CINCO Qramas vaselinaneutra............. .q.b.p. cem gramas f.s.a. Oxido vermelho de meredrio Para-clorofenol Para-fenolsulfonato de zinco Perborato de sddio Permanganato de potassio Peréxido de benzoila Ages Dermatologicas Perdxido de hidrogénio Peréxido de zinco Polinoxilina Resorcina Sulfato de berberina Sulfato de cobre Sulfato de hidroxiquinolina Sulfato de zinco 145) 146) 147) 148) Sulfato dezinco.......... quarenta centigramas sulfato decobre .......... sessenta centrigramas OU erat Nao onan etices ena Sapna cem gramas f.s.a. Agua de Alibour: Sulfato de zinco . sulfato de cobre - - + quatro gramas um grama tintura de agafrao um grama solucdo alcodlica de canforaa 10%... . . dez gramas agua destilada..... 2.2.2.0... q.b.p. mil gramas (Dissolver os sulfatos em 50 g de 4gua e ajuntar a tin- tura, a solugdo de canfora e a agua restante. Agitar e deixar em contato por 24 horas, filtrar). Sulfato de zinco sulfato de cobre um grama cloreto de sddio sete gramas agua destilada... 2... ee mil gramas m. (solucao isoténica) dois gramas Sulfatodezincosos wee eee at um grama glicerina. . . . . dez gramas lanolina anidra . . dez gramas vaselina branca . fas. ......g.b.p. cem gramas Sulfato de selénio Timerosal 149) Solucdo de timerosal: limerosalaa Sirs). ziacy che whelecs dez centigramas dez centigramas . . .aitenta centigramas etanolamina . cloreto de sddio 63 64 Manual de Terapéutica Dermatolagica e Cosmetologia borato de sédio. . 2.6... eee ees dois centigramas etilenodiamina .............-- trés centigramas agua destilada.........2.0.- q.b.p., cem gramas fsa. 150) Tintura de timerosal: Timerosal | etanolamina aa dez centigramas eosina | etilenodiamina:.< 2. se. 8% ea wae va were ws 0,2 mi acetona... dez gramas alcool de 909 rd enta gramas agua destilada...........-.-- q.b.p. cem gramas (Dissolver o timerosal em parte da agua adicionada da etanolamina e da etilenodiamina. Ajuntar a eosina, o alcool e a acetona. Completar o volume com agua. Filtrar.) Timol Triclocarbano Tetracforossalicilanilida Verde mafaquita Violeta de genciana 151) Violetade genciana..............-- um grama Aleool de 600 was .... dez gramas agua destilada............ oitenta e nove gramas (Dissolver o violeta de genciana no dlcool e adicionar a Agua. Filtrar por filtro de papel larado com agua.) MEDICACAO ANTIBACTERIANA Sob esta rubrica consideramos as medicacdes seguintes: Antibidtica Sulfonamédica Anti-hansénica Antituberculosa Antivenérea A)MEDICAGAO ANTIBIOTICA A existéncia de substancias, derivadas de organismos vivos, utilizadas para des- truir outros organismos {agao antibidtica), é um extraordinario benefico da épo- ca atual. Agdes Dermatologicas 65 O seu uso, e sobretudo 0 seu abuso, acarreta, porém, 0 risco de mutacgées ge- néticas das bactérias, do que resulta resisténcia destas ou a sua insensibilidade as substancias antibiéticas usadas e porventura a outras que lhes sejam proximas. Além destes importantes inconvenientes, praticamente todos os doentes que usam antibidticos vém a sofrer modificagSes mais ou menos significativas na po- pulacéo microbiana normal existente no intestino e nas vias respiratéria e ge- niturinaria. Tal circunstancia, alias freqilente, é perigosa, pela possivel exaltacdo e desen- volvimento de Proteus, Pseudomonas, Candida albicans e diversos fungos e bac- térias, que podem ser dificeis de eliminar. Disto deduz-se dever a indicacao da terapéutica antibidtica limitar-se a situa- cSes bem definidas, com cuidadosa escolha do antibiético, adequada posologia e suficiente tempo de administracao. Consideram-se com interesse dermatovenereoldgico sobretudo os antibidticos seguintes: Penicilinas Cefalosporinas Aminoglicosideos {estreptomicina, gentamicina, canamicina e to- bramicina) Tetraciclinas Macrélidos {eritramicina, oleandomicina, triacetiloleandomicina e espiramicina) Lineomicinas (lincomicina e clindamicina) outros antibidticos (cloranfenicol, tianfenicol e fucidina) PENICILINAS Sao os antibiédticos mais importantes e de mais amplo uso. Sob este nome ha varias substancias, mas as penicilinas G, V e X sao as de mais interesse, sobretudo a primeira, altamente eficiente entre muitas espécies de cocos Gram-positivo e Gram-negativo. Do ponto de vista dermatolégico, tém valor a sua agdo contra 0 Actinomyces israelli, Bacitlus anthracis, Erysipelothrix rhusiopathae, Listeria monocytogenes, Neisseria gonorrhoea, Treponema pallidum. Tem ainda agdo contra o Strepto- coccus, sobretudo dos grupos A, C, G, H, Le M, e também o Staphylococcus aureus, nao produtores de penicilinase. As penicifinas-G potdssica e sédica sao as mais ativas e menos tdxicas de todos os antibidticos. Existem em po cristalino, em frascos ou ampolas, que deve ser dissolvido em Agua destilada para injegdo intramuscular profunda. Nestas solug¢Ges aquosas, a penicilina atinge a concentracado sangiiinea maxima em 15 a 30 minutos apés a injegdo, decaindo quase verticalmente decorridas trés a quatro horas. Sendo muito rapida a absor¢do e também a eliminagdo renal,

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